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1.

FUNDAMENTOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

Segundo o art. 1º da CRFB/88 constitui-se o Estado Democrático de Direito e tem como


fundamentos:
I- a soberania;
II- a cidadania;
III- a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.

De acordo com o art. 3º da CRFB/88, constituem objetivos fundamentais da República


Federativa do Brasil;
I -construir uma sociedade livre, justa e solidária;
Il - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, Idade e quaisquer
Outras formas de discriminação.

Nos termos do art.4° da CRFB/88, a República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações
internacionais pelos seguintes princípios:
I- independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
I- autodeterminação dos povos;
IV- não-intervenção;
V- igualdade entre os Estado;
VI- defesa da paz;
VII – solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.

2. CONSTITUIÇÃO

Conceito: a Constituição pode ser conceituada com base em diferentes critérios.


O conceito sociológico foi desenvolvido por Ferdinand Lassalle e enfatiza os fatores reais de
poder na sociedade.
O conceito político está relacionado a Carl Schmitt, para quem a Constituição refere-se à decisão
política fundamental.
O conceito jurídico, por sua vez, está ligado a Hans Kelsen, que entende a Constituição como
uma norma jurídica fundamental, Kelsen também elaborou um conceito lógico de Constituição
ao desenvolver a norma fundamental hipotética, que não é norma jurídica, mas um fundamento
lógico para o sistema de normas.

I) Classificações das Constituições

Critério formal: classifica as constituições em escritas e não escritas. Enquanto as constituições


escritas resumem-se a um documento, as não escritas abrangem textos esparsos, precedentes
judiciais e costumes constitucionais.

Critério da origem: classifica as constituições em outorgadas, promulgadas e cesaristas. As


constituições outorgadas resultam de uma vontade autoritária, a exemplo das constituições
brasileiras de 1824, 1937 e 1967. As constituições promulgadas são elaboradas por
representantes do povo. As constituições cesaristas, embora elaboradas de forma autoritária,
são submetidas a referendo popular.

Critério da estabilidade (processo de alteração): classifica as constituições em rígidas,


flexíveis e semirrígidas. As constituições rígidas são alteradas por meio de procedimentos
complexos, diferentes dos estabelecidos para a alteração das leis comuns. Por outro lado, as
constituições flexíveis são modificadas pelos mesmos procedimentos previstos para alteração
das leis comuns. As constituições semi rígidas ou semi flexíveis, por sua vez, distinguem uma
parte, considerada mais importante é alterável de forma rígida, e outra, modificável pelos
procedimentos comuns. A constituição brasileira de 1824 é um exemplo de constituição
semirrígida. As demais constituições brasileiras são classificadas como rígidas.

Critério da formação: classifica as constituições em históricas e dogmáticas. As constituições


históricas são formadas lentamente ao longo da história, ao passo que as dogmáticas surgem
em determinado momento, refletindo os ideais dominantes.

Critério do conteúdo: classifica as constituições em materiais e formais. A constituição material


trata dos aspectos essenciais ao Estado (forma de Estado, forma de governo, regimes políticos,
poderes do Estado e direitos fundamentais). A constituição formal corresponde às normas que
passaram pelo procedimento de elaboração das normas constitucionais, seja qual for o
conteúdo.

Critério da extensão: classifica as constituições em analíticas e sintéticas. Enquanto as


constituições analíticas são extensas, tratando de muitos assuntos, com o propósito de atribuir-
lhes status constitucional, as constituições sintéticas têm poucos artigos e tratam dos aspectos
essenciais ao Estado.

Constituição-garantia: típica do Estado liberal destina-se a garantir as condições para o


desenvolvimento da liberdade, limitando o poder.

Constituição-dirigente: típica do Estado intervencionista pretende transformar a realidade


socioeconômica. Caracteriza-se pela existência de um grande número de normas
programáticas.
Segundo Karl Loewenstein, as constituições podem ser normativas, quando efetivamente
conseguem disciplinar a realidade política e social; nominalistas, quando pretendem disciplinar
a realidade, mas não encontram ressonância; semânticas, quando não passam de um
instrumento de legitimação do poder, vez que não há sequer a pretensão de ser aplicada à
realidade.

3. PODER CONSTITUINTE

Conceito: O Poder Constituinte é o poder de elaborar e modificar normas constitucionais. É,


assim, o poder de estabelecer a Constituição de um Estado, ou de modificar a Constituição já
existente.

I) Características

Atualmente, a doutrina majoritária entende que a titularidade do poder constituinte não pertence
à nação, mas ao povo. No mesmo sentido, o art. 1°, parágrafo único, da CRFB/88 estabelece
que todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente. Com efeito, a titularidade não deve ser confundida com o exercício do poder.
Enquanto a titularidade pertence exclusivamente ao povo, permite-se que o exercício dê-se por
meio de agentes representativos do povo.

II) Formas de Exercício

O poder constituinte originário pode ser manifestado por meio da criação de um novo Estado,
ou na refundação de um Estado, substituindo-se uma Constituição por outra ou mesmo em
períodos de normalidade, se essa for a vontade do povo. Apesar de existir um consenso no
sentido de afirmar que o povo é o titular do poder constituinte, o seu exercício nem sempre tem
se realizado de forma democrática.
O exercício democrático do poder constituinte ocorre por meio da assembleia nacional
constituinte. Nesse caso, o povo escolhe seus representantes, que formarão o órgão
responsável por elaborar a constituição do tipo promulgada.
Uma coisa precisa ficar clara: seja qual for a forma de exercício do poder constituinte, seja
legítima ou usurpada, sempre que a ordem constitucional estabelecida for rompida, havendo a
sua substituição por outra, ocorrerá a manifestação do poder constituinte, isto é, ainda que a
nova constituição tenha sido imposta, ela será obra do poder constituinte, ainda que seja do
exercício ilegítimo desse poder.

III) Espécies

A doutrina identifica duas espécies de poder constituinte: o originário e o derivado.

Poder Constituinte Originário: é o poder de CRIAR uma constituição, seja ela a primeira
ou mesmo, uma nova constituição. As características do Poder Constituinte Originário é ser
soberano, autônomo, inicial, limitado e incondicionado.

Poder Constituinte Derivado: tem como característica de ser SECUNDÁRIO, LIMITADO,


condicionado e subordinado e isso acontece, pois ele deve observar as normas impostas
pelo poder constituinte originário.

Ainda, as espécies de poder constituinte derivado são :

1) Poder Constituinte Decorrente: é o poder decorrido aos Estados membros para se


organizarem por meio de suas Constituições Estaduais.
2) Poder Constituinte Reformador: é o que possibilita mudanças na constituição por meio de
emendas constitucionais.
3) Poder Constituinte Revisor: é a hipótese que o Congresso Nacional possui para revisar o
texto constitucional.

4. PROCESSO LEGISLATIVO

Emendas à Constituição

Correspondem ao exercício do Poder Constituinte Derivado Reformador. Estão sujeitas a limites


circunstanciais, materiais e formais. Os limites circunstanciais estão previstos no art.60, g1° da
CRFB/1988 (a Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de
estado de defesa ou de estado de sítio).
Os limites materiais são as chamadas cláusulas pétreas, previstas no artigo 60, par. 4° da
CRFB/1988 (não será objeto de deliberação a proposta de Emenda tendente a abolir a forma
federativa de Estado, o voto direto, secreto, universal e periódico, a separação dos poderes, os
direitos e garantias individuais). Nesse sentido, destaque-se entendimento do STF no sentido
de que os direitos e garantias individuais protegidos como cláusula pétrea não são apenas os
indicados no art. 5° da CRFB/1988, existindo outros ao longo do texto constitucional.

Importante! - a matéria constante de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser
objeto de nova apresentação na mesma sessão legislativa. No caso das leis ordinária e
complementar, é possível nova apresentação na mesma sanção legislativa, desde que mediante
proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional.

Nos termos do par. 3° do art. 5° da CRFB/1988, os tratados e convenções internacionais sobre


direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos,
por três quintos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.

Processo de Criação de Emenda Constitucional

I) PROPOSTA
- de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado
Federal;
- do Presidente da República;
- de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação,
manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.

II) VOTAÇÃO
- em cada Casa do Congresso Nacional;
- em dois turnos;
- 3/5 dos votos dos respectivos membros em ambos os turnos.

III) PROMULGAÇÃO
- Promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo
número de ordem
OBS.: não há necessidade de veto/sanção presidencial.

IV) LIMITAÇÕES
A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de
defesa ou de estado de sítio.
A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.

V) CLÁUSULAS PÉTREAS
Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
- a forma federativa de Estado;
- o voto direto, secreto, universal e periódico;
- a separação dos Poderes;
- os direitos e garantias individuais.
OBS.: as emendas podem tratar desses temas somente se for para abranger o direito,
nunca para restringir/abolir o alcance.
5. EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS

As normas de eficácia plena, além de possuírem aplicabilidade imediata, não podem receber
limitações. Como exemplo, podem ser citadas as normas que organizam os Poderes do Estado.

As normas de eficácia limitada, por outro lado, são aquelas que não produzem todos os seus
efeitos imediatamente, fazendo-se necessária a edição de norma integrativa
infraconstitucional. Embora dependam de uma outra norma para integrá-las ou complementá-
las, não é correto afirmar que as normas de eficácia limitada são desprovidas de
normatividade pois produzem, ao menos, o efeito jurídico de vincular o legislador
infraconstitucional aos seus vetores. Possuem, portanto, eficácia mínima.

As normas de eficácia limitada subdividem-se em:


a) normas declaratórias de princípios institutivos ou organizativos, responsáveis pela
estruturação de instituições, órgãos e entidades;
b) normas declaratórias de princípios programáticos (normas programáticas), as quais visam a
realização de fins sociais.

RECEPÇÃO CONSTITUCIONAL

Nos termos do art. 2º, § 1º, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-Lei nº
4.657/42), a lei nova (em seu sentido amplo) revoga a anterior quando expressamente o declare
(revogação expressa), quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a
matéria de que tratava a lei anterior (revogação tácita), o que pode ocorre total (ab-rogação) ou
parcialmente (derrogação).

Compatibilidade material: o mais importante em relação ao fenômeno da recepção é a


compatibilidade material, já que eventual incompatibilidade formal será superada (ex: CTN).

ADPF: o STF admite a ADPF como instrumento capaz de decidir abstratamente se uma lei foi
recepcionada ou não pela Constituição.

REPRISTINAÇÃO

A repristinação é o fenômeno pelo qual a constituição, expressamente, prevê a restauração da


vigência de uma lei que havia sido revogada pela constituição anterior.
No entanto, a Constituição não possui força repristinatória automática.

DESCONSTITUCIONALIZAÇÃO

Por desconstitucionalização entende-se o fenômeno pelo qual as normas da Constituição


anterior, desde que compatíveis com a nova ordem, permanecem em vigor, mas com o status
de lei infraconstitucional. Ou seja, as normas da Constituição anterior são recepcionadas com o
status de norma infraconstitucional pela nova ordem” (LENZA, 2012, p. 202-203).

Essa teoria não é aceita no ordenamento jurídico brasileiro, uma vez que existe o fenômeno da
ab-rogação, salvo se a nova norma constitucional for expressa nesse sentido.
6. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

Sobre os direitos e garantias fundamentais é possível identificar cinco categorias: a) os direitos


individuais e coletivos (Capítulo I); b) os direitos sociais (Capítulo II); c) os direitos de
nacionalidade (Capítulo III); d) os direitos políticos (Capítulo IV; e) os direitos ligados aos partidos
políticos (Capítulo V).

Art. 5º, caput, da CF/88: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes”.

Estrangeiros: o art. 5º diz que os direitos e garantias são garantidos “aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País”. No entanto, entende-se que os estrangeiros que estão
temporariamente no Brasil também são salvaguardados pelo artigo 5º da CF/88.

Principais direitos previstos no art. 5º:

I - Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

XII – É assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis
e militares de internação coletiva;

VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica
ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se
a cumprir prestação alternativa, fixada em lei.

X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado
o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento
do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante
o dia, por determinação judicial;

XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das


comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma
que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;

XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente
convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;

XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de


autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;

XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades


suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
XX - Ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;

XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para


representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;

XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade
particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;

XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família,
não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva,
dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;

XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular,
ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade
e do Estado;

XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de


petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; b)
a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de
situações de interesse pessoal;

XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;

XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;

XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de


reclusão, nos termos da lei;

XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da


tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes
hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se
omitirem;

XLVII - não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art.
84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis;

LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum,


praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;

LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;

LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória;

LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário
e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;

LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei:


a) o registro civil de nascimento;
b) a certidão de óbito;

LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do


processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.

DIREITOS SOCIAIS

Art. 6º da CF/88: “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a


moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à
infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”.

NACIONALIDADE

Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga uma pessoa a determinado Estado.


Nesse sentido, pode ser: originária (também conhecida como primária) ou adquirida
(secundária).
A nacionalidade primária independe da vontade do indivíduo, na medida em que resulta de um
fato natural (nascimento).
Em contrapartida, a nacionalidade secundária é adquirida mediante manifestação de um ato de
vontade, decorrendo, geralmente, da naturalização.
Existem dois critérios para determinação da nacionalidade primária: o ius sanguinis e o ius
solis.
Pelo ius sanguinis, será nacional todo aquele que for filho de nacionais, que tiver ascendentes
nacionais, independente do local do nascimento. Em regra, tal critério é característico de países
de emigração, como a maioria dos países europeus.
Já o ius solis funda-se em critério territorial. É nacional aquele que nasce no território do Estado
que adota esse critério, não importando a nacionalidade dos ascendentes. Trata-se de critério
utilizado, notadamente, por países de imigração.

I) Nacionalidade Primária no Brasil

Brasileiro nato (art. 12, I, da CF/88): a) toda pessoa nascida no Brasil (critério ius soli), salvo
se os seus pais forem estrangeiros e ambos estiverem a serviço de seu país de origem; b) os
nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a
serviço da República Federativa do Brasil (critério ius sanguinis); c) os nascidos no estrangeiro
de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira
competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo,
depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.

Brasileiro naturalizado (art. 12, II, da CF/88): a) para os estrangeiros originários de países
de língua portuguesa são exigidos apenas dois requisitos: residir no país há mais de um
ano ininterrupto e ter idoneidade moral; b) para os portugueses, basta que tenham
residência permanente no Brasil e, desde que haja reciprocidade em favor de brasileiros, eles
terão os mesmos direitos, salvo em alguns casos previstos na Constituição; c) para os
estrangeiros de qualquer nacionalidade, devem residir no Brasil há mais de quinze anos
ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

II) Tratamento diferenciado entre brasileiro nato e naturalizado


Acesso a cargos: São privativos de brasileiro nato os cargos: I - de Presidente e Vice-
Presidente da República; II - de Presidente da Câmara dos Deputados; III - de Presidente do
Senado Federal; IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V - da carreira diplomática; VI -
de oficial das Forças Armadas, VII - de Ministro de Estado da Defesa.

Propriedade de empresa jornalística (art. 222 da CF/88): apenas brasileiros natos ou


naturalizados há mais de 10 anos podem ser proprietários de empresa jornalística e de
radiodifusão sonora e de sons e imagens. Além disso, ao menos 70% do capital total e do
capital votante dessas empresas deverá pertencer, direta ou indiretamente, a brasileiros natos
ou naturalizados há mais de dez anos, que exercerão obrigatoriamente a gestão das atividades
e estabelecerão o conteúdo da programação.

III) Perda da Nacionalidade

De acordo com o artigo 12, § 4º, da Constituição Federal, será declarada a perda da
nacionalidade do brasileiro que:
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao
interesse nacional;
II - adquirir outra nacionalidade, salvo no casos:
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado
estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos
civis.

DIREITOS POLÍTICOS

Voto obrigatório: maiores de 18 anos e menores de 70 anos.

Voto facultativo: pessoas entre 16 e 18 anos, maiores de 70 anos e analfabetos.

Inalistáveis (não podem tirar título de eleitor): além dos estrangeiros, os conscritos,
durante o serviço militar obrigatório, não podem se alistar como eleitores, ou seja, são
inalistáveis.

Elegibilidade: direito de ser votado (capacidade eleitoral passiva). A Constituição Federal


estabelece limites etários para determinados cargos.

São condições de elegibilidade, na forma da lei:

I – a nacionalidade brasileira;

II – o pleno exercício dos direitos políticos;

III – o alistamento eleitoral;

IV – o domicílio eleitoral na circunscrição;

V – a filiação partidária;

VI – a idade mínima de:

a) trinta e cinco anos para presidente e vice-presidente da República e senador;


b) trinta anos para governador e vice-governador de estado e do Distrito Federal;

c) vinte e um anos para deputado federal, deputado estadual ou distrital, prefeito, vice-
prefeito e juiz de paz;

d) dezoito anos para vereador.

Inelegíveis: A CF dispõe que são inelegíveis os analfabetos e os inalistáveis, querendo com


isso dizer que se a pessoa é analfabeta e inalistável não pode ser eleitor e, portanto, não
podendo ser eleitor, não poderá ser candidato.

Inelegibilidade por parentesco: Por motivo de casamento, parentesco ou afinidade. O


parágrafo 7º do art. 14 cuida da inelegibilidade dentro do território de jurisdição do titular,
operando este impedimento quanto ao cônjuge, os parentes consanguíneos ou afins, até o
segundo grau ou por adoção quanto aos cargos de Presidente da República, de Governador de
Estado ou Território, do DF ou de Prefeito. Esta regra aplica-se também a quem tiver ocupado
aqueles cargos em substituição nos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de cargo
eletivo e candidato a reeleição.

I) PERDA OU SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS

É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos
de: I – cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; II - incapacidade civil
absoluta; III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos; IV -
recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º,
VIII; V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.

II) PARTIDOS POLÍTICOS

Os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito privado, destina-se a assegurar, no


interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema representativo e a defender os
direitos fundamentais definidos na Constituição Federal (art. 1º da Lei nº 9096/1995).

7. REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS

I) HABEAS CORPUS

Nos termos do inciso XVIII do art. 5° da Constituição, o habeas corpus será concedido sempre
que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. Trata-se de remédio relacionado com o direito
de locomoção, não podendo ser utilizado para proteção de direitos que não impliquem em
coação ou iminência de coação, direta ou indireta daquele direito.

A competência para processar a ação de habeas corpus, em regra, será determinada em função
da autoridade coatora. A Constituição determina, contudo, situações em que a competência é
estabelecida de acordo com o paciente.
Importante! - o Tribunal de Justiça local tem competência para julgar habeas corpus contra
decisão de turma recursal de juizados especiais criminais.

A respeito do tema, destacam-se as seguintes súmulas:


Súmula 693 do STF: Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa,
ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única
cominada.
Súmula 694 do STF: Não cabe habeas corpus contra a imposição da pena de exclusão de
militar ou de perda de patente ou de função pública.
Súmula 695 do STF: Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade.

II) MANDADO DE SEGURANÇA

De acordo com o inciso LXIX da CRFB/1988, o mandado de segurança será concedido para
proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o
responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.

Direito líquido e certo é aquele que prescinde de dilação probatória, podendo ser demonstrado
de plano através de prova pré-constituída.

Tem legitimidade ativa para impetrar mandado de segurança o detentor de "direito líquido e
certo não amparado por habeas corpus ou habeas data", podendo ser:
a) pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, domiciliadas ou não no Brasil;
b) órgãos públicos despersonalizados, mas com capacidade processual para defesa de seus
direitos;
c) Ministério Público;
d) agentes políticos etc.

A legitimidade passiva, por sua vez, é da autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no
exercício de atribuições do Poder Público. Nesse sentido, equiparam-se às autoridades públicas,
nos termos do art. 1°, 1, Lei 12.016/2009, os representantes ou órgãos de partidos políticos e
os administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou
as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público, no que concerne a essas
atribuições.

A Lei 12.016/2009 determina que não se concederá mandado de segurança:


a) de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de
caução;
b) de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;
c) de decisão judicial transitada em julgado; d) contra os atos de gestão comercial praticados
pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de
concessionárias de serviço público.

A competência para processar e julgar referido remédio depende da autoridade coatora e sua
sede funcional. Não cabe condenação em honorários advocatícios em mandado de segurança,
o que não exclui a aplicação de sanções em face de litigância de má-fé.

Prazo decadencial: 120 dias.

Súmula nº 625 do STF: controvérsia sobre matéria de direito NÃO impede concessão de
mandado de segurança.
Hipóteses em que não cabe MS: de acordo com o art. 5º da Lei nº 12.016/2009, o mandado
de segurança não será concedido quando se tratar: I - de ato do qual caiba recurso
administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução; II - de decisão judicial da
qual caiba recurso com efeito suspensivo e III - de decisão judicial transitada em julgado.

Liminar: não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos
tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou
equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou
pagamento de qualquer natureza (§ 2º do art. 7º da Lei nº 12.016/2009).

MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO

Diferencia-se do mandado de segurança individual apenas no que concerne ao objeto e à


legitimidade ativa.
São direitos coletivos os transindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular grupo ou
categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica.
Já os individuais homogêneos são aqueles que decorrem de origem comum e da atividade ou
situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante.

São legitimados ativos do mandado de segurança coletivo: a) partido político com


representação no Congresso Nacional; b) organização sindical; c) entidade de classe; ou d)
associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos
interesses de seus membros ou associados.

Importante! A legitimidade das entidades acima referidas é extraordinária (substituição


processual), não havendo necessidade de autorização expressa dos titulares do direito.

A respeito do tema, destacam-se a seguintes súmulas:


Súmula 629 do STF: "A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe
em favor dos associados independe da autorização destes".
Súmula 630 do STF: A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda
quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.

Com relação aos partidos políticos, entende-se que o mandado de segurança por eles impetrado
visa tão somente à defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes e à finalidade
partidária. Ressalte-se que, nos termos do art. 22, par. 2°, da Lei 12.016/2009, na hipótese de
mandado de segurança coletivo impetrado em face de autoridade vinculada à pessoa jurídica
de direito público, a liminar somente poderá ser concedida após a audiência do representante
judicial daquela pessoa jurídica, que deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas.

III) HABEAS DATA

De acordo com o inciso LXXII do art. 5° da Constituição, o habeas data poderá ser concedido
em duas hipóteses: a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do
impetrante, constantes e registros ou bancos de dados de entidade governamentais ou de
caráter público; b) para retificação de dados, quando não se prefira fazer por processo sigiloso,
judicial ou administrativo.

Importante! - Havendo recusa no fornecimento de certidões (para defesa de direitos ou


esclarecimento de situações de interesse pessoal, próprio ou de terceiros) ou informações de
terceiros, o remédio cabível é o mandado de segurança.
Tem legitimidade ativa para o habeas data qualquer pessoa física, brasileira ou estrangeira,
bem como pessoa jurídica, desde que as informações a que se quer ter acesso sejam a seu
respeito, uma vez que se trata de ação personalíssima.

O habeas data somente pode ser impetrado quando houver recusa por parte da autoridade
administrativa no fornecimento, retificação ou anotação das informações pleiteadas. Ausente tal
negativa, não há que se falar em interesse de agir.

Nesse sentido está a Súmula 02 do STJ, in verbis: "Não cabe o habeas data (CF, Art. 5°, LXXII,
letra a) se não houve recusa de informações por parte da autoridade administrativa".

As regras de competência estão na Constituição e no art. 20 da Lei 9.507/1997. Por fim,


destaque-se que se trata de ação gratuita e que não existe ônus da sucumbência, mas que
exige advogado.

IV) AÇÃO POPULAR

A ação popular foi regulamentada pela Lei 4.717/1965. Na mesma linha que o voto, o plebiscito,
a iniciativa popular e o referendo, a ação popular é instrumento de democracia direta e
participação política. Trata-se de ação que valoriza a participação popular na gestão da coisa
pública. Nesse sentido, dispõe o inciso LXXIII do art. 5° da Constituição que "qualquer cidadão
é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou
de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
património histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas
judiciais e do ônus da sucumbência".

A legitimidade ativa é de qualquer cidadão, ou seja, pessoa humana no gozo de seus direitos
cívicos e políticos (eleitor), inclusive aquele que ainda tem dezesseis anos, mas que tem
capacidade eleitoral ativa.

A respeito do tema, destaque-se a Súmula 365 do STF, in verbis: "Pessoa jurídica não tem
legitimidade para propor ação popular".

No polo passivo, por sua vez, devem estar presentes: a) todas as pessoas jurídicas, públicas ou
privadas, em nome das quais foi praticado o ato ou contrato a ser anulado; b) todas as
autoridades, os funcionários e administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado
ou praticado pessoalmente o ato ou firmado contrato a ser anulado, ou que, por omissos,
permitiram a lesão; c) todos os beneficiários diretos do ato ou contrato ilegal.

Importante! - O foro especial por prerrogativa de função não alcança as ações populares
ajuizadas em face de autoridades que possuam tal prerrogativa.
O Ministério Público é parte pública autônoma, que funciona como fiscal da lei e, que,
entendendo presentes os requisitos, poderá promover o prosseguimento do feito, no caso de
desistência do autor da ação.

O autor da ação popular é isento de custas e do ônus da sucumbência, salvo comprovada má-
fé. Em caso de julgamento de improcedência da ação popular haverá reexame necessário pelo
tribunal competente.
V) MANDADO DE INJUNÇÃO

Dispõe o inciso LXXI do art. 5° da Constituição que o mandado de injunção será concedido
sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades
constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.

Com a edição da Lei 13.300/16, que trouxe, expressamente, previsão de M.l. individual ou
coletivo (artigo 1º), o Mandado de Injunção passou a ter cabimento também quando, apesar da
existência de norma, seja inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Nesse sentido, o art. 2º, in
verbis: "Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta total ou parcial de norma
regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania."

São legitimados para o mandado de injunção, como impetrantes, as pessoas naturais ou


jurídicas que se afirmam titulares dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas referidos no
art. 2º e, como impetrado, o Poder, o órgão ou a autoridade com atribuição para editar a norma
regulamentadora. (artigo 3°).

Com o advento da Lei 13.300/2016, o rol de legitimados para a impetração do Mandado de


Injunção coletivo aumentou. São legitimados para a propositura do MI coletivo: Ministério
Público, Partido Político, Organização Sindical, Entidade de Classe ou Associação legalmente
constituída e em funcionamento há pelo menos 1 ano, Defensoria Pública.

A legitimidade passiva é da pessoa estatal responsável por regulamentar a norma. Importante


lembrar que nunca é do particular.

Decisão em mandado de injunção: a Lei n. 13.300/2016 estabelece a possibilidade de duas


etapas, devendo a decisão: I - determinar prazo razoável para que o impetrado (Poder, órgão
ou a autoridade com atribuição para editar a norma regulamentadora) promova a edição da
norma; II - caso não seja suprida a mora legislativa no prazo determinado, estabelecer as
condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas
reclamados ou, se for o caso, as condições em que poderá o interessado promover ação própria
visando a exercê-los.

8. ORGANIZAÇÃO DO ESTADO

Incorporação e subdivisão dos Estados: conforme § 3º do art. 18 da CF/88, os


Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a
outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população
diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar.

Criação, incorporação, fusão e desmembramento de Municípios: nos termos do § 4º do art.


18 da CF/88, serão feitas por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar
Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios
envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados
na forma da lei.

REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIA

Competência dos Estados-Membros: De acordo com o art. 18, §3º, da CRFB/1988, os


Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a
outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população
diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar.
Os Estados caracterizam-se pela sua capacidade de auto-organização, autolegislação, de
autogoverno e de autoadministração.
Competência dos Municípios: São entes autônomos dotados de capacidade de auto-
organização (art. 29, caput, CRFB/1988), autogoverno (art. 29, CRFB/1988), autoadministração
e autolegislação (art. 30, CRFB/1988).
Para criação, incorporação, fusão e desmembramento de Municípios, a Constituição exige, em
síntese: a) lei complementar federal; b) estudo de viabilidade municipal; c) plebiscito; d) lei
estadual.

Em razão da relevância do tema, transcrevemos o dispositivo constitucional que trata do tema:


“A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei
estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de
consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação
dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei” (art. 18, par.
4°, CRFB/1988).

Competência do Distrito Federal: Distrito Federal é ente autônomo dotado de capacidade de


auto-organização (art. 32, caput, CRFB/1988), autogoverno (art. 32, parágrafos 2° e 3°,
CRFB/1988) e autoadministração.

Ressalte-se que o Distrito Federal tem sua autonomia parcialmente tutelada pela União. Nesse
sentido, o Poder Judiciário e o Ministério Público serão organizados e mantidos pela União (art.
21, XIII e XIV, e art. 22, XVII, ambos da CRFB/1988).

Não obstante essas instituições sejam subordinadas ao Governo do DF, são organizadas e
mantidas pela União e terão sua utilização regulada por lei federal. A respeito do tema, destaque-
se a Súmula 647 do STF, in verbis: Compete privativamente à União legislar sobre vencimentos
dos membros das polícias civil e militar do Distrito Federal'.

Com relação à competência legislativa, o art.32, par. 1°, da CRFB/1988, dispõe que são de
atribuição do Distrito Federal as competências legislativas reservadas aos Estados e Municípios.

Nesse contexto, pode-se falar em: a) competência expressa (art. 32, caput, CRFB/1988); b)
residual (art. 25, par. 1º, CRFB/1988): c) delegada (art. 22, parágrafo único, CRFB/1988); d)
concorrente (art. 24, CRFB/1988); e) suplementar (art. 24, par. 1° ao 4°, CRFB/1988): f)
interesse local (art. 30, I c/c art. 32, par. 1°, CRFB/1988); G) tributária expressa (art. 155,
CRFB/1988).

Competências da União: A União possui competências materiais (administrativas) e


legislativas. As competências materiais subdividem-se em exclusivas (art. 21) e comuns (art.
23), enquanto que as competências legislativas subdividem-se em privativas (art. 22) e
concorrentes (art. 24).

COMPETÊNCIAS MATERIAIS

Exclusivas: art. 21 da CF/88 – não podem ser delegadas.

Comuns: art. 23 da CF/88 – não exclui a atuação dos demais entes federados, devendo lei
complementar fixar normas para a cooperação entre eles.
COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS

Privativas: art. 22 da CF/88 – Lei Complementar poderá autorizar os Estados a legislarem sobre
questões específicas.
Concorrentes: art. 24 da CF/88. A competência da União limita-se a estabelecer normas gerais.

9. INTERVENÇÃO FEDERAL

A intervenção federal é um mecanismo previsto nos artigos 34 a 36 da Constituição Federal,


que permite à União intervir nos Estados membros ou Distrito Federal. A intervenção pode ser
decretada de ofício pelo Presidente da República, por solicitação dos Poderes estaduais ou
ainda por requisição judicial.

In verbis:

Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
I - Manter a integridade nacional;
II - Repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
IV - Garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;
V - Reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo
de força maior;
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos
prazos estabelecidos em lei;
VI - Prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a
proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e
serviços públicos de saúde.

Importante! – INTERVENÇÃO ESPONTÂNEA (INCISOS I, II, III E V) – PODE SER


FEITA DE OFÍCIO.

– INTERVENÇÃO PROVOCADA (INCISOS IV, VI E VII) - FEITA POR SOLICITAÇÃO OU


REQUISIÇÃO.

Art. 35 - O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados
em Território Federal, exceto quando:
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada;
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
III - (Revogado)
III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 29, de 2000).
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de
princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou
de decisão judicial.

Procedimento Intervenção Espontânea: intervenção federal espontânea é decretada de


ofício pelo Presidente. Porém, antes do Decreto, o Presidente deve consultar os Conselhos
da República e da Defesa Nacional. A opinião dos conselhos não vincula a decisão do
Presidente, mas deve ser tomada em conta.
Além disso, a intervenção está sujeita à autorização do Congresso Nacional no prazo de 24
horas (art. 36, § 1º). Caso o Congresso não aprove, a intervenção ficará suspensa.

Procedimento Intervenção Provocada: O procedimento da intervenção federal provocada


sempre começa com a provocação, seja ela uma solicitação ou uma requisição. Após a
provocação, o presidente expede o Decreto Presidencial (no caso da solicitação, apenas se
considerar procedente). Uma vez decretada a intervenção, ocorre o controle do Congresso
Nacional de 24h da expedição do Decreto. In verbis:

Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:


I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Executivo coacto ou
impedido, ou de requisição do Supremo Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o
Poder Judiciário;
II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de requisição do Supremo Tribunal
Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral;
III -- (Revogado)
III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do Procurador-Geral da
República, na hipótese do art. 34, VII, e no caso de recusa à execução de lei federal. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
IV - (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 1º O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o prazo e as condições de execução
e que, se couber, nomeará o interventor, será submetido à apreciação do Congresso Nacional
ou da Assembléia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro horas.
§ 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a Assembléia Legislativa, far-se-á
convocação extraordinária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas.
§ 3º Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a apreciação pelo Congresso
Nacional ou pela Assembléia Legislativa, o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato
impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade.
§ 4º Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos a estes
voltarão, salvo impedimento legal.

10. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

O Presidente da República não pode dispor, por meio de decreto, sobre a organização e o
funcionamento da administração pública. A criação, a transformação e a extinção de cargos
públicos na administração direta e autárquica só podem ocorrer mediante a edição de lei de
iniciativa privativa do Presidente da República.
Extinção de funções ou cargos vagos: exercida por decreto autônomo competência privativa
do Presidente da República.

Concurso Público: Art. 37, II, CF : II – a investidura em cargo ou emprego público depende de
aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, ressalvadas as
nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração

- Exceções: agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias por meio de


processo seletivo público (sem concurso), cargo em comissão e função de confiança (atribuições
de direção, chefia e assessoramento).

Acúmulo de cargos: é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando


houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI, da CF:

a) a de dois de professor;
b) um cargo de professor com outro técnico ou científico;
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões
regulamentadas;
d) a de vereador;
e) a de magistrado ou promotor com a de magistério;
e) Militares das Forças armadas com alínea “c” do inciso XVI do art. 37 da CF/88;
f) Militares Estaduais com todos os cargos do inciso XVI do art. 37 da CF/88.

Direito de Greve dos servidores: STF, julgando mandado de injunção, decidiu aplicar a Lei n.
7.783/99, que regulamenta o direito de greve dos trabalhadores celetistas da iniciativa privada.

Militares: é vedada a sindicalização e o direito de greve, conforme art. 142, § 3º, IV, da CF/88.

11. ORGANIZAÇÃO DOS PODERES

I) PODER EXECUTIVO

Presidente da República

Elegibilidade
- Brasileiro nato;
- Idade mínima de 35 anos;
- Filiação partidária há pelo menos 1 ano;
- Pleno exercício dos direitos políticos;

Impedimento
Refere-se a impossibilidade temporária do atual presidente (férias, problemas de saúde, saída
do país). Em caso de duplo impedimento (Presidente e Vice), a linha de substituição presidencial
é a seguinte: I) Presidente da Câmara dos Deputados; II) Presidente do Senado Federal; III)
Presidente do Supremo Tribunal Federal.

Vacância
Refere-se à impossibilidade definitiva do atual presidente, por exemplo, em caso de renúncia,
impeachment, morte, etc. Em caso de dupla vacância, se esta ocorrer nos primeiros 2 anos do
mandato, serão realizadas eleições diretas em 90 dias e, se ela ocorrer nos dois últimos anos
do mandato, serão realizadas eleições indiretas pelo Congresso Nacional em 30 dias.
Foro por Prerrogativa de Função
O Presidente da República dispõe de prerrogativas e imunidades em relação ao processo que
vise à sua incriminação pela prática de crime comum. As regras procedimentais para o
processamento dos crimes comuns estão previstas na Lei n. 8.038/90 e nos arts. 230 a 246 do
RISTF.

Nos crimes de responsabilidade também haverá um controle político de autorização, a ser


realizado pela Câmara dos Deputados, que autorizará ou não o recebimento da denúncia ou
queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal, através do voto de dois terços (2/3) de seus
membros (art. 86, caput, CF), pois bem, admitida a acusação, ele será submetido a julgamento
perante o STF.

Crime comum estranho à função


§ 4º, art. 86, CF - O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser
responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções.

II) PODER LEGISLATIVO

Poder Legislativo Federal: sistema bicameral, ou seja, Câmara dos Deputados e Senado
Federal.

CÂMARA
Composição:
I) Idade mínima: 21 anos
II) Brasileiro nato ou naturalizado
III) Presidente da Câmara: Brasileiro NATO
IV) Quantidade: mínimo 8 e máximo 70
V) Representação: PROPORCIONAL
VI) Mandato: 4 anos, 1 legislatura e 4 sessões legislativas

SENADO
Composição:
I) Idade mínima: 35 anos
II) Brasileiro nato ou naturalizado
III) Presidente do Senado: Brasileiro Nato
IV) Quantidade: cada estado e o DF tem 3 senadores.
V) Representação: PARITÁRIA
VI) Mandato: 8 anos, 2 legislaturas e 8 sessões legislativas

Poder Legislativo Estadual: a legitimidade para o exercício do Poder Legislativo é conferida


às Assembleias Legislativas (no caso do Distrito Federal, a Câmara Legislativa do Distrito
Federal). Fazem parte desses órgãos os Deputados Estaduais/Distritais, eleitos periodicamente
para um mandato de quatro anos por eleições proporcionais.

Poder Legislativo Municipal: Na esfera municipal, as Câmaras Municipais são as instituições


para o exercício das funções legislativas do Estado. Os vereadores, representantes eleitos pelos
cidadãos por eleições proporcionais a cada quatro anos, são os responsáveis pela atuação
legislativa e a fiscalização no município.

COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO (CPI)


As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das
autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão
criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente,
mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e
por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público,
para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores (§ 3º, art. 58, CF).

Poderes: tem poderes de investigação de autoridades judiciais. Assim, pode convocar


testemunhas, investigados e indiciados - sejam autoridades federais, estaduais ou municipais -
, requisitar informações e documentos a instituições financeiras e quebrar os sigilos bancário,
fiscal e de dados.

Não compete às Comissões de Inquérito


I) Decretar a busca e apreensão domiciliar de documentos.
II) Determinar a indisponibilidade de bens, ou quaisquer outras medidas assecuratórias para
garantir a eficácia de eventual sentença condenatória;
III) Decretar a prisão do depoente, salvo em caso de flagrante (É lícito decretar a prisão em caso
de flagrante delito e em cumprimento de ordem judicial);
IV) Determinar a interceptação telefônica (escuta);
V) Apurar a responsabilidade civil ou criminal do investigado.

PROCESSO LEGISLATIVO ORDINÁRIO

- Fase Introdutória: O projeto lei ordinária poderá ser encaminhado pelos membros do
Congresso Nacional (Iniciativa Parlamentar) ou pelo presidente, pelos Tribunais Superiores,
pelo Ministério Público ou pela população (Iniciativa Extraparlamentar).

Iniciativa Privativa do Presidente da República: leis que: I - fixem ou modifiquem os efetivos


das Forças Armadas; II - disponham sobre: a) criação de cargos, funções ou empregos
públicos na administração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração; b)
organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos
e pessoal da administração dos Territórios; c) servidores públicos da União e Territórios, seu
regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria; d) organização do
Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem como normas gerais para a
organização do Ministério Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e
dos Territórios; e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública,
observado o disposto no art. 84, VI (decreto autônomo); f) militares das Forças Armadas, seu
regime jurídico, provimento de cargos, promoções, estabilidade, remuneração, reforma e
transferência para a reserva.

- Fase Constitutiva: esta fase compreende três atuações distintas: 1) deliberação; 2) votação;
3) sanção ou veto (15 dias, senão ocorrerá sanção tácita).

Projeto rejeitado: a matéria constante de projeto de lei rejeitado somente poderá constituir
objeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa, mediante proposta da maioria absoluta
dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional (Art. 67, CF).

Veto: O Presidente terá 15 dias para a sanção ou veto. Decorrido o prazo de quinze dias, o
silêncio do Presidente da República importará sanção. O veto pode ser derrubado em sessão
conjunta do Congresso Nacional pelo voto da maioria absoluta de Deputados Federais e
Senadores, devendo a votação ser aberta (art 66 e parágrafos CF).
Fase complementar: Compreende a promulgação e a publicação da lei.

PROCESSO LEGISLATIVO SUMÁRIO

O Processo Legislativo Sumário é destinado a leis complementares e ordinárias e,


necessariamente, tem prazo para começar e para terminar. Essa modalidade atende a projetos
apresentados pelo presidente da República e precisa ter a Solicitação de Urgência expressa.
Isso significa que cada Casa tem o prazo de 45 dias para se manifestar, sob o risco de haver
trancamento da pauta em caso de descumprimento desse prazo.

PROCESSOS LEGISLATIVOS ESPECIAIS

A Emenda Constitucional é prevista no art. 60 da Constituição Federal de 1988 para alteração


de dispositivos do texto constitucional. Tendo em vista que a Constituição brasileira é
classificada como rígida, o procedimento para sua reforma tem regras mais complexas e
laboriosas, se comparado ao procedimento de criação e alteração das demais espécies
normativas.

A) EMENDA CONSTITUCIONAL

Iniciativa: Há um rol taxativo e restrito de legitimados que podem realizar a apresentação de


uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) ao Congresso Nacional, quais sejam:
I) Um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;
II) Presidente da República;
III) Mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-
se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.

Limitações: limitações circunstanciais (intervenção federal, estado de sítio e estado de defesa),


materiais (cláusulas pétreas – art. 60, §4º, da CF – voto secreto e universal, forma federativa de
Estado, repartição dos poderes, e direitos e garantias individuais).

Tramitação: O quórum para sua aprovação é o maior entre todos os procedimentos legislativos.
É necessário o voto de três quintos dos membros de ambas as Casas (Senado Federal e
Câmara dos Deputados), nos dois turnos de votação.

B) MEDIDA PROVISÓRIA

Iniciativa: elaborada e editada pelo Presidente, sua utilização deve ser em situações
extraordinárias, de urgência e relevância, que não podem esperar pelo processo ordinário de
feitura das leis.

Tramitação: O prazo de vigência da MP é de 60 dias, prorrogável uma vez por igual período.
Se ela não for aprovada no prazo de 45 dias, contados da sua publicação, tranca a pauta de
votações da Casa legislativa em que se encontrar (Câmara ou Senado) até que seja votada ou
perca a validade.

Rejeição: Se a Câmara ou o Senado rejeitar a MP ou se ela perder a eficácia, os parlamentares


têm que editar um decreto legislativo para disciplinar os efeitos jurídicos gerados durante sua
vigência.
Limites: Podem ser implícitos (competências exclusivas do Congresso Nacional e privativas da
Câmara dos Deputados e do Senado Federal, conforme artigos 49 a 52, da CF/88) ou explícitos,
conforme art. 62, §1º, art. 25, §2º e art. 246 da CF/88. Abaixo:

Art. 62. § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: I – relativa a:


a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral;
b) direito penal, processual penal e processual civil;
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério
Público, a carreira e a garantia de seus membros;
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e
suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º;
II – Que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo
financeiro;
III – reservada a lei complementar;
IV – Já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção
ou veto do Presidente da República.
§ 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos
nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver
sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada. (...)

Art. 25. § 2º - Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços
locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua
regulamentação.

Art. 246. É vedada a adoção de medida provisória na regulamentação de artigo da Constituição


cuja redação tenha sido alterada por meio de emenda promulgada entre 1º de janeiro de 1995
até a promulgação desta emenda, inclusive.

C) LEIS DELEGADAS (art. 68 da CF/88)

Elaboradas pelo Presidente da República, que para tanto, deve solicitar delegação ao
Congresso Nacional, que será concedida por meio de resolução onde deverá ser especificado
o conteúdo e os termos para seu exercício (art. 68, §2º, da CF).

D) DECRETOS LEGISLATIVOS

Corresponde à forma em que as matérias de competência exclusiva do Congresso Nacional são


regulamentadas. Nesse sentido, o artigo 49 da Constituição Federal de 1988 dispõe acerca da
competência exclusiva do Congresso Nacional. Serão realizados, necessariamente, por meio
da atuação de suas duas Casas, para o tratamento de matérias da sua competência exclusiva.

IMUNIDADES DOS CONGRESSISTAS

São duas as espécies de imunidades: a material e a formal. Vamos à explicação delas:

Imunidade Material - Caput do artigo 53 da CF/8- Os Deputados e Senadores são invioláveis,


civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.

A inviolabilidade, por opiniões, palavras e votos, abrange os parlamentares federais (art. 53, CF
88), os deputados estaduais (art. 27, § 1º, CF 88) e, nos limites da circunscrição de seu
Município, os vereadores (art. 29, VIII, CF 88)- sempre no exercício do mandato.
Imunidade Formal - § 2º do artigo 53 da CF/88- Desde a expedição do diploma, os membros
do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse
caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo
voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão;
Em relação ao processo (art. 53, § 3º): se for proposta e recebida denúncia criminal contra
Senador ou Deputado Federal, por crime ocorrido após a diplomação, o STF dará ciência à Casa
respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de
seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação.

III) PODER JUDICIÁRIO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (CNJ)

O CNJ tem por objetivo ser um órgão administrativo e regulador da atuação de magistrados,
estabelece sanções a magistrado e garante o controle da atuação administrativa e financeira do
Poder Judiciário, mas o CNJ não atua como um tribunal.

Atribuições: as atribuições estão reguladas pelo art. 103-B da CF/88, dentre as quais se
destaca “rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e
membros de tribunais julgados há menos de um ano”.

Composição: é composto por 15 conselheiros, sendo 9 magistrados, 2 membros do Ministério


Público, 2 advogados e 2 cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada. Os conselheiros
têm mandato de dois anos, admitida uma recondução.

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (STJ)

Composição: composto por 33 Ministros, dos quais, 1/3 são juízes do TRF; 1/3
Desembargadores dos Tribunais de Justiça; 1/6 de advogados e 1/6 de membros do MP.

I) COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA - Aquela que se inicia no próprio STJ, para julgar:


- Crimes comuns aos Governadores dos Estados e do Distrito Federal.
- Crimes comuns e de responsabilidade: Desembargadores dos TJs, TRTs, TRFs e TREs,
membros dos Tribunais de Contas e do MPU que oficiem perante tribunais.
- Conflitos de competência entre quaisquer tribunais, bem como entre tribunal e juízes a ele não
vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos (se o conflito envolver o STJ a
competência será do STF).
- Homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias.

II) COMPETÊNCIA EM GRAU DE RECURSO


As causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e,
do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF)

Composição: 11 Ministros, todos brasileiros natos (art. 12, § 3º, inc. IV, da CF/1988) com mais
de 35 e menos de 65 anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada (art. 101 da
CF/1988), e nomeados pelo Presidente da República, após aprovação pela maioria absoluta do
Senado Federal (art. 101, parágrafo único, da CF/1988).
I) COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA

- Crimes comuns: o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso


Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República.
- Crimes comuns e de Responsabilidade: Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha,
do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, da CF/88, os membros dos
Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de
caráter permanente.
- O litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito
Federal ou o Território.
- As causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns
e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta.
- Reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas
decisões.
- Os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre
Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal.
- As ações contra o CNJ e contra o CNMP.

II) COMPETÊNCIA EM GRAU DE RECURSO

Julgar em Recurso Ordinário: o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o


mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória
a decisão;
Julgar mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância,
quando a decisão recorrida; declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;

SÚMULA VINCULANTE

O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois
terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar
súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação
aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas
federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma
estabelecida em lei.

Efeito vinculante: às decisões definitivas de mérito adotadas pelo Supremo Tribunal Federal
nas ações declaratórias de constitucionalidade de leis ou atos normativos federais devem ser
seguidas, obrigatoriamente, pelos demais órgãos do Judiciário e pelo Poder Executivo.

‘’Fossilização da Constituição’’: no contexto do controle de constitucionalidade, o efeito


vinculante em ADI e ADC não atinge o Poder Legislativo no exercício de sua função típica de
legislar, produzindo eficácia contra todos (“erga omnes”) e efeito vinculante aos demais órgãos
do Poder Judiciário e à Administração Pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e
municipal.

Legitimidade: possuem legitimidade para propor a edição, revisão e cancelamento de súmula


vinculante os legitimados à propositura das ações do controle concentrado, bem como os
seguintes: I) o Defensor Público Geral da União, II) os Tribunais e III) os Municípios – que têm
legitimidade incidental (só podem apresentar proposta se antes forem parte em processo que
discuta o tema da proposta) - art. 3º, VI e XI e §1º da Lei nº 11.417/06.
12. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

I) CONTROLE PREVENTIVO
Ocorre antes da aprovação, ou antes, de surtir efeitos.
- Tende a ser exercido pelo poder político
- Durante o processo Legislativo
- É possível impetração de mandado de segurança por um parlamentar.

2) CONTROLE REPRESSIVO
Ocorre após a norma surtir efeitos
- Pode ser exercido pelo poder público em duas hipóteses = Congresso suspende atos do
executivo que extrapolam a delegação / Rejeição de medida provisória.

Poderá ser:

a) Controle Difuso

Feito de forma concreta, uma vez que a questão da constitucionalidade deve ser analisada como
pressuposto para o julgamento do objeto principal do processo.
- Qualquer juiz ou tribunal pode declarar a inconstitucionalidade
- A inconstitucionalidade deve ser causa de pedir, e não o pedido.
- Trata-se de um incidente
- Qualquer interessado pode pedir o controle difuso.
- Pode atacar atos concretos e normativos
- Efeitos: ex tunc e inter partes.

b) Controle Concentrado

Apreciado pelo STF


- Discussão em abstrato - se preocupa com a matéria da norma e não sua aplicação.
- A inconstitucionalidade é o pedido final.
- Possui efeito erga omnes e vinculante.
- Legitimados -> Assembleia leg. / Governador / Associações / Presidente / OAB / Mesa
do Senado ou Câmara / PGR / Partido com representante no congresso.
-
Se o parâmetro para a inconstitucionalidade for à Constituição do Estado, a competência é do
TJ deste.

Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI)

Controle abstrato da norma diretamente no Supremo Tribunal Federal, com o objetivo de se


declarar a inconstitucionalidade da norma.
Cabível contra lei ou ato normativo federal ou estadual.
Apenas contra atos posteriores à CF/88
Legitimados: Universais (não precisam demonstrar pertinência temática): Presidente da
República, Mesas do Senado e da Câmara, Procurador Geral da República, Conselho Federal
da OAB, Partido político com representação no Congresso Nacional.
Especiais (precisam demonstrar pertinência temática): - Governador estadual e do Distrito
Federal, Mesa da Assembleia Legislativa e da Câmara Legislativa e Confederação sindical.
Objeto: Emendas constitucionais; Leis complementares; Leis ordinárias; Leis delegadas;
Medidas provisórias; Decretos legislativos; Resoluções; Regulamentos autônomos; Legislação
estadual (Constituição estadual, legislação ordinária e regulamentos autônomos); Legislação
distrital (da competência legislativa estadual); Tratados internacionais incorporados.
Efeitos: erga omnes, ex tunc (retroage) e vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário
e da Administração Pública federal, estadual, municipal e distrital, mas não vincula o Poder
Legislativo sob pena de “fossilização” da Constituição.

ADI POR OMISSÃO (ADO)

Controle abstrato da norma diretamente no Supremo Tribunal Federal, para tornar efetiva norma
constitucional de eficácia limitada.
Ataca omissão do legislativo ou do executivo.
Legitimados: Universais (não precisam demonstrar pertinência temática): Presidente da
República, Mesas do Senado e da Câmara, Procurador Geral da República, Conselho Federal
da OAB, Partido político com representação no Congresso Nacional.
Especiais (precisam demonstrar pertinência temática): - Governador estadual e do Distrito
Federal, Mesa da Assembleia Legislativa e da Câmara Legislativa e Confederação sindical.
A decisão do STF não supre a omissão (como ocorre no mandado de injunção).
Efeitos: a) Efeito declaratório, pois o Supremo declara a inconstitucionalidade da omissão e b)
Efeito mandamental: O Supremo dá ciência de sua decisão ao Poder ou órgão competente para
sanar a omissão. Se o omisso for órgão administrativo, a própria constituição prevê que o
Supremo fixará o prazo de 30 dias para que a omissão seja resolvida.

AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE (ADC)

Objetivo de se declarar a constitucionalidade de determinada lei ou ato normativo.


Cabível contra lei ou ato normativo federal, posterior à CF/88
Deve haver controvérsia judicial relevante.
Legitimados: Universais (não precisam demonstrar pertinência temática): Presidente da
República, Mesas do Senado e da Câmara, Procurador Geral da República, Conselho Federal
da OAB, Partido político com representação no Congresso Nacional.
Especiais (precisam demonstrar pertinência temática): - Governador estadual e do Distrito
Federal, Mesa da Assembleia Legislativa e da Câmara Legislativa e Confederação sindical.
Caráter Dúplice: Se uma lei é questionada ao mesmo tempo por uma ADI e por uma ADC, gera
essencialmente a mesma solução jurídica, qual seja, a declaração de inconstitucionalidade ou
da constitucionalidade das leis ou atos normativos.
Efeitos: erga omnes, ex tunc (retroage) e vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário
e da Administração Pública federal, estadual, municipal e distrital, mas não vincula o Poder
Legislativo sob pena de “fossilização” da Constituição.

ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITOS FUNDAMENTAIS (ADPF)

Cabível contra qualquer ato do poder público, normativo ou não.


Com o objetivo de proteger preceitos fundamentais.
Cabível contra atos anteriores à CF/88
É uma ação subsidiária.
Legitimados: Universais (não precisam demonstrar pertinência temática): Presidente da
República, Mesas do Senado e da Câmara, Procurador Geral da República, Conselho Federal
da OAB, Partido político com representação no Congresso Nacional.
Especiais (precisam demonstrar pertinência temática): - Governador estadual e do Distrito
Federal, Mesa da Assembleia Legislativa e da Câmara Legislativa e Confederação sindical.
Objeto: a) lei ou ato normativo municipal, b) atos anteriores à Constituição e c) todo e qualquer
ato do Poder Público.

AMICUS CURIAE

Está previsto no artigo 138 do Código de Processo Civil, como uma modalidade de intervenção
de terceiros e consiste na participação de pessoa física ou jurídica, como órgãos, instituições ou
associações em processos cuja matéria seja muito relevante, o tema seja muito específico ou
tenha grande repercussão na sociedade.

O ingresso do amicus curiae é definido pelo Relator do processo, que levará em consideração
3 (três) requisitos: 1. Relevância da matéria; 2. Representatividade do postulante e 3. Pertinência
temática: demonstração de que a entidade/ órgão tem relação com o tema.

Cabimento: cabível em todas as ações do controle concentrado (ADI, ADC, ADP e ADO)

MEDIDA CAUTELAR

Procedimento que previne, conserva ou defende direitos. Trata-se de ato de prevenção


promovido no Judiciário, quando da gravidade do fato, do comprovado risco de lesão de
qualquer natureza ou da existência de motivo justo, desde que amparado por lei. Deve-se
examinar se há verossimilhança nas alegações (fumus boni iuris); e se a demora da decisão no
processo principal pode causar prejuízos à parte (periculum in mora).

A medida cautelar será preventiva, quando pedida e autorizada antes da propositura do


processo principal. Quando requerida durante o curso da ação principal, a medida cautelar será
incidental.

É de competência originária do Supremo Tribunal Federal julgar o pedido de medida cautelar


das ações diretas de inconstitucionalidade (CF, art. 102, I, p).

13. FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA

MINISTÉRIO PÚBLICO

O Ministério Público é responsável, perante o Poder Judiciário, pela defesa da ordem jurídica e
dos interesses da sociedade e pela fiel observância da Constituição (das leis).

Garantias dos membros do Ministério Público: vitaliciedade, inamovibilidade, salvo no caso


de interesse público, após decisão por voto da maioria absoluta do Conselho Superior do MP, e
irredutibilidade de subsídio.
ADVOCACIA PÚBLICA

A Advocacia-Geral da União é a instituição responsável pela defesa judicial do Estado Federal,


isto é, pela representação em juízo dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, bem como
também é responsável pela orientação jurídica do Poder Executivo.

14. DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS

I) ESTADO DE DEFESA

Hipótese: o Presidente da República, após oitiva do Conselho da República e do Conselho de


Defesa Nacional, com o objetivo de preservar ou o restabelecer a ordem pública ou a paz social
ameaçadas por grave ou iminente instabilidade institucional ou
atingidas por calamidade de grandes proporções na natureza (art. 136, caput, da CF/88).

Decreto: Uma vez emitido o Decreto Presidencial, o Presidente deve enviar o ato, juntamente
com suas justificativas, ao Congresso Nacional, no prazo de 24 horas. Caso o Congresso esteja
em recesso, será convocado em um prazo de 05 dias, tendo um prazo de 10 dias para analisar
a decisão presidencial.

Prazo e restrição de direitos: o Estado de Defesa tem um prazo máximo de 30 dias,


prorrogável (uma única vez) por igual período, desde que persista a situação que o motivou.
Permite-se restrições aos direitos de reunião, ainda que exercida no seio das associações; de
sigilo de correspondência e de sigilo de comunicação telegráfica e telefônica. Permite-se ainda
a ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos,
na hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos danos e custos decorrentes.

Estado de Sítio: Se o prazo de decretação do estado de defesa, mesmo com a prorrogação de


30 dias, não for suficiente para pôr termo à situação que o ensejou, poderá ser decretado o
estado de sítio, respeitadas as formalidades do art. 137 da CF/88.

II) ESTADO DE SÍTIO

Hipóteses: O presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de


Defesa Nacional, solicitar ao Congresso Nacional autorização para decretar o estado de sítio
nos casos de:
I – Comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia
de medida tomada durante o estado de defesa;
II – Declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada a agressão armada
estrangeira
Prazo: No estado de Sítio o prazo irá depender da motivação que gerou a sua decretação, assim
caso a decretação seja pela ineficácia de medida adotada em estado de defesa terá duração de
30 (trinta) dias, prorrogável por igual período, porém se for em razão de declaração de guerra
ou resposta a agressão armada, será pelo prazo que durar a situação de guerrilha.
Restrição de direitos: permite-se a restrição de uma gama maior de direitos em comparação
ao estado de defesa, conforme art. 139 da CF/88.
Estado de Sítio: se o prazo de decretação do estado de defesa, mesmo com a prorrogação de
30 dias, não for suficiente para pôr termo à situação que o ensejou, poderá ser decretado o
estado de sítio, respeitadas as formalidades do art. 137 da CF/88.
15. ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA

I) ORDEM ECONÔMICA

Princípios: o artigo 170 da CF traz nove princípios constitucionais da ordem econômica:


soberania nacional, propriedade privada, função social da propriedade, o já transcrito acima
princípio da livre concorrência, defesa do consumidor, defesa do meio ambiente, redução das
desigualdades regionais e sociais, busca de pleno emprego e tratamento favorecido para as
empresas de pequeno porte constituída sob as leis brasileiras, que tenham sua sede e
administração no país.

Atividade econômica pelo Estado: a exploração direta de atividade econômica pelo Estado
somente será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a
relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei (art. 173 da CF/88).

II) POLÍTICA URBANA

Função social da propriedade: a propriedade urbana cumpre sua função social quando atende
às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor, obrigatório para
os Municípios com mais de 20.000 habitantes (art. 182, §2°, da CF).

Adequado aproveitamento: de acordo com o § 4º do art. 182 da CF/88, é facultado ao Poder


Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos
termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado,
que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente
aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais,
iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.

III) POLÍTICA AGRÍCOLA E FUNDIÁRIA E REFORMA AGRÁRIA

Conforme art. 186 da CF, a função social é cumprida quando a propriedade rural atende,
simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes
requisitos:
I - aproveitamento racional e adequado;
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

Desapropriação: nos termos do Art. 184 da CF, compete à União desapropriar por interesse
social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social,
mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação
do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão,
e cuja utilização será definida em lei.
§ 1º As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro.
16. ORDEM SOCIAL

SEGURIDADE SOCIAL: A seguridade social compreende um conjunto integrado e ações


de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos
relativos à saúde, à previdência e à assistência social.

SAÚDE: “A saúde é direito de todos e um dever do Estado”. Assim estabelece o Artigo 196
da Constituição.

As instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de saúde,


segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as
entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.

É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições


privadas com fins lucrativos. É vedada também, a participação direta ou indireta de empresas
ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos em lei.

Acesso à saúde pública: a Lei nº 13.714/2018 inseriu o parágrafo único ao art. 19 da Lei nº
8.742/93 (LOAS), estabelecendo que as pessoas em situação de vulnerabilidade ou risco social
deverão ter acesso integral à saúde pública mesmo que não apresentem documentos ou
inscrição no SUS.

EDUCAÇÃO: o acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo e o


seu não oferecimento, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade
competente. Nos termos da Súmula Vinculante nº 12, não poderá ser feita qualquer cobrança,
inclusive de matrícula, nos estabelecimentos oficiais de ensino público.

O art. 208 da CF/88 determina que o dever do Estado com a educação será efetivado mediante
a garantia de:
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade,
assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade
própria;
II - progressiva universalização do ensino médio gratuito;
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na
rede regular de ensino;
IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade; V -
acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a
capacidade de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas
suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.

O § 1º do art. 210 da CF/88, dispõe que o ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá
disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental.

Além disso, os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação


infantil (art. 211, §2º, da CF/88) e os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no
ensino fundamental e médio (art. 211, §3º, da CF/88).

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