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Contextualização do Direito Constitucional (fins didáticos):

a) Público: Constitucional, Administrativo, Penal, Tributário, Processual;

b) Privado: i) Civil (comum); ii) Comercial, Trabalho e Consumidor (especial).

 Conceito: Segundo José Afonso da Silva “configura-se como Direito Público fundamental por
referir-se diretamente à organização e funcionamento do Estado, à articulação dos elementos
primários do mesmo e ao estabelecimento das bases da estrutura política”. (Curso de Direito
Constitucional Positivo, p. 36).

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Conceito de Constituição: várias concepções, acepções ou sentidos:

a) sociológico: (Ferdinand Lassalle): a Constituição deve representar o anseio da sociedade,


refletindo as forças sociais, senão seria ilegítima e apenas uma “folha de papel”.

b) político: Carl Schmitt diferencia Constituição (decisão política fundamental: estrutura e


órgãos do Estado, direitos individuais, vida democrática) e lei constitucional (demais
dispositivos constitucionais, que não contêm matéria de decisão política fundamental).

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c) material e formal: (parecido com sentido político)
Material: trata das regras estruturais da sociedade, de seus alicerces fundamentais (formas de
Estado, governo, seus órgãos), podem estar no texto constitucional ou não, o que importa é a
matéria (Ex.: art. 5º, § 3º, CF/1988)
Formal: terá natureza constitucional, não importando o seu conteúdo, o que importa é a forma.
(Ex.: art. 242, § 2º, CF/88).

d) jurídico: Para Hans Kelsen, a Constituição é fruto da vontade racional do homem. É norma
positiva suprema (jurídico-positiva) e também norma hipotética fundamental (lógico-jurídico).

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Representação da SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO (BRAZ, 2016, p. 14):

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Classificação
das
Constituições
(BRAZ, 2016, p. 21):

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Quanto à extensão:
a) sintética ou concisa: com texto “enxuto”, prevendo apenas normas inerentes ao texto constitucional;
b) analítica ou prolixa: possui texto extenso, com inúmeras previsões constitucionais, com diversas
previsões além das normas materialmente constitucionais.

Quanto ao modo de elaboração:


a) histórica: gerada com o passar do tempo, ao longo dos anos;
b) dogmática: representa valores num momento ou contexto específico.

Quanto à forma:
a) escrita: texto único em que se compila a Constituição;
b) não escrita: baseada nos costumes (consuetudinária), jurisprudência, convenções e textos
constitucionais esparsos e tem como principal exemplo a Constituição Inglesa. 15
Quanto à alterabilidade ou mutabilidade:

a) imutável: não é possível alterar seu teor;


b) rígida: sua alteração é mais complexa do que a alteração de lei;
c) flexível: sua alteração é semelhante ao rito de criação de uma lei;
d) semirrígida ou semiflexível: possui parte rígida e parte flexível.
e) superrígida: parte imutável (intangíveis) e parte rígida.

Quanto ao conteúdo:

a) formal: todo o texto constitucional é tido como norma constitucional;


b) material: apenas temas como estrutura do Estado, organização de seus órgãos e direitos
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fundamentais são constitucionais, mesmo fora da Constituição.
Quanto à origem:

a) promulgada: decorrente da vontade popular;

b) outorgada: oriunda da vontade de ditador ou déspota, sem participação popular;

c) cesarista: é outorgada, mas posteriormente é referendada pelo povo;

d) pactuada: decorre de pacto entre rivais.

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TÍTULO I - DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como FUNDAMENTOS:

I - a soberania;

II - a cidadania;

III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V - o pluralismo político.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos desta Constituição.
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República: res pública (coisa pública).

É a forma de governo escolhida pela CF, caracterizado pela soberania popular.

Características:

1. Representatividade: o povo escolhe seus representantes;

2. Eletividade: escolha de representantes por voto em eleições;

3. Periodicidade: mandato por tempo determinado;

4. Responsabilidade: dever de probidade administrativa;

5. Soberania popular: o poder emana do povo e exercido.


Art. 3º Constituem OBJETIVOS fundamentais da República Federativa do Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II - garantir o desenvolvimento nacional;

III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e

regionais;

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e

quaisquer outras formas de discriminação.

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 Poder Constituinte: é o poder titularizado pelo povo (art. 12, CF), cuja força e
autoridade política autorizam a criação, garantia ou eliminação de uma Constituição
(lei fundamental), classificado da seguinte forma:

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 Poder constituinte originário/inicial/inaugural/genuíno/de 1º grau: instaura nova ordem
jurídica, inaugura um novo Estado, rompendo com a estrutura então vigente Subdivide-se:

a) histórico/fundacional: seria o primeiro constituinte, verdadeiro originário: 1824;

b) revolucionário/pós-fundacional: aqueles posteriores ao primeiro, rompem com a estrutura


estatal anterior, instituindo novo Estado: 1891/1934/1937/1946/1967/1988.

Características:
a) inicial: inaugura nova ordem jurídica, rompendo completamente com a anterior;
b) ilimitado: não precisa respeitar limites impostos pelo direito anterior.
c) autônomo: liberdade para instituir a nova Constituição.
d) incondicionado/soberano: elaboração não se submete processo predeterminado
e) permanente: não se esgota com exercício, podendo povo criar nova ordem jurídica

Obs.: há quem cite a obediência ao jusnaturalismo, eis que há direitos inerentes ao ser humano,
fruto de conquistas históricas. Outros alegam que não poderá ser arbitrário ou absoluto,
observando a moral, a razão, valores éticos, culturais, espirituais e sociais daquele povo,
naquele dado momento, sob pena de ser um rebelde criminoso.
 Poder constituinte derivado/instituído/constituído/de 2º grau: criado pelo poder constituinte originário,
devendo observar seus preceitos, sendo limitado e condicionado aos parâmetros estabelecidos.

Subdivide-se:

a) revisão: competência de revisão, pois não seria poder por ser limitado. Conforme art. 3º, ADCT (norma
constitucional exaurida: única vez), seria realizado após 5 anos da CF/88. Serve para “atualizar”/adequar a CF nos
primeiros anos.

b) reformador: competência reformadora, pode ser utilizado a qualquer momento (menos estado de sítio, defesa,
intervenção federal: art. 60, § 1º, CF), desde que obedeça quórum de 3/5, com 2 votações em cada Casa (art. 60, §
2º, CF), gera Emenda Constitucional. Obs.: Vedação das cláusulas pétreas (art. 60, § 4º, CF)!

c) decorrente: conferido aos EM/DF (municípios, não!). Decorre de sua autonomia, auto-organização, autogoverno
e autoadministração. Pode ser PCDD inicial (complementa os preceitos trazidos pelo PCO) ou PCDD de revisão
estadual (modifica o texto original, efetuando as reformas). Os arts. 25 e 32, caput, CF tratam da auto-
organização, mas fixam a observância dos princípios da CF.
EFICÁCIA E APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS

Classificação de José de Afonso da Silva (majoritária), embora haja outras.

 Normas constitucionais de EFICÁCIA PLENA, aplicabilidade direta, imediata e integral


produzem efeitos desde a promulgação da CF, não dependendo de norma integrativa
infraconstitucional, são autoaplicáveis.
Em regra, criam órgãos ou atribuem aos entes federativos competências. “são as que
receberam do constituinte normatividade suficiente à sua incidência imediata. Situam-se
predominantemente entre os elementos orgânicos da Constituição. Não necessitam de providência
normativa ulterior para sua aplicação. Criam situações subjetivas de vantagem ou de vínculo,
desde logo exigíveis” (José Afonso da Silva).
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 Normas constitucionais de EFICÁCIA CONTIDA/REDUTÍVEL/RESTRINGÍVEL ou
prospectiva têm aplicabilidade direta e imediata, mas possivelmente não integral.

O legislador constituinte disciplinou o tema, mas deixou margem à atuação restritiva


(limitativa) por parte da competência discricionária do poder público, nos termos que a lei
estabelecer ou nos termos de conceitos gerais nelas enunciados.
Pode também haver restrição de direito com base em previsão da CF (estado defesa, sítio: arts.
136, § 1º; 139) ou motivo de ordem pública, bons costumes e paz social. A norma possui eficácia
plena, enquanto não houver a restrição. Ex.: art. 5º, XIII, CF, é livre o exercício de qualquer
trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer
(exame de ordem).

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Normas constitucionais de EFICÁCIA LIMITADA, aplicabilidade indireta, mediata, reduzida
ou diferida.

Não produz ainda todos os seus efeitos, pois precisa de lei integrativa infraconstitucional ou EC
(ex. art. 4º, EC 47/05). Mas já possui certa eficácia jurídica imediata/direta/vinculante:
a) legislador ordinário deve regulamentar o tema, sob pena inércia Mandado Injunção/ADI por
omissão;
b) condicionam a legislação futura, pois serão inconstitucionais as leis ou atos que contrariarem
sua norma;
c) inspiram ordenamento jurídico com seus valores;
d) auxiliam na interpretação, integração e aplicação das normas jurídicas (sentido teleológico);
e) condicionam a atividade discricionária da Administração e do Judiciário;
1) PRINCÍPIOS INSTITUTIVOS OU ORGANIZATIVOS (OU ORGÂNICOS): contêm esquemas

gerais (iniciais) de estruturação de instituições, órgãos ou entidades. Podemos exemplificar

com os arts. 18, § 2º; 22, p. único; 25, § 3º; 33; 37, VII; 37, XI; 88; 90, § 2º; 91, § 2º; 102, § 1º; 107, §

1º; 109, VI; 109, § 3º; 113; 121; 125, § 3º; 128, § 5º; 131; 146; 161, I; 224, CF.

2) PRINCÍPIOS PROGRAMÁTICOS: veiculam programas a serem implementados pelo Estado,

visando à realização de fins sociais (arts. 6º: direito à alimentação; 196: direito à saúde; 205:

direito à educação; 215: cultura; 218, caput: ciência, tecnologia e inovação (EC 85/15); 227:

proteção da criança).
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Estado unitário: centro de poder que se estende pelo território e pela população, controlando

as coletividades regionais e locais. Embora haja uma descentralização (administrativa,


legislativa ou política), quem a regulamenta é o Poder Central, que poderá suprimi-la, ampliá-la
ou restringi-la.

Estado federal: o poder se reparte no espaço territorial, gerando uma multiplicidade de


organizações governamentais, distribuídas regionalmente. Ex.: EUA, Brasil. Características:
imutabilidade da federação (art. 60, § 4º, inc. I, CF), no Senado há representação paritária de
cada EM e há o poder constituinte dos EM (Constit. Estadual) decorrente de sua auto-
organização.

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Federalismo centrípeto: aglutinação de Estados soberanos que abrem mão de parcela de

sua soberania para criar a Federação (de fora para dentro), denominado também de

federalismo por agregação. Ex.: EUA

Federalismo centrífugo: oriundo de um governo central que se divide em unidades para

descentralização da administração (de dentro para fora), denominado também de

federalismo por desagregação (segregação). Ex.: Brasil.

Obs.: Estado brasileiro tem 3 ordens: União (central), Estados (regionais) e Municípios

(locais). Município deve observar CF e CEst. Há ainda o DF (nem EM, nem Município).
CARACTERÍSTICAS DA FEDERAÇÃO
 descentralização política: CF concede autonomia para os entes federativos;

 repartição competência: garante autonomia entre entes, equilíbrio da federação;

 base jurídica CF rígida: estabilidade institucional, garante competências entes;

 vedação direito de secessão: pacto federativo veda direito de separação, retirada. CF prevê
intervenção federal (art. 34, I) e cláusula pétrea (art. 60, § 4.º, I);
 soberania Estado federal: EM com autonomia, sem soberania (própria de país);

 intervenção: assegura equilíbrio federativo e mantém Federação, na crise;

 auto-organização dos Estados-Membros: possibilidade de elaborarem as suas Constituições


Estaduais (art. 25, CF);
 órgão representativo dos Estados-Membros: Senado Federal (art. 46, CF), representação
paritária de cada EM no Senado;
 guardião da Constituição: Supremo Tribunal Federal;

 repartição de receitas: assegura o equilíbrio dos entes (arts. 157 a 159). 4


 Federalismo dual x cooperativo: decorre do modo de separação de atribuições
(competências) entre entes federativos.

a) dual: separação de atribuições é extremamente rígida, não se falando em cooperação ou


interpenetração entre eles. Ex.: EUA na origem.

b) cooperativo: as atribuições serão exercidas de modo comum/concorrente, com verdadeira


aproximação entre os entes federativos, atuando em conjunto, com gestão democrática, sem
imposição/autoritarismo. Na atualidade há uma gradativa substituição do federalismo dual
pelo cooperativo, especialmente com o Estado do Bem-Estar Social.

Obs.: federalismo de “fachada”, se houver fortalecimento da União em detrimento dos


demais entes federativos, gerando federalismo de subordinação.
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 Federalismo orgânico: o Estado é considerado um organismo, sustentando-se o “todo” em

detrimento da “parte”, EM são reflexo apenas do “todo-poderoso poder central”, estabelece-se

a homogeneidade e formulação de concepções centralistas. Acabou sendo utilizado por

ditaduras socialistas e da América Latina.

 Federalismo de integração: preponderância do poder central sobre os demais, atenuando as

características do modelo federativo, é tido como um federalismo meramente formal,

aproximando-se de Estado unitário descentralizado. Há forte e ampla dependência dos entes

federativos em relação à União.


Repartição constitucional de competências

A competência constitucional pode ser material/administrativa ou formal/legislativa:


Material/administrativa – denota um fazer, uma atividade a ser desempenhada pelo ente federado;
Formal/legislativa – é uma atribuição para legislar sobre determinado assunto;

A competência constitucional pode ser exclusiva/privativa ou comum/concorrente:


Exclusiva/privativa – apenas a União pode legislar a respeito ou realizar determinada atividade (arts.
21 e 22, CF) – obs: parágrafo único do art. 22.
Comum/concorrente - os demais entes federados podem legislar ou realizar determinada atividade
(arts. 23, 24).
Competência dos Estados-membros – art. 25;
Competência dos Municípios – art. 30;
Competência do Distrito Federal – art. 32, § 1°.
INTERVENÇÃO FEDERAL NOS ESTADOS OU DF – ART. 34, CF

 Restringe autonomia do ente para preservar integridade política, jurídica e física da


federação. É medida drástica/excepcional para proteger/manter o Estado Federal e entes.

Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: (rol taxativo)
I - manter a integridade nacional;
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que: a) suspender o pagamento da dívida
fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior; b) deixar de entregar aos
Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei;
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;

VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: a) forma

republicana, sistema representativo e regime democrático; b) direitos da pessoa

humana; c) autonomia municipal; d) prestação de contas da administração pública,

direta e indireta. e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos

estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e

desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.

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Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:
I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Executivo coacto ou impedido,
ou de requisição do Supremo Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o Poder Judiciário;
II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de requisição do Supremo Tribunal Federal,
do Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral;
III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do Procurador-Geral da República,
na hipótese do art. 34, VII, e no caso de recusa à execução de lei federal.
§ 1º O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o prazo e as condições de execução e que,
se couber, nomeará o interventor, será submetido à apreciação do Congresso Nacional ou da
Assembleia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro horas.
§ 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a Assembleia Legislativa, far-se-á convocação
extraordinária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas.
§ 3º Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional ou
pela Assembleia Legislativa, o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se essa
medida bastar ao restabelecimento da normalidade.
§ 4º Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo
impedimento legal.
INTERVENÇÃO FEDERAL NOS ESTADOS OU DF – ART. 34, CF

 Espécies:

a) espontânea ou ex officio: somente o Presidente da República poderá decretar a intervenção federal


nessa modalidade, mas deverá ouvir seus órgãos de consulta não deliberativos: Conselhos da
República (art. 89) e de Defesa Nacional (art. 91). Trata-se de ato discricionário do Presidente da
República. Previstas art. 34, inc. I, II, III e V.

b) provocada: b1) por solicitação: se houver coação ou impedimento ao livre exercício de qualquer
dos poderes (Legislativo ou Executivo) nas unidades da federação (art. 34, IV). O Presidente da
República dependerá da solicitação de um dos poderes coatos ou impedidos, mantendo, todavia, a
característica de ato discricionário, conforme art. 36, inc. I, CF/88.
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b2) por requisição: conforme art. 36, I, da CF/88, verifica-se no caso de a coação ou o

impedimento, que fira a garantia do livre exercício de qualquer dos poderes nas

unidades da federação, prevista no art. 34, IV, da CF/88, recair sobre o Poder Judiciário.

Nesse caso, o decreto interventivo do Presidente da República é ato vinculado e não

discricionário, como nos casos de intervenção espontânea e provocada por solicitação.

Já na hipótese de ordem ou decisão judicial ignorada, prevista no art. 34, VI, da CF/88,

o tribunal que tiver proferido a decisão, seja ele o STF, STJ) ou TSE (art. 36, II). Se

decisão de qualquer outro tribunal dependerá de requisição do STF, a ser provocado

por ofício.
b3) por representação: precisa de representação do Procurador-Geral da República (art. 36, III, CF) e
provimento do STF em ação direta de inconstitucionalidade interventiva, no caso de ofensa aos
PRINCÍPIOS SENSÍVEIS (art. 34, VII).

Por fim, o Congresso Nacional realiza o controle político do decreto presidencial de intervenção, conforme
art. 36, §§ 1º e 2º, da CF/88, devendo fazê-lo no prazo de 24 horas e, no caso de recesso parlamentar, deverá
ser feita convocação extraordinária dentro do mesmo prazo.
Essa apreciação pelo Congresso será dispensada nos seguintes casos:

(i) quando o decreto interventivo se limitar a suspender a execução do ato impugnado, que ensejou a
intervenção, nos casos previstos no art. 34, VI e VI e no art. 35, IV, bastando essa medida para reaver a
normalidade, nos termos do art. 36, §3º, da CF/88;
(ii) quando objetivar o cumprimento de ordem ou decisão judicial (art. 34, IV,da CF/88); ou
(iii) em caso de violação de princípio sensível (art. 34, VII, da CF/88).
INTERVENÇÃO ESTADUAL NOS MUNICÍPIOS – ART. 35, CF

 Serve para preservar integridade política, jurídica e física dos Estados. É medida drástica e
excepcional, somente usada nas hipóteses previstas no art. 35, CF/88.

Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados em Território
Federal, exceto quando:
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada;
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do
ensino e nas ações e serviços públicos de saúde;
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de princípios
indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.

A intervenção ESTADUAL também pode ser classificada em: a) espontânea, nos casos previstos
nos incisos I, II e III, do art. 35, CF/88, ou seja, dependendo da conveniência e oportunidade do
Governador para decretá-la; e b) provocada, nas hipóteses trazidas no inciso IV do art. 35, CF/88,
quando dependerá de provimento de representação pelo Tribunal de Justiça.
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