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Teoria da Constituição

Dimensões actuais da Constituição

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Teoria da Constituição
 A Constituição como ordem

I- A Constituição como ordem- aberta

II- A Constituição como ordem-quadro

p. 1419-1425

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Teoria da Constituição
 I- A Constituição como ordem aberta:
 Duas pretensões:

 1. Pretensão de estabilidade na sua qualidade de


“ordem jurídico fundamental” ou de “estatuto
jurídico”

 2.Pretensão de “dinamicidade” para poder


fornecer aberturas para as mudanças no seio
político.

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Teoria da Constituição-
 1. A Constituição implica como “ordem
jurídica fundamental”, a ideia de
estabilidade e de rigidez, quanto ao seu
núcleo duro, quanto às suas dimensões
estruturantes:
 Princípio do estado de direito
 Princípio democrático
 Direitos/Liberdades e Garantias
 Separação dos órgãos de soberania, etc..

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Teoria da Constituição-
 2. A Pretensão de “dinamicidade”
implica a incorporação de
procedimentos de mudança (por ex:
normas de revisão).
 continuidade
 Equilíbrio entre  mudança

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Teoria da Constituição-
 II- A Constituição como ordem-quadro:
 Deve ser uma ordem fundamental:
 Lei fundamental do Estado
 Lei fundamental da Sociedade
 Mas deve também estabelecer princípios relevantes
para a sociedade aberta:
 ao pluralismo social (Legislador interno)
 aos fenómenos organizativos supranacionais (Legislador
europeu)
 à globalização económica (Legislador Internacional)

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Teoria da Constituição
 Forças de erosão/ Força Normativa:
 Fundamentalismo religioso
 Fundamentalismo económico
 Fundamentalismo científico
 Fundamentalismo étnico
=
Fractura dos valores/fins orientadores do
consenso constitucional

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Teoria da Constituição
CONSTITUIÇÃO = ORDEM QUADRO

Consenso constitucional

conglomerado de diferenças

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Teoria da Constituição
CONSTITUIÇÃO = ORDEM QUADRO
Questão:
- Será que o texto constitucional de 1976 pode, hoje,
reivindicar algumas pretensões de dirigismo social e
económico?
 Perigo da hipertrofia de normas programáticas
articuladas com políticas públicas (da economia, da
saúde , do ensino) sujeitas à mudança da política
democrática
=
“DÉFICE DE DIRECÇÃO”

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Teoria da Constituição
 FUNÇÕES DA CONSTITUIÇÃO:
 1. Consenso fundamental;
 2. Legitimidade e legitimação da ordem
jurídico-constitucional;
 3. Garantia e protecção;
 4. Ordem e ordenação;
 5. Organização do poder político;

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Teoria da Constituição
 1. CONSENSO FUNDAMENTAL:
 A Constituição revela de forma normativa o
consenso fundamental de uma comunidade
política relativamente a princípios, valores e ideias
directrizes que servem de padrões de conduta
política e jurídica nessa comunidade:
 O principio do Estado de Direito
 O principio democrático
 O princípio da dignidade da pessoa humana
 O principio pluralista
 Oprincipio da separação e da interdependência dos
órgãos de soberania
 O principio maioritário

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Teoria da Constituição
 2. Legitimidade e legitimação da ordem
jurídico-constitucional:
A Constituição confere legitimidade a uma
ordem política e dá legitimação aos
respectivos titulares do poder político.
Legitimidade = princípios justos (bondade
material)
Legitimação = ao vincular juridicamente os
titulares do poder justifica a “autoridade”, o
“poder de governo” destes titulares.

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Teoria da Constituição
CONSTITUIÇÃO = validade/aceitação=
LEGITIMIDADE em si + função de
LEGITIMIDADE = aceitação dos
princípios de justiça normativo-
constitucionalmente consagrados.
 folha de papel ≠ lei superior
 legalidade pura ≠ ideia de direito
 poder positivo ≠ valores do povo
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Teoria da Constituição
3. Garantia e protecção
-Função garantística dos direitos e liberdades:
a) Os direitos e liberdades não são
disponíveis pelo poder político, são
constitucionalmente garantidos e protegidos
porque são inerentes ao indivíduo e
preexistentes ao Estado.
b) a Constituição como “lei superior” vincula
em termos políticos e jurídicos os titulares do
poder: -limita o poder

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Teoria da Constituição
 4. Ordem e Ordenação

 A Constituição é a ordem fundamental do Estado:


 a) Conforma, determina todo o complexo de
instituições que compõe o Estado nomeadamente, na
sua organização e actuação.
B) É ordem fundamental porque constitui a pirâmide
de um sistema normativo que nela encontra
fundamento – é a “norma das normas” – artigo 112º,
porque é fixa o valor, a força, a eficácia das restantes
normas.

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Teoria da Constituição
 5. Organização do poder político
 a) Cria, define as competências e atribuições dos
órgãos constitucionais – quer dos órgãos
constitucionais de soberania, quer dos órgãos
constitucionais simples- 112º - ao abrigo do princípio
da tipicidade das competências.
 b) Define os princípios estruturantes da organização
do poder político, define as relações entre os órgãos
de soberania, desenha a repartição do poder entre
estes. Ou seja, é nela que se estabelece a forma de
governo “governo parlamentar, governo
presidencialista, governo semi-presidencialista, etc

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Teoria da Constituição e
Espaços Normativos

 A) Constitucionalismo Global e
Constitucionalismo nacional

 B) Constitucionalismo Estadual e
Constitucionalismo Europeu
 (p.1353-1360)

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Teoria da Constituição e
Espaços Normativos
 Constitucionalismo Global:
- Reinterpretação do principio da autodeterminação: novos
suportes sociais e políticos –supranacionais e subnacionais –
diferentes do “tradicional” ESTADO-NAÇÃO.

- Novos fins do Estado:


- a construção de “Estados de direitos democráticos, sociais e
ambientais”, no plano interno,
- A existência de Estados abertos e internacionalmente “amigos”
e “cooperantes” no plano externo.

- A “paz mundial” assenta na intensificação do “desarmamento”


afim de viabilizar da segurança colectiva.

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Teoria da Constituição e
Espaços Normativos
 Relação Direito Constitucional e Direito Internacional:-

 O ius Cogens
 Os Direitos Humanos
 A organização Internacional

 As relações internacionais devem ser pautadas pelo direito e


pela justiça convertendo-se o direito internacional numa
verdadeira ordem imperativa à qual não falte um núcleo
material duro : o ius cogens internacional, e ainda pela
progressiva elevação dos direitos humanos articulada com o
papel da organização Internacional

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Teoria da Constituição e
Espaços Normativos
Caracterização do Constitucionalismo Global:
1) Novo paradigma centrado nas relações entre
Estado/povo.

2) Emergência de um jus cogens internacional


informado por valores, princípios e regras universais
plasmados em declarações internacionais.

3) Tendência para a elevação da dignidade


humana como pressuposto de todos os
constitucionalismos.

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Teoria da Constituição e
Espaços Normativos
 Caracterização do Constitucionalismo
Nacional:
1- Estados soberanos:
- No plano externo: relações horizontais

interestaduais
- No plano interno: supremacia de um

poder num determinado território


(poder legislativo/executivo/judicial)

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Teoria da Constituição e
Espaços Normativos
2-Centralidade jurídica e politica da Constituição
– soberania e independência de cada Estado.

3- A conversão interna do Direito Internacional


ou adaptação pelas leis do Estado.

4- “O povo” residente no território é o povo do


Estado e só nele pode adquirir a “carta da
nacionalidade”.

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Teoria da Constituição e
Espaços Normativos
 O Ius Cogens como parâmetro de
validade das Constituições internas:
 Ideia de standard mínimo humanitário.
 Sistema jurídico internacional de defesa
dos direitos humanos.
 A abertura ao direito internacional
tendencialmente informador do direito
constitucional interno – Artº 7 CRP

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Teoria da Constituição e
Espaços Normativos
 B) Constitucionalismo Estadual e
Constitucionalismo Europeu
 Contra o “O Direito constitucional
europeu” está o paradigma clássico
da teoria da constituição.
 Duas teses sobre direito constitucional
europeu:
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Teoria da Constituição e
Espaços Normativos
 1.Tese “nacionalista” ou “constitucionalista-
patriótica” assenta no direito constitucional
centrado no Estado e no dogma da soberania
do Estado.
 2. Tese “europeísta” ou “europeísta-
federalista” radica em premissas jurídicas e
políticas fixadas pelo Tribunal de Justiça das
Comunidades – numa vontade política
tendencialmente “governamentalizada”.
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Teoria da Constituição e
Espaços Normativos
 NOVA ORDEM JURIDICA:
 Criação de direitos para os estados-membros mas
cujos destinatários são os estados e os cidadãos
europeus
 Órgãos e poderes de decisão supranacionais
 Densifica o princípio comunitário da integração
supranacional sem deixar de observar a estatalidade
dos membros, a autonomia constitucional e a
identidade nacional dos membros
 Que articula o principio da atribuição específica de
competências com a supranacionalidade normativa
 Direitos fundamentais comuns aos estados membros

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