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DIREITO CONSTITUCIONAL I

Prof. Sandro Oliveira


FADIR/UFMS
2023
 CONSTITUCIONALISMO

◦ É a teoria (ou ideologia) que ergue o princípio do governo


limitado indispensável à garantia dos direitos em dimensão
estruturante da organização política-social de uma
comunidade.

◦ Não há apenas uma mas vários constitucionalismos. Melhor


dizer que existem vários movimentos constitucionais com
pontos em comum.

◦ Constitucionalismo histórico – fins da idade média até


século XVIII;

◦ Constitucionalismo moderno – meados do século XVIII.


• CONSTITUIÇÃO MODERNA
– Ordenação sistemática e racional da comunidade
política através de um documento escrito no qual
se declaram as liberdades e os direitos e se fixam
os limites do poder político.

– DESDOBRAMENTO
I – ordenação jurídico-político plasmado num
documento escrito;
II – declaração de um conjunto de direitos
fundamentais e do respectivo meio de garantia;
III – organização do poder político segundo
esquemas tendentes a torná-lo um poder limitado
e moderado.
• CONSTITUIÇÃO EM SENTIDO HISTÓRICO

– Conjunto de regras (escritas ou consuetudinárias)


e de estruturas institucionais conformadoras de
uma dada ordem jurídico-política num
determinado sistema político-social..
• MODELOS DE CONSTITUCIONALISMO

– Modelo historicista (constitucionalismo inglês)


• Dimensões histórico-constitucionais caracterizadora do modelo
histórico:
• garantias de direitos adquiridos, traduzidos no binômio
liberdade/propriedade;
• estruturação corporativa dos direitos, pertenciam, num primeiro
momento, a indivíduos enquanto membros de um estamento.

– Cristalizações jurídico-constitucionais:
• Magna Carta – 1215;
• Petition of rigths - 1628;
• Bill of rights – 1689;
• Habeas corpus act – 1679;
• Due process of law – devido processo legal.
• Modelo individualista

– Também chamado de constitucionalismo revolucionário


ou construtivismo político-constitucional.
– O modelo histórico inglês não rompe totalmente com os
esquemas medievais dos “direitos dos estamentos”;
– A revolução francesa tentava edificar uma nova ordem
sob a égide dos direitos naturais dos indivíduos.

– Dois momentos fractais:


• a afirmação de direitos naturais e individuais;
• artificialização-contratualização da ordem política.
• Modelo estadualista
– Marca do constitucionalismo americano: o povo
reclama o direito de escrever uma lei básica. O
constitucionalismo americano fez diferentes usos
da história. Pela revolução os americanos
reafirmaram os rights.
– Ordem política informada pelo princípio do
governo limitado.

• Democracia dualista:
– decisões tomadas pelo povo – raras (em
momentos raros e sob condições especiais, o povo
decide através do exercício de um poder
constituinte);
– decisões tomadas pelo governo - freqüentes.
• 1. Conceito:

– sistema normas jurídicas, escritas ou costumeiras,


que regula a forma do Estado, a forma de seu
governo, o modo de aquisição e o exercício do
poder, o estabelecimento de seus órgãos e os
limites de sua ação. Em síntese, a Constituição é o
conjunto de normas que organiza os elementos
constituídos do Estado.
1.1 Constituição :

• sentido político: aquilo que emana de um ato de poder


soberano (Carl Schmitt) : “o que existe como magnitude
política é, juridicamente considerado, digno de existir”.

• sentido sociológico: é o reflexo das forças sociais que


estruturam o poder, sob pena de encontrar-se apenas uma
“folha de papel”. – deve existir coincidência entre entre o
documento escrito e as forças determinantes do poder.
(Ferdinand Lassale).

• sentido formal ou jurídico: a Constituição é um conjunto de


normas que se situa num plano hierarquicamente superior a
outras normas. Pouco importa o conteúdo, mas a
formalização.
1.2 Elementos :

• elementos orgânicos: regulam e disciplinam a estrutura e poder do


Estado. Ex.: Título III – Da Organização do Estado

• elementos limitativos: restringem o Poder do Estado. Ex.: Título II –


Dos Direitos e Garantias Fundamentais

• elementos socio-ideológicos: representam o compromisso entre o


Estado individual e o social. Ex.: Título VII – Da Ordem Econômica e
Financeira.

• elementos de estabilização constitucional: destinados a garantir a


paz social, recompondo o Estado à sua normalidade. Ex.: Artigos 34
a 36 da CF.

• elementos formais de aplicabilidade: traçam normas referentes ao


modo de aplicação das Constituições. Ex.: preâmbulo, disposições
constitucionais transitórias e §1º do art. 5º da CF.
1.3 Classificação :
• a)quanto à origem:
– promulgada, votada ou popular: originam da Assembléia Popular
eleita para exercer a atividade constituinte
– outorgada: elaboradas sem a participação do povo. Impostas por uma
pessoa ou grupo de pessoa
• b)quanto à mutabilidade ou estabilidade:
– flexível: pode ser modificada pelo legislador sem a exigência de um
processo especial
– rígida: depende de um processo especial para ser modificada
– semi-rígida: contém uma parte rígida e uma parte flexível.
• c) quanto à forma:

– escrita ou dogmática : as normas estão escritas e incorporam os


valores predominantes naquele momento histórico.

– não escrita, costumeira ou histórica as normas estão em vários textos


escritos em épocas diferentes e que já incorporaram ao consciente
coletivo.

• d) quanto ao conteúdo:

– material : identificam a forma e estrutura do Estado, o sistema de


governo, a divisão e o funcionamento dos Poderes, o modelo
econômico e os direitos, deveres e garantias fundamentais.

– formal: traz outras normas e são consideradas constitucionais por


serem veiculadas por textos constitucionais.
• e) quanto à sistemática:

– reduzida: todas as normas estão em apenas um documento


– variada: as normas encontram-se em vários documentos

• f) quanto à ideologia:

– ortodoxa: possui uma só ideologia


– eclética: representa o resultado de ideologias diversas

• g) quanto ao tamanho da extensão:

– sintéticas ou concisas: dispõe sobre os aspectos fundamentais da


organização do Estado, possui poucos artigos
– analíticas ou prolixas: possuem normas formais.
1.4 Supremacia da Constituição:

O Princípio da Supremacia significa que a Constituição ocupa lugar de


destaque no ordenamento jurídico, constituindo-se o fundamento de
validade das demais normas. Imaginando-se uma pirâmide, ela estaria no
topo da mesma, sendo que as demais normas encontram-se em posições
inferiores.

1.5 A Recepção e a Repristinação

• recepção: a norma infraconstitucional anterior à nova constitucional,


quando compatível é por ela acolhida, encontrando no novo texto, seu
fundamento de validade

• repristinação: validade de norma revogada pela legislação anterior. Para a


maioria dos autores é impossível constitucionalmente. Ex.: Lei não
recepcionada pela Constituição de 1967, mas compatível com a de 1988.
Alguns autores aceitam desde que exista previsão expressa pela atual
Constituição de norma revogada.
1.6 Eficácia das normas constitucionais:

• Classificação de José Afonso da Silva:

– norma de eficácia plena: não necessita de qualquer integração


legislativa infraconstitucional. Produz todos os efeitos de imediato. Ex.:
art. 21, 22 e 24 da CF. Art. 19, 20 e 28.

– norma de eficácia contida: possui eficácia total e imediata, mas poderá


ser restringida pela norma infraconstitucional. Art. 5º, XIII, XXIV, XXV ,
37, I, e 15, IV da CF
– norma de eficácia limitada: não produz todos os efeitos de imediato,
necessitando de um comportamento legislativo infraconstitucional ou da
ação dos administradores para seu integral cumprimento. Divide-se em dois
grupos:

• de princípio institutivo: contém esquemas gerais de estruturação de


instituições, órgãos e entidades (também chamado de princípio orgânico
ou organizativo). Art. 224, 33, 90, §2º; 113 e 161, I da CF

• princípio programático: traz os princípios a serem cumpridos pelos


órgãos, como programas das respectivas atividades. Arts: 196, 205, 215,
227.

– OBS: Função das normas programáticas: a) estabelecer um dever para o


legislador; b) condicionam a legislação futura; c) informam a concepção do
Estado e da sociedade; d) constituem sentido teleológico para a
interpretação, integração e aplicação das normas jurídicas; e) condicionam a
atividade discricionária da Administração e do Poder Judiciário.
PODER CONSTITUINTE
• Conceito: poder de elaborar o texto
constitucional. A Constituição é o documento
criador do Estado, o ponto inaugural do
sistema jurídico.

– Titularidade e Exercício do poder: a titularidade é


do povo e o exercício se dá por
representantes.Pode ocorrer plebiscito ou
referendum do texto.
Espécies de Poder Constituinte:

– Poder Constituinte Originário: é o que a


Constituição. É um poder político que institui um
diploma jurídico. Características: inicial
(inaugura a ordem jurídica), autônomo (só ao
exercente cabe determinar quais os termos que
estruturará a nova Constituição), ilimitado (não
existem limites e nem ordem anterior) e
incondicionado (não se submete a nenhum
processo determinado). Só poderia obter limites
no direito natural ou nas forças sociais.
• Poder Constituinte Derivado, Reformador ou Secundário: É o poder
constituído, executado pelos órgãos e poderes do Estado, sendo utilizado
para reformar a Constituição. Características: limitado (a constituição
impõe limites a sua alteração), condicionado (submete-se a um processo
determinado).

• Limites do Poder Derivado na atual Constituição do Brasil:


– materiais: matérias petrificadas no §4º, do artigo 60 da CF.
– circunstanciais: só pode haver trâmite constitucional em situação de
tranqüilidade social. Art. 60, §1º da CF
– procedimentais: processo que deverá ser seguido: Iniciativa ou
proposta (Art. 60, I a III); deliberação (Art. 60, §§2º, 3º e 5º).
– vedações implícitas materiais: modificação do art. 60, artigos 1º, 2º e
3º.

• Formas de alteração da Constituição: reforma (emenda) e revisão.


Revisão: Art. 3º do ADCT.
• Poder Constituinte Decorrente: nasce do
pacto federativo, que apresenta a
possibilidade de auto-organização dos
Estados-membros por constituição própria. É
uma espécie de Poder constituinte derivado.
Art. 11 da ADCT: exercício cabe às
Assembléias Legislativas
HERMENÊUTICA
JURÍDICA OU CLÁSSICA
• Hermenêutica:

• Na mitologia grega HERMES tem o dom de interpretar a


vontade divina.

• Teoria/filosofia da interpretação: busca tornar


compreensível o objeto de estudo mais do que sua
simples aparência ou superficialidade.

• Significado oculto, não manifesto, não só de um texto -


estrito senso- mas também da linguagem.
• parte da ciência jurídica que tem por objeto o estudo e
a sistematização dos processos que tornam a
interpretação do direito mais fácil e eficiente.

• A Hermenêutica Jurídica é a compreensão que dá o


sentido à norma. Isso quer dizer que na norma ou no
texto jurídico há sempre um sentido que não está
explicitamente demonstrado para que possa ser
alcançado de forma essencialista.

• “Estudo e sistematização dos processos, que devem ser


utilizados para que a interpretação se realize”.
» Carlos Maximiliano
• MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO:

– Literal ou gramatical: leva em consideração o conteúdo


semântico das palavras que compõe a norma.

– Para Carlos Maximiliano, este método exige os seguinte


requisitos:
• Conhecimento perfeito da língua empregada no texto;
• Informação relativamente segura sobre o autor;
• Notícia completa do assunto de que se trata (exposição de
motivos), e;
• Certeza de autenticidade do texto (do conjunto e em cada
uma de suas partes).
– Histórico: busca o sentido da lei através da análise
dos precedentes legislativos (relatórios, debates,
discussões, etc.)

– Lógico ou teleológico: procura destacar a finalidade


da lei, a mens legis, o valor presente e protegido pela
lei.

– Sistemático: pretende a interpretação da lei no


contexto normativo em que está inserida. É a não
interpretação isolada de uma lei
• Maria Helena Diniz, entende as funções da
interpretação como sendo as seguintes:

– a) conferir a aplicabilidade da norma jurídica às


relações sociais que lhe deram origem;

– b) estender o sentido da norma a relações novas,


inéditas ao tempo de sua criação;

– c) temperar o alcance do preceito normativo, para


fazê-lo corresponder às necessidades reais e atuais
de caráter social, ou seja, aos seus fins sociais e aos
valores que pretende garantir.
• MÉTODOS DIVERSOS DE INTERPRETAÇÃO

• Método autêntico
– Tem origem no próprio órgão que elaborou a lei.

• Método popular
– Há participação do povo através dos grupos organizados, ou através dos
mecanismos de participação popular no processo de criação da lei.

• Método doutrinário
– É a realizada pelo pensamento doutrinário, pela meditação dos juristas.
Para Caros Maximiliano somente esta modalidade deve ser chamada de
interpretação, no sentido técnico.

• Método evolutivo
– Não existe alteração do texto, ocorrendo em verdade novos sentidos,
significados e alcance da norma constitucional em razão de mudanças
históricas, políticas e sociais.
Hermenêutica Constitucional
• A Hermenêutica Constitucional, ou Nova
Hermenêutica, tem por objetivo extrair o
significado que dê maior efetividade à
Constituição.

• Para tornar a Constituição efetiva é necessário


a utilização dos seguintes postulados:
• Postulados constitucionais:

– UNIDADE DA CONSTITUIÇÃO - Ao se interpretar determinada


norma constitucional deve-se levar em conta todo o sistema
constitucional

– MÁXIMA EFETIVIDADE OU DA EFICIÊNCIA - optar pelo caminho


(sentido) que dê maior eficácia a norma constitucional

– CONCORDÂNCIA PRÁTICA OU HARMONIZAÇÃO - evitar o


sacrifício de uma norma em relação a outra

– EFEITO INTEGRADOR - integração política e social

– FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO - possibilita a


atualização normativa, garantindo a eficácia e permanência
das normas constitucionais
INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO: O QUE PRETENDIAM OS
FUNDADORES – OS LIMITES DA ORIGINALIDADE
ROBERT H. BORK LAURENCE H. TRIBE
Defensor da “intenção original”; Crítico da “intenção original”;

Os tribunais não são obrigados a seguir Os originalistas inventam determinado


as visões populares da constituição; passado que poderia ditar o futuro
constitucional;
Os tribunais não podem aplicar suas
próprias predileções morais, sociais e Os Autores escolheram deliberadamente
filosóficas em lugar da constituição; uma linguagem suficientemente flexível
para prever uma sociedade sempre em
Os tribunais não podem invadir ou mudanças e crises econômicas e
diminuir o direito de governar da maioria; políticas;

O juiz originalista deve proteger a James Medison (1796) – as


liberdade ou o processo constitucional observações e as presunções dos
que os Autores pretenderam preservar. Autores em Filadélfia nunca deviam ser
consideradas o guia oracular na
interpretação da Constituição
PRINCÍPIOS

Vicente Ráo – “a ignorância dos princípios


quando não induz a erro, leva à criação de
rábulas em lugar de juristas”.
NORMA JURÍDICA
Regras - descreverem fatos
hipotéticos, possuem a nítida
função de regular, direta ou
indiretamente, as relações
jurídicas que se enquadrem nas
molduras típicas por elas
descritas;
Princípio - "mandamento nuclear de um sistema,
verdadeiro alicerce dele, disposição
fundamental que se irradia sobre diferentes
normas compondo-lhes o espírito e servindo de
critério para sua exata compreensão e
inteligência, exatamente por definir a lógica e a
racionalidade do sistema normativo, no que lhe
confere a tônica e lha dá sentido harmônico“.
–Celso Antônio Bandeira de Mello
• eficácia positiva e negativa dos princípios:

• eficácia positiva dos princípios: entende-se a


inspiração, a luz hermenêutica e normativa lançadas no
ato de aplicar o Direito, que conduz a determinadas
soluções em cada caso, segundo a finalidade
perseguida pelos princípios incidíveis no mesmo;

• por eficácia negativa dos princípios: entende-se que


decisões, regras, ou mesmo, subprincípios que se
contraponham a princípios serão inválidos, por
contraste normativo.
A Constituição é um sistema jurídico
aberto, um sistema de normas,
estruturadas sob a forma de regras e
princípios, disponíveis e capazes de
captar as mudanças sociais
necessárias.
Diferenciação
• REGRAS ◼ PRINCÍPIOS
– Generalidade: as ◼ Generalidade: normas
regras possuem baixo
grau de generalidade ; dotadas de alto grau de
– Colisão: as regras generalidade;
impõem, permitem ou ◼ Colisão: os princípios
proíbem , sendo que coexistem entre si, em
excluem-se diante de
um conflito, não caso de conflito podem
deixando espaço para ser objeto de
outra solução. É harmonização
insustentável a
convivência de regras
contraditórias
◼ Aplicabilidade: ◼ Aplicabilidade:
A maioria das regras é Os princípios necessitam
aplicável diretamente aos de concretização para
casos concretos. serem aplicados, isto é,
sair do enunciado da
norma e chegar em uma
norma concreta aplicável
ao caso jurídico.

Os princípios possuem função NORMOGENÉTICA.


• PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

“os princípios são CATEGORIAS LÓGICAS, e


tanto quanto possível UNIVERSAIS, muito
embora não possamos esquecer que, antes
de tudo, quando incorporados a um sistema
jurídico-constitucional-positivo, refletem a
própria estrutura ideológica do Estado, como
tal, representativa dos valores consagrados
por uma determinada sociedade”. Ivo Dantas
Princípios Constitucionais do Estado
Brasileiro

Princípios constitucionais: visam definir e


caracterizar a coletividade política e os
Estados, informando a ordem jurídica.
Guardam os valores escolhidos pelo legislador
constituinte.
Rol de princípios fundamentais

• Princípios fundamentais: são as regras


informadoras de todo o sistema de normas, os
vetores, as diretrizes básicas. Violar o princípio
é subverter valores fundamentais.
• Denominação atual do Estado Brasileiro

– Art. 1º CF/88: “República Federativa do Brasil”

– Outros nomes:
• “Império do Brazil”;
• “Estados Unidos do Brazil” - 1891, 1934, 1937 e 1946, e;
• “Brasil” (1967) e em 1969 “República Federativa do Brasil”.

– Traz a forma:
• federativa de Estado: união de Estados em que as unidades
federadas preservam autonomia mas transferem a soberania para a
União (representa o Estado Federal). Federalismo brasileiro comporta
várias partes na sua composição: União, Estados, Municípios e o DF, e;

• republicana de governo: forma de governo que se caracteriza pela


eleição periódica do chefe de Estado.
• Opção pelo Estado democrático de direito

– Estado de direito: presença da Constituição,


império das leis; divisão de poderes, rol de
garantias individuais;

– Democracia semi-direta : governo nas mãos de


representantes legitimamente eleitos pelo
povo ou diretamente.
Fundamentos: principais valores escolhidos pelo
constituinte ao organizar o Estado brasileiro; Art. 1º da
CF:

soberania: :supremacia na ordem interna e


independência na ordem externa.

cidadania: povo visto como cidadão - titular de direitos


previstos na Constituição. Ex.: direitos políticos,
educação, saúde, trabalho etc.

dignidade da pessoa humana: assegurar a existência


digna a todas as pessoas.
valores sociais do trabalho e da livre
iniciativa: escolha pelo regime capitalista
com prevalência do direito do trabalho.

pluralismo político: livre formação de


correntes políticas no País, permitindo a
representação das diversas camadas da
opinião pública em diversos segmentos.
Separação de poderes: Art. 2º da CF: divisão
funcional do poder político do Estado, com
atribuição de cada função básica do Estado
a um órgão independente e especializado.
Três funções - três poderes.
• Objetivos fundamentais: Art. 3º da CF:
representam as finalidades a serem alcançadas,
metas que direcionam os atos futuros:

– construir uma sociedade livre, justa e solidária;


– garantir o desenvolvimento nacional: social e
econômico;
– erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
desigualdades sociais e regionais;
– promover o bem de todos, sem preconceito de
qualquer natureza.
Princípios que regem o Brasil em suas relações
internacionais: Art. 4º da CF/88

- independência nacional
- prevalência dos direitos humanos
- autodeterminação dos povos
- não-intervenção
- igualdade entre os Estados
- defesa da paz
- solução pacífica dos conflitos
- repúdio ao terrorismo e ao racismo

- cooperação entre os povos par ao progresso da


humanidade

- concessão de asilo político:

Razões: dissidência política, livre manifestação do


pensamento e crimes relacionados a segurança do Estado,
caso não seja considerado crime comum no país
concedente.
Aplicação dos princípios
constitucionais
PRINCÍPIO DA IGUALDADE

• A lei não pode ser fonte de privilégios ou


perseguições, mas instrumento regulador
da vida social que necessita tratar
eqüitativamente todos os cidadãos.
Igualdade formal

• Direito de todo cidadão não ser


desigualado pela lei senão em consonância
com os critérios albergados ou ao menos
não vedados pelo ordenamento
constitucional.
Igualdade material ou substancial
• O entendimento da igualdade material,
deve ser o de tratamento equânime e
uniformizado de todos os seres humanos,
bem como a sua equiparação no que diz
respeito à possibilidades de concessão de
oportunidades.
Identificação da quebra da isonomia
• Investigação daquilo que é adotado como critério
discriminatório;

• Justificativa racional à vista do traço desigualador


acolhido;

• Correlação ou fundamento racional existente é


harmônico com os valores prestigiados no sistema
normativo constitucional.
Controle de Constitucionalidade e
Hermenêutica Constitucional
História do controle de constitucionalidade

• A Constituição americana de 1787 representou o


primeiro texto constitucional consolidado de um
país;

• pela primeira vez instituiu a forma federativa de


Estado.
• Novos institutos regulando o exercício do poder:

– existência da Constituição escrita;


– caráter de constituição rígida;
– instituição do regime presidencialista de governo;
– forma federativa de organização do Estado;
– declaração dos direitos individuais.
• 1803 Caso William Marbury vs. James Madison;

• O Chief Justice John Marshall, Suprema Corte dos


E.U.A, criou o precedente de deixar de aplicar a lei
infraconstitucional contrária à Paramount Law;

• Princípio do stare decisis quieta movere (ficar com


as coisas decididas)
Caso William Marbury vs. James Madison
• Thomas Jefferson derrota John Adams na eleição presidencial dos
EUA de 1800;

• derrotado, John Adams resolveu nomear vários juízes em cargos


relevantes, para manter algum controle sobre o Estado, entre eles
Willian Marbury;

• O secretário de justiça de John Adams, devido ao curto espaço de


tempo, não entregou o diploma de nomeação a Marbury;

• Com Jefferson presidente, seu novo secretário de justiça James


Madison, se nega, a pedido de Jefferson, a intitular Marbury;
• Marbury apresentou um writ of mandamus perante a
Suprema Corte Norte-Americana exigindo a entrega do
diploma;

• Juiz John Marshall, concluiu, não pela


inconstitucionalidade em si do pedido, mas que a lei
federal que dava competência à Suprema Corte para
emitir mandamus contrariava a Constituição Federal;

• Como a lei que dava competência a Suprema Corte era


inconstitucional, não cabia à Suprema Corte decidir o
pedido do mandamus.
• Princípio do stare decisis com efeito:

– Horizontal – vincula instância de mesmo grau pelo


mecanismo do precedente;

– Vertical – decisão de tribunal superior vincula as


instâncias inferiores
Modelo de controle Europeu ou Austríaco
• A Constituição da Áustria, promulgada em 1920 (influência do pensamento de
Hans Kelsen);

• Kelsen admite a teoria americana: a Constituição é norma superior, com a qual


todas as demais devem de ser compatíveis;

• Admite a possibilidade do parlamento promulgar leis em desacordo com a


Constituição, ou por equívoco do legislador ou por imposição de uma maioria
transitória;


Kelsen influenciado pela doutrina francesa de soberania do parlamento não
reconhecia aos juízes a possibilidade de realizar esse controle, defendendo a idéia
de um órgão autônomo, com a tarefa exclusiva de realizar o controle de
constitucionalidade: Tribunal Constitucional.

• A fiscalização de constitucionalidade, portanto, não seria uma função própria do


Judiciário, mas uma função autônoma.
• No modelo europeu:

– a lei inconstitucional não é nula: é anulável;

– a decisão da corte constitucional não é declaratória, é constitutiva;

– a norma é válida até a decisão do Tribunal;

– a partir da decisão da corte, a norma deixará de ser aplicada, pois


considerada inconstitucional;

– os efeitos da declaração são ex nunc, e;

– a lei tem presunção de constitucionalidade devendo ser cumprida até


decisão que declare sua inconstitucionalidade;

– a anulabilidade da lei, privilegia a segurança jurídica


O modelo de controle francês
• Somente em 1946 foi criada uma fiscalização constitucional, com a criação do
Comitê Constitucional, um órgão político;

• O órgão de controle não é um tribunal: Conselho Constitucional (a partir de 1958);

• A Constituição francesa prevê um controle preventivo a ser realizado pelo


Conselho Constitucional durante o procedimento legislativo (art. 41);

• pode ocorrer o controle em face de um ato normativo já votado e aprovado, desde


que não tenha sido promulgado

• é vedado o controle quando o povo adota a lei por via de referendo;

• quando se tratar de leis orgânicas ou de regimentos da Assembléia Nacional ou do


Senado, o controle passa a ser obrigatório;
• a “corte” francesa não faz o controle de leis após sua eficácia;

• o controle de constitucionalidade é realizado antes da eficácia da lei;

• É obrigatório para leis complementares;

• é facultativo para leis ordinárias (após publicação, permanecem sem


eficácia por trinta dias, após esse prazo, se não houver alegação de
inconstitucionalidade, a lei passa a ter eficácia);

• O controle exclusivamente a priori é a característica marcante e inovadora


do modelo francês.
O CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE NO BRASIL
IMPÉRIO

• o controle da constitucionalidade das leis no


Império era exercido pelo próprio Poder
Legislativo, o qual deveria interpretar as leis.
O CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE NA
REPÚBLICA VELHA

• introduz em nosso sistema o controle judicial de


constitucionalidade;

• Teve pouca eficiência pela inexistência de instrumentos


jurídicos adequados para que os tribunais exercessem
plenamente suas atribuições.
O CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NA
CONSTITUIÇÃO DE 1934

• A Constituição mexicana de 1917, a Constituição da


União Soviética de 1918 e a Constituição alemã de
1919, implantaram novas perspectivas políticas e
jurídicas;

• Adota padrão de controle de constitucionalidade da


Europa continental, com o modelo elaborado por
Hans Kelsen para a Constituição austríaca de 1922.
O CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE NA
CONSTITUIÇÃO DE 1937

• Foi avesso ao controle da constitucionalidade das leis;

• Art. 96. Só por maioria absoluta de votos da totalidade


dos seus juízes poderão os tribunais declarar a
inconstitucionalidade da lei ou de ato do Presidente da
República.
O CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NA
CONSTITUIÇÃO DE 1946
• a) a representação para intervenção da União no Estado e deste no
Município (arts. 7º e 23), excluído o Distrito Federal cujo Prefei to era
nomeado e demissível ad nutum pelo Presidente da República;

• b) o poder do Senado de suspender, no todo ou em parte, a execução de


leis ou decretos achados inconstitucionais por decisão definitiva do
Supremo Tribunal Federal (art. 64);

• c) o recurso extraordinário das causas decididas em única ou última


instância por outros tribunais e juízes (art. 101, III); e

• d) o princípio da reserva de plenário (art. 200).


O controle de constitucionalidade após
1965
• Art. 101. Ao Supremo Tribunal Federal compete:

• I – processar e julgar originariamente:

• ...
• k) a representação contra inconstitucionalidade de l ei ou ato de natureza
normativa, federal ou estadual, encaminhada pelo Procurador -Geral da
República;

• ...
• Art. 124 (sobre a Justiça estadual)...

• ...
• XIII – a lei poderá estabelecer processo, de competência originária do
Tribunal de Justiça, para declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato
do Município, em conflito com a Constituição do Estado.
O CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NA
CONSTITUIÇÃO DE 1967

• foram mantidos, com mínimas alterações redacionais, os


dispositivos constitucionais encontrados na Constituição de
1946 com a alteração da Emenda Constitucional nº 16/65
referentes ao controle de constitucionalidade.
Validade, vigência e eficácia da norma
jurídica.
A norma jurídica
• São estruturas fundamentais do Direito e nas quais são gravados preceitos e
valores que vão compor a Ordem Jurídica. é responsável por regular a conduta do
indivíduo, organização da sociedade e do Estado.

– possuem as seguintes características:

• Bilateralidade: a norma é dirigida a duas partes. 1- o dever jurídico (“X” deverá exercer
determinada conduta em favor de “Y”); 2- direito subjetivo (a norma concede a possibilidade
de “Y” agir diante de “X”);

• Generalidade: a norma vale para qualquer um, sem distinção de qualquer natureza, para os
indivíduos, também iguais entre si, que se encontram na mesma situação. A norma deve ser
impessoal;

• Abstratividade: a norma não foi criada para regular uma situação concreta ocorrida, mas para
regular, de forma abstrata, abrangendo o maior número possível de casos semelhantes;

• Imperatividade: a norma, para ser cumprida e observada por todos, deverá ser imperativa, ou
seja, impor aos destinatários a obrigação de obedecer;

• Coercibilidade: é a possibilidade do uso da força para combater aqueles que não observam as
normas.
• Validade da norma é a sua adequação ao ordenamento
jurídico em que se insere. Por ter sido criada pelo processo
legislativo próprio. Capacidade de legitimamente obrigar a
conduta de seus destinatários.

– conjunto de requisitos que comporta três aspectos (Hans Kelsen):

• Validade formal: uma norma só é válida se estiver fundada em


outra superior;

• Validade fática: qualidade da norma que se refere à sua


adequação em vista da produção concreta de efeitos;

• Validade ética: busca reconciliar a norma com os valores


subjacentes a ela, vinculando sua capacidade de obrigar a conduta
dos indivíduos à sua adequação aos ideais de justiça de uma
determinada sociedade.
• Vigência: é a força que tem a norma cumprindo com
sua finalidade, regular condutas, gerando efeitos,
sobre os eventos a que se refere seu antecedente,
tão logo ocorram no âmbito dos fatos.

– Depende de requisitos técnico-formais:

• obediência ao procedimento previsto para elaboração da norma


(processo legislativo);

• respeito à vacatio legis, ou seja, aguardar um período previsto


para que depois da publicação, a lei ingresse no mundo jurídico.
• Eficácia: diz respeito ao cumprimento do direito por parte
de uma sociedade, ao reconhecimento do direito pela
comunidade ou, aos efeitos que uma regra suscita através do
seu cumprimento.

– Eficácia social se verifica na hipótese de a norma vigente, isto é, com


potencialidade para regular determinadas relações, ser efetivamente
aplicada a casos concretos;

– Eficácia jurídica, por sua vez, significa que a norma está apta a
produzir efeitos na ocorrência de relações concretas; mas já produz
efeitos jurídicos na medida em que a sua simples edição resulta na
revogação de todas as normas anteriores que com ela conflitam.
• Princípio - "mandamento nuclear de um sistema,
verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se
irradia sobre diferentes normas compondo-lhes o
espírito e servindo de critério para sua exata
compreensão e inteligência, exatamente por definir a
lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que
lhe confere a tônica e lha dá sentido harmônico“.
»Celso Antônio Bandeira de Mello
• Eficácia positiva e negativa dos princípios:

– eficácia positiva dos princípios: entende-se a inspiração, a


luz hermenêutica e normativa lançadas no ato de aplicar o
Direito, que conduz a determinadas soluções em cada
caso, segundo a finalidade perseguida pelos princípios
incidíveis no mesmo;

– por eficácia negativa dos princípios: entende-se que


decisões, regras, ou mesmo, subprincípios que se
contraponham a princípios serão inválidos, por contraste
normativo.
Inconstitucionalidade
• Princípio da Presunção de Constitucionalidade:

– fundamento na eficácia do controle preventivo


pugna pelo entendimento de que toda espécie
normativa nasce de acordo com a Constituição.
• Normas jurídicas:
– normas constitucionais
• Originárias
• Derivadas

– normas infraconstitucionais
• Atos normativos primários: têm fundamento no
próprio texto constitucional, ou seja, no processo
legislativo inserido na Constituição;

• Atos normativos não-primários: demais atos que


derivam do poder de regulamentar ínsito ao
Chefe do Poder Executivo e utilizado para suprir
lacunas da lei na sua aplicação no caso concreto.
• A inconstitucionalidade é a incompatibilidade ou
assimetria das leis e atos normativos com a
Constituição Federal.
• Pressupostos para o controle de constitucionalidade

– idéia de lei fundamental

– constituição formal: rigidez, supremacia, lei


constitucional e ordinária

– existência de um órgão competente


Tipos de inconstitucionalidades
• Total ou Parcial

– Declaração de nulidade total como expressão de unidade


técnico legislativa: processo legislativo que elaborou a lei é
viciado;

– Declaração de nulidade total: a parte constitucional é


dependente da inconstitucional;

– Declaração de nulidade parcial: a parte constitucional subsiste


a declaração de inconstitucionalidade de apenas parte da
norma;

– Declaração parcial de nulidade sem a redução de texto: a


inconstitucionalidade é declarada para o caso concreto. Não há
alteração no texto legal e pode a norma ser aplicada em outras
situações. (Ex.: ADI 1946 - art. 14 da EC 20/98 (que instituiu o
teto para os benefícios previdenciários do RGPS).
• Formal e Orgânica: a princípio será total

• Material: pode uma nulidade parcial ter o efeito de uma


nulidade total nos casos de interdependência das normas

• Ação e Omissão: decorrente da inércia de qualquer um dos


poderes frente à disposição constitucional. É o não
cumprimento de uma exigência constitucional de ação –
normas de eficácia limitada.

• omissão parcial: ação legislativa mal elaborada


• Originária e Superveniente: na primeira o ato já
nasce inconstitucional, enquanto na Segunda a
inconstitucioanlidade é decorrente de reforma, inovação
hermenêutica, alteração das circunstâncias fáticas

• Antecedente e Conseqüente: a primeira é decorrente


de violação direta da lei constitucional, enquanto a
segunda tem seu parâmetro de validade é declarado
inconstitucional.
• Direta e Indireta: aquela viola o texto expresso e esta
viola preceito ou princípio implícito (mas
identificável).
Classificação do controle
• Quanto à natureza do órgão:

– Político – indica os órgãos estatais responsáveis


(não possuem poder jurisdicional);

– Jurisdicional – exercido pelos órgãos do Poder


Judiciário.
• Quanto ao objetivo do controle:

– Concreto – quando exercido no curso de um


determinado processo judicial;

– Abstrato (também conhecido por via direta ou por


via principal) – independe da solução de um caso
concreto.
• Quanto ao momento:

– Preventivo – no Brasil ocorre ainda no processo de


elaboração das leis. Podem ser:
• Pela ação das Comissões de Constituição e
Justiça;
• No momento da sanção ou veto do Chefe do
Executivo.

– Repressivo (corretivo, sucessivo ou a posteriori) –


exercido após a lei ser integrada são sistema de
normas.
• Quanto à conduta avaliada:

– Por ação (positivo)

– Por omissão (negativa da conduta) – referente as


regras constitucionais de eficácia dependentes de
integração posterior.
• Quanto ao número de órgãos:

– Concentrado – feito apenas por um único órgão;

– Difuso – feito por diversos órgãos .


• Participação de pessoa interessada:

– Modelo que não admite participação de


interessados – restrição de legitimidade para
atuar;

– Modelo que admite a participação de interessados


- qualquer interessado pode provocar a discussão.
Argüição de Descumprimento
de Preceito Fundamental
• Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal,
precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-
lhe:

(...)

• § 1º A argüição de descumprimento de preceito


fundamental, decorrente desta Constituição, será
apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma
da lei. (Transformado em § 1º pela EC nº 03/1993)

– Regulada pela Lei nº 9892/99


• Descumprimento ≠ Inconstitucionalidade

• DESCUMPRIMENTO:

– utilizado apenas quando da previsão do instituto da


ADPF;

– é conceito que pode ser considerado em uma acepção


mais ampla, englobando a violação de norma
constitucional fundamental por qualquer
comportamento (ato normativo, ato não normativo –atos
administrativos, e, em tese, atos dos particulares).
• Art. 1º A argüição prevista no §1º do art. 102 da Constituição Federal será proposta perante o
Supremo Tribunal Federal, e terá por objeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental,
resultante de ato do Poder Público.

• Parágrafo único. Caberá também argüição de descumprimento de preceito fundamental:

• I - quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato


normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição;

• II – (VETADO)
• ORIGEM E INSPIRAÇÃO:

– A ADPF buscou inspiração no recurso constitucional da Alemanha e


no recurso de amparo da Espanha.

• PREVISÃO E EFICÁCIA CONSTITUCIONAL DA NORMA



– A ADPF surgiu no texto originário no art. 102, parágrafo único, mas foi
parar no art.102, § 1º, CF pela EC 3/93, e é regulamentada pela Lei n.
9.882/99;

– Trata-se de norma constitucional limitada de princípio institutivo


(produz poucos efeitos, pois necessita de complementação);
DIFERENÇA E SEMELHANÇA ENTRE AVOCAÇÃO,
INCIDENTE DE CONSTITUCIONALIDADE E ADPF:

– Com a edição da Lei 9.882/99, temor de retornar a


avocação.

• A avocação era um instituto previsto na Constituição de 1967, em


seu art.119, adicionado pela EC 7/77, que dizia que o STF poderia
avocar quaisquer processos em quaisquer instâncias, em razão de
segurança, perigo etc., mediante pedido do PGR.

– Em 1992 foi feita uma PEC (PEC 96) criando o “incidente de


constitucionalidade”, que seria uma espécie de avocação
para o STF, mas suscitada por um número maior de
pessoas;
Avocação Incidente de ADPF
constitucionalidade

Previsão na CF/67, PEC 96/92 Lei 9.882/99


art. 115. EC 45/2004
O STF avocava O STF avoca Os legitimados da
quaisquer processos quaisquer processos, ADI podem levar ao
em quaisquer quando houver STF violação a
instâncias, mediante divergência sobre a preceito fundamental
pedido do PGR. constitucionalidade, decorrente de ato do
proposto por várias poder público.
pessoas
O STF poderia O STF poderia O STF pode
suspender efeitos das suspender efeitos das suspender o processo
decisões decisões e os efeitos das
decisões ressalvada a
coisa julgada
Só tinha a modalidade Apenas na Pode ser incidental
incidental modalidade incidental ou autônoma.
• FINALIDADE DA ADPF

– O controle concentrado deixava de abordar alguns assuntos, isto é,


alguns atos que ficaram de fora do controle concentrado (atos que não
admitem ADI, p. ex.).Exemplos de atos que não admitem ADI e, por
conseguinte, ficaram de fora do controle concentrado:

• a) Lei anterior à constituição (a não recepção pode ser declarada por


qualquer Juiz);

• b) Leis municipais que contrariam a CF;

• c) Atos infra-legais (decretos, portarias etc.), via de regra, não admitem


ADI;

• d) Lei revogada.Essa exclusão de alguns temas gerava a lentidão, incerteza


e a multiplicação de processos.

A ADPF veio pra suprir a falta de controle concentrado para alguns atos não
abrangidos pelos instrumentos em uso (ADI)
• CONCEITO

– É um mecanismo constitucional, no qual os legitimados do
art. 103 da CF (ADI), levam ao STF eventual violação a
preceito fundamental.O Presidente da República vetou
todos os dispositivos legais da Lei 9.882/99 que permitiam
a ADPF ser ajuizada por qualquer pessoa.

• NATUREZA JURÍDICA

– Prevalece o entendimento de que a ADPF é uma
modalidade de controle concentrado
da constitucionalidade. Alguns autores colocam a ADPF
entre o controle concentrado e o controle difuso (Uadi
Lamego)
• LEGITIMADOS:

– Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a


ação declaratória de constitucionalidade: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)

• I - o Presidente da República;
• II - a Mesa do Senado Federal;
• III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
• IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito
Federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
• V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
• VI - o Procurador-Geral da República;
• VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
• VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;
• IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
• Segundo o STF, sete possuem capacidade postulatória: os sete
primeiros.

• Somente precisarão de advogado o partido político e a


confederação sindical ou entidade de classe. A pertinência
temática também se aplica à ADPF.

• Existem os legitimados ativos universais e legitimados ativos


especiais (interessados)

– O legitimado ativo especial precisa demonstrar a pertinência temática


, que é uma relação entre o ato normativo impugnado e os interesses
que o legitimado representa
• Observações:

– O Vice não tem legitimidade, porém, enquanto ele estiver no


exercício, terá legitimidade;
– A mesa do Congresso Nacional não tem legitimidade ativa,
mesmo ela sendo formado por membros da câmara
dos deputados e do senado;
– O Procurador-Geral da república não pode delegar a
sua legitimidade;
– A legitimidade do Partido Político deve ser aferida no momento
da propositura da ação;
– Associação de associações também tem legitimidade;
– A definição de Confederação Sindical está no art. 535 da CLT:
pelo menos 03federações em pelo menos 03 estados;
– Segundo o STF, fazendo analogia à Lei dos Partidos Políticos, a
Entidade de Classe, para ser considerada nacional, deve ter
filiados em pelo menos 09 Estados (ADI 79).
• O QUE É PRECEITO FUNDAMENTAL?
• “além dos princípios fundamentais, todas as
prescrições que dão o sentido básico do regime
constitucional, como são, por exemplo, as que
apontam para a autonomia dos Estados, do Distrito
Federal e especialmente as designativas de direitos e
garantias fundamentais”
• José Afonso da Silva
• “Não se pode negar a qualidade de preceitos
fundamentais da ordem constitucional aos direitos e
garantias individuais (art. 5º, entre outros). Da
mesma forma, não se poderá deixar de atribuir essa
qualificação aos demais princípios protegidos pela
cláusula pétrea do art. 60, § 4º, da Constituição:
princípio federativo, a separação dos poderes, o voto
direto, universal e secreto”.

– Gilmar Mendes
• “Nem a Constituição nem a lei cuidaram de precisar
o sentido e o alcance da locução “preceito
fundamental”, transferindo tal tarefa para a
especulação da doutrina e a casuística da
jurisprudência. Intuitivamente, preceito fundamental
não corresponde a todo e qualquer preceito da
Constituição”.

–Luiz Roberto Barroso


• “Cabe exclusiva e soberanamente ao STF conceituar
o que é descumprimento de preceito fundamental
decorrente da Constituição, porque promulgado o
texto constitucional é ele o único, soberano e
definitivo intérprete, fixando quais são os preceitos
fundamentais, obediente a um único parâmetro a
ordem jurídica nacional, no sentido mais amplo. Está
na sua discrição indicá-los”.

– Oscar Dias Corrêa


• Amicus Curiae

– "Amigo da Corte". Intervenção assistencial em processos


de controle de constitucionalidade por parte de entidades
que tenham representatividade adequada para se
manifestar nos autos sobre questão de direito pertinente à
controvérsia constitucional. Não são partes dos processos;
atuam apenas como interessados na causa. Plural: Amici
curiae (amigos da Corte).

– Art. 6º, §§ 1º e 2º da Lei nº 9.882/1999.


• Art. 6o Apreciado o pedido de liminar, o relator solicitará as
informações às autoridades responsáveis pela prática do ato
questionado, no prazo de dez dias.

– § 1o Se entender necessário, poderá o relator ouvir as partes nos


processos que ensejaram a argüição, requisitar informações
adicionais, designar perito ou comissão de peritos para que emita
parecer sobre a questão, ou ainda, fixar data para declarações, em
audiência pública, de pessoas com experiência e autoridade na
matéria.

– § 2o Poderão ser autorizadas, a critério do relator, sustentação oral e


juntada de memoriais, por requerimento dos interessados no
processo.
Ação Direta de
Inconstitucionalidade
• Ação Direta de Inconstitucionalidade genérica
(artigo 102,I, a)

• Ação Direta de Inconstitucionalidade interventiva


(artigo 36, III)

• Ação Direta de Inconstitucionalidade por omissão


(art. 103, § 2º)
Ação Direta de Inconstitucionalidade
genérica

– A finalidade da Ação Direta de Inconstitucionalidade é


retirar do ordenamento jurídico lei ou ato normativo
incompatível com a ordem constitucional.

– A ação direta de inconstitucionalidade, em virtude de sua


finalidade e natureza e finalidade especial, não é suscetível
de desistência (STF – Pleno – ADIn nº 164 DF – medida
cautelar – Rel. Min. Moreira Alves, RTJ 139/396).
• O ajuizamento da ação direta de
inconstitucionalidade não se sujeita à observância de
qualquer prazo de natureza prescricional ou de
caráter decadencial, pois os atos institucionais jamais
se convalidam pelo decurso do tempo.
• STF – ADIn nº 1.247/-9-PA – medida liminar – Rel. Min. Celso de
Mello, Diário da Justiça, 8 set. 1995. P. 28354, citando a súmula
360
• Legitimados – CF/88

Art. 103. Podem propor a ação de inconstitucionalidade:

I- o Presidente da República;

II- a Mesa do Senado Federal;

III- a Mesa da Câmara dos Deputados;

IV- a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;

V- o Governador de Estado ou do Distrito Federal;

VI- Procurador-Geral da República;

VII- o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;

VIII- partido político com representação no Congresso Nacional;

IX- Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.


• Efeitos da decisão (art. 27, Lei 9868/99):

– Art. 22. A decisão sobre a constitucionalidade ou a


inconstitucionalidade da lei ou do ato normativo somente
será tomada se presentes na sessão pelo menos oito
Ministros.

– Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato


normativo, e tendo em vista razões de segurança jurídica
ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo
Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus
membros, restringir os efeitos daquela declaração ou
decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em
julgado ou de outro momento que venha a ser fixado.
• Art. 28
Parágrafo único. A declaração de
constitucionalidade ou de inconstitucionalidade,
inclusive a interpretação conforme a Constituição
e a declaração parcial de inconstitucionalidade
sem redução de texto, têm eficácia contra todos e
efeito vinculante em relação aos órgãos do Poder
Judiciário e à Administração Pública federal,
estadual e municipal.
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR
OMISSÃO - ADO
• “Omissão, em sentido jurídico-constitucional,
significa não fazer aquilo a que se estava
constitucionalmente obrigado. A omissão legislativa,
para ganhar significado autônomo e relevante, deve
conexionar-se com uma exigência constitucional de
acção, não bastando o simples dever geral de legislar
para dar fundamento a uma omissão
inconstitucional.”

• J. J. Canotilho
• Verbete STF:

– Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão – ADO

– ADO é a ação cabível para tornar efetiva norma constitucional em


razão de omissão de qualquer dos Poderes ou de órgão administrativo.
Como a Constituição Federal possui grande amplitude de temas,
algumas normas constitucionais necessitam de leis que a
regulamentem. A ausência de lei regulamentadora faz com que o
dispositivo presente na Constituição fique sem produzir efeitos. A ADO
tem o objetivo de provocar o Judiciário para que seja reconhecida a
demora na produção da norma regulamentadora. Caso a demora seja
de algum dos Poderes, este será cientificado de que a norma precisa
ser elaborada. Se for atribuída a um órgão administrativo, o Supremo
determinará a elaboração da norma em até 30 dias
• A Ação Direta de Inconstitucionalidade por
Omissão foi introduzida pelo legislador
constituinte originário em 1988.

• Se constitui em modalidade abstrata (atos em


tese) de controle da omissão e destina-se a
tornar efetiva a norma constitucional que
dependa de complementação infraconstitucional.

• A inconstitucionalidade por omissão reside na


conduta negativa por parte do poder competente
para regulamentar a norma tornando-a, dessa
forma, plenamente eficaz e aplicável.
• OBJETO:

– A ADO tem por objeto a falta de


aplicabilidade de uma norma constitucional
em decorrência da falta de atuação do poder
constituído, cuja competência lhe foi
diretamente outorgada pelo texto
constitucional.

– Não é qualquer omissão que pode ser
declarada inconstitucional. Apenas àquelas
relacionadas com as normas constitucionais
de eficácia limitada.
• A ADO é formada por três elementos:
– I- da inação ou ação insuficiente de um ente responsável;

– II- da existência de uma norma constitucional carente de


medidas para torná-la exeqüível, e;

– III- do decurso do tempo em concreto, a ser avaliado


conforme a exigência da norma constitucional.
– Arts 64, § 2º, 66, §1º, 71, inciso I, 86, § 2º, 136, §§ 5º e 6º, 165, § 3º
e 217, § 2º da CF.
– Artis 9º, parágrafo único, 12 e § 1º, 20, 27, § 6º, 29, § 1º do ADCT
• COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO:

– Pertence ao Supremo Tribunal Federal a competência para


processar e julgar, originariamente, as ADO´s, nas
hipóteses onde o legislador federal e estadual forem
omissos no seu dever constitucional de regulamentar.

– ADO´s nos Estados-membros: também podem fazê-lo no


âmbito de seus respectivos territórios, para efetuar o
controle da omissão legislativa em face da respectiva
constituição estadual, sendo competente para julgá-la,
nesse caso, o Tribunal de Justiça do respectivo Estado-
membro.
• LEGITIMADOS:

– Art. 103. (...)



– I. O Presidente da República;
– II. A Mesa do Senado federal;
– III. A Mesa da Câmara dos Deputados;
– IV. A Mesa das Assembléias Legislativas ou da
Câmara do Distrito Federal;
– V. O Governador de Estado ou do Distrito Federal;
– VI. O Procurador-Geral da República;
– VII. O Conselho Federal da Ordem dos Advogados
do Brasil;
– VIII. Partido político com representação no
Congresso Nacional;
– IX. Confederação sindical ou entidade de classe de
âmbito Nacional.
• EFEITOS:

– A declaração de inconstitucionalidade por omissão significa a


declaração de que o legislador encontra-se em mora quanto ao
cumprimento de seu dever constitucional de legislar,
compelindo-o a editar a norma requerida.

– É de reduzido alcance as consequências dessa declaração de


inconstitucionalidade por omissão expressas no art. 103, § 2º,
do texto constitucional, face estar reduzida apenas à
cientificação do poder competente para a adoção das
providências necessárias e, em se tratando de órgão
administrativo, para fazê-lo no prazo de 30 dias.

– O STF pode declarar a inconstitucionalidade da omissão, mas


não pode obrigar o poder competente a suprir a omissão
declarada sob pena de ferir o princípio da independência entre
os poderes constituídos da república.
• ADO E MANDADO DE INJUNÇÃO.

– SEMELHANÇAS:

• a) Ambos os institutos têm por finalidade tornar efetiva


norma constitucional que estaria sendo violada em face da
inércia dos poderes constituídos;

• b) A natureza de ambas as ações é de caráter mandamental,


vez que buscam obter uma ordem judicial dirigida a um
outro órgão do Estado;

• c) Os provimentos judiciais de ambas as ações reconhecem


idêntica situação, qual seja, omissão inconstitucional do
órgão, legislativo ou administrativo, em cumprir dever de
legislar, compelindo-o a editar a providência requerida.
• DIFERENÇAS:

– d) Ambas, têm por finalidade tornar efetiva norma
constitucional que estaria sendo violada em face da
inércia dos poderes constituídos;
– e) A ADO destina-se ao controle abstrato de
constitucionalidade podendo ser instaurada
independentemente de estar relacionada com um caso
concreto. Já o mandado de injunção destina-se à defesa
de um direito subjetivo em um caso concreto;
– f) A legitimação para propositura do mandado de
injunção é conferida ao titular do direito que não esta
podendo ser exercido pela falta da norma
regulamentadora. Já a legitimação da ADO está limitada
às pessoas descritas nos incisos I ao IX do art. 103 da
CF/88;
– g) O julgamento da ADO é competência privativa do STF.
Já o julgamento do mandado de injunção foi
constitucionalmente outorgado a outros tribunais. (arts.
102, II, a, e art. 105, I, h)

AÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA

• Tem como objeto a lei ou ato normativo estadual ou


distrital contrário aos princípios constitucionais,
estampados no artigo 34, VII da Constituição Federal.

– possui duas finalidades:


• a) jurídica (declarar a inconstitucionalidade
formal ou material da lei ou ato normativo
estadual ou distrital);
• b) política ( decretar a intervenção federal no
Estado-membro ou no Distrito Federal)
– Origem
• Também conhecida como representação interventiva, o controle de
constitucionalidade da intervenção federal adentrou no regime jurídico
nacional a partir da Constituição de 1934, em seu art. 12, §2º.

– Art 12 - A União não intervirá em negócios peculiares aos Estados,


salvo:
I - para manter a integridade nacional;
II - para repelir invasão estrangeira, ou de um Estado em outro;
III - para pôr termo à guerra civil;
IV - para garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes Públicos
estaduais;
V - para assegurar a observância dos princípios constitucionais
especificados nas letras a a h , do art. 7º, nº I, e a execução das leis
federais;
VI - para reorganizar as finanças do Estado que, sem motivo de força
maior, suspender, por mais de dois anos consecutivos, o serviço da
sua dívida fundada;
VII - para a execução de ordens e decisões dos Juízes e Tribunais
federais.

§ 2º - Ocorrendo o primeiro caso do nº V, a intervenção só se efetuará


depois que a Corte Suprema, mediante provocação do Procurador-
Geral da República, tomar conhecimento da lei que a tenha
decretado e lhe declarar a constitucionalidade.
• Procedimento:

– A violação dos princípios sensíveis da


Constituição da República (art. 34,VII) pode
causar a ação direta interventiva. O Procurador-
Geral da República deve ajuizá-la e o Supremo
Tribunal Federal processá-la e julgá-la (art.
36,VI).
• Procedência da ação:

– Ao julgar procedente a ação interventiva, o STF


declara que existiu violação de princípio
constitucional sensível e, transitada em julgado,
comunica a autoridade interessada e o Presidente
da República para as providências constitucionais.
– A intervenção federal deverá ser decretada pelo
Presidente da República, devendo se limitar a
suspender a execução do ato impugnado, se esta
medida for suficiente para se restabelecer a
normalidade.

– Em não sendo suficiente a medida, efetivar-se-á a


intervenção e romper-se-á autonomia do Estado-
membro.
Controle de convencionalidade

• “Tratado” é um termo genérico que abarca todo e


qualquer acordo de vontades entre sujeitos de
Direito Internacional, podendo eventualmente
receber as denominações de “Convenção”,
“Pacto”, “Protocolo”.
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da
República:
(…)
VIII – celebrar tratados, convenções e atos
internacionais, sujeitos a referendo do Congresso
Nacional;

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso


Nacional:
I – resolver definitivamente sobre tratados, acordos
ou atos internacionais que acarretem encargos ou
compromissos gravosos ao patrimônio nacional”
• o Tratado internacional deverá ser assinado no
âmbito internacional e posteriormente
homologado internamente mediante ato
complexo:

– Aprovação do Congresso Nacional, via Decreto


Legislativo, e;
– Ratificação, pelo Presidente da República,
mediante edição de Decreto Presidencial.
• Interpretação do Supremo Tribunal Federal, (Acórdão proferido no
julgamento da ADIn 1480):

• O exame da vigente Constituição Federal permite constatar que a


execução dos tratados internacionais e a sua incorporação à ordem
jurídica interna decorrem, no sistema adotado pelo Brasil, de um ato
subjetivamente complexo, resultante da conjugação de duas vontades
homogêneas: a do Congresso Nacional, que resolve, definitivamente,
mediante decreto legislativo, sobre tratados, acordos ou atos
internacionais (CF, art. 49, I) e a do Presidente da República, que, além de
poder celebrar esses atos de direito internacional (CF, art. 84, VIII),
também dispõe – enquanto Chefe de Estado que é – da competência para
promulgá-los mediante decreto. O iter procedimental de incorporação dos
tratados internacionais – superadas as fases prévias da celebração da
convenção internacional, de sua aprovação congressional e da ratificação
pelo Chefe de Estado – conclui-se com a expedição, pelo Presidente da
República, de decreto, de cuja edição derivam três efeitos básicos que lhe
são inerentes: (a) a promulgação do tratado internacional; (b) a publicação
oficial de seu texto; e (c) a executoriedade do ato internacional, que passa,
então, e somente então, a vincular e a obrigar no plano do direito positivo
interno.
• Flavia Piovesan, estabeleceram-se 4 posicionamentos
distintos, com os mais diversos fundamentos, para
entender a questão:

– a) tese da supraconstitucionalidade,

– b) tese da constitucionalidade,

– c) tese da supralegalidade e;

– d) tese da legalidade.
• Tratados

– - Não-internalizados

– - Internalizados

• a) de Direitos Humanos
– a.1) Fundamento no § 2º: supralegalidade

– a.2) Fundamento no § 3º: constitucionalidade

• b) de Outros assuntos: legalidade


• O controle de convencionalidade das normas poderá assumir
feições de controle de constitucionalidade ou de controle de
legalidade, a depender do parâmetro de controle que venha a ser
aplicado.

– Se é formalizada alegação de violação de um Tratado


internalizado com fundamento no § 2º do artigo 5º da
Constituição (que consiste em norma supralegal), o controle a
ser desempenhado pelo Judiciário se assemelha ao de
legalidade.

– No caso de vulneração aos Tratados internalizados com base no


§ 3º do artigo 5º, o caso é de semelhança com o controle de
constitucionalidade, haja vista que o parâmetro de controle
(tratado) possui status de norma constitucional.
• Controle de convencionalidade no caso de tratados de direitos humanos
com status supralegal

– Os tratados de direitos humanos com status supralegal se


caracterizam por veicularem normas que estão acima das leis
brasileiras em geral, mas sujeitas à Constituição. É o caso, por
exemplo, do Pacto de São José da Costa Rica, internalizada no Brasil
pelo Decreto 678/1992, veiculador em âmbito interno da
Convenção Americana sobre Direitos Humanos.

– Toda e qualquer norma interna brasileira que venha a contrariar as


disposições de qualquer tratado internacional de Direitos Humanos
com status supralegal deverá ser considerada formalmente ilegal.

• A ilegalidade pode ser reconhecida pelos magistrados no bojo de


processos judiciais concretos, independentemente de provocação
das partes, pois que a ele cabe, em suas decisões, aplicar o
Ordenamento Jurídico, independentemente de alegação
formulada por uma das partes do processo
• Controle de convencionalidade no caso de tratados de
direitos humanos com status constitucional

– Os tratados de direitos humanos com status constitucional


se caracterizam por veicularem normas que estão acima
das leis brasileiras em razão da Supremacia da
Constituição. Em outras palavras, as normas do tratado são
normas constitucionais, como no exemplo da Convenção
Internacional sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência, introduzida pelo Decreto 6.949/2009.

– Toda e qualquer norma interna brasileira que venha a


contrariar as disposições de qualquer tratado internacional
de Direitos Humanos com status constitucional será
considerada como violadora da Constituição e, logo,
inconstitucional.
• Pode ser combatida através dos dois sistemas existentes
destinados ao controle de constitucionalidade:

– a) sistema difuso, em que o magistrado poderá


reconhecer a inconstitucionalidade no contexto de um
caso concreto, independentemente de provocação e;

– b) sistema concentrado, no qual o Supremo Tribunal


Federal conhecerá diretamente da inconstitucionalidade
se for provocado nos termos dos artigos 102 e 103 da
Constituição Federal, com o ajuizamento de uma Ação
Direta de Inconstitucionalidade (ADIn), Ação Declaratória
de Constitucionalidade (ADC) ou Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF).

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