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PREPARATÓRIOS JURÍDICOS

DIREITO CONSTITUCIONAL

1. CONSTITUIÇÃO E DIREITO CONSTITUCIONAL. NOÇÕES GERAIS. CLASSIFICAÇÃO DAS


CONSTITUIÇÕES. HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL.

a) Conceito de Direito Constitucional

É o ramo do direito público interno que estuda a Constituição, ou seja, a lei de organização do Estado, em seus
aspectos fundamentais: a) forma de governo (Monarquia ou República); b) forma de Estado (Simples ou Unitário);
c) sistema de governo (Presidencialismo ou Parlamentarismo); d) órgãos de atuação do Estado (Poder Executivo,
Legislativo e Judiciário); e) principais postulados de ordem econômica e social; f) limites à atuação do Estado
(Direitos e Garantias fundamentais da pessoa humana).

b) Conceito de Constituição

A Constituição é a lei fundamental de organização do Estado ao estruturar e delimitar os seus poderes políticos,
dispondo sobre os principais aspectos de sua estrutura. A Constituição é feita conforme a estrutura econômico-
social e ideológica da sociedade e determina de maneira fundamental e permanente, o ordenamento estrutural do
Estado, fixando também a plena proteção dos direitos individuais.

c) Constitucionalismo

É o movimento nascido da vontade do homem de comandar seu destino político e de participar na vida do Estado.
Esta participação poderia ser com a garantia de que os governantes respeitariam um rol mínimo de direitos. O
marco indelével do constitucionalismo é a Revolução Francesa de 1789.

O constitucionalismo é uma luta do homem por liberdade em face do governo (na maior parte das vezes tirânico) e
por um conjunto mínimo de direitos a serem respeitados não só pelos governos, mas também pelos concidadãos.
Essas pretensões deveriam vir agasalhadas em Constituições feitas a partir da vontade popular, mesmo que se
submetendo a um rei ou imperador.

O constitucionalismo teve a finalidade de inserir nestes regramentos um mínimo de garantias contra o arbítrio,
entre as quais as mais importantes eram a divisão das funções estatais, e a proteção do cidadão em face do
Estado.

d) Classificação das Constituições

1) Quanto à forma:

a) Escritas: que se consubstanciam em um único texto solenemente estabelecido e emanado pelo Poder
Constituinte;

b) Não Escritas: constitui-se em vários documentos esparsos que disciplinam a estrutura do Estado e a
relação dos seus súditos. Suas fontes são: os usos e costumes, os precedentes jurisprudenciais e os textos
escritos esparsos. Na Constituição costumeira, os textos escritos não são as únicas fontes constitucionais,
mas sim apenas uma parte delas. Existem textos escritos nessas constituições, no entanto, a maioria das
fontes constitucionais é de usos e costumes. Temos como melhor exemplo de Constituição não-escrita a
Constituição do Reino Unido.

2) Quanto à mutabilidade do Texto:

a) Rígidas: exigem procedimento legislativo especial e complexo para alteração de seu texto. para ser
modificada necessita de um processo especial, mais complexo do que o exigido para alteração da legislação
infraconstitucional. A Constituição Federal do Brasil é um exemplo.

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b) Semi-rígidas: que só exigem procedimento especial para modificação de parte de seu texto. Exemplo: a
Constituição do Império de 1824, que previa, em seu artigo 178, a modificação das regras materialmente
constitucionais por procedimento especial e a modificação das regras formalmente constitucionais por
procedimento comum.

c) Flexíveis: permitem a modificação de seu conteúdo através de um procedimento semelhante ao da


aprovação de leis ordinárias.

3) Quanto à origem:

a) Promulgadas: que têm sua gênese na vontade popular que participa ativamente de sua relação, ou
elegendo aqueles que vão redigi-la. (Ex. Constituição de 1988);

b) Outorgadas: são impostas por um regime autocrático onde, obviamente a participação popular, se existir, é
relegada a segundo plano. (Ex. Constituição de 1937).

4) Quanto ao conteúdo:

a) Materiais: aquelas cujo texto determina m a forma do Estado, a forma do governo, os órgãos que dirigem e
a matéria de que são formados, as competências de que são investidos e os direitos dos cidadãos. Contém
um conjunto de regras materialmente constitucionais, que regulam a estrutura do Estado, a organização de
seus órgãos e os direitos fundamentais.

b) Formais: Diz-se da Constituição que, além das normas materiais, tem no seu bojo normas que não integram
o direito constitucional, tais como o Sistema Tributário Nacional, de Direito Penal, de Direito Civil etc.

5) Quanto ao tamanho ou extensão:

a) Sintéticas: são concisas e dispõem apenas sobre os aspectos fundamentais da organização do Estado,
bem como sobre seus limites. Ex: a Constituição dos Estados Unidos da América, que tem 7 artigos e 26
emendas.

b) Analíticas ou dirigentes: dispõem sobre diversos aspectos da organização do Estado, abrangendo


questões que poderiam ser objeto de leis ordinárias, em inúmeros artigos. Ex: a Constituição brasileira de
1988, conta com 344 artigos (250 permanentes e 94 transitórios) e 42 emendas.

6) Quanto à Ideologia:

a) Ortodoxas: influenciadas por uma só ideologia, como a antiga Constituição soviética.

b) Ecléticas: influenciadas por ideologias de tendências diversas, resultando de uma forma de compromisso
entre as forças políticas existentes em um determinado momento histórico. Ex: a brasileira de 1988.

7. Quanto ao Modo de Elaboração

a) Constituição dogmática: reflete a aceitação de certos dogmas, ideais vigentes no momento de sua
elaboração, reputados verdadeiros pela ciência política.

b) Constituição histórica: é a Constituição não-escrita, resultante de lenta formação histórica. Não reflete um
trabalho materializado em um único momento.

A Constituição Federal de 1988 possui a seguinte classificação:

• quanto ao conteúdo: formal;

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• quanto à forma: escrita;

• quanto à extensão: analítica;

• quanto ao modo de elaboração: dogmática;

• quanto à ideologia: eclética;

• quanto à origem: promulgada;

• quanto à estabilidade: rígida;

• quanto à função: dirigente.

d) Hermenêutica Constitucional

É o estudo dos processos aplicados para determinação do sentido e do alcance das normas constitucionais. A
hermenêutica do Direito Constitucional obedece a alguns princípios que norteiam a redação e a conseqüente
interpretação dos dispositivos constitucionais. São eles:

a) Princípio da Supremacia Constitucional: a Carta Magna está no ápice do ordenamento jurídico nacional e
nenhuma norma jurídica pode contrariá-la material ou formalmente sob pena de advir uma
inconstitucionalidade;
b) Princípio da Imperatividade da Norma Constitucional: a norma constitucional é imperativa, de ordem
pública e emanada da vontade do povo;
c) Princípio Da Taxatividade Da Norma Constitucional: a norma constitucional deve ser interpretada
taxativamente, evitando-se a extensão e a analogia, para que se limite o seu âmbito de incidência à vontade
expressa do legislador constitucional;
d) Princípio da Simetria Constitucional: é o princípio federativo que exige uma relação simétrica entre os
institutos jurídicos da Constituição Federal e as Constituições dos Estados-Membros. Confronte-se o Art. 125
o
§ 2 da Constituição Federal;
e) Princípio da Presunção da Constitucionalidade das Normas Infraconstitucionais: há uma presunção júris
tantum de que toda lei é constitucional até prova em contrário, ou seja, até que o Poder Judiciário, exercendo
o controle típico de constitucionalidade, a declare expressamente inconstitucional.

2. APLICABILIDADE DA NORMA CONSTITUCIONAL. EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS.

• Aplicabilidade da norma constitucional.

No momento que surge uma nova Constituição, o que acontece com o ordenamento jurídico anterior à
Constituição? Michel Temer relacionou três teorias conforme descritas a seguir:

a) Teoria da Recepção – Por um princípio de economia legislativa, a nova ordem constitucional recebe as leis
e atos normativos preexistentes a ela desde que materialmente compatíveis com ela. Com o advento da nova
Constituição, a ordem normativa anterior, comum, perde seu antigo fundamento de validade para, em face da
recepção, ganhar novo suporte. Essa teoria é amplamente adotada pelo Direito brasileiro;

b) Teoria da Repristinação – É a restauração da eficácia, da vigência e da validade de normas que já


estavam revogadas por Constituições anteriores. Seria “ressurreição” tácita de uma lei já revogada.Celso
Bastos ensina que, no Direito pátrio, essa teoria só é admitida se houver previsão expressa de lei nova. Sobre
esse tema também trata a Lei de Introdução ao Código Civil, no seu art. 2º, § 3º;

c) Teoria da Desconstitucionalização – Traduzir-se-ia na possibilidade de recepção, pela nova ordem


constitucional, como leis ordinárias, de dispositivos da Constituição anterior. Seria rebaixar uma norma
constitucional para lei ordinária. Tal teoria não encontra eco na jurisprudência de nosso país.

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• Poder Constituinte

1. Conceito: é o poder de elaborar uma nova Constituição, bem como de reformar a vigente. A palavra poder
deve ser entendida como faculdade de impor, de fazer prevalecer a sua vontade em relação a outras pessoas.
O poder constituinte, pois, estabelece uma nova ordem jurídica fundamental para o Estado.

2. Distinção: é importante distinguir o poder constituinte dos poderes constituídos. Ele é o poder que elabora a
Constituição, não devendo ser confundido com os poderes constituídos que são o Executivo, o Legislativo e o
Judiciário. Estes poderes nascem na Constituição, que é obra do poder constituinte, que poderia optar por
outros, como na Constituição do Império em que havia o poder Moderador. Hierarquicamente o poder
constituinte está acima dos poderes constituídos, não devendo ser confundidos com estes.

3. Espécies: o poder constituinte pode ser dividido em originário e derivado.

a) Poder Constituinte Originário: é o poder que elabora uma nova Constituição, estabelecendo uma nova
ordem jurídica fundamental para o Estado, em substituição à anteriormente existente. Trata-se de um poder de
fato, de caráter absoluto, pois não está condicionado a qualquer limitação de ordem jurídica. Em tese pode
dispor sobre qualquer assunto, da forma que melhor entender. Na realidade vai se manifestar de acordo com
as forças políticas dominantes em um determinado momento histórico. Os constituintes de 1988, v.g,
concederam ao povo brasileiro a possibilidade de optar diretamente sobre a forma e o sistema de governo:
República ou Monarquia, presidencialismo ou parlamentarismo. o poder constituinte originário possui
algumas características, tais como: a) é inicial, pois dá origem a uma nova ordem constitucional, não se
fundando em qualquer outro; b) é ilimitado, já que não está submetido a nenhuma ordem jurídica, podendo
dispor sobre qualquer assunto; c) é incondicionado, pois não tem fórmula preestabelecida para sua
manifestação.
o
b) Poder Constituinte Derivado (de 2 Grau, Relativo, Secundário ou Limitado): é o poder de revisão e de
reformulação do Texto Constitucional, bem como o do Estado- Membro de uma Federação de elaborar sua
própria Constituição. Abrange tanto o poder constituinte de reforma, como o poder constituinte decorrente. Este
é um poder de direito, pois é instituído pelo PCO. Deve manifestar-se de acordo com as limitações constantes
na Constituição. De igual modo, o PCD possui algumas características: a) é subordinado, pois encontra-se
abaixo do PCO e é limitado por este. A Constituição da República de 1988 estabelece que certos assuntos não
podem ser modificados. São as chamadas cláusulas pétreas; b) é condicionado, uma vez que só pode
manifestar-se nas condições estabelecidas pelo PCO. O Poder Constituinte Derivado divide-se em Poder
Constituinte Derivado Reformador e Poder Constituinte Decorrente.

 Poder Constituinte Derivado Reformador: é a possibilidade de alterar as normas constitucionais. A Carta


Magna de 1988 estabelece dois modos de alteração. O primeiro pelas emendas constitucionais que são
modificações de certos dispositivos constitucionais em que se exige para aprovação maioria qualificada de 3/5
em ambas as casas do Congresso Nacional; e a revisão constitucional procedida por uma previsão das
ADCT, e esta revisão já foi procedida cinco anos depois da promulgação da Carta Política, exigindo-se para
aprovação, maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional;

 Poder Constituinte Decorrente: é o Poder do Estado-Membro de uma federação de elaborar sua própria
Constituição. A atual CR atribui esse poder constituinte aos Estados, estabelecendo nas ADCT os limites e a
forma de manifestação. Os municípios não receberam o Poder Constituinte Decorrente.

4. Limites do Poder Constituinte: o poder constituinte derivado como já dito caracteriza-se pela limitação de
sua atividade. O poder constituinte originário que não tem limites à sua atuação, impõe ao PCD certos limites
circunstanciais e materiais, sendo assim melhor explicitado:

a) Limites circunstanciais: quer dizer que certas constituições não podem ser alteradas diante de situações de
instabilidade política, para que qualquer alteração só seja feita em plena normalidade democrática. O objetivo é
preservar a ampla discussão antes das deliberações, o que só é possível sem que existam restrições à
liberdade e às informações. A CR de 1988 não admite emendas quando houver intervenção federal, estado de
defesa ou estado de sítio. A Carta Política francesa não admite modificações em seu texto se houver ocupação
de seu território por forças estrangeiras.

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b) Limites materiais: aqui nos referimos às cláusulas pétreas, o cerne fixo ou núcleo duro da Constituição.
Tomando por exemplo as constituições brasileiras de 1891 a 1946, todas proibiram emendas que alterassem
tanto da República como da Federação. A atual não contemplou a República como cláusula pétrea,
estabelecendo um plebiscito para que o povo optasse por ela ou pela Monarquia. Atualmente (CR de 1988) as
cláusulas pétreas são:

 A forma federativa do Estado;


 O voto direto, secreto, universal e periódico;
 A separação dos Poderes;
 Os direitos e garantias individuais.

• Eficácia das Normas Constitucionais

1. Introdução: foi a monografia Aplicabilidade das Normas Constitucionais de José Afonso da Silva que
trouxe a maior contribuição para o entendimento deste tema. O propósito deste trabalho é compreender qual a
maior ou menor produção de efeitos imediatos das normas constitucionais. A classificação das normas
constitucionais quanto à eficácia é:

a) Normas Constitucionais de Eficácia Plena:

São as de aplicabilidade imediata, direta e integral não dependendo da edição de qualquer legislação posterior.
Produzem efeito imediatamente, dispensando a edição de normas regulamentadoras. Temos como exemplos o
mandado de injunção, o habeas data, o mandado de segurança coletivo que foram utilizados mesmo antes de
regulamentados pela lei ordinária;

b) Normas Constitucionais de Eficácia Contida:

São de aplicabilidade imediata, mas cujos efeitos podem ser limitados pela legislação infraconstitucional. Damos
o
como exemplo a liberdade de profissão do art. 5 XIII, que traz in fine “atendidas as qualificações profissionais que
a lei estabelecer”. Por este sistema para ser advogado é preciso preencher alguns requisitos, como ser formado
em Direito e inscrito na OAB, após ser aprovado no exame da ordem (Lei n° 8.906/94);

c) Normas Constitucionais de Eficácia Limitada:

Para que sejam aplicadas dependem do legislador infraconstitucional. Dividem-se em normas declaratórias de
princípios institutivos que estabelecem o esquema geral de estruturação e atribuições de órgãos, entidades ou
o
institutos públicos para que o legislador ordinário os regulamente. Exemplos: art. 18, § 3 ; e as normas
programáticas que fixam princípios, programas e metas a serem alcançados pelos órgãos do Estado. Exemplos:
direito à saúde (CR, 196), à educação (CR, 205), à cultura (CR, 215). Estas normas possuem eficácia jurídica
mínima, para não dizer que são nulas, pois de qualquer modo impedem a edição de normas em sentido contrário
à Constituição e revogam a legislação ordinária que seja contrária aos princípios por elas programados.

Resumo

Assim, de acordo com a melhor doutrina, as normas constitucionais podem ter:

Eficácia Plena Eficácia Limitada Eficácia Contida

Aplicabilidade imediata Aplicabilidade mediata Aplicabilidade imediata

Enquanto lei integradora não


Não exige lei que integre ou sobrevém, a norma Enquanto a lei não sobrevém,
modifique a eficácia a norma
não produz seus efeitos
terá eficácia plena.
principais.
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Por fim, as normas constitucionais podem ser de eficácia exaurida (esvaída) e aplicabilidade esgotada,
que abrange sobretudo as normas do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias que já efetivaram seus
mandamentos.

2. Vacatio Constitutionis: é o período de tempo entre a publicação de uma nova Constituição e a sua entrada
em vigor. Por exemplo: a Constituição brasileira de 1967 foi promulgada em 24 de janeiro de 1967 para entrar
em vigor no dia 15 de março do mesmo ano. Neste interregno a validade é da Constituição anterior.

3. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS. GARANTIAS E REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS. MANDADO


DE SEGURANÇA INDIVIDUAL E COLETIVO. MANDADO DE INJUNÇÃO. AÇÃO POPULAR, “HABEAS
COPRUS” E “HABEAS DATA”.

DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

• Conceito de Direitos e Garantias Fundamentais

A democracia, como é definida de modo mais freqüente, é o governo do povo e pelo povo. É ele quem escolhe
seus representantes que, agindo como mandatários, decidem os destinos da nação. Este poder, no entanto, não é
absoluto, conhecendo várias limitações. Dentre estas limitações estão os direitos e garantias fundamentais
(individuais e coletivos), tanto do cidadão uns diante dos outros, como diante do próprio Estado.

A atual Constituição da República de 1988 trouxe em seu texto, no Título II os direitos e garantias
fundamentais. Historicamente estes direitos tiveram origem nas declarações de direitos surgidas de movimentos
sociais contra o autoritarismo e arbítrio, em busca de ideais democráticos. A inspiração dos direitos fundamentais
está na idéia de direito natural, em doutrinas filosóficas, no pensamento cristão e no Iluminismo, bem como nos
ideais socialistas. Alguns autores a Magna Carta Inglesa de 1.215, que visava assegurar aos barões certo poder
político mediante a limitação de poderes do rei. Canotilho ensina que a positivação dos direitos fundamentais vem
a partir da Revolução Francesa e a Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1789, bem como da
independência dos Estados Unidos em relação à Inglaterra (Virginia Bill of Rights, em 1776). De um certo modo,
os direitos fundamentais num primeiro momento visam impor limites e controles aos atos praticados pelo Estado e
suas autoridades constituídas.

Os direitos fundamentais são considerados indispensáveis à pessoa humana, necessários para assegurar a todos
uma existência digna, livre e igual. O Estado deve reconhecê-los e viabilizá-los no dia a dia dos cidadãos.

A doutrina atual diferencia direitos de garantias. Vejamos:

a) Direitos – são normas declaratórias. São bens declarados pela norma jurídica, imprescritíveis, inalienáveis,
essenciais à vida em sociedade, ao respeito à dignidade. São os enunciados que imprimem existência legal
aos direitos reconhecidos.

b) Garantias - são normas assecuratórias. São deveres do Estado em face dos cidadãos e dos cidadãos em
relação uns aos outros. São normas negativas, isto é, proibições, vedações dirigidas ao Estado e aos
cidadãos. Estas normas limitam o poder estatal, instituindo as garantias. Quando se viola um direito, logo
vem uma garantia para assegurar a reparação desse direito.

c) Exemplos – ao direito à vida, tenho como garantia a vedação à pena de morte; ao direito à liberdade de
locomoção, corresponde a garantia do habeas corpus etc.

• Classificação Dos Direitos Fundamentais

Os direitos e garantias fundamentais do Título II da CR recebem a seguinte classificação:

1. Da Própria Constituição:

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a) Direitos e Deveres Individuais e Coletivos (estes estabelecidos no Art. 5°, Capítulo I da CR e que serão motivo
de nosso estudo);
b) Direitos Sociais (Art. 6°, Capítulo II);
c) Direitos à Nacionalidade (Art. 12, Capítulo III);
d) Direitos Políticos (Art. 14, Capítulo IV);
e) Partidos Políticos (Art. 17, Capítulo V).

2. Da doutrina:

a) De primeira geração – são limites impostos à atuação do Estado, resguardando direitos indispensáveis à
cada pessoa humana. Significa uma prestação negativa, um não fazer do Estado em prol do cidadão. O
nacional que antes era súdito, agora é considerado cidadão. São os princípios de Liberdade. Ex.: liberdade
de locomoção, inviolabilidade de domicílio e de correspondência etc.;
b) De segunda geração – corresponde aos direitos sociais, de conteúdo social e econômico que visam melhorar
as condições de vida e de trabalho do cidadão. Significa uma prestação positiva, um fazer do Estado em
prol dos menos favorecidos pela ordem social e econômica. são os princípios de Igualdade. Ex.: salário
mínimo, aposentadoria, 13° salário, férias remuneradas etc.;
c) De terceira geração – este resulta da sociedade de massas, em razão do processo de industrialização e
urbanização, que trazem consigo os conflitos sociais. São direitos que têm como destinatário o próprio gênero
humano. São os princípios de Fraternidade e solidariedade. EX.: direito ao desenvolvimento, à paz, ao meio
ambiente etc.
d) De quarta geração – enfatizados por Paulo Bonavides que seriam os atinentes ao processo de globalização
econômica, com o conseqüente afrouxamento da soberania do Estado Nacional. Neste sentido, haveria uma
tendência a uma globalização dos direitos fundamentais. Ex.: direito de intervenção, pluralismo, à democracia
etc.

• Direitos e Deveres Individuais e Coletivos

Antes de examinarmos quais são os direitos e deveres individuais e coletivos, vamos verificar qual é a diferença
entre direito individual, direito coletivo e direito difuso.

a) Direito individual – é aquele que afeta o indivíduo em particular;


b) Direito Coletivo – é aquele que ampara um grupo determinado de pessoas que estão ligadas por algum
vínculo jurídico;
c) Direito Difuso – é aquele que diz respeito a grupo indeterminado ou indeterminável de pessoas que
busquem a satisfação de um direito que a todas pertencem. São direitos transindividuais, de natureza
indivisível, de que são titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstância de fato. (ex.: usuários de
uma praia, consumidores etc.)

Os direitos individuais e coletivos básicos estabelecidos especificamente no Art. 5° da Constituição da República


são o direito à Vida, Propriedade, Liberdade, Igualdade e Segurança.

Estes são os direitos individuais básicos, todos os demais setenta e sete incisos que compõem o Art. 5.° da CR
(direitos e deveres individuais e coletivos) são variações destes cinco direitos. Outro dado relevante nesta questão
é que os direitos diferem dos deveres. Os direitos são bens conferidos tanto às pessoas físicas quanto jurídicas.
Os deveres são normas de inegável caráter limitativo que buscam circunstanciar o exercício dos direitos. Nenhum
direito é absoluto, todo direito tem um dever igual e contrário em intensidade e força. Nem o direito à vida é
absoluto, pois a Constituição admite a pena de morte, nos casos de guerra declarada (5.°, LX).

Diríamos, em suma, que o Art. 5.° é uma proteção do cidadão em face do Estado, e não o contrário. Eventuais
proteções do Estado em face do cidadão estão contidos em outros dispositivos da Carta Magna.

Quando os direitos são violados ou estão na iminência de ser, a Constituição traz em seu texto os instrumentos
hábeis para que o cidadão faça valer estes direitos. São os chamados Remédios Constitucionais, conforme
veremos a seguir.

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• Remédios Constitucionais Do Art. 5.°°:

São os instrumentos definidos na Constituição para o exercício dos direitos. São os meios pelos quais o cidadão
defende seus direitos. O termo remédio tem o sentido de recurso, solução, socorro a um direito violado.

REMÉDIO INCISO OBJETIVO SINOPSE


a) Defender direito ou Assegurado a todos, independentemente do
reclamar de ilegalidade ou pagamento de taxas.
Direito de Petição XXXIV abuso;
b) Obter certidões para
defesa de direito ou
pessoais.
Protege a liberdade de Pode ser impetrado em face de autoridade
LXVIII e locomoção, que pode ter (abuso de poder) ou de particular
Habeas Corpus LXXVII sido já retirada ou que (ilegalidade). É gratuito.
esteja sendo ameaçada.
a) Para conhecer A pessoa pode preferir fazer a retificação
LXXII e informações pessoais em por outro meio sigiloso, seja judicial ou
LXXVII registros públicos ou de administrativo. É gratuito.
Habeas Data caráter público;
b) Para retificar dados.
Proteger direito líquido e É impetrado em face de autoridade pública
Mandado de LXIX certo não amparado por HC ou de agente de pessoa jurídica no exercício
Segurança ou HD. de atribuições do poder público.
Idem, sendo que a defesa é O partido político precisa ter representação
feita por partido político ou por no Congresso. A organização sindical,
Mandado de LXX ente coletivo agindo em defesa entidade de classe ou associação deve
Segurança Coletivo dos interesses de seus existir há pelo menos um ano e estar
membros ou associados. legalmente constituída.

Suprir a falta de norma São consideradas prerrogativas básicas as


Mandado de LXXI regulamentadora que torne inerentes à nacionalidade, à soberania e à
Injunção inviável o exercício de direitos e cidadania
liberdades constitucionais das
prerrogativas básicas
Anular ato lesivo ao patrimônio Pode ser proposta por qualquer cidadão.
Ação Popular LXXIII público, histórico e cultural, ao Salvo comprovada má-fé, o autor está isento
meio ambiente ou à moralidade de custas judiciais e dos ônus da
administrativa sucumbência.

4. REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS

A doutrina mais autorizada divide os remédios constitucionais em:

a) Administrativos – direito de petição e direito de certidão;


b) Judiciais – habeas data, habeas corpus, mandado de segurança mandado de injunção e ação popular.

Deste modo, vejamos os remédios judiciais:

1) Habeas corpus

É usado contra ilegalidade ou abuso de poder no que diz respeito ao direito de locomoção (ir, vir e permanecer). O
habeas corpus é ação de natureza penal, é de procedimento especial e isenta de custas, que r dizer, é gratuito.
Pode ser:

a) Repressivo – ou liberatório, quando a pessoa já teve desrespeitado o seu direito de locomoção;


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b) Preventivo – ou salvo-conduto, quando existe apenas uma ameaça de que seu direito de locomoção
venha a ser desrespeitado.

Pode ser concedida liminar em HC, desde que haja probabilidade de ocorrência de dano irreparável e
indicação razoável da ilegalidade de constrangimento.

A legitimação ativa é universal, ou seja, qualquer do povo, nacional ou estrangeiro, independente da


capacidade civil, política ou profissional. A jurisprudência admite a possibilidade de impetração de pessoa
jurídica em favor de pessoa física a ela ligada. Não há necessidade de advogada, nem mesmo para a
interposição de recurso contra decisão proferia em HC.

Pode impetrado contra ato de autoridade pública (um delegado de polícia, um juiz, um tribunal) ou de
particular (agente de hospital que esteja impedindo a saída de um paciente).

• Ofensa indireta ao direito de locomoção – a jurisprudência do STF admite a impetração de HC contra


ofensa indireta ao direito de locomoção. Neste caso, seria aquele em que o ato que se esteja impugnando
possa resultar em reclusão ou detenção do impetrante. Exemplo: quebra de sigilo bancário que pode
resultar em prisão, pode ser atacável por HC em vez de mandado de segurança (que seria o instrumento,
em regra, apropriado), pois a quebra pode resultar em ofensa indireta ao direito de locomoção.

2) Habeas data

É um tipo de ação colocada a favor da pessoa para que ele tenha acesso, retifique ou justifique registro de sua
pessoa, constante de banco de dados de caráter público. É de natureza civil e rito sumário, estando regulado pela
lei n.º 9.507/97. Este direito, no entanto, não é absoluto, pois não podem ser revelados os dados protegidos por
sigilo em prol da segurança e da sociedade,

A legitimação ativa é de qualquer pessoa física brasileira ou estrangeira ou mesmo pessoa jurídica. Nada
obstante, só pode ser impetrada pelo titular do direito, daí ser personalíssima. No pólo passivo podem estar tanto
os entes governamentais, da Administração Pública Direta ou Indireta e até instituições privadas que detém banco
de dados de caráter público. Exemplo disso é o SPC, que é de natureza privada, mas seus dados são de caráter
público.

O HD somente pode ser impetrado depois da negativa da autoridade requerida. Não há necessidade de motivação
para a solicitação dos dados, nem que demonstre que está requerendo para a defesa de eventual direito.

Não há prescrição nem decadência para o HD. O procedimento é gratuito e não há ônus de sucumbência, mas
exige-se advogado.

3) Mandado de Segurança

É uma ação judicial de rito sumário, quando o direito líquido e certo for violado por ato de autoridade
governamental, ou de agente de pessoa jurídica privada que esteja no exercício de atribuição do Poder Público. É
instrumento de natureza civil, ainda que em curso contra juiz criminal no processo penal.

Não cabe condenação em honorários de advogado (ônus de sucumbência) no MS (ver súmula 512, STF).

Tem legitimidade ativa:

a) Pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, domiciliadas ou não no Brasil;


b) As universalidades reconhecidas por lei, embora sem capacidade processual para a defesa de seus
direitos (espólio, massa falida, condomínio de apartamentos, sociedade de fato etc,);
c) Órgãos públicos de grau superior na defesa de suas prerrogativas e atribuições;
d) O Ministério Público;
e) Os agentes políticos (governador, prefeito, magistrado, membros dos tribunais de contas, secretários de
estado, ministros de estado etc.).

Tem legitimidade passiva:

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a) Autoridades públicas da União, dos Estados e dos Municípios, bem como suas empresas públicas,
sociedades de economia mista, fundações públicas e autarquias;
b) Agente de pessoa jurídica privada, desde que no exercício de atribuições do Poder Público.

Prazo para impetração – cento e vinte dias, a contar da data em que o interessado tiver conhecimento oficial do
ato a ser impugnado. É prazo decadencial, não passível de suspensão ou interrupção. A sentença que conceder
mandado de segurança fica sujeita ao reexame necessário (duplo grau de jurisdição). Se o ente público vencido
no MS não apelar, haverá remessa dos autos, de ofício, para o tribunal.

 Mandado de segurança individual – proteger direito liquido e certo de um impetrantes ou vários, no caso
de litisconsorte ativo.

 Mandado de segurança coletivo – impetrado por partido político com representação no congresso ou
organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há
pelo menos um ano, em defesa de seus membros ou associados. Esta exigência de um ano de
constituição e funcionamento somente se aplica às associações, não se exigindo para as entidades
sindicais, nem de classe. Outro aspecto relevante é que a legitimidade dos entes aptos a entrar com o
MSC é de substituto processual não se exigindo a autorização expressa de seus membros como na
hipótese do inciso XXI do art. 5º da CF, cujo caso é de representação. Neste caso, se a associação entrar
em juízo para defender seu associado sem que use o MSC, deverá ter autorização expressa, pois se trata
de representação. Caso seja pela via do MSC não necessita de autorização, pois age como substituto
processual.

A liminar em sede de MS é uma ordem judicial proferida prontamente, mediante um juízo sumário, porém precário,
que considera que o dano seria de difícil reparação se houvesse demora na prestação jurisdicional. São
pressupostos do pedido de liminar: fumus boni juris e o periculum in mora. Uma vez concedida a liminar, não
impede que a decisão de mérito seja pela improcedência do pedido. A liminar também pode ser cassada ou
revogada.

Vedação da concessão de liminar:

a) Em ações ou procedimentos judiciais que visem obter liberação de mercadorias, bens ou coisas de
procedência estrangeira;
b) Em MS que visem a reclassificação ou equiparação de servidores públicos, ou concessão de aumento ou
extensão de vantagem;
c) Para pagamento de vencimentos ou vantagens pecuniárias a servidores da União, dos Estados ou dos
Municípios e de suas autarquias.

4) Mandado de Injunção

Este remédio constitucional é novidade no texto da Carta Magna, e visa garantir a aplicabilidade de seus
dispositivos. É norma que se coloca à disposição de qualquer pessoa que se sinta prejudicada por falta de norma
regulamentadora, pois esta falta resulta em inviabilização do exercício de direitos, liberdades e garantias
constitucionais. Seu intento seria dar eficácia ao texto constitucional evitando que se torne letra morta porque o
legislador foi omisso. Seria uma violação negativa do texto constitucional.

A jurisprudência do STF reconhece o Mandado de Injunção Coletivo, nos mesmos termos previstos para o MSC.
Este remédio não é gratuito e carece da assistência de advogado.

O cabimento do MI se refere a um direito ou liberdade constitucional ou de prerrogativa inerente à nacionalidade,


soberania ou cidadania, cujo exercício esteja inviabilizado pela falta da norma infraconstitucional
regulamentadora. São estes prejudicados que tem legitimidade ativa para o seu exercício. No pólo passivo deve
figurar órgão ou autoridade pública que tem obrigação de legislar, mas esteja omisso quanto a elaboração da
norma regulamentadora. Só podem ser sujeitos passivos no MI entes públicos, e a jurisprudência do STF não
admite a formação de litisconsórcio passivo necessário ou facultativo entre autoridades públicas e pessoas
privadas.

A eficácia da decisão pode apresentar, segundo a melhor doutrina o seguinte posicionamento:

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a) Concretista – o judiciário torna exercitável o direito não regulamentado. Pode ser geral que se aplica a
todos os destinatários daquela classe, mesmo os que não são impetrantes; individual, que aplica
somente ao impetrante.
b) Não concretista – o judiciário apenas declara a mora do órgão omissa, não criando norma para a
apreciação do caso concreto, nem obrigando o ente público a produzir a norma.

5) Ação Popular

O intuito deste remédio é valorizar a participação popular no controle da gestão da coisa pública, máxime, quanto
aos princípios da Legalidade e da Moralidade. Não se destina a defender interesse individual, mas sim coletivo.
Ele visa anular ato lesivo ao patrimônio público, moralidade administrativa, meio ambiente e patrimônio histórico e
cultural. Em suma, visa dar ênfase ao principio republicano que determina ao administrador público prestar
contas de seus atos na gestão da coisa pública.

Pode ser proposta preventiva ou repressivamente, mas somente o cidadão poderá fazê-lo. Neste caso, o autor da
ação deve estar no gozo de seus direitos cívicos e políticos. De onde se extrai:

Poderá ajuizar a AP,

1) Deve ser eleitor (logo, a partir dos 16 anos);


2) Somente pessoa natural, munida de seu título de eleitor e com capacidade eleitoral ativa;
3) Pode ser brasileiro nato ou naturalizado, ou português equiparado, desde que no gozo de seus direitos
políticos.

Não poderá ajuizar a AP,

1) Pessoa jurídica;
2) Ministério público;
3) Inalistados – aqueles que podem se alistar, mas não o fizeram);
4) Inalistáveis – aqueles que não podem alistar-se (menores de 16 anos e conscritos durante o tempo de
serviço militar obrigatório);
5) Estrangeiro, ressalvado o caso do português equiparado a brasileiro naturalizado (art. 12, § 1º CF).

O sujeito passivo de uma AP pode ser:

1) As pessoas jurídicas, públicas ou privadas em nome das quais se praticou o ato ou contrato atacado;
2) Todos os beneficiários do ato ou contrato atacado;
3) Todas as autoridades, funcionários e administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou
praticado pessoalmente o ato, ou firmado o contrato a ser anulado ou, sendo omissos, permitiram a lesão
ao bem que se quer proteger.

O MP atuará na ação popular como parte pública autônoma, zelando pela regularidade do processo e opinando
pela procedência ou não da ação.

A CF isenta o autor de custas processuais e do ônus da sucumbência que são os honorários advocatícios em
caso de improcedência da ação, exceto se comprovada má-fé. É gratuita para o autor da ação, mas os réus, se
condenados ressarcirão as despesas feitas pelo autor. É ação sujeita ao duplo grau de jurisdição (reexame
necessário).

• Destinatários dos Direitos Fundamentais

O Art. 5.° da Constituição de República (CR) define como destinatários dos direitos fundamentais os brasileiros e
estrangeiros residentes no país, no entanto a doutrina é pacífica no sentido de estender estes direitos aos
estrangeiros não residentes no país, mas que nele se encontrem, ou seja, aqueles estrangeiros que estejam em
trânsito pelo território nacional. Igualmente são destinatários dos direitos fundamentais não só as pessoas
físicas/naturais, como também as pessoas jurídicas/morais.

Resumindo, os destinatários dos direitos e garantias fundamentais são:


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a) Brasileiros (natos e naturalizados);


b) Estrangeiros residentes no Brasil ou em trânsito por ele;
c) Pessoas físicas/naturais e pessoas jurídicas/morais.

• Relativização e Restrições aos Direitos Fundamentais

Os direitos e garantias fundamentais não podem ser utilizados como verdadeiro escudo protetivo da prática de
atividades ilícitas, nem como argumento para seu destinatário querer se eximir de suas responsabilidades por atos
danosos que venha a cometer.
Os direitos e garantias fundamentais, portanto, não são ilimitados, pois encontram seus limites nos demais direitos
consagrados na Carta Magna. Chama-se a isto Princípio da Relatividade ou Conveniência das Liberdades
Públicas. Deste modo, quando houver conflito entre dois ou mais direitos e garantias fundamentais, o intérprete
deve utilizar-se do Princípio da Concordância Prática ou da Harmonização, de forma a coordenar e combinar
os bens jurídicos em oposição, a fim de buscar o verdadeiro significado da norma, bem como a harmonia do texto
da Constituição em sua finalidade maior. Não sendo possível harmonizar, utiliza-se o Critério de Peso,
prevalecendo no caso concreto o de maior valor. Ex.: liberdade de informação jornalística x intimidade da vida
privada (Art. 220, § 1° CR).

• Direito À Vida

A Carta Magna garante que todos são iguais perante a lei, sem que possa haver distinção de qualquer natureza,
sendo invioláveis aos brasileiros, estrangeiros residentes no país (e também os de passagem no território
nacional) o direito à VIDA, à Propriedade, à Liberdade, à Igualdade e à Segurança. Assim, o direito à vida
apresenta-se como o mais fundamental de todos os direitos, já que se constitui em pré-requisito à existência e
exercício de todos os demais direitos.

Magalhães Noronha define vida como sendo o estado em que se encontra o ser animado, normais ou anormais,
que sejam suas condições fisiopsíquicas. Já a morte é a cessação da vida, pelo fim das funções vitais do
organismo: respiração, circulação e atividade cerebral. A Constituição não define qual é o momento inicial da vida,
mas o Código Civil em seu Art. 4° assegura desde a concepção os direitos do nascituro (que é o ser já concebido
no ventre da mãe). Assim, o direito à vida está protegido desde o momento da concepção. Por isto, para alguns
estudiosos de Direito Penal, o DIU (dispositivo intra-uterino) e a pílula do dia seguinte seriam métodos que
interrompem a nidação (fixação do óvulo no útero materno), atentando contra o direito à vida.

Há vários sentidos nesta acepção do direito à vida:

 Direito de nascer
 Direito de continuar vivo
 De defender a própria vida
 Direito de não ter a vida interrompida (quer pela eutanásia ou pela ortotanásia )
 Direito de ter uma vida digna quanto à subsistência.

A Constituição protege a vida de um modo geral, inclusive a uterina. Tanto é assim que o aborto é considerado
crime, salvo as hipóteses em que a lei admite que seja praticado.

Do Direito à Vida decorre uma série de direitos como o direito à integridade física e moral, a proibição da pena de
morte e da venda de órgãos, punição para o homicídio, para a eutanásia, para o aborto e para a tortura.

A Constituição proíbe expressamente a pena de morte, salvo em caso de guerra declarada (Art. 5°, XLVII). Há
razões para isto: não diminui a criminalidade; pode haver erro judiciário e este ser irreparável; o criminoso
sabendo que será condenado à morte pode tornar-se ainda mais cruel; corre-se o risco de se aplicar para
qualquer tipo de crime, sem haver um controle mais efetivo. Em tempo de guerra há casos em que se aplica a
pena de morte, como está previsto no Código Penal Militar.

A vida é um bem jurídico considerado indisponível e dele decorre a proteção à integridade física de todos,
inclusive dos presos. Assim protege-se a vida no seu aspecto material (o corpo) e também em seu aspecto moral
(a mente e a honra). Pelo fato da vida e também a integridade física serem indisponíveis, a Constituição proíbe a
comercialização de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa ou tratamento (CR,

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art. 199, § 4°) a doação, no entanto, é válida (seja em vida ou post mortem) para fins de transplante e tratamento
(lei n° 9.434/97 e 10.211/2001).

A integridade física do indivíduo também compõe o direito à vida. Por isto a tortura é proibida pela Constituição. A
tortura é a imposição de sofrimento físico ou mental, mediante violência ou grave ameaça, para obter informações
ou confissão, por causa de raça ou religião, bem como visando aplicar castigo pessoal.

Finalmente a Eutanásia e a Ortortanásia são práticas criminosas e atentam contra o direito à vida. A Eutanásia (eu
= bom e thanatos = morte, do grego), significa boa morte ou homicídio piedoso, em que se mata alguém para
abreviar um sofrimento prolongado e doloroso. A Ortotanásia (orthos = justo e thanatos = morte, do grego),
significa morte justa ou passiva, em que o médico deixa de prolongar artificialmente a vida de um doente terminal,
desligando os aparelhos que mantêm a circulação e a respiração.

• Direito À Liberdade:

a) Liberdade é a faculdade que uma pessoa possui de fazer ou não fazer alguma coisa. Envolve um direito de
escolha entre duas ou mais alternativas, de acordo com sua própria vontade. Este direito, contudo, não é
absoluto, a pessoa não pode fazer o que bem entender. Para o exercício desse direito é necessário que todos
e cada um respeitem as liberdades individuais dos outros.

b) Modalidades de Liberdade constantes na Constituição:

1) Liberdade de Pensamento: o pensamento pertence ao próprio indivíduo e é questão de foro íntimo. O


pensamento, em si, é absolutamente livre, mas sua manifestação não pode ser feita de forma
descontrolada, pois se houver abuso o transgressor poderá ser punido;
2) Liberdade de Consciência: também é de foro íntimo, interessando apenas ao indivíduo. Por sua
natureza é indevassável e absoluto, não estando sujeito ao controle do Estado. Abrange a liberdade de
crença (natureza religiosa) e a liberdade de consciência em sentido estrito (convicções ideológicas e
filosóficas);
3) Liberdade de Culto: enquanto a liberdade de crença é de foro íntimo, em questões de ordem religiosa,
abrangendo assim o direito de crer em um Deus ou vários deuses, e até de não acreditar (ateísmo), a
liberdade de culto é a Liberdade de exteriorização da liberdade de crença;
4) Liberdade de manifestação de Pensamento: a CR teve a preocupação de assegurar ampla liberdade de
manifestação de pensamento, e o fez em diversos dispositivos constitucionais. Deve esta liberdade ser
exercida também de modo responsável, pois em caso de abuso, a pessoa ofendida tem o chamado
direito de resposta, além de indenização moral e material à pessoa ofendida;
5) Liberdade de Opinião: é decorrente da liberdade de manifestação de pensamento. Trata-se do direito de
emitir juízo de valor sobre os fatos da vida social;
6) Liberdade Artística e os Veículos de Comunicação Social: é a liberdade de produção da arte em suas
diversas formas. Apenas as manifestações artísticas feitas pelos veículos de comunicação (imprensa,
rádio e televisão) ou de forma pública (cinemas, teatros) estão sujeitas a certos controles por parte do
Estado, como estabelecimento de faixas etárias, horários e locais para exibição de alguns programas ou
espetáculos;
7) Liberdade de Locomoção : consiste no direito de ir e vir. Em tempo de paz a locomoção é irrestrita no
território nacional. A garantia para essa liberdade é a ação de habeas corpus. Apenas em tempo de guerra
pode haver alguma restrição à liberdade de locomoção;
8) Liberdade de Reunião: é o agrupamento de pessoas, organizado, em caráter transitório, com uma
determinada finalidade. Em locais abertos ao público deve-se observar alguns requisitos;
9) Liberdade de Associação: é o agrupamento de pessoas, organizado e permanente, para fins lícitos.
Distingue-se do direito de reunião por ter o caráter de permanência. É o direito de associar-se a outras
pessoas para formar uma entidade nova, para aderir a uma associação já formada, desligar-se da
associação de que já faz parte ou de autodissolução da associação. Veremos este direito novamente mais
à frente.

• Princípio da Igualdade (Art. 5.°°,I)

O Princípio Da Igualdade ou Princípio Da Isonomia é de grande relevância não só para o Direito Constitucional,
mas também para os demais ramos do direito, norteando todas as relações jurídicas. Nossa Constituição adotou
este Princípio prevendo a igualdade de aptidões, uma igualdade de possibilidades virtuais, quer dizer, todos têm o
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direito de tratamento idêntico perante a lei. De acordo com Montesquieu a verdadeira igualdade consiste em
tratar de forma desigual os desiguais. Deste modo, confere-se aos menos favorecidos economicamente um
patrimônio jurídico mais amplo.
O que se pretende com o Princípio Da Igualdade é proibir as diferenciações arbitrárias e discriminações absurdas,
pois só assim se atenderá ao conceito maior de justiça. O fundamento do direito de igualdade encontra-se no
princípio de que todos devem ser tratados de forma igual perante a lei.

Deste modo a doutrina distingue dois modos de Igualdade, que são:

a) Igualdade Formal – é aquela que defende a igualdade de todos perante a lei. No entanto, as diferenças
sociais e econômicas não impedem que hajam as desigualdades de fato;

b) Igualdade Material – é a busca da igualdade de fato na vida econômica e social. Este tipo de igualdade é
praticamente utópico, pois defende um tratamento uniforme de todos os homens perante a vida. Nenhuma
nação conseguiu estabelecer efetivamente esta igualdade aos seus cidadãos.

• Exceções legais ao Princípio da Igualdade (ou hipóteses válidas do tratamento diferenciado):

No que se refere à igualdade entre os sexos, as exceções admitidas em Direito estão na própria Constituição.
Alguns exemplos:

1) Aposentadoria dos servidores públicos que é diferente para homens e mulheres;


2) Aposentadoria dos servidores da previdência social que também é diferente para homens e mulheres;
3) Exclusão de mulheres e eclesiásticos do serviço militar obrigatório em tempop de paz ( Art. 143, § 2°);
4) Exclusividade de determinados cargos a brasileiros natos;

• Princípio da Legalidade (Art. 5.°°,II)

a) Princípio da Legalidade é o alicerce do Estado de Direito. Este princípio visa combater o poder arbitrário do
Estado em face do cidadão. De um certo modo é uma variação do direito à liberdade. Desta forma, somente as
leis podem limitar a nossa liberdade. Há outros que acham ser uma variação do direito à segurança, pois o
Estado só pode exigir uma conduta baseado em lei anteriormente definida. Uma terceira corrente, entende que
o Princípio da Legalidade se aproxima mais de uma garantia do que de um direito, pois visa proteger o
cidadão das arbitrariedades que o Estado contra ele possa cometer.

Assim, ocorre Abuso De Poder quando o Estado (a Administração Pública) não respeita o Princípio Da
Legalidade e age com interesse próprio, com comportamento reprovável, atingindo o cidadão. O Abuso de Poder
pode assumir duas formas:

 Excesso de Poder – o agente público é competente para praticar o ato, mas vai além do que a lei autoriza,
exagerando e exorbitando no exercício regular de suas funções. Ex.: uma prisão ilegal ou o cometimento de
violência contra um elemento já preso e dominado;
 Desvio de Finalidade – ou desvio de poder, é quando o agente dando a impressão que está cumprindo a lei,
mascara a sua atuação, para obter vantagem ou proveito para si ou para outrem. Ex.: simular uma dispensa de
licitação para usar a verba amealhada em uma confraternização na repartição.

Estes casos de abuso de poder estão tratados na Lei n° 4.898/65 e podem levar o agente que cometeu a
transgressão a uma tríplice responsabilidade: civil, criminal e administrativa (há também a responsabilidade
política, que seria uma quarta). Uma das conseqüências imediatas desta regra do PRINCÍPIO DA LEGALIDADE é
de que o administrador público só pode fazer o que a lei autoriza, enquanto o particular pode fazer tudo o
que a lei não proíbe.

• Princípio da Anterioridade da Lei Penal (Art. 5°°, XXXIX).

O Princípio da Anterioridade da lei Penal informa que tanto a previsão do crime, como a pena a ser aplicada
devem ser anteriores ao fato típico. Em outras palavras, para que alguma conduta possa ser considerada crime
ela tem que estar proibida antes, com a definição clara de qual é o comportamento proibido, bem como qual será
a punição aplicada em caso de alguém violar a lei e realizar tal comportamento.

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A CR se preocupou em colocar no seu texto temas referentes ao Direito Penal e ao Direito Processual Penal,
porque é o Direito Penal que cuida de proteger os bens jurídicos mais preciosos como a vida, a honra, a liberdade,
a integridade física, o patrimônio etc., e o Direito Processual Penal cuida de apurar os crimes e punir os
criminosos, dando a estes o direito de se defender das acusações.

• Liberdade da Manifestação Do Pensamento (Art. 5°°, IV)

É uma variação evidente do direito à liberdade e preconiza a possibilidade que qualquer indivíduo tem de
expressar seu pensamento, de qualquer forma e por qualquer meio, desde que se identifique. Esta proibição do
anonimato surge para assegurar eventual indenização pelo abuso do direito de manifestação de
pensamento. É livre ao indivíduo expressar seu pensamento, desde que o faça de modo responsável, pois se
houver abuso, poderá ser concedido ao prejudicado o direito de resposta, além de indenização moral e material.
Se este direito é uma conquista do cidadão, proíbe-se o anonimato para que ninguém fuja da responsabilidade em
caso de abusar do direito. No caso de imprensa, responderá o autor da notícia. Em caso de matéria sem indicação
do autor, responderão os responsáveis pelo periódico ou jornal (Lei n° 5.250/67). No caso do direito de resposta,
este será proporcional ao agravo, além de indenização material, moral ou à imagem. O direito de resposta é
exercício de defesa por pessoa que foi ofendida pela imprensa por publicação de notícia inverídica ou errônea.

• Inviolabilidade da Intimidade, Vida Privada, Honra e Imagem (Art. 5°°, X).

Em razão dos avanços tecnológicos, com a possibilidade crescente de intromissão na vida íntima das
pessoas, é indispensável assegurar-se o respeito à privacidade de cada cidadão. Neste artigo o constituinte
procurou proteger a privacidade dos destinatários da CR. até mesmo a chamada liberdade de imprensa não
pode violar este artigo. Tanto é assim que não se pode converter em instrumento de diversão ou
entretenimento assuntos de natureza íntima como falecimentos, padecimentos ou desgraças alheias que não
demonstrem finalidades meramente jornalísticas ou de interesse público. Portanto, a divulgação de fotos,
imagens ou notícias que acarretem dano à dignidade humana autoriza a ocorrência de indenização por danos
morais e materiais, além de direito de resposta. Vejamos alguns conceitos:

a) Intimidade – qualidade do que é íntimo. O que é interior de cada ser humano. É o direito de estar só e
não ser perturbado em sua vida particular. A vida privada é o relacionamento de uma pessoa com os seus
familiares e amigos, a que se vive em recesso do lar, ou em locais fechados. É o direito de levar sua vida
pessoal sem intromissão de terceiros, como agentes do Estado, vizinhos, jornalistas, curiosos etc.
b) Honra – é um atributo pessoal. Compreende a auto-estima e a reputação de uma pessoa, ou seja, a
avaliação que ela faz de si mesma (honra subjetiva), bem como a de que goza no meio social (honra
objetiva). O Código Penal protege a honra, estabelecendo os crimes de calúnia, difamação ou injúria.
c) Imagem – este direito tem dupla acepção. Uma possui o sentido de retrato físico (imagem-retrato) que é a
imagem gráfica. A pessoa tem o direito de não ter sua imagem reproduzida em televisão, cartaz, cinema a
não ser com sua autorização. As pessoas de vida pública, como políticos, não podem reclamar da
reprodução de suas imagens, quando no exercício de suas atividades. A outra possui o sentido de retrato
social (imagem- atributo), que é a forma pela qual a pessoa é vista no meio social em que vive. Uma
imagem de bom profissional, pessoa de boa índole, leal e honesta, é construída ao longo dos anos, não
podendo ser atingida por uma notícia difamatória veiculada de forma precipitada. A pessoa jurídica
também pode sofrer dano moral à sua imagem, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal.

• Inviolabilidade do Lar (Art. 5°°, XI).

É a chamada inviolabilidade de domicílio. Aqui a Constituição impõe limites à atuação do Estado, garantindo aos
indivíduos um espaço físico e espiritual para que exerçam plenamente sua capacidade de autodeterminação. A
palavra casa em Direito Constitucional é muito mais amplo do que no direito privado ou o senso comum.
Considera-se, pois, domicílio todo local, delimitado e separado, que alguém ocupa com exclusividade, a qualquer
título, inclusive profissionalmente.

Vejamos alguns conceitos essenciais:

a) Casa – é o lugar onde uma pessoa viva ou trabalhe (neste caso, não aberto ao público), reservado a sua
intimidade e a sua vida privada. De acordo com a nossa legislação infraconstitucional (Código Penal), o termo
compreende qualquer compartimento habitado, aposento ocupado de habitação coletiva e compartimento não
aberto ao público onde alguém exerça sua profissão ou atividade (Art. 150, § 4° CP). Portanto, é o
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compartimento onde alguém viva ou trabalhe, incluindo o barraco da favela, o quarto de pensão e o
armazém não aberto ao público onde alguém exerça sua profissão.

b) Código Penal (Art. 150, § 5°) diz o que NÃO É CASA:

 Hospedaria, estalagem ou qualquer habitação coletiva, enquanto aberta ao público (se estiver ocupado é
considerado casa);
 Taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.

c) Flagrante delito – os casos de Flagrante Delito estão previstos no Código de Processo Penal. Considera-
se em Flagrante Delito quem:

 Está cometendo uma infração penal;


 Acaba de cometê-la;
 É perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação em que
faça presumir ser o autor da infração;
 É encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele o
autor da infração.

d) Mandado Judicial – é a autorização emitida por juiz competente que possibilita o ingresso da polícia na
casa de alguém. Mas mesmo com autorização judicial a polícia só poderá entrar na casa de alguém à noite
com consentimento do morador. Durante o dia, com a exibição do mandado judicial, a busca pode ser
efetuada mesmo com a discordância do morador, arrombando-se a porta, se houver resistência. Desse modo,
se uma pessoa procurada pela polícia estiver escondida em uma casa, a polícia não poderá efetuar a prisão
no período noturno, devendo aguardar o amanhecer para ingressar em tal casa.

e) Dia e Noite – temos duas posições para fixar o que é dia e o que é noite. Na primeira posição, diz-se que o
dia estende-se das 6 às 18 horas. Na segunda entende-se que o dia é o intervalo de tempo que vai da aurora
(amanhecer, alvorada) ao crepúsculo (arrebol, ocaso).

• Sigilo de Correspondência e de Comunicação (Art. 5°°, XII)

O indivíduo precisa ter segurança de que suas comunicações pessoais, tanto as feitas por cartas, como as
realizadas por telegramas ou telefonemas, não serão interceptadas por outras pessoas. Esta inviolabilidade na
correspondência protege a liberdade de manifestação de pensamento e do segredo como expressão do direito à
intimidade das pessoas. Também estão protegidos por este artigo os dados bancário e fiscal do cidadão.

Assim a privacidade deve proteger o homem contra:

a) Interferência em sua vida privada, familiar e doméstica;


b) Ingerência em sua integridade física ou mental, ou em sua liberdade intelectual e moral;
c) Ataques à sua honra e reputação;
d) Comunicação de fatos relevantes e embaraçosos relativos à sua intimidade;
e) Uso de seu nome, identidade e retrato;
f) Espionagem e espreita;
g) Intervenção na correspondência;
h) Transmissão de informes dados ou recebidos em razão de segredo profissional.

Vejamos os casos de intromissão na privacidade no que tange à correspondência, comunicação telegráfica e de


dados:

a) Inviolabilidade da Correspondência e Comunicação Telegráfica: violar a correspondência e a


comunicação telegráfica e de dados é crime previsto no Código Penal e na lei 6.538/78. Nesta garantia não se
estabelece qualquer restrição. Entretanto, nenhuma garantia constitucional é absoluta. Portanto, aparece uma
exceção para a violação da correspondência sem que se cometa crime, que é na vigência do Estado de
Defesa ou de Sítio (Art. 136,I,b e 139,III CR).

b) Inviolabilidade de dados: aqui quer a Carta Magna se referir ao sigilo de dados bancário e fiscal, que não
podem ser violados, exceto se feitos com autorização judicial, ou por determinação de Comissão Parlamentar
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de Inquérito (CPI) ou por requisição do Ministério Público. Em todos os casos deve-se manter sigilo em
relação às pessoas estranhas ao processo;

c) Inviolabilidade das Comunicações Telefônicas: é direito do indivíduo não ter sua comunicação
telefônica interceptada, exceto para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. A
interceptação telefônica depende de autorização judicial e somente pode ser permitida para apuração de
crimes, mas não de qualquer tipo, pois é proibida quando a prova puder ser colhida por outro meio ou quando
o fato investigado for punido, no máximo, com pena de detenção.

 Possibilidade de Interceptação telefônica: interceptação telefônica é a captação e gravação de


conversa telefônica, no mesmo momento em que ela se realiza, por terceira pessoa sem o conhecimento de
qualquer dos interlocutores. A Constituição abriu exceção para que se possa efetuar a interceptação
telefônica, desde que presentes 3 (três) requisitos:

1. Ordem judicial
2. Para fins de investigação criminal ou instrução processual penal
3. Nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer.

A lei que regulamenta este tema é a lei n° 9.296/96. Esta lei não autoriza a interceptação telefônica:

a) Quando não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal;


b) Quando a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;
c) Quando o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção. Neste caso,
para o juiz autorizar a pena aplicável ao crime investigado teria que ser de reclusão.

• Liberdade de Locomoção (Art. 5°°, XV).

Aqui está consagrado o direito de ir e vir, um dos mais imediatos e inalienáveis do ser humano. Este direito
abrange o ir, vir, permanecer, ficar ou sair. É o chamado direito à livre locomoção. Entretanto, este direito está
submetido a uma reserva legal (uma lei infraconstitucional que o regule), pois há regras tanto para brasileiros
como para estrangeiros no aspecto de querer circular no país (passaporte, pagamento de taxas ou tributos etc.).
Em tempo de paz a lei vai regular para brasileiros e estrangeiros a entrada e saída do território nacional. Em
tempo de guerra não só a entrada e saída, como também a circulação dentro do território nacional.

Qualquer cerceamento da liberdade de locomoção, com ilegalidade ou abuso de poder, será coibido com a
impetração de habeas corpus.

• Liberdade De Reunião e de Associação (Art. 5°°, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX XXI).

a) Direito de Reunião:

Alexandre de Moraes ensina que o direito de reunião presume os seguintes elementos:

 Pluralidade de participantes – é considerada forma de ação coletiva;


 Tempo – tem duração limitada, em razão de seu caráter temporário e episódico;
 Finalidade – finalidade lícita, pacífica e sem armas. Mesmo se alguma pessoa estiver armada, não será
considerada ilícita. Neste caso a polícia desarma aquela pessoa e age conforme a lei, prosseguindo a reunião
normalmente, com os participantes que não estejam armados.
 Lugar – deve ser realizada em local delimitado, uma área certa. Passeatas, comícios e desfiles estão
englobados no direito de reunião, sujeitando-se aos requisitos constitucionais, da mesma forma que os
cortejos e banquetes com finalidade política.
 Desnecessidade de autorização da autoridade pública – não há necessidade de autorização para o
exercício do direito de reunião. Naturalmente que a comunicação prévia à autoridade é feita para que se
tomem providências como regularização do trânsito, garantia de segurança e principalmente não frustrar outra
reunião anteriormente marcada.
 Garantia do direito de reunião – o direito de reunião é tutelado pelo mandado de segurança e não
pelo habeas corpus, pois aqui o direito atingido é o de reunião (líquido e certo). O direito de locomoção é
apenas o meio utilizado para se atingir o direito maior que é o direito de reunião.
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b) Direito de Associação:

Como o direito de reunião este direito só poderá ser exercido de forma coletiva. Vejamos os elementos do direito
de associação:
 Fins lícitos – o fim da associação deve estar sob o manto da lei, tanto de ordem penal como da ordem
jurídica de um modo geral;
 Caráter paramilitar – seria o treinamento de seus membros para finalidades bélicas. Deste modo para se
determinar o caráter paramilitar é necessário que sejam observados também o uso de uniformes, a
nomenclatura de seus postos, a organização hierarquizada e o princípio da obediência.
 Interferência estatal – se o Estado interferir arbitrariamente no exercício deste direito pode ser
responsabilizado, pois age com abuso de autoridade (natureza penal), cometendo crime de responsabilidade
(infração de natureza político-administrativa) ou possibilitando aos prejudicados a indenização por danos
morais e materiais.
 Dissolução das associações – para que haja dissolução ou suspensão compulsória das atividades das
associações é necessário que seja através de uma decisão judicial. Para a dissolução é preciso que transite
em julgado a referida decisão. Qualquer ato normativo diferente de decisão judicial (editada pelo poder
Executivo ou Legislativo) é inconstitucional. Também para que o poder Judiciário possa dissolver a associação
é preciso que sua atividade seja ilícita.
 Representação dos associados – as associações quando devidamente autorizadas podem representar
seus membros judicial ou extrajudicialmente, sendo desnecessária a expressa e específica autorização de cada
um dos seus integrantes, pois ela pode assumir a condição de defesa dos interesses coletivos de seus
associados, bastando existir na norma de criação da entidade ou em seus atos constitutivos de pessoa jurídica,
esta autorização.

• Direito de Propriedade (Art. 5°°, XXII e XXIII)

O direito de propriedade que nos interessa é aquele que se refere à propriedade como função social. A legislação
civil afirma que o direito de propriedade consiste no direito de usar, gozar e dispor de seus bens, e de reavê-los do
poder de quem quer que injustamente os possua. Já em direito constitucional, a propriedade é mais amplo,
abrangendo qualquer direito de conteúdo patrimonial, econômico, tudo que possa ser convertido em dinheiro,
alcançando créditos e direitos pessoais. Por isto, quando há uma desapropriação, a pessoa deve ser indenizada.

Agora não há mais um direito absoluto de alguém poder utilizar a coisa e desfrutá-la da forma que melhor
entender. A utilização e o desfrute de um bem devem atender a uma conveniência social. O direito do dono deve
ajustar-se aos interesses da sociedade. Deste modo prevalece o interesse social sobre o interesse individual.
Exemplo é a desapropriação para fins de reforma agrária de propriedade rural improdutiva, com o pagamento de
indenização (CR, art. 184).

a) Garantias ao direito de propriedade:

 Garantia de conservação – ninguém pode ser privado de seus bens fora dos casos elencados na CR;
 Garantia de compensação – se for privado de seus bens, receberá a devida indenização.

b) Desapropriação

É quando o Estado toma para si ou transfere para terceiros bens de particulares, mediante o pagamento de prévia
e justa indenização. Ela só pode ser feita nas hipóteses da CR.

c) Hipóteses de Desapropriação

 Por necessidade pública;


 Por utilidade pública;
 Por interesse social.

d) Bens que podem ou não ser desapropriados:

 Móveis ou imóveis; públicos ou privados; corpóreos ou incorpóreos;


 A União pode desapropriar bens dos Estados e Municípios; o Estado pode desapropriar bens dos
Municípios;
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 Não podem ser desapropriados: os bens de caráter personalíssimo e a moeda do País, porque
constitui o próprio meio de pagamento.

e) Indenização

É a retribuição pela desapropriação. Difere de confisco porque neste a transferência de propriedade se dá sem
qualquer reposição. Na CR o confisco das propriedades utilizadas no plantio de plantas psicotrópicas. A
indenização deve ser justa, prévia e em dinheiro.

 Justa – calculada de acordo com o valor de mercado do bem no instante da transferência, acrescidos de
dano emergente e lucro cessante, bem como juros de mora, despesas judiciais, honorários advocatícios e
correção monetária;
 Prévia – o pagamento deve ser antes de transmissão da propriedade para o Estado;
 Em dinheiro – em moeda corrente e não em títulos ara pagamento futuro e liquidez incerta. Há duas
exceções: desapropriação para reforma urbana, cujo pagamento pode ser feita pelo município em títulos da
dívida pública (resgate em até 10 anos); desapropriação para reforma agrária, cujo pagamento é feito em títulos
da dívida agrária (resgate em até 20 anos).

f) Desistência da Desapropriação:

O Poder Público pode existir da desapropriação em qualquer momento antes do bem em questão ser incorporado
ao seu patrimônio. Neste caso, revoga-se o ato e devolve-se a coisa ao proprietário.

g) Requisição

Conforme prevê a CR (Art. 5°, XXV) em caso de iminente a autoridade pública poderá usar qualquer propriedade
particular, para pagar posteriormente, se houver dano a tal patrimônio. Trata-se de flagrante exceção ao
pagamento prévio e o Estado só fará uso dessa Requisição em mementos de calamidade pública já ocorrida ou
na iminência de acontecer. Neste caso há bens mais importantes em jogo do que o direito de propriedade, que é o
direito à vida ou à saúde das pessoas.

h) Pequena propriedade rural:

De acordo com a CR a pequena propriedade rural não pode ser objeto de penhora para pagamento de débitos
decorrentes de sua atividade produtiva, além do que deverá receber recursos previstos em lei que financiem o seu
desenvolvimento. Ela fica, assim, a salvo de execução por dívidas decorrentes de sua atividade produtiva.

• Direito à Segurança

A Constituição Federal, no caput do artigo 5.º, quando trata da segurança, está se referindo à segurança
jurídica. Refere-se à segurança de que as agressões a um direito não ocorrerão, mas se desrespeitado, existirá
uma eventual reparação pelo dano. O Estado deve atuar no sentido de preservar as prerrogativas dispostas nas
normas jurídicas.

a) Acesso ao Poder Judiciário (artigo 5.º, XXXV)


A competência para garantir a segurança jurídica é do Poder Judiciário. É por meio do acesso ao
Judiciário que as pessoas conseguem a segurança jurídica.

b) Lesão e ameaça ao direito – Princípio da Inafastabilidade da Tutela Jurisdicional.

Quando houver uma agressão ou ameaça de agressão a um direito, o lesado poderá socorrer-se do Poder
Judiciário para assegurá-lo. Para a concessão da segurança jurídica, não é necessário comprovar a
efetiva lesão, ou seja, é possível, preventivamente, buscar a segurança evitando a lesão ao direito.

c) Direito à petição (artigo 5.º, XXXIV, “a”)

É exercido independentemente do pagamento de taxas, a todos são assegurados o direito de petição aos
Poderes Públicos em defesa de direito ou contra ilegalidade ou abuso de poder. Pode a petição ser
dirigida a qualquer autoridade do Executivo, do Legislativo ou do Judiciário, devendo ser apreciada,
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motivadamente, mesmo que apenas para rejeitá-la.

O direito de petição difere do direito de ação, já que, por este último, busca-se uma tutela jurisdicional e
não administrativa.

d) Assistência jurídica (artigo 5.º, LXXIV)

Para se pleitear em juízo, a CF exige a representação por um advogado. Para garantir que aqueles que
não possuem condições financeiras possam ter acesso ao Poder Judiciário o Estado tomou para si o dever de
fornecer a assistência jurídica.

e) Princípio do Devido Processo Legal (artigo 5.º, LIV)


Este princípio informa que o Estado, sempre que impuser qualquer tipo de restrição ao patrimônio ou à
liberdade de alguém, deverá seguir a lei. De igual modo, o respeito à forma é uma maneira de garantir a
segurança do devido processo legal.

f) Princípio do Juiz Natural (artigo 5.º, LIII)

A decisão de um caso na prestação jurisdicional deve ser feita pelo Juiz ou o Tribunal investido de poder
pela lei para dizer o direito no caso concreto, ou seja, é o Juiz ou Tribunal que tem a competência, previamente
expressa, para julgar determinado caso concreto. Ex. para apreciar crime doloso contra a vida o Juiz Natural é o
Tribunal do Júri.

g) Vedação a Juízes e Tribunais de Exceção (artigo 5.º, XXXVII)

A nossa ordem jurídica não admite que sejam criados Tribunais ou designados Juízes especialmente para
decidir um caso concreto (Juízes ou Tribunais de exceção). Qualquer tipo de Tribunal de exceção significa um
atentado à imparcialidade da Justiça, comprometendo a segurança jurídica. Há um exemplo claro deste princípio
na França ocupada da 2ª grande guerra, onde foi criado um tribunal especialmente para julgar revolucionários
acusados de cooperar com a resistência ao domínio alemão.

h) Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa (artigo 5.º, LV)

conforme leciona Damásio o contraditório é a possibilidade, assegurada a quem sofrer uma imputação em
juízo, de contraditar essa imputação, ou seja, de apresentar a sua versão dos fatos. A ampla defesa significa que
as partes devem ter a possibilidade de produzir todas as provas que entendam necessárias ao esclarecimento dos
fatos e ao convencimento do Juiz. Excepcionam-se apenas as provas obtidas por meio ilícito.

Há também a garantia do duplo grau de jurisdição, ou seja, a pessoa vencida e inconformada com a
decisão tem o direito a uma revisão desta, que será sempre feita por um juízo colegiado.

i)Princípio da Publicidade

O Juiz deve dar publicidade de todas as decisões que proferir e todos os atos serão públicos, com
exceção daqueles que devem acontecer em segredo de justiça.

j) Princípios processuais penais

 Princípio da irretroatividade (exceção, artigo 5.º, XL, in fine): há um reforço nessa idéia
quando se trata de matéria penal. O próprio Direito Penal, entretanto, excepciona o princípio,
possibilita a retroatividade da lei no tempo para beneficiar o réu. A lei sempre reroage se for para
beneficiar o réu.

 Princípio da incomunicabilidade da pena: a pena não pode passar da pessoa do criminoso. A


CF/88 prevê somente uma hipótese de comunicabilidade da pena, que é o caso de indenização,
quando os sucessores respondem por ela até o quinhão da herança (inc. XLV). Este valor é
suportado pelo sucessor até o limite das forças da herança.

 Garantia de que determinada espécie de pena não será aplicada: há limitação à própria
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atividade do Estado. Existem penas que o legislador não poderá cominar: pena de morte, pena de
caráter perpétuo, pena de trabalho forçado, pena de banimento e penas cruéis. A pena será
cumprida em estabelecimentos específicos, assegurando-se a divisão por sexo, idade e gravidade
do delito.

 Princípio da presunção de inocência: todos são inocentes até que se prove o contrário.
Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença.

DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

TÍTULO II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais

CAPÍTULO I
Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;

II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;

IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou
à imagem;

VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;

VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de
internação coletiva;

VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo
se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa,
fixada em lei;

IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de


censura ou licença;

X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo
em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;

XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
investigação criminal ou instrução processual penal;

XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei
estabelecer;

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XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao
exercício profissional;

XV – é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei,
nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;

XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de
autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas
exigido prévio aviso à autoridade competente;

XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;

XVIII – a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada
a interferência estatal em seu funcionamento;

XIX – as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão
judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;

XX – ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;

XXI – as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus
filiados judicial ou extrajudicialmente;

XXII – é garantido o direito de propriedade;

XXIII – a propriedade atenderá a sua função social;

XXIV – a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por
interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta
Constituição;

XXV – no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular,
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;

XXVI – a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de
penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de
financiar o seu desenvolvimento;

XXVII – aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras,
transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;

XXVIII – são assegurados, nos termos da lei:

a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive
nas atividades desportivas;

b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos
criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas;

XXIX – a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como
proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos,
tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País;

XXX – é garantido o direito de herança;

XXXI – a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do
cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus;

XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;

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XXXIII – todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo
sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;

XXXIV – são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:

a) o direito de petição aos poderes públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;

b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de


interesse pessoal;

XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;

XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção;

XXXVIII – é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:

a) a plenitude de defesa;

b) o sigilo das votações;

c) a soberania dos veredictos;

d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;

XL – a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;

XLI – a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;

XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da
lei;

XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito
de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os
mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;

XLIV – constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
constitucional e o Estado democrático;

XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação
do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do
valor do patrimônio transferido;

XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:

a) privação ou restrição da liberdade;

b) perda de bens;

c) multa;

d) prestação social alternativa;

e) suspensão ou interdição de direitos;

XLVII – não haverá penas:

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a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;

b) de caráter perpétuo;

c) de trabalhos forçados;

d) de banimento;

e) cruéis;

XLVIII – a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o
sexo do apenado;

XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;

L – às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período
de amamentação;

LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da
naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;

LII – não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;

LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;

LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;

LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

LVI – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;

LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;

LVIII – o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei;

LIX – será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal;

LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse
social o exigirem;

LXI – ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;

LXII – a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz
competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;

LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a
assistência da família e de advogado;

LXIV – o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial;

LXV – a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;

LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem
fiança;

LXVII – não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de
obrigação alimentícia e a do depositário infiel;

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LXVIII – conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou
coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;

LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas
corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder público;

LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:

a) partido político com representação no Congresso Nacional;

b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo


menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;

LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o
exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
cidadania;

LXXII – conceder-se-á habeas data:

a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou


bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;

b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;

LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio
público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;

LXXIV – o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;

LXXV – o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado
na sentença;

LXXVI – são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei:

a) o registro civil de nascimento;

b) a certidão de óbito;

LXXVII – são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao
exercício da cidadania.

§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.

§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.

§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às
emendas constitucionais.

§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.1

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5. NACIONALIDADE.

• Nacionalidade

Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que une uma pessoa a determinado Estado Soberano. Vínculo que gera
direitos, porém, também acarreta deveres. Marcello Caetano ensina que a nacionalidade abrange todos quanto
nascem de um certo ambiente cultural feito de tradições e costumes, geralmente expresso numa língua comum,
atualizado num idêntico conceito de vida e dinamizado pelas mesmas aspirações de futuro e os mesmos ideais
coletivos.”

• Modos de aquisição da nacionalidade

Os modos de aquisição da nacionalidade varia de Estado para Estado, mas em qualquer deles, é involuntária a
aquisição da nacionalidade primária, que decorre da ligação do fato natural do nascimento com um critério
estabelecido pelo Estado, enquanto a aquisição secundária é aquela verificada por ato voluntário da pessoa.

1 - Formas

A nacionalidade apresenta-se de duas formas: originária e secundária.

a) Nacionalidade originária

Também denominada nacionalidade primária ou involuntária, é a nacionalidade dos natos, não


dependendo de qualquer requerimento. É um direito subjetivo, potestativo, que nasce com a pessoa. É potestativo
pois independe de manifestação de seu titular. Somente a CF poderá estabelecer quem são os natos.

b) Nacionalidade secundária

Também denominada nacionalidade adquirida ou voluntária, é a nacionalidade dos naturalizados, sempre


dependendo de um requerimento sujeito à apreciação. Em geral, não é um direito potestativo, visto não ser
automático.

A pessoa é livre para escolher sua nacionalidade, não podendo ser constrangida a mantê-la (princípio da
inconstrangibilidade), podendo optar por outra, sendo aceita ou não (princípio da optabilidade).

2 - Definição de Nato

Existem dois critérios para definir os natos: o critério do jus loci e o critério do jus sanguinis.

a) Critério jus loci (ou solis)

É considerado brasileiro nato aquele que nasce na República Federativa do Brasil, ainda que de pais
estrangeiros, desde que nenhum deles esteja a serviço de seu país. A República Federativa do Brasil compreende
o seu território nacional mais suas extensões materiais e jurídicas.

Se o estrangeiro estiver em território nacional a serviço de um terceiro país, que não o seu de origem, o
filho que nascer no Brasil será brasileiro nato.

b) Critério jus sanguinis

É considerado brasileiro nato o filho de brasileiros que nascer no estrangeiro estando qualquer um dos
pais a serviço da República Federativa do Brasil. Como República Federativa do Brasil entende-se a União, os
Estados, os Municípios, as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas e as sociedades de
economia mista, ou seja, o brasileiro deve estar a serviço da Administração Direta ou da Administração Indireta.

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Também poderá requerer a nacionalidade o filho de pai brasileiro ou mãe brasileira nascido no
estrangeiro, desde que venha a residir no Brasil e opte, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira (ECR n.
3/94).

• A determinação da nacionalidade secundária se faz pelos seguintes critérios:

a) Naturalização tácita – caso verificado na Constituição de 1891, na qual foi concedida aos estrangeiros que
se encontravam no Brasil em 15 de novembro de 1889, e que não declarassem em seis meses que não
desejavam se naturalizar; bem como os que tivessem filhos brasileiros;

b) Naturalização expressa – aquela que depende de requerimento do naturalizando, e compreende duas


classes, ordinária, que é a concedida aos estrangeiros residentes no Brasil, que preencha os requisitos
previstos na lei de naturalização exigida aos originários de países de língua portuguesa (Portugal, Angola,
Moçambique, Guiné, Bissau, Açores, Cabo Verde, Príncipe, Goa, Gamão, Dio, Macau e Timor) apenas
residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; a extraordinária, que é a reconhecida aos estrangeiros
de qualquer nacionalidade, residentes no Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal,
desde que requeiram a nacionalidade brasileira. É justo o tempo, pois quem vive há mais que quinze anos
colaborando e convivendo com os brasileiros merece tal deferência.

A norma que disciplina a naturalização extraordinária é a Lei n. 6.815/80 (Estatuto dos Estrangeiros), que
estabelece requisitos próprios:

a) Capacidade civil: só pode requerer a naturalização com base no princípio da reserva legal quem tiver
capacidade civil;

b) O requerente deve ter visto permanente;

c) Deve estar residindo no Brasil por quatro anos contínuos;

d) Deve ler e escrever em português;

e) Deve ter boa conduta, boa saúde e bom procedimento;

f) O requerente deverá estar exercendo uma profissão ou possuir bens que garantam a sua subsistência e a
da sua família;

g) Inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação no Brasil ou mesmo no exterior por crime doloso a que
seja prevista pena mínima de um ano de prisão.

• O polipátrida e o “heimatlos”

O polipátrida é quem tem mais de uma nacionalidade, que acontece quando sua situação de nascimento se
vincula a dois critérios de determinação de nacionalidade primária. Por exemplo o italiano (jus sanguinis) que
nasce no Brasil (jus solis). Quem nasce nestas condições tem dupla nacionalidade.

O heimatlos é uma expressão alemã que significa sem pátria ou apátrida. É quando pela adoção dos critérios
verificados nos Estados em questão, a pessoa não adquire nenhuma das nacionalidades. É o caso do filho de
brasileiros que não estão a serviço do Brasil e esta criança nasce na Itália. A nacionalidade primária só se
adquiriria nesta situação se os brasileiros estivessem a serviço do país,). Como a Itália adota o critério do jus
sanguinis, esta criança estaria sem aquisição da nacionalidade primária, logo sem pátria. A Constituição Brasileira,
entretanto, para que o filhos de brasileiros nascidos em outro país não fiquem sem pátria, adota o critério da
aquisição secundária, como está no art. 12, I, b e c da CR.

• Brasileiros Natos

a) Os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não
estejam a serviço de seu país;

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b) Os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço
da República Federativa do Brasil;
c) Os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que venham a residir na República
Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira.

• Brasileiros Naturalizados

a) Os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua
portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
b) Os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze
anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira;
c) O Estatuto da Reciprocidade confere aos portugueses com residência fixa no Brasil os mesmos direitos dos
brasileiros, com exceção dos previstos na CR.

• Perda da nacionalidade brasileira

O brasileiro só perderá a nacionalidade por uma das causas enumeradas na CR, que é numerus clausus. Neste
caso são os seguintes os casos:

a) Tiver cancelada a sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse
nacional;
b) Adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos de (1) reconhecimento de reconhecimento de nacionalidade
originária pela lei estrangeira; (2) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro
residente em Estado estrangeiro, como condição de permanência em seu território ou para o exercício de
direitos civis.

• Reaquisição da nacionalidade brasileira

Aquele que teve a naturalização cancelada não mais poderá recuperar a nacionalidade brasileira perdida, salvo se
o cancelamento for desfeito em ação rescisória. Se alguém a perdeu por ação voluntária poderá readquirir por
decreto do Presidente da República, se estiver domiciliado no Brasil. Outro detalhe é que a reaquisição não tem
efeito retroativo, mas se opera a partir do decreto presidencial. No entanto, recupera a condição que perdera, se
era brasileiro nato volta a esta condição, se naturalizado, volta a ser brasileiro naturalizado.

• Distinção entre Brasileiro Nato e Naturalizado

Somente a CF/88 pode estabelecer distinções entre brasileiros natos e naturalizados. Cargos reservados
aos brasileiros natos:

a) Presidente e Vice-Presidente da República;

b) Presidente da Câmara dos Deputados e Presidente do Senado Federal (porque estão na linha de
substituição do Presidente da República);

c) Ministro do Supremo Tribunal Federal. Os demais cargos do Poder Judiciário poderão ser ocupados
por brasileiros natos ou naturalizados;

d) Ministro de Defesa (cargo criado pela EC n. 23/99);

e) Membros da Carreira Diplomática (não se impõe essa condição ao Ministro das Relações Exteriores);

f) Oficial das Forças Armadas;

g) Parte dos Conselheiros da República (art. 89, VII, da CF/88): o Conselho da República é um órgão
consultivo do Presidente da República, devendo ser composto por seis brasileiros natos;

h) O artigo 222 da Constituição Federal prevê que a propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão
sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou
de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País. O § 1.º do artigo,

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na redação da Emenda Constitucional 36/02 autoriza participação de estrangeiros em até 30% do


capital total e do capital votante dessas empresas.

• Estatuto da Igualdade ou Reciprocidade (Quase Nacionalidade)

O Estatuto da Igualdade é decorrente do Tratado entre Brasil e Portugal de 1971. Quando são conferidos
direitos especiais aos brasileiros residentes em Portugal são conferidos os mesmos direitos aos portugueses
residentes no Brasil. O núcleo do Estatuto é a reciprocidade. Os portugueses que possuem capacidade civil e
residência permanente no Brasil podem requerer os benefícios do Estatuto da Igualdade e, conseqüentemente,
deverá haver reciprocidade em favor dos brasileiros que residem em Portugal.

Essa nacionalidade é chamada de Quase Nacionalidade e pode ser restrita ou ampla.

• Perda da Nacionalidade

a) Cancelamento da Naturalização

O que gera o cancelamento é a prática de atividade nociva ao interesse nacional, reconhecida por
sentença judicial transitada em julgado. Entende-se que a prática de atividade nociva tem pressuposto criminal
(deve ser fato típico). A sentença tem efeitos ex nunc e a reaquisição ocorre se o cancelamento for desfeito em
ação rescisória.

b) Aquisição voluntária e ativa de outra nacionalidade

Atinge tanto os brasileiros natos quanto os naturalizados. O instrumento que explicita a perda da
nacionalidade nesta hipótese é o decreto do Presidente da República. Sucede por meio de um processo
administrativo que culmina com o decreto que produz efeitos ex nunc. O que conduz à perda é a aquisição de
outra nacionalidade, o decreto somente reconhecerá essa situação. A reaquisição também deve ser feita por
decreto do Presidente da República.

Nem sempre a aquisição de outra nacionalidade implica a perda da nacionalidade brasileira. O Brasil,
além de admitir a dupla nacionalidade, admite a múltipla nacionalidade. Em regra, a aquisição de outra
nacionalidade implica a perda da nacionalidade brasileira, entretanto, há exceções:

• Quando há o reconhecimento ao brasileiro pela legislação estrangeira da condição de nacional


originário daquele país;

• A pessoa pode se ver obrigada a adquirir outra nacionalidade para manter sua residência naquele
país, onde se encontra, ou, ainda, pode se ver obrigada a adquirir a nacionalidade estrangeira para lá
poder exercer seus direitos civis (ex.: receber herança, trabalhar etc.). Como é imposição da
legislação estrangeira, a pessoa não perde a nacionalidade brasileira;

• jus comunicatio: a mulher brasileira pode adquirir a nacionalidade estrangeira em razão do


casamento. Em diversos países, o fato de a mulher casar com um nacional estrangeiro implica a
aquisição automática da nacionalidade estrangeira (Itália, p. ex.).

• SÍMBOLOS NACIONAIS

a) Bandeira Nacional

b) Hino Nacional

c) Selos Nacionais

d) Armas Nacionais

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6. CIDADANIA E DIREITOS POLÍTICOS

• Cidadão

Na linguagem popular, cidadão, povo, população e nacionalidade são expressões que se confundem.
Juridicamente, porém, cidadão é aquele nacional que está no gozo de seus direitos políticos, sobretudo do voto.
População é conceito meramente demográfico. Povo é o conjunto dos cidadãos.

Cidadão é aquele que está no pleno gozo de seus direitos políticos. Geralmente, cidadão é o nacional, mas o
inverso nem sempre é verdadeiro, p. ex.: um indivíduo nacional preso, não é cidadão, visto estarem suspensos
seus direitos políticos (art. 15, inc. III, da CF); uma criança nacional não é cidadã porque sua tenra idade não
permite o exercício de direitos políticos.

Direitos políticos são as regras que disciplinam o exercício da soberania popular (jus civitatis), a participação nos
negócios jurídicos do Estado.

Cidadania é conjunto de direitos fundamentais e de participação nos destinos do Estado. Tem sua face ativa
(direito de escolher os governantes) e sua face passiva (direito de ser escolhido governante). Alguns, porém, por
imposição constitucional, podem exercer a cidadania ativa (ser eleitor), mas não podem exercer a cidadania
passiva (ser candidato), a exemplo dos analfabetos (art. 14, § 4.º, da CF). Alguns atributos da cidadania são
adquiridos gradativamente, a exemplo da idade mínima exigida para alguém concorrer a um cargo eletivo (18
anos para Vereador, 21 anos para Deputado etc.).

• O Sufrágio e o Voto

O sufrágio (do latim sufragium, apoio) representa o direito de votar e ser votado e é considerado universal
quando se outorga o direito de votar a todos que preencham requisitos básicos previstos na Constituição, sem
restrições derivadas de condição de raça, de fortuna, de instrução, de sexo ou de convicção religiosa.

O sufrágio restrito (qualificativo) é aquele só conferido a pessoas que preencham determinadas condições
de nascimento, de fortuna etc. Pode ser restrito censitário (quando impõe restrições vinculadas à capacidade
econômica do eleitor – as CFs de 1891 e 1934 vedavam o voto dos mendigos) ou restrito capacitário (pela CF/67
e até a EC n. 25/85, o analfabeto não podia votar).

O sufrágio identifica um sistema no qual o voto é um dos instrumentos de deliberação.

O voto, que é personalíssimo (não pode ser exercido por procuração), pode ser direto (como determina a
atual CF) ou indireto. É direto quando os eleitores escolhem seus representantes e governantes sem
intermediários. É indireto quando os eleitores (denominados de 1.º grau) escolhem seus representantes ou
governantes por intermédio de delegados (eleitores de 2.º grau), que participarão de um Colégio Eleitoral ou órgão
semelhante.

Observe-se que há exceção ao voto direto no § 1.º do art. 81 da CF, que prevê eleição indireta para o
cargo de Presidente da República se houver impedimento do Presidente e do Vice-Presidente nos dois últimos
anos do mandato.

O voto é secreto para garantir a lisura das votações, inibindo a intimidação e o suborno. O voto com valor
igual para todos é a aplicação do Direito Político da garantia de que todos são iguais perante a lei (cada eleitor
vale um único voto – one man, one vote).

• A Iniciativa Popular, o Referendo e o Plebiscito

Os principais institutos da democracia direta (participativa) no Brasil são a iniciativa popular, o referendo
popular e o plebiscito.

• O plebiscito e o referendo popular

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Uma das formas de o povo exercer diretamente seu poder é a iniciativa popular, pela qual 1% do
eleitorado nacional distribuídos por pelo menos cinco Estados-Membros, com não menos de três décimos de 1%
dos eleitores de cada um deles, pode apresentar à Câmara dos Deputados um projeto de lei (complementar ou
ordinária).

O referendo é a forma de manifestação popular pela qual o eleitor aprova ou rejeita uma atitude
governamental já manifestada,ex. quando uma emenda constitucional ou um projeto de lei aprovado pelo Poder
Legislativo é submetido à aprovação ou rejeição dos cidadãos antes de entrar em vigor.

O plebiscito é a consulta popular prévia pela qual os cidadãos decidem ou demostram sua posição sobre
determinadas questões. A convocação de plebiscitos é de competência exclusiva do Congresso Nacional quando

• Condições de Elegibilidade (Capacidade Eleitoral Passiva)

São condições de elegibilidade, na forma da lei:

a) A nacionalidade brasileira (observada a questão da reciprocidade, antes destacada quanto aos


portugueses, e que apenas alguns cargos são privativos de brasileiros natos);

b) O pleno exercício dos direitos políticos;

c) O alistamento eleitoral (só pode ser votado quem pode votar, embora nem todos que votam possam
ser votados – como o analfabeto e o menor de 18 e maior de 16 anos);

d) O domicílio eleitoral na circunscrição (pelo prazo que a lei ordinária federal fixar e que hoje é de um ano
antes do pleito, nos termos do art. 9.º da Lei n. 9.504/97);

e) A filiação partidária (pelo menos um ano antes das eleições, nos termos do art. 18 da Lei Federal n.
9.096/95);

f) A idade mínima de 35 anos para Presidente da República, Vice-Presidente da República e Senador; de


30 anos para Governador e Vice-Governador; de 21 anos para Deputado (Federal, Distrital ou
Estadual), Prefeito, Vice-Prefeito e Juiz de Paz (mandato de 4 anos – art. 98, II, da CF) e a idade
mínima de 18 anos para Vereador.

TEXTO DA CONSTITUIÇÃO DE 1988 REFERENTES À NACIONALIDADE E CIDADANIA

CAPÍTULO III
DA NACIONALIDADE

Art. 12. São brasileiros:

I - natos:

a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não
estejam a serviço de seu país;

b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço
da República Federativa do Brasil;

c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em
repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer
tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 54, de 2007)

II - naturalizados:
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a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua
portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;

b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze


anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.(Redação dada pela
Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)

§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros,
serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição.(Redação dada
pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)

§ 2º - A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos
nesta Constituição.

§ 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos:

I - de Presidente e Vice-Presidente da República;

II - de Presidente da Câmara dos Deputados;

III - de Presidente do Senado Federal;

IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;

V - da carreira diplomática;

VI - de oficial das Forças Armadas.

VII - de Ministro de Estado da Defesa(Incluído pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)

§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:

I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse
nacional;

II - adquirir outra nacionalidade, salvo no casos: (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3,
de 1994)

a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; (Incluído pela Emenda Constitucional de
Revisão nº 3, de 1994)

b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como
condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; (Incluído pela Emenda
Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)

Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil.

§ 1º - São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.

§ 2º - Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos próprios.

CAPÍTULO IV
DOS DIREITOS POLÍTICOS

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Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual
para todos, e, nos termos da lei, mediante:

I - plebiscito;

II - referendo;

III - iniciativa popular.

§ 1º - O alistamento eleitoral e o voto são:

I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;

II - facultativos para:

a) os analfabetos;

b) os maiores de setenta anos;

c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.

§ 2º - Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório,
os conscritos.

§ 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei:

I - a nacionalidade brasileira;

II - o pleno exercício dos direitos políticos;

III - o alistamento eleitoral;

IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;

V - a filiação partidária;

VI - a idade mínima de:

a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;

b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;

c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de
paz;

d) dezoito anos para Vereador.

§ 4º - São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.

§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os


houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período
subseqüente.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 1997)

§ 6º - Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito


Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.
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§ 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins, até
o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito
Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular
de mandato eletivo e candidato à reeleição.

§ 8º - O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:

I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;

II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará
automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.

§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de
proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do
candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do
exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta. (Redação dada pela Emenda
Constitucional de Revisão nº 4, de 1994)

§ 10 - O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da
diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.

§ 11 - A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da


lei, se temerária ou de manifesta má-fé.

Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:

I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;

II - incapacidade civil absoluta;

III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;

IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;

V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.

Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à
eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 4, de 1993)

Autores com obras consultadas

a) Damásio Evangelista de Jesus

b) Pedro Lenza

c) José Afonso da Silva

d) Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo

e) Alexandre de Morais

f) William Douglas

g) Textos legislativos retirados do site da Presidência da República.

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