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MANUAL DO

Direito Constitucional – CBFPM 2022/2023


PARTICIPANTE

13
UD I – Constituição Federal

Notas

Objetivos
Ao finalizar esta unidade, o participante deverá ser capaz
de:

1. Adquirir conhecimentos sobre o Direito


Constitucional sob uma abordagem sistêmica e
genérica para aplicá-los em sua vida profissional e
pessoal.

Direito Constitucional - CBFPM MP 13–1


CBFPM 2022 – Constituição Federal NOTAS DE AULA

1. Apresentação

Conceito: de acordo com Vicente Paulo & Marcelo Alexandrino (2017, p.


02) Direito Constitucional é o “ramo do direito público fundamental à
organização, ao funcionamento e a configuração política do Estado”. Para
José Afonso da Silva (2018), da mesma forma, o Direito Constitucional “é
um direito público fundamental do qual dependem os outros ramos do
direito”.

Origem: a origem formal do constitucionalismo está ligada às constituições


escritas e rígidas dos Estados Unidos da América, em 1787, após a
Independência das 13 Colônias (1776), e da França, em 1791, a partir da
Revolução Francesa (1789), apresentando dois traços marcantes:
organização do estado e limitação do poder estatal, por meio da previsão de
direitos e garantias fundamentais.

Objeto: é a própria Constituição

2. Constituição Federal
Conceito

Conforme Vicente Paulo & Marcelo Alexandrino (2017, p. 02),


éa

“lei fundamental e suprema de um Estado que rege sua


organização político-jurídica. As normas de uma
constituição devem dispor acerca da forma do Estado, dos
órgãos que integram a sua estrutura, das suas competências,
da aquisição do poder e de seu exercício. Devem
estabelecer as limitações ao poder do Estado, especialmente
mediante a separação dos poderes e a enumeração dos
direitos e garantias fundamentais”.

Direito Constitucional - CBFPM MP 13–2


CBFPM 2022 – Constituição Federal NOTAS DE AULA

A Constituição assume papel preponderante no sistema


normativo, servindo de base para todos os ramos jurídicos, orientando a
criação e a interpretação das leis. Essa interpretação talvez seja mais
importante até mesmo que a consagração de princípios gerais de outras
matérias na CF, pois irá representar a afirmação dos valores máximos da
sociedade (valores constitucionais) em todos os ramos jurídicos,
independentemente de possuírem ou não dispositivos no corpo do texto
constitucional. Para se aplicar a Lei, deve fazê-lo com as finalidades
indicadas na CF. “Toda a interpretação jurídica é uma interpretação
constitucional”.
A constituição pode ser conceituada a partir de três sentidos,
quais sejam: o sociológico (Ferdinand Lassalle), o político (Carl Schmitt)
e o Jurídico, o qual interessa a esse estudo.
O sentido jurídico é extraído da obra de Hans
. Kelsen, em especial
a Teoria Pura do Direito que trata o sistema jurídico positivo, o
ordenamento jurídico, uma norma jurídica que retira o seu pressuposto de
validade de outra norma jurídica que lhe é hierarquicamente superior. A
pirâmide de Kelsen é uma estrutura escalonada que relaciona as normas
de um mesmo sistema jurídico, onde cada norma busca sua validade em
outra que lhe seja superior. No ápice da pirâmide encontra-se a
Constituição, o que significa dizer que não existe nenhuma outra norma
que seja superior à Constituição. Abaixo da Constituição encontram-se as
leis e, abaixo destas, encontram-se as normas infralegais. Desta forma, a
Constituição é hierarquicamente superior às leis e estas são
1hierarquicamente superiores às normas infralegais1.
Por isso, a Constituição é tida como norma-origem, ou seja, é a
norma máxima de um Estado e deve ser observada por todas as demais
normas.

1
De acordo com o STF os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos
celebrados pelo Brasil têm status supralegal, situando-se abaixo da Constituição, mas
acima da legislação interna.

Direito Constitucional - CBFPM MP 13–3


Direito Constitucional - CBFPM MP 13–4
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Classificação das constituições

As Constituições possuem determinadas características,


dependendo do local e época onde foram feitas e, muitas vezes, da
cultura em que surgiram. É destas características que se podem separar os
tipos de constituição de acordo com sua classificação. Os autores
divergem sobre as classificações, para fins deste estudo será utilizada a
classificação abaixo:

Quanto ao modo de elaboração


- Constituição dogmáticas - são aquelas formadas por uma assembleia
nacional constituinte; são o espelho de o que está acontecendo no país
em uma determinada época.
- Constituições históricas - não são feitas com tanta rapidez; são
elaboradas com o passar do tempo e resultam de um lento processo de
formação.

Quanto à forma
- Constituição escrita (ou instrumental) - elaborada em um único texto.
O exemplo de constituição escrita clássico é a nossa CF de 1988.
- Constituição não escrita - é uma constituição costumeira, ou seja, suas
regras não são escritas, mas seguem os princípios e costumes da
sociedade. A constituição do Reino Unido é um exemplo.

Direito Constitucional - CBFPM MP 13–5


CBFPM 2022/2023 – Constituição Federal

Quanto à alterabilidade
- Constituições imutáveis - são aquelas que não são alteradas de jeito
nenhum.
- Constituições rígidas - são aquelas cujo processo para serem alteradas
é extremamente difícil de acontecer. É o caso da nossa atual
Constituição, a CF/1988, art. 60, § 2º. O autor Alexandre de Moraes
classifica nossa constituição como super-rígida porque em alguns pontos
ela seria imutável. Este constitucionalista afirma isso porque existem as
cláusulas pétreas, no art. 60, § 4º.
- Constituição flexível pode ser alterada da mesma forma que se altera
uma lei.
- Constituições semi-rígidas ou semiflexíveis - são aquelas
constituições cujas regras podem ser alteradas, em algumas partes, por
um processo mais simples, iguais aos das leis ordinárias, e, em outras
partes, por um processo mais difícil, como é o caso da constituição
rígida.

Quanto à correspondência com a realidade

-Esse é chamado critério ontológico que busca saber se a constituição


elaborada corresponde a realidade ou não.
São três as espécies:
a) Normativa – são aquelas que correspondem a realidade político-social.
Elas efetivamente regulam a vida da sociedade. A constituição brasileira
é classificada como normativa.
b) Nominativa – são as que não conseguem regular a vida da sociedade
por não corresponderem à realidade política. Elas são prospectadas com
o objetivo de no futuro se tornarem efetivas.
c) Semântica – são as que não possuem desde o início intenção de
regular a vida do estado, mas apenas resguardar os interesses dos
titulares do poder.

Direito Constitucional - CBFPM MP 13–6


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Quanto ao conteúdo
- Constituição material – consiste no conjunto de regras materialmente
constitucionais.
- Constituição formal – o conteúdo não é necessariamente
constitucional.

Quanto à extensão
- Constituição sintéticas - tratam apenas das regras básicas deorganização
do Estado (princípios).
- Constituição analíticas - tratam de tudo o que o poder constituinte
achar relevante, sendo ou não regra básica.

Quanto à finalidade
- Constituição-garantia – tipo clássico cujo objetivo é garantir a
liberdade.
- Constituição-balanço – descreve e registra a organização político
estabelecida.
- Constituição dirigente – estabelece um plano no sentido de uma
evolução política.

A nossa atual Constituição (CF/1988) é dogmática (porque foi feita por


um processo rápido e seguiu os dogmas do país quando foi redigida);
rígida (porque é difícil de ser alterada); promulgada (porque foi
idealizada pelo povo e aprovada por uma Assembleia Nacional
Constituinte); formal (porque suas normas são formalmente
constitucionais); analítica (porque é extensa e abrange tudo o que o poder
constituinte tenha acreditado ser relevante); e dirigente (porque estipula
programas e metas a serem realizados pelo Estado e pela sociedade).

História das Constituições

O Brasil já teve sete constituições, incluindo a atual de 1988.


Constituição de 1824, Constituição de 1891, Constituição de 1934,
Constituição de 1937, Constituição de 1946, Constituição de 1967,
Constituição de 1988.

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3. Classificação das Normas


Constitucionais

As normas constitucionais são dotadas de variados graus de


eficácia jurídica e aplicabilidade, de acordo com a normatividade que
lhes tenha sido outorgada pelo constituinte. Logo, todas as normas
constitucionais são aplicáveis, pois todas são dotadas de eficácia jurídica.

O autor José Afonso da Silva (2018) formulou uma classificação


das normas constitucionais que é predominantemente adotada pela
doutrina e jurisprudência. De acordo com ele, as normas constitucionais,
quanto ao grau de eficácia, classificam-se em:

normas constitucionais de eficácia jurídica plena: são aquelas que,


desde a entrada em vigor da constituição, produzem ou têm possibilidade
de produzir, todos os efeitos essenciais. São aquelas de aplicabilidade
imediata, direta, integral, independentemente de legislação posterior para
sua inteira operatividade. Seu enunciado prescrito é completo e não
necessita, para atuar concretamente, da interposição de comandos
complementares.

normas constitucionais de eficácia jurídica contida: são aquelas que o


legislador regulou suficientemente os interesses relativos à determinada
matéria, mas deixou margem à atuação restritiva por arte da competência
discricionária do poder Público. Têm aplicabilidade direta, imediata, mas
NÃO integral, porque sujeitas a restrições que limitam sua eficácia e
aplicabilidade. Exemplo: art. 5º, inciso XIII.

normas constitucionais de eficácia limitada: são aquelas que não


produzem, com a simples entrada em vigor, os seus efeitos essenciais,
porque o legislador constituinte não estabeleceu sobre a matéria uma
normatividade, deixando essa tarefa para o legislador ordinário ou outro
órgão do Estado. Dependem da emissão de uma normatividade futura.

Direito Constitucional - CBFPM MP 13–8


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4. Poder Constituinte

É o poder de elaborar e modificar normas constitucionais.

Titularidade do poder constituinte: É predominante que a titularidade


do poder constituinte pertence ao povo. Logo, a vontade constituinte é a
vontade do povo expressa por meio de seus representantes. Conforme o
artigo 1º, §U da CF/88, “Todo o poder emana do povo, que o exerce por
meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição”.

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NOTAS DE AULA

5. Teorias do Estado

2
Conceito de Estado : Estado é uma sociedade política, dotada de
algumas características próprias, ou dos elementos essenciais.

Elementos do Estado

a) Território - espaço físico delimitado por fronteiras naturais ou não.

b) Povo - número determinado ou não de indivíduos que habitam o


território unidos, por uma mesma língua, objetivos e cultura.

2
Estado não se confunde com país. Estado é uma sociedade política. País é o componente
espacial de um Estado. País é o habitat do povo de um Estado. O nome do país é Brasil.
Estado é diferente de nação. Estado é uma sociedade política. Nação é um conjunto de
pessoas ligadas pela mesma origem, culturas, língua, história, crença. Nação tem um
conceito sociológico, para nós. Agora, para quem adota a cultura jurídica anglo-saxônica
(EUA, Inglaterra, Austrália) nação é igual a Estado.

Direito Constitucional - CBFPM MP 13–9


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c) Soberania - poder que um país possui de dizer e aplicar o Direito


dentro do seu território, com efeito, erga omnes. Significa, por
exemplo, que o poder do Estado brasileiro, na ordem interna, é
superior a todas as demais manifestações de poder, em âmbito
internacional encontra-se em igualdade com os demais Estados
independentes.

Formas e regimes de Estado

a) Estado unitário: é caracterizado pela existência de uma única


organização política nacional. Regra geral não há, aqui, a existência
de diferentes níveis de governo (federal, estadual, distrital,
metropolitano, municipal, etc.).

b) Estado federado – a federação resulta do vínculo indissolúvel


(vide art. 1º da CF/88) entre unidades autônomas (porém, não
soberanas). Essa organização político-administrativa compreende
esferas de governo distintas e descentralizadas, dotadas de
competências muitas vezes exclusivas ou privativas, no entanto,
normatizadas por uma mesma Constituição Federal (vide art. 18 da
CF/88).

Formas de Governo - define o modo de organização política e de


regência do corpo estatal, ou seja, o modo pelo qual se exerce o poder.
Pode ser:

a) República: quando o poder for exercido pelo povo,


por intermédio de mandatários eleitos
temporariamente. Tem como principais características
a temporariedade, a eletividade e a responsabilidade
política.

b) Monarquia: quando o poder é exercido por quem o


detém naturalmente, sem representar o povo por

Direito Constitucional - CBFPM MP 13–10


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mandato, surge a forma monárquica de governo. Tem


como principais características a vitaliciedade e
hereditariedade.

Sistema de Governo - Refere-se ao modo pelo qual se relacionam os


Poderes Executivo e Legislativo. Pode ser:

a) Parlamentarismo: a função de chefe de Estado é exercida pelo


presidente ou pelo monarca e a de chefe de governo pelo primeiro
ministro, que chefia o gabinete. Parte da atividade do Executivo é
deslocada para o Legislativo. É típico das monarquias
constitucionais.

b) Presidencialismo: o presidente concentra as funções de chefe de


Estado e de chefe de governo. cumpre um mandato por tempo fixo, o
órgão do Poder Legislativo não é Parlamento.

Regimes Políticos - refere-se à acessibilidade do povo e dos governantes


ao processo de formação da vontade estatal. A participação do povo no
processo decisório e a capacidade dos governados de influenciar a gestão
dos negócios estatais comportam gradação variável em função do regime
adotado. Dentro deste critério, tem-se:

a) Regime democrático – Democracia é uma palavra de origem grega


(demos-povo e arché-governo = governo do povo), é o regime político
que todo poder emana da vontade popular. Na clássica definição, é o
governo do povo, pelo povo. Os regimes políticos democráticos, situados
em sua maioria mundo ocidental, se caracteriza por:
- eleições livres;
- liberdade de imprensa;
- respeito aos direitos civis constitucionais;
- garantias para a oposição;
- liberdade de organização;
- expressão do pensamento político.

Direito Constitucional - CBFPM MP 13–11


CBFPM 2022/2023 – Constituição Federal NOTAS DE AULA

b) Regime não democrático: subdividido em totalitário, ditatorial e


autoritário.

- Autoritarismo: os regimes políticos autoritários, localizados na


América Latina, nos anos 1960/1970, e na África do Sul, nos dias de
hoje, operam pela suspensão das garantias individuais e das garantias
políticas. No referido regime as normas constitucionais são manipuladas
ou reeditadas conforme os interesses do grupo ou partido que detêm o
poder.

- Totalitarismo - regime político que está concentrado em uma


pessoa que representa a figura de um comandante supremo. Não há
nenhuma instituição política que possa representar qualquer vestígio de
democracia. Tais regimes ocorreram, entre os anos 1920/1945, na forma
de fascismo na Itália e Espanha, e nazismo na Alemanha.

Direito Constitucional - CBFPM MP 13–12


Direito Constitucional – CBFPM 2022/2023
PARTICIPANTE

2
UD II – Princípios Fundamentais

Notas

Objetivos
Ao finalizar esta unidade, o participante deverá ser capaz
de:

1. Adquirir conhecimentos sobre os princípios


funamentais e direitos e garantias constitucionais.

Direito Constitucional - CBFPM MP 15–1


CBFPM 2022/2023 – Princípios Fundamentais

1. Princípios Fundamentais

O Título I da CF/1988, composto por quatro artigos, é dedicado


aos chamados “princípios fundamentais” do Estado Brasileiro. Em seu art.
1º a CF/1988, em seu caput, resume as características essenciais do
Estado
3
brasileiro2: trata-se de uma federação (forma de Estado), de uma
república
(forma de governo) que adota o regime político democrático (soberania
popular), ainda constitui um Estado Democrático de Direito (limitação do
poder e garantia dos direitos fundamentais), vide art. 1º da CF/88.
Soberania: esse princípio subdivide-se em nacional e popular (direta e
indireta). A soberania nacional determina a não sujeição de um País a
qualquer ordem que não derive de seu governo. Não deve o Brasil obedecer
a ordens de quaisquer outros países, por exemplo, não deve se subordinar a
nenhum outro organismo internacional. A soberania também significa a
capacidade de estabelecer as divisões internas de competência. A soberania
popular é aquela exercida pelo povo, sendo direta quando o povo o faz sem
intermédio, dizendo o que realmente quer, como no plebiscito ou na
iniciativa popular de leis; e indireta quando exercida por meio de
representantes eleitos democraticamente.

Cidadania: em primeira análise, esse princípio corresponde a uma série de


direitos e deveres reservados àqueles que detêm a capacidade eleitoral ativa
e passiva, o que, em outras palavras, quer dizer poder de votar e ser votado.

Dignidade da pessoa humana: significa que todos terão direito a serem


tratados de forma digna, respeitosa e honrosa. Tal princípio traz uma série
de reflexos, como a proibição de tortura, de penas perpétuas, de penas de
morte, etc.

2
Trata-se de uma clausula pétrea art. 60° §4, I
Direito Constitucional - CBFPM MP 15–2
NOTAS DE AULA

Valores sociais do trabalho e a livre iniciativa: ao se respeitar não só os


valores econômicos, que significam alcançar o maior lucro possível em
menor tempo, mas também os valores sociais do trabalho, o constituinte
busca proteger o trabalhador das arbitrariedades, da despedida arbitrária, dos
trabalhos indignos, enfim, uma série de garantias que valorizem o
trabalhador na sociedade e não que o tratem como mera mercadoria. Por sua
vez, a defesa da livre iniciativa visa impedir que algum grupo monopolize o
mercado.

NOTAS DE AULA

Direito Constitucional - CBFPM MP 15–3


Pluralismo político: significa que poderão existir várias concepções, várias
ideias, vários grupos políticos, mesmo que contrários às ideias do governo.

O art. 2º define como Poderes da República Federativa do Brasil,


independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, Executivo e Judiciário.
Consagra o princípio da separação dos poderes.

No art. 3º são explícitos os fundamentos da República Federativa do


Brasil e os objetivos fundamentais a serem buscados pelo Estado brasileiro.

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do


Brasil: I – construir uma sociedade livre, justa e solidária; II – garantir o
desenvolvimento nacional; III – erradicar a pobreza e a marginalização e
reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV – promover o bem de todos,
sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas
de discriminação.

Por fim, no art. 4º são enumerados os dez princípios fundamentais


orientadores das relações do Brasil na ordem internacional. No parágrafo
único do mesmo artigo enuncia um objetivo a ser alcançado no plano
internacional (vide art. 4 da CF*/88).

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações


internacionais pelos seguintes princípios: I – independência nacional; II –
prevalência dos direitos humanos; III – autodeterminação dos povos; IV –
não-intervenção; V – igualdade entre os Estados; VI – defesa da paz; VII –
solução pacífica dos conflitos; VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX
– cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X –
concessão de asilo político.

2. Direitos e Garantias Fundamentais

Na sequencia, o Título II da Constituição de 1988 trata, em cinco capítulos


(arts. 5º ao 17), dos “Direitos e Garantias Fundamentais” garantidos em
nossa Federação pelo ordenamento jurídico. Também conhecidos como
Liberdades Públicas, Direitos Humanos, os Direitos e Garantias funcionam
como freios e limitadores ao poder do Estado frente às pessoas, bem como
de uma pessoa contra outra. São direitos fundamentais:

- Dos direitos e deveres individuais e coletivos (art. 5°)


Direito Constitucional - CBFPM MP 15–4
- Dos direitos Sociais (art. 6°)

- Da Nacionalidade (art. 12)

- Dos Direitos Políticos (art. 14 a 17)

Origem: a necessidade de impor limite e controle aos atos praticados pelo


Estado deu origem aos primeiros direitos fundamentais. Surgiram, como
normas que buscavam restringir a atuação do Estado, em favor da liberdade
do indivíduo.

Distinção entre direitos e garantias

Direitos são prerrogativas legais que visam concretizar a convivência


digna, livre e igual de todas as pessoas. Representam, por si só, certos bens e
vantagens prescritos na norma constitucional. São também conhecidas como
disposições meramente declaratórias, pois apenas imprimem existência legal
aos direitos reconhecidos. Garantias destinam-se a assegurar a fruição desses
bens. Os direitos são principais, as garantias são acessórias. São as
disposições assecuratórias, pois se colocam em defesa dos direitos,
limitando o poder do Estado ou de outra pessoa. Enquanto os direitos
identificam-se pelo caráter declaratório e enunciativo, as garantias
caracterizam-se pelo seu caráter instrumental. Exemplo: “VI - é inviolável a
liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos
cultos religiosos” – art. 5°, VI (direito) – se garantido na forma da lei a
proteção aos locais de culto e suas liturgias (garantia).

Direito Constitucional - CBFPM MP 15–5


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Por fim, devem-se diferenciar garantias fundamentais de remédios

constitucionais . Estes últimos são espécies do gênero garantia. Todo


remédio constitucional é uma garantia fundamental, mas nem toda a
garantia fundamental é um remédio constitucional. Ex: a liberdade de
locomoção é uma posição jurídica necessária à satisfação de uma
necessidade, é um direito constitucional que quando violado é garantido por
uma garantia (e também um remédio) chamado de Habeas corpus.
Remédios constitucionais são um instrumento processual, uma ação
constitucional.

Características dos Direitos Fundamentais: de acordo com o autor Pedro


Lenza (2017, p.1032), os direitos fundamentais têm como características:

a) historicidade: decorrem de uma evolução histórica, desde o


cristianismo até os dias atuais.

b) universalidade: destinam-se de modo indiscriminado a todos os seres


humanos.

c) limitabilidade: não são absolutos (relatividade), todos são limitados.


Esta característica decorre do princípio da livre convivência dos direitos
fundamentais (a vida e a liberdade são limitadas, pois se pode matar em
legitima defesa e existem prisões).

d) concorrência: podem ser exercidos cumulativamente, quando, por


exemplo, o jornalista transmite uma notícia (direito a informação) e,
juntamente, emite sua opinião (direito a opinião);

e) irrenunciabilidade: em regra, não podem ser objetos de renúncia.

Cabe salientar que o autor José Afonso da Silva (2018, p. 185) ainda
elenca outras duas:
a) imprescritibilidade: não desaparecem pelo decurso do tempo.
b) inalienabilidade: não há possibilidade de transferência dos direitos
fundamentais a outrem.
c) Impenhorabilidade: por não possuirem um valor comercial não há
como penhorar direitos fundamentais

4
Os remédios constitucionais são eles: o Habeas Corpus, Habeas Data, o Mandado de
Segurança, o Mandado de Injunção a Ação Popular.

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Classificação dos direitos fundamentais: Conforme Vicente Paulo &


Marcelo Alexandrino (2017, p. 40) os direitos fundamentais são
5
classificados em gerações (ou dimensões ) levando-se em conta o momento
de seu surgimento.

Direitos fundamentais de primeira geração: são os denominados direitos


civis e políticos e as liberdadesnegativas (obrigações de não fazer do Estado)
representados pela palavra - Liberdade

Direitos fundamentais de segunda geração: gerou ao Estado a Obrigação


de fazer, ou seja, fez com que o Estado criasse condições básicas para a
população, enaltecendo os direitos culturais e economicos. Representado
pela palavra – Igualdade.

Direitos fundamentais de terceira geração: consagram os princípios da


solidariedade e da fraternidade. Protegem os interesses coletivos ou difusos
(todo o gênero humano). Exemplo direito ao meio ambiente.
Direitos fundamentais de quarta dimensão: compreendem os direitos à
democracia, a informação e ao pluralismo,ainda versa sobre o futuro da
cidadania e aos avanços da engenharia genética.

Direitos fundamentais de quinta dimensão: atualmente o Prof. Paulo


Bonavides (2016) considera a paz um direito de quinta dimensão.

Funções dos Direitos Fundamentais:

Função de defesa ou de liberdade: os direitos Fundamentais funcionam


como um muro de defesa que nos protegem contra a arbitrariedade do
Estado.

Função de prestação: os direitos fundamentais devem suprir as


necessidades dos indivíduos, superando as desigualdades materiais.

Função de proteção perante terceiros: O Estado tem o dever de proteger


os titulares dos direitos fundamentais frente à ação de terceiros. O Estado

Direito Constitucional - CBFPM MP 15–7


CBFPM 2022/2023 – Princípios Fundamentais NOTAS DE AULA

tem a obrigação de adotar medidas positivas necessárias à proteção dos


direitos fundamentais. Chamam-se de deveres fundamentais de proteção.
Seria Inconstitucional uma lei que descriminalizasse o homicídio, pois o
Estado tem o dever de proteger os titulares dos direitos fundamentais frente
à ação de terceiros.

Aplicabilidade dos direitos fundamentais – conforme o art. 5° §1°, em


regra, os direitos fundamentais têm aplicação imediata. Entretanto, há
direitos fundamentais de eficácia limitada, dependentes de regulamentação
ordinária para a produção de seus efeitos plenos, exemplos incisos XX e
XXVII do art. 7° da CF/88.

Restrições e suspensões admitidas constitucionalmente - a Constituição


brasileira reconhece em situações excepcionais e gravíssimas a possibilidade
de restrição ou supressão temporária de direitos e garantias fundamentais
(Estado de defesa e estado de sítio), prevendo-se sempre, porém,
responsabilização do agente público em caso de utilização dessas medidas
de forma injustificada e arbitrária.

Tratados e convenções internacionais com força de emenda


constitucional – a CF/88 estabelece que os tratados e convenções
6
internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa
do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos
respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais (art. 5º

§3°),

Direito Constitucional - CBFPM MP 15–8


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3. Direitos Individuais em Espécie


O art. 5° enuncia a maior parte dos direitos fundamentais. O caput
desse artigo enumera cinco direitos fundamentais básicos (vida, liberdade,
igualdade, segurança e propriedade).

Direito à vida: é o mais elementar dos direitos fundamentais, sem vida,


nenhum outro direito pode ser fruído. Pode ser visto sob uma dupla acepção:
Direito sob o prisma biológico: integridade física e psíquica (desdobrando-se
no direito à saúde, vedação à pena de morte, na proibição do aborto). Direito
a uma existência digna: Nesses termos, o art. 170 da CF traz como umas das
finalidades da ordem econômica o direito a uma existência digna.
 A Constituição fala que o direito à vida é inviolável e, por outro lado,
por ser um direito fundamental, também será irrenunciável. Qual a diferença
entre os dois aspectos? A irrenunciabilidade protege o direito à vida contra
o seu próprio titular. Refere-se ao fato de o titular não poder abrir mão do
seu direito. Ex.: testemunhas de Jeová, que por princípios religiosos não
aceitam transfusões de sangue em seu corpo, mas mesmo assim são
obrigadas, em caso de risco de vida, a se submeter a tal tratamento, tendo em
vista a irrenunciabilidade do direito a vida. A inviolabilidade protege o
direito à vida de sua violação por parte de terceiros. Contudo, em algumas
situações esse direito pode ser violado legitimamente, demonstrando não ser
a vida um direito absoluto. Vejamos alguns casos:

a. Colisão do direito a vida de titulares diversos: Ex.: Estado de


necessidade; Legítima defesa; aborto em gravidez de risco. Vê-se, pelos
exemplos, que o direito à vida não é absoluto e pode ceder em caso de
conflito com outro direito à vida, por exemplo.

b. Colisão do direito à Vida com outros direitos: mesmo nessa espécie


de conflito, nem sempre o direito à vida irá prevalecer. Ex.: na ponderação
entre o direito à vida e à segurança do Estado, o legislador entendeu que o
segundo deveria prevalecer e constitucionalizou a pena de morte em tempo
de guerra (CF, XLVII); Ex.: ponderação entre direito à vida e o direito da

Direito Constitucional - CBFPM MP 15–9


CBFPM 2022/2023 – Princípios Fundamentais NOTAS DE AULA

gestante no caso de estupro – pela ponderação, foram privilegiados os


direitos à dignidade da gestante.

Direito à liberdade – a liberdade assegurada no caput do art. 5º da CF/88


deve ser entendida em sua mais ampla acepção. Compreende não só a
liberdade física, de locomoção, mas também a liberdade de crença, de
convicções, de expressão de pensamento, de reunião, de associação, etc.

Direito à liberdade de manifestação do pensamento - Art. 5º, IV - a


CF/88 não protege o pensamento em si (e nem precisa, pois qualquer um
pode pensar o que bem entender sem necessidade de qualquer previsão),
mas sim a liberdade de manifestar ou expressar o pensamento. Vedação do
anonimato: A principal finalidade é permitir a responsabilização no caso de
manifestações abusivas ou que violem direitos de terceiros.

5 Disque denúncia (denúncia anônima) serve como prova processual, uma vez que a CR
veda o anonimato? A investigação pela autoridade competente é autônoma em relação à
denúncia. Não se admite a denúncia anônima, pura e simples, como prova processual;
contudo, se o disque denúncia servir apenas para que a autoridade investigue (inquérito) e
colha as provas válidas para a instauração do processo, não haverá inconstitucionalidade.
II .As provas colhidas a partir da denúncia anônima não seriam ilícitas por derivação (teoria
dos frutos da árvore envenenada)? O STF entende que a investigação é autônoma em
relação à denúncia anônima, logo não fica contaminada por ter sido desencadeada por esta.
III. Bilhetes ou cartas apócrifos (sem assinatura) servem como prova? Em regra não.
Exceções Admitidas pelo STF: Quando constituírem o próprio corpo de delito do crime: O
STF admite quando o bilhete constitui o próprio corpo de delito do crime (ex: carta
injuriosa é o corpo de delito do crime contra a honra, logo é válida como prova). Quando
forem produzidos pelo próprio acusado: O STF admite quando o bilhete sem assinatura é
produzido pelo próprio acusado (ex: bilhete que o sequestrador pede o resgate). Claro que a
utilização do elemento como prova dependerá de perícia etc.

Direito Constitucional - CBFPM MP 15–10


CBFPM 2022 – Princípios Fundamentais NOTAS DE AULA

Direito Constitucional - CBFPM MP 15–11


Liberdade de consciência, crença e culto – Art. 5º, VI - Culto é forma de
exteriorização da crença. A Liberdade de consciência é mais ampla delas.
Pode se referir ao fato de a pessoa ter crença ou até mesmo não ter crença,
além de poder se referir à consciência política, filosófica etc. liberdade de
crença. Desde o advento da República, o Estado brasileiro é considerado um
Estado laico3, não confessional ou secular. A utilização de crucifixos, que
são símbolos da cultura brasileira, em locais públicos, segundo o CNJ, não
violando a laicidade do Estado.

Escusa de consciência ou imperativo de consciência (art. 5º, VIII):


Ocorre quando um indivíduo deixa de fazer algo em virtude da sua crença.
Quando não quiser cumprir uma obrigação imposta a todos, ele deverá
cumprir uma prestação alternativa fixada em lei. Caso não cumpra nenhuma
das duas, ocorrerão restrições nos seus direitos políticos.

3
O que é Estado Laico? Estado Laico é aquele que não tem religião oficial. Há uma separação
entre Estado e Igreja. Não são liberdades absolutas, pois pelo princípio da relatividade ou da
convivência das liberdades públicas, todos os direitos fundamentais podem ser limitados. Diante
disso, não pode o cidadão fazer qualquer coisa sob a alegação de estar exercitando sua liberdade
de consciência ou de crença. II A liberdade de consciência é mais ampla que a liberdade de
crença ou de culto, pois a primeira contém o direito a liberdade filosófica, política e até a própria
liberdade de crença. III A liberdade de culto é a própria manifestação ao direito de liberdade de
crença. Em que pese a CF proteger templos com medidas como imunidade tributária, não limita
os cultos aos templos. O direito de crença e culto pode ser exercido em qualquer lugar, desde que
respeite os limites da CF para as manifestações em geral. IVEm que pese o povo brasileiro seja
bastante religioso, o Estado brasileiro não possui religião oficial. Assim, o Brasil é um Estado
Laico, Leigo ou Não Confessional. V O Brasil passou a ser um Estado Laico a partir da
proclamação da República, em 1890. Essa posição adotada pelo Estado Brasileiro implica uma
neutralidade em relação às religiões.

Direito Constitucional - CBFPM MP 15–12


CBFPM 2022/2023 – Princípios Fundamentais NOTAS DE AULA

Princípio da igualdade ou isonomia: • Principio da igualdade ou isonomia

a) Igualdade formal – todos são iguais perante a lei, igualdade jurídica

b) Igualdade material – igualdade efetiva, substancial: “tratar os iguais com


igualdade e os desiguais com desigualdade, na medida das suas desigualdades”

Ex. O direito das mulheres de se aposentarem antes dos homens

Direito à segurança: se refere à segurança jurídica, à estabilidade (um


cidadão não pode ser investigado em um inquérito por 20 anos, pois ele não
teria segurança, estabilidade em sua vida). Desta segurança jurídica
decorrem os prazos processuais, prescricionais e decorre também a trilogia
10
da irretroatividade (art. 5°, XXXVI ). Diferentemente do art. 6° “caput”,
que fala em segurança, referindo-se sim à segurança pública, já que o art. 6°
se refere aos direitos fundamentais de segunda geração.

PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA (ART. 5º, LVII)

A presunção de inocência (CF, art. 5º, LVII), estabelece que ninguém será
considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória, consagrando a presunção de inocência, um dos princípios
basilares do Estado de Direito como garantia processual penal. Dessa forma
vemos a preocupação do Estado em garantir a liberdade pessoal.

O indivíduo é considerado inocente, e a dúvida somente pode beneficiar o


réu. A prisão em segunda instância é um tema que já gerou muitas
interpretações diversas. Porém em 17 de fevereiro de 2016 o Plenário do
STF decidiu pelo posicionamento de autorizar novamente a execução da
pena após decisão proferida em 2º grau, no julgamento do HC 126.292,
relatado pelo Ministro Teori Zavascki. Essa posição foi confirmada pela
Corte, no julgamento do HC 152752, relatado pelo Ministro Edson Fachin,
em 4 de abril de 2018.

INVIOLABILIDADE DE DOMICÍLIO

O art. 5º, XI, refere-se à casa como asilo inviolável. Para nela penetrar é
necessário consentimento do morador ou ordem judicial, desde que expedida
Direito Constitucional - CBFPM MP 15–13
para efetivá-la durante o dia, exceto nas hipóteses de flagrante delito, para
prestar socorro ou no caso de desastre.

O Código Penal traz o conceito “casa” em seu art. 226, § 4º:


§ 4º:O termo "casa" compreende:
I - qualquer compartimento habitado;
II - aposento ocupado de habitação coletiva;
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce
profissão ou atividade.
§ 5º Não se compreende no têrmo "casa":
I - hotel, hospedaria, ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto
aberta, salvo a restrição do nº II do parágrafo anterior;
II - taverna, boate, casa de jôgo e outras do mesmo gênero.

A lei ao dizer “qualquer compartimento habitado”, o que abrange móveis e


imóveis. São exemplos de “qualquer compartimento habitado”: a casa; o
pequeno barraco debaixo da ponte – que é uma casa -; barcos e vagões de
trem utilizados como dormitórios; a boleia do caminhão; contêineres
utilizados para a moradia; trailer; motorhome; locais que as pessoas dormem
na rua, no chão ou sobre um colchão, e colocam seus pertences ao lado –
este espaço goza de proteção constitucional e é considerado “qualquer
compartimento habitado”, pois é o local em que essas pessoas moram.

Aposento ocupado de habitação coletiva: local para a moradia, hospedagem


ou permanência de várias pessoas, como os quartos de um hotel ou uma
pensão; apart-hotel repúblicas; flats. O local deve estar ocupado para ser
considerado “casa”, ainda que por uma pessoa que não esteja dentro do
quarto, portanto, um quarto de hotel vazio não goza de proteção
constitucional. Destaca-se que somente os locais destinados a ocupação
exclusiva de pessoas pode ser considerado “casa”, razão pela qual os locais
de uso comum, como os corredores dos hotéis, a sala de espera e a
recepção, não são considerados “casa”.

Compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou


atividade: contempla o espaço de trabalho, assegurando a tranquilidade
para o desempenho das funções, seja público ou privado, pois a lei não
distingue, o espaço fechado ao público é considerado “casa” e possui
proteção constitucional. Ex. atrás do balcão de um bar; o escritório de
advocacia; a parte interna dos cartórios judiciais e extrajudiciais;
cozinhas de bares, restaurantes e hotéis, quando não houver o direito de
visitação; o local onde as garotas de programa atendem seus clientes em
uma casa da prostituição.

Não existindo flagrante, desastre ou prestação de socorro, somente a


Direito Constitucional - CBFPM MP 15–14
autoridade judicial pode autorizar a entrada de alguém em domicílio,
durante o dia e sem o consentimento do morador. Nem mesmo a
autoridade policial, membro do Ministério Público ou da administração
tributária, podem ingressar em domicílio alheio, desprovido de ordem
judicial, para realizar qualquer tipo de diligência ou mesmo apreender
objetos.

O entendimento do que seja “dia” falando no ingresso na casa. O


entendimento dominante na doutrina é o de que dia refere-se ao período
em que haja luz solar. Ao final do dispositivo existe ainda a necessidade
de determinação judicial, sem a qual não será possível o ingresso.

Direito adquirido: Art. 5º, XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico
perfeito e a coisa julgada.  É cláusula pétrea, pois trata de direito individual.

Direito Constitucional - CBFPM MP 15–15


CBFPM 2022/2023 – Princípios Fundamentais NOTAS DE AULA

Direito à propriedade: É o direito fundamental de usar, gozar, dispor e


reivindicar os seus bens. Assim como os demais não é absoluto. A relatividade
deste Direito mostra-se, por exemplo, com a possibilidade de desapropriação,
prevista no Art. 5°, XXIV. Bem como a possibilidade de requisição de bens
particulares, forte na norma do Art. 5°, XXV.
A função social da propriedade tambem não é direito absoluto, na medida em
que, descumprida tal função, podera o Estado intervir na esfera dominical do
bem.
desapropriação (art. 5º, XXIV): existem três hipóteses dedesapropriação:
- necessidade pública: a transferência do bem é imprescindível, tendo
em vista situações de emergência. Ex.: desapropriação de imóvel para
salvaguardar a segurança nacional.
- utilidade pública: não é imprescindível, mas é conveniente. Ex.:
desapropriação de imóvel para construção de escola.
- interesse social: a transferência é feita para gerar benefícios sociais. É
a única forma que justifica a transferência do bem desapropriado para outro
particular. Ex.: desapropriação de terras para reforma agrária.

11 Existem duas interpretações quanto à relação: 1ª: José Afonso da Silva: O Direito de
propriedade só é garantido se a propriedade atender à sua função social. Crítica: Por essa
interpretação, se o MST invade uma propriedade improdutiva (sem função social), tal
atitude seria legítima. Não há como compactuar com algo assim. Mesmo não cumprindo a
função a propriedade tem uma proteção. 2ª: Daniel Sarmento: Se a propriedade cumpre a
sua função social ela terá uma proteção maior do que aquela que não cumpre, ou seja, não é
pelo fato de não cumprir a função social que o direito à propriedade deixa de ser protegida.
A diferença reside no grau de proteção, que será maior em relação à propriedade que
cumpre a função social a ela incumbida.

Direito Constitucional - CBFPM MP 15–16


CBFPM 2022/2023 – Princípios Fundamentais

Requisição Civil (Art. 5º, XXV)


Desapropriação (Art. 5º, XXIV)
Requisição Militar (Art. 5º, VII)

Bens Bens e serviços


Aquisição da propriedade Apenas uso da propriedade (uso
(transferência compulsória) temporário compulsório)
Necessidades permanentes. Necessidades transitórias.
Ex.: construir um hospital Ex.: guerra, calamidade
Acordo ou processo judicial Autoexecutória
Indenizável (posterior) apenas
Sempre indenizável
quando há dano.
Indenização sempre será prévia,
justa e, em regra, em dinheiro.
OBS -> Só não será em dinheiro
nas desapropriações sanção. São
duas hipóteses
a) Imóvel Urbano – Indenização sempre posterior, até
desatendimento da função social, porque depende da apuração dos
nos termos do plano direto. danos.
Pagamento com dívida pública
b) Imóvel Rural – não
atendimento da função social,
justificada no interesse social,
para fins de reforma agrária.

Direito Constitucional - CBFPM MP 15–17


MANUAL DO
Direito Constitucional – CBFPM 2022/2023
PARTICIPANTE

3
UD III – Divisão Orgânica dos Poderes

Notas

Objetivos
Ao finalizar esta unidade, o participante deverá ser capaz
de:

1. Identificar a divisão orgânica dos poderes.

Direito Constitucional - CBFPM MP 16–1


CBFPM 2022/2023 – Divisão Orgânica dos Poderes NOTAS DE AULA

1. Divisão Orgânica dos Poderes

A Constituição Federal de 1988, como de tradição, adotou o sistema


tripartido de separação dos poderes, que são as de administrar, legislar e
julgar. No Brasil, essas três funções são exercidas pelo Poder Executivo,
Legislativo e Judiciário, respectivamente. Essa separação procura,
principalmente, evitar abusos de poder, já que um poder fiscaliza e limita a
atuação do outro. Esse sistema denomina-se “pesos e contrapesos”. A
divisão dos poderes, no entanto, não é absoluta, sendo que cada um dos
poderes exerce, em menor ou maior grau, todas as funções.

2. Poder Legislativo

Possui a função precípua de elaborar leis, ou seja, legislar. Além


dessa função, também cabe ao Legislativo a fiscalização e o controle dos
atos do Executivo, função esta exercida com apoio do Tribunal de Contas. O
Poder Legislativo federal é bicameral, composto por duas câmaras, exercido
pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do
Senado Federal. Não há hierarquia entre as casas, sendo que o que uma
decidir será revisto pela outra.

Congresso Nacional: é um órgão que representa o Poder Legislativo, sendo


formado pelo conjunto de duas casas, quais seja, a Câmara dos Deputados e
o Senado Federal, cada qual com seus regimentos internos próprios.

Suas atribuições estão elencadas no art. 49 da CF/88.

Direito Constitucional - CBFPM MP 16–2


CBFPM 2022/2023 – Divisão Orgânica dos Poderes NOTAS DE AULA

Câmara dos Deputados: compõe-se de representantes do povo, eleitos pelo


sistema proporcional, segundo o qual o número de deputados varia de
acordo com a população do Estado, respeitando-se o limite mínimo de oito e
o máximo de setenta deputados federais por Estado. A Constituição cita as
competências privativas da Câmara dos Deputados (art. 51).

Senado Federal: é a casa legislativa que representa os Estados, sendo que,


ao invés de seguir o sistema proporcional, segue o princípio majoritário.
Cada Estado e o Distrito Federal elegem três senadores. O art. 52 da
Constituição Federal de 1988 enumera as atribuições do Senado Federal.

Quorum para deliberação: via de regra, as deliberações serão tomadas por


maioria simples, presente a maioria absoluta dos membros da casa. Em
casos excepcionais, é necessário quorum qualificado, exigindo-se, por
exemplo, maioria absoluta para cassar mandato parlamentar, aprovar lei
complementar, exonerar ou aprovar o procurador-geral da República e
aprovar nomes indicados para ministro do Supremo Tribunal Federal.

Direito Constitucional - CBFPM MP 16–3


CBFPM 2022/2023 – Divisão Orgânica dos Poderes NOTAS DE
AULA

Exige-se, por sua vez, maioria de dois terços da Câmara dos Deputados para
autorizar instauração de processo por crime de responsabilidade, três quintos
para aprovar emenda constitucional.

Sessões legislativas: cada legislatura dura quatro anos, compreendendo


quatro sessões legislativas (uma a cada ano). As sessões legislativas são
divididas em dois períodos, o primeiro de 02 de fevereiro a 15 de julho e o
segundo de 1º de agosto a 22 de dezembro. Pode haver sessões legislativas
extraordinárias no período de recesso, convocadas pelo presidente do
Senado nos casos de intervenção federal, estado de defesa ou estado de sítio
e convocadas pelo presidente da República, do Senado ou da Câmara em
caso de extrema urgência. Nessas sessões, serão decididas apenas as
matérias para as quais foram convocadas, salvo se existirem medidas
provisórias, que serão automaticamente inseridas na pauta de votação.

Imunidades parlamentares:Os parlamentares por ocuparem uma função


essencial na organização política do Estado possuem Imunidades. As
imunidades são prerrogativas inerentes a sua função que têm como objetivo
garantir a sua independência durante o exercício do seu mandato. Um ponto
que deve ser lembrado é que a imunidade não pertence à pessoa, e sim ao
cargo, motivo pelo qual é irrenunciável. Isso significa que o parlamentar só
a detém enquanto estiver no exercício de sua função.
São dois os tipos de imunidade:
1. Imunidade material
2. Imunidade formal
A imunidade material é uma verdadeira irresponsabilidade absoluta.
Também conhecida como inviolabilidade parlamentar, ela isenta o seu
titular de qualquer responsabilidade civil, penal, administrativa ou mesmo
política, no que tange às suas opiniões, palavras e votos.
Mas atenção, essa prerrogativa diz respeito apenas às opiniões, palavras e
votos proferidos no exercício da função parlamentar durante o seu mandato,
ainda que a busca pela responsabilização ocorra após o término do seu
mandato. Não importa se está dentro do recinto parlamentar ou fora dele. O
que importa é que seja praticado na função ou em razão da função
Direito Constitucional - CBFPM MP 16–4
parlamentar.
As imunidades formais são prerrogativas de ordem processual e ocorrem
em relação:
1. Ao foro de julgamento
2. A prisão
3. Ao processo
A prerrogativa de foro decorre do previsto no artigo 53, § 1º da CF. Como
pode se depreender do texto constitucional, a partir da expedição do
diploma, o parlamentar será julgado perante o STF, nas ações de natureza
penal, sem necessidade de autorização da Casa legislativa a qual pertence.
Ressalte-se que o parlamentar será julgado no STF por infrações cometidas
durante o exercício do cargo ou que estejam relacionadas ao exercício da
função parlamentar, inclusive, segundo a nova orientação do Supremo, caso
já tenha
sido finalizada a instrução processual com a publicação do despacho de
intimação para alegações finais, a competência para julgamento
permanecerá com o STF ainda que o parlamentar deixe o cargo por
qualquer motivo (INFO: 900 STF). Não estão incluídas nessa prerrogativa
as ações de natureza cível.
Em relação a prisão, o parlamentar só poderá ser preso em flagrante delito
de crime inafiançável conforme previsão do § 2º do artigo 53. Essa
prerrogativa inicia sua abrangência a partir da diplomação e alcança
qualquer forma de prisão, seja de natureza penal ou civil. A manutenção
dessa prisão depende de manifestação da maioria absoluta dos membros da
Casa. Apesar do texto constitucional não prever, interpreta-se de forma
lógica que o Parlamentar será preso no caso de uma sentença penal
condenatória transitada em julgado.

Direito Constitucional - CBFPM MP 16–5


CBFPM 2022/2023 – Divisão Orgânica dos Poderes NOTAS DE AULA

3. Espécies Legislativas

Espécies Legislativas (art. 59 da CF): as espécies legislativas são


os objetos do processo legislativo, podendo se manifestar das seguintes
maneiras:

Emendas constitucionais (Art. 60 da CF): as emendas à Constituição


inserem, no texto constitucional, novas determinações, estando o legislador
atuando como constituinte derivado. Podem dar início a uma emenda um
terço, no mínimo, dos membros de qualquer das casas legislativas (Câmara
ou Senado), o presidente da República ou mais da metade das Assembleias
Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas,
pela maioria relativa de seus membros. A proposta de emenda constitucional
será votada e discutida em cada uma das casas legislativas e será
considerada aprovada se obtiver voto favorável de pelo menos três quintos
dos votos de seus parlamentares. Assim sendo, não será objeto de votação a
emenda que queira abolir as cláusulas pétreas:

- a forma federativa do Estado,


- o voto direto, secreto, universal e periódico,
- a separação dos Poderes,
- os direitos e garantias individuais.

Direito Constitucional - CBFPM MP 16–6


 Interpretação da expressão “tendente a abolir”: é a proteção do núcleo
essencial de determinados princípios e institutos, e não a sua intangibilidade
literal. Conforme o entendimento do STF, o que as cláusulas pétreas
protegem não é a intangibilidade literal do dispositivo, mas sim o seu
núcleo essencial.

OBS Os direitos individuais se restringem ao art. 5º da CF?

Conforme entendimento do STF, os direitos e garantias individuais


apesar de sistematicamente elencados no art. 5º não se restringem a ele, pois
se encontram espalhados por todo o texto constitucional. Exemplos de
direitos individuais espalhados pela CF que o STF já declarou como
cláusula pétrea:

a) Princípio da anterioridade eleitoral (art. 16 da CF) é cláusula pétrea,


mas não por ser um direito político e sim por ser uma garantia individual do
cidadão eleitor. Caso da verticalização. TSE edita resolução e exige que
coligações sejam verticalizadas, o congresso vai lá e edita emenda
autorizando a coligação livre. STF disse que tal emenda não se aplicaria às
eleições do ano da promulgação da EC, tendo em vista a garantia individual
do art. 16, cláusula pétrea.

b) Princípio tributário da anterioridade (art. 150, III, “b”) também é


garantia individual do cidadão contribuinte, logo é cláusula pétrea.

Leis complementares (art. 61 e 69 da CF): são leis para as quais o


constituinte reservou certas matérias consideradas de maior importância.
Essas leis exigirão, para que sejam aprovadas, os votos da maioria absoluta
das respectivas casas.

Leis ordinárias: como o próprio nome diz, são aquelas que tratam de todas
as matérias possíveis, sem qualquer rito especial para sua aprovação
(requerem somente maioria simples, que significa mais da metade dos
presentes). Existem basicamente duas limitações às leis ordinárias, quais
sejam: não podem dispor sobre matérias reservadas à lei complementar nem
tratar sobre assuntos de competência privativa das casas legislativas.

Direito Constitucional - CBFPM MP 16–7


CBFPM 2022/2023 – Divisão Orgânica dos Poderes NOTAS DE AULA

Leis delegadas (art. 68 da CF): são elaboradas pelo presidente da


República, mediante autorização expedida pelo Congresso Nacional, para
determinados assuntos. O Congresso Nacional pode, quando da autorização,
determinar que a lei fique condicionada a uma posterior votação, que será
única e sem a possibilidade de emendas.

Medidas provisórias (art.62 da CF): a faculdade de que o presidente da


República dispõe de expedir medidas provisórias permite a ele que tome
medidas com força de lei, quando houver uma grande urgência e relevância.
Depois de publicada, a medida provisória é encaminhada ao Congresso para
que se decida se transforma a medida em lei ou se será derrubada. Esse
instrumento, porém, sofre uma série de modificações inerentes à sua
característica de urgência, como por exemplo:

- não pode tratar de nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos


políticos, direito eleitoral, Direito Penal, Direito Processual Penal e
Processual Civil, organização do Judiciário e do Ministério Público,
matérias orçamentárias, sequestro de bens ou aplicações financeiras;

- não pode dispor sobre matérias reservadas às leis complementares, nem


matérias já disciplinadas pelo Congresso Nacional e pendentes de sanção
presidencial;

- terão duração de, no máximo, 60 dias, prorrogáveis por mais 60;

- se a medida não for apreciada pelo Congresso em 45 dias, será incluída


em caráter de urgência na pauta de votação, nada mais podendo ser votado,
caso não seja votada a medida provisória;

- não se pode reeditar medida provisória que já tenha sido rejeitada ou


que tenha perdido sua eficácia por não ter sido apreciada.

Decretos legislativos e resoluções: os decretos legislativos, na verdade, são


leis que não precisam de sanção do presidente. Serão sempre utilizados
quando se tratar de questões referentes às competências exclusivas da casa
Legislativa, tendo sempre uma força normativa para toda a sociedade
Direito Constitucional - CBFPM MP 16–8
(externa). São elaborados pelo Congresso Nacional, com tramitação por
ambas as casas e aprovados por maioria relativa. As resoluções, por sua vez,
são atos de caráter interno, que visam regular o bom funcionamento das
atividades legislativas. São elaboradas pelo Congresso Nacional ou por cada
casa legislativa de forma isolada, sempre por maioria relativa. Essa espécie
legislativa também prescinde de sanção presidencial.

4. Poder Executivo

Poder Executivo - no Brasil, será exercido pelo presidente da


República, auxiliado pelos ministros de Estado. As atribuições do presidente
da República estão listadas no art. 84 da Constituição Federal.

São delegáveis aos ministros de Estado, ao procurador-geral da


República ou ao advogado-geral da República as atribuições de expedir
decretos sobre a organização da administração federal, conceder indulto ou
comutar penas, prover os cargos públicos e, por fim, extingui-los, quando
vago.

Caso o presidente da República cometa algum crime, só poderá ser


processado se a Câmara dos Deputados autorizar (por dois terços de seus
membros). Em se tratando de crimes comuns (previstos no Código Penal),
será ele julgado pelo Supremo Tribunal Federal. Nas hipóteses de crime de
responsabilidade, o presidente da República será julgado pelo Senado.

São crimes de responsabilidade todos aqueles atos que atentem contra


a Constituição.

Requisitos para ser presidente da república (são os mesmos para o


vice): ser brasileiro nato; idade mínima de 35 anos (adquire a capacidade
política absoluta), filiação partidária (art. 14, § 3°), plenitude do exercício
dos direitos políticos (não os ter perdido nem suspenso) e não incorrer em
nenhuma das causas do art. 15.

CBFPM 2022/2023 – Divisão Orgânica dos Poderes

Direito Constitucional - CBFPM MP 16–9


O presidente e o vice são eleitos conjuntamente, pelo sistema eleitoral NOTAS DE AULA
13
majoritário . Tomam posse em sessão conjunta do Congresso Nacional. O
presidente ou o vice devem tomar posse até o dia 11 de janeiro, sob pena
dos cargos serem declarados vagos pelo Congresso Nacional.

O vice–presidente desempenha missões especiais a mando do


presidente (pois não existe Lei Complementar sobre suas atribuições, art.
79, parágrafo único).

Diferença entre sucessão x substituição: Sucessão em sentido restrito


ocorre nos casos de vacância (é definitiva, morte, renúncia), diferentemente
de impedimentos (temporário, viagens, férias, licença). Substituição se dá
nos casos de impedimentos. Somente o vice-presidente sucede o presidente
no exercício do cargo (é definitivo). As demais autoridades na linha
sucessória somente substituem o presidente.

Vacância do cargo de presidente (Art. 81, § 1°):

Vacância do cargo nos primeiros


dois anos: 1. Eleições DIRETAS em 90 dias

Vacância do cargo nos últimos


dois anos: 2. Eleições INDIRETAS em 30 dias

13 Sistemas eleitorais: são regras que definem quais são os eleitos e como eles são eleitos:
Sistema eleitoral majoritário: valoriza-se o candidato registrado por partido político.
Adotado nas eleições para presidente, governador, prefeito e senador. Majoritário
absoluto (ou com segundo turno de votação): eleição para presidente, governador e prefeito
com mais de 200.000 eleitores. A CF neste caso exige que quem ganhar alcance no mínimo
a maioria absoluta dos votos válidos (são aqueles ofertados subtraindo-se os em branco e os
nulos – art. 77 § 2°) > o Sistema Majoritário absoluto existe para que não seja eleito um
chefe do executivo com somente 20% de legitimidade do eleitorado nacional. Majoritário
simples: eleição para senador e prefeito com menos de 200.000 eleitores. Sistema eleitoral
proporcional: valoriza-se o Partido Político pelo qual o candidato está disputando a
eleição. Este sistema é adotado nas seguintes eleições: deputados federais, deputados
estaduais e vereadores. Neste sistema nem sempre o candidato mais votado será eleito.
Existe o Voto de Legenda. Regas são definidas no Código Eleitoral. Exemplo: 1 Milhão de
votos válidos p/ deputado federal em um estado que tenha 10 deputados (se divide 1 milhão
por 10 que dá 100.000 – quociente eleitoral).

Direito Constitucional - CBFPM MP 16–10


CBFPM 2022/2023 – Divisão Orgânica dos Poderes NOTAS DE AULA

Ministros de Estado: terão a função de auxiliar o presidente da República,


orientando os órgãos da administração relacionados à sua área de atuação,
expedindo decretos e resoluções, e praticando os demais atos que lhes sejam
designados. Serão escolhidos pelo presidente da República, dentre quaisquer
brasileiros com mais de 21 anos de idade e que detenham seus direitos
políticos.

Conselho da República: trata-se de um órgão de consulta superior do


presidente, que terá a função de se pronunciar sobre intervenção federal,
estado de defesa e estado de sítio, além de tratar de quaisquer questões
relevantes para a estabilidade das instituições democráticas.

Conselho da Defesa: também será um órgão de consulta do presidente, com


a diferença de que tratará das questões relativas à soberania nacional e à
defesa do Estado. Competirá a esse conselho opinar sobre as declarações de
guerra e de paz, opinar sobre a intervenção federal, o estado de defesa e o
estado de sítio e, por fim, propor medidas que visem uma melhor defesa do
território nacional, com o propósito de garantir a independência nacional e a
defesa do Estado Democrático.

5. Poder Judiciário

Poder Judiciário: caberá ao Poder Judiciário, aplicando a lei e todas


as fontes de direito, solucionar conflitos existentes na sociedade ou conflitos
entre os próprios poderes. É autônomo, não se subordina a nenhum outro
poder. Por conta disso, ele mesmo elabora seus orçamentos. O Supremo
Tribunal Federal, órgão de cúpula do Poder Judiciário, poderá, exercendo
seu poder de iniciativa, propor o estatuto da magistratura.
Os juízes possuem determinadas garantias que visam dar-lhes a
segurança necessária para que exerçam sua atividade de forma justa.

Direito Constitucional - CBFPM MP 16–11


- vitaliciedade, adquirida, pelos juízes concursados, após dois anos de
atividade. Com essa garantia, só por sentença judicial transitada em julgado
será declarada a perda do cargo. Constitui requisito para a vitaliciedade a
participação em curso oficial ou reconhecido pela Escola Nacional de
Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados;
- inamovibilidade, que significa que o magistrado não pode ser lotado
em outra localidade sem que haja o seu consentimento, salvo se o tribunal
assim decidir, por voto de dois terços, em razão do interesse público;
- irredutibilidade de subsídio (remuneração), que garante a
impossibilidade de se diminuir a quantia recebida pelos juízes em virtude do
seu trabalho.
- Imparcialidade dos orgãos do Poder Judiciario é prevista no Art. 95,
Paragrafo único, incisos I ao V da CF. Tratam-se de verdadeiras vedações
impostas aos membros do Poder Judiciario, justamente para garantir sua
imparcialidade quando dos exercicios da jurisdição.

Aos magistrados é proibido exercer outro cargo público, salvo o de


professor; receber dinheiro ou outra vantagem por conta dos processos;
dedicar-se à atividade político-partidária; receber auxílios ou contribuições
de pessoas físicas ou entidades públicas ou privadas, salvo os casos
previstos em lei; exercer a advocacia, nos três anos após a sua aposentadoria
ou exoneração, junto ao Tribunal ou juízo no qual atuou.

Estrutura do Poder Judiciário: é formado pelos seguintes órgãos:

- Supremo Tribunal Federal,


- Conselho Nacional de Justiça,
- Superior Tribunal de Justiça,
- Tribunais e juízes Militares,
- Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais,

NOTAS DE AULA

Direito Constitucional - CBFPM MP 16–12


- Tribunais e juízes Eleitorais,
- Tribunais e juízes do Trabalho,
- Tribunais e juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.

O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm


jurisdição (poder de dizer o direito) em todo o território nacional.

É inerente à atividade judiciária a autonomia administrativa e


financeira, consubstanciada na capacidade de elaborar seus próprios
orçamentos e gerenciá-los.

Os Tribunais Regionais Federais e os Tribunais de Justiça são os


órgãos de segunda instância do Poder Judiciário, ou seja, julgam os recursos
interpostos de sentença dos juízes de primeiro grau. Por conta de sua
importância, determina a Constituição que um quinto das vagas dessas
cortes é reservado a membros do Ministério Público e advogados, ambos
com, pelo menos, dez anos de carreira. Esse é o chamado “quinto
constitucional”.

As decisões dos juízes (sentenças) não são absolutas. Quase sempre


há a possibilidade de revisão por um órgão superior. Assim sendo, os
tribunais têm a função maior de revisar os julgados das sentenças dos juízes.
Justiça Militar da União: a quem compete o processamento das ações
penais contra os militares das Forças Armadas.
A Lei Federal nº 13.491/2017 ampliou o rol de crimes que estão sob
jurisdição da Justiça Militar. Assim, atualmente pode-se falar em crimes
militares próprios, impróprios e extravagantes ou por extensão, todos de
competência de julgamento da Justiça Militar, quando praticados nas
condições elencados no art. 9º. CPM.
Superior Tribunal Militar (art. 123 da CF): será integrado por 15
ministros vitalícios, nomeados pelo presidente da República, depois de
aprovada a indicação pelo Senado Federal, sendo três dentre oficiais-
generais da Marinha, quatro dentre oficiais-generais do Exército, três
dentre oficiais-generais da Aeronáutica, todos da ativa e do posto mais
elevado da carreira, e cinco civis, dentre advogados de notorio saber
juridico e conduta ilibada com mais de dez anos de efetiva atividade
profissional; um dentre juizes auditores da justiça militar e um dentre
membros do Ministerio Público Militar.
Direito Constitucional - CBFPM MP 16–13
CBFPM 2022/2023 – Divisão Orgânica dos Poderes NOTAS DE AULA

Auditorias Militares: são 12 em todo o território brasileiro. Elas funcionam


de duas maneiras:
a) Conselho permanente, composto por um juiz auditor militar e oficiais
militares, para julgar não oficiais (praças) e civis.
b) Conselho especial, para julgar oficiais das Forças Armadas (menos os
oficiais generais que são julgados pelo STM)

Quando o crime militar for praticado contra civil, será julgado por um
juiz singular. Quando a vítima também for militar, daí se julgará por um
colegiado.

Justiça Militar Estadual: a lei estadual poderá criar, mediante


proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar Estadual, constituída, em
primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em
segundo grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça
Militar nos Estados em que o efetivo militar seja superior a vinte mil
14
integrantes .

Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos


Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra
atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a
vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do
posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.

Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar,


singularmente, os crimes militares cometidos contra civis e as ações
judiciais contra atos disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justiça,
sob a presidência de juiz de direito, processar e julgar os demais crimes
militares.

14
RGS, SP e Minas Gerais que existe TJM.

Direito Constitucional - CBFPM MP 16–14


Direito Constitucional - CBFPM MP 16–15
CBFPM 2022/2023 – Divisão Orgânica dos Poderes NOTAS DE AULA

6. Das Funções Essenciais à


Justiça

A CF agrupou em um capítulo específico disposições acerca do que


chamou de “funções essenciais da à justiça”. Nota-se que nenhuma dessas
pessoas ou órgãos integra a estrutura do Poder Judiciário.

Do Ministério Público (Art. 127 da CF) - o Ministério Público é


instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos
interesses sociais e individuais indisponíveis. Tem como princípios
institucionais a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional. Tem
suas funções discriminadas no art. 129 da CF.

Da Advocacia Pública (Art. 131 da CF) – a Advocacia-Geral da União é a


instituição que, diretamente ou através de órgão vinculado, representa a
União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei
complementar que dispuser sobre sua organização e funcionamento, as
atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo. A
Advocacia-Geral da União tem por chefe o advogado-geral da União, de
livre nomeação pelo presidente da República.

Da Advocacia (Art. 133 da CF) - o advogado é indispensável à


administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no
exercício da profissão, tendo como limite a lei.

Da Defensoria Pública (Art. 134 da CF) - a Defensoria Pública é


instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático,
fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e
a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais
e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso
LXXIV do art. 5º da Constituição Federal.

Direito Constitucional - CBFPM MP 16–16


MANUAL DO
Direito Constitucional – CBFPM 2022/2023
PARTICIPANTE

4
UD IV – Da Defesa do Estado e das
Instituições Democráticas

Notas

Objetivos
Ao finalizar esta unidade, o participante deverá ser capaz
de:

1. Identificar o Estado de Defesa e Estado de Sítibo


bem como as Instituições democráticas.

Direito Constitucional - CBFPM MP 8–1


CBFPM 2022/2023 – Da Defesa do Estado NOTAS DE AULA

1. Da Defesa do Estado e das


Instituições Democráticas
(artigos 136 a 144)

O estado de defesa, o estado de sítio e a intervenção federal


representam medidas extraordinárias previstas pela Constituição Federal,
buscando restabelecer ou garantir a continuidade da normalidade
constitucional ameaçada. Dessa forma, esses instrumentos são estados de
exceção, que devem ocorrer apenas quando estritamente necessários e por
um prazo temporal determinado, sob o risco de darem vazão a impulsos
autoritários.

Preliminarmente, é necessário ressaltar a importância do respeito aos


princípios da necessidade e da temporariedade. A violação desses
princípios, segundo Lenza, daria vazão a arbitrariedades, golpes de Estado e
mesmo à ditadura. Em decorrência disso, entende-se que as hipóteses
previstas pela Constituição são taxativas, ou seja, não representam meros
exemplos e são as únicas situações em que esses mecanismos podem ser
acionados.

Inclusive, a vigência de um estado de exceção, seja o estado de defesa,


de sítio ou intervenção federal representa uma circunstância prevista pela
Constituição como impeditiva de reformas constitucionais. Sua própria
gravidade demonstraria uma situação tão anormal que não seria possível,
sob essas circunstâncias, alterar o texto da Carta Constitucional.

Estado de Defesa (Art.136 da CF) - busca “preservar ou prontamente


restabelecer a ordem pública ou a paz social”. Nesse sentido, a Constituição
prevê duas hipóteses de ameaça:

1) grave e iminente instabilidade institucional;

2) calamidades de grandes proporções na natureza.

Direito Constitucional - CBFPM MP 8–2


CBFPM 2022/2023 – Da Defesa do Estado NOTAS DE AULA

Percebe-se, assim, uma delimitação muito clara das situações em que


o estado de defesa pode ser acionado, havendo ainda duas restrições
explícitas, previstas pelo art. 136: que o estado de defesa ocorra em “locais
restritos e determinados” e que, antes de sua decretação, sejam ouvidos o
Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional (vale ressaltar que
esses órgãos são meramente consultivos, não estando o presidente obrigado
a adotar seus pareceres).

Em que contextos específicos seria possível determinar estado de


defesa? Exemplificativamente, o instrumento poderia ser acionado em caso
de rebeliões populares ou em que um desastre natural seja de tamanhas
proporções que chegue a ameaçar a ordem pública ou a paz social. No caso
do desastre da mineradora Samarco, em Mariana, por exemplo, caso a
presidência considerasse haver tal ameaça, poderia fazer uso desse
mecanismo (o que não ocorreu).

Quanto ao prazo, o estado de defesa tem um prazo máximo de 30


dias, prorrogável (uma única vez) por igual período, desde que persista a
situação que o motivou.

No que se refere aos procedimentos, o estado de defesa é de


competência do presidente da República, que o aciona mediante decreto
presidencial. Esse decreto deve, obrigatoriamente, prever:

o prazo de duração (garantindo sua temporariedade),

a área abrangida (obrigatoriamente um local restrito e determinado),

as medidas coercitivas adotadas (que analisaremos a seguir).

Uma vez emitido o decreto presidencial, o presidente deve enviar o


ato, juntamente com suas justificativas, ao Congresso Nacional, no prazo de
24 horas. Caso o Congresso esteja em recesso, será convocado em um prazo
de cinco dias, tendo um prazo de dez dias para analisar a decisão
presidencial. Dessa forma, restam duas possibilidades: se o Congresso

Direito Constitucional - CBFPM MP 8–3


rejeitar a decisão, o estado de defesa será imediatamente interrompido; caso
aprove, por maioria absoluta, deverá permanecer em funcionamento até que
se encerre o estado de exceção.

Em virtude da gravidade das situações que ensejam o estado de


defesa, o Estado fica autorizado a adotar medidas coercitivas, meios
relativamente violentos que, em situações de normalidade, violariam os
direitos do cidadão. As medidas adotadas devem ser necessárias para
resolver aquela situação específica e estão expressamente previstas na
Constituição. Assim, o decreto presidencial pode prever a aplicação de uma
ou mais das medidas abaixo:
- restrições aos direitos de reunião, mesmo que ocorridas no seio de
associações legítimas;
- restrições ao sigilo de correspondência;
- restrições ao sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;
- ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de
calamidade pública (nesse caso, a União deverá responder pelos danos e
custos decorrentes).

Ademais, é prevista uma exceção ao art. 5º, inciso LXI da


Constituição Federal, que prevê que, em regra, ninguém pode ser preso,
exceto em flagrante delito ou por ordem judicial. Durante o estado de
defesa, havendo crime contra o Estado, a prisão poderá ser determinada pelo
executor da medida, desde que informada à autoridade judicial competente
para ratificação, lembrando que a prisão não poderá ser superior a dez dias,
sendo proibida a incomunicabilidade do preso.

Estado de sítio (Art. 137 da CF): pode ser acionado em três hipóteses, com
aplicações diferentes:

comoção grave de repercussão nacional (inciso i, primeira parte);

fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado


de defesa (inciso i, parte final);

Direito Constitucional - CBFPM MP 8–4


CBFPM 2022/2023 – Da Defesa do Estado NOTAS DE AULA

declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada


estrangeira (inciso II).

Também é decretado pelo presidente da República, após ouvir os


Conselhos da República e o Conselho da Defesa. Outra similaridade diz
respeito à necessidade de relatar suas justificativas ao Congresso Nacional,
que deve decidir por maioria absoluta, entretanto, uma diferença
significativa reside no fato de que, no estado de sítio, a Constituição
menciona a necessidade de autorização do Congresso. Dessa forma, o
Congresso é consultado antes da decretação do estado de sítio, podendo
impedir sua entrada em vigor.
Quanto aos prazos, a Constituição faz distinções entre as hipóteses
para a decretação do estado de sítio, em que é possível perceber novas
distinções com relação ao estado de defesa.
No caso do inciso I, em que a motivação para sua decretação foi
comoção grave de repercussão nacional (primeira parte) ou a existência de
fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de
defesa (parte final), o prazo inicial previsto é de não mais que 30 dias
(similar ao do estado de defesa). Neste caso, a diferença reside na
inexistência de limite para a quantidade de prorrogações, que devem ser
feitas por igual prazo, até a normalização da situação.

Por sua vez, no caso do inciso II, em que haja estado de guerra ou
resposta a agressão armada estrangeira, o estado de sítio poderá durar
enquanto perdurar a guerra ou agressão. Dessa forma, considerando que não
seria possível antecipar a duração do conflito, o decreto presidencial não
precisaria dizer seu prazo. Por outro lado, o estado de sítio continua sendo
temporário e tendo seu prazo determinado, ainda que impreciso.

No que se refere aos procedimentos, o estado de sítio também é


acionado por decreto presidencial, que deve prever o prazo de duração, as
normas necessárias para sua execução e as garantias constitucionais que
ficarão suspensas.

Direito Constitucional - CBFPM MP 8–5


CBFPM 2022/2023 – Da Defesa do Estado NOTAS DE AULA

Diferentemente do que ocorre no estado de defesa, a CF/88 determina


que o Congresso deve ser consultado previamente. Caso esteja em recesso,
será convocado em um prazo de cinco dias. Dessa forma, restam duas
possibilidades: se o Congresso rejeitar a decisão, o estado de sítio não
entrará em vigor; caso aprove, por maioria absoluta, deverá permanecer em
funcionamento até que se encerre o estado de exceção.

Quanto às garantias constitucionais suspensas, na hipótese do inciso


I do art. 137, sete medidas podem ser adotadas contra a população, não
sendo permitidas outras não previstas.

Na hipótese do inciso II, são possíveis as suspensões de quaisquer


garantias constitucionais, desde que devidamente previstas no decreto
presidencial, justificadas pelo presidente da república e autorizadas pelo
Congresso Nacional.

Controle político e jurisdicional dos Estados de Defesa e de Sítio

Os estados de defesa e de sítio são medidas excepcionais, as quais


podem colocar em riscos direitos e garantias fundamentais. Por esse motivo,
devem ser adotadas apenas em situações de extrema necessidade e mediante
um controle rigoroso dos Poderes Legislativo e Judiciário.

Além do já mencionado controle imediato (realizado pelo Congresso


imediatamente após a decretação do Estado de Defesa ou anteriormente ao
Estado de Sítio), são previstas outras hipóteses de controle, a fim de evitar
arbitrariedades.

Assim, durante os estado de defesa e de sítio: a Mesa do Congresso


Nacional deverá compor uma Comissão, composta por cinco membros, para
acompanhar e fiscalizar a execução das medidas referentes ao estado de
exceção em vigor; por sua vez, o Poder Judiciário continuará atuando, de
forma a reprimir abusos e ilegalidades.

Direito Constitucional - CBFPM MP 8–6


CBFPM 2022/2023 – Da Defesa do Estado NOTAS DE AULA

Ademais, uma vez encerrado o estado de defesa ou o estado de sítio,


o presidente relatará ao Congresso as providências adotadas, com relação
nominal dos atingidos e das medidas utilizadas. Comprovada a ilegalidade
em alguma das restrições adotadas, o presidente poderá ser acionado por
crime de responsabilidade.

Intervenção Federal

Previsto no Art. 34 da CF, compreende um terceiro estado de


exceção. Se a Constituição Federal determina que a República Federativa do
Brasil é composta pela União, Estados, Municípios e Distrito Federal,
conferindo autonomia a todos esses entes, a intervenção federal representa
uma situação de anormalidade, quando é permitida a suspensão temporária
dessa autonomia.

Sendo um estado de exceção, a intervenção federal só pode ser


acionada em casos específicos e quando não houver outra medida capaz de
solucionar a questão. Recentemente, essa medida foi utilizada no estado do
Rio de Janeiro, pela primeira vez desde que a atual Constituição entrou em
vigor.

Situação de emergência/estado de calamidade pública

Nas esferas estadual e municipal existe estado de calamidade pública


e situação de emergência. Situação de emergência é muito menos grave do
que o estado de calamidade pública. O Decreto nº 7.257/10, que rege o
Conselho e o Sistema Nacional de Defesa Civil (Condec e Sindec),
estabelece a diferença entre eles:

Direito Constitucional - CBFPM MP 8–7


CBFPM 2022/2023 – Da Defesa do Estado NOTAS DE AULA

Situação de calamidade pública:


Situação de emergência: a situação
situação anormal, provocada por
anormal, provocada por desastres,
desastres, causando danos e
causando danos e prejuízos que
prejuízos que impliquem o
impliquem o comprometimento
comprometimento substancial da
parcial da capacidade de resposta do
capacidade de resposta do poder
poder público do ente atingido.
público do ente atingido.

Eles podem ser decretados tanto pelo prefeito quanto pelo


governador. Mas se forem decretados pelo prefeito, precisam ser
homologados pelo governador e reconhecidos pelo ministro da Integração
Social, para ter validade estadual e federal, respectivamente.

Direito Constitucional - CBFPM MP 8–8


MANUAL DO
Direito Constitucional – CBFPM 2022/2023
PARTICIPANTE

5
UD V – Segurança Pública

Notas

Objetivos
Ao finalizar esta unidade, o participante deverá ser capaz
de:

1. Adquirir conhecimentos sobre a Constituição Federal


e Segurança Pública.

Direito Constitucional - CBFPM MP 10–1


CBFPM 2022/2023 – Segurança Pública NOTAS DE AULA

1. Segurança Pública (artigo 144 da


CF)
A Constituição Federal, com o intuito de assegurar a preservação da
ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, estruturou a
chamada Segurança Pública..

Localizada no artigo 144 da Constituição, a segurança pública não


deve ser confundida com a segurança nacional, esta executada pelas forças
armadas. O instituto que desenvolveremos aqui é responsável pela
segurança social cujo dever de garantia é do Estado bem como a titularidade
exclusiva na proteção desse direito.

É uma atividade essencial na manutenção do estado de democracia


social haja vista o estado ter avocado para si essa missão retirando das mãos
dos particulares o poder de autotutela.

Segurança pública é o conjunto de medidas e garantias que


assegurem a manutenção da ordem pública, traduzindo-se em um convívio
pacífico e harmônico entre os membros da sociedade, ou que consiste numa
situação de preservação ou restabelecimento dessa convivência social que
permite que todos gozem de seus direitos e exerçam suas atividades sem
perturbações de outrem, salvo nos limites de gozo e reivindicação de seus
próprios direitos e defesa de seus legítimos interesses (AFONSO, 2018,
p.635).

Direito Constitucional - CBFPM MP 10–2


CBFPM 2022/2023 – Segurança Pública NOTAS DE AULA

As polícias de segurança são os objetos presentes no artigo 144 e


aquelas que dizem respeito à segurança pública. Entende-se como polícia
ostensiva as polícias militares de cada estado, que têm por objetivo “a
preservação da ordem pública e, pois, as medidas preventivas que em sua
prudência julga necessárias para evitar o dano ou o perigo para outras
pessoas” (AFONSO, 2018, p.636).

As polícias judiciárias são as polícias civis, também de competência


de cada Estado da Federação em conjunto com a União, cuja razão de existir
é apurar, investigar e apontar autoria dos crimes cometidos; investigar,
apurar infrações penais e indicar sua autoria, a fim de fornecer elementos
necessários ao Ministério Público em sua função repressiva das condutas
criminosas, por via de ação penal pública (AFONSO, 2018, p. 636).

Segurança pública não é apenas uma atribuição de polícia repressiva,


uma vez que o texto constitucional reza que a segurança é dever do Estado,
direito e responsabilidade de todos. A concepção de segurança pública de
nossa Constituição é, em tese, embasada na ideia de uma sociedade
democrática e cidadã, contrapondo-se à antiga forma de observar a
problemática da ordem pública como uma questão de segurança de Estado,
típica de regimes ditatoriais e que deu sustentação às forças de segurança
durante o período de repressão política.

Sendo a ordem pública um estado de serenidade, apaziguamento e


tranquilidade pública, em consonância com as leis, os preceitos e os
costumes que regulam a convivência em sociedade, a preservação deste
direito do cidadão só será ampla se o conceito de segurança pública for
aplicado.

A segurança pública não pode ser tratada apenas como medidas de


vigilância e repressiva, mas como um sistema integrado e otimizado,
envolvendo instrumento de prevenção, coação, justiça, defesa dos direitos,
saúde e social. O processo de segurança pública se inicia pela prevenção e
finda na reparação do dano, no tratamento das causas e na reinclusão na
sociedade do autor do ilícito.

Direito Constitucional - CBFPM MP 10–3


CBFPM 2022/2023 – Segurança Pública NOTAS DE AULA

A organização da segurança pública

O artigo 144 da Constituição elenca e define quais são os órgãos


responsáveis pela segurança pública em todo o território nacional. O texto
deixa claras as atribuições e competências de cada ente federativo na
questão da segurança, apontando as responsabilidades de cada Unidade da
Federação, visando ao pacto federativo e reafirmando o princípio de a
segurança pública ser um direito e responsabilidade de todos.

A priori, observa-se um esforço de reafirmar o princípio federativo


de nossa Constituição. Cabe à União competências de matérias muito
específicas, delimitadas com rigor pelo texto de lei, de tal sorte que
qualquer caso que se afaste dessas competências elencadas, restará à
competência dos Estados. São estes últimos os responsáveis por organizar a
segurança pública.

Dessa forma, quando a Constituição afirma que a lei disciplinará


esses órgãos de segurança, significa dizer que a lei estadual o fará, enquanto
que a lei federal restará disciplinar de forma mais restrita o tema, dentro de
sua competência mais limitada, ou seja, as polícias federais (ferroviária,
rodoviária e federal) e a policia penal federal.

Cabe aos Estados, portanto, a maior parte da responsabilidade da


manutenção da ordem pública e garantia do direito à segurança e da paz
social. E o fazem por intermédio de dois órgãos de polícia de segurança
(Brigada Militar, Polícia Civil e Policia Penal Estadual e Distrital)

A atividade policial divide-se em duas grandes áreas: administrativa


e judiciária. A polícia administrativa (preventiva ou ostensiva) atua
preventivamente, evitando que o crime aconteça. Já a polícia judiciária
(polícia de investigação) atua repressivamente, depois de ocorrido o ilícito
penal.

Direito Constitucional - CBFPM MP 10–4


CBFPM 2022/2023 – Segurança Pública NOTAS DE AULA

O art. 144 da Constituição Federal enumera os órgãos responsáveis


pela segurança pública, bem como a competência de cada ente federativo em
relação à formação e manutenção desses órgãos. Analisemos cada um desses
órgãos elencados no art. 144.

Polícia Federal: é assim chamada por se tratar da polícia judiciária da


União. Segundo AFONSO (2018, p.638) é função primordial é “exercer,
com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União”. Está
vinculada diretamente e é órgão permanente do Ministério da Justiça e tem,
por óbvio, sede na Capital Federal. Destina-se a apurar crimes infrações
penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e
interesses da União, de suas entidades autárquicas e suas empresas públicas,
bem como aqueles crimes de dimensões interestaduais ou internacionais e
exijam investigação coordenada e uniforme. Também é função da Polícia
Federal prevenir e reprimir o tráfico ilícito de substâncias entorpecentes e
drogas diversas. São os crimes de contrabando e descaminho típicas
ocorrências de atuação da Polícia Federal. Por fim, cabe à Polícia Federal
ser a polícia de fiscalização marítima, aeroportuária e das fronteiras do
território nacional.

Direito Constitucional - CBFPM MP 10–5


CBFPM 2022/2023 – Segurança Pública NOTAS DE AULA

Polícia Rodoviária Federal tem como objetivo o patrulhamento ostensivo


das estradas federais (somente estas), embora colabore, por vezes, com a
fiscalização nas rodovias estaduais, por meio de convênios. A Polícia
Rodoviária Federal era, até o ano de 1990, subordinada ao antigo
Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), atual DNIT. Tal
situação jurídica mudou com a publicação da Lei nº 8.028, de 12 de abril de
1990, que fez com que essa polícia passasse a ser subordinada ao Ministério
da Justiça.

Suas competências, além daquelas definidas pela Constituição Federal, são


dadas pela Lei nº 9503 (Código de Trânsito Brasileiro); pelo Decreto nº
1655, de 3 de outubro de 1995; e pelo seu regimento interno, aprovado pela
Portaria Ministerial nº 1.375, de 2 de agosto de 2007.

Polícia Ferroviária Federal: nunca foi regulamentada, apesar de sua


previsão constitucional. Aponta-se como causa de sua não implementação a
falência do sistema ferroviário nacional, a partir da década de 1950.

Polícia Civil: trata-se de um órgão estadual de polícia judiciária, dirigido


por delegado de carreira. As polícias civis de cada Estado ficam com a
maior parte da competência de investigação e apuração de infrações penais,
uma vez que sua atuação alcança todos os delitos, salvo aqueles de
competência da Polícia Federal e os crimes militares. Estão subordinadas ao
executivo estadual. Suas carreiras são organizadas conforme a constituições
Federal e Estadual. A polícia civil tem dever de atender às requisições dos
cidadãos, Judiciário e Ministério Público nas atividades relacionadas à sua
função.

Polícia Militar é o órgão mais presente e visível dentro do aparato de


segurança pública montado pela Constituição. Cabe à Polícia Militar o
policiamento ostensivo, a preservação da ordem e funções de polícia
judiciária militar. Tem a função de coerção imediata dos delitos e tumultos,
e reprender desordens que afetem a paz social.

Segundo DONIZETTI (2011, p.77) “seu objetivo, enquanto


corporação policial é demonstrar a presença policial nas ruas, ou seja, fazer-

Direito Constitucional - CBFPM MP 10–6


CBFPM 2022/2023 – Segurança Pública NOTAS DE AULA

se presente como órgão mantenedor da ordem e repressivo, de modo a inibir


e reprimir a prática criminal”.

Importante destacar que as Polícias Militares são forças auxiliares


das forças armadas. Significa dizer que, em momentos de crise de estado,
envolto num conflito externo, as Polícias Militares convertem-se em
destacamentos de combate sob as ordens das Forças Armadas.

Polícia Penal: trata-se de um orgão de segurança Publica (federal, estadual


ou distrital) sendo vinculado ao sistema penal. É responsavel pela segurança
dos estabelecimentos penais.

Corpo de Bombeiros Militares: além das atribuições definidas em lei


como prevenção e combate à incêndio, busca e salvamento, são incumbidos
da execução de atividade de defesa civil.

Guardas Municipais: Cabe ressaltar que a Constituição Federal concedeu


aos municípios a faculdade, por meio do exercício de suas competências
legislativas, de constituição de guardas municipais destinadas à proteção de
seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei, sem, contudo,
reconhecer-lhes a possibilidade de exercício de polícia ostensiva ou
judiciária.

O art. 144, parágrafo 7º, determina que a lei disciplinará a


organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança
pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades.

Segurança Viária (Art. 144 §10 da CF): a CF estabeleceu que a segurança


viária será exercida para a preservação da ordem pública, da incolumidade
das pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas. Compreende a educação,
engenharia e fiscalização de trânsito, além de outras atividades previstas em
lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente.
Compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, aos

Direito Constitucional - CBFPM MP 10–7


CBFPM 2022/2023 – Segurança Pública NOTAS DE AULA

respectivos órgãos ou entidades executivos e seus agentes de trânsito,


estruturados em carreira, na forma da lei.

2. A Constituição Federal e os
Militares

Dos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios (Art. 42)
- os membros das polícias militares e corpos de bombeiros militares,
instituições organizadas com base na hierarquia e disciplina, são militares
dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.

§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos


Territórios, além do que for fixado em lei, as disposições do art. 14, § 8º; do
art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo à lei estadual específica dispor
sobre as matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos oficiais
conferidas pelos respectivos governadores

Art. 14 [...]

§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:

I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;


II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade
superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a
inatividade.

Art. 40 [...]

§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual ou municipal será contado


para efeito de aposentadoria e o tempo de serviço correspondente para efeito
de disponibilidade.

Art. 142 [...]

§ 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares


militares.

Direito Constitucional - CBFPM MP 10–8


CBFPM 2022/2023 – Segurança Pública NOTAS DE AULA

§ 3º Os membros das Forças Armadas são denominados militares,


aplicando-se-lhes, além das que vierem a ser fixadas em lei, as seguintes
disposições:

I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas inerentes, são


conferidas pelo presidente da República e asseguradas em plenitude aos
oficiais da ativa, da reserva ou reformados, sendo-lhes privativos os títulos e
postos militares e, juntamente com os demais membros, o uso dos uniformes
das Forças Armadas;

II - o militar em atividade que tomar posse em cargo ou emprego público


civil permanente, ressalvada a hipótese prevista no art. 37, inciso XVI,
alínea "c", será transferido para a reserva, nos termos da lei;

III - o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar posse em cargo,
emprego ou função pública civil temporária, não eletiva, ainda que da
administração indireta, ressalvada a hipótese prevista no art. 37, inciso XVI,
alínea "c", ficará agregado ao respectivo quadro e somente poderá, enquanto
permanecer nessa situação, ser promovido por antiguidade, contando-se-lhe
o tempo de serviço apenas para aquela promoção e transferência para a
reserva, sendo depois de dois anos de afastamento, contínuos ou não,
transferido para a reserva, nos termos da lei;

IV – ao militar são proibidas a sindicalização e a greve;

V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado a partidos


políticos;

VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do


oficialato ou com ele incompatível, por decisão de tribunal militar de caráter
permanente, em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra;

VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar a pena privativa de


liberdade superior a dois anos, por sentença transitada em julgado, será
submetido ao julgamento previsto no inciso anterior;

Direito Constitucional - CBFPM MP 10–9


CBFPM 2022/2023 – Segurança Pública NOTAS DE AULA

VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos VIII, XII, XVII,
XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos XI, XIII, XIV e XV, bem como, na
forma da lei e com prevalência da atividade militar, no art. 37, inciso XVI,
alínea "c";

X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites de idade, a


estabilidade e outras condições de transferência do militar para a inatividade,
os direitos, os deveres, a remuneração, as prerrogativas e outras situações
especiais dos militares, consideradas as peculiaridades de suas atividades,
inclusive aquelas cumpridas por força de compromissos internacionais e de
guerra.

REFERÊNCIAS

BASTOS, Celso Seixas Ribeiro. Curso de direito constitucional. São


Paulo: Saraiva, 2010.

BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 29. ed., atual. São


Paulo: Malheiros, 2017.

FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso de direito constitucional.


São Paulo: Saraiva, 2015.

LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. São Paulo:


Saraiva, 2013.

PAULO, Vicente e ALEXANDRINO, Marcelo. Resumo de Direito


Constitucional Descomplicado. São Paulo: Método, 2017.

MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo.


32. ed., rev. e atual. São Paulo: Malheiros, 2015.

MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional (Edição38ª). São Paulo:


Atlas, 2022.

SALEME, Edson R. Direito constitucional, (5ªEdição).Barueri:Editora


Manole, 2022.

SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. São


Paulo: Malheiros, 2018.

Direito Constitucional - CBFPM MP 10–10

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