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LEGISLAÇÃO PÓS CONSTITUIÇÃO

DE 1988

Pesquisadora Cindy Lobo Alves


Objetivos

Ao final desta aula você deverá ser capaz de:

→ Apresentar o panorama histórico e social


que o país teve depois da promulgação da
Constituição de 1988.

→ Compreender a importância da
Constituição de 1988 para os dias atuais.

→ Analisar os direitos fundamentais de


acordo com a Constituição de 1988.
Justificativa

O tema é de suma importância para o


agente civil, tendo em vista que apresenta
e desenvolve o conhecimento acerca dos
direitos fundamentais, que são garantidos
aos cidadãos de forma geral a todos os
cidadãos e igualmente ao extensionista, seja
exercendo suas funções enquanto agente,
seja como cidadão comum.
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LEGISLAÇÃO PÓS CONSTITUIÇÃO DE 1988

Com a promulgação da Constituição de 1988, novos ordenamen-


tos foram delimitados para o Estado brasileiro. A Constituição encon-
tra-se em posição superior e, ainda, todas as outras normas que forem
elaboradas, devem estar de acordo com os fundamentos, objetivos e
dispositivos constitucionais, sob risco de inconstitucionalidade.

Com a Constituição de 88, nós evoluímos para um Estado Demo-


crático de Direito, o qual consiste no Estado que é regulado por normas
jurídicas, ou seja, é o Estado que se limita a lei. Não basta ser, apenas,
um Estado de Direito regulado por normas jurídicas, mas, mister que
essas novas normas jurídicas sejam criadas e promulgadas democrati-
camente. A Constituição, até por ser criadora de um Estado democrá-
tico de direito, cria o Estado e no mesmo ato o limita. Ou seja, o Estado
nasce já limitado por direitos a respeitar e finalidades a buscar.

1. Desenvolvimento
A Constituição encontra-se no ápice do ordenamento jurídico
brasileiro, em outras palavras, significa que dentro de todas as normas
que existem no nosso país, a Constituição encontra-se em posição su-
perior e, ainda, todas as outras normas que forem elaboradas, devem
estar de acordo com os fundamentos, objetivos e dispositivos consti-
tucionais, sob risco de inconstitucionalidade.

Segundo o constitucionalista José Afonso da Silva, é nas normas


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constitucionais que encontram-se os fundamentos do Estado, seus


objetivos primordiais e, portanto, é o elemento de validade de todas as
outras normas. O jurista e filósofo Hans Kelsen desenvolveu a teoria da
“Pirâmide de Kelsen” (foto abaixo) para melhor explicar esse fenômeno
e, segundo essa teoria, há uma hierarquia entre as normas legais e no
topo desta pirâmide encontra-se a Constituição Federal. Assim, todas
as normas existentes no ordenamento jurídico devem estar de acordo
com as normas e princípios estabelecidos neste documento.

(Reprodução Passei Direto https://files.passeidireto.com/b39723f8-ef65-45ee-aa8b-


-dac18a675447/b39723f8-ef65-45ee-aa8b-dac18a675447.png)

Para que haja a segurança jurídica necessária ao documento (e


aos procedimentos por ele previstos) a Constituição deve ter dois ele-
mentos primordiais:
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1 - Supremacia: O princípio da Supremacia Constitucional afirma


que a Constituição é a única a conferir poderes e competências
aos entes estatais. Além disso, todo o governo (seja ele federal,
estadual ou municipal) não será soberano, pois está limitado às
normas expressas e implícitas da Constituição. Por fim, constitui
o fundamento de validade das outras leis, de modo que se algu-
ma norma for de encontro ao que está previsto por esse docu-
mento, será inconstitucional e, assim, não pode permanecer no
ordenamento jurídico.

2 - Rigidez: É a principal consequência da supremacia. Consti-


tui-se como a dificuldade para sua modificação. As normas que
encontram-se abaixo da CF - todas as outras normas - passam
por um procedimento previsto estabelecido para serem criadas
ou alteradas. Ocorre que, quando o dispositivo a ser alterado ou
criado, encontra-se dentro da Constituição, ele passará por um
rito mais complexo e difícil que as demais normas.

A razão da Constituição estar no ápice do Ordenamento Jurídi-


co se deve ao fato da Constituição dar unidade ao sistema. Ou seja,
nenhuma norma pode violar a Constituição e, havendo conflito entre a
Constituição é uma norma jurídica, sempre prevalecerá a norma cons-
titucional e, portanto, a outra norma será afastada do ordenamento
jurídico. Portanto, do ponto de vista constitucional, uma norma é vá-
lida se estiver de acordo com seu fundamento de validade, ou seja, a
Constituição. Sendo ela o último fundamento de validade de todo o
Ordenamento Jurídico, da noção de unidade ao sistema e, por isso, a
norma fundamental não pode ser desobedecida por nenhuma outra lei.
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Com a Constituição de 88, nós evoluímos para um Estado De-


mocrático de Direito, o qual consiste no Estado que é regulado por
normas jurídicas, ou seja, é o Estado que se limita a lei. Não basta
ser, apenas, um Estado de Direito regulado por normas jurídicas, mas,
mister que essas novas normas jurídicas sejam criadas e promulgadas
democraticamente. A Constituição, até por ser criadora de um Estado
democrático de direito, cria o Estado e no mesmo ato o limita. Ou seja,
o Estado nasce já limitado por direitos a respeitar e finalidades a bus-
car. O mesmo ato que o constitui, o limita (a Constituição).

Conforme citado acima, a Constituição de 1988 limita o Esta-


do no mesmo ato em que o cria e a forma como isso é feito é atra-
vés da separação ou organização dos poderes. Segundo esse prin-
cípio expresso na Constituição (art. 2º) os três principais poderes de
um Estado (Executivo, Legislativo e Judiciário) são independentes e
possuem competências previamente estabelecidas pela Constituição.
Esse sistema permite que - estruturalmente - os poderes trabalhem
como freios e contrapesos. Ou seja, separar o poder centralizado para
que os poderes ora controlem, ora sejam controlados, relativizando o
papel dos poderes.

Portanto, a promulgação de uma norma pressupõe ritos previa-


mente fixados. As regras criadas pela Constituição devem ser garanti-
doras de ampla participação e não excludentes. Além disso, as regras
devem ser efetivas (ex: não posso fazer uma lei eleitoral e eleger um
presidente por fraude). A democracia é um regime político e concreti-
za-se com o exercício democrático poder. Para haver democracia nes-
sa linha é necessário que o Estado garanta os direitos fundamentais
garantidos, tanto formalmente (através das normas) quanto material-
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mente (com a execução de políticas públicas que visem garantia dos


direitos).

Os três poderes são, portanto, o poder executivo (poder conferi-


do ao Presidente da República), o poder judiciário (interpretar, aplicar
e salvaguardar as normas) e o poder legislativo, aquele responsável
por criar e alterar, precipuamente, as normas jurídicas. O Poder Legis-
lativo, segundo o art. 44 da Constituição Federal de 1988, é exerci-
do pelo Congresso Nacional, composto pela Câmara dos Deputados e
pelo Senado Federal e sua competência e demais temas correlatos ao
Poder Legislativo encontram-se expressa nos arts. 44 a 75 da Consti-
tuição.

Considerando que a Constituição está no ápice do ordenamen-


to jurídico, há todo um sistema para protegê-la e para garantir que as
normas que entrarem posteriormente no ordenamento jurídico estejam
de acordo com ela. Assim, foram criados os mecanismos de controle
de constitucionalidade, que podem se dar tanto para normas promul-
gadas em desacordo com a os preceitos e dispositivos constitucionais
(inconstitucionalidade formal) quanto para a omissão do legislador
infraconstitucional para regulamentar algum tema estabelecido pela
Constituição. Assim, havendo inconstitucionalidade, essa norma será
retirada do sistema jurídico, através dos mecanismos de controle de
constitucionalidade e quando uma norma é retirada do ordenamento
jurídico, via de regra, é nula.

Hoje, todas as normas que estão em vigor são, a princípio cons-


titucionais e, caso haja o entendimento de que alguma norma hoje em
vigor não está de acordo com os preceitos constitucionais, algum dos
entes legitimados dará início ao procedimento correto para a retirada
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da norma inconstitucional do ordenamento jurídico, através dos meca-


nismos adequados e previstos pela Constituição.

Portanto, todas as normas hoje existentes, gozam da presunção


de constitucionalidade e são criadas de acordo com seus preceitos,
normas e direitos ali previstos ou equiparados. Tal concordância é fun-
damental para a existência da unidade constitucional e para a supre-
macia necessária a esse documento fundante de um Estado Democrá-
tico de Direito.

2. Considerações finais
A Constituição de 1988 foi emblemática ao ampliar o rol de direi-
tos fundamentais e compreender (e assegurar) que os direitos funda-
mentais do homem são os mais importantes para o desenvolvimento e
manutenção do Estado Democrático de Direito, aquele que assegura
que um país seja justo para todos, sua preocupação com a cidadania
e as garantias de participação popular plena para todos os cidadãos e
indivíduos desde solo.

3. Referências
ALVES, Ítalo Miqueias da Silva. “A História das Constituições Bra-
sileiras: As evoluções Constitucionais do Brasil”; Jus Navigandi. Dispo-
nível em: https://jus.com.br/artigos/61157/a-historia-das-constituico-
es-brasileiras. Acesso em 10 de agosto de 2022

BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 15ª edição.


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Salvador: Juspodivm, 2004.

CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Cons-


tituição. 6ª Edição. Coimbra: Almedina, 2003.

SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficácia dos Direitos Fundamentais.


11ª edição. Porto Alegre: Editora Livraria do Advogado, 2012.

SILVA, Daniel Neves. "Constituição de 1988"; Brasil Escola. Dispo-


nível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/constituicao-1988.
htm. Acesso em 10 de agosto de 2022.

SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo.


42 ed. São Paulo: Malheiros, 2019.

BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 15ª edição.


Salvador: Juspodivm, 2004.

CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Cons-


tituição. 6ª Edição. Coimbra: Almedina, 2003.

SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficácia dos Direitos Fundamentais.


11ª edição. Porto Alegre: Editora Livraria do Advogado, 2012.

SILVA, Daniel Neves. "Constituição de 1988"; Brasil Escola. Dispo-


nível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/constituicao-1988.
htm. Acesso em 10 de agosto de 2022.

SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo.


42 ed. São Paulo: Malheiros, 2019.

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