Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Direito Constitucional
O que e?
É o direito que vem expresso na Constituição. Disciplina que
constitucionaliza todo o direito.
Primeiras Constituições
Surgiram nos finais do século XVIII com as Revoluções Liberais.
Surgem porque se pretendia, por um lado, terminar com a
concentração dos poderes no monarca e, por outro lado, queriam
garantir a proteção dos direitos dos cidadãos perante o Estado
entendeu-se que era necessário que existissem normas escritas que
definissem a organização do poder politico e que consagrassem um
elenco de direitos fundamentais do cidadão.
O Estado passou a estar vinculado à Constituição e às leis, estava
subordinado ao Direito.
A 1ª Constituição escrita surgiu no Estado de Virgínia em 1776.
Antecedentes do Constitucionalismo
Magna Carta 1215 foi imposta pela nobreza inglesa ao Monarca
que embora ainda não fosse uma verdadeira declaração de direitos já
procurava resolver questões do Estado.
Petition of Rights 1628 surgiu em Inglaterra, foi imposta pelo
próprio Parlamento ao Monarca (Carlos I) e manifestava uma tomada
de posição por parte do Parlamento relativamente a certos princípios
fundamentais das liberdades civis para proteção dos cidadãos face ao
Monarca.
Covenants (Contratos de Colonização) Século XVII celebrados
entre os colonos que estavam fixados na América e o estado da sua
origem.
Portugal
A 1ª Constituição em Portugal foi a de 1822 (criada por uma
Assembleia Constituinte eleita para esse efeito).
Em 1826 surge uma nova Constituição criada pelo Rei D. Pedro IV e
foi dada à Nação daí ser designada como Carta Constitucional.
1838, surge a 3ª Constituição por forçadas lutas liberais entre D.
Pedro e D. Miguel. Foi resultado de um pacto entre o Monarca (D.
Maria II) e as Cortes.
No ano de 1910, dá-se a Revolução de 5 de Outubro que levou à
instauração da República e foi criada a Constituição de 1911 que
instituiu a República e um sistema de governo Parlamentar.
1933, 5ª Constituição elaborada por uma Comissão designada pelo
Chefe de Estado posteriormente submetida à aprovação popular
através de um plebiscito. Esteve em vigor até à Revolução de 25 de
Abril de 1974 que pretendeu terminar com o Regime Politico Ditatorial
em vigor com base na Constituição de 1933 e instaurar um Regime
Político Democrático.
2 de Abril de 1976, surge uma nova Constituição que está em vigor
até aos dias de hoje. Com a entrada em vigor, a Assembleia
Constituinte foi dissolvida e foram eleitos os órgãos previstos na
Constituição. Foi resultado de 7 revisões: 1982, 1989, 1992, 1997,
2001, 2004 e 2005.
Sentidos de Constituição
Duas perspetivas:
o Perspetiva Material: tem-se em conta o objeto ou conteúdo das
normas.
Constituições Escritas e
Mistas
Poder Constituinte
Em sentido amplo abrange normas constitucionais escritas quer as não
escritas. Em sentido estrito abrange apenas a criação das normas
constitucionais escritas.
O poder constituinte pode desdobrar-se em 2 espécies:
Poder Constituinte Originário é lógica e cronologicamente anterior
à Constituição pelo que não lhe está vinculado, é o poder de criar
uma Constituição ex-novo para um Estado que nunca a teve ou já não
a tem em virtude de uma desagregação social.
Poder Constituinte Derivado traduz-se na possibilidade de alterar
uma constituição já existente com o intuito de corrigir imperfeições
detetadas na constituição, colmatar lacunas ou até para adapta-la à
evolução da própria sociedade. Neste constitui-se numa revisão da
constituição e, contrariamente ao anterior este poder tem que ser
exercido nos termos previstos na própria constituição.
o Inicial porque antes dele não existe qualquer outro que lhe sirva
de fundamento.
o Autónomo porque é independente, ou seja, ele é que decide se,
como e quando elaborar a constituição.
o Omnipotente porque não estaria sujeito a quaisquer regras e
limites.
Constituição
Instrumental documento onde estão retidas as normas
constitucionais.
Formal intencionalidade na formação. Força jurídica própria ou
superior (força superior às normas ordinárias). Consideração
sistemática (tem que ter unidade e coerência).
Material matérias das constituições: matérias com dignidade
constitucional organização do poder político (OTEC/EFF).
Critério Formal
Constituição escrita/ constituição Consuetudinária baseia-se nos
costumes.
Constituição mista uma parte está escrita e outra baseia-se nos
costumes.
Critério Cronológico/Conteúdo
Constituições utilitárias (estado liberal).
Constituições ideológico-programáticas
Pergunta típica de exame: (estado social e democrático de
Direito)
O art. Constituinte
poder 9º CRP Originário pode criar normas constitucionais e
depois serem consideradas inconstitucionais?
o Sim, porque existem valores anteriores ao poder Constituinte
originário e que tem que ser respeitado. Por exemplo, hoje em
dia, não aceitamos a escravatura, logo não pode ser criada uma
norma constitucional a favor, pois existe um valor na sociedade
anterior que o proíbe.
Poder Constituinte
Teoria Direito Divino
Teoria Direito Divino Sobrenatural
Teoria Direito Divino Providencial
Tese Contratualista
Teoria do Poder Popular Alienável
Teoria do Poder Popular Inalienável
Teoria Monocrática do Despotismo Iluminista
Teoria da Soberania Nacional
Democrática
Representativa
Direta
Semidireta ou referendaria
Ditatorial
Monocrática
o Monárquica
o Bonapartista
Autocrática
Mista
Plebiscito
Pactuada
Hoje em dia, maior parte das constituições são rígidas o que significa que
elas próprias definem o processo que deve de ser observado para se efetuar
uma revisão à constituição. Esse processo, de um modo geral, está sujeito a
um conjunto de limites que podem ser:
Limites Formais
o Respeitam sempre 3 aspetos e podem ser acrescentados outros.
o Relativamente ao processo de revisão da CRP cabe, exclusivamente,
aos deputados e só a estes, de acordo com o artigo 285º nº1 que se
pode conjugar com o 156º a).
o De acordo com o artigo 285º nº2 que estabelece um limite formal, no
momento em que é apresentado o projeto qualquer outro deputado
pode apresentar um outro projeto no prazo de 30 dias. Decorrido esse
prazo, o órgão competente para aprovação é a AR de acordo com o
artigo 161º a), sendo que, essa aprovação é feita mediante uma lei
constitucional – 166º nº1.
o Essa aprovação exige, pela CRP, que seja por maioria
qualificada, de acordo com o art. 286º nº1 – é uma maioria de
2/3 dos deputados em efetividade de funções.
o Há um mínimo de 180 e um máximo de 230 deputados na AR –
art. 148º.
o Estabelece no art. 286º nº2 que as alterações da Constituição que
forem aprovadas pela maioria têm de ser reunidas, obrigatoriamente,
numa única lei de revisão constitucional. Acrescenta ainda no art.
287º que as alterações à Constituição devem ser logo inseridas no
local próprio.
o A constituição com o seu novo texto deve ser publicada
conjuntamente com a lei de revisão constitucional, no diário da
república – 287º nº2.
o 286º nº3 – qualquer lei da AR depois de aprovada é enviada ao PR
para que seja promulgada. Esta necessidade de promulgação por
parte do PR está prevista no art. 284º b). Relativamente a qualquer
lei da AR, o PR pode sempre decidir promulgar ou não. Este regime é
o aplicável a qualquer lei da AR.
o Quanto à lei de revisão constitucional e, por força do art. 286º nº3 o
PR não pode recusar-se a promulgar pois é obrigado por não haver
relação hierárquica entre a AR e o PR quando a AR está a exercer o
seu poder de revisão. Para além do mais, sempre que o PR achasse
que a revisão restringisse os seus poderes pode vetar. O veto do PR
normalmente é feito considerando a lei genericamente.
Limites Temporais
o Estão consagrados no art. 284º da Constituição e estabelece a
possibilidade de uma Revisão Ordinária e de uma Revisão
Extraordinária.
o 284º nº1 – a AR só pode efetuar a revisão constitucional de 5 em 5
anos, que devem ser contados a partir da última revisão ordinária.
o 284º nº2 – a Constituição permite antecipações a este período de 5
anos e nesse caso existirá uma revisão extraordinária que pode ser
feita em qualquer momento desde que 4/5 deputados em efetividade
de funções aprovem a resolução de antecipação da revisão.
Revisões:
1882 Revisão Ordinária
1889 Revisão Ordinária
1992 Revisão Extraordinária
1997 Revisão Ordinária
2001 Revisão Extraordinária
2004 Revisão Ordinária
2005 Revisão Extraordinária
Limites Circunstanciais
o Estão consagrados no art. 239º e de acordo com este artigo não se
pode praticar a revisão constitucional se estiver em vigor. Durante
esse período a revisão constitucional não pode ser iniciada, nem
continuada, nem terminada, ou seja, se já tiver sido iniciada fica
suspensa.
o 134º b) – cabe a PR declarar o estado sítio ou estado de emergência,
mas tem que ouvir o governo, art. 138º nº1 e 197º f) e tem que obter
a autorização da AR – 138º nº1 e 162º b).
O regime do estado sítio e de emergência está previsto
no art. 19 da CRP e pode ser declarado para todo o
território ou para parte deste, no caso de agressão
efetiva ou iminente por forças estrangeiras, de ameaça
grave ou perturbação da ordem constitucional ou em
caso de calamidade publica – artigo 19 nº 2.
O estado sítio é mais grave que o de emergência. Ambos
só podem ser declarados por 15 dias pelo PR, mas caso
necessário pode ser prolongado – 19º nº5. Estes
períodos limitam a revisão da CRP.
o Por si só os limites circunstanciais não imperam rigidez à
Constituição.
Limites Materiais
o Estão consagrados no art. 288º da CRP – significa que a nossa
Constituição indica um conjunto de matérias (todas as que estão
indicadas no art.) que são consideradas como núcleo essencial da
CRP e, como tal, não podem ser objeto de revisão constitucional.
o O limite material tem várias questões, sendo problemáticos.
o O art. 288º é um bloqueador de atentados à democracia portuguesa,
garantias e direitos fundamentais. A um conjunto de outros princípios
como a separação de poderes que tem como dever: prestar uma
certeza no sentido de melhorar e nunca piorar o nosso estado.
o Por exemplo, a separação de poderes entre o estado e a igreja.
Acreditar em Deus faz parte do nosso ser, mas não quer dizer
que tem de ser o poder.
o 288º
o a) – caso esta alínea seja eliminada é como retirar a pátria a
Portugal.
o b) – forma republicana do governo, forma de governo
republicado, temos de adotar princípios da república, desde
logo, ensino universal. Todos nós temos dt à educação, por
isso, mal caiu a democracia várias escolas proliferaram para
que fosse garantido o direito de igualdade a todos. Forma de
governo republicano é para manter.
Teses quanto à relevância jurídica dos limites matérias (só temos limites
superiores).
Não há propriamente uma separação absoluta entre estes fins, estão todos
relacionados. Para atingir estes fins o estado através dos seus órgãos tem
que desenvolver atividades que se designam por funções do estado.
o Legislativa
o Administrativa
o Judicial
o Político –
governament
Estas funções são exercidas por órgãos em nome do estado e vão ser
exercidas para atingir os fins do estado.
Todas elas no seu conjunto são exclusivas da AR, o que significa que
nenhum órgão pode legislar essas matérias.
Exemplo
Imagine-se que é necessário legislar sobre desporto e o governo fez um
decreto lei sobre desporto amador. Pode fazê-lo?
Não está indicada no art. 164º nem 165º, também não é de competência
exclusiva do governo. Portanto, entra na matéria de competência
concorrente. Pode fazê-lo.
A norma comum tem que respeitar as normas acima mas, pode respeitar a
lei ordinária e violar a constituição.
– 192º nº3
Autorizacao vs Autoridade
Art. 112º nº2 um decreto-lei que depende de uma lei de bases chama-se
decreto-lei de desenvolvimento.