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DIREITO CONSTITUCIONAL

Capítulo 1

Direito do Estado e Teoria da Constituição

Direito do Estado

Para os romanos, o “Direito Político”=Direito do Estado. No sec.XIX, dá-se na Alemanha a


separação entre Direito do Estado em sentido amplo e Direito do Estado em sentido estrito,
este último incluindo a constituição e as normas jurídicas. Após a “constitucionalização” da
ordem política, o direito do Estado em sentido estrito passou a designar Direito Constitucional.

A função do Direito é ordenar a realidade social. A função do “direito do Estado” é regular e


controlar o poder do Estado que se manifesta tanto para o interior como para o exterior, neste
caso designando-se “direito internacional”. As normas jurídicas que fazem referência ao Estado
reportam-se à organização e à atividade dos órgãos estaduais. Direito do Estado é,
essencialmente, “direito político”. O D.Estado reporta-se ao “Estado em si” como fenómeno
histórico-político e não abrange a sociedade civil.

O D.Constitucional enquanto direito relativo à “coisa pública” é “direito político” ou, melhor,
“direito para o político”. Como direito político, significa que nele se encontram regulados as
competências, as formas e as instituições, bem como os procedimentos de decisão dos órgãos
políticos. Mais uma vez, o DC contem os “princípios estruturais” básicos, as “decisões de valor”
de natureza principiológica, que determinam e fixam limites à atuação do poder público, tais
como o “princípio republicano”, o “princípio do Estado de direito” ou o “princípio do Estado
social”. Gomes Canotilho define a Constituição e o Direito constitucional como o “estatuto do
político” para os distinguir da atividade politica. De acordo com certos autores, o DC apresenta-
se sobretudo:

-- Como direito sobre o político, na medida em que regula as formas e procedimentos de


formação da vontade e da tomada das decisões políticas (porque todas as decisões políticas têm
de estar de acordo com a constituição);

-- Como um direito do político, sendo expressão normativa da constelação de forças políticas e


sociais (o DC traduz o entendimento da política mais correta para a organização de um
determinado Estado, num determinado momento e contexto social)

-- Como um direito para o político, já que estabelece “medidas” e “fins” ao processo político. (o
DC também regula toda a atividade política e eleitoral)

A construção da Ordem Constitucional

“Teoria da Constituição” --» Não esquecer a Constituição de Weimer (1919-1933)

 A “constitucionalização” da ordem política e a constituição por si só é obra das grades


revoluções dos séculos XVII e XVIII e dos seus teorizadores: LOCKE (separação de
poderes), ROUSSEAU (contrato social/fictício entre governados e governantes os quais
legitimados pela vontade do povo através de eleições) e MONTESQUIEU (separação
de poderes). Estes acontecimentos levaram à ideia de “Estado Constitucional”;
 O DC integra o D.Estado mas não se confunde com ele:
o O DC compreende a regulamentação das bases da vida estadual;
o Abarca as instituições de direito privado (exemplo: família);
o A propriedade, a função e actividades dos grupos sociais;
o A liberdade de criação cultural.
Genericamente, abarca as bases da vida não-estadual
 O DC constitui o âmbito central do D.Estado, embora lhe acrescente a ideia de
Constituição e dos direitos fundamentais (artg. 16 C) compreendidos na sua tradição
euro-atlântica.
 O estado anterior ao constitucionalismo não carecia de constituição. Apesar disso,
alguns autores afirmam que todas as instituições políticas de carácter duradouro
possuem a sua “constituição” como conceito físico, descritivo, isto é, um “diploma” que
estabelece a “ordenação dos poderes no Estado”. Segundo JELLINEK, um Estado sem
“constituição” seria uma anarquia.
 O D.Constitucional vem produzido pela “vontade política” encarnada no poder
constituinte. Neste sentido, apresenta-se como um quadro para a acção política. É o
direito de máximo grau positivado no Estado. Daqui procede a construção de uma
hierarquia normativa. (pag.16)

Processo de “constitucionalização” e passagem do A.Regime para o Estado


constitucional moderno
o Processo de codificação num documento constitucional, ou seja, a constituição escrita;
o A determinação consciente da configuração global do Estado, a sua organização
fundamental, ordenada segundo determinados princípios como a “constitucionalização”
dos direitos fundamentais.
o Constituição norte-americana e francesa constituíram paradigmas e converteram-se no
tipo ideal para a Europa. (pag 14)

A autonomização do direito constitucional

--» Constituição

Subordinação hierárquica das normas jurídicas (teorizada por HANS KELSEN):

Se o regulamento não
respeitar a lei é ilegal; se a
D.Internacional Constituição
lei não respeitar a
constituição é
inconstitucional.

Os regulamentos não podem


dispor sobre direitos e
D.Supranacional Lei liberdades.

Direito editado por


organizações independentes,
públicas ou privadas que se Regulamentos
auto-governam ou
administram
A Constituição é a ordem jurídica de máximo grau da comunidade. Essa ordem compreende:

 Sistema de regras e princípios jurídicos que designamos por Direito Constitucional


o O Direito Constitucional é essencialmente o direito escrito, direito positivo e
integra o D.Estado.
 Segundo HANS KELSEN, a constituição é uma norma fundamental;
 Segundo CARL SHMITT, a constituição é uma decisão política fundamental sobre o
modo e a forma de unidade política.
 A constituição significa a rotura com o A.Regime;
 A constituição ao determinar os órgãos de soberania (Presidente da República,
Assembleia da República, Governo, Tribunais ) ajuda-nos a compreender a sociedade
segundo a norma jurídica.

Nota 1: Tribunais constitucionais- instituições de controlo da constitucionalidade; há questões


políticas imunes ao T.Constitucional e T.Supremo. O T.Constitucional só surgiu após a primeira
guerra mundial mas com mais intensidade após a segunda.

Nota 2: O Direito Internacional é consolidado pela Paz de Vestefália em 1648 com o fim da
guerra dos 30 anos.

Direito Constitucional e Teoria da Constituição

O DC lida com a ordem jurídica positiva, sendo que em Portugal lida com a ordem normada
pelo ato constituinte de 1976. Dedica-se à qualificação e estudo das normas do direito
constitucional positivado. Por outro lado, a teoria da constituição “critica e discute” as soluções
constitucionais encontradas no passado, presente e ainda futuro (“política do direito
constitucional”). Portanto, a teoria da constituição estuda o direito positivo e que capta as
normas constitucionais sob um ponto de vista empírico-analítico ou por um ponto de vista
diferente do jurídico-normativo. Como conceito “racionalizador” do conteúdo da constituição, a
“Teoria da Constituição” contribuiu, de modo decisivo, para a construção do “Estado de Direito
democrático”.

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