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A CONSTITUIÇÃO

MATERIAL DE
APOIO
A CONSTITUIÇÃO

A CONSTITUIÇÃO

1. CONCEITO

1.1. Sentido sociológico

Uma Constituição só é legítima se representar as forças sociais que constituem o poder.


“É a somatória dos fatores reais do poder dentro de uma sociedade ” (Ferdinand
Lassale).

1.2. Sentido político

A Constituição só se refere à decisão política fundamental (estrutura do Estado, direitos


individuais, etc.), os demais dispositivos são meras leis constitucionais (concepção de
Carl Schmitt conforme José Afonso da Silva).

Em razão de ser a Constituição produto de certa decisão política, ela seria, nesse sentido,
a decisão política do titular do poder constituinte .

1.3. Sentido material e formal

Essa classificação se assemelha com a de Schmitt.

Ponto de vista material Ponto de vista formal

Leva-se em consideração o
conteúdo da norma, de modo
que constitucionais serão
aquelas que tratam de regras Leva-se em consideração a maneira como a
estruturais da sociedade (trata- norma foi introduzida no ordenamento jurídico,
se do que Schmitt chamou de de maneira que serão constitucionais as normas
Constituição). editadas pelo poder soberano, por meio de um
processo legislativo mais dificultoso , diferenciado
Aqui pouco importa o e mais solene que o de formação das demais
processo pelo qual a norma foi normas.
introduzida no ordenamento
jurídico, sendo importante o
seu conteúdo.

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Importante! Duas observações podem ser feitas. Se levado em consideração apenas o
aspecto material, torna-se possível a existência de normas constitucionais fora da
constituição, ao passo que, se levado em consideração apenas o aspecto formal, qualquer
norma que tenha sido introduzida por meio de um processo mais dificultoso será
considerada constitucional.

Atenção! Assim, observa-se que o direito brasileiro aparenta adotar um critério misto,
vez que ora leva em consideração o critério material, ora o formal. É o que se extrai a
partir da leitura do art. 5°, §3°, da CF.

1.4. Sentido jurídico

Hans Kelsen desvincula a Constituição de qualquer dos sentidos anteriores e lhe confere
apenas um sentido jurídico ( dever-ser, fruto da vontade racional do homem e não das
leis naturais).

A concepção de Kelsen toma a Constituição em dois sentidos:

Lógico-jurídico Jurídico-positivo

Norma fundamental hipotética que serve Conjunto de normas supremas


como fundamento lógico transcendental para positivadas, que regula a criação
as normas positivadas de outras normas

Norma suposta, hipotética Norma posta, positivada

No ordenamento jurídico percebe-se um escalonamento: as normas hierarquicamente


inferiores encontram fundamento nas superiores, até se chegar à Constituição, a qual
encontra validade na norma hipotética fundamental.

1.5. Sentido culturalista

Apregoa que a Constituição é produto de um fato cultural, produzido pela sociedade e


que nela pode influir.

Essa concepção conduz a um conceito de Constituição Total , sintetizando os aspectos


sociais, econômicos, jurídicos, filosóficos, etc., da sociedade em uma Carta que consagra
a unidade política.

1.6. Constituição aberta

Objetiva-se mantê-la dentro de seu tempo de modo a evitar o risco de desmoronamento


de sua “força normativa ”. Para Canotilho, é possível a relativização do sentido material ,

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possibilitando a desconstitucionalização de elementos substantivos.

1.7. Concepções de acordo com o papel da constituição no ordenamento jurídico

A Constituição é uma lei como qualquer outra,


sem obrigatoriedade de observância (serve
CONSTITUIÇÃO-LEI apenas como um norte para o legislador).
Favorece a supremacia do parlamento.

É a lei fundamental do Estado e de toda a


sociedade; deve regulamentar todo o
ordenamento jurídico e deve ser
CONSTITUIÇÃO- obrigatoriamente observada por ele, não
FUNDAMENTO sobrando qualquer espaço para o legislador.
(CONSTITUIÇÃO-TOTAL) Assemelha-se com a Constituição dirigente (fixa
um plano de ação a ser seguido).

CONSTITUIÇÃO- Proposta intermediária entre as duas anteriores;


MOLDURA serve de limite para a atuação legislativa (a
(CONSTITUIÇÃO- maneira que o legislador age nesses limites é
QUADRO) questão de oportunidade política).

Busca refletir o pluralismo político e econômico;


CONSTITUIÇÃO DÚCTIL, à Constituição cabe assegurar a possibilidade de
MALEÁVEL, SUAVE vida em comum, sem realizar diretamente um
(“CONSTITUZIONEMITE”) projeto predeterminado para tanto, permitindo a
maleabilidade das relações sociais.

2 . CROWDSOURCED CONSTITUTION : O LEGADO DA EXPERIÊNCIA


PIONEIRA DA ISLÂNDIA (2011)

A expressão inglesa crowdsourcing é recente e o tema deve ser contextualizado partindo


da independência da Dinamarca (1944), quando a Islândia, através de referendo nacional,
adotou um documento provisório como a sua Constituição, trazendo neste documento
as perspectivas para a sua revisão.

A almejada revisão constitucional não ocorreu e no ano de 2008, a partir de grave crise
financeira na Islândia, surgiram movimentos para uma rápida revisão constitucional,
sendo evidente o descontentamento da população com as autoridades que levaram o país
à situação econômica de crise.

Diante desta situação, em novembro de 2009, um grupo popular, sem reconhecimento


institucional, realizou conferência na capital do país (Assembleia Nacional). No ano
seguinte foi realizada uma eleição popular, sendo eleitos 25 cidadãos para estabelecer

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uma nova constituição para o país. Acontece que tal eleição foi invalidado pela Suprema
Corte Islandesa, sob o fundamento de problemas técnicos no processo de escolha.

Não obstante a anulação formal por parte do Tribunal Supremo do país, os nomes
eleitos foram reconhecidos como legítimos e estabeleceu-se um “Conselho
Constitucional” para a elaboração da minuta de Constituição.

Os debates e as discussões em torno do futuro texto constitucional ocorreram com


ampla participação popular através de recursos disponíveis na internet – as redes sociais,
tais como o Facebook, Twitter, Youtube, Flickr. Ou seja, possibilitou que os cidadãos
que tivessem interesse de colaborar, opinar ou de alguma forma participar da elaboração
do texto constitucional, o pudesse fazer encaminhando mensagens para o Parlamento.

Após a elaboração do texto, o mesmo foi referendado pela população do país, e


posteriormente encaminhado ao Poder Legislativo. Entretanto, neste poder o texto não
foi aprovado, não servindo como nova Constituição nacional.

Assim, trata-se de uma democracia de vanguarda que possibilita a participação popular


por meio da tecnologia. Fala-se de uma Constituição colaborativa e de uma terceirização
para a multidão do processo constituinte.

A Islândia, embora não tenha consolidado o texto elaborado à época, foi a pioneira dessa
modalidade de democracia ao permitir a participação da sociedade por meio das redes
sociais nas discussões perpetradas em meados de 2009 - 2011. Atualmente, a Inglaterra
tem passado por processo semelhante.

A pluralização do processo constituinte, com a sua abertura efetiva a todos os


cidadãos que almejem opinar sobre os mais diversos temas que sejam relevantes para
o Estado é o fenômeno conhecido como crowdsourced constituition , realizando-se
através de um processo constituinte chamado de “terceirização para a multidão”.

No Brasil, sob o lema “ participação virtual, cidadania real ” podemos destacar o portal
“E-democradia” da Câmara dos Deputados, que permite à população opinar sobre
projetos de lei. O Senado, por sua vez, com o portal “ E-cidadania” também possibilita à
população maior participação nos exercícios de suas atividades.

3. CONSTITUCIONALIZAÇÃO SIMBÓLICA

3.1. Legislação simbólica

Na concepção de Marcelo Neves, é a noção de “ constitucionalização simbólica ” estaria


representada pela discrepância entre a função hipertroficamente simbólica e a
insuficiente concretização jurídica de diplomas constitucionais.
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Desta feita, a discussão não estaria a reduzida à ineficácia das normas constitucionais,
mas a um debate mais amplo, que abrangeria a distinção entre texto e norma
constitucionais, bem como pelos efeitos sociais da legislação constitucional
normativamente ineficaz.

Nas suas palavras, a legislação simbólica aponta para “o predomínio, ou mesmo


hipertrofia, no que se refere ao sistema jurídico, da função simbólica da atividade
legiferante e do seu produto, a lei, sobretudo em detrimento da função jurídico-
instrumental”.

Segundo o autor, o seu conteúdo pode levar a:

A lei em si tem mais valor para a sociedade que a sua


Confirmação de valores eficácia normativa. Assim, estabelece-se uma contenda,
sociais dominantes em onde o grupo prestigiado busca influenciar a atividade
detrimento das minorias legiferante, fazendo prevalecer os seus valores em face
do grupo “adversário”.

Falsa demonstração da
Diante de certa insatisfação da sociedade, a legislação
capacidade de ação do
pode servir como mascaramento da realidade para a
Estado no tocante à
população, introduzindo um sentimento de “bem estar”
solução dos problemas
e incentivando a “lealdade das massas”.
sociais (legislação-álibi)

Adiamento da solução “Soluciona” um conflito através de uma lei


de conflitos sociais “progressista” que satisfaça ambos os pontos de vista,
através de sendo que na realidade transfere para um futuro inverto
compromissos dilatórios a real solução do conflito.

Além dos efeitos manifestos negativos – acima


Efeitos sociais latentes elencados, os quais resultam na ineficácia normativa e
ou indiretos da vigência social da Constituição –, a legislação simbólica
legislação simbólica pode ter ainda efeitos latentes, colaterais positivos
(políticos, econômicos, etc.).

3.2. Constitucionalização simbólica

O fenômeno da constitucionalização busca analisar a concretização das normas


constitucionais, avaliando a relação entre o texto e a realidade constitucional.

Sendo assim, sob uma visão negativa, a Constituição não é suficientemente concretizada
normativa-juridicamente de forma generalizada. Sob uma ótica positiva, a Constituição
desempenha um importante papel político ideológico, servindo para encobrir problemas
sociais e obstruindo as transformações efetivas da sociedade.

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Aqui também se admite os efeitos elencados acima para a “ legislação simbólica”.

3.3. Constitucionalização simbólica como alopoiese do sistema jurídico

Marcelo Neves desenvolve a constitucionalização simbólica como uma alopoiese (aquela


que se reproduz por sistemas, programas e códigos do ambiente) e discute a
possibilidade de um direito autopoiético (se reproduz por sistemas, programas e códigos
do seu próprio ambiente).

A constitucionalização simbólica aparece como uma realidade dos países periféricos,


com uma hipertrofia da função político-simbólica em detrimento de uma eficácia
normativo-jurídica. Nesses países o texto da constituição é manobrado de acordo com os
anseios políticos. Assim, não somente a seara jurídica é afetada, mas toda a estrutura
social (saúde, economia, educação, etc.).

3.4. Neoconstitucionalismo, ativismo judicial e a concretização das normas


constitucionais

O neoconstitucionalismo abre espaço para o fortalecimento de um ativismo judicial na


busca pela efetivação das normas constitucionais, principalmente em relação às normas
programáticas.

4. CLASSIFICAÇÃO

CLASSIFICAÇÃO ESPÉCIES DEFINIÇÃO EXEMPLOS

Imposta de maneira
unilateral/sem Constituições
legitimidade popular. de 1824, 1937,
1967 (alguns
Outorgadas Comumente chamadas de incluem
“Cartas Constitucionais” também a EC
1/69)

Democrática/votada/com
Constituições
legitimidade popular.
de 1891, 1934,
Promulgadas Comumente chamadas de
1946, 1988
“Constituição”.

Projeto elaborado por um Plebiscito de


imperador/ditador e Pinochet, no
apenas ratificado pela Chile (também
Cesaristas ou população – autocrática/ pode ocorrer
Bonapartistas por meio de
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Quanto à origem não democrática referendo)

Ex.: Magna
O poder constituinte Carta e a
Pactuadas ou
encontra-se nas mãos de Constituição
Dualistas
mais de um titular Francesa de
1791

Regras sistematizadas e
Escritas ou * Constituição
organizadas em um único
Instrumental de 1988
documento

Formada de textos
Costumeiras,
Quanto à forma esparsos baseados nos
não escritas ou
usos, costumes, Constituição da
(OBS 1) consuetudinárias
jurisprudências e Inglaterra
**
convenções

Constituição
Dispõem apenas sobre os Americana
Sintéticas, princípios fundamentais e (1787)
concisas, breves, estruturais do Estado.
sumárias, e Constituição
sucintas, básicas São mais duradouras e de 1891 (esta
flexíveis. última, segundo
Pinto Ferreira)

Analíticas,
amplas, extensas,
Quanto à extensão largas, prolixas, Aborda todos os assuntos
longas, considerados
desenvolvidas, fundamentais pelos Constituição de
volumosas, representantes do povo. 1988
inchadas

São constitucionais as
Constituição de
normas fundamentais e
Material 1824
estruturais do Estado

Quanto ao São constitucionais as


conteúdo normas que passam por
um processo legislativo Constituição de
(OBS 2) Formal
específico 1988

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Escritas; partem de teorias
preconcebidas.
Dogmáticas, Constituição de
sistemáticas São elaboradas de uma só 1988
vez por um processo
racional da Assembleia
QUANTO AO
Constituinte.
MODO DE
Resultam de um lento e
ELABORAÇÃO
contínuo processo de
formação, reunindo Constituição
Histórica
histórias e tradições. Inglesa

Exigem para a sua


alteração um processo CF/88: art. 60,
legislativo mais dificultoso incisos I, II e
do que as demais normas III e §2º
Rígidas infraconstitucionais

Não exigem para a sua


alteração um processo
Flexíveis ou legislativo mais dificultoso
plásticas do que as demais normas
(não existe hierarquia)

Algumas matérias exigem


para a sua alteração um
processo legislativo mais
dificultoso do que as
Semirrígidas ou demais normas, enquanto
semiflexíveis outras não

Só pode ser alterada por


um poder de competência
igual àquele que a criou.
Constituições silenciosas,
pois não estabelecem
expressamente o Valor
Fixas procedimento para sua meramente
reforma. histórico

Suscetíveis de reforma
pelo processo legislativo
Quanto à comum apenas por um Valor

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alterabilidade / Transitoriamente período, quando passará a meramente
estabilidade / flexíveis ser rígida novamente. histórico
consistência

(OBS 3) Imutáveis,
permanentes, Valor
graníticas, Não podem ser alteradas meramente
intocáveis histórico

CF/88 –
cláusulas
Além de exigem para a
pétreas (art. 60,
sua alteração um processo
§4º) (para
legislativo mais
alguns
dificultoso, algumas
doutrinadores –
matérias são imutáveis.
Super-rígida STF entende
contrariamente)

Reduzidas,
Constituições
unitárias,
Constituem um só código Brasileiras
codificadas
Quanto à
sistemática
Constituição
Variadas, legais, Distribui-se em vários
(OBS. 4) Francesa de
esparsas documentos esparsos
1975

Constituição
Formada por uma só
soviética e da
Ortodoxa ideologia
China

Quanto à Concilia diversas


dogmática Eclética CF/88
ideologias

As relações políticas e de
poder também de
Normativas submetes aos ditames CF/88
constitucionais

Contêm disposições de
Quanto ao critério controle do poder, mas
ontológico que não se efetivam na CF de 1824,
Nominalistas
(correspondência realidade 1891
com a realidade)
Não contêm qualquer
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(OBS. 5) limitação; a Constituição
serve como mero
Semânticas ou instrumento para os CF de 1937,
instrumentalistas detentores do poder 1967

Predominam princípios
Principiológica (alto grau de abstração,
consagram valores) CF/88

Quanto ao sistema Predominam regras (baixo


Constituição
grau de abstração,
Preceitual Mexicana
concretizam princípios)

Define o processo de
elaboração da
Provisórias Constituição e o regime a
ser adotado até a sua
conclusão
Quanto À Função
Produto final do processo
Definitivas
constituinte

Primeiras
Decretada fora do Estado
Heterônomas Constituições
e por outro Estado
de alguns países

Quanto à origem
Decretada dentro do
de sua decretação
Estado e pelo próprio
Autônomas Estado que irá reger CF/88

Constituição Busca garantir a liberdade,


CF/88
garantia limitando o poder

Descreve e organiza a
situação política
Constituição estabelecida – descreve o Países
balanço presente socialistas

Manoel Gonçalves Estabelece um projeto de


Ferreira Filho evolução política –
Constituição Constituição
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dirigente projeção de um ideal portuguesa
(normas programáticas)
Ideologia burguesa,
liberalismo, direitos de 1ª
Liberais - geração, não intervenção
André Ramos negativas estatal
Tavares (conteúdo
ideológico) Sociais - Direitos de 2ª geração,
positivas dirigismo estatal

Conteúdo anatômico e estrutural: divisão em


títulos, capítulos, seções, subseções, etc.
A CF/88 é
Comparação constitucional interna (evolução
Expansiva pelos
entre a atual constituição e as anteriores)
Raul Machado motivos ao lado
Horta Comparação constitucional externa (situação
da atual constituição com as de outros países)

* No Brasil, existem normas constitucionais que não estão na Constituição,


a exemplo dos tratados internacionais que se enquadrem no art. 5º, § 3º.
OBS. Por isso alguns autores falam em uma Constituição Legal.
1.
** Atualmente inexiste uma Constituição totalmente costumeira.

Com a introdução do § 3º, art. 5º na CF/88, passamos a ter uma espécie de


conceito misto, já que a nova regra só possibilita status constitucional a
OBS. tratado internacional que passe por determinado processo legislativo
2. (forma) e que trate de direitos humanos (conteúdo).

Alguns doutrinadores consideram a CF/88 rígida, outros a consideram


super-rígida. Entretanto o entendimento do STF é de que é possível alterar
OBS. as matérias constantes no art. 60, § 4º, desde que não tenda a abolir os
3. preceitos ali consagrados e dentro de uma razoabilidade e ponderação.

A CF/88 em um primeiro momento seria reduzida, codificada. Entretanto,


especialmente diante da ideia de “bloco de constitucionalidade”, parece
OBS. caminharmos para uma constituição esparsa (Ex.: art. 5º, § 3º). Nos
4. concursos deve continuar a ser classificada como reduzida.

OBS. Há divergência doutrinária acerca da natura normativa ou nominalista da

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5. CF/88.

Atenção! Assim, a CF/88 é classificada como: promulgada, escrita, analítica, formal,


dogmática, rígida, reduzida, eclética, pretende ser normativa, principiológica, definitiva,
autônoma, garantia, dirigente, social e expansiva.

5. ELEMENTOS DAS CONSTITUIÇÕES

Orgânicos Normas que regulam a estrutura do Estado e do Poder.

Elementos
Direitos e garantias fundamentais, limitando o poder estatal.
limitativos

Socioideológicos Revelam o compromisso do Estado com as demandas sociais.

Normas destinadas a assegurar a solução dos conflitos de


De estabilização
constitucionalidade, a defesa do Estado, da Constituição e das
constitucional
instituições democráticas.

Formais de
Regras de aplicação da Constituição. Ex.: preâmbulo.
aplicabilidade

7. HISTÓRICO DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS

7.1. Constituição de 1824

A Constituição política do império do Brasil foi outorgada em 25 de Março de 1824


após uma série de fatos históricos que tiveram início desde a chegada da Família Real
Portuguesa ao Brasil (1808), passando pela “Revolução do Porto”, até declaração da
Independência do Brasil em 7 de Setembro de 1822.

A Constituição do Império teve origem quando D. Pedro I, em 1823, convocou a


Assembleia Geral Constituinte e Legislativa, sofrendo fortes influências dos ideais
liberais, marcado pela Revolução Francesa de 1789. Somado a isso, destaca-se o forte
centralismo administrativo e político, haja vista a figura do Poder Moderador, bem como
do unitarismo e do absolutismo.

Segue abaixo alguns pontos distintos previstos na Constituição de 1824:

Marcado pela centralização política-administrativa, ou seja, forma


Governo unitária do Estado: monárquico, hereditário, constitucional e
representativo.

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Fruto da transformação das antigas capitanias hereditárias em
Território províncias. Estas eram subordinadas ao Poder Central, comandado
por um “Presidente”, nomeado pelo Imperador.

Dinastia A do Senhor Dom Pedro I, Imperador e Defensor Perpétuo do


Imperante Brasil, além da dinastia de Dom Pedro II.

Religião
Oficial do Católica Apostólica Romana.
Império

A cidade de Rio de Janeiro foi capital durante o Império entre 1822


Capital do a 1889. Em razão do ato adicional de 1834 passou a desvincular-se
Império da Província do Rio de Janeiro e passou a ter relação direta com o
Brasileiro Poder Central, garantindo-lhe “status” de Município Neutro ou da
Corte.

A Constituição do Império previa 4 (quatro) poderes: Poder


Organização
Legislativo, o Poder Executivo, o Poder Moderador e Poder
dos Poderes
Judiciário.

Exercido pela Assembleia Geral composto de duas Câmaras:


Poder
Câmara dos Deputados (eletiva e temporária) e Câmara de
Legislativo
Senadores (nomeados pelo Imperador e vitalício).

Eleições p/
o Eleições Indiretas
Legislativo

Censitário à baseava-se em condições econômico-financeiras de


Sufrágio
seus titulares.

Poder Exercido pelo Imperador com atuação dos Ministros de Estado


Executivo (estes não dependiam da confiança do Parlamento).

Órgão independente e composto por juízes e jurados. Aos juízes de


direito era garantido a vitaliciedade, não lhes sendo assegurado a
Poder
inamovibilidade. A segunda e ultima instância era denominada de
Judiciário
“Relações”, com sede nas Províncias. Havia, ainda, o Supremo
Tribunal de Justiça na capital do Império.

Fruto dos ideários de Benjamin Constant e com forte influência de


Poder Clermont Torre, o Poder Moderar era considerado “a chave de toda
Moderador a organização política”. O Poder era exercido pelo Imperador que
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atuava de maneira influente nos outros três poderes.

Cabanagem à Pará (1985);

Farroupilha à Rio Grande do Sul (1835);


Insurreições
Sabinada à Bahia (1837);
populares
Balaiada à Maranhão (1838);

Revolução Praieira à Pernambuco (1848);

A Constituição de 1824 previa procedimento mais árduo no tocante


Constituição
algumas matérias e um procedimento mais flexível com relação a
Semirrígida
outros;

Por forte influência das Revoluções americana (1776) e francesa


(1789), marcada pela ideia do constitucionalismo liberal, a
Liberdades Constituição de 1824 previa o importante rol de Direitos Civis e
Públicas Políticos. Não obstante houvesse a previsão do habeas corpus à
época a Constituição tutelava o direito à liberdade de locomoção,
bem como a vedação a qualquer prisão arbitrária.

7.2. Constituição de 1891

A Constituição de 1891 é considerada a primeira Constituição da República do Brasil e a


segunda do constitucionalismo pátrio. Ela sofreu forte influência do constitucionalismo
norte-americano, o qual consagrou o sistema de governo presidencialista , a forma de
Estado Federal e a forma de governo republicana.

Vejamos abaixo os aspectos marcantes definidos pela Constituição da República:

A Constituição Brasileira de 1891 previu como forma de governo,


Forma de
sob o regime representativo, a República Federativa, cuja
Governo e
proclamação ocorreu em 15 de Novembro de 1889. Nela
regime
declarou-se a união indissolúvel e perpétua das províncias,
representativo
rechaçando qualquer possibilidade de secessão.

Delimitou a área onde se encontra atualmente o Distrito Federal


Distrito para instalação da “futura Capital Federal” e transformou a cidade
Federal do Rio de Janeiro, anterior “município neutro”, em “Distrito
Federal” continuando a ser a capital da União.

A Constituição de 1891 é marcada pela ausência de religião oficial,

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Religião o que permitiu a instauração de um país laico, leigo ou não
Oficial confessional.

Extinguiu-se a figura do Poder Moderador e adotou-se a teoria


Organização
clássica de Montesquieu da “tripartição dos poderes”: Executivo,
dos Poderes
Legislativo e Judiciário.

Fixou-se o “bicameralismo federativo”, no qual o Poder


Legislativo Federal era representado por dois “ramos” ou “casas”:
Câmara dos Deputados (representantes do povo, eleitos
Poder diretamente para um mandato de 3 anos) e o Senador Federal
Legislativo (representantes do Estados e do DF, eleitos por sufrágio direto
para um mandato de 9 anos) . Ademais, instaurou-se o Poder
Legislativo no âmbito estadual, tendo, inclusive, alguns Estados,
duas casas (“bicameralismo estadual”).

Exercido pelo Presidente da República dos Estados Unidos do


Poder Brasil eleito juntamente com o vice-presidente por meio de
Executivo sufrágio direito para um mandato de 4 (quatro) anos, não havendo
previsão de reeleição.

O órgão máximo do Poder Judiciário foi denominado de Supremo


Tribunal Federal composto por 15 juízes. Havia expressa previsão
Poder
de vitaliciedade para os juízes federais e para os membros do
Judiciário
Superior Tribunal Militar, bem como da irredutibilidade dos
vencimentos para os primeiros.

Evolução em relação à primeira Constituição pátria. Assim,


previu-se no art. 90 da Constituição da República (1891) um
procedimento mais árduo de alteração das normas constitucionais,
Constituição
em comparação à legislação infraconstitucional. Além disso, foram
Rígida
elevados ao status de cláusula pétrea: a forma republicano-
federativa e igualdade de representação dos Estados no Senado
Federal.

A Constituição da República garantiu proteção às clássicas


liberdades privadas, civis e políticas, mantendo-se silente no
Declaração
tocante aos direitos dos trabalhadores. Ainda no panorama das
dos Direitos
garantias constitucionais, houve expressa previsão do “habeas
corpus”.

Marcada pela “centralização do poder”, tendo em vista a


Reforma de introdução dos institutos da intervenção da União nos Estados,
03.09.1926 no Poder Legislativo, no processo legislativo, o que, por outro

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lado, fortaleceu o Poder Executivo.
7.3. Revolução de 1930 – Governo Provisório da República

Este período também denominado de “República Velha”, em que levou Getúlio Vargas
ao poder, foi responsável por motivar a edição de um texto mais democrático na
Constituição de 1934.

A esse respeito, assevera a doutrina, nas palavras do constitucionalista Roberto Barroso,


que o período foi por dois aspectos negativos: o domínio das oligarquias e a fraude
eleitoral institucionalizada.

7.4. Constituição de 1934

A Constituição de 1934 foi elaborada sob a forte influência da Constituição de Weimer


(Alemanha, 1919), dando destaque aos direitos humanos de 2ª geração (ou dimensão) e a
uma perspectiva de Estado Social de Direito.

Noutro plano, o texto constitucional passou a estabelecer que além do voto direto para
escolha dos Deputados, haveria, de maneira paralela, a escolha pelas organizações
profissionais (de maneira indireta) da “representação classista”, demonstrando forte
influência do Facismo.

São as principais características do período:

Forma de
Constituída, ainda, pela União perpétua e indissolúvel dos
Governo e
Estados, DF e dos territórios, tendo como forma de governo, sob
regime
o regime representativo, a República Federativa.
representativo

O Distrito Federal foi mantido com sede na Cidade do Rio de


Capital Janeiro, considerada a Capital da República. Durante sua vigência,
Federal foi editada, a saber, a Lei 196 que ampliou a autonomia do DF de
maneira equivalente a dos Estados.

Religião
Estado laico, leigo ou não confessional.
Oficial

Organização Com base na teoria de Montesquieu, manteve-se a previsão dos


dos Poderes três poderes.

Representado pela Câmara dos Deputados com a “colaboração”


do Senado Federal. Identifica-se, aqui, a quebra do modelo
bicameral clássico, rígido e paritário para um “bicameralismo
Poder desigual”. A CD era composta por representantes do povo, eleitos

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Legislativo pelo sistema proporcional e sufrágio universal, igual e direto, além
de representantes eleitos por organizações profissionais, na forma
da lei. O SF era composto de representantes dos Estados (dois
por Estado) para um mandato de 8 anos.

Poder Exercido pelo Presidente da República, eleito conjuntamente com


Executivo o vice-presidente, e auxiliado pelos ministros de Estado.

Órgãos do Poder Judiciário previstos na Constituição: STF; juízes


Poder
e tribunais federais; juízes e tribunais militares; juízes e tribunais
Judiciário
eleitorais.

Constituição Procedimento mais rígido para alteração das normas


Rígida constitucionais.

Declaração de Destaca-se a previsão do voto feminino e do voto secreto, além


Direitos do mandado de segurança e da ação popular.

7.5. Constituição de 1937

O período de elaboração e promulgação da Constituição de 1937 foi marcado por forte


conflito das ideias propagadas pela direita facista, que defendia um Estado autoritário, e
pelos movimentos de esquerda, que pactuava com as com os ideários socialistas,
comunistas e sindicais. A esse respeito, vale ressaltar que sob o argumento de um plano
comunista para tomada do poder, o governo decretou o golpe, em 30 de setembro de
1937, dando início, portanto, a “Era Vargas”.

A Constituição de 1937 foi conhecida como “Polaca” em razão da influência da


Constituição Polonesa facista de 1935, além de traçar aspectos importantes no âmbito
dos direitos sociais , sobretudo, porque, à época, foi elaborada a Consolidação das Leis
do Trabalho.

Como forma de abordar de maneira didática as características marcantes do período,


elaboramos a presente tabela:

Forma de
A forma de governo: República.
Governo

Forma de O Brasil é um Estado Federal, constituído pela união indissolúvel


Estado dos Estados, do DF e dos territórios.

Distrito O Distrito Federal continuou tendo como sede a cidade do Rio


Federal de Janeiro, capital federal.

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Religião oficial País leigo, laico e não confessional.

Organização Permanência da tripartição dos poderes. Destaque, aqui, para a


dos “poderes” forte influência do Poder Executivo.

Poder exercido pelo Parlamento Nacional com a colaboração do


Conselho de Economia Nacional e do Presidente da República.
Com efeito, o Parlamento Nacional era composto pela Câmara
Poder
dos Deputados (representantes do povo eleitos pelo sufrágio
Legislativo
indireto para um mandato de 4 anos) e pelo Conselho Federal
(representantes dos Estados escolhidos pelo PR para um
mandato de 6 anos), não havendo a previsão do Senado Federal.

Poder Representado pelo Presidente da República, “autoridade suprema


Executivo do Estado”, eleito indiretamente para um mandato de 6 anos.

A Justiça Eleitoral e os partidos políticos foram extintos. No que


diz respeito ao controle de constitucionalidade, caso alguma lei
Poder fosse declara inconstitucional e o PR entendesse que pelo “bem-
Judiciário estar” do povo devesse ser mantido, submeteria ao CN, que por
voto 2/3 dos votos de cada uma das casas, tornaria sem efeito a
decisão do tribunal.

Não houve a previsão do mandado de segurança nem da ação


Declaração de popular. Por mais, o direito a manifestação de pensamento foi
direitos restringido, além de não prever o princípio da reserva legal e da
irretroatividade das leis.

Nacionalização
formal da
economia e Período marcado pelo avanço de direitos trabalhistas e também
conquista de de importantes empresas estatais.
direitos
trabalhistas

7.6. Constituição de 1946

A promulgação da Constituição de 1946 é precedida do contexto histórico da Segunda


Guerra Mundial e da derrocada do Presidente Getúlio Vargas do Poder pelos generais
Gaspar Dutra e Góis Monteiro, dando lugar às forças armadas, até, posteriormente, do
primeiro, por voto direito, para Presidente da República. Elaborada a partir da instalação
da Assembleia Constituinte em 01 de fevereiro de 1946, o referido texto constitucional
visava à redemocratização do país e ao repúdio ao Estado Totalitário, então vigente em
1930.

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O texto se inspirou nas ideias liberais da Constituição de 1891 e nas ideias sociais de
1934, garantido também, por outro lado, a harmonização entre a livre iniciativa e justiça
social. Vejamos abaixo as características marcantes do período de sua vigência:

Forma de
governo e A constituição de 1946 foi marcada pela previsão da forma de
Forma de governo republicana e pela forma de Estado federativa.
Estado

O distrito federal continuou como sendo a capital da União,


localizada na cidade do Rio de Janeiro. Por conseguinte, em 21
Capital da União
de Abril de 1960 inaugurava-se a cidade de Brasília, tornando-se
a Capital da União por força do art. 4 da ADCT.

O período foi marcado pela ausência da religião oficial, sendo


Religião oficia
então um Estado laico, leigo ou não confessional.

Organização dos
Manteve-se a ideia de tripartição dos poderes.
Poderes

Houve a previsão do retorno do bicameralismo igual formado


pela Câmara dos Deputados (representantes do povo eleitos
Poder pelo sistema proporcional, por voto direto, para um mandato
Legislativo de 4 anos) e pelo Senado Federal (representantes dos Estados e
do DF eleitos pelo sistema majoritário, por voto direto, para
um mandato de 8 anos).

Representado pelo Presidente da República eleito de forma


Poder Executivo
direta para um mandato de 5 anos.

Formado pelos seguintes órgãos: STF; Tribunal Federal de


Poder judiciário Recursos; Juízes e tribunais militares; juízes e tribunais
eleitorais; juízes e tribunais do trabalho.

O retorno da previsão constitucional do MS e da ação popular.


Declaração de
Além do reconhecimento do direito de greve e da garantia da
direitos
inafastabilidade da jurisdição.

Instalação do regime parlamentarista em 1961 pelo Congresso


Nacional em receio de controle do Poder Executivo pelas
Parlamentarismo forças armadas após a queda de Jânio Quadros. Neste período,
marcou-se o regime dual do Executivo, que era exercido pelo
Presidente da República e pelo Conselho de Ministros.

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7.7. Golpe Militar de 1964

O período é marcado após a queda de Jânio Quadros do Poder em virtude de um


movimento militar encabeçado, em seguida, pelo General Costa e Silva, o brigadeiro
Francisco Correia de Melo e o Almirante Augusto Radamaker. A doutrina considera que
em razão do caráter “autoritário” que marcou o período, a Constituição de 1967, que
teve origem no movimento, foi outorgada.

7.8. Constituição de 1967

A Constituição de 1967 esvaziou o poder dos Estados e dos Municípios e o concentrou


nas mãos do governo federal.

São as suas principais características:

Forma de
República
Estado

Período marcado pela fragilidade do federalismo. No entanto, ainda


Forma de
vigorava o Estado Federal definido pela união indissolúvel dos
Governo
Estados, do DF e dos municípios.

Capital da O Distrito Federal permaneceu como a capital da União localizada


União na cidade de Brasília.

Religião
Estado laico, leigo ou não confessional.
oficial

Organização Manteve a previsão da tripartição dos poderes, embora o Poder


dos Poderes Executivo tivesse maior influência.

Poder
Composto pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal.
Legislativo

Representado pelo Presidente da República eleito de maneira


Poder indireta por sufrágio do Colégio Eleitoral, composto por membros
Judiciário do CN e delegados indicados pelas Assembleias Legislativas dos
Estados.

Poder
A previsão do Poder Judiciário da União e dos Estados.
Judiciário

Declaração
Previsão da perda da propriedade para fins da reforma agrária.
de direitos

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Sistema Estabeleceu-se, através da técnica do federalismo cooperativo, uma
tributário discriminação de rendas, em que permitia a participação de uma
entidade na receita da outra.

Garantiu uma série de prerrogativas ao chefe do poder executivo


que garantiram um cenário de instabilidades constitucionais, dentre
AI- 5 de
elas a suspensão da garantia do habeas corpus, esvaziamento de
1968
apreciação dos seus atos pelo Poder Judiciário, a decretação de
recesso do CN, etc.

7.9. EC n°. 1969 – “Constituição de 1969”

A doutrina considera que a EC n°1/1969 consagrou-se como verdadeira manifestação


d o poder constituinte originário, sobretudo pela tentativa de constitucionalização dos
Atos Institucionais, razão pela qual a denominavam de “Constituição” de 1969. Ademais,
garantiu-se, durante a sua vigência, a ampliação do mandato presidencial em mais 5 anos,
permanecendo a eleição de maneira indireta.

Por conseguinte, foi ganhando forma um processo de redemocratização durante o


período do mandato do Presidente João Figueiredo, período segundo a qual foram
criados instrumentos normativos marcantes: a) Lei da Anistia (Lei n. 6.683 de 1979); b)
Reforma Partidária – Lei n. 6.767 de 1979 – regulamentou o pluripartidarismo partidário;
c) EC n.15 de 1980 – eleições diretas em âmbito estadual; d) “Diretas Já” – PEC n. 5/83.

7.10. Constituição de 1988

Democrática e liberal consagra a república constitucional e o sistema presidencialista no


Brasil, que tem como características:

Forma de
República.
governo

Sistema de
Presidencialista.
Governo

Federação (sensível ampliação da autonomia dos entes federados,


Forma de
mas a União continua fortalecida, caracterizando-se o texto como
Estado
conservador).

Capital Brasília. O DF passa a ser ente federativo, apesar de parcialmente


Federal tutelado pela União.

Inexistência
de religião O Estado é laico, leigo e não confessional, embora haja a invocação

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oficial de Deus no preâmbulo.

Organização “Tripartição” dos poderes de Montesquieu; busca-se um equilíbrio


dos poderes entre eles por meio do sistema de “freios e contrapesos”

Bicameral, exercido pelo Congresso Nacional que se compõe da


Câmara dos Deputados (eleitos pelo povo por meio do voto direto,
secreto e universal e pelo sistema proporcional pelo mandato de 4
anos) e do Senado Federal (composta de representantes dos
Poder Estados-membros e do DF pelo mandato de 8 anos, eleitos pelo
Legislativo sistema majoritário, sendo que a representação de cada Estado e do
DF será renovada a cada 4 anos, alternadamente, por 1 e 2/3).

Exercido pelo Presidente da República, eleito junto com o vice e


Poder
auxiliado pelos Ministros de Estado, com mandato de 4 anos,
Executivo
permitida 1 reeleição subsequente.

Composto pelo STF, CNJ, STJ (criado pela CF/88), Tribunais


Regionais Federais e Juízes Federais, Tribunais e Juízes do trabalho,
Poder Tribunais e Juízes eleitorais, Tribunais e Juízes Militares, Tribunais
Judiciário e Juízes dos Estados, do DF e Territórios.

Declaração de Direitos

Separação da Ordem Econômica e da Ordem Social

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