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SANDRA MORETO NICOLA

TATIANA LOPES DOS SANTOS


VIVIAN ROCHA LOURES
VIVIAN QUIMELLI ROSA

DIREITO ADMINISTRATIVO E O MEIO AMBIENTE

Trabalho apresentado na
disciplina de Direito Ambiental, do
curso de Direito da Faculdade de
Direito de Curitiba, 9º período B, Turno
Diurno.
Professor: Luciano Markesine

CURITIBA
2002
DIREITO ADMINISTRATIVO E O MEIO AMBIENTE

I - Considerações gerais

O meio ambiente, por se tratar de um interesse comum, é de domínio


público, assim o Direito Positivo pode efetivar-se sobre aqueles em territórios
delimitados por autonomia e soberania nacional.

“O meio ambiente tomado em sua plenitude, como bem essencialmente difuso,


como expressão da fragilidade do planeta Terra e como instituição viva de
caráter transcendente a interesses particulares e localizados, necessita de uma
tutela do estado, pois é referencial de direitos e deveres, se não dos seres
irracionais, ao menos os seres racionais em relação ao seu entorno e aos seres
que o povoam.”1

O Direito Ambiental está associado a outras formas e especializações do


Direito, como o Administrativo, o Civil, o Penal e até o Internacional, sendo que a
Tutela Administrativa do Ambiente se apresenta como uma gestão ambiental.
A Constituição Federal estabelece em seu artigo 225 que a preservação
do meio ambiente para as presentes e futuras gerações é de responsabilidade
comum e solidária do Poder Público e da coletividade, cada qual com seu respectivo
papel. O Direito Administrativo é, também, um mecanismo de proteção jurídica do
meio ambiente, que não pode gerir-se por si mesmo.
A lei manifestamente determina sujeito, objeto e alcance das intervenções
e ações ambientais, utilizando-se para isto do poder de polícia administrativa,
criando, desta forma, limitações à atuação dos direitos individuais. Dada a fragilidade
ecológica o Estado age como “tutor” do meio ambiente, enquanto patrimônio da
comunidade, e, para tanto, pode adotar e impor medidas preventivas, corretivas,
inspectivas e supletivas.

A gestão ambiental se dará na forma do artigo 225 da Carta Magna, complementada


pelo disposto nas Constituições Estaduais e nas Leis Orgânicas dos Municípios,
ocupando-se de medidas concretas em casos particulares.

1
MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente . 2 ed. rev. atual. e ampl. – São Paulo : Editora Revista dos Tribunais,
2001, p. 280.

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II - O poder de polícia ambiental

O poder de polícia administratriva ambiental decorre da função da ação


tutelar do Estado, definido no art. 225 da Carta Maior. Trata-se de uma prerrogativa
do Poder Público, especialmente do Executivo, através de um esteio legal.
Tal poder de polícia será exercido por profissionais técnicos capacitados
na defesa e preservação do meio ambiente. Para isso às vezes contam com o
auxílio de Polícias Florestais, Delegacias Verdes, que irão flagrar, autuar e apurar
crimes ambientais. Também há a ação fiscalizadora, através de medidas corretivas e
inspectivas.
Por vezes o trabalho requerido desse poder fica prejudicado por velhos
hábitos culturais, nocivos ao meio ambiente e aí entraria a educação para se evitar a
punição.
Todos os entes federados têm competência comum na proteção do meio
ambiente, cada qual em seu âmbito. Seja federal, estadual ou municipal, o poder de
polícia pode ser exercido cumulativamente por eles. Assim o município pode legislar,
por exemplo, sobre matérias supletivas ou complementares às editadas pela União e
os Estados.
A omissão do poder de polícia por autoridade competente quando deveria
atuar pode configurar infração administrativa, conforme o § 3º do artigo 70 da Lei
9.605/98, ou, ainda, a co-responsabilidade e até mesmo a perda do cargo, nos
termos do artigo 11, II da Lei 8.429/92, nos casos de ato de improbidade
administrativa.

III - Dano Ambiental

O conceito de dano está ligado à idéia de prejuízo que o sujeito de


direitos sofra através da violação dos seus bens jurídicos, com a exceção daqueles
que o indivíduo praticou contra si mesmo, o quais são considerados irrelevantes
para o direito.

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O sentido que vem se dando à palavra, em termos jurídicos, é de prejuízo
de ordem patrimonial. Neste sentido, Maria Helena Diniz2 discorre: Não haverá
responsabilidade civil sem a existência de um dano a um bem jurídico, sendo necessária a prova real
e concreta dessa lesão.
No entanto, a doutrina moderna tem inclina-se a dar um conceito mais
abrangente ao termo dano, de forma que abrange qualquer diminuição de um bem
jurídico. Além disso, a noção atual extrapola o conceito de bem material, alcançando
a honra, saúde, a vida, enfim o dano moral.
Com relação ao dano ambiental torna-se difícil conceituá-lo devido a
amplitude do tema. Em num primeiro momento vem-nos à mente que as agressões
ao meio ambiente referem-se apenas à água, ao solo, ao ar e ao mar. Porém,
existem muitas outras formas de lesão, tais como o lixo, condições de trabalho,
sistema viário, e tantos outros, que interferem física e psiquicamente as relações do
homem com o meio ambiente.

IV - Ordenamento Jurídico Brasileiro

Constituição Federal

A organização administrativa do Estado deve ser feita com base na


Constituição Federal, vez que trata-se de um conjunto de normas pertinentes à
organização de poder, à distribuição de competência, ao exercício da autoridade, à
forma de governo, aos exercícios da autoridade, aos direitos da pessoa humana,
entre outros.
Assim, será na Lei Maior que encontraremos regras e princípios básicos
aplicáveis no âmbito do meio ambiente. Tomando-se a redação do artigo 225, caput,
por exemplo percebemos que a coletividade coloca-se ao lado do poder público no
dever de defender o meio ambiente e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações. Outro aspecto importante é a necessidade de estudo prévio de impacto
ambiental para a instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de
gradativa degradação do meio ambiente.

2
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 1986, vol. 3, p 506.

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O constituinte preocupou-se também em conferir ao cidadão ação
popular, conforme o artigo 5º, inciso LXXIII, e ao Ministério Público a função de
promover o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção do meio ambiente,
consoante o artigo 129, III da CF/88.

Repartição de Competência

A Carta de 1988 trata no título III da Organização do Estado, arts.


18 a 43. Discorre sobre a organização político administrativa, estabelecendo
os entes políticos da federação, os quais gozam de autonomia.
A exemplo, temos o artigo 23, incisos III, VI, VII, que determinam
regras de competência para proteger o meio ambiente. No mesmo sentido
dispõe o artigo 24 da CF/88, o qual atribui às referidas pessoas o poder de
legislar sobre o mesmo, excetuando-se os Municípios.
O que princípio aplicável na repartição de competência entre as entidades
componentes do Estado Federal é o da predominância do interesse, que pode ser
local, regional ou nacional.

Legislação Federal

A estrutura de normas gerais pertence ao Poder da União, sem entrar em


detalhes ou minúcias. Dizem-se comuns ou gerais as leis que regulam, em toda a
sua amplitude, determinadas relações sistematizadas. Portanto, é necessário que a
norma regule de forma ampla a matéria, porém não é preciso que se dirija a todo
território nacional, bastando que seja do interesse de significativa parte dele.

Legislação Estadual

Os Estados, com a nova ordem constitucional, passaram a ter redobrada


importância em matéria ambiental. Primeiro, em matéria cuja competência seja de

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competência exclusiva da União. Segundo, na hipótese de existir lei geral da União
sobre a matéria, então se aplicará a regra do art. 24, inciso XVI, §§ 1º ao 4º.
Assim, por exemplo, se o Estado pretender legislar sobre os mangues,
cabe-lhe inicialmente examinar a lei federal. Se inexistente, nada impede que ele
legisle. Será plena a sua competência. Se existente, poderá o Estado legislar
supletivamente, introduzindo preceitos atinentes à suas peculiaridades, mas sem
contrariar os ditames da lei federal.

Legislação Municipal

Os Municípios sofrem grande limitação no que diz respeito ao poder de


legislar matérias de Direito Ambiental. A Constituição Federal, em seu art. 23, atribui-
lhes competência para proteger documentos e obras de valor histórico, paisagens
naturais e sítios históricos, entre outros.
No entanto, no artigo 24, a Lei Maior dispôs sobre as competências da
União, dos Estados e do Distrito Federal para legislar sobre várias matérias,
excluindo-se os Municípios.
Fazendo-se uma análise do artigo 30 da CF/88, inciso I, constatamos que
ao Município compete legislar sobre matérias de interesse local. O mesmo artigo, no
inciso II confere aos mesmos o poder supletivo de legislar, no que não compete à
União e Estados , finalmente, o inciso IX confere-lhes a função de proteger o
patrimônio histórico - cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora
federal e estadual.

Tratados

A análise dos tratados passa obrigatoriamente pelo estudo do Direito


Internacional Público.
Os Tratados são ajustes pelos quais duas pessoas jurídicas internacionais
manifestam suas vontades. Para que sejam considerados válidos, devem preencher
determinadas condições de validade, quais sejam: 1) a capacidade das partes

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contratantes; 2) a habilitação dos agentes signatários; 3) o consentimento mútuo; 4)
a existência de objeto lícito e possível; 5) ratificação.
No Brasil, os Tratados são celebrados privativamente pelo Presidente da
República, conforme o art. 84, inc. VII da Constituição Federal. Uma vez ratificados,
são promulgados por Decreto do Poder Legislativo, devidamente publicados no
Diário Oficial.
Em se tratando de meio ambiente, devem ser destacados alguns atos
internacionais celebrados pelo Brasil, como: A Convenção internacional para
prevenção da poluição do mar por óleo, 1958; Protocolo de Genebra sobre proibição
de emprego, na guerra, de gases asfixiantes, tóxicos ou similares, 1925; Tratado da
Antártida, 1959; Acordo de conservação dos recursos naturais do Atlântico Sul,
Brasil e Argentina, 1967; Tratado de Cooperação Amazônica, 1978; Convenção de
Viena para a Preservação da Camada de Ozônio, 1985; Declaração do Rio de
Janeiro sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento e Agenda 21, com diretrizes para
desenvolvimento sustentável, 1992; Convenção-Quadro das Nações unidas sobre
Mudança de Clima, Nova York, 1992, entre outros.

Normas Infralegais

As normas infralegais que cuidam de matéria administrativa são apenas


atos administrativos, que podem ser gerais ou especiais. São gerais os atos que
dispõe sobre situações abstratas, e os que possuem objeto determinado são
considerados atos administrativos especiais.
Em matéria ambiental, os atos administrativos, em suas várias
modalidades, têm se revelado de grande importância, uma vez que a própria matéria
em questão apresenta falhas, sujeita a detalhes não incluídos na legislação, que
obrigam a administração a suprir as lacunas existentes.
Restou totalmente alterado o Sistema Nacional do Meio Ambiente,
através da Lei 7.804/89, que deu nova redação à Lei .938/81. Temos, em nível
federal, dois órgãos de atuação concreta na área. O Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA), e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos recursos
Naturais renováveis (IBAMA).

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As normas editadas pelo CONAMA são objeto de Resoluções. Já o
IBAMA atua através de Portarias, no exercício das funções que lhe são delegadas
por Lei.

Codificação ou Consolidação

Como anteriormente mencionado, a legislação do meio ambiente é


esparsa e fragmentada. As matérias são extremamente diversificadas, e, por isso,
encontram-se em textos diversos. Além disso, exige do operador do direito
conhecimentos profundos de várias matérias alheias às Ciências Jurídicas. Até o
presente momento houve a proposta de Consolidação das Leis Ambientais, na
tentativa de codificação da matéria.

V - A Organização Administrativa Brasileira

O Estado, para atingir as suas finalidades, deve organizar-se política e


administrativamente, utilizando-se de lei, decretos ou normais inferiores para tal
mister.
No Brasil não foi criado um Ministério do Meio Ambiente, a exemplo da
Itália. Nosso sistema evitou unificar toda a matéria ambiental, ao entendimento de
que tal unificação seria maléfica ao nosso sistema.
Entretanto, partiu-se para uma política nacional do meio ambiente, a qual
tem por base a Lei 6.939/81, com a criação do Sistema Nacional do Meio Ambiente
(SISNAMA), o qual constitui-se pelos órgãos e entidades da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, bem como pelas Fundações instituídas pelo Poder
Público responsáveis pela melhoria da qualidade ambiental.

Conselho de Governo

O Conselho de Governo foi introduzido no ordenamento jurídico através


do artigo 2º da Lei nº 8.028/90, no § único, alínea “b”, nº 01, atribuindo-lhe a

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condição de auxiliar imediato do Presidente da República. Trata-se de órgão
superior na estrutura hierárquica do SISNAMA.
O Conselho de Governo será presidido, em cada reunião, pelo Ministro de
Estado, conforme o artigo 6º da referida lei.

Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA

Na estrutura do SISNAMA, o Conselho Nacional do Meio Ambiente está


previsto como órgão pertencente à Secretaria do Meio Ambiente, conforme o artigo
12, da Lei 8.028/90.
Entre as atribuições do CONAMA, previstas no artigo 7º da Lei 8.028,
salienta-se as de decidir como última instância administrativa sobre os recursos
interpostos contra penalidades impostas pelo IBAMA e estabelecer, privativamente,
normas e padrões nacionais do controle de poluição causadas por veículos
automotores terrestres, aeronaves e embarcações, após ouvidos os ministérios
competentes.

Ministério do Meio Ambiente

O Ministério do Meio Ambiente está previsto na Lei 9.649/98, que trata da


organização da Presidência da República.
Cabe ao Ministério do Meio Ambiente conduzir a política nacional do meio
ambiente e dos recursos hídricos, zelar pela preservação dos ecossistemas,
biodiversidade e florestas, propor estratégias para o uso sustentável dos recursos
naturais, integrando meio ambiente e produção, e ditar a política da Amazônia legal.

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais


Renováveis (IBAMA)

A Lei 7.735/89 criou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente, autarquia


federal dotada de personalidade jurídica de Direito Público. A finalidade deste órgão,
conforme o artigo 2º da referida lei, é a de assessorar a SEMA, executar e fazer

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executar a política nacional do meio ambiente e de preservação, conservação e uso
racional, fiscalização, controle e fomento dos recursos naturais.
A criação do IBAMA teve por principal finalidade unificar a política
nacional do meio ambiente em um só órgão e tem sua estrutura organizacional
fixada pelo Decreto 3.059/99.
O IBAMA, por força dos dispositivos contidos na Lei 6.938/81, é órgão do
Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). A este deve propor normas e
critérios para licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, entre
outros.

Órgãos setoriais, seccionais e locais

No tocante aos órgãos seccionais, existe no Paraná o Conselho Nacional


de Defesa do Ambiente, com o propósito de participar da Política Estadual do Meio
Ambiente. Já no âmbito municipal, existe em Curitiba a Secretaria do meio
Ambiente, cujas finalidades são as de executar a política ambiental, coordenar
planos e estabelecer diretrizes quanto à matéria ambiental.

Polícia Militar

Ainda é de grande discussão a participação da Polícia Militar dos Estados


ao SISNAMA. O artigo 6º da Lei 6938/81, o qual faz menção aos entes federativos,
inclusive fundações.
Como em vários Estados, a Polícia Militar exerce atividades de polícia
administrativa, deve ser considerada parte integrante do SISNAMA.

VI - Instrumentos Preventivos

Cabe ao Poder Público promover a educação ambiental e a preservação


do meio ambiente, nos mais diversos níveis de ensino, conforme afirma a
Constituição Federal de 1988, em seu art. 225, §1º, inc. VI. Este mandamento

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constitucional não apenas se dirige ao Poder Executivo, mas também ao Legislativo
e Judiciário.
Atualmente no Brasil há uma maior divulgação desta política de
preservação ambiental, por exemplo a educação oferecida nas escolas e
universidades, além é claro do incentivo legislativo que o Direito Ambiental vem
criando com o passar do tempo como por exemplo a promulgação da Lei 9.795, de
27.04.99, a qual institui a Política Nacional de Educação Ambiental. Outro exemplo a
ser dado foi a criação pelo Ministério da Educação da Coordenação-Geral de
Educação Ambiental (COEA).
Além da atuação estatal, ainda encontramos órgãos não-governamentais
ou entidades particulares que vem promovendo seminários a respeito das questões
ambientais.

Impacto Ambiental

De acordo com a Resolução 1, de 23.01.86, do CONAMA, considera-se


impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e
biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia
resultante das atividades humanas, que venham a afetar a saúde da população, as
atividades sociais e econômicas, a biota, as condições do Meio Ambiente e ainda a
qualidade dos recursos naturais.
O país pioneiro no tratamento a questões ambientais foram os Estados
Unidos da América do Norte, por meio da Lei Nacional de Controle Ambiental de
1969 (LNCA); assim, seguiu-se o exemplo na França, na Suíça e em Portugal.
No Brasil a iniciativa foi dada em 1969, através da Lei 6.803 – 02/07/69,
dispondo sobre as diretrizes básicas para o zoneamento industrial nas áreas mais
críticas de alta poluição.
Com a instituição da Política Nacional do Meio Ambiente, com a Lei
6.938/81, iniciou-se a avaliação do impacto ambiental. Logo após, há a
regulamentação do CONAMA, ao qual foi atribuído poderes para a fixação de
critérios básicos para estudar o impacto ambiental.

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O Estudo do Impacto Ambiental, dá-se por diversas razões de cunho
sociológico e econômico, devendo conter definições, análises e diagnósticos muito
bem firmados pelas regras jurídicas responsáveis pelo bom desenvolvimento da
relação ambiental.
Devendo ter a necessidade de uma boa estrutura para que seja
relacionada a economia e a ecologia. Devendo inicialmente que seja feito um
levantamento do meio social, cultural e econômico, para que posteriormente, seja
realizada uma análise das alterações que o empreendimento irá proporcionar.
A análise também se torna de grande importância e interesse para a
preservação da fauna, pois esta é diretamente afetada por qualquer modificação que
venha a existir na flora, em especial, grandes projetos que envolvam uma grande
área. Devendo ser realizado um estudo a respeito da fauna existente no lugar em
que se está realizando os projetos.
O estudo destes impactos, deverá ser realizado por uma equipe
multidisciplinar, que deverão estar inscritas na SEMA, conforme a resolução do
CONAMA. O interesse destes grupos de pesquisa são de origem pública e não
privados, não devendo ser voltados para o benefício de órgão particulares.
No final, deverá ser realizado um audiência pública, para que o projeto, as
condições, análises e impactos sejam apresentados com base nos estudos
realizados. Tal audiência possui grande relevância, pois é o momento em que
pessoas interessadas no desenvolvimento da obra a ser concluída podem externar
seus comentários. Em seguida o órgão público responsável deverá proferir decisão.
Quanto ao Licenciamento Ambiental, trata-se de ato administrativo
vinculado e definitivo, pelo qual o Poder Publico, verificando que o interessado
atendeu a todas exigências legais, faculta-lhe o desempenho de atividades ou a
realização de fatos materiais antes vedados ao particular, como por exemplo, o
exercício de uma profissão, a construção de um edifício em terreno próprio.
A Lei 6.928/81, entrega como instrumento da Política Nacional do Meio
Ambiente além do licenciamento, a revisão de atividades efetiva ou potencialmente
poluidoras. Devendo ser observado as áreas tidas como zoneamento ambiental por
leis federais e, ou ambientais, ou ainda, quanto aos municípios , deverá ser
fornecido licenciamento para obras ou atividades em tais condições. Assim, o

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licenciamento é ato Administrativo da máxima relevância e possui regramento
próprio no âmbito federal, mas não vem a impedir que os Estados e Municípios
façam exigências outras, justificadas pela peculiaridade dos seus interesses.

VI - Infrações Administrativas

O ilícito ambiental é um fato contrário ao direito lesivo ao meio ambiente,


podendo ser civil, administrativo ou penal. O que o diferencia são as legislações.
É difícil distinguir um crime ambiental de uma infração administrativa, por
causa da obscuridade das leis, mas de regra, se a pena prevista for de prisão será
crime penal e se a pena prevista for de multa, será infração administrativa.
A culpabilidade numa infração administrativa relacionada ao meio
ambiente não é requisito imprescindível a reparação do dano. A responsabilidade,
nesses casos é objetiva, ou seja, independe da prova de culpa. Isso se observa em
decorrência do Decreto nº 3.179/99, artigo 2º, § 10º, e também, da Lei 9.605/98, que
apesar de se referir a culpa em seu artigo 70, não faz diferenciação para excluir a
responsabilidade daquele que agiu sem culpa.
É importante lembrar que, diferentemente do ilícito penal, o qual admite
tentativa (CP, art. 14, II), a infração administrativa tentada não é punível por
ausência de previsão legal.
Em relação à morte do agente, assim como no direito penal, a pena não é
transmissível aos herdeiros, por ser princípio constitucional (CF, art. 5º, XLV),
porém, em se tratando de direito real, que existe em razão da coisa e não do
proprietário ou possuidor, a pena alcança os sucessores, como por exemplo, o
embargo de obra.
Em se tratando de menor infrator administrativo, deve o mesmo
responder, porque o artigo 225, § 3º, da Constituição Federal, atribui indistintamente
a todos a responsabilidade administrativa por dano ambiental. Os pais, tutores e
curadores só responderão se agirem em conluio com o menor.
A embriaguez isenta o agente de ilícito ambiental na esfera administrativa,
somente se esta for decorrente de força maior ou caso fortuito. Também não se

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aplica sanção administrativa quando o agente pratica o ato lesivo ao ambiente por
erro ou coação irresistível.
Nas infrações administrativas ambientais o empregador responde
solidariamente com o empregado infrator, se este age em mando ou em interesse
daquele. O princípio da legalidade é um dos mais importantes da administração
pública, que só atua com base na lei.
Assim, para haver fiscalização e sanção de ações lesivas ao meio
ambiente, deve existir uma lei anterior que as permitam. As leis que tratam dos meio
ambiente são esparsas e não possuem muita clareza, definindo por diversas vezes
tipos abertos, e descrevendo condutas de formas genéricas, o que dificulta, em
muito a atuação da administração. Com efeito, basta observar a redação das duas
mais importantes leis sobre o assunto: Lei nº 6.938/81, que trata da Política Nacional
do Meio Ambiente e a Lei nº 9.605/98, que versa sobre as sanções penais e
administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. O
artigo 70, caput, da Lei nº 9.605/98, reza que:

“Art. 70 - Considera-se infração administrativa ambiental toda ação, omissão que viole as
regras jurídicas de uso, gozo, promoção e recuperação do meio ambiente”.

A título de exemplificação, vale citar outras leis que tratam sobre o meio
ambiente, como a Lei nº 9.966/00, que trata sobre o derramamento de óleos e
detritos em águas marítimas ou pluviais e a Lei nº 6.513/77, que estabelece sanções
para que modificar sem autorização, destruir, desfigurar ou desvirtuar locais de
interesse turístico.
Havendo a prática de um ilícito, a administração pública instaura o
procedimento adequado, que muitas vezes está descrito na própria lei e, profere a
decisão, aplicando as sanções pertinentes, se for o caso.
As infrações com reflexo internacionais são mais complexas porque
envolvem mais de um Estado Soberano, devendo ser solucionadas através das vias
diplomáticas.

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VII - Sanções Administrativas

O termo sanção de forma geral quer significar uma pena imposta por lei
para punir quem deixa de a cumprir ou a infrinja. De nada iria adiantar uma previsão
da existência de infrações, ou ainda a existência de uma ação fiscalizadora, se não
existisse uma sanção para o descumprimento da norma.
Entre o erro, a falta cometida pelo infrator e a sanção que o Estado virá a
impor, deverá haver uma relação de proporcionalidade, sendo observada a
gravidade da lesão, suas conseqüências, o dolo em que agiu o autor e assim suas
peculiaridades. Porém, ocorre que dificilmente as leis administrativas agem de
acordo com este princípio, resultando muitas vezes em sanções aplicadas pelo
administrador de forma descabida.
Ocorre a existência de dois problemas quanto ao assunto relacionado ao
princípio da proporcionalidade entre a infração e a sanção. Primeiramente consiste
no exagero do legislador em impor as sanções que entende cabíveis, e segundo, no
que se refere ao administrador, que muitas vezes aplica a penalidade sem
considerar a realidade fática. Quando não houver uma solução legislativa, o
estudioso deverá valer-se do princípio constitucional previsto no art. 5º, inc. XLVI,
que deverá ser aplicado ao Direito Administrativo por analogia. Consistindo em ser a
única forma de possibilitar um ajuste entre o fato e a sanção, sem gerar ao
administrado o descrédito no Poder Público.
Assim, havendo uma desproporção entre o ato administrativo e a infração
cometida importará em um abuso de poder, podendo ser anulado pelo Poder
Judiciário, não devendo este poder substituir o administrador, ou ainda reduzir ou
modificar a sanção imposta, pois neste caso ocorreria invasão de poderes. Hipótese
cabível é a anulação do ato que veio a impor a sanção, devendo o Poder Executivo
proferir uma nova decisão, que leve em consideração a necessidade da adequação
do fato e da reprimenda.
As sanções administrativas estão previstas na Lei 9.605/98, a qual dispõe
sobre a repressão derivada de conduta lesiva ao meio ambiente. No seu art. 72
estão previstas as penalidades, sendo analisadas a partir de cada espécie, no total
de oito parágrafos.

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A advertência se trata da pena mais branda prevista pelo art. 72, inc. I da
referida Lei 9.605/98. Por se tratar, mesmo que de forma branda, de uma pena, ao
infrator é concedido o direito de ampla defesa, porém seu caráter tem mais um papel
preventivo, do que propriamente repressivo, devendo desestimular o infrator a
persistir na prática lesiva ao meio ambiente.
A multa simples é a penalidade mais comum em qualquer tipo de
infração administrativa, é a “pena administrativa por excelência”, buscando punir o
infrator, para que não venha a repetir a conduta, não possui esta sanção auto-
executoriedade, devendo ser feita sua cobrança através do Poder Judiciário. Nas
legislações sobre o meio ambiente, a multa é a sanção mais utilizada.
A nova legislação vem separando a multa em duas hipóteses, simples e
diária, a simples pode ser utilizada em qualquer infração cometida com negligência
ou dolo, podendo ser convertida em serviços de preservação, recuperação e
melhoria da qualidade do meio ambiente.
A multa diária será aplicada quando a infração se prolongar no tempo,
buscando uma forma de dissuadir o infrator a continuar poluindo o ambiente. Seu
principal objetivo é induzir ao cumprimento de uma determinada ordem. Não há em
nenhuma lei um valor determinado e fixo para que o infrator venha a pagar.
Após a multa ser imposta poderá o infrator livrar-se do pagamento
mediante a prática de serviços de preservação, melhoria e recuperação do meio
ambiente. Ou ainda, quitar seu débito que será revertido para um fundo de proteção
ambiental. As multas ambientais passaram a Ter valor mais significativo após a
vigência da Lei 9.605/98, passando a ser uma importante fonte de receita, devendo
as multas terem seu destino específico, qual seja, a reparação do meio ambiente
danificado.
A apreensão administrativa é o ato pelo qual a autoridade competente
determina a tomada de bens e objetos de uso proibido, com sua entrada em vigor a
partir da Lei 9.605/98, prevendo a apreensão de animais, produtos e subprodutos da
fauna e flora, instrumentos, equipamentos, ou veículos de qualquer natureza
utilizados na infração.
O Decreto 3.179/99 disciplina a via própria para cada tipo de apreensão,
no caso da apreensão de veículos e embarcações usadas na prática de infração,

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estes só serão libertados mediante pagamento de multa, oferecimento de defesa ou
impugnação. Observa-se que a apreensão administrativa é diferente da penal,
sendo sua base diversa e o destino também, assim, uma vez liberado pelo Juízo
Criminal, não significará que a autoridade administrativa deverá restituir ao infrator o
seu bem, pois dependerá ainda de uma ordem do Juízo Cível.
Quanto a destruição e inutilização do produto as sanções estão
separadas em dois incisos, para facilitar a ação dos órgãos competentes. A
apreensão, suspensão de vendas ou destruição dos produtos estão previstas nas
atividades de polícia sanitária de saúde, principalmente quanto a gêneros perecíveis.
O embargo de obra ou atividade se trata de uma medida preventiva
tomada pela autoridade administrativa, a fim de evitar a construção, reforma ou
atividade feita sem a observância das normas ambientais que regem a matéria, está
prevista na Lei 9.605/98, no seu art. 72, inc. VII, não sendo limitado apenas à obra
mas também à atividade. Este embargo a obra trata-se de sanção mais preventiva
do que repressiva, se revelando oportuna, pois sabidamente se a obra estiver
concluída, a demolição é problemática e gera conseqüências paralelas.
A demolição da obra diz respeito a derrubar paredes, destruir ou
desfazer a construção. Para que a administração possa tomar estas atitudes é
necessário que haja previsão legal. Muitas vezes surgirão problemas quanto a
propriedade do imóvel, vindo o autuado a afirmar que já comprou o imóvel
construído, ou que apenas detém a posse e não o domínio. Mas sendo a
construção irregular parte do imóvel, a infração acompanha quem detém
propriedade, inexistindo direito adquirido de quem o comprou.
A suspensão parcial ou total da atividade já vem prevista no art. 14,
inc. IV, da Lei 6.938/81, fazendo agora parte do mencionado art. 72, da Lei 9.605/98.
A diferença está que antes a lei falava em suspensão de atividades e agora ela
prevê a possibilidade desta suspensão ser parcial ou total. Podendo agora, após a
distinção, a autoridade administrativa sustar apenas as atividades de uma empresa
que venham a ferir o meio ambiente, permitindo que ela continue atuando nos
setores não-poluentes.

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A Lei 9.605/98, no inc. XI, do seu art. 72, colocou as restrições de
direitos como sanções administrativas, constituindo todas as formas que o Poder
Público pode utilizar para induzir o infrator a cessar sua prática lesiva.
A primeira é a suspensão ou cancelamento de registro, licença ou
autorização, pressupondo um ato administrativo que permite ao particular o exercício
de determinada atividade, que, através do má utilização poderá ser suspensa ou
cancelada.
A Segunda espécie de sanção restritiva é a perda ou restrição de
benefícios fiscais. Os benefícios são formas de estímulo ao desenvolvimento de
regiões mais carentes, sendo possível isentar o contribuinte do pagamento de
determinados tributos.
Aos infratores das leis ambientais é permitido a imposição de sanção
administrativa, consistente em perda ou restrição de participação em linhas de
financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito, não podendo, é claro, atingir
os financiamentos da rede privada, porque a lei é restrita aos oficiais.
As sanções por leis ambientais não estão apenas elencadas na Lei
9.605/98, elas também podem ser encontradas em leis esparsas principalmente
quando se trata de infração de natureza especial.
Alguns fatos ligados à ocorrência da infração ambiental a tornam mais
reprovável. São as circunstâncias agravantes, assemelhando-se as situações
previstas na legislação penal. Dá especial destaque ã reincidência, ou seja, quando
o agente praticar uma infração administrativa após Ter sido condenado,
anteriormente, por decisão administrativa irrecorrível. É considerada a maior
periculosidade do infrator porque a condenação anterior não lhe serviu de
advertência.
Acima foram citadas todas as espécies de sanções elencadas na
legislação federal, porque geralmente os Estados e Municípios adotam as normas
federais, mas nada impede que referidas pessoas jurídicas possuam leis próprias,
no âmbito de sua competência constitucional, fixando outras penalidades.
A extinção das sanções e do poder de punir se dão de diversas formas.
A primeira delas é o cumprimento, se o infrator foi condenado a uma
multa, o recolhimento da quantia devida faz cessar a obrigação. A execução

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voluntária ou forçada da decisão administrativa, da mesma forma liquida a sanção.
Assim como, a transação.
No caso de multa simples, pode o infrator converter em serviços de
preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente.
Se a penalidade imposta pelo Estado não for cumprida por ato voluntário
do infrator condenado, na falta de prazo na legislação ambiental, faz-se o uso por
analogia do Código Tributário Nacional e do Código Civil; jamais a utilização por
analogia do Código Penal, porque nem todas as infrações administrativas ao meio
ambiente constituem ilícito penal.

VIII - Legislação

No ordenamento jurídico brasileiro, encontramos diversas leis que versam


sobre o meio ambiente, apresentando uma correlação com o direito administrativo,
dentre elas, podemos destacar as infra citadas:

A Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981 dispõe sobre a Política Nacional


do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, tendo por
objetivo a preservação, a melhoria e a recuperação da qualidade ambiental. Esta lei
constituiu o Sistema Nacional do Meio Ambiente, criou o Conselho Nacional do Meio
Ambiente e instituiu o Cadastro Técnico Federal de Atividades e instrumentos de
Defesa Ambiental.

A Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 dispõe sobre as sanções


penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio
ambiente, prevendo os crimes e as penas aplicáveis aos infratores.

Da mesma forma, o Decreto nº 3.179, de 21 de setembro de 1999 dispõe


sobre a especificação das sanções aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao
meio ambiente.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FREITAS, Vladimir Passos de. Direito Administrativo e Meio Ambiente. 3 ed. -


Curitiba: Juruá, 2001.

MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente. 2 ed. rev. atual. e ampl. – São Paulo : Editora
Revista dos Tribunais, 2001.

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