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1ª ATIVIDADE:
RECIFE
2023
Um dos principais conflitos históricos, e, ainda bastante atual, do Direito Ambiental é
a repartição de competências, tanto legislativa como administrativa. Faz parte da própria
essência do modelo federalista, adotado pelo Estado brasileiro, a repartição de competências,
isto é, a distribuição de poderes que a lei confere a cada órgão público para que possam
desempenhar suas atribuições específicas, efetivando a sua autonomia administrativa. No
caso brasileiro, incluiu-se também os Municípios como entes federativos, peculiaridade que
torna ainda mais complexa essa repartição de competências.
De modo geral, as competências são repartidas entre os entes federativos com base no
critério do interesse público, ou seja: se a matéria é dotada de interesse nacional, caberá à
União, mas se somente for dotada de interesse regional ou local, caberá ao respectivo Estado
ou Município. Ocorre que, no âmbito da matéria ambiental, esse critério da predominância do
interesse assume uma acepção específica, na medida em que a todos os entes federativos
interessa o meio ambiente ecologicamente equilibrado.
Por sua vez, a competência legislativa se subdivide em seis categorias, a saber: (I)
remanescente, conforme estipulado no §1° do art. 25 da CF, em relação ao ente estadual; (II)
exclusiva, prevista no §2° do art. 25 e no inc. I do art. 30 da CF, aplicável aos Estados e
Municípios; (III) privativa, delineada nos arts. 22 e 25 da CF; (IV) concorrente, estabelecida
no art. 24 da CF, abrangendo União, Estados e Distrito Federal; (V) suplementar, indicada no
§2° do art. 24 e no inc. II do art. 30 da CF, válida para Estados, Distrito Federal e Municípios;
e, por fim, (VI) reservada, conferida ao Distrito Federal, como descrito no §1° do art. 32 da
CF. Na prática, predomina a competência concorrente entre a União e os Estados (além do
DF), cabendo àquela legislar sobre normas gerais e, a estes, tão somente a competência para
suplementá-las. No caso de omissão legislativa, por parte da União, podem os Estados e o DF
editar as normas gerais.
Ante o exposto, conclui-se que, embora a Lei Complementar 140/11 tenha tentado
cumprir com a função de regulamentar a competência comum para a proteção do meio
ambiente, fixando normas para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios, com o fito de promover o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em
âmbito nacional, permanece bastante conflituosa a repartição de competências legislativas e
administrativas em matéria ambiental.