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UNIVERSIDADE SAVE-EXTENSÃO DE MAXIXE

FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E FILOSÓFICAS


Curso de Direito
DIREITO DE FLORESTAS E FAUNA BRAVIA

A TRANSVERSALIDADE/INTERDISCIPLINARIDADE DO DIREITO DE FLORESTAS E


FAUNA BRAVIA

1.     Introdução

Direito de Florestas e Fauna Bravia é o ramo do Direito que estuda


a relação do ser humano com a natureza e os mecanismos legais para
proteger o meio ambiente no seu todo com a finalidade de se ter um
ambiente ecologicamente equilibrado, voltado para uma boa qualidade
de vida e à preservação de todas as espécies vivas existentes no
planeta. 

O direito de florestas e fauna bravia pode ser considerado como


disciplina que abrange várias outras matérias, tendo em vista sua
interdependência disciplinar, ou seja, é influenciada por outros
ramos do Direito. 

A transversalidade do direito de florestas e fauna bravia é,


portanto, uma característica permanente, que se efetiva com suas
nuances científicas.

A título de exemplo “o artigo 90, no seu n.º 1 conjugado com artigo


117 ambos da CRM, versam sobre matéria do meio ambiente.”.

Como se pode notar o direito constitucional vem abordar questões de


ordem política e jurídica, tendo em vista sua relação de
dependência com dispositivos variados, pois seu ordenamento se
encontra em diversos dispositivos.

A garantia do direito de florestas e fauna bravia é colocado a


nível da CRM de forma geral e genérico, porem necessita de
complementos jurídicos e sociais, afim de evitar determinadas
deficiências.
Como se sabe o meio ambiente (como um bem jurídico) é caracterizado
por um conjunto de elementos bióticos e abióticos, sociais,
econômicos e políticos, nestes termos podemos efectivar seus
elementos a uma vertente multidisciplinar e transversal, tendo em
vista a importância do tema em questões sociais e ambientais. Sendo
assim, o direito florestas e fauna bravia deve ser abordado como um
bem tutelado pelo Direito, ou seja, sendo garantido como bem
jurídico inviolável. Ora, quando uma garantia tem base
constitucional, é normal que seus efeitos e reflexos produzam
extensões na sociedade e no mundo jurídico, se afirmando em
diversas áreas.

Dos argumentos trazidos depreende-se que a transversalidade do


direito de florestas e fauna bravia, se consubstancia na relação
íntima com outros ramos de Direito, tendo em vista a sua proteção
integral, frente ao texto constitucional, ou seja, é caracterizado
como princípios de ordem pública.

Para alguns, trata-se de um direito "transversal" ou "horizontal",


que tem por base as teorias geopolíticas ou de política ambiental
transpostas em leis específicas, pois abrange todos os ramos do
direito, estando intimamente relacionado com o direito
constitucional, direito administrativo, direito civil, direito
penal, direito processual e direito do trabalho.

Sendo o Direito Florestas e Fauna Bravia um direito difuso, isto é,


pertencente a todos os cidadãos, e não apenas a uma ou outra pessoa
e estando ele presente a todo instante no nosso quotidiano,
adentremos então, na questão da transversalidade do Direito
Ambiental e suas particularidades nos diversos ramos do Direito.

2.1. Direito Constitucional

A transversalidade do Direito do Direito de Florestas e Fauna


Bravia já se verifica no campo do próprio Direito Constitucional,
onde se assentam os princípios estruturantes que lhe dão autonomia,
e os deveres solidários impostos ao Poder Público e a coletividade
para o alcance de efectividade do comando constitucional de
proteção ao equilíbrio do meio ambiente e de sua gestão
sustentável.

Em relação ao direito constitucional, e tendo em vista que este


cuida em seu ordenamento da “ordem jurídica e da ordem política”, o
direito ambiental é encontrado em diversos dispositivos, em
especial nos artigos 90,98,102,117 ambos da CRM.

Tais dispositivos são colocados de forma geral, necessitando


portanto de complementos, pois será deficiente se não levar em
consideração outros dispositivos que a ela se referem explícita ou
implicitamente, ou seja, outros dispositivos que regulem situações
divergentes.

2.2 No Direito Administrativo

Na sua concepção tradicional (equivocada) chegou-se a inserir o


Direito de Florestas e Fauna Bravia como um braço do Direito
Administrativo. Tal equívoco baseou-se no facto de que muitos
instrumentos da Política Nacional, para a gestão sustentável do
meio ambiente, são instrumentos administrativos, tais como; os
procedimentos administrativos de licenciamento, os zoneamentos
ambientais, as avaliações de impactos ambientais, os padrões de
qualidade, as sanções administrativas. Enfim uma extensa area de
actuação administrativa a nível ambiental comprova a
interdependência entre os dois ramos de Direito, sem, contudo, lhe
tirar a autonomia.

2.3 O direito tributário e financeiro

O direito de florestas e fauna bravia aborda questões transversais,


tendo em vista a proteção do meio ambiente no seu todo, pois se
baseia na construção de diversos mecanismos tributários que na
sociedade moderna são caracterizados como ferramentas públicas que
visam a ecfetividade do equilíbrio do meio ambiente, exemplo dessas
ferramentas são as taxa de licenciamento para exploração de
recursos florestais, taxas de guias de transito/ transporte de
productos florestais, taxas em benefício das comunidades locais,
entre outros aspectos regulamentados na Legislação de Florestas e
Fauna Bravia.

2.4 O Direito Processual

Conforme vem se referindo, acima, o direito de florestas e funa


bravia tem em vista a proteção dos direitos transindividuais, dai a
necessidade de surgimento de institutos próprios para defesa
daqueles direitos, através de diversas acçoes e mecanismos
processuais o que possibilita a sua tutela individual e colectiva.

2.5 O Direito Civil

Em questões de relações privadas a transversalidade do direito de


florestas e fauna bravia promove diversas mudanças institucionais
importantes, tais como a responsabilidade civil dos responsáveis
por danos ambientais, e de exploração ilegal de productos
florestais e faunísticos nas suas diferentes manifestações,
conforme preconiza a Legislação de Florestas e Fauna Bravia.

3.Conclusão

Não subsiste qualquer duvida em relação a importância do debate


sobre o estudo do objecto do direito de florestas e fauna bravia em
outros ramos sociais, científicos e principalmente jurídicos, pois
este último terá como função regular todas as demais áreas para que
se tenha o equilíbrio ambiental esperado, a qualidade e longevidade
das pessoas além de resguardar os direitos constitucionais inerente
ao indivíduo e ao ecossistema comum todo.
No entanto, para além da transversalidade entre os diferentes ramos
do direito e da consciência de cada indivíduo é imprescindível que
se encontre um equilíbrio entre Direito de Florestas e Fauna e
Bravia, políticas públicas e a economia. Este equilíbrio deve
emanar do governo, pois muitas vezes as políticas públicas
ambientais são criadas de forma controversa ao direito ambiental,
além da economia se apresentar de forma incompatível com o ramo do
direito em discussão, sendo este, possivelmente, a maior
dificuldade encontrada.

Portanto, a transversalidade do Direito ambiental no seu todo deve


obrigatoriamente, permear por todos os ramos do direito, bem como
pelos três poderes: executivo, legislativo e judiciário para que se
tenha eficiência e resultado.

Inhambane, Abril de 2020

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