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MÓDULO II
Constitucionalização do Direito Ambiental e Sistema Nacional do Meio Ambiente
Conteúdo
Neste módulo serão analisados os dispositivos da Constituição
Federal que fornecem as bases para a tutela e conservação de áreas
úmidas, ao definirem como fundamental o direito ao meio ambiente
equilibrado e atribuírem tarefas ao poder público para a
concretização desse direito, firmando as competências dos entes da
federação para essas tarefas. Também será abordado o Sistema
Nacional do Meio Ambiente e seus instrumentos e alguns de seus
instrumentos como o licenciamento e a criação de áreas protegidas,
bem como as salvaguardas socioambientais que podem contribuir
para a tutela e conservação das áreas úmidas.
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Destacam-se no capítulo do meio ambiente, por sua aplicabilidade na proteção de áreas úmidas, os
seguintes dispositivos:
Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e á coletividade o dever de defendê-lo e
preserva-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e
ecossistemas;
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas
à pesquisa e manipulação de material genético;
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem
especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada
qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa
degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem
riscos para vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a
preservação do meio ambiente;
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em riscos sua função
ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo
com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas
ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos
causados.
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In: Audiência na CMA destaca proteção do clima como compromisso da humanidade. Agência Senado.
03/Mar/2022. Disponível em: https://www.dmanapolis.com.br/noticia/25964/audiencia-na-cma-destaca-
protecao-do-clima-como-compromisso-da-humanidade
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Nesse sentido, a decisão do TRF da 1a Região: EMENTA: DIREITO AMBIENTAL. HIDROVIA
PARAGUAI – PARANÁ. ANÁLISE INTEGRADA. NECESSIDADE DE ESTUDO DO IMPACTO
AMBIENTAL EM TODA EXTENSÃO DO RIO, E NÃO POR PARTES. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO
DA PRECAUÇÃO. 1. O Projeto da Hidrovia Paraguai–Paraná, envolvendo a construção de novos portos,
retificações das curvas dos rios, remoção de afloramentos rochosos, dragagens profundas, construção de
canais, a fim de possibilitar uma navegação comercial mais intensa poderá causar grave dano à região
pantaneira, com repercussões maléficas ao meio ambiente e à economia da região. É necessário, pois, que
se faça um estudo desse choque ambiental em toda a extensão do Rio Paraguai até a foz do Rio Apa. 2.
Aplicação do princípio da precaução (AGRPET 2001.01.00.001517-0/MT).
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Áreas com grande biodiversidade, incluindo espécies endêmicas, que sofrem alto grau de ameaça,
sendo,portanto, prioritárias para o desenvolvimento de programas de conservação.
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SILVA, José Afonso da. Direito Ambiental Constitucional. São Paulo: Malheiros, 2010.
1º, III), determinando que somente uma lei pode autorizar a alteração ou supressão desses
bens protegidos, e que o Poder Público tem o dever de impedir qualquer utilização que
comprometa a integridade dessas áreas protegidas. Cabe ressaltar que a alteração para a
qual deve ser exigida lei refere-se à redução do nível de proteção ou do perímetro da área
protegida, não se aplicando aos casos de ampliação da área que pode ser efetivada através
de decreto.
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Ver, a propósito, os artigos 38, 39 e 44 da Lei n° 9.605/98.
Você sabia que a ideia de impedir o desmatamento integral dos imóveis rurais é antiga na
legislação brasileira e já estava presente na primeira versão do Código Florestal (Decreto Federal
n. 23.793/34 (art. 23) ao estabelecer que nenhum proprietário de matas cobertas poderá abater
mais de três partes da vegetação existente (ou seja, mantendo como Reserva 25% da área), salvo
as exceções nele previstas.
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SANTILLI, Juliana. Unidade de conservação da natureza, territórios indígenas e de quilombolas:
Aspectos jurídicos. In: RIOS, Aurélio V. V. e IRIGARAY, Carlos Teodoro J. H. (Orgs.). O Direito e o
Desenvolvimento Sustentável: Curso de Direito Ambiental, São Paulo: Peirópolis; Brasília: IEB, 2005
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SILVA, José Afonso da. Direito Ambiental Constitucional. São Paulo: Malheiros, 2010, p. 161.
Alguns fatores limitam a conservação das unidades de conservação, mesmo aquelas que
deveriam gozar de proteção integral. Cita-se, dentre esses, o fato de que muitas dessas
áreas permanecem em mãos de particulares que continuam explorando-as
economicamente, ocasionando a perda de atributos que justificaram sua proteção; além
disso a falta de regularização fundiária dessas áreas soma-se à inexistência de planos de
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Harris, M.; Tomas, W.; Mourão, G.; Silva, C.J; Sonoda, F.; Fachim, E. Desafios para proteger o Pantanal
brasileiro: ameaças e iniciativas em conservação. Megadiversidade, vol. 1, p. 156-164, 2005
12
BORGES, Caio de Souza; CRUZ, Julia Cortez da Cunha. Sistemas de país e salvaguardas
socioambientais em instituições de financiamento do desenvolvimento: análise do sistema brasileiro e
caminhos para o novo banco de desenvolvimento. São Paulo: Conectas Direitos Humanos, 2018, p. 16.
13
Disponível em: <https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/8637993/recurso-especial-resp-650728-sc-
2003-0221786-0/inteiro-teor-13682613?ref=juris-tabs>. Acesso em 12 de novembro de 2019.
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IRIGARAY, Carlos Teodoro; BRAUN, Adriano e SANTOS, Bárbara Natali. Salvaguardas
socioambientais aplicáveis a financiamentos de obras de impactos significativos: Recomendações
destinadas às instituições financeiras. In: SCALOPPE, Luiz e LOUBET, Luciano. Salvaguardas
Socioambientais. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2020.
O avanço em governança dos recursos hídricos exige o envolvimento de uma ampla gama de
atores sociais, por meio de estruturas de governança inclusivas, que reconheçam a dispersão da
tomada de decisão através de vários níveis e entidades (Relatório UNESCO 2015).
Referências
BORGES, Caio de Souza; CRUZ, Julia Cortez da Cunha. Sistemas de país e salvaguardas
socioambientais em instituições de financiamento do desenvolvimento: análise do sistema
brasileiro e caminhos para o novo banco de desenvolvimento. São Paulo: Conectas Direitos
Humanos, 2018.
Harris, M.; Tomas, W.; Mourão, G.; Silva, C.J; Sonoda, F.; Fachim, E. Desafios para proteger o
Pantanal brasileiro: ameaças e iniciativas em conservação. Megadiversidade, vol. 1, p. 156-164,
2005.
IRIGARAY, Carlos Teodoro; BRAUN, Adriano e SANTOS, Bárbara Natali. Salvaguardas
socioambientais aplicáveis a financiamentos de obras de impactos significativos: Recomendações
destinadas às instituições financeiras. In: SCALOPPE, Luiz e LOUBET, Luciano. Salvaguardas
Socioambientais. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2020.
SANTILLI, Juliana. Unidade de conservação da natureza, territórios indígenas e de quilombolas:
Aspectos jurídicos. In: RIOS, Aurélio V. V. e IRIGARAY, Carlos Teodoro J. H. (Orgs.). O
Direito e o Desenvolvimento Sustentável: Curso de Direito Ambiental, São Paulo: Peirópolis;
Brasília: IEB, 2005.
SILVA, José Afonso da. Direito Ambiental Constitucional. São Paulo: Malheiros, 2010.