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XXXIII EXAME DE ORDEM

DIREITO
AMBIENTAL
Professor Rubens Vaz Junior
EVOLUÇÃO HISTORICA DAS NORMAS AMBIENTAIS
NO BRASIL

▪ 1605 – Surge a primeira lei de cunho ambiental no País: o Regimento do


Pau-Brasil, voltado à proteção das florestas.

▪ 1797 – Carta régia afirma a necessidade de proteção a rios, nascentes e


encostas, que passam a ser declarados propriedades da Coroa.

▪ 1799 – É criado o Regimento de Cortes de Madeiras, cujo teor estabelece


rigorosas regras para a derrubada de árvores.

▪ 1850 – É promulgada a Lei nº 601/1850, primeira Lei de Terras do Brasil.


Ela disciplina a ocupação do solo e estabelece sanções para atividades
predatórias.

▪ 1911 – É expedido o Decreto nº 8.843, que cria a primeira reserva florestal


do Brasil, no antigo Território do Acre.

▪ 1916 – Surge o Código Civil Brasileiro, que elenca várias disposições de


natureza ecológica. A maioria, no entanto, reflete uma visão patrimonial, de
cunho individualista.

▪ 1934 – São sancionados o Código Florestal, que impõe limites ao exercício


do direito de propriedade, e o Código de Águas. Eles contêm o embrião do
que viria a constituir, décadas depois, a atual legislação ambiental brasileira.

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▪ 1964 – É promulgada a Lei 4.504, que trata do Estatuto da Terra. A lei surge
como resposta a reivindicações de movimentos sociais, que exigiam
mudanças estruturais na propriedade e no uso da terra no Brasil.

▪ 1965 – Passa a vigorar uma nova versão do Código Florestal, ampliando


políticas de proteção e conservação da flora. Inovador, estabelece a proteção
das áreas de preservação permanente.

▪ 1967 – São editados os Códigos de Caça, de Pesca e de Mineração, bem


como a Lei de Proteçâo a Fauna. Uma nova Constituição atribui à União
competência para legislar sobre jazidas, florestas, caça, pesca e águas,
cabendo aos Estados tratar de matéria florestal.

▪ 1975 – Inicia-se o controle da poluição provocada por atividades industriais.


Por meio do Decreto-Lei 1.413, empresas poluidoras ficam obrigadas a
prevenir e corrigir os prejuízos da contaminação do meio ambiente.

▪ 1977 – É promulgada a Lei 6.453, que estabelece a responsabilidade civil em


casos de danos provenientes de atividades nucleares.

▪ 1981 – É editada a Lei 6.938, que estabelece a Política Nacional de Meio


Ambiente. A lei inova ao apresentar o meio ambiente como objeto específico
de proteção.

▪ 1985 – É editada a Lei 7.347, que disciplina a ação civil pública como
instrumento processual específico para a defesa do meio ambiente e de outros
interesses difusos e coletivos.

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▪ 1988 – É promulgada a Constituição de 1988, a primeira a dedicar capítulo
específico ao meio ambiente. Avançada, impõe ao Poder Público e à
coletividade, em seu art. 225, o dever de defender e preservar o meio
ambiente para as gerações presentes e futuras.

▪ 1991 – O Brasil passa a dispor da Lei de Política Agrícola (Lei 8.171). Com
um capítulo especialmente dedicado à proteção ambiental, o texto obriga o
proprietário rural a recompor sua propriedade com reserva florestal
obrigatória.

▪ 1998 – É publicada a Lei 9.605, que dispõe sobre crimes ambientais. A lei
prevê sanções penais e administrativas para condutas e atividades lesivas ao
meio ambiente.

▪ 2000 – Surge a Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Lei nº


9.985/00), que prevê mecanismos para a defesa dos ecossistemas naturais e
de preservação dos recursos naturais neles contidos.

▪ 2001 – É sancionado o Estatuto das Cidades (Lei 10.257), que dota o ente
municipal de mecanismos visando permitir que seu desenvolvimento não
ocorra em detrimento do meio ambiente.

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CONCEITO, NATUREZA JURÍDICA, SUJEITOS E
FINALIDADE.

Direito ambiental é um ramo do direito, constituindo um conjunto de princípios


jurídicos e de normas jurídicas voltado à proteção jurídica da qualidade do meio
ambiente. Para alguns, trata-se de um direito "transversal" ou "horizontal", que
tem por base as teorias geopolíticas ou de política ambiental transpostas em leis
específicas, pois abrange todos os ramos do direito.

Considerado como ramo do direito que visa a proteção não somente dos bens
vistos de uma forma unitária, como se fosse microbens isolados, tais como rios,
ar, fauna, flora (ambiente natural), paisagem, etc, mas como um macrobem,
incorpóreo, que englobaria todos os microbens em conjunto bem como as suas
relações e interações.

Natureza Jurídica de Direito Ambiental – Divergência teórica sobre o tema,


tornando-se claro, não obstante, que sua natureza jurídica é de direito difuso,
haja vista ser o meio ambiente de cada indivíduo e de todos simultaneamente.

Sujeitos do Direito Ambiental – O meio ambiente é ubíquo e, por estar em


todos os lugares, acaba por vincular-se a um número indeterminado de pessoas.

Finalidade do Direito Ambiental – Esse ramo do direito envolve um conjunto


de normas jurídicas, que tem por função, a defesa do meio ambiente
ecologicamente equilibrado, voltado para a sadia qualidade de vida e à
preservação de todas as espécies vivas existentes no planeta.

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FONTES DO DIREITO AMBIENTAL

As fontes de proteção do meio ambiente são as


leis, os princípios gerais de direito, o
costume, a jurisprudência e a doutrina. Em
alguns casos, a analogia e a equidade.

• Encontramos fontes criadas pelos poderes legislativos dos Estados, como


fontes criadas pelos Estados durante as conferências internacionais.
• A preservação do meio ambiente é princípio da atividade econômica
do Estado brasileiro, conforme disciplina o artigo 170 da Constituição
Federal.
• As leis, como as principais fontes de Direito são elaboradas em níveis federal,
estadual, distrital e municipal, que devem ser compatíveis com os princípios
constitucionais que as norteiam. A Política Nacional de Proteção do Meio
Ambiente está definida na Lei n. 6938/81, que define meio ambiente como “o
conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química
e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”, nos
termos do artigo 3º.
• A doutrina é também fonte do direito ambiental e contribui para a
construção de conceitos, de valores mal definidos nos diversos instrumentos
jurídicos. A hermenêutica jurídica pode contribuir para interpretar as normas
internas e internacionais mais favoráveis aos interesses coletivos e não
individuais.

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PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL

I. Princípio da Dignidade da Pessoa Humana – O homem tem o


direito fundamental à liberdade, à igualdade e ao desfrute de condições de vida
adequadas, em um meio ambiente de qualidade tal que permita levar uma vida
digna, gozar de bem-estar e é portador solene da obrigação de proteger e
melhorar o meio ambiente, para as gerações presentes e futuras.

II. Princípio do Direito Humano Fundamental ao Meio Ambiente


Sadio (Art. 225, caput, CF) – Busca garantir a utilização contínua e sustentável
dos recursos naturais que, apesar de poderem ser utilizados, carecem de
proteção para que também estejam disponíveis às futuras gerações. Para tanto
é necessário que as atuais gerações tenham o direito de não serem postas em
situações de total desarmonia ambiental.

III. Princípio do Desenvolvimento Sustentável – O princípio do


desenvolvimento sustentável foi desenvolvido inicialmente na Conferência de
Estocolmo de 1972, e repetido inúmeras vezes nas conferências mundiais que se
sucederam, segundo o qual se baseia a noção da necessidade da coexistência
harmônica do desenvolvimento econômico com os limites ambientais, para que
estes não se esgotem, mas que fiquem preservados para as futuras gerações.

IV. Princípio da Prevenção – Objetiva impedir que ocorram danos ao


meio ambiente, concretizando-se, portanto, pela adoção de cautelas, antes da
efetiva execução de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras de
recursos naturais. Aplica-se o Princípio da Prevenção naquelas hipóteses onde os
riscos são conhecidos e previsíveis, de modo a se exigir do responsável pela
atividade impactante a adoção de providências visando, senão eliminar,

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minimizar os danos causados ao meio ambiente. Os riscos são conhecidos e
previsíveis.

V. Princípio da Precaução – Possui âmbito de aplicação diverso, embora


o objetivo seja idêntico ao do Princípio da Prevenção, qual seja, antecipar-se à
ocorrência das agressões ambientais. Hipóteses em que os riscos são
desconhecidos e imprevisíveis, impondo à Administração Pública um
comportamento muito mais restritivo quanto às atribuições de fiscalização e de
licenciamento das atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos
naturais.

VI. Princípio do Poluidor Pagador – instrumento econômico e também


ambiental, que exige do poluidor, uma vez identificado, suportar os custos das
medidas preventivas e/ou das medidas cabíveis para, senão a eliminação pelo
menos a neutralização dos danos ambientais. É oportuno detalhar que este
princípio não permite a poluição e nem pagar para poluir, pelo contrário, procura
assegurar a reparação econômica de um dano ambiental quando não for possível
evitar o dano ao meio ambiente, através das medidas de precaução.

VII. Princípio da Função Social e Ambiental da Propriedade – O


princípio da função ambiental da propriedade é o fundamento constitucional para
a imposição coativa ao proprietário de exercer seu direito de propriedade em
consonância com as diretrizes de proteção do meio ambiente.

VIII. Princípio da Participação Comunitária – O princípio da


participação comunitária, que não é exclusivo do Direito Ambiental, expressa a
ideia de que para a resolução dos problemas do ambiente deve ser dada especial
ênfase à cooperação entre o Estado e a sociedade, através da participação dos
diferentes grupos sociais na formulação e na execução da política ambiental.

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REPARTIÇÃO CONSTITUCIONAL DE COMPETÊNCIAS
AMBIENTAIS

A Constituição Federal de 1988 foi o primeiro diploma


constitucional a inserir em seu texto um capítulo destinado à
defesa do meio ambiente, fundamentado no artigo 225, nos artigos
21 à 25, e no artigo 30.

Competência legislativa
O artigo 22 da Constituição Federal previu a competência legislativa privativa da
União Federal em relação a águas e energia; a diretrizes da política nacional de
transportes; ao regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e
aeroespacial; ao trânsito e transporte; a jazidas, minas, outros recursos minerais
e metalurgia; e atividades nucleares de qualquer natureza.
Não existindo norma federal, aos Estados e o Distrito Federal poderão exercer a
competência legislativa plena. Todavia, a superveniência de lei federal sobre
normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.

Competência Material
O artigo 21, em seus incisos IX, XVIII, XIX, XX e XXIII determinou exclusivamente
à União elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do
território e de desenvolvimento econômico e social; planejar e promover a defesa
permanente contra as calamidades públicas, especialmente as secas e as
inundações; instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e
definir critérios de outorga de direitos de seu uso; instituir diretrizes para o
desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes
urbanos; e explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e

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exercer o monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e
reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus
derivados. São matérias eminentemente de caráter federal.
Por outro lado, o artigo 23 da Constituição Federal, estabeleceu competência
material comum aos entes federados para proteger os documentos, as obras e
outros bens de valor histórico, artístico e cultural, etc.

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SISTEMAS DE MEIO AMBIENTE

SISNAMA – SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE NO BRASIL

• Para distribuir as responsabilidades entre municípios, estados e a União, foi


instituído o SISNAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente no Brasil, um
modelo descentralizado de gestão ambiental, criando uma rede articulada de
organizações nos diferentes âmbitos da federação.
• No SISNAMA, os órgãos federais têm a função de coordenar e emitir normas
gerais para a aplicação da legislação ambiental em todo o país. também são
responsáveis, dentre outras atividades, pela troca de informações, a formação
de consciência ambiental, a fiscalização e o licenciamento ambiental de
atividades cujos impactos afetem dois ou mais estados.
• Aos órgãos estaduais cabem as mesmas atribuições, só que no âmbito do
estado: criação de leis e normas complementares (podendo ser mais
restritivas) que as existentes em nível federal, estímulo ao crescimento da
consciência ambiental, fiscalização e licenciamento de obras que possam
causar impacto em dois ou mais municípios. O modelo se repete para os
órgãos municipais.
• O modelo de gestão definido pela política Nacional de meio Ambiente baseia-
se no princípio do compartilhamento e da descentralização das
responsabilidades pela proteção ambiental entre os entes federados e com os
diversos setores da sociedade.

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LICENCIAMENTO AMBIENTAL: CONCEITO, CARÁTER
PREVENTIVO, NATUREZA JURÍDICA E FINALIDADE

Conceito de Licenciamento Ambiental – Licenciamento ambiental é o


procedimento pelo qual o órgão competente licencia a localização, instalação,
ampliação ou a operação de atividades que possam, de qualquer forma, causar
danos ambientais. O licenciamento ambiental é uma das manifestações do
chamado poder de polícia ambiental, que consiste na atividade do Estado que
limita e regula direitos individuais em favor do interesse público relacionado às
questões do meio ambiente.

Objetivo do Licenciamento Ambiental – Expedir um ato administrativo


chamado de licença ambiental, através da qual o órgão competente estabelece

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as condições, restrições e medidas de controle que deverão ser obedecidas pelo
realizador da atividade (Art. 225 da CF).

Quais os casos que exigem licenciamento ambiental? – Segundo o artigo


1º da Resolução n° 187 do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA,
qualquer atividade considerada potencialmente poluidora ou que cause
degradação ambiental de qualquer forma, exige licenciamento ambiental.

TIPOS DE LICENÇA AMBIENTAL – As licenças ambientais são concedidas com


base na atividade pretendida e na fase em que o empreendimento se encontra.
Os diferentes tipos de licença ambiental previstos na Resolução n° 187 do
CONAMA são:
I. Licença Prévia (LP): concedida na fase preliminar do planejamento
do empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção,
atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e
condições a serem atendidas nas próximas fases da implementação.
II. Licença de Instalação (LI): autoriza a instalação do
empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes
dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de
controle ambiental e demais condições.
III. Licença de Operação (LO): autoriza a operação da atividade ou
empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que
consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e
condições determinadas para a operação.

A Resolução n° 350 do CONAMA prevê ainda outro tipo de licença:


IV. Licença de Pesquisa Sísmica (LPS): Autoriza pesquisas sísmicas
marítimas e em zonas de transição, estabelecendo todas as condições a
serem observadas pelo realizador da atividade.

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Caráter Preventivo do Licenciamento Ambiental – O licenciamento
ambiental é um instrumento preventivo da Política Nacional do Meio Ambiente
que deve ser observado quando alguma obra puder causar poluição ou
degradação ambiental. Nossa lei qualifica o Meio Ambiente como patrimônio
público que deve ser assegurado e protegido para uso da coletividade.

Natureza Jurídica do Licenciamento Ambiental – O licenciamento


ambiental é um ato vinculado, mesmo que alguns doutrinadores mais
conservadores ainda insistam em encará-lo como autorização. Esse
entendimento vem caindo por terra, considerando o fato de que tratando-se de
licença, claro que obedecidas as exigências legais, não pode a autoridade
administrativa recusar a sua concessão, sob pena de sujeitar-se à correção
judicial.

Quem processa o licenciamento ambiental? – A competência para


processar o licenciamento ambiental é determinada pelo critério da extensão do
impacto ambiental.

Conforme as necessidades específicas dos casos, outros órgãos podem intervir


no licenciamento para estabelecer condições ou emitir pareceres. Alguns
exemplos desses órgãos são:
FUNAI – Fundação Nacional do Índio
INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

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ICMBio - Instituto Chico Mendes de Preservação da Biodiversidade
DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral
IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
MS – Ministério da Saúde

Etapas do Licenciamento Ambiental –


1. Definição pelo órgão ambiental competente dos documentos, projetos e
estudos ambientais necessários ao início do processo;
2. Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, acompanhado
dos documentos, projetos e estudos ambientais pertinentes;
3. Análise pelo órgão ambiental competente dos documentos, projetos e
estudos ambientais apresentados;
4. Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental
competente;
5. Audiência pública, quando couber;
6. Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental
competente, decorrentes de audiências públicas;
7. Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer jurídico;
8. Deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando-se a devida
publicidade.
Observação: O procedimento poderá ser simplificado nos casos de atividades
com pequeno potencial de impacto ambiental.

Finalidade do Licenciamento Ambiental – Instrumento utilizado para


exercer controle prévio e de realizar o acompanhamento de atividades que
utilizem recursos naturais, que sejam poluidoras ou que possam causar
degradação do meio ambiente.

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RESPONSABILIDADE CIVIL E PENAL PELOS DANOS
AMBIENTAIS CAUSADOS.

Sabe-se que grande parte dos danos ambientais causados não é passível de
recuperação, tendo em vista a improbabilidade de se restabelecer, na natureza,
o status quo ante. Contudo, os danos, sejam diretos ou indiretos, são passíveis
de mitigação e de compensação, in natura ou em pecúnia.

AÇÃO CIVIL
• A responsabilidade civil por lesões ambientais é objetiva, dispensando a
demonstração de dolo ou culpa, conforme restou consagrado no art. 14 da
Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei n. 6.938/81). O que importa,
para fins de responsabilização civil, é a demonstração da autoria, do dano e
do nexo de causalidade. Assim, resulta cristalino que o IBAMA e o Instituto
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, como entidades ambientais
da administração pública federal indireta, possuem legitimação ativa para
ingressar com ação civil pública com vistas a exigir do poluidor a reparação
do dano ou o pagamento de indenização. O ajuizamento da ação civil pública
figura como poder-dever da Administração que deverá manejar a ação caso
presentes os seus pressupostos.

AÇÃO PENAL
• O art. 26 da Lei n. 9.605/98 preceitua que nos crimes ambientais, a ação
penal é pública incondicionada. Desta feita, cabe aos órgãos e entidades
administrativos que detém o exercício do poder de polícia ambiental, proceder
à notificação de crime ambiental quando este seja constatado em
concomitância com infração administrativa ambiental. Importa esclarecer que
os tipos penais encontram correspondente nas infrações administrativas, ao

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menos no âmbito federal. No entanto, em vista do princípio da intervenção
mínima, nem sempre os tipos infracionais administrativos encontram similar
tipificação penal.

CONCLUSÃO
• A relevância da temática ambiental leva a que ao sistema de responsabilização
por danos ao meio ambiente seja conferido tratamento constitucional, com
repercussão nas esferas penal e civil, ora abordados, e também
administrativa. A pormenorização do tema foi relegada à legislação
infraconstitucional e também ao amadurecimento jurisprudencial.
• À Administração Pública e demais atores envolvidos compete a adoção de
medidas visando à identificação do responsável pelo dano ambiental e ao
manejo das ações pertinentes a materializar a reparação, seja in natura ou
em pecúnia. A dificuldade de restituição ao status quo ante aponta para a
necessidade de fortalecer os mecanismos de prevenção do dano, através de
ações educativas e de conscientização, de fiscalização e do amadurecimento
dos procedimentos de autorizações ambientais.

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DIREITO INTERNACIONAL AMBIENTAL

• A questão ambiental é elemento central das políticas públicas e do


desenvolvimento de sistemas legais que lidam com os temas ambientais
atuais que explicitam um dramático ponto limite. Mudanças climáticas;
desmatamento e desertificação; drama urbano; extinção de espécies e
biodiversidade; produção de resíduos; delicada situação da água; questão
nuclear; acidentes ambientais.

• A evolução dos fundamentos deste Direito não se deu por influência de


debates de cunho meramente político ou econômico, mas sim oriunda de
constatações científicas que demonstraram a real necessidade de se
regulamentar de forma internacional as questões voltadas à preservação
do meio ambiente para as futuras gerações, inclusive tendo em foco a
própria perpetuação da raça humana em um planeta, ao menos,
razoavelmente conservado.

• O Direito Internacional ambiental apresenta peculiaridades: a) utilização


de tratados de cunho genérico, tratados-quadro, umbrella conventions (p.
ex. Convenção do Clima) e de certo de número de textos não obrigatórios
(soft law). Atualmente os tratados multilaterais passam de 300 e existem
cerca de 900 tratados bilaterais. O Costume como prática geral aceita
como sendo direito não pode ser ignorada na área ambiental. Por
exemplo, a Corte Internacional de Justiça reconheceu o desenvolvimento
de direito costumeiro diante do princípio 21 da Declaração de Estocolmo
e do princípio 3 da Declaração do Rio. No campo das decisões judiciárias,
a Corte Internacional de Justiça (CIJ) criou em sua estrutura Câmara
competente para apreciar matéria ambiental (1993).

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• Constatamos que no Brasil é utilizada a teoria dualista moderada,
superando as teorias dualista e monista radicais, segundo entendimento
doutrinário e jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal.

• Vislumbra-se, então, que os princípios gerais de direito devem ser


entendidos como princípios gerais do direito internacional, sendo
aplicáveis ao direito ambiental, demonstrando a existência de sua própria
principiologia, consolidando-se como ramo autônomo, o Direito Ambiental
Internacional.

QUESTÕES:
1) Em decorrência de grave dano ambiental em uma Unidade de Conservação,
devido ao rompimento de barragem de contenção de sedimentos minerais, a
Defensoria Pública estadual ingressa com Ação Civil Pública em face do causador
do dano. Sobre a hipótese, assinale a afirmativa correta.
A) A Ação Civil Pública não deve prosseguir, uma vez que a Defensoria
Pública não é legitimada a propor a referida ação judicial.
B) A Defensoria Pública pode pedir a recomposição do meio ambiente
cumulativamente ao pedido de indenizar, sem que isso configure bis in
idem.
C) Tendo em vista que a conduta configura crime ambiental, a ação penal
deve anteceder a Ação Civil Pública, vinculando o resultado desta.
D) A Ação Civil Pública não deve prosseguir, uma vez que apenas o IBAMA
possui competência para propor Ação Civil Pública quando o dano
ambiental é causado em Unidade de Conservação.

2) A sociedade empresária Foice Ltda., dá início à construção de galpão de


armazenamento de ferro-velho. Com isso, dá início a Estudo de Impacto
Ambiental - EIA. No curso do EIA, verificou-se que a construção atingiria área
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verde da Comunidade de Flores, de modo que 60 (sessenta) cidadãos da referida
Comunidade solicitaram à autoridade competente que fosse realizada, no âmbito
do EIA, audiência pública. Sobre a situação, assinale a afirmativa correta.
A) A audiência pública não é necessária, uma vez que apenas deve ser
instalada quando houver solicitação do Ministério Público.
B) A audiência pública não é necessária, uma vez que apenas deve ser
instalada quando houver solicitação de associação civil legalmente
constituída há pelo menos 1 (um) ano.
C) A audiência pública é necessária, e, caso não realizada, a eventual
licença ambiental concedida não terá validade.
D) A audiência pública é necessária, salvo quando celebrado Termo de
Ajustamento de Conduta com o Ministério Público.

3) Renato, proprietário de terra rural inserida no Município X, pretende promover


a queimada da vegetação existente para o cultivo de cana-de-açúcar. Assim,
consulta seu advogado, indagando sobre a possibilidade da realização da
queimada. Sobre o caso narrado, assinale a afirmativa correta.
A) A queimada poderá ser autorizada pelo órgão estadual ambiental
competente do SISNAMA, caso as peculiaridades dos locais justifiquem o
emprego do fogo em práticas agropastoris ou florestais.
B) A queimada poderá ser autorizada pelo órgão municipal ambiental
competente, após audiência pública realizada pelo Município X no âmbito
do SISNAMA.
C) A queimada não pode ser realizada, constituindo, ainda, ato tipificado
como crime ambiental caso a área esteja inserida em Unidade de
Conservação.
D) A queimada não dependerá de autorização, caso Renato comprove a
manutenção da área mínima de cobertura de vegetação nativa, a título de
reserva legal.

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4) Tendo em vista a elevação da temperatura do meio ambiente urbano, bem
como a elevação do nível dos oceanos, a União deverá implementar e estruturar
um mercado de carbono, em que serão negociados títulos mobiliários
representativos de emissões de gases de efeito estufa evitadas. Sobre o caso,
assinale a afirmativa correta
A) É possível a criação de mercado de carbono, tendo como atores,
exclusivamente, a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal.
B) Não é constitucional a criação de mercado de carbono no Brasil, tendo
em vista a natureza indisponível e inalienável de bens ambientais.
C) A criação de mercado de carbono é válida, inclusive sendo
operacionalizado em bolsa de valores aberta a atores privados.
D) A implementação de mercado de carbono pela União é cogente, tendo
o Brasil a obrigação de reduzir a emissão de gases de efeito estufa,
estabelecida em compromissos internacionais.

5) O Ministro do Meio Ambiente recomenda ao Presidente da República a criação


de uma Unidade de Conservação em área que possui relevante ecossistema
aquático e grande diversidade biológica. Porém, em razão da grave crise
financeira, o Presidente pretende que a União não seja compelida a pagar
indenização aos proprietários dos imóveis inseridos na área da Unidade de
Conservação a ser criada. Considerando o caso, assinale a opção que indica a
Unidade de Conservação que deverá ser criada.
A) Estação Ecológica.
B) Reserva Biológica.
C) Parque Nacional.
D) Área de Proteção Ambiental.

GABARITO
1. B 2. C 3. A 4. C 5. D

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PARABÉNS PELO EMPENHO!

A FAMÍLIA QUE MAIS APROVA NO BRASIL!

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