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TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO MOTOR

Desenvolvimento motor é a continua alteração no comportamento ao longo do ciclo da


vida, realizado pela interação entre as necessidades da tarefa, a biologia do individuo e
as condições do ambiente. O desenvolvimento é um processo continuo que se inicia na
concepção e cessa com a morte. O desenvolvimento inclui todos os aspectos do
comportamento humano e como resultado, somente pode ser separado em “áreas”,
“fases” ou “faixas etárias”. A aceitação crescente do conceito do desenvolvimento
“permanente” é muito importante e deve ser mantido na mente. Da mesma forma como
o estudo do atleta treinado na adolescência e na idade adulta é importante, assim é o
estudo do movimento no período neonatal, infância e vida posterior. Muito pode ser
ganho com o aprendizado do desenvolvimento em todas as idades e com a analise de
desenvolvimento como um processo que dura toda vida.
O desenvolvimento motor é altamente especifico. A noção de que habilidade motora
geral era suficiente foi usada para satisfação da maioria dos estudiosos. A habilidade
superior em uma área motora não garante habilidade similar em outras. Devemos
lembrar da individualidade do aprendiz cada individuo tem época peculiar para
aquisição e desenvolvimento das habilidades motoras. Embora o “relógio biológico”
seja bastante especifico o nível de extensão do desenvolvimento são determinados
individual e dramaticamente pelas exigências da tarefa especificas, biológicas e
ambientais.

TEORIA DESENVOLVIMENTISTA, MATURACIONAL E DOS SISTEMAS


DINAMICOS

TEORIA DESENVOLVIMENTISTA

É a continua alteração no comportamento ao longo do ciclo da vida, realizado pela


interação entre as necessidades da tarefa, a biologia do individuo e as condições do
ambiente. Historicamente, os psicólogos desenvolvimentistas tenderam a mostrar-se
somente marginalmente interessados no desenvolvimento motor e mesmo assim, só
como indicador visual do funcionamento cognitivo. Da mesma forma, os psicólogos
sociais interessados no processo do desenvolvimento emocional deram somente atenção
superficial ao movimento e a influência dele no desenvolvimento social e emocional do
individuo.O desenvolvimento motor esta ligado a área da atividade físicas como um
campo de pesquisa que estuda as áreas da fisiologia do exercício, biomecânica,
aprendizado motor e controle motor. Atualmente, os especialistas estão estudando tanto
os processos de desenvolvimento quanto seus muitos e variados produtos.

TEORIA MATURACIONAL

É função de processos biológicos inatos que resultam em seqüência universal, na


aquisição de habilidade motora infantil. Isto é o crescimento e desenvolvimento motor
nas faixas etárias gerais para aquisição de grande variedade de habilidade motoras
rudimentares na infância e considerou essas tarefas, baseadas na maturação.

TEORIA DE SISTEMA DINAMICO


A palavra dinâmico transmite o conceito de que a alteração desenvolvimentista é não
linear e descontinua. Visto que se considera o desenvolvimento como uma alteração
individual, ao longo do tempo, não seguindo um padrão devido as deficiências e
incapacidades dos indivíduos

AREAS DO COMPORTAMENTO

Infelizmente, sua separação do comportamento nas áreas cognitiva (comportamento


intelectual), afetiva (comportamento sócio-emocional) e psicomotora (comportamento
motor) fez que muitos lidassem com cada área especifica como uma entidade do
desenvolvimento humano independente. Não devemos perder de vista a natureza de
inter-relação do desenvolvimento e as três áreas do comportamento humano.
A área psicomotora inclui os processos de alteração, estabilização e de regressão na
estrutura física e na função neuromuscular. Na área psicomotora, o movimento pode
resultar:a) de processos cognitivos que ocorrem em centros cerebrais superiores (córtex
motor); b) da atividade reflexa em centros cerebrais inferiores; ou c) de reações
automáticas no sistema nervoso central.
Desempenho motor é o termo freqüentemente usado para agrupar os vários
componentes da aptidão física relacionados à saúde (força muscular, resistência
muscular, resistência aeróbica, flexibilidade das articulações e composição corporal) e
ao desempenho (velocidade de movimento, agilidade, coordenação, equilíbrio e energia)
conjuntamente. O desempenho motor está associado à capacidade de realizar tarefas
motoras e seu estudo baseia-se no produto, em termos de: “a que distancia?”, “ a que
velocidade?” , “quantas vezes?” .
O estudo das habilidades motoras orienta-se para o processo, compreendendo a
observação da mecânica do movimento e a tentativa de entender a causas subjacentes
que o alteram.
O aprendizado é um processo interno que produz alterações consistentes no
comportamento individual em decorrência da interação da experiência, da educação e
do treinamento com processos biológicos. O aprendizado motor, assim, corresponde
apenas a m aspecto no qual o movimento desempenha parte principal, significando uma
alteração relativamente constante no comportamento motor em função da pratica ou de
experiência passadas.
O comportamento motor, nesse contexto engloba alterações no aprendizado e no
desenvolvimento, incluindo os processos maturacionais vinculados a desempenho
motor. A pesquisa do comportamento motor envolve, pois, estudos referentes ao
aprendizado, ao controle e ao desenvolvimento.
O controle motor um aspecto do aprendizado e desenvolvimento que lida com o
estudo de tarefas isoladas em condições especificas. A pesquisa nessa área leva em
consideração os processos subjacentes envolvidos no desempenho de um ato de
movimento que se torna consistente conforme a experiência de cada tentativa.
O desenvolvimento motor é uma alteração continua no comportamento motor ao longo
do ciclo da vida. Pode ser estudado como um processo ou como um produto.

MÉTODOS DO ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO

O desenvolvimento motor é estudado de três maneiras: o estudo longitudinal,o estudo


transversal e o estudo longitudinal misto. Visto que a pesquisa de desenvolvimento
motor envolve o estudo das alterações que ocorrem no comportamento motor longo do
tempo, o método longitudinal de estudo é o ideal e o único meio real de estudar o
desenvolvimento.
O método longitudinal de coleta de dados tenta explicar alterações de comportamento
ao longo do tempo (isto é, tempo desenvolvimentista) e envolve o mapeamento de
vários aspectos do comportamento motor do individuo por vários anos.
O método de estudo transversal permite ao pesquisador coletar, simultaneamente,
dados de grupos de pessoas de varias faixa etárias. O objetivo principal do estudo
transversal é medir as diferenças relacionadas à idade no comportamento. Basicamente,
o método transversal apresenta apenas “diferenças” medias em grupos no decorrer do
tempo desenvolvimentista. A conclusão básica subjacente ao estudo transversal é a de
que a seleção randômica de participantes da pesquisa fornecera amostragem
representativa da população para cada grupo etário testado. É questionável, todavia, que
essa conclusão possa ser alcançada na maioria das vezes. Os estudos transversais,
embora simples e diretos, apenas podem descrever comportamentos típicos das idades
especificas abordadas.
O método longitudinal misto como é freqüentemente denominado, combina os
melhores aspectos dos métodos longitudinal e transversal, abrangendo todos os dados
possíveis que são necessários à descrição e/ou à explicação de diferenças e de
alterações, no decorrer do tempo, tanto das funções do desenvolvimento como também
das funções do desenvolvimento como também das funções etárias. Isso permite
comparar os resultados obtidos pelos dois métodos e serve de base para validar ou para
refutar alterações relacionadas à idade e as alterações realmente desenvolvimentistas.

CLASSIFICAÇÕES ETÁRIAS DO DESENVOLVIMENTO

Níveis de desenvolvimento podem ser classificados de muitas maneiras. O método mais


popular, mas freqüentemente o menos acurado, é a classificação pela idade cronológica.
A idade cronológica ou a idade do indivíduo em meses e/ou anos é de uso universal e
constante. Conhecendo a data de nascimento de alguém, podemos facilmente calcular
sua idade em aos, mês e dias.
A idade biológica de indivíduo fornece um registro do índice de seu progresso em
direção á maturidade. Trata-se de uma idade variável que corresponde apenas
aproximadamente à idade cronológica.
A idade morfológica fornece o tamanho atingido pelo indivíduo (altura e peso)
segundo os padrões normativos.
A idade óssea fornece um registro da idade biológica do esqueleto em
desenvolvimento. Pode ser determinada bastante acuradamente por radiografias dos
ossos carpais da mão e do pulso.
A idade sexual um quarto método pra determinar a idade biológica. A maturação sexual
é determinada pelo alcance variável de características sexuais primárias e secundárias.
A idade do autoconceito é uma medida da avaliação pessoal de um indivíduo sobre o
seu valor ou dignidade.
A idade perceptiva é a avaliação do índice e da extensão do desenvolvimento
perceptivo do indivíduo.

TERMINOLOGIA USADA NO DESENVOLVIMENTO MOTOR

Obter um conhecimento funcional dos termos usados em qualquer área de estudo é


importante. Seja essa área a medicina ou direito, a educação especial ou a economia,
existe um jargão típico para cada uma desenvolvimento motor não constitui exceção.
O termo crescimento, entretanto, é freqüentemente usado para referir-se à totalidade da
alteração física e, como resultado, ele se torna mais abrangente e assume o mesmo
significado que desenvolvimento. Em nossa discussão sobre crescimento, adotaremos o
primeiro significado.
Desenvolvimento, em seu sentido mais puro, refere-se a alterações no nível de
funcionamento de um indivíduo ao longo do tempo. Definiram o desenvolvimento
como alteração adaptativa em direção à habilidade. Tal definição implica que, no
decorrer da vida, é necessário ajustar, compensar ou mudar, a fim de obter ou manter
habilidade.
Maturação refere-se a alterações qualitativas que capacita o indivíduo a progredir para
níveis mais altos de funcionamento. A maturação, quando considerada na perspectiva
biológica, é basicamente inata, ou seja, ela é geneticamente determinada e resistente a
influências externas ou ambientais. A maturação é caracterizada por uma ordem fixa de
progressão, na qual o ritmo pode variar, mas a seqüência do surgimento das
características geralmente não varia.
Experiência refere-se a fatores do ambiente que podem alterar o aparecimento de varias
características desenvolvimentista no decorrer do processo de aprendizado. As
experiências de uma criança podem afetar o índice de aparecimento de certos padrões
de comportamento.
Os aspectos desenvolvimentistas tanto da maturação como da experiência estão
entrelaçados. Determinar a contribuição em separado de cada um desses processos é
impossível.
Adaptação entrou em voga e é freqüentemente usado para referir-se à complexa
interação entre as forças do indivíduo e do ambiente.

MODELOS DE DESENVOLVIMENTO MOTOR

O desenvolvimento motor pode ser conceitualizado, usando uma ampulheta


heurística, como um processo fase-estágio descontínuo e sobreposto.
A função principal da teoria é integrar fatos existentes para organizá-los de tal maneira
que eles forneçam um significado. As teorias do desenvolvimento tomam os fatos existentes
sobre o organismo e fornecem um modelo desenvolvimentista congruente com os fatos.
Portanto, a formulação de teorias serve como base para testar os fatos e vice-versa. Os
fatos são importantes, mas sozinhos não constituem ciência. O desenvolvimento de uma ciência
depende do avanço da teoria, bem como da acumulação dos fatos. No estudo do comportamento
humano, especialmente nas áreas de desenvolvimento cognitivo e afetivo, a formulação das
teorias ganhou crescente importância nos últimos anos. As teorias têm desempenhado um papel
duplo essencial em ambas as áreas, a saber, têm servido e continuam a servir como integradoras
dos fatos existentes e como base para a derivação de novos fatos (Bigge e Shermis, 1992;
Leamer, 1986).
Até recentemente o interesse pelo desenvolvimento motor estava preocupado
basicamente em descrever e em catalogar dados, com pouco interesse em modelos
desenvolvimentistas que levassem a uma explicação teórica do comportamento no decorrer da
vida. Essa pesquisa era necessária e muito importante para a nossa base de conhecimentos.
Porém, na realidade, ela pouco fez para ajudar-nos a responder às questões criticamente
importantes do que está na base do processo do desenvolvimento motor e como o processo
ocorre. Somente existe um número limitado de modelos abrangentes do desenvolvimento motor.
Agora, entretanto, estudiosos do desenvolvimento motor estão reexaminando o seu trabalho em
relação a pesquisas mais cuidadosamente planejadas e baseadas em estruturas teóricas
experimentais. O objetivo deste capítulo é apresentar um modelo abrangente de
desenvolvimento motor, baseado em pontos de vistas teórico-específicos, em um esforço tanto
para descrever quanto para explicar o desenvolvimento e para servir como base para a geração
de novos fatos sobre esse importante aspecto do comportamento humano.

A primeira função de um modelo teórico de desenvolvimento motor deveria ser a


integração dos fatos existentes englobados pela área de estudo. A segunda função deveria ser
servir como base para a geração de novos fatos. Pode-se argumentar que os fatos poderiam ser
interpretados de mais de uma maneira, isto é, a partir de perspectivas teóricas diferentes, o que
é, de fato, desejado. Pontos de vistas diferentes promovem argumentos e debates teóricos que
são a própria centelha da pesquisa, ao lançar nova luz sobre interpretações teóricas divergentes.
Mesmo se diferenças teóricas não existirem, pesquisas devem ser realizadas para determinar se
as hipóteses derivadas da teoria podem ter um suporte tanto experimental quanto ecológico
(Bigge e Shermis, 1992; Learner, 1986.
A teoria deveria servir como base para todas as pesquisas e para a ciência, e o estudo do
desenvolvimento motor não constitui exceção. A teoria desenvolvimentista deve ser tanto
descritiva quanto explicativa. Em outras palavras, o desenvolvimentalista está interessado em
como as pessoas tipicamente são em faixas etárias particulares (descrição) e o que faz com que
essas características ocorram (explicação). Sem uma base teórica de operação, a pesquisa sobre
o desenvolvimento motor ou qualquer outra área tende a produzir pouco mais do que fatos
isolados. Todavia, sem um corpo existente de conhecimento (fatos), não podemos formular
teorias e sem a formulação e o teste constante de teorias, não podemos esperar um nível superior
de compreensão e de conscientização do fenômeno que chamamos de desenvolvimento motor.
Uma teoria é um grupo de afirmações e de conceitos que integram fatos existentes e
levam à geração de novos fatos. O modelo das "fases do desenvolvimento motor" a ser
apresentado neste capítulo não é baseado unicamente na acumulação dos fatos. Tal modelo
resulta do uso de um "método embutido" de formulação de teoria. No método indutivo, o
pesquisador primeiramente inicia com um conjunto de fatos e, então, tenta encontrar uma
estrutura conceptual ao redor da qual possa organizá-los e explicá-los. O "método dedutivo", de
formulação teórica, conforme usado aqui, é baseado na inferência e possui três qualificações
básicas. Primeiramente, a teoria deve integrar fatos existentes e responder por evidências
empíricas que se relacionem com o conteúdo da teoria. Em segundo lugar, a teoria deveria
prestar-se à formulação de hipóteses estáveis na forma de: se ____, então _____. Em terceiro
lugar, a teoria deveria satisfazer o teste empírico, isto é, hipóteses que são experimentalmente
testadas deveriam produzir resultados que fornecessem maior apoio à teoria.
O uso de um modelo dedutivo ao invés de um modelo indutivo faz com que possamos
ver como os fatos bem acumulados encaixam-se em um todo coeso e compreensível. Isso
também faz com que identifiquemos as informações que são necessárias para preencher as
lacunas na teoria, para esclarecê-la ou refiná-la. As fases do desenvolvimento motor delineadas
neste capítulo são baseadas na dedução e servem como modelo para a formulação teórica.
O processo do desenvolvimento motor revela-se basicamente por alterações no
comportamento motor. Todos nós, bebês, crianças, adolescentes e adultos, estamos envolvidos
no processo permanente de aprender a mover-se com controle e competência, em relação aos
desafios que enfrentamos diariamente em mundo em constante mutação. Podemos observar
diferenças desenvolvimentistas no comportamento motor, por fatores próprios do individuo, do
ambiente e da tarefa em si. Podemos fazer isso pela observação das alterações do processo e no
produto. Assim, um meio primário pelo qual o processo de desenvolvimento pode ser
observável é o estudo das alterações no comportamento motor real de um individuo fornece
uma janela para o processo de desenvolvimento motor, assim como indicações para os
processos motores subjacentes.

Categorias dos Movimentos


O movimento observável pode ser agrupado em três categorias: movimentos
estabilizadores, locomotores e manipulativos, ou ainda a combinação entre eles.
Movimento estabilizador é qualquer movimento no qual algum equilíbrio é necessário,
inclui movimentos como girar, virar-se, empurrar e puxar. A estabilidade refere-se a qualquer
movimento que tenha como objetivo obter e manter o equilíbrio em relação à força da
gravidade. Assim, movimentos axiais (não-locomotores) e posturas invertidas e de rolamento
corporal são considerados movimentos estabilizadores.
O movimento locomotor envolve mudança na localização do corpo em relação a um
ponto fixo na superfície. Caminhar, correr, pular, saltar um obstáculo são tarefas locomotoras. O
“rolar” pode ser locomotor como estabilizador.
Movimento manipulativo pode ser tanto rudimentar como também refinado. O
rudimentar envolve a aplicação e recepção de força de objetos. Arremessar, apanhar, chutar e
derrubar um objeto, são manipulativos rudimentares. O manipulativo refinado envolve o uso
intrincado de músculos da mão e do punho; costurar, cortar e digitar são manipulativos
refinados.
É preciso observar que em grande parte dos movimentos existe a combinação entre duas
ou três das categorias existentes. O movimento seve como uma janela para o processo de
desenvolvimento motor, estudar a progressão seqüencial das habilidades ao longo da vida torna-
se fundamental para profissionais de educação física.

O processo de desenvolvimento motor pode ser considerado sob os aspectos de fases e


estágios.
1-Fase motora reflexiva
Os primeiros movimentos que o feto faz são reflexivos, involuntários, controlados sub-
corticalmente e formam a base para as fases do desenvolvimento motor. A partir dos reflexos, o
bebê obtém informações sobre o ambiente, luz, sons provocam atividades motoras
involuntárias, essas atividades juntamente com o desenvolvimento cortical nos primeiros meses
de vida desempenham papel importante para auxiliar a criança a aprender mais sobre seu corpo
e o mundo exterior.
Os reflexos primitivos podem ser classificados como agrupadores de informações,
caçadores de alimentação e de reações protetoras. São agrupadores de informações à medida
que auxiliam a estimular a atividade cortical e o desenvolvimento. São caçadores de
alimentação e protetores porque há consideráveis evidências de que sejam filogenéticos por
natureza. Os reflexos primitivos, como os reflexos de sugar e de pesquisar pelo olfato, são
considerados mecanismos de sobrevivência primitivos. Sem eles, o recém-nascido seria incapaz
de obter alimento.
Os reflexos posturais compõem a segunda forma de movimento involuntário e são
notavelmente similares, na aparência, a comportamentos voluntários posteriores, mas são
inteiramente involuntários. Esses reflexos parecem servir como equipamentos de teste
neuromotores para mecanismos estabilizadores, locomotores e manipulativos que serão usados
mais tarde com controle consciente. O reflexo primário de pisar e o reflexo de arrastar-se, por
exemplo, relembram intimamente os comportamentos de caminhar voluntário posterior e de
engatinhar. O reflexo palmar de agarrar é intimamente relacionado aos comportamentos
voluntários posteriores de agarrar e soltar. O reflexo vertical-labiríntico e os reflexos de sus-
tentação estão relacionados às habilidades de equilíbrio posteriores. A fase reflexiva do
desenvolvimento motor pode ser dividida em dois estágios sobrepostos.
Estágio de codificação de informações
O estágio de codificação de informações (reunião) da fase de movimentos reflexivos é
caracterizado por atividade motora involuntária observável no período fetal até
aproximadamente o quarto mês do período pós-natal. Nesse estágio, os centros cerebrais
inferiores são mais altamente desenvolvidos do que o córtex motor e estão essencialmente no
comando do movimento fetal e neonatal. Esses centros cerebrais são capazes de causar reações
involuntárias a inúmeros estímulos de intensidade e duração variadas. Os reflexos, agora,
servem de meios primários pelos quais o bebê é capaz de reunir informações, buscar alimento e
encontrar proteção ao longo do movimento.
Estágio de decodificação de informações
O estágio de decodificação de informações (processamento) da fase reflexiva começa
aproximadamente no quarto mês de vida. Nesse período, há gradual inibição de muitos reflexos
à medida que os centros cerebrais superiores continuam a desenvolver-se. Os centros cerebrais
inferiores gradualmente cedem o controle sobre os movimentos esqueletais e são substituídos
por atividade motora voluntária mediada pela área motora do córtex cerebral. O estágio de
decodificação substitui a atividade sensório-motora por habilidade motor-perceptiva. Isto é, o
desenvolvimento do controle voluntário dos movimentos esqueletais do bebê envolve o
processamento de estímulos sensoriais com informações armazenadas, não simplesmente reação
aos estímulos.

2-Fase motora rudimentar


As primeiras formas de movimentos voluntários são os movimentos rudimentares,
observados no bebê, desde o nascimento até, aproximadamente, a idade de 2 anos. Os
movimentos rudimentares são determinados de forma maturacional e caracterizam-se por uma
seqüência de aparecimento altamente previsível. Esta seqüência é resistente a alterações em
condições normais. O nível com que essas habilidades aparecem, porém, varia de criança a
criança e depende de fatores biológicos, ambientais e da tarefa. As "habilidades motoras
rudimentares" do bebê representam as formas básicas de movimento voluntário que são
necessárias para a sobrevivência. Elas envolvem movimentos estabilizadores, como obter o con-
trole da cabeça, pesçoço e músculos do tronco; as tarefas manipulativas de alcançar, agarrar e
soltar; e os movimentos locomotores de arrastar-se, engatinhar e caminhar. A fase de
movimentos rudimentares de desenvolvimento pode ser dividida em dois estágios que
representam progressivamente ordens superiores de controle motor.
Estágio de inibição de reflexos
O estágio de inibição de reflexos da fase de movimentos rudimentares inicia-se no
nascimento. No nascimento, os reflexos dominam o repertório de movimentos do bebê. Dali em
diante, entretanto, os movimentos do bebê são crescentemente influenciados pelo córtex em
desenvolvimento. O desenvolvimento do córtex e a diminuição de certas restrições ambientais
fazem com que vários reflexos sejam inibidos e gradualmente desapareçam. Os reflexos
primitivos e posturais são substituídos por comportamentos motores voluntários. Quanto à
inibição de reflexos, o movimento voluntário é fragilmente diferenciado e integrado porque o
aparato neuromotor do bebê está ainda em estágio rudimentar de desenvolvimento. Os
movimentos, embora com objetivos, parecem descontrolados e grosseiros. Se o bebê deseja
entrar em contato com um objeto, haverá atividade global da mão inteira, pulso, ombro e até do
tronco. O processo de movimentar a mão para o contato com objeto, apesar de voluntário,
apresenta falta de controle.
Estágio de pré-controle
Por volta de 1 ano de idade, as crianças começam a ter precisão e controle maiores
sobre seus movimentos. O processo de diferenciação entre os sistemas sensorial e motor e a
integração de informações motoras e perceptivas, em um todo mais significativo e coerente,
acontecem. O rápido desenvolvimento tanto de processos cognitivos superiores quanto de
processos motores encoraja rápidos ganhos nas habilidades motoras rudimentares nesse estágio.
No estágio de pré-controle, as crianças aprendem a obter e a manter seu equilíbrio, a manipular
objetos e a locomover-se pelo ambiente com notável grau de proficiência e controle,
considerando-se o curto período que tiveram para desenvolver essas habilidades. O processo
maturacional pode explicar parcialmente a rapidez e a extensão do desenvolvimento do controle
dos movimentos nessa fase, mas o crescimento da proficiência motora não é menos assombroso.

3-Fase de movimentos fundamentais


As "habilidades motoras fundamentais" da primeira infância são conseqüência da fase
de movimentos rudimentares do período neonatal. Esta fase do desenvolvimento motor
representa um período no qual as crianças pequenas estão ativamente envolvidas na-exploração
e na experimentação das capacidades motoras de seus corpos. É um período para descobrir
como desempenhar uma variedade de movimentos estabilizadores, locomotores e
manipulativos, primeiro isoladamente e, então, de modo combinado. As crianças que estão
desenvolvendo padrões fundamentais de movimento estão aprendendo a reagir com controle
motor e competência motora a vários estímulos. Estão obtendo crescente controle para
desempenhar movimentos discretos, em série e contínuos, como fica evidenciado por sua habili-
dade em aceitar alterações nas exigências das tarefas. Os padrões de movimento fundamentais
são padrões observáveis básicos de comportamento. Atividades locomotoras (correr e pular),
manipulativas (arremessar e apanhar) e estabilizadoras (andar com firmeza e o equilíbrio em um
pé só) são exemplos de movimentos fundamentais que devem ser desenvolvidos nos primeiros
anos da infância.
Uma das principais concepções erradas sobre o conceito desenvolvimentista da fase de
movimentos fundamentais é a noção de que essas habilidades são determinadas
maturacionalmente e são pouco influenciadas pela tarefa e por fatores ambientais. Alguns
especialistas em desenvolvimento infantil (não na área de desenvolvimento motor) têm escrito
repetidamente sobre o desdobramento "natural" do movimento e das habilidades motoras
infantis e a idéia de que as crianças desenvolvem essas habilidades simplesmente por ficarem
mais velhas (maturação). Embora a maturação realmente desempenhe papel básico no
desenvolvimento de padrões de movimento fundamentais, não deve ser considerada como a
única influência. As condições do ambiente, oportunidades para a prática, encorajamento,
instrução e a ecologia (cenário) do ambiente em si, desempenham papel importante no grau
máximo de desenvolvimento que os padrões de movimento fundamentais atingem.
Estágio inicial
O estágio inicial de uma fase de movimentos fundamentais representa as primeiras
tentativas da criança orientadas para o objetivo de desempenhar uma habilidade fundamental. O
movimento em si, é caracterizado por elementos que faltam ou que são -de forma imprópria -
marcadamente seqüenciados e restritos pelo uso exagerado do corpo e por um ritmo e
coordenação deficientes. Tipicamente, os movimentos locomotores, manipulativos e
estabilizadores da criança de 2 anos de idade estão no nível inicial, Algumas crianças podem
estar além desse desempenho, porém, a maioria está no estágio inicial.
Estágio elementar
O estágio elementar envolve maior controle e melhor coordenação rítmica dos
movimentos fundamentais. Aprimora-se a sincronização dos elementos temporais e espaciais do
movimento, porém, os padrões de movimento nesse estágio são ainda, geralmente restritos ou
exagerados, embora mais bem coordenados. Crianças de inteligência e funcionamento físico
normais tendem a avançar para o estágio elementar, primariamente, ao longo do processo de
maturação. A observação de crianças de 3 ou 4 anos de idade revela inúmeros movimentos
fundamentais no estágio elementar. Muitos indivíduos, tanto adultos quanto crianças, não vão
além do estágio elementar em muitos padrões de movimento.
Estágio maduro
O estágio maduro é caracterizado por desempenhos mecanicamente eficientes,
coordenados e controlados. A maioria dos dados disponíveis sobre a aquisição de habilidades
motoras fundamentais sugere que as crianças podem e devem atingir o estágio maduro aos 5 ou
6 anos de idade. As habilidades manipulativas que requerem acompanhamento e interceptação
de objetos em movimento (apanhar, derrubar, rebater) desenvolvem-se um pouco mais tarde em
função das exigências visuais e motoras sofisticadas dessas tarefas. Até mesmo a observação
casual nos movimentos de crianças e de adultos revela que muitos deles não desenvolveram
suas habilidades motoras fundamentais até o nível maduro. Embora algumas crianças possam
atingir esse estágio basicamente pela maturação e com um mínimo de influências ambientais, a
grande maioria precisa de oportunidades para a prática, o encorajamento e a instrução em um
ambiente que promova o aprendizado. Sem essas oportunidades, torna-se virtualmente
impossível um indivíduo atingir o estágio maduro de certa habilidade nessa fase, o que vai inibir
a aplicação e o desenvolvimento dessa habilidade em períodos posteriores.

4-Fase de movimentos especializados.


A fase especializada do desenvolvimento motor é resultado da fase de movimentos
fundamentais. Na fase especializada, o movimento toma-se uma ferramenta que se aplica a
muitas atividades motoras complexas presentes na vida diária, na recreação e nos objetivos
esportivos. Esse é um período em que as habilidades estabilizadoras, locomotoras e
manipulativas fundamentais são progressivamente refinadas, combinadas e elaboradas para o
uso em situações crescentemente exigentes. Os movimentos fundamentais de saltar em um pé só
e pular, por exemplo, podem agora ser aplicados a atividades de pular corda, ao desempenho de
danças folclóricas e ao desempenho do salto triplo na pista e em competições.
O aparecimento e a extensão do desenvolvimento de habilidades na fase de movimentos
especializados depende de muitos fatores da tarefa, individuais e ambientais. O tempo de reação
e a velocidade do movimento, a coordenação, o tipo de corpo, a altura e o peso, os hábitos, a
pressão do grupo social a que se pertence e a estrutura emocional são apenas alguns desses
fatores. A fase de movimentos especializados tem três estágios.
Estágio transitório
Em algum período, nos seus 7 ou 8 anos de idade, as crianças geralmente entram em um
estágio de habilidades motoras transitório (Haubenstricker e Seefeldt, 1986)"No período
transitório, o indivíduo começa a combinar e a aplicar habilidades motoras fundamentais ao
desempenho de habilidades especializadas, no esporte e em ambientes recreacionais. Caminhar
em ponte de cordas, pular corda e jogar bola são exemplos de habilidades transitórias comuns.
As habilidades motoras transitórias contêm os mesmos elementos que os movimentos funda-
mentais, mas com forma, precisão e controle maiores. As habilidades motoras fundamentais,
que foram desenvolvidas e refinadas para seu próprio melhoramento no estágio anterior, são
aplicadas em brincadeiras, jogos e em situações da vida diária. As habilidades transitórias são
simplesmente aplicações de padrões de movimentos fundamentais em formas mais específicas e
mais complexas.
O estágio transitório é um período agitado para os pais e para os professores, bem como
para as crianças. Estas acham-se ativamente envolvidas na descoberta e na combinação de
numerosos padrões motores e, freqüentemente, ficam exultantes com a rápida expansão de suas
habilidades motoras. O objetivo de pais, professores e de treinadores, nesse estágio, deve ser o
de ajudar as crianças a aumentar tanto o controle motor quanto a competência motora em
inúmeras atividades. Deve-se tomar cuidado para que a criança não restrinja seu envolvimento a
certas atividades, especializando-se em algumas. Um enfoque restrito das habilidades, nesse
estágio, provavelmente provocará efeitos indesejáveis nos últimos dois estágios da fase de
movimentos especializados.
Estágio de aplicação
Aproximadamente, dos 11 aos 13 anos, mudanças interessantes acontecem no
desenvolvimento das habilidades do indivíduo. No estágio anterior, as habilidades cognitivas
limitadas da criança, as habilidades afetivas e as experiências, combinadas com a avidez natural
desse ser ativo, fizeram com que o foco normal (sem interferência adulta) sobre o movimento
fosse amplo e generalizado a "todas" as atividades. No estágio de aplicação, a sofisticação
cognitiva crescente e certa base ampliada de experiências formam o indivíduo capaz de tomar
numerosas decisões de aprendizado e de participação baseadas em muitos fatores da tarefa,
individuais e ambientais. Por exemplo, a criança de 12 anos que gosta de atividades de equipe e
de aplicar estratégias a jogos, que tenha coordenação razoavelmente boa e agilidade, pode
escolher especializar-se no desenvolvimento de suas habilidades para jogar basquetebol. Uma
criança de constituição semelhante, que não aprecie esforços de equipe, pode optar por especi-
alizar-se em atividades competitivas de pista. O indivíduo começa a tomar decisões conscientes
a favor ou contra sua participação em certas atividades. Essas decisões fundamentam-se, em
larga escala, no modo pelo qual a criança percebe até que ponto os fatores inerentes à tarefa, a
ela mesma e ao ambiente aumentam ou inibem a probabilidade de ela obter satisfação e sucesso.
Esse auto-exame de forças e fraquezas, oportunidades e restrições, diminui as opções. No
estágio de aplicação, os indivíduos começam a buscar ou a evitar a participação em atividades
específicas. Há ênfase crescente na forma; habilidade, precisão e nos aspectos quantitativos do
desempenho motor. Essa é a época para refinar e usar habilidades mais complexas em jogos
avançados, atividades de liderança e em esportes selecionados.
Estágio de utilização permanente
O estágio de utilização permanente da fase especializada de desenvolvimento motor
começa por volta dos 14 anos de idade e continua por toda a vida-adulta. O estágio de utilização
permanente representa o pináculo do processo de desenvolvimento motor e é caracterizado pelo
uso do repertório de movimentos adquiridos pelo indivíduo por toda a vida. Fatores como tempo
disponível, dinheiro, equipamento, instalações e limitações físicas e mentais afetam esse
estágio. Entre outros pontos, o nível de participação de um indivíduo em certas atividades de-
penderá do talento, oportunidades, condições físicas e da motivação pessoal. O nível de
desempenho permanente de um indivíduo pode variar desde o status profissional e olímpico até
competições universitárias e escolares, incluindo a participação em habilidades organizadas ou
não-organizadas, competitivas ou cooperativas, esportivas recreacionais ou da simples vida
diária.
Em essência, o estágio de utilização permanente representa a cume de todos os estágios
e fases precedentes. Ele deve, entretanto, ser considerado continuação do processo permanente.
Um dos objetivos básicos da educação é tomar os indivíduos mais felizes e mais saudáveis,
qualificando-os como membros efetivos da sociedade. Não se pode perder de vista esse
objetivo, considerando-se o desenvolvimento hierárquico das habilidades motoras como degraus
para o nível de habilidades motoras especializadas. Devemos parar de considerar as crianças
como adultos em miniatura que podem ser programadas para desempenhar atividades
fisiológicas e psicológicas potencialmente tão questionáveis como algumas “peneiras” de
futebol. As crianças são, quanto ao seu desenvolvimento, imaturas e, por isso, faz-se necessário
estruturar experiências motoras significativas apropriadas para seus níveis desenvolvimentistas
particulares. Quando reconhecermos que a aquisição progressiva de habilidades motoras de
forma desenvolvimentista apropriada é imperativa para o desenvolvimento motor equilibrado de
bebês, crianças, adolescentes e de adultos, passaremos a fazer contribuições reais para o seu
desenvolvimento total. O desenvolvimento de habilidades especializadas pode e deve
desempenhar papel fundamental em nossas vidas, porém, é injusto exigir de crianças que se
especializem em uma ou duas áreas de habilidades, com o ônus de desenvolver habilidades e a
apreciação por outras áreas de modo deficiente.
A AMPULHETA: UM MODELO PERMANENTE
As faixas etárias para cada fase do desenvolvimento motor deveriam ser consideradas
como orientações gerais, ilustrativas somente do amplo conceito de apropriação etária. Os
indivíduos freqüentemente funcionam em fases diferentes, dependendo de seus ambientes de
experiências e de certas estruturas genéticas. Embora se deva encorajar um comportamento
precoce (ginástica), é importante também ajudar a criança a igualar-se aos seus companheiros
da mesma idade nas outras áreas e a desenvolver níveis aceitáveis de proficiência também nelas.
É importante reunir fatos sobre o processo de desenvolvimento motor. Ao longo deste texto,
discutimos muitos estudos, porém, se não fornecermos estrutura teórica e compreensão
conceitual do processo de desenvolvimento motor, teremos apresentado fatos isolados que
significarão pouco quanto às suas implicações para o ensino, treino e cuidados paternos e
maternos desenvolvimentistas bem sucedidos. Portanto, gostaríamos de propor e de trabalhar
um modelo teórico para o processo de desenvolvimento motor. Esse modelo, como é
apresentado, não é uma teoria abrangente do desenvolvimento motor. É um aparato heurístico,
isto é, representação conceitual ou modelo de desenvolvimento motor, que nos fornece orienta-
ções gerais para a descrição e a explicação do comportamento motor.
Para compreender esse modelo, imagine-se como uma ampulheta.
Dentro da sua ampulheta, precisamos colocar o recheio da vida: AREIA. A areia que
entra na ampulheta vem de dois recipientes diferentes. Um é o recipiente hereditário e o outro o
ambiental. O recipiente hereditário tem uma tampa. No momento da concepção, nossa estrutura
genética é determinada e a quantidade de areia é fixa. Entretanto, o recipiente ambiental não tem
tampa. A areia pode ser acrescentada ao recipiente e à sua ampulheta. Poderíamos pegar mais
areia para colocar na ampulheta.
Os dois baldes de areia significam que tanto a hereditariedade quanto o ambiente
influenciam o processo de desenvolvimento. As contribuições relativas de cada um têm sido um
tópico de debate volátil há anos. Discutir a importância de cada um é um exercício sem
significado porque a areia, na verdade, converge de ambos os recipientes. O que importa é que,
de alguma forma, a areia entra na ampulheta e que esse recheio seja produto tanto da
hereditariedade quanto do ambiente.
Mas o que sabemos sobre o desenvolvimento motor nas primeiras fases da vida?
Quando olhamos as fases reflexiva e rudimentar do desenvolvimento motor, sabemos que a
areia é vertida na ampulheta, basicamente, mas não de modo exclusivo, do recipiente
hereditário. A progressão seqüencial do desenvolvimento motor nos primeiros anos de vida é
bastante rígida e resistente a alterações, exceto em ambientais extremos. Portanto, sabemos, nas
duas primeiras fases do desenvolvimento motor, que a seqüência de desenvolvimento é
altamente previsível. Por exemplo, crianças no mundo inteiro aprendem a sentar-se antes de
ficar em pé, a ficar em pé antes de caminhar e a caminhar antes de correr. Mas realmente nota-
se considerável variabilidade nos níveis em que as crianças pequenas adquirem suas habilidades
motoras rudimentares. Temos visto um rápido crescimento no número de programas de
estimulação para bebês e crianças pequenas. O nível da aquisição de habilidades motoras é
variável desde o período pós-natal até o final da vida. Seja criança, adolescente ou adulto, quem
receber oportunidades adicionais para a prática, o encorajamento e a instrução em um ambiente
propício ao aprendizado terá a possibilidade de adquirir as habilidades motoras. A ausência
desses recursos ambientais (fatores de habilitação) inibirá a aquisição de habilidades motoras.
Além disso, o nível de aquisição variará, dependendo das exigências mecânicas e físicas de cada
tarefa. Se um bebê não tiver bastante apoio (recurso) em seu ambiente que possibilite a ele a
impulsão necessária para ficar em pé, terá que esperar até que tenha se desenvolvido
suficientemente o equlíbrio (fator de tarefa mecânico) e a força nas pernas (um fator físico da
tarefa), antes que seja capaz de colocar-se em posição ereta sem auxílio.
Na fase de movimentos fundamentais, meninos e meninas estão começando a
desenvolver um conjunto inteiro de habilidades motoras básicas - correr, pular, arremessar,
apanhar, chutar e driblar. Infelizmente, muitos educadores têm a noção de que as crianças, de
algum modo, "automaticamente" aprendem como desempenhar esses movimentos
fundamentais. Muitos, ingenuamente, pensam que as crianças, nessa fase, desenvolverão, pelo
processo de maturação, habilidades motoras fundamentais maduras. Isso simplesmente não é
verdade para a grande maioria das crianças. A maioria delas deve ter alguma combinação de
oportunidades para a prática, o encorajamento e a instrução em um ambiente ecologicamente
sadio. Essas condições são cruciais para ajudá-las em cada um dos estágios da fase de
movimentos fundamentais. Além disso, à medida que as exigências da tarefa de uma habilidade
motora fundamental mudam, também mudarão o processo e o produto. Por exemplo, as
exigências perceptivas de rebater bolas arremessadas são consideravelmente mais sofisticadas
do que as necessárias para bater em bolas estacionárias ou para desempenhar o padrão de
derrubar objetos sem fazer contato com outros. Os professores dos indivíduos na fase de
movimentos fundamentais devem aprender a reconhecer e a analisar as exigências das tarefas
das habilidades motoras, a fim de maximizar o êxito do aprendiz. Os professores que ignoram
esses deveres erguem barreiras de proficiência na fase de habilidades motoras especializadas.
Na fase de habilidades motoras especializadas, o desempenho bem-sucedido da
mecânica de habilidades motoras depende de movimentos fundamentais maduros. Após o
estágio transitório, progredimos para os estágios finais, nos quais as habilidades motoras
especializadas são aplicadas à vida diária, a experiências recreacionais e esportivas.
Em algum ponto, a ampulheta inverte-se. A época desse acontecimento é bastante
variável e depende mais de fatores sociais e culturais do que de fatores físicos e mecânicos. Para
a maioria dos indivíduos, a ampulheta inverte-se e a "areia" começa a escorrer no final da
adolescência e no início dos 20 anos. Esse é um período no qual muitos indivíduos ingressam no
mundo adulto do trabalho - pagamento de carro, hipotecas, responsabilidades familiares e outras
tarefas que consomem tempo. As restrições de tempo limitam a busca de novas habilidades
motoras e a conservação de habilidades dominadas na infância e na adolescência.
Há várias características interessantes na ampulheta invertida que precisamos considerar. A
areia cai por dois filtros diferentes. Um é o "filtro hereditário" com o qual podemos fazer muito
pouco. Por exemplo, um indivíduo pode ter herdado a predisposição para a longevidade ou para
'doença cardíaca das coronárias. O filtro hereditário vai ficar denso, fazendo com que a areia
filtre-se pela ampulheta lentamente ou fácil de penetrar, permitindo que a areia flua pela
ampulheta mais três pilares: o cognitivo, o afetivo e o motor A ampulheta é multidimensional;
existe interação entre as áreas cognitiva, afetiva e motora. Em outras palavras, o modelo da
ampulheta é mais do que um modelo motor. É um modelo de desenvolvimento motor que
influencia e é influenciado por grande variedade de fatores cognitivos e afetivos, operando tanto
no indivíduo quanto no ambiente.
Pode ser útil visualizar o modelo da ampulheta heurística à medida que se acompanham
as seções seguintes, que se referem ao desenvolvimento motor no período pós-natal, infância,
adolescência e na idade adulta. Lembre, todavia, que não é importante aceitar esse modelo como
ele é' proposto. Os modelos teóricos são somente isso - "modelos". Como tal são incompletos,
inexatos e sujeitos à verificação e a um refinamento maior o importante é visualizar como o
processo de desenvolvimento motor ocorre. A compreensão do desenvolvimento motor ajuda a
explicar como ocorre o aprendizado. Tudo isso é crucial para a criação de uma instrução
desenvolvimentista efetiva e apropriada.
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CLASSIFICAÇÕES DAS HABILIDADES

Nós todos somos produtos de estruturas genéticas especificas e da soma total das
experiências que temos desde a concepção. Sendo assim, a criança não é uma lousa em
branco, pronta a ser moldado segundo os nossos caprichos ou segundo um padrão
preestabelecido. As pesquisas atuais vêm tornando esse fato perfeitamente claro. Os
bebês são capazes de processar muito mais informações do que podemos suspeitar. Eles
pensam e usam os movimentos de forma objetiva, embora inicialmente imprecisa, a fim
de obter informações sobre seus ambientes. Cada criança é um individuo único, e nunca
dois indivíduos reagirão exatamente da mesma maneira. O ambiente hereditário e
empírico das crianças e as exigências especificas das tarefas motoras tem efeito
profundo no índice de obtenção das habilidades motoras rudimentares da primeira
infância.
Desde o nascimento, o bebê esta em constante luta para dominar o meio ambiente e
poder sobreviver nele. Nos primeiros estágios de desenvolvimento, a interação básica
do bebê com o ambiente ocorre pelos movimentos. O bebê deve começar a dominar três
categorias básicas de movimento para sobreviver e para interagir, de modo efetivo e
eficiente, com o mundo. Primeiramente, deve estabelecer e manter certa relação do
corpo com a força da gravidade, a fim de atingir uma postura sentada ereta e uma
postura em pé ereta (estabilidade). Em segundo lugar, a criança deve desenvolver
habilidades básicas a fim de movimentar-se pelo ambiente (locomoção). Em terceiro
lugar, o bebê deve desenvolver as habilidades rudimentares de alcançar, segurar e soltar
para fazer contatos significativos com os objetos (manipulação).

ESTABILIDADE

O bebê esta em constante luta contra a força da gravidade para atingir e manter uma
postura ereta. Estabelecer controle sobre a musculatura em oposição à gravidade é um
processo que obedece a uma seqüência previsível em todos os bebês. Os eventos que
levam a uma postura em pé ereta começam com a obtenção de controle sobre a cabeça e
o pescoço e continuam para baixo em direção ao tronco e as pernas. A operação do
principio céfalo-caudal de desenvolvimento é geralmente aparente no progresso
seqüencial do bebê, a partir da posição deitada para uma postura sentada e, finalmente,
para uma postura em pé ereta. A seqüência do desenvolvimento motor infantil é
imprevisível, mas o ritmo é variável, fornece um sumário da seqüência de
desenvolvimento e a idade aproximada do aparecimento de habilidades estabilizadoras
rudimentares selecionadas.

CONTROLE DA CABEÇA E DO PESCOÇO

Ao nascer, o bebê tem só controle da cabeça e dos músculos do pescoço. Se o bebê for
mantido na posição reta pelo tronco, a cabeça cairá para frente. No final do primeiro
mês, o bebê ganha controle sobre esses músculos e é capaz de manter a cabeça ereta,
quando apoiada na base do pescoço.

CONTROLE DO TRONCO

Depois de os bebês obterem o domínio da cabeça e dos músculos do pescoço, eles


começam a ganhar controle dos músculos das regiões torácica lombar do tronco. O
desenvolvimento do controle do tronco inicia-se por volta do segundo mês e pode ser
observado quando você segura o bebê pela cintura, acima do solo, e presencia
habilidade dele em fazer ajustes posturais necessários para posição ereta.

SENTAR-SE

Sentar-se sozinho é uma realização que requer o controle completo do tronco. O bebê de
4 meses é geralmente capaz de sentar-se com apoio na região lombar. Ele tem controle
sobre a parte superior do tronco, mas não sobre a parte inferior. Os primeiros esforços
de sentar-se sozinho caracterizam-se por certa inclinação exagerada para a frente, a fim
de obter acréscimo de apoio para região lombar. Aos poucos, a habilidade de sentar-se
ereto com limitada quantidade de apoio desenvolve-se. No sétimo mês, o bebê, em
geral, é capaz de sentar-se sozinho, completamente sem apoio.

FICAR EM PÉ
A obtenção da postura ereta, em pé, representa um marco desenvolvimentista na busca
do bebê pela estabilidade. É indicação de que o controle sobre a musculatura já foi
obtido até o ponto em que a força da gravidade não pode mais fixar exigências de
restrições sobre o movimento. O bebê agora esta a ponto de conseguir a locomoção
ereta (caminhar), façanha celebrada pelos pais e pediatras como a tarefa mais
espetacular de desenvolvimento motor do bebê.
As primeiras tentativas voluntárias de ficar em pé ocorrem por volta do quinto mês.
Quando é seguro pelas axilas e colocado em contato com determinada superfície de
apoio, o bebê, voluntariamente, vai estender o quadril, endireitar e enrijecer os músculos
das pernas e manter a posição ereta com apoio externo considerável. Por volta do nono
ou décimo mês, o bebê é capaz de ficar em pé, parado em móveis e de se apoiar nestes
por considerável período de tempo. O bebê, gradualmente, começa a apoiar-se menos
no objeto que lhe fornece suporte e pode, freqüentemente, ser visto testando o
equilíbrio, sem apoio, por breve instante. Entre o 10° e o 12° mês. O bebê já consegue
impulsionar-se para ficar em pé, primeiro de joelhos e, depois, com a impulsão das
pernas, enquanto os braços estendidos para cima puxam para baixo. Ficar em pé sozinho
por períodos extensos de tempo, em geral, ocorre ao mesmo tempo em que andar
sozinho e não aparece separadamente na maioria do bebês. O aparecimento da postura
em pé, ereta, normalmente acontece em algum momento entre 11º e 13° mês. Nesse
ponto, o bebê já obteve considerável controle sobre a musculatura e pode realizar a
difícil tarefa de erguer-se, a partir da posição deitada para a posição ereta,
completamente sem auxilio.

LOCOMOÇÃO

O movimento do bebê através do espaço depende do aparecimento de habilidade para


lidar com a força da gravidade. A locomoção não se desenvolve independentemente da
estabilidade, ao contrario, apóia-se muito nela. O bebê não será capaz de movimentar-se
livremente até que as tarefas desenvolvimentistas rudimentares de estabilidade sejam
dominadas. A seguir, estão as discussões das formas mais freqüentes de locomoção
assumidas pelo bebê, enquanto aprende como lidar com a força da gravidade.

ARRASTAR-SE

Os movimentos de arrastar-se do bebê são as primeiras tentativas de locomoção


objetiva. O ato de arrastar-se evolui à medida que bebê ganha controle dos músculos da
cabeça, pescoço e tronco. Em posição de pronação e usando um padrão homolateral, o
bebê pode procurar alcançar um objeto à sua frente, erguendo cabeça e peito acima do
solo. Ao voltar essas partes do corpo para baixo, os braços estendidos para fora
impulsionam as costas em direção aos pés.O resultado desse esforço combinado é um
leve movimento escorregadio para frente. As pernas não são usualmente usadas nessas
precoce tentativas de arrastar-se.

ENGATINHAR

O ato de engatinhar evolui do ato de arrastar-se e, freqüentemente, desenvolve-se para


uma forma altamente eficiente de locomoção do bebê. Engatinhar difere de arrastar-se,
pois nesse ato, pernas e braços são empregados em oposição entre si. As primeiras
tentativas de engatinhar do bebê caracterizam-se por movimentos determinados de um
membro de cada vez. Conforme a habilidade do bebê aumenta, os movimentos tornam-
se sincronizados e mais rápidos. Os bebês que engatinham de modo mais eficiente
valem-se de um padrão contralateral (braço direito e perna esquerda). Existem algumas
evidencias que surgem que os bebês que pularam a fase de arrastar-se e passaram
diretamente para o ato de engatinhar forma menos eficientes nos movimento de
engatinhar do que aqueles que experimentaram arrastar-se inicialmente.

POSTURA ERETA

A obtenção da locomoção ereta ou caminhada depende da estabilidade do bebê. Este


deve, primeiro, ser capaz de controlar o corpo em pé, antes de dominar as mudanças
posturais dinâmicas necessárias para a locomoção ereta . As primeiras tentativas do
bebê de andar de forma independente, em geral, ocorrem em algum ponto entre o 10° e
o 15° mês e caracterizam-se por larga base de apoio, pés virados para fora e joelhos
levemente flexionados. Esses primeiros movimentos de caminhada não são
sincronizados e fluidos. Eles são irregulares, hesitantes e não são acompanhados por
movimentos recíprocos dos braços. Enquanto a maturação do sistema nervoso central é
extremamente importante para o advento da caminhada, outros fatores de orientação
individual, como as qualidades elásticas dos músculos, as propriedades anatômicas dos
ossos e articulações, e as energias empregadas para mover os membros servem como
um sistema interativo critico. Fatores ambientais adicionais, como encorajamento e
assistência dos pais e disponibilidade de moveis à sua volta que sirvam como apoio para
as mãos, contribuem com o aparecimentos do ato de caminhar independente na criança.

MANIPULAÇÃO

Da mesma forma que a estabilidade e a locomoção, as habilidades manipulativas do


bebê evoluem ao longo de uma série de estágios. Nesta seção, porém, apenas os
aspectos mais básicos da manipulação - alcançar, segurar e soltar - vão ser
considerados. Outro ponto comum entre a dupla estabilidade/locomoção e as
habilidades manipuladas do bebê é que estas também podem desenvolver-se antes do
tempo, embora sejam fortemente influenciadas pela maturação. A criança apta do ponto
de vista da maturação vai beneficiar-se das primeiras oportunidades para práticar e
aperfeiçoar as habilidades manipulativas rudimentares.
Seguem-se as três fases gerais com as quais bebê envolve-se na aquisição das
habilidades manipulativas rudimentares.

ALCAÇAR

Nos primeiros quatro meses, o bebê não faz movimentos direcionados para alcançar
objetos, embora possa observá-los atentamente e fazer movimentos de envolvimento
globular na direção geral do objeto. Por volta do quarto mês, ele começa a fazer
movimentos manuais e visuais refinados necessários para o contato com o objeto.
Freqüentemente, o bebê pode ser observado olhando alternadamente um objeto e sua
mão. Os movimentos são lentos e desajeitados, envolvendo basicamente o ombro e o
cotovelo. Depois o pulso e ao tornam-se mais diretamente envolvidos. No final do
quinto mês, a pontaria da criança está quase perfeita e, agora, ela é capaz de alcançar e
fazer contato tátil com objetos do ambiente. Essa realização é necessária antes que a
criança possa realmente pegar o objeto e segurá-lo na mão.

SEGURAR
O recém-nascido vai segurar um objeto quando este for colocado na palma de sua mão.
Essa ação, entretanto, é totalmente reflexa até o quarto mês. O ato de segurar
voluntariamente, porém, não será assimilado enquanto o mecanismo sensório-motor não
se desenvolver até o ponto em que o alcance eficiente e o contato significativo possam
ocorrer. Halverson (1937) identificou vários estágios no desenvolvimento da preensão.
No primeiro estágio, um bebê de 4 meses não realiza nenhum esforço real voluntário
para contato tátil com um objeto. No segundo estágio, o bebê e 5 meses é capaz alcançar
e fazer contato com o objeto. Ele segura o objeto com a mão inteira, mas não
firmemente. No terceiro estágio, os movimentos da criança são gradualmente refinados
de modo que, por volta do sétimo mês, a palma e os dedos estejam coordenados. A
criança ainda é incapaz de usar efetivamente os dedos e o polegar. No quarto estágio,por
volta dos 9 meses de idade, a criança inicia o uso do dedo indicador no ato de segura.
Aos 10 meses de idade, o ato de alcançar e o ato de segurar estão coordenados em um
movimento contínuo. No quinto estágio, o uso eficiente do polegar e do dedo indicador
entra em cena por volta do 12 meses. No sexto estágio, quando a criança tem 14 meses
de idade, as habilidades de preensão são muito similares às dos adultos. Fatores
ambientais que parecem influenciar a qualidade de movimento de segurar incluem o
tamanho, peso, a textura e forma do objeto que está sendo segurado.

SOLTAR

O frenético balançar de um chocalho é a visão mais familiar quando se observa um bebê


de 6 meses brincando. Trata-se de uma atividade de aprendizagem geralmente
acompanhada por sorrisos, balbucios e diversão. Muitos mais tarde, todavia, o mesmo
bebê pode ser observado balançando o chocalho com frustação e raiva aparente. A razão
dessa abrupta mudança de humor pode vincular-se ao fato de que, aos 6 meses de idade,
o bebê ainda não dominou a arte de soltar os objetos que segura nas mãos. A criança já
consegui alcançar e segura a alça coalho, mas ainda não tem maturidade para comandar
os músculos flexores dos dedos a fim de relaxar a pressão deles sobre o objeto.
Aprender a encher de pedras um frasco, construir torres com blocos, arremessar bolas e
virar as paginas de um livro são, aparentemente, exemplos simples de tentativas que a
criança pequena faz para aprender a soltar. Comparadas às tentativas anteriores de
alcançar e de segurar, essas ações são, de fato, avanços notáveis. Mais ou menos aos 14
meses de idade, a criança já dominou os elementos rudimentares do ato de soltar os
objetos da mão; aos 18 meses, possui controles bem coordenados de todos os aspectos
de alcançar, segurar e soltar.
À medida que o bebê domina as habilidades rudimentares de alcançar, segurar e soltar,
as razões para manuseio de objetos são revistas. Em vez de simplesmente tocar os
objetos, senti-los ou colocá-los na boca, a criança, agora, envolve-se no processo de
manipulação dos objetos para aprender mais sobre o mundo em que vive. A
manipulação é direcionada por percepções apropriadas a fim de atingir objetivos
significativos.
O desenvolvimento das habilidades motoras locomotoras, estabilizadoras e
manipulativas dos bebês é influenciado tanto pela maturação quanto pelo aprendizado.
Da inter-relação dessas duas facetas, o bebê produz e refina habilidades motoras
rudimentares, que são estágios necessários para o desenvolvimento de padrões motores
fundamentais e de habilidades motoras especializadas

OS NIVEIS DE HABILIDADES
RUDIMENTAR OU FUNDAMENTAL, ESPECIALIZADO

Movimentos Rudimentar ou Fundamental

Esta fase do desenvolvimento motor representa um período no qual as crianças


pequenas estão ativamente envolvidas na exploração e na experimentação das
capacidades motoras de seus corpos. Um período para descobrir como desempenhar
uma variedade de movimentos estabilizadores locomotores e manipulativos, primeiro
isoladamente e, então, de modo combinado.
Temos três estágios para identificar e avaliar os movimentos rudimentares ou
fundamentais.
ESTÁGIO INICIAL - O movimento é caracterizado por elementos que faltam ou que
são de forma imprópria marcantemente seqüenciados e restritos, pelo uso exagerado do
corpo e por ritmo e coordenação deficiente. Idade 2 anos.
ESTÁGIO ELEMENTAR - Envolve maior controle e melhor coordenação rítmica dos
movimentos fundamentais. Aprimora-se a sincronização dos elementos temporais e
espaciais do movimento porém os movimentos nesse estagio são ainda geralmente
restritos ou exagerados. Idade 3 ou 4 anos.
ESTÁGIO MADURO - É caracterizado por desempenhos mecanicamente eficientes,
coordenados e controlados, devem atingir o estagio maduro as 5 ou 6 anos de idade.

MOVIMENTOS ESPECIALIZADOS

A fase especializada do desenvolvimento motor é resultado da fase de movimentos


fundamentais. O movimento torna-se uma ferramenta que se aplica a muitas atividades
complexas presente na vida diária, na recreação e nos objetivos em que as habilidades
estabilizadoras, locomotoras, e manipulativas, são mais refinadas, combinadas e
elaboradas para o uso em situações crescentemente exigentes.
Temos três estágios para identificar a avaliar os movimentos especializados.
ESTAGIO TRANSITÓRIO - O individuo começa a combinar e aplicar habilidades
motoras fundamentais ao desempenho de habilidades especializadas no esporte e em
ambiente recreacionais. As habilidades motoras transitórias contém os mesmos
elementos que os elementos fundamentais mas com forma, precisão e controle maiores.
O estágio transitório é um período agitado para os pais e para os professores, bem como
para as crianças. O objetivo dos pais, professores e de treinadores, nesse estágio, deve
ser o de ajudar as crianças a aumentar, tanto o controle motor quanto a competência
motora em inúmeras atividades. Um enfoque restrito das habilidades provavelmente
provocará efeitos indesejáveis nos últimos dois estágios. Idade 07 ou 08 anos.
ESTÁGIO APLICAÇÃO - Mudanças interessantes acontecem no desenvolvimento das
habilidades do individuo. A sofisticação cognitiva crescente e certa base de experiência
tornam o individuo capaz de tomar numerosas decisões de aprendizado e de
participação baseadas em fatores da tarefa individuais e ambientais. Por exemplo
criança que gosta de atividades em equipes e de aplicar estratégicas e jogos com
coordenação e boa agilidade , podem escolher especializar-se em jogos como futebol,
voleibol,basquetebol. Uma criança que não aprecia esforços de equipe, pode optar por
especializar-se em atividades competitivas individuais. Ex; atletismo, natação, ciclismo.
Essas decisões fundamentam-se no modo pelo qual a criança percebe até que ponto os
fatores inerentes à tarefa, a ela mesma e ao ambiente aumentam ou inibem a
probabilidade de obter satisfação e sucesso. Idade 11 a 13 anos.
ESTÁGIO UTILIZAÇÃO PERMANENTE - Esse estágio começa por volta dos 14 anos
de idade e continua por toda a vida adulta. Representa o auge do processo de
desenvolvimento motor e é caracterizado pelo uso do repertório de movimentos
adquiridos pelo individuo por toda a vida. Em essência, o estágio de utilização
permanente representa o cume de todos os estágios e fases precedentes. Devem-se levar
em consideração fatores como; tempo, dinheiro, equipamentos, instalações e limitações
físicas e mentais. Outros pontos podém também interferir como talento, oportunidades e
motivação pessoal que engloba status profissional e olímpico e simples atividades da
vida.

DESEMPENHO MOTOR EM ADULTO E EM IDOSOS

POR QUE ENVELHECEMOS?

Muitas teorias procuram fornecer a resposta à questão do envelhecimento:”Por que


envelhecemos?”. Muitos teóricos anteriormente sugeriam que o corpo humano
simplesmente se desgasta através dos problemas da vida diária. Eles compararam o
corpo humano a uma máquina que falha e desgasta suas partes com o uso (e, às vezes,
abuso) continuo. O desempenho da máquina se deteriora e ela eventualmente pára de
funcionar. Esta analogia sugere que a deterioração seja um processo continuo. Embora
este possa ser o caso de algumas características humanas, ele não é representativo do
processo total de envelhecimento. Bem ao contrário, numerosas pesquisas têm
demonstrado que o uso do corpo humano (isto é, através do exercício e da atividade)
pode desacelerar, fazer cessar ou, em alguns casos, reverter aspectos da deterioração
relacionados à idade.

ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS NO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO


ADULTO

O esqueleto humano é multifacetado em sua função. Ele protege os órgãos internos e da


forma ao corpo, atua como alavancas a partir das quais os músculos se prendem, fornece
uma área de reserva para o cálcio e desenvolve células sanguíneas na medula. Músculos
esqueléticos acionados pelo sistema nervoso central movimentam a maioria dos ossos
do corpo. Além disso, os músculos, tendões e ligamentos fornecem estabilidade às
articulações em todo o corpo.

ESQUELETO

Varias alterações dentro da estrutura esqueléticas aparecem à medida que a pessoa


envelhece. Muitos indivíduos experimentam um encurtamento na estatura. Este
“encolhimento” pode ser atribuído a uma ou mais causas. Os discos vertebrais de
adultos mais velhos freqüentemente perdem uma porção do conteúdo de água, que é
importante para absorção de choques, e os discos tornam-se mais fibrosos. Isso,
juntamente com alteração da densidade mineral óssea nas vértebras, resulta em
compressão dos discos. Outros fatores que contribuem para perda de altura relacionada
à idade incluem o mau alinhamento da coluna e a má postura.
A doença osteoporose pode contribuir para a redução da altura em adultos mais velhos,
porém suas outras conseqüências podem ser muito mais devastadoras. A osteoporose é
caracterizada por uma redução da densidade mineral óssea grave o suficiente para
aumentar a vulnerabilidade e a fratura dos ossos.
MUSCULOS E ARTICULAÇÕES

A força é essencial para o desempenho de habilidades motoras, sejam elas relacionadas


ao desempenho atlético de alto nível ou à vida diária funcional. Com a idade, a estrutura
e a função dos músculos esqueléticos alteram-se. Estruturalmente, a massa muscular
diminui à medida que o número e o tamanho das fibras musculares declinam durante o
final da meia-idade e nos anos posteriores da idade adulta. Funcionalmente, uma
diminuição na força muscular parece ocorrer simultaneamente a essa perda no tecido
muscular. O padrão geral da idade adulta para força muscular é representado por um
pico Máximo de força por volta dos 25 a 30 anos de idade, uma estabilização até
aproximadamente os 50 anos e um declínio gradual até aproximadamente 70 anos de
idade, seguido por um declínio de força muito maior nos anos que se sucedem.
Embora a perda de massa muscular, ou atrofia muscular, pareça ocorrer com a idade, a
atrofia muscular também ocorre como resultado da inatividade. A atrofia induzida por
inatividade pode ocorrer em qualquer idade e não é simplesmente uma função do
envelhecimento. Existem provas substanciais de que adultos que mantêm estilos de vida
fisicamente ativos experimentam declínio muito menores na força muscular de adultos
não ativos.
As articulações e os tecidos conectivos parecem passar por alterações relacionadas à
idade. As articulações tornam-se menos flexíveis. Em termos gerais, o pico máximo de
flexibilidade de articulações para adultos jovens ocorre entre 20 e 30 anos idade, e
gradualmente declina depois disso. Grande parte da redução de flexibilidade pode ser
atribuída à perda de água no tecido conectivo, resultando em maior rigidez de
ligamentos e tendões. Existe também uma perda no conteúdo de água do tecido
cartilaginoso relacionada á idade. Uma perda de flexibilidade, e em alguns casos uma
perda de estabilidade de articulações, pode ser de conseqüências significativas para o
adulto idoso em termos de desempenho de suas tarefas funcionais. Etilos de vida
fisicamente ativos e exercícios de alongamento parecem retardar a perda de
flexibilidade nas articulações relacionada à idade.
À medida que o corpo humano adulto envelhece, o coração e os vasos sanguíneos
tendem a sofrer alterações que afetam suas funções. As artérias servem como passagens
básicas, pelas quais o sangue oxigenado é bombeado para os vários órgãos e tecidos do
corpo inteiro. As paredes arteriais contraem-se para manter o sangue em movimento.
Durante os anos adultos, as paredes arteriais tornam-se elástica e mais rígidas,
representando uma condição conhecida como arteriosclerose.
Um aumento na calcificação e o surgimento de tecido conectivo colágeno nas artérias
causam a arteriosclerose, que ocorre como resultado de envelhecimento, e não como
resultado de doença.

DESEMPENHO MOTOR EM ADULTOS

Quando vemos um adulto arremessar um frisbee, digitar uma carta, recuperar uma bola
em um jogo de basquete, caminhar com o auxilio de um andador ou sair para correr no
parque, estamos observando um desempenho motor. As tarefas motoras de adultos
variam de atividades diárias a habilidades especializadas. Algumas tarefas exigem ao
nível de precisão; outras, alto grau de velocidade e de precisão.
A proporção que avançamos em idade, observamos inúmeras alterações no desempenho
de varias tarefas motoras. A maior parte dessas alterações envolve declínio na
realização bem-sucedida da tarefa. Essas alterações prejudiciais ao desempenho motor
podem resultar da degeneração do sistema fisiológico relacionada à idade, de fatores
psicológicos associados à idade, do ambiente mutável, de exigências da tarefa ou de
algum tipo de combinação dessas quatro variáveis.
O processo de envelhecimento resulta e muitas alterações fisiológicas. Algumas dessas
alterações podem ter pouco ou nenhum impacto sobre o comportamento real de um
adulto em fase de envelhecimento. Certas exigências de tarefa podem não sobrecarregar
demasiadamente os sistemas fisiológicos que tenham se deteriorado, ou exigências
feitas a um sistema em declínio podem ser acomodadas por um ou mais dos sistemas
fisiológicos saudáveis.
O ambiente no qual a tarefa motora é desempenhada pode influenciar o êxito do
desempenho. A quantidade de luz que ilumina um aposento, a estabilidade de piso e a
temperatura do ar no ambiente representam exemplos de condições ambientais que
poderiam afetar o desempenho. Certas circunstancias ambientais podem ser prejudiciais
à execução de um movimento particular, seja o individuo criança, adulto jovem ou
idoso. Outras condições ambientais podem inibir o desempenho somente quando elas
interagem com um sistema ou sistemas fisiológicos em declínio. Um adulto mais velho,
por exemplo, em um aposento “mal iluminado”, pode não ser capaz de apanhar uma
bola arremessada. Embora sua inabilidade em apanhar a bola possa representar declínio
associado à idade na habilidade de apanhar, também pode ser o resultado de um baixo
nível de iluminação interagindo com alterações associadas à idade na estrutura e na
função dos olhos. O aumento do nível de iluminação no aposento poderia tornar
possível ao individuo apanhar uma bola arremessada com pouca ou nenhuma
dificuldade.
As exigências que definem como a tarefa deve ser desempenhada podem interagir com
certas características relacionadas à idade para reduzir o nível de eficiência ou de
sucesso do desempenho. Um adulto mais velho pode ter problemas ao desempenhar
uma tarefa que requeira tanto velocidade como precisão, porém ele pode não ter
nenhuma dificuldade caso a mesma tarefa exija apenas precisão. Alterações no sistema
músculo-esquelético e no sistema nervoso central podem afetar a velocidade com que se
realiza certa tarefa, mas não necessariamente sua conclusão precisa.
Embora os motivos de alterações no desempenho motores relacionados à idade sejam
variados, algumas alterações comportamentais são consistentemente observadas. Essas
alterações incluem tempos de reação decrescentes, manutenção de equilíbrio e controle
postural diminuída e alterações nos padrões de caminhada.

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