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CRESCIMENTO E

DESENVOLVIMENTO HUMANO
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO
HUMANO

Welliton Stênio

Licenciado em Educação física

CREF: 003302 - G / MA

Esp. Treinamento Esportivo


INTRODUÇÃO

Como seres vivos, encontramo-nos em constante mudança. Nascemos,


crescemos, desenvolvemos-nos e envelhecemos. Transformações
fisiológicas, metabólicas, químicas, orgânicas e fisionômicas fazem parte da
vida do ser humano. Podemos afirmar que somos formados pelo conjunto de
células microscópicas que se unem, conectam-se, multiplicam-se, morrem,
reconstituem-se e transformam-se na grandiosidade do corpo humano
(PORTO; SIERRA, 2018).
O que é crescimento

Os termos crescimento e desenvolvimento são usados com frequência como


sinônimos, mas há uma diferença de ênfase. No seu sentido mais puro, o
crescimento físico refere-se ao aumento do tamanho do corpo do indivíduo ou de
suas partes durante a maturação. Em outras palavras, crescimento físico é o
aumento na estrutura do corpo provocado pela multiplicação ou aumento das
células. No entanto, o termo crescimento muitas vezes é usado para se referir à
totalidade das mudanças físicas, e, assim, toma-se mais inclusivo, assumindo o
mesmo sentido de desenvolvimento (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013).
Crescimento, maturação e desenvolvimento são termos que com frequência
aparecem juntos, mas podem ser erroneamente vistos como sinônimos. É
importante ter em mente que cada termo tem um significado próprio e se
refere a atividades biológicas específicas (MALINA; BOUCHARD, 2002).
O crescimento humano está associado a aspectos biológicos quantitativos.
Ele é o aumento dimensional do corpo como um todo ou de partes
específicas, que se deve a três processos celulares específicos (RÉ, 2011;
MALINA; BOUCHARD, 2002; TANI et al., 1988):
a) Hiperplasia: aumento no número de células em função da divisão
celular.
b) Hipertrofia: aumento do tamanho da célula em função do aumento das
unidades funcionais intracelulares.
c) Agregação: aumento na capacidade das substâncias intercelulares em
agregar as células.
O crescimento é um fenômeno complexo, resultado da soma de processos celulares,
bioquímicos, biofísicos e morfogenéticos. Todos nós nascemos com um potencial
genético de crescimento que pode ou não ser atingido, dependendo das vivências
que somos expostos desde a concepção até a idade adulta (AMARAL, 2007).

Com isso, afirma-se que o processo de crescimento é determinado por fatores


intrínsecos, referentes aos sistemas corporais (fatores genéticos e endócrinos), e
também passível de modificações por fatores extrínsecos, referentes ao ambiente de
nosso entorno (nutrição, condições socioeconômicas, geofísicas, climáticas, qualidade
de vida, condição familiar, entre outros exemplos) (MALINA; BOUCHARD, 2002;
MARCONDES, 1970; NAHAS et al., 1992).
E o que é desenvolvimento

O desenvolvimento é um processo contínuo que começa na concepção e cessa com a


morte. Ele envolve todos os aspectos do comportamento humano e, em conseqüência,
só pode ser separado em"domínios","estágios"ou"faixas etárias" de forma artificial. É
importante ter em mente a noção do conceito de desenvolvimento "ao longo da vida".
Assim como é importante o estudo do atleta talentoso durante a adolescência e a idade
adulta, também é importante o estudo do movimento do bebê, da criança e do idoso.
Muito podemos ganhar ao estudarmos o desenvolvimento motor em todas as idades,
considerando-o como um processo que ocorre ao longo da vida (GALLAHUE;

OZMUN; GOODWAY, 2013).


Modificações que o ser humano sofre ao longo de sua existência;
transformações funcionais que ocorrem nas células e também nos
diferentes sistemas do organismo. É o produto do crescimento, da
maturação, da hereditariedade e da educação/aprendizagem. É a
capacidade para desempenhar atividades e funções em grau
crescente de complexidade e eficiência, e com o acompanhamento
relativo e equilibrado do crescimento das estruturas corporais e
biológicas.
Portanto, o desenvolvimento humano precisa ser
compreendido como um sistema global, uno,
considerando as inter-relações entre o biológico, o
social, o fisiológico e o cultural. Por meio do estudo
dessas inter-relações, a educação possui melhores
condições de compreender o processo educacional
dos indivíduos.
O que é Maturação

A compreensão deste termo é importante para o estudo do


crescimento e desenvolvimento humano, o desenvolvimento integral
do ser humano acontece por meio da somatória de efeitos dos
processos de crescimento, maturação biológica e experiências
vividas (relação com o ambiente).
Segundo Gallahue e Ozmun (2005, p. 15), maturação biológica "refere-se a
alterações qualitativas que capacitam o indivíduo a progredir para níveis mais
altos de funcionamento". É um progresso em direção ao estado biológico
maduro regulado por um "relógio biológico" inato ao organismo humano
(BAXTER-JONES; EISENMANN; SHERAR, 2005; GALLAHUE; OZMUN,
2005; MALINA; BOUCHARD, 2002; MALINA et. al, 2009).
De acordo com Malina e Bouchard (2002), o tempo no qual acontece
esse progresso maturacional (tempo biológico) varia de indivíduo para
indivíduo, portanto não acompanha o tempo cronológico. Para a
mesma idade, crianças podem se encontrar em diferentes estágios de
amadurecimento, pois cada indivíduo possui um "relógio biológico"
próprio.
Compreendendo o desenvolvimento
motor

Desenvolvimento motor é definido como a sequência de alterações do comportamento


motor ao longo de nossa vida. É o processo contínuo de modificação pelo qual
adquirimos padrões de movimento e habilidades motoras que definirão o
comportamento motor nas diversas fases da vida. Essas alterações são
proporcionadas pela interação de determinados fatores: componente biológico do
indivíduo, incluindo maturação, crescimento e genética; necessidade da tarefa; e
condições do ambiente (GALLAHUE et al., 2013; MALINA; BOUCHARD; BAR-OR,
2009; GALLAHUE; OZMUN, 2005; HAYWOOD; GETCHELL, 2016).
A National Association for Sports and Physical Education, por meio da Força de
Desenvolvimento Motor (Motor Development Task Force), declarou como princípios do
desenvolvimento motor: qualitativo, multifatorial, cumulativo, sequencial, direcional e
individual. Os princípios entendem que o desenvolvimento motor segue uma sequência
lógica de evolução (sequencial) com um objetivo final (direcional), em que os movimentos
tornam-se mais eficientes (qualitativo) e os novos comportamentos motores são
adicionais aos preexistentes (cumulativo), sendo que este processo é individual, variando
de pessoa para pessoa, recebendo a influência de fatores biológicos, emocionais e
ambientais (multifatorial) (NASPE, 1995).
Modelo bidimensional foi proposto por Gallahue (1982), Gallahue et
al. (1972; 1975) e Gallahue e Ozmun (2005). Em sua proposta, os
autores enfatizam o produto do desenvolvimento motor levando em
consideração: a função da tarefa nas três categorias unidimensionais
de movimento – estabilidade, locomoção e manipulação; e as fases
de desenvolvimento proposto por seu modelo teórico – fase motora
reflexa, rudimentar, fundamental e especializada.
Fase motora reflexa

A fase motora reflexa é o estágio inicial do desenvolvimento motor, no qual


os movimentos são reflexos involuntários e controlados subcorticalmente.
Tais movimentos não são aprendidos, são as primeiras manifestações de
movimentação humana e são reações originadas por alterações na pressão,
visão, sons ou por estímulos táteis. vídeo

a) Estágio de codificação de informações - É o estágio em que os centros


cerebrais inferiores provocam reações involuntárias a variados estímulos,
que servem como recurso de coletar informações, buscar nutrição e
proteção por meio dos movimentos reflexos. Essas informações são
coletadas e armazenadas no córtex cerebral em desenvolvimento.
b) Estágio de decodificação - (processamento) de informação No estágio de
codificação, as reações apareciam como resposta a estímulos sensoriais, ou
seja, a atividade era sensório-motora, agora, no estágio de decodificação, a
resposta aparece pelo processamento dos estímulos sensoriais associados às
informações armazenadas, que definem a atividade perceptivo-motora. Essa
capacidade de processamento de informações direciona para a próxima fase,
na qual, com o desenvolvimento dos centros cerebrais secundários, as reações
provocadas pelos centros inferiores são gradualmente substituídas pela
atividade dos movimentos voluntários controlados pela área motora do córtex
cerebral.
Fase motora rudimentar
Essa fase é caracterizada pelo aparecimento de movimentos
voluntários básicos necessários para a sobrevivência, chamados de
rudimentares.
a) Estágio de inibição de reflexos - O desenvolvimento do córtex cerebral somado às
mudanças de determinadas restrições do ambiente resulta na inibição gradual dos
movimentos reflexos, os quais são substituídos por movimentos voluntários. Os
movimentos dessa fase são descontrolados e grosseiros, pois, apesar de serem
voluntários, o sistema neuromuscular ainda não está desenvolvido o bastante para
refinar o movimento e determinar precisão e controle, ainda se encontra em um estado
rudimentar de desenvolvimento.
b) Estágio de pré-controle - Essa fase é marcada pelo refinamento e
pela rápida aquisição de novas habilidades de movimentos
rudimentares. O desenvolvimento cognitivo, sensorial, neuromotor e
perceptivo do ser humano acompanha e encoraja o nível de precisão e
controle dos movimentos rudimentares.
Fase do movimento fundamental
As habilidades do movimento fundamental no início da infância são fruto da fase do
movimento rudimentar do bebê. Essa fase do desenvolvimento motor representa um
tempo em que as crianças mais novas estão ativamente envolvidas na exploração e
experimentação do potencial de movimento de seus corpos. É um tempo de descoberta
do modo de executar uma série de movimentos de estabilidade, locomoção e
manipulação, primeiramente isolados e depois em combinação com outros.
Estágio inicial de 2 a 3 anos - O estágio inicial da fase do movimento
fundamental representa as primeiras tentativas infantis orientadas para o
objetivo de executar uma habilidade fundamental. O movimento é caracterizado
pela ausência de determinadas partes ou por uma seqüência inapropriada, pelo
uso acentuadamente restrito ou exagerado do corpo e por uma má coordenação
e fluxo rítmico.

Estágio elementar emergente de 4 a 5 anos- O estágio elementar emergente, envolve a


aquisição de maior controle motor e coordenação rítmica das habilidades do movimento
fundamental. A sincronização dos elementos temporais e espaciais do movimento
melhora, mas os padrões do movimento durante esses estágios ainda são em geral
restritos ou exagerados, apesar de melhor coordenados.
Estágio proficiente de 6 a 7 anos - O estágio proficiente, na fase do movimento
fundamental, caracteriza se por performances mecanicamente eficientes,
coordenadas e controladas. As habilidades do movimento fundamental proficiente
são maduras nesses três aspectos do processo. No entanto, com oportunidades
contínuas de prática, estímulo e instrução, elas melhoram cada vez mais em termos
dos componentes do produto - distância, rapidez, quantidade e precisão.

Fase motora especializada - Essa fase é o resultado da fase anterior, pois a partir da
maturidade dos movimentos eles se tornam uma ferramenta que, conscientemente,
aplicaremos em atividades motoras de maior complexidade, em distintos contextos de
nossas vidas. É um período em que as habilidades de movimento são progressivamente
refinadas, combinadas e pensadas para serem aplicadas em situações de crescente
exigência e múltiplos contextos.
Estágio de transição de 7 a 10 anos - Durante este estágio, explora-se a
combinação e a aplicação de habilidades fundamentais em formas
mais específicas e complexas, por exemplo, brincadeiras, jogos e
situações de vida diária. Essas habilidades, nesse estágio, apresentam-
se com forma, precisão e controle mais refinados do que no estágio
anterior.
Estágio de aplicação de 11 a 13 anos - A característica desta fase é a capacidade do
indivíduo de tomar decisões de aprendizado e participação em atividades motoras
fundamentadas em fatores da tarefa, individuais e ambientais. A crescente sofisticação
cognitiva, associada a uma ampliada base de experiências, faz o indivíduo ser capaz de
perceber como os fatores inerentes à tarefa, a si mesmo e ao ambiente aumentam ou
inibem a probabilidade de sucesso e satisfação.
Estágio de utilização ao longo da vida - O estágio de utilização
ao longo da vida da fase especializada do desenvolvimento
motor começa em torno dos 14 anos e continua por toda a
vida adulta. Esse estágio representa o ápice do processo do
desenvolvimento motor e é caracterizado pelo uso do
repertório de movimento adquirido pelo indivíduo ao longo da
vida. Os interesses, as competências e as escolhas do estágio
anterior são transferidos para esse estágio, são refinados ainda
mais e aplicados a atividades cotidianas, à recreação e ao
esporte durante toda a vida.
Desenvolvimento motor na idade adulta

Durante a idade adulta, o corpo humano começa a apresentar alterações


físicas e fisiológicas que representam o início do processo de
envelhecimento. Essas alterações podem influenciar o desempenho motor
e afetar o comportamento. "Da mesma forma, à medida que prosseguimos
através do ciclo da vida, modificações em nossas habilidades afetivas e
cognitivas alteram a maneira como reagimos ao nosso ambiente."
(GALLAHUE; OZMUN, 2005, p. 429)
As características individuais, sejam elas cognitivas, afetivas, físicas
ou psicomotoras, as exigências da tarefa e as circunstâncias
ambientais são fatores de importância para a determinação do
sucesso no desempenho de uma tarefa motora experimentada pelo
adulto.

Quando analisamos o comportamento e desenvolvimento motor durante o


período da fase adulta, percebem-se três princípios que caracterizam as
variações presentes no processo: a especificidade da tarefa; a variação
interindividual; e a variação intraindividual.
A especificidade da tarefa vai determinar a maturidade ou o êxito do desempenho
de uma tarefa motora a partir de suas exigências. Se as exigências determinadas
por uma tarefa específica ativarem sistemas prejudicados pelo processo de
envelhecimento, o nível de êxito será comprometido, ou o contrário.

A variação interindividual explica que existe uma variação em que o processo de


envelhecimento difere de pessoa para pessoa, dependendo dos "filtros" das
características hereditárias individuais e do estilo de vida adotado.

A variação intraindividual explica que existe uma variação em que os sistemas


fisiológicos individuais iniciam o processo de envelhecimento relacionado à idade
em ritmo diferente.
A abordagem teórica de Jean Piaget

Jean Piaget (1896-1980), apesar de ser bastante conhecido na área da Educação por
suas contribuições sobre desenvolvimento infantil e cognição, não era psicólogo nem
pedagogo. Piaget fez sua formação em Biologia e, por esse motivo, dedicou-se a
submeter o processo de aquisição do conhecimento pela criança a uma rigorosa
observação científica. A abordagem teórica criada por ele é denominada
epistemologia genética porque é considerada uma teoria do conhecimento focada no
desenvolvimento natural da criança.
Fica claro, portanto, que as crianças não possuem os mesmos tipos de
raciocínio que os adultos e atingem a maturidade psicológica gradualmente. A
inserção de valores, regras e símbolos para a criança ocorre por meio de dois
mecanismos: assimilação e acomodação. A assimilação consiste em
incorporar objetos e conhecimentos sobre o mundo em esquemas cognitivos
já existentes. A acomodação, por sua vez, refere-se a modificações nos
esquemas que se dão por influência do meio externo.

Assimilação: incluir conhecimentos externos em esquemas cognitivos pré-existentes


(“de fora para dentro”).

Acomodação: modificar um esquema existente para incluir conhecimentos sobre o


mundo que não pertenciam a esse esquema anteriormente (“de dentro para fora”).
De acordo com Piaget, o desenvolvimento da cognição durante a infância
passa por quatro estágios, do nascimento à pré-adolescência. Somente
após o último estágio é que se pode dizer que o indivíduo atingiu sua
capacidade de raciocínio plenamente.

período sensório-motor

O primeiro estágio, denominado período sensório-motor, vai de 0 a 2 anos. Durante


esse período, as crianças adquirem a capacidade de administrar reflexos básicos
que gerem ações prazerosas ou vantajosas. É um período anterior à aquisição de
linguagem, no qual o bebê desenvolve a percepção de si mesmo e dos objetos à sua
volta.
período pré-operacional
O estágio seguinte, denominado período pré-operacional, vai dos 2 aos 7
anos e se caracteriza pela aquisição da linguagem e a representação do
mundo por meio de símbolos. Nessa fase, a criança é capaz de substituir
um objeto ou um acontecimento por uma representação dele e isso
acontece devido ao desenvolvimento da função simbólica.
operacional concreto
, vai dos 7 aos 11 ou 12 anos e marca a aquisição da reversibilidade das ações (a
capacidade de representar uma ação no sentido inverso da anterior, anulando a
transformação observada). A lógica e a abstração surgem nos processos cognitivos,
bem como a habilidade de discriminar objetos por semelhanças e diferenças
(MACEDO, 1994).
operacional formal

inicia-se por volta dos 12 anos de idade, a criança passa a ter domínio do
raciocínio lógico e dedutivo, o que permite a experimentação mental. Isso
implica, entre outras coisas, relacionar conceitos abstratos e raciocinar sobre
hipóteses. Wadsworth (1996) salienta que a representação feita agora permite
abstração total e não se limita à representação imediata, nem às relações
prévias existentes. A criança consegue pensar logicamente, formular hipóteses
e buscar soluções para todas as classes de problemas, sem depender apenas
da observação da realidade. Por exemplo, se alguém diz para a criança um
ditado como “de grão em grão, a galinha enche o papo", a criança é capaz de
fazer uso da lógica da ideia (metáfora) e não com a imagem de uma galinha
comendo grãos.
Abordagem teórica Henri Wallon

a primeira via de comunicação essencial e total da criança está em


suas ações motoras, uma vez que a verbalização, ou seja, a fala
ainda não dominada é incapaz de conseguir exteriorizar todas as
necessidades e vontades da criança que, de modo parcialmente
inconsciente possui seus desejos, vontades e sentimentos
demonstrados por suas ações motoras.
Estágio impulsivo-emocional (0 a 1 ano): a afetividade da criança é
demonstrada por meio de movimentos desordenados e sensibilidades
corporais, tanto proprioceptivas quanto interoceptivas. O processo de
ensino-aprendizagem, nesta etapa, deve valorizar os contatos corporais
e a fusão com os outros.

Estágio sensório-motor e projetivo (1 a 3 anos): a criança se volta para o contato com o


mundo externo, pois já é capaz de falar e de andar. Existe um contato intenso com
objetos e um questionamento constante (fase dos “porquês”). Nesse estágio, o professor
deve ofertar situações e espaços e ter disposição para responder aos insistentes
questionamentos em busca de conhecimento.
Personalismo (3 a 6 anos): a criança passa a diferenciar-se do outro,
descobrindo-se diferente. O processo de ensino-aprendizagem durante
esta etapa precisa oferecer possibilidades de escolha à criança,
reconhecendo e respeitando as diferenças, dando oportunidades para que
ela se expresse. Nessa fase, a criança aprende principalmente em
oposição ao outro.

Estágio categorial (6 a 11 anos): a criança explora o mundo externo por meio de


atividades cognitivas e abstratas (agrupamento, classificação e categorização).
Esse estágio coincide com a entrada na escola e a aprendizagem ocorre
predominantemente por meio da racionalidade e pela descoberta de semelhanças e
diferenças entre objetos e ideias.
Puberdade e adolescência (11 anos em diante): surge a exploração de si
mesmo e de uma identidade autônoma, mediante atividades de confronto,
autoafirmação e questionamentos. Grande importância é dada aos pares.
Há maior domínio da abstração, nas quais a dimensão temporal se torna
importante e possibilita a discriminação dos limites de sua autonomia e de
sua dependência. O processo de ensino-aprendizagem nessa etapa se
baseia na oposição, a qual possibilita identificar diferenças de ideias,
sentimentos e valores de si e dos outros. O ensino aqui deve permitir a
expressão e discussão das diferenças, respeitando, todavia, os limites das
relações solidárias e democráticas.
Aspectos e conceitos de aprendizagem motora

O termo Aprendizagem Motora é o primeiro que devemos conceituar e definir,


já que esse atua como carro chefe no presente estudo. Todo o processo
envolvido dentro dos diferentes mecanismos que o corpo possui para
desenvolver, ou mesmo aprimorar uma determinada habilidade motora a fim de
executar uma ação definida ou não, resulta em complexas mudanças internas
no indivíduo. As mudanças envolvem desde o sistema nervoso central até os
demais sistemas, como o muscular, ficando conhecidas como processo de
aprendizagem motora.
Conceito e definição de Controle Motor:
O controle motor visa, de modo direto, definir e organizar as funções motoras já aprendidas
de forma a desenvolver uma atuação prática definida. O controle motor irá se encarregar
de ordenar e coordenar as diferentes capacidades físicas que estão envolvidas na função
exigida.

Entre as formas de desenvolvimento temos uma que ocorre a partir de estímulos externos,
mediada pelo processo de ensino. É por seu intermédio que acontece a transmissão do
conhecimento, a forma como uma pessoa toma conhecimento parcial ou total de um fato.
Isso se torna real quando, antes de começarmos uma nova tarefa recebemos instruções ou
aulas. Também podemos considerar o ato de observar uma terceira pessoa realizando a
mesma tarefa que tentamos executar, como uma via de ensino indireta, mediado por nosso
sistema cognitivo.
Tenta-se explicar, a partir dos modelos teóricos, os processos que não
podemos ver durante o período da aprendizagem motora ou do controle
motor. Os processos envolvem diferentes variáveis, tanto em relação ao
indivíduo quanto em relação ao meio ambiente no qual desenvolve a
habilidade.

Dessa forma, surgiram os modelos abertos e fechados. Esses modelos levam


em consideração o modo como as distintas variáveis envolvidas com a
aprendizagem motora tornam o processo de aprendizagem diferenciado. As
principais diferenças, que chamam a atenção nos modelos, têm relação com o
aspecto ambiental.
Ambiente Estável Você já notou como é mais fácil pegar um peão que está
parado em comparação a pegar um que está rodando porque acabou de
ser lançado ao chão? Quando realizamos uma determinada tarefa em um
local onde as condições são previsíveis e não se alteram, dizemos que a
tarefa está sendo realizada em um ambiente estável.

Ambiente Não Estável Você já tentou pegar um peixe de dentro de um aquário? No dia
a dia, muitas são as tarefas que realizamos sob condições não previsíveis. Nosso
controle motor está sendo constantemente desafiado a realizar finos ajustes por um
período de tempo, muitas vezes, extremamente reduzido. Essas situações ocorrem em
ambientes não estáveis.
Estágios do aprendizado motor

Já percebeu que quando se está aprendendo uma determinada atividade,


quanto mais você pratica, mais você aprende? Já percebeu também que a
atenção que você deve dispor durante a realização de uma ação varia com
o tempo de prática? Percebe que na medida em que prática você se torna
capaz de realizar a mesma atividade, que antes era muito complicada, até
mesmo enquanto conversa? Percebeu também que mesmo já sabendo
realizar uma determinada ação você sempre é capaz de executá-la melhor
com o passar do tempo, com maior precisão ou mesmo, em menor tempo?
Todos esses fatos ocorrem repetidas vezes em sua vida, e serviram para
que muitos cientistas, estudiosos e pensadores, conseguissem elementos
importantes para determinar os diferentes estágios do aprendizado motor.
Os estágios são estes: estágio verbal-cognitivo ou apenas estágio cognitivo;
estágio associativo ou estágio motor (chamado também de estágio de
fixação/associativo) e estágio autônomo.

Estágio verbal-cognitivo

Estágio em que ocorre a “verbalização” das dúvidas e maior necessidade de


compreensão dos aspectos envolvidos na ação da habilidade proposta.
Estágio associativo
Após um certo período de prática, o indivíduo já é capaz realizar a atividade
com mais facilidade, dominando a mecânica básica do movimento. A
quantidade de erros diminui acentuadamente e o indivíduo já consegue
detectar alguns deles.
Estágio autônomo

Para se atingir o estágio autônomo ou seja, realizar a atividade automaticamente,


o indivíduo deverá tê-la praticado consideravelmente. A complexidade da atividade
está diretamente relacionada à quantidade de prática necessária para atingirmos a
automaticidade. Neste estágio, o indivíduo realiza a atividade “sem pensar”, ou
aprende a realizar o movimento concentrando-se nos pontos críticos, nas partes
mais difíceis.
Habilidades Motoras

■ Conceito: “consiste na capacidade adquirida de atingir


algum resultado final com o máximo de certeza e um
mínimo dispêndio de energia, ou de tempo e energia
(Guthrie, 1952).
Classificação das Habilidades de acordo com a
organização da tarefa

Habilidade Discreta – a ação é normalmente breve em duração e tem


início e fim bem definidos. Ex. chutar uma bola.

Habilidades seriadas: série de habilidades discretas conectadas numa


sequência rápida. Ex: série de ginástica, bandeja no basquete.

Habilidades contínuas: realizadas repetidamente por um determinado


tempo. Com início e fim não definidos. Ex: nadar, correr, pedalar.
Habilidade Classificada pela Importância Relativa dos Elementos
Motores e Cognitivos

■ Habilidade Cognitiva – uma habilidade para a qual o determinante


principal do sucesso é a qualidade da decisão do executante em
relação ao que fazer. Ex. jogar xadrez, cozinhar uma refeição.

■ Habilidade Motora – uma habilidade para os principais determinantes


são o sucesso e a qualidade do movimento que o executante produz.
Ex. salto em altura, trocar um pneu.

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