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À TERAPIA OCUPACIONAL
AULA 7
A Cinesiologia
aplicada a
crianças e
adolescentes
ABERTURA
Olá!
Bons estudos.
REFERENCIAL TEÓRICO
A vivência nas aulas de Educação Física envolve aspectos que vão além da aquisição
motora, ou seja, a aprendizagem deve abranger o conhecimento de possíveis alterações
fisiológicas e biomecânicas. No processo de ensino-aprendizagem, o aprendiz precisa
compreender como o corpo humano funciona, além de assimilar como alguns elementos
(p. ex., planos e eixos articulares, força gravitacional) podem interferir no movimento.
No capítulo "A cinesiologia aplicada a crianças e adolescentes", da obra Estudo do
movimento: cinesiologia, base teórica desta aula, você vai saber mais sobre o crescimento e
a maturação biológica de crianças e adolescentes, relacionando os principais
comprometimentos estruturais e funcionais do aparelho locomotor, além de conhecer
formas aplicadas da cinesiologia em ambientes específicos.
Ao final, você terá aprendido a:
• Relacionar a cinesiologia às etapas de desenvolvimento de crianças e adolescentes.
• Identificar as disfunções osteomusculares e posturais em crianças e adolescentes.
• Descrever o exercício para crianças e adolescentes a partir
de princípios cinesiológicos.
Boa leitura.
A cinesiologia aplicada
a crianças e adolescentes
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
O crescimento e o desenvolvimento humano são caracterizados por
mudanças nos seus padrões, que se relacionam com a faixa etária e
ocorrem pelas relações entre a individualidade biológica, as tarefas e
o ambiente. As modificações e alterações das funções orgânicas que
acontecem ao longo da vida afetam de forma significativa o desempe-
nho geral. Na puberdade, as alterações se destacam, porque delimitam
respostas fisiológicas distintas antes e depois desta fase. No entanto, a
atividade física praticada regularmente exerce influência no processo
de maturação biológica, com potencial tanto de favorecê-lo quanto de
prejudicá-lo. Trata-se de uma influência que pode apresentar diferentes
resultados em cada etapa da vida.
Neste capítulo, você vai conhecer as etapas cinesiológicas de de-
senvolvimento de crianças e adolescentes, vai identificar as disfunções
osteomusculares e posturais nessa faixa etária e vai examinar princípios
cinesiológicos relevantes para a aplicação de exercícios junto a esse
público.
2 A cinesiologia aplicada a crianças e adolescentes
Maturação
O significado de maturação faz referência às mudanças contínuas, tanto es-
truturais quanto funcionais, que acontecem no corpo humano até chegar à sua
forma final, adulta ou “madura”. Apesar de não ser um elemento exatamente
mensurável no contexto esportivo e relacionado à atividade física de crianças
A cinesiologia aplicada a crianças e adolescentes 3
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4 A cinesiologia aplicada a crianças e adolescentes
Figura 1. Escalas de Tanner: (a) mamas; (b) pelos pubianos do sexo feminino e masculino.
Fonte: Adaptada de Meneses, Ocampos e Toledo (2008).
Prontidão motora
O desenvolvimento motor representa mudanças comportamentais com dois
perfis: forma e performance. Ambas fazem referência à expressão da capaci-
dade humana de movimento. A forma sinaliza as condições de espaço e tempo,
tendo em vista as partes corporais que determinam um padrão específico de
movimento, enquanto a performance resulta do próprio movimento, como a
distância, a força, a velocidade, entre outras variáveis (ROSE JUNIOR, 2009).
O movimento humano pode ser dividido em locomotor, manipulativo e
de estabilização (GALLAHUE, 1982). Os movimentos locomotores estão
relacionados com as mudanças na localização corporal em relação a um de-
terminado ponto fixo, como a marcha, a corrida e os saltos. Já os movimentos
manipulativos estão relacionados com o uso de algum tipo de objeto, como o
arremesso, a recepção, o chute, o quicar, as rebatidas e os voleios. Por sua vez,
os movimentos de estabilização estão relacionados com a utilização de um eixo
representando um ponto de apoio para manter o equilíbrio em relação à força da
gravidade, como os giros, os rolamentos e os apoios invertidos. Nesse contexto,
são consideradas apenas as habilidades classificadas como essenciais para o
movimento, ou seja, básicas. As habilidades específicas, como fazer recortes,
costuras e datilografar, não se aplicam ao presente tema, apesar de serem afins.
Na área do desenvolvimento motor, estudos demonstram que o desenvol-
vimento motor da criança de forma ordenada e sequencial até em torno dos 7
anos de idade é caracterizado pela assimilação e por formas diversificadas de
habilidades motoras com perfil básico, tendo em vista a locomoção, manipulação
e estabilização. A partir daí, o desenvolvimento apresenta perfil combinado
entre as habilidades básicas e suas formas de aprimoramento. Os movimentos
esportivos, por exemplo, resultam fundamentalmente de combinações básicas.
A bandeja no basquete é uma representação clara de combinação entre a corrida,
o salto e o arremesso (TANI et al., 1988). No entanto, o aprimoramento dessas
combinações é esperado somente a partir da faixa etária de 10 anos. Nessa fase,
é preciso considerar a necessidade dos indivíduos, na busca de diversas maneiras
de exploração do próprio movimento (locomoção, manipulação e estabilização),
evitando prejuízos no desempenho (ROSE JUNIOR, 2009).
Uma realidade no esporte, em geral, é que são selecionadas apenas algumas
habilidades básicas, considerando cada modalidade. Isso pode diminuir o
repertório motor. Em relação ao ensino de técnicas de qualquer modalidade
esportiva, é importante destacar que as pessoas são capazes de atingir o
mesmo objetivo utilizando formas diferentes de movimento e construindo um
acervo motor diversificado. Apesar das técnicas especificas de cada esporte
14 A cinesiologia aplicada a crianças e adolescentes
Com base nos planos e eixos de movimento, bem como nos graus de liberdade
de movimento das articulações, o professor de educação física pode explicar aos
seus alunos o que é um plano e relacionar a classificação articular com os graus de
liberdade e o eixo de movimento. Por exemplo, uma flexão do cotovelo acontece no
plano sagital mediano, que divide o corpo ou um segmento em partes laterais; possui
um grau de movimento porque faz flexão e extensão, ou seja, a articulação é do tipo
dobradiça, ou constituída por um tecido chamado sinovial em gínglimo. Para comparar
amplitudes de movimento, o professor pode comparar a articulação do ombro, ou
glenouneral, com a articulação coxofemoral do quadril. Ambas possuem a mesma
classificação, ou seja, seu tecido interposto é sinovial esferoide, com três graus de
movimento; fazem flexão e extensão, adução e abdução, bem como rotação lateral
e medial, movimentos que reunidos permitem a circundução. Entretanto, o ombro
tem maior mobilidade que articulação coxofemoral e também maior propensão a
lesões. Essas explicações podem ser passadas aos alunos no início dos exercícios,
na fase de aquecimento, e reforçadas na fase final de alongamento. O ideal é que
ocorram em momentos de pouca movimentação entre os alunos. Podem ser feitos
questionamento sobre a função das estruturas ligamentares e análises de suas relações
com as possibilidades de movimento. Os conceitos de planos e eixos também podem
servir para explicar conceitos como o plano cartesiano. O plano cartesiano pode ser
utilizado para explicar o posicionamento em quadra, como na modalidade voleibol.
O professor pode exemplificar a posição de cada jogador com coordenadas X e Y
imaginárias, que podem ser tomadas pela referência da linha lateral e de fundo da
quadra. Assim, a quadra se tornaria um grande plano cartesiano. Ao indicar a origem
desse plano em um canto da quadra, o professor poderia relacionar a posição do
jogador com a posição no plano cartesiano (DAGNESE, 2013).
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