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EDUCAÇÃO FÍSICA

NA INFÂNCIA

Ana Paula Maurilia dos Santos


Conceitos e estimulação dos
elementos psicomotores
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Definir os elementos psicomotores: motricidades global e fina, equi-


líbrio, esquema corporal, lateralidade e orientação espaço-temporal.
„„ Listar métodos para avaliação e prescrição de exercícios específicos
para o treinamento das habilidades psicomotoras em escolares.
„„ Desenvolver exercícios específicos para o trabalho dos diferentes
elementos psicomotores.

Introdução
É nas aulas de educação física, em especial, que presenciamos déficits
nas áreas da motricidade humana que podem influenciar na atividade
de formação escolar. Desse modo, é função da educação física avaliar e,
principalmente, intervir nessas áreas com atividades que aprimorem as
habilidades psicomotoras das crianças.
Neste capítulo você vai estudar as áreas da motricidade humana e
compreender a diferença entre cada uma delas. Serão descritas dife-
rentes formas de estimular o desenvolvimento motor, que podem ser
trabalhadas com crianças de idades e alterações motoras variadas e, por
fim, serão apresentadas algumas sugestões de atividades motoras que
podem ser utilizadas na prática escolar, principalmente nas aulas de
educação física curricular, mas também em projetos desenvolvidos no
contraturno escolar que visam a sanar os déficits motores de crianças
com algum transtorno do desenvolvimento.
2 Conceitos e estimulação dos elementos psicomotores

As áreas psicomotoras
O desenvolvimento motor é um processo sequencial, contínuo, de mudanças
progressivas no comportamento motor do indivíduo. Esse processo se inicia
na concepção e persiste durante todo o ciclo vital, sendo influenciado pela
interação entre as necessidades da tarefa, a biologia do indivíduo e as condições
do ambiente (GALLAHUE; OZMUN, 2013).
Durante o período pré-escolar ocorrem mudanças acentuadas. Nessa fase,
o comportamento da criança se caracteriza por constante atividade explora-
tória e seu desenvolvimento motor tem um importante avanço, seguindo as
conhecidas leis céfalo-caudal e próximo-distal. Na fase escolar ocorre um
aperfeiçoamento do desempenho motor; a maior parte das habilidades moto-
ras mais importantes já está desenvolvida em sua forma básica por volta dos
6 ou 7 anos de idade, e entre os 6 e os 12 anos a criança apresenta um aumento
na velocidade, uma coordenação cada vez melhor e maiores habilidades em
tarefas físicas específicas (BEE; BOYD, 2003; GALLAHUE; OZMUN, 2013).
Na infância, a aquisição de habilidades motoras está vinculada ao desen-
volvimento da percepção do corpo e do tempo e espaço, e essas habilidades
são fundamentais tanto para a aprendizagem dos movimentos quanto para as
atividades de formação escolar. Por isso, ao conquistar um bom controle motor,
a criança estará construindo as noções básicas para o seu desenvolvimento
intelectual. Ao proporcionarem o maior número possível de experiências
motoras e psicossociais aos seus alunos, os professores ajudam a evitar que as
crianças apresentem comprometimentos em tarefas escolares (ROSA NETO
et al., 2010).
De acordo com Rosa Neto (2015), o desenvolvimento motor pode ser
compreendido pelos elementos psicomotores que você verá a seguir.

Motricidade fina
Segundo Rosa Neto (2015), a coordenação visuomanual representa a atividade
mais frequente e mais comum no homem. Ela inclui a fase de transporte da
mão, seguida da fase de agarre e manipulação, resultando em um conjunto
com três componentes: objeto/olho/mão. Para Rodrigues (2000), a habilidade
manual constitui um aspecto particular da coordenação global, importante
na praxia e no grafismo. Seu desenvolvimento está relacionado ao trabalho
de coordenação geral, à coordenação discriminativa e ao comando motor dos
olhos, lábios, língua, mãos e dedos. A motricidade fina é uma atividade que
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envolve movimentos de precisão, exige grande controle visual para manipular


atividades minuciosas e requer um emprego de força mínima.

Motricidade global
A motricidade global envolve os grandes músculos para realizar movimentos
amplos utilizando o corpo inteiro. Essa capacidade divide-se em: coordenação
dinâmica, equilíbrio, freio inibitório e relaxamento. A coordenação dinâmica
geral representa os movimentos dinâmicos globais — correr, saltar, trepar,
andar, etc. —, importantes para o desenvolvimento do equilíbrio dinâmico e
corporal (RODRIGUES, 2000).
Para Rosa Neto (2015), a capacidade da criança de se expressar com ges-
tos, atitudes, deslocamentos e ritmos nos permitem, às vezes, conhecê-la e
compreendê-la melhor. A criança brinca imitando cenas da vida diária: fala
movimentando-se, canta dançando; expressa, simultaneamente, afetividade e
exercita sua capacidade intelectual. Déficits na motricidade grossa refletem-
-se em baixa proficiência em tarefas motoras mais complexas, que exigem
a combinação de movimentos fundamentais na busca por habilidades mais
elaboradas (CATENASSI et al., 2007).

Equilíbrio
Segundo Gallahue e Ozmun (2013), o equilíbrio é a habilidade de um indiví-
duo manter a postura de seu corpo inalterada, mesmo quando é colocado em
várias posições. A criança que não apresenta um bom controle do equilíbrio
terá dificuldade na locomoção e manutenção de posturas, o que interfere nas
atividades diárias. O equilíbrio pode ser estático ou dinâmico:

„„ Estático: envolve manter o próprio equilíbrio enquanto o centro de


gravidade permanece estacionário, como, por exemplo, permanecer
equilibrado na ponta dos pés.
„„ Dinâmico: envolve manter o próprio equilíbrio conforme o centro de
gravidade se desloca, como, por exemplo, caminhar em uma trave.

O equilíbrio é a base primordial de toda ação diferenciada dos segmentos


corporais, pois, quanto mais defeituoso é o movimento, mais energia ele
consome, e tal gasto energético poderia ser canalizado para outros trabalhos
(ROSA NETO, 2015).
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Esquema corporal
A criança tem as primeiras noções quando percebe, manipula e joga com
seu próprio corpo por meio dos sentimentos de dor, choro, alegria, pelas
sensações visuais, etc. A construção desse esquema corporal é fundamental
para o desenvolvimento da criança. O esquema corporal é definido como
a organização das sensações do próprio corpo em relação ao meio exterior.
A imagem do corpo representa uma forma de equilíbrio que, como núcleo da
personalidade, organiza-se em um contexto de relações mútuas do organismo
e do meio.
Segundo Le Boulch (1983), trata-se de um conhecimento imediato que
temos de nosso corpo em posição estática ou em movimento. Freitas (2008)
acredita que a representação que a criança tem do seu próprio corpo é um
elemento indispensável na formação de sua personalidade. Estudar o corpo,
o esquema corporal e a imagem corporal é de suma importância àqueles que
se dedicam ao estudo da cognição humana, do ensino e da aprendizagem.
O esquema corporal possibilita ainda a consciência sobre nós mesmos, inclusive
em relação às partes corporais umas com as outras; na relação do corpo com
o meio ambiente, os sentimentos subjetivos do sujeito acerca do próprio corpo
permitirão a corporeidade (MELLO, 2009).

Organização espacial
É a capacidade de orientar-se diante de um espaço físico e de perceber a relação
de proximidade de coisas entre si. Refere-se às relações de perto, longe, em
cima, embaixo, dentro, fora etc. (ALVES, 2004).
De acordo com Gallahue e Ozmun (2013), a percepção espacial é um
componente básico do desenvolvimento motor-perceptivo e pode ser divi-
dida em duas subcategorias: conhecimento de quanto espaço o corpo ocupa
e habilidade de projetar o corpo efetivamente no espaço externo. Trata-se
da capacidade de integrar dados sensitivos e perceptivos do ambiente e de
estabelecer relações físicas entre os objetos no espaço e o próprio corpo.
Diz respeito à capacidade de integrar dados sensitivos e perceptivos do ambiente
e de estabelecer relações físicas entre os objetos no espaço e o próprio corpo.
Pesquisas sobre desenvolvimento motor de escolares têm evidenciado maiores
comprometimentos na organização espacial entre os 6 a 10 anos (ROSA NETO
et al., 2010). Acredita-se que esse baixo escore possa ser decorrente de uma
deficiência na educação brasileira.
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A noção do espaço é ambivalente, pois, ao mesmo tempo, é concreta e abstrata,


finita e infinita. Ela envolve tanto o espaço do corpo, diretamente acessível, como o
espaço que nos rodeia, finito enquanto nos é familiar, mas que se estende ao infinito,
ao universo (ROSA NETO, 2015).

Organização temporal
Le Boulch (1983) destaca que, quando a criança tem consciência de seu corpo
orientado, seu espaço temporal se torna maior e sua geometria lhe permite
estender ao espaço os eixos do corpo que servem de eixos de coordenadas
para ter acesso ao espaço euclidiano. Percebemos o transcurso do tempo a
partir das mudanças que se produzem durante um período estabelecido e da
sua sucessão, que transforma progressivamente o futuro em presente e, depois,
em passado; o tempo é, antes de tudo, memória (ROSA NETO, 2015).
A orientação espaço-temporal tem relação com a capacidade do ser hu-
mano de perceber o meio ambiente e a forma como se relaciona nele com seu
corpo, com os objetos ou com as pessoas por meio de suas ações motoras
(GALLARDO, 2000). As noções de tempo e espaço são as principais bases
do desenvolvimento motor, cognitivo e social da criança. Para que a organi-
zação espaço/tempo se desenvolva, é necessário, antes de tudo, que as noções
de esquema corporal e imagem do corpo estejam integradas (FERREIRA;
THOMPSON, 2002).

Lateralidade
Durante a infância, naturalmente se define uma dominância lateral, que ocorre
por volta dos 6 ou 7 anos de idade, o que não significa que não possa ser perce-
bida antes dessa idade. Entretanto, se esse processo não ocorrer até os 9 anos
de idade, provavelmente a criança apresentará um distúrbio de lateralidade
(HOLLE; VELASCO apud COSTA, 2005). Conforme Rosa Neto (2002),
a lateralidade é a preferência da utilização de uma das partes simétricas do
corpo: mão, olho, ouvido, perna. No entanto, geralmente consideramos o
domínio motor lateral das mãos.
6 Conceitos e estimulação dos elementos psicomotores

Avaliação e intervenção motora em escolares


A criança em idade pré-escolar e escolar está disponível a todas as formas
relacionais com o corpo. Nessa fase, o convívio escolar possibilita à criança
constante troca de informações nas áreas do seu desenvolvimento biopsicos-
social. Mudanças físicas, aprendizagem cognitiva, comportamento motor e
socialização são influenciados entre si no decorrer do processo de adaptação
da criança ao mundo. Com o objetivo de acompanhar essas sequencias neu-
roevolutivas, é importante identificar problemas bloqueadores dos padrões
normais de desenvolvimento para prevenir possíveis complicações e programar
atividades de intervenção.
De acordo com Rosa Neto et al. (2010, p. 423),

[...] no contexto escolar, a prática da educação motora tem influência no


desenvolvimento de crianças com dificuldades escolares, como problema de
atenção, leitura, escrita, calculo e socialização. O que leva a considerar que
o acompanhamento da aptidão motora de crianças em idade escolar constitui
atitude preventiva para profissionais envolvidos com a aprendizagem.

Os mesmos autores acreditam que a avaliação motora deve ser rotina nas
escolas, de modo a possibilitar um melhor diagnostico da criança, com um
conhecimento mais aprofundado de suas possibilidades e limitações reais.

A avaliação motora
O acompanhamento do desenvolvimento motor na infância é fundamental,
pois ele influenciará toda a vida do indivíduo. Se mesmo as crianças que
estão dentro dos padrões normais de desenvolvimento devem ser avaliadas e
observadas, nas crianças que apresentam algum atraso motor, essa necessidade
é ainda maior.
Conforme Gallahue e Ozmun, (2013), a avaliação tem um objetivo muito
importante na área do desenvolvimento: ela torna possível, ao monitorar
alterações desenvolvimentais, identificar retardos no desenvolvimento e obter
esclarecimento sobre estratégias instrutivas e intervencionistas. Por meio dela
é possível traçar o perfil motor do indivíduo, propiciando uma programação
física adequada para a realidade de cada um. Um instrumento de avaliação
bem projetado deve ter confiabilidade, validade e objetividade muito fortes.
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Segundo Rosa Neto (2002), aspectos como observação, objetividade e


referência fazem parte de qualquer processo de exame, para que as reações
observáveis do sujeito possam estar representadas com fidelidade. Mesmo
com a aplicação de testes, fica evidente que existem aspectos qualitativos das
funções intelectuais do organismo humano que permanecem inacessíveis.
Existem inúmeros testes e escalas para avaliação do desenvolvimento
motor; no entanto, quase nenhum desses instrumentos consegue englobar
completamente todos os aspectos do desenvolvimento. Uma das escalas que
tende a colaborar para a avaliação completa e elucidativa do desenvolvimento
motor é a Escala de Desenvolvimento Motor. Essa escala, que possui um
método de aplicação de testes atraente para a criança, compreende um conjunto
de provas diversificadas e de dificuldade graduada, abrangendo diferentes
áreas do desenvolvimento motor (ROSA NETO et al., 2010)

Em 2002, Rosa Neto propôs a elaboração da Escala de Desenvolvimento Motor —


EDM, estruturada no sequenciamento do desenvolvimento motor de crianças de
2 a 11 anos de idade. Esse instrumento foi elaborado a partir de outros testes motores,
respaldados por autores clássicos, como, Ozeretski, Brunet e Lezine, Berges e Lezine,
Zazzo, Mira Stambak, Galifret-Granjon, Piaget e Head.
Por ser uma medida objetiva, a escala permite a avaliação de um grande grupo de
crianças, facilitando a comparação entre grupos. Assim, a EDM (ROSA NETO, 2002)
aparece com o propósito principal de colocar à disposição de profissionais da área da
saúde e educação um conjunto de instrumentos de diagnóstico que lhes permitam
utilizar um método eficaz para realizar estudos transversais e longitudinais por meio
de provas construídas sobre princípios técnicos, científicos, com critérios práticos e
coerentes.
Centenas de pesquisas científicas no Brasil, com diferentes tipos de população, já
foram realizadas com a utilização desse instrumento. Grande parte dessas pesquisas
investiga crianças atípicas, com indicadores de algum tipo de distúrbio, e escolares com
dificuldades na aprendizagem que, por decorrência dessas desordens, apresentam um
desenvolvimento mais tardio nas funções motoras e cognitivas (ROSA NETO et al., 2010).

A avaliação do desenvolvimento motor permite detectar problemas do


desenvolvimento, podendo ajudar na determinação da causa das possíveis
alterações e auxiliando na elaboração de programas de intervenção e reedu-
cação motora mais eficazes.
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Programas de intervenção motora


As habilidades motoras ainda ajudam a criança na conquista de sua inde-
pendência, em seus jogos e em sua adaptação social, construindo assim as
noções básicas para o seu desenvolvimento. A motricidade é de fundamental
importância durante a infância. A psicomotricidade é uma educação do ato
motor pelo pensamento, ao mesmo tempo em que constitui uma educação do
pensamento pelo ato motor. Nessa atividade, o cérebro não pensa em músculos,
mas em movimentos planificados em função de um fim, fazendo intervir as
funções psíquicas superiores. A reeducação motora procura as sensações, as
percepções e as cognições, visando à sua utilização em respostas motoras,
previamente programadas. Essa deveria ser considerada como uma educação
básica para a escola primária, pois ela condiciona todas as aprendizagens
pré-escolares e escolares.
Como um procedimento de intervenção educativa, pré-educativa e tera-
pêutica, a psicomotricidade tem sido considerada, em inúmeros países, uma
medida indispensável em múltiplas estruturas de educação, reabilitação,
saúde e segurança social, principalmente em centros de saúde mental infantil,
medicina física e reabilitação, entre outros (FONSECA, 2004).
Alguns pesquisadores realizaram estudos voltados para a intervenção
psicomotora e obtiveram resultados positivos. Poeta e Rosa Neto (2005) reali-
zaram 25 sessões de intervenção psicomotora em uma criança com diagnostico
de transtorno do déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) e encontraram
evolução do desenvolvimento motor, que passou do padrão “inferior” para
“normal baixo” segundo a EDM, além de melhorias observadas na aprendiza-
gem escolar, na atenção e no relacionamento. Santos, Weiss e Almeida (2010)
encontraram avanços positivos no desenvolvimento motor, especialmente na
motricidade global, organização espacial e equilíbrio de uma criança com
síndrome de Down após 32 sessões de intervenção psicomotora com ela.
A intervenção psicomotora pode ser realizada por vários profissionais,
em diferentes ambientes e com base em inúmeras correntes teóricas. Sendo
a psicomotricidade considerada uma técnica que visa a levar o indivíduo ao
desenvolvimento de suas capacidades, podemos abordá-la a partir das áreas
motoras por meio de diferentes jogos e brincadeiras.
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„„ Motricidade fina: jogos de encaixe; jogo de pega-varetas, quebra-


-cabeça, alinhavos, acertar o alvo, boliche, dobraduras, massinha de
modelar, bolinha de sabão, atividades de ligar os pontilhados, pintar
com os dedos dos pés, fazer bijuterias com miçangas, fazer um laço.
Atividades escolares: recortar, colar, fazer bolinhas com papel crepom,
pinturas (tintas, canetinha e lápis de cor, dedos). Para o desenvolvimento
da motricidade fina considerar também: trabalhos de fortalecimento
muscular dos dedos indicador e polegar, além de ombros e braços.
Trabalhar com texturas diferentes, mobilidade dos dedos, traçados e
linhas.
„„ Motricidade global: saltar de diferentes formas, com um pé só, com
os dois pés, por cima de objetos, andar com uma bola entre as pernas,
realizar atividades de rastejar, escalar. Circuito com obstáculos (banco,
elástico, corda, bola, cones), jogos com música, brincadeiras com bola.
„„ Equilíbrio: amarelinha, “pé de lata”, jogos de troca de nível (subir
e descer, correr e parar), trave de equilíbrio, equilíbrio com bastões,
circuito de equilíbrio (andar por cima de um banco, corda ou linhas da
quadra); realizar diferentes posições, com diversos materiais (auxiliares
ou não).
„„ Esquema corporal: brinquedo cantado, jogo de mímica (imitação de
expressões faciais, animais); brincadeiras no espelho com imitação de
posturas, movimentos de relaxamento sentado ou deitado, contornar
o corpo do colega no chão com giz, quebra-cabeça do corpo humano.
„„ Organização espacial: jogos de quebra cabeça e encaixe, manusear
vários materiais e classificá-los (grande/pequeno, grosso/fino, mole/
duro). Figuras geométricas, dentro e fora (coelhinho sai da toca), jogo
twister.
„„ Organização temporal: estimular a composição de frases, conversar,
cantar, fazer brincadeiras com música (ritmo), bater palmas, bater o pé
e parar, dança da cadeira, tocar instrumentos musicais, pular corda,
reloginho.
„„ Lateralidade: jogos de arremesso, jogo com bolas, Saci Pererê, circuitos,
máscara, binóculo, olho mágico. Músicas com movimento “esquerdo
e direito”, dança de roda.
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Se o objetivo é que a criança tenha um ganho motor, fuja dos movimentos automáticos
e daqueles estafetas nos quais as crianças acabam por realizar o movimento de qualquer
jeito para cumprir uma tarefa pré-determinada e ganhar do coleguinha.
Quando você almeja estimular o desenvolvimento motor de crianças, escolha o
movimento práxico, pois ele exige maior organização cerebral, gerando aprendizagem
duradoura. De todas as formas de praxia, o movimento intencional aparece como
o mais significativo da vida humana, com a possibilidade de efetuar movimentos
voluntários, intencionais de modo coordenado. Todo movimento práxico consta de
cinco elementos: receptor, neurônio aferente (sensorial), processamento central (córtex
cerebral), neurônio eferente (motor), efetor (músculo).

Sugestões de atividades de intervenção motora


Agora que você já compreendeu o significado de cada área motora, vamos
apresentar algumas sugestões de atividades motoras que você pode utilizar
na prática com crianças. A partir dessas sugestões, você também poderá
criar outras atividades ou adaptar essas mesmas com outros materiais de que
disponha! Essas são apenas sugestões — existem várias outras atividades que
podem ser trabalhadas.

Motricidade fina

Mágica

Objetivos específicos: melhorar motricidade fina manual.


Material: papel crepom, garrafa plástica e água.
Formação: individual.
Desenvolvimento: cada criança com uma garrafa plástica deverá fazer mi-
núsculas bolas de papel crepom (utilizando os dedos das mãos) e depositá-las
dentro da garrafa. Quando a garrafa estiver preenchida pela metade com as
bolinhas, acrescenta-se água e, com o recipiente fechado, chacoalha-se bastante
a garrafa para que a água ganhe uma nova coloração — “a mágica”. A criança
deverá adivinhar a cor que a sua água se transformou.
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Soprogol

Objetivos específicos: melhorar motricidade fina labial.


Material: canudos de refrigerantes, bolinhas de pingue-pongue e “gols”.
Formação: individual.
Desenvolvimento: cada criança deverá assoprar, utilizando um canudo, a
bolinha até um espaço determinado para ser o gol.

Corrida dos bastões

Objetivos específicos: melhorar motricidade fina visuomanual.


Material: bastões (taco), bolinhas de tênis e cones.
Formação: uma coluna.
Desenvolvimento: o primeiro integrante da fila deverá posicionar-se de frente
para a coluna de cones e, com um bastão, empurrar a bolinha em ziguezague
por entre os cones.

Motricidade global

No circo

Objetivos específicos: melhorar coordenação global, forca de membros infe-


riores e superiores e equilíbrio dinâmico.
Material: bancos suecos, arcos, trampolim, cadeiras, colchonetes.
Formação: uma coluna.
Desenvolvimento: cada participante deverá pular sobre os arcos em um pé só.
Em seguida, deverá atravessar (elevando uma perna e depois a outra) um banco
posicionado na horizontal e andar por cima do outro banco (como se fosse
uma corda bamba). Para finalizar, dar 10 pulos no trampolim, rastejar-se por
baixo de uma corda (apoiada sobre duas cadeiras) e retornar ao final da coluna.
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Ziguezagueando

Objetivos específicos: melhorar coordenação geral, lateralidade e força de


membros inferiores e superiores.
Material: cones, bolas de diversos tamanhos, gol e cesta de basquete.
Formação: uma coluna.
Desenvolvimento: realizar drible em zigue-zague entre os cones, trocando
de mão (uma vez só com a mão direita, outra só com a esquerda); arremessar
a bola na cesta. Em seguida, realizar drible em zigue-zague entre os cones,
trocando de pé (uma vez só com pé direito, outra só com o pé esquerdo), e
chutar a bola no gol.

Atravessando o rio

Objetivos específicos: melhorar coordenação geral, força de membros infe-


riores, criatividade e motricidade fina.
Material: duas cordas e giz colorido.
Formação: livre.
Desenvolvimento: duas cordas sobre o chão (distantes 45cm uma da outra).
No intervalo dessas, pede-se que as crianças desenhem, com giz, animais que
há́ dentro de um rio. Após isso, a criança deverá pular sobre esse “rio”, sem
encostar dentro do intervalo das cordas. No decorrer da atividade aumenta-se
gradativamente a distância entre as cordas.

Equilíbrio

Amarelinha

Objetivos específicos: estimular o equilíbrio dinâmico e estático.


Material: giz.
Formação: uma coluna.
Desenvolvimento: o coordenador deverá desenhar uma “amarelinha” (Figura 1)
no chão; cada criança deve jogar o giz em uma das casas/números da amarelinha
e pular sucessivamente as casas a partir do 1, indo até́ a casa 10, sem pular
no número onde seu giz parou. Ao retornar, a criança deve recuperar seu giz
e voltar ao número 1. É possível colocar só um pé em cada casa.
Conceitos e estimulação dos elementos psicomotores 13

Figura 1. Criança brincando de amarelinha.


Fonte: Tatevosian Yana/Shutterstock.com.

Caminhada nos colchões

Objetivos específicos: estimular equilíbrio dinâmico e estático.


Material: colchões ou colchonetes de diversas espessuras.
Formação: dependendo do tamanho dos colchões, um ou dois participantes
em cada.
Desenvolvimento: os colchões estarão distribuídos livremente no solo.
Ao sinal do coordenador, os participantes deverão saltar sobre os dois pés;
saltar com um pé só; fazer deslocamentos laterais; fazer a posição de avião;
andar na ponta dos pés; andar sobre os calcanhares; andar sobre as bolinhas
de massagem dispostas sobre alguns colchões.

Corda bamba

Objetivos específicos: estimular equilíbrio dinâmico.


Material: banco sueco, objetos leves e pesados: bolinha de pingue-pongue,
livro.
Formação: uma coluna à frente do banco.
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Desenvolvimento: sobre o banco sueco, cada aluno deverá andar livremente;


andar para frente com as mãos na cintura; andar até a metade e equilibrar-se em
um pé só; segurar um objeto leve sobre a mão e andar para frente e para trás;
andar ultrapassando os obstáculos (objetos); andar lateralmente sem cruzar os
pés; equilibrar um objeto pesado nas mãos e andar até o final do banco; andar
sobre as pontas dos pés; andar sobre os calcanhares; andar em quatro apoios.

Esquema corporal

Desenhando o amigo no chão

Objetivos específicos: identificação dos seguimentos corporais, melhora da


motricidade fina e da noção espacial.
Material: giz.
Formação: em duplas.
Desenvolvimento: contornar o corpo do colega e, em seguida, completar as
partes corporais que faltam: olhos, boca, nariz, umbigo.

Estátua viva

Objetivos específicos: desenvolver consciência corporal.


Material: fotografias de diferentes posições corporais e expressões faciais.
Formação: livre.
Desenvolvimento: o coordenador da atividade deverá mostrar às crian-
ças figuras de diferentes posições do corpo humano e expressões faciais.
Da mais simples para a mais complexa, a criança terá́ que reproduzir as
figuras apresentadas.

Automassagem

Objetivos específicos: desenvolver conhecimento corporal, propriocepção e


dissociação do todo e de parte dos segmentos.
Material: colchonetes, bolinhas de massagem.
Formação: individual
Desenvolvimento: as crianças deverão acompanhar os comandos dados pelo
coordenador. A massagem começará na cabeça: com as pontas dos dedos,
realizar movimentos em volta de todo o couro cabeludo. Na face, realizar
movimentos de circundação em volta dos olhos, boca, nariz. Em seguida,
Conceitos e estimulação dos elementos psicomotores 15

os membros superiores são massageados (“com a mão direita vamos mas-


sagear o ombro esquerdo”), depois os inferiores (“agora vamos movimentar
as articulações do tornozelo, joelho, quadril…”). Deve-se explorar formas
variadas de realizar os movimentos — o uso da bolinha de massagem tornará
a atividade mais atrativa.

Organização espacial

Túnel da amizade

Objetivos específicos: desenvolver noção do espaço em que o corpo está́ se


movendo, bem como força de membros superiores.
Material: nenhum.
Formação: uma fila.
Desenvolvimento: os coordenadores deverão posicionar-se em quatro apoios
(“cachorro olhando para baixo”), e as crianças deverão passar por entre eles
(passar por dentro de um túnel) sem tocá-los. Em seguida, as crianças também
deverão adotar essa posição para que seus amigos passem por baixo delas.
Como a estrutura corporal das crianças é menor, a passagem será́ mais difícil,
exigindo maior noção espacial e corporal para não tocar no “túnel”.

Nossa casa

Objetivos específicos: desenvolver noção do espaço em que o corpo está


inserido, bem como noção de tamanho e equilíbrio estático.
Material: jornal.
Formação: livre.
Desenvolvimento: a criança receberá uma folha de jornal, que deverá ser aberta
no chão. Ao comando do coordenador, ela deverá dobrar a folha sucessivamente
e permanecer em cima dela. Deve-se permanecer apenas na área da folha de
jornal, por menor que essa se torne.

Joguinhos

Objetivos específicos: estimular noção do espaço.


Material: jogos de encaixe com tamanhos e formas variadas.
Formação: individual.
16 Conceitos e estimulação dos elementos psicomotores

Desenvolvimento: o coordenador distribuirá um joguinho para cada criança.


À medida que elas desenvolvem a atividade, o professor auxilia e estimula a
execução da tarefa, fazendo com que elas explorem também aspectos como
cores, formas, texturas, nomes dos animaizinhos, etc. Após a compreensão e
execução da tarefa, trocam-se os joguinhos.

Organização temporal

Brinquedo cantado

Objetivos específicos: estimular linguagem, noção espaço-temporal, ritmo,


consciência corporal.
Formação: individual.
Desenvolvimento: o coordenador ensinará uma música e as crianças deverão
repetir algumas “palavras-chave” da melodia, seguindo o ritmo. Em seguida,
o coordenador acrescentará os movimentos (coreografia). O ideal é que as
crianças executem os movimentos antes do coordenador ensinar a coreografia.

Sugestão de música: Andar devagarinho.

“Agora vou andar devagarinho, devagarinho


agora vou andar abaixadinho, abaixadinho
agora eu vou andar bem lá no alto, bem lá no alto
agora eu vou andar batendo o pé, batendo o pé, batendo o pé
agora eu vou andar de marcha ré, de marcha ré, de marcha ré
agora eu vou andar batendo as mãos, batendo as mãos, batendo as mãos
agora eu vou andar com a mão no chão, com a mão no chão, com a mão no chão
eu vou andar que nem um avião, um avião, um avião”

Telefone sem fio sonoro

Objetivos específicos: estimular noção de tempo, audição e linguagem.


Material: instrumentos musicais.
Formação: em círculo.
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Desenvolvimento: cada criança com um instrumento. A primeira criança deve


tocar uma pequena célula rítmica em seu instrumento, a criança ao lado deve
tentar repeti-la e assim sucessivamente. Logo, sem os instrumentos musicais,
realiza-se o “telefone sem fio” da maneira tradicional: o coordenador dirá
uma palavra no ouvido da criança, que terá́ que repassar o que ouviu para o
colega ao lado, e assim sucessivamente até a última criança falar em voz alta,
a palavra em questão.

Pula-corda

Objetivos específicos: estimular organização espaço-temporal.


Material: corda grande ou pequena.
Formação: sozinho ou em grupo.
Desenvolvimento: na atividade em grupo, dois participantes, um em cada ex-
tremidade da corda, seguram e batem a corda para que outros pulem. Enquanto
pulam, as crianças deverão seguir os comandos do professor (com um pé, com
dois pés, passar antes que a corda toque o chão) ou da letra de uma música.

Lateralidade

Pênalti

Objetivos específicos: utilização simétrica dos pés.


Material: uma bola.
Desenvolvimento: cada criança deverá chutar a bola ao gol, lançando a bola
uma vez com o pé direito e uma vez com o pé esquerdo. O coordenador poderá
estimulá-las na atividade narrando, como se fosse um jogo.

Binóculo

Objetivos específicos: utilização simétrica dos olhos, estimulação da lingua-


gem, reconhecimento das letras.
Material: garrafa plástica sem fundo, letras do alfabeto.
Formação: individual.
Desenvolvimento: mostra-se para as crianças uma letra do alfabeto, e elas
só poderão dizer que letra é visualizando através do “binóculo” (a garrafa
plástica). Pede-se que a criança olhe com a vista direita e também com a
esquerda. O coordenador deverá dar maior ênfase no hemisfério (olho direito
ou esquerdo) que a criança preferiu visualizar no início da atividade. Pode-se
18 Conceitos e estimulação dos elementos psicomotores

também colocar algumas figuras de animais ou objetos na parte de dentro da


garrafa para estimulá-las na execução da atividade.

Quem faz mais pontos?

Objetivos específicos: utilização simétrica das mãos.


Material: uma bola e bambolês pendurados no gol.
Desenvolvimento: cada criança deverá lançar a bola ao gol com o intuito
de acertar dentro dos bambolês que lá estão pendurados. Cada bambolê vale
pontos diferentes. A bola deverá ser lançada uma vez com a mão direita e uma
vez com a mão esquerda. O professor poderá estimular as crianças a lançarem
a bola nos bambolês que valem mais pontos.

A educação e/ou reeducação motora contribui para o desenvolvimento integral


de crianças em idade escolar mediante assimilações e adaptações compensatórias
que levem ao equilíbrio das funções psicomotoras, proporcionando, sobretudo, o
aprimoramento consubstancial das crianças.

Este capítulo mostrou a importância da intervenção/reeducação motora


para o desenvolvimento infantil, bem como sugeriu atividades que podem ser
trabalhadas com crianças de diferentes idades e alterações motoras, conside-
rando adaptações que possam ocorrer em determinadas atividades conforme
os casos clínicos trabalhados.

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