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FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ

UNIVERSIDADE DE FORTALEZA
Centro de Ciências da Saúde – CCS

Curso de Psicologia

Disciplina de Psicomotricidade

Professora Michelle Sales

Observação Psicomotora

Diogo Militão
Luysa Gurgel
Rennara Hellen

Fortaleza – Ceará
Maio de 2014
INTRODUÇÃO

Um bebê recém-nascido faz muitas coisas, ainda que de maneira inconsciente, mas,
mesmo assim, as suas experiências corporais são registradas e isso graças a uma verdadeira
memória corporal. Nesse sentido, podemos afirmar que o desempenho psicomotor abrange o
desenvolvimento das funções de todo o corpo e suas partes. É através do movimento e ação
exploratória que a criança, ao usar seu corpo, adquiri conhecimento de si e suas
potencialidades, o que gera crescimento e maturação corpórea e cognitiva.

Todo conhecimento e toda relação estão baseadas no vivido. Dessa forma, a


construção do esquema corporal junto à consciência e o conhecimento, a organização
dinâmica e o uso do próprio corpo, devem ser a chave de toda educação da criança.

É importante considerar que o desenvolvimento psicomotor da criança está


estreitamente ligado à variação das condições constitucionais e ambientais, que, de forma
distinta e em diferentes combinações a cada momento, interferem em sua evolução. Entre as
causas ambientais que com grande frequência perturbam o desenvolvimento psicomotor da
criança, podemos citar, como de maior importância, a falta de estimulação adequada. Sabe-se
que o desenvolvimento motor é o processo de mudanças no comportamento que envolve
tanto a maturação do sistema nervoso central, quanto a interação com o ambiente e os
estímulos dados durante o desenvolvimento da criança.

Dessa forma, a investigação do processo evolutivo, assim como a identificação de


problemas relacionados ao seu desenvolvimento psicomotor possibilitam a intervenção
precoce em atrasos evolutivos e a implementação de programas de estimulação para
indivíduos com distúrbios de desenvolvimento. Estudos sobre a motricidade infantil, em geral,
são realizados com objetivo de conhecer melhor as crianças e de poder estabelecer
instrumentos de confiança para avaliar, analisar e estudar o desenvolvimento de alunos em
diferentes etapas evolutivas.

No presente trabalho, foram avaliadas algumas funções psicomotoras (motora,


perceptual, dominância lateral) em dois garotos, um com 11 e outro com 14 anos, ambos
fazem parte de uma instituição que visa o desenvolvimento comunitário do contexto em que
está inserida.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

I Caracterização da população estudada

Os dados observados foram dois garotos do sexo masculino, com idade de 11 e 14


anos.

II Análise dos dados

1 - Função Motora

Coordenação motora fina


Movimento de pinça, observado ao segurar o lápis no momento em que foi solicitado
que fizessem um desenho. Ambos demonstraram bom desenvolvimento.

Coordenação motora grossa, dinâmica corporal, postura e equilíbrio

Mantém uma boa postura ereta, com bom equilíbrio ao andar e se locomover de
maneira geral.

A coordenação geral apresenta dois aspectos diferentes que são: a coordenação


estática e a dinâmica, ou seja, quando a coordenação encontra-se em repouso ou em
movimento. Sobre este assunto, Costallat refere que a coordenação estática do equilíbrio
entre a ação dos grupos musculares antagonistas, estabelece uma função do tônus e permite a
conservação voluntária das atitudes, enquanto a coordenação dinâmica é a colocação em ação
simultânea de grupos musculares diferentes com vistas à execução de movimentos voluntários
complexos.

2 - Função Perceptual

Esquema corporal

Com desenho humano, em relação à discriminação de partes do corpo em objetos, a


criança conseguiu discriminar sem dificuldade. Assim, podemos observar que a criança
observada apresenta organização do esquema corporal adequada à sua faixa estaria.

Sobre esta faculdade humana, Costallat afirma que o corpo e suas capacidades se
constroem organicamente antes do nascimento; mas não há noção de sua existência. Seu
descobrimento e tomada de consciência são um processo de evolução posterior, que se
entrelaça com o desenvolvimento vital e se integra no esquema corporal.

Adaptação espacial

Esta adaptação espacial é a tomada de consciência da situação de seu próprio corpo


em um meio ambiente, isto é, do lugar e da orientação que pode ter em relação às pessoas e
coisas; ou a possibilidade do sujeito organizar-se perante o mundo que o cerca, de organizar as
coisas entre si, de colocá-las em um lugar, de movimentá-las.

Orientação espacial

Observamos que a criança mais velha não teve muitas dificuldades na brincadeira
“Céu, terra e mar”, demonstrando que apresenta um desenvolvimento adequado a sua faixa
etária no que se refere a orientação espacial Enquanto que a criança mais nova apresentou
alguma confusão.

Ritmo e concentração

Observado na brincadeira “Céu, mar e terra”. Esta atividade mostra que ambos
apresentaram um bom ritmo espontâneo, no entanto com algumas falhas na concentração.
Neste ponto de concentração, a criança menor teve mais erros devido a concentração que a
criança maior.

Discriminação esquerda/direita

Já avaliada no jogo do ping-pong. Criança maior com predomínio da mão direita,


porém com habilidade psicomotora com a mão esquerda, revelada no momento em que foi
solicitada para trocar a raquete de mão. No desenho também fez uso da mão direita.

Segundo Holle, a lateralidade é uma sensação interna de que o corpo possui dois
lados, que existe duas metades do corpo e que estas não são exatamente iguais. Ser capaz de
perceber a lateralidade, revela a sensação de que os dois lados do corpo não são exatamente
os mesmos, que uma das mãos é usada mais facilmente que a outra, é o início da
discriminação entre direita e esquerda.

Grafismo rítmico-perceptual

Quando pedimos para as crianças desenharem uma pessoa qualquer, ambas


desenharam o professor. Avaliamos a consistência de ritmo; alterações de modelo; inversões
de direção; reprodução inexata das figuras; confusões de ordem; tamanho irregular da
reprodução das formas gráficas.

As figuras analisadas mostraram que a criança mais velha apresenta mais regularidade
no tamanho em relação à criança mais nova. Ambas apresentaram alteração da consistência
do ritmo, fizeram uso de borracha várias vezes, com inversão de direção. Quanto ao uso do
modelo, no caso professor, a criança mais velha foi bem detalhista em seu desenho, com uma
boa reprodução das formas gráficas, na qual reproduziu até a estampa da camisa do professor.
Já a criança mais nova houve pequenas alteração do modelo e reprodução inexata. Ambos
reproduziram características mais marcantes da figura que estavam reproduzindo (a barba do
professor).

3 - Função de dominância lateral (Lateralização)

Jogo de ping-pong

Foi observado que a criança utiliza com maior habilidade com a mão direita, com
reflexos rápidos.

Apresenta bom equilíbrio com o pé direito.

A dinâmica corporal ou global da revisão Guilmain(10), tem por objetivos principais a


observação do equilíbrio, da coordenação estática e dinâmica, coordenação viso-motriz,
destreza, agilidade e persistência motora de base.
Depois de observado a lateralidade e constatado uso da mão direita, pedimos que a
criança passasse a raquete do ping-pong para a mão esquerda, onde também consegue
realizar movimentos coordenados com esta mão.

Machado refere que o conceito de dominância lateral sob o ponto de vista funcional
mostra que os dois hemisférios cerebrais não são simétricos, havendo sempre um hemisfério
mais importante, ou seja, um hemisfério dominante.

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