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BIOÉTICA – INTRODUÇÃO:
Bioética: vida + valores morais e princípios ideais do comportamento humano
Origens da filosofia grega => pensadores tratavam das questões do comportamento
humano -> ética.
A primeira definição de bioética:
O Prof. Van Rensselaer Potter manifestou preocupação pelo problema ambiental e pela
repercussão do modelo de progresso que se difundia na década de 60. O seu
pensamento bioético foi claramente influenciado pelas ideias de Aldo Leopold e Albert
Schweitzer.
“Temos uma grande necessidade de uma ética da terra, uma ética para a vida selvagem,
uma ética de populações, uma ética de consumo, uma ética urbana, uma ética
internacional, uma ética geriátrica e assim por diante... Todas elas envolvem a bioética.”
As influências de Potter:
Albert Schweitzer (1875 – 1965) -> “Uma ética que nos obrigue apenas a preocupar-nos
com os homens e a sociedade é incompleta. Somente aquela que é universal e nos obriga
a cuidar de todos os seres vivos, é que nos coloca verdadeiramente em contato com o
universo e a vontade nele manifestada.”
Aldo Leopold (1887 – 1948) -> Prof. Aldo Leopold lançou as bases para a Ética Ecológica,
que inspiraria Potter a lançar o termo Bioética, em 1970. Escreveu os 1ºs textos que
abrangiam eticamente os aspectos da vida do planeta (a que Potter mais tarde chamaria
de Ética Global.”
O percurso histórico da bioética:
Em 1971, Potter volta a utilizar o termo Bioética para dizer que é “a ponte entre a ciência
e as humanidades.”
Em 1988 Potter elabora nova versão de Bioética: A Bioética Global, isto é: “A Bioética é a
combinação da biologia com conhecimentos humanísticos diversos constituindo uma
ciência que estabelece um sistema de prioridades médicas e ambientais para uma
sobrevivência aceitável.”
Seguiram-se vários autores, entre os quais salientamos: Reich, Roy, Durant, Engelhardt,
Comte-Sponville. E surge então:
Por Potter, em 1998, a definição de Bioética Profunda. Tratou-se de uma aplicação do
conceito proposto pelo Prof. Arne Naess (Ecologia Profunda) à Bioética.
Definição de Bioética Profunda: é a nova ciência ética que combina a humildade,
responsabilidade e uma competência interdisciplinar, intercultural e que potencializa o
senso de humanidade.
Daí para cá muitos autores têm definido “Bioética”... eis uma das últimas:
Onora O’Neill (em: “Autonomy and Trust in Bioethics.” (Cambridge – 2002): Bioética é
um campo de encontro para numerosas disciplinas, discursos e organizações envolvidas
em questões levantadas por questões éticas, legais e sociais trazidas pelos avanços da
medicina, ciência e biotecnologia.
Evolução do conceito de bioética:
Três estágios:
Bioética Ponte – 1970
Bioética Global – 1988
Bioética Profunda – 1998
Bioética Ponte – 1970:
Características:
Visão mais restrita dos problemas éticos, ligados à assistência e à pesquisa em saúde.
Principais estudiosos: Prof. Warren Reich e Le Roy Walters, ambos do Kennedy
Institute, da Universidade de Georgetown-Washington (criado em 1970 por Joseph e
Rose Kennedy – Institute for Study of Human Reproduction and Bioethies).
Bioética Global – 1988:
Características:
Visão abrangente dos problemas do mundo, incluindo questões da saúde e da ecologia,
numa proposta pluralista e globalizante, como na obra do Prof. Tristan Engelhardt.
Bioética Profunda – 1998:
Em 1998, Potter propõe que a Bioética está atualmente no 3º estágio de evolução de seu
conteúdo, configurado no que ele chamou de Bioética Profunda.
Características:
Visão abrangente dos problemas mundiais, incluídos a Ecologia e os Direitos Humanos,
acolhidos na Convenção sobre Bioética e Direitos Humanos, firmada em Paris em 2005.
Esta denominação foi utilizada pela primeira vez pelo Prof. Peter Whitehouse,
aplicando à Bioética o conceito de Ecologia Profunda, do filósofo norueguês Arne
Naess.
Características fundamentais:
Abrangência
Pluralismo
Interdisciplinaridade
Abertura
Incorporação crítica de novos conhecimentos em todas as suas propostas de definição.
Dilemas bioéticos:
“A Bioética é uma ética aplicada que se ocupa do uso correto das novas tecnologias na
área das ciências médicas e da solução adequada dos dilemas morais por elas
apresentados”. => Principialismo
Principialismo:
Conjunto de princípios, de referenciais, de meios, que contribuem para orientar a
reflexão e a efetivação da ação ética.
Origem: EUA – Relatório de Belmont e Beauchamp e Childress
Atualmente tem abrangência mundial
Relatório Belmont, redigido pela Comissão Nacional criada pelo Congresso Norte-
Americano, em 1974 e assinado no Centro de Conveções Belmont, da Universidade de
Elkridge, no Estado de Mariland.
O Relatório Belmont apresentou três princípios basilares da Bioética, inspirado na
Convenção de Helsinque: autonomia, beneficência e justiça.
Houve a necessidade de um quarto princípio. Hoje: 1) Respeito da autonomia; 2) Não-
maleficência; 3) Beneficência; 4) Justiça
Princípios básicos, evidentes e incontestáveis que fundamentam a vida moral.
Obrigatórios numa primeira consideração.
Princípio da Autonomia:
Autonomia => Capacidade de pensar, decidir e agir de modo livre e independente
“Sobre si mesmo, sobre seu corpo e sua mente, o indivíduo é soberano.”
Respeito à pessoa autônoma:
Capaz de deliberar e agir de acordo com suas convicções
Considerar suas opiniões e escolhas e evitar a obstrução de suas ações
Proteção às pessoas com autonomia diminuída:
Indivíduos mentalmente comprometidos, pessoas institucionalizadas (prisioneiros), etc.
Princípio da Beneficência:
Beneficência => Fazer o bem
Obrigação moral de agir para o benefício do outro
Deve-se fazer o bem ao outro independente de deseja-lo ou não.
“Usarei meu poder para ajudar os doentes com o melhor de minha habilidade e
julgamento; abster-me-ei de causar danos ou de enganar a qualquer homem com ele.”
(Hipócrates)
Princípio da Não-maleficência:
Não causar dano intencional, não prejudicar.
“Usarei meu poder para ajudar os doentes com o melhor de minha habilidade e
julgamento; abster-me-ei de causar danos ou de enganar a qualquer homem com ele.”
(Hipócrates)
Evolução do Principialismo:
O princípio da não-maleficência é introduzido na Bioética pelos oncologistas norte-
americanos Tom Beauchamp e James Childress, na obra “Principles of Biomedical Ethics.”
(1977)
Noção de não-maleficência: “As obrigações de não-maleficência são obrigadações de não
prejudicar e de não impor riscos de dano.”
“Não devemos infligir mal ou dano.”
O Principialismo é um conjunto de postulados básicos que, mesmo não possuindo um
caráter de princípios absolutos, serve para ordenar as discussões bioéticas.
A vantagem do Principialismo é ser operacional, facilitando a análise dos casos, e
constitui-se num componente necessário do debate bioético.
Os quatro princípios, com a sua formulação elementar, proporcionam uma linguagem clara
e acessível, mesmo aos leigos, para o debate das questões, a deliberação e a decisão.
Hipócrates: “Pratique duas coisas ao lidar com as doenças; auxilie ou não prejudique o
paciente.” => Princípio da Beneficência e da Não-Maleficência
Princípio da Justiça:
Justiça distributiva => distribuição justa, equitativa e apropriada na sociedade, de acordo
com normas que estruturam os termos da cooperação social.
Capítulo V – Relação com pacientes e familiares:
É vedado ao médico:
Art. 32.: Deixar de usar todos os meios disponíveis de promoção de saúde e de
prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças, cientificamente reconhecidos e a seu
alcance, em favor do paciente.
“Bioética não é uma disciplina, nem mesmo uma nova disciplina. Ela se tornou um campo
de encontro para numerosas disciplinas, discursos e organizações envolvidas com
questões levantadas por questões éticas, legais e sociais trazidas pelos avanços da
medicina, ciência e biotecnologia.”
Não é uma disciplina isolada -> envolve questões da vida relacionadas com diversas áreas
(Medicina, Nutrição, Biologia, Filosofia, Sociologia, Teologia, Antropologia, Ecologia,
Direito, Política).
Reflexão ética sobre os seres vivos tais como eles se apresentam nas relações cotidianas
do mundo vivido e nos contextos teóricos, bem como práticos, da ciência e da pesquisa.
Aplicada à vida humana e não humana. Abrange questões relacionadas com o meio
ambiente e o trato com animais.
“Bioética nada mais é do que os deveres do ser humano para com o outro ser humano e
de todos para com a humanidade.” – André Comte-Sponville
Capítulo I (Código de Ética Médica) – Princípios Fundamentais:
I – A Medicina é uma profissão a serviço da saúde do ser humano e da coletividade e será
exercida sem discriminação de nenhuma natureza.
II – O alvo de toda a atenção do médico é a saúde do ser humano, em benefício da qual
deverá agir com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade profissional.
III – Para exercer a medicina com honra e dignidade, o médico necessita ter boas
condições de trabalho e ser remunerado de forma justa.
IV – Ao médico cabe zelar e trabalhar pelo perfeito desempenho ético da medicina, bem
como pelo prestígio e bom conceito da profissão.
V – Compete ao médico aprimorar continuamente seus conhecimentos e usar o melhor do
progresso científico em benefício do paciente e da sociedade.
VI – O médico guardará absoluto respeito pelo ser humano e atuará sempre em seu
benefício, mesmo depois da morte. Jamais utilizará seus conhecimentos para causar
sofrimento físico ou moral, para o extermínio do ser humano ou para permitir e acobertar
tentativas contra sua dignidade e integridade.
VII – O médico exercerá sua profissão com autonomia, não sendo obrigado a prestar
serviços que contrariem os ditames de sua consciência ou a quem não deseje, excetuadas
as situações de ausência de outro médico, em caso de urgência ou emergência, ou quando
sua recusa possa trazer danos à saúde do paciente.
VIII – O médico não pode, em nenhuma circunstância ou sob nenhum pretexto, renunciar
à sua liberdade profissional, nem permitir quaisquer restrições ou imposições que possam
prejudicar a eficiência e a correção de seu trabalho.
IX – A medicina não pode, em nenhuma circunstância ou forma, ser exercida como
comércio.
Principais temas:
Diagnóstico pré-natal; conselhos genéticos; eugenia fetal; terapia genética.
Reprodução humana assistida em todas as suas modalidades e suas implicações técnicas
(bancos de esperma, bancos de embriões, mães de aluguel).
Práticas abortivas, esterilização masculina e feminina.
Terapia e manipulação genética em todas as suas formas.
Experiências com animais.
Experiências como seres humanos, embriões e cadáveres em qualquer fase do ciclo vital.
Reanimação, eutanásia e direito a uma morte digna.
Biogenética animal e vegetal.
Investigação e desenvolvimento de armas biológicas e químicas.
Informações clínicas e a sua comunicação ao paciente.