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Nas últimas quatro décadas a legislação que tange a Educação Especial

têm apresentado grandes avanços no Brasil, o que acompanha uma tendência


internacional. Apesar disso, ainda existem muitas barreiras sociais que
precisam ser superadas para que pessoas com deficiência tenham acesso a
espaços e serviços podendo assim exercer de forma plena sua cidadania.
Nesse contexto, a questão da acessibilidade é um tópico importante a ser
discutido.

No presente estudo de caso, a provocação inicial relata o contexto de


um aluno cadeirante de uma Instituição de Ensino Superior (IES) que se vê
diante de barreiras para seu acesso e permanência na instituição, reivindicando
junto à IES a adequação desse espaço. Entendemos que a educação é um
direito de todos assegurado pela Constituição de 1988 (BRASIL, [2016]). Na
esteira dos avanços das Políticas Públicas de inclusão um marco importante foi
a promulgação da Lei de Inclusão ou Estatuto da Pessoa com Deficiência, a Lei
nº 13.146, de 6 de julho de 2015, que trata da inclusão de pessoas com
deficiência nas diferentes esferas da vida em sociedade, criando mecanismo
que possibilitem o acesso pleno e o exercício de seus direitos.

No que tange ao âmbito da Educação, a Lei de Inclusão em seu artigo


28 reitera que “A educação constitui direito da pessoa com deficiência,
assegurados sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado
ao longo de toda a vida. (BONFIM, 2022, p. 47). Sendo uma obrigação do
poder público1 a “oferta de serviços e de recursos de acessibilidade que
eliminem as barreiras e promovam a inclusão plena. (BONFIM, 2022, p. 47)

Nesse contexto, a garantia de uma educação de qualidade em todos os


níveis e com a adequação de espaços é prevista e reiterada na legislação
atual. Porém, como no caso retratado, muitos estudantes ainda encontram com
espaços não adaptados às suas necessidades, o que prejudica seu acesso e
permanência nas escolas de educação básica e IES. De acordo com Franco e
Gomes (2020) uma vez que a escolarização não é inclusiva, os riscos de
evasão são muito grandes, sendo necessário uma mudança ampla e sistêmica,
assim como uma mudança de atitude de toda a sociedade.

1
Obrigações que se estendem às Instituições de Ensino Privadas, segundo o parágrafo 1º do
artigo n.º 28 da mesma lei.
Tendo em vista a questão da acessibilidade, a perspectiva do Desenho
Universal2 impõe o desafio de se pensar a arquitetura de espaços públicos de
forma tal que todas as pessoas possam acessá-los livremente. No contexto
apresentado para este estudo de caso, o aluno utilizava o espaço dos carros
para acessar as áreas da IES, a qual também não contava com banheiros
adaptados para o uso de cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida.
Nesse sentido, a IES, em caráter de urgência, necessita realizar as mudanças
necessárias. Uma referência importante para essas adaptações dos espaços é
a ABNT NBR 9050 (ABNT, 2020), que trata da Acessibilidade a edificações,
mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Esta norma traz referências para
a adequação de espaços tendo em vista a largura de corredores, espaços de
manobra com cadeira de rodas, adaptação de sanitários, afixação de corrimões
e sinalização e construção de rampas. Contudo, é necessário lembrar que se a
instituição visa a adequação de seus espaços, precisa ter como objetivo um
projeto arquitetônico capaz de acolher todas as necessidades. O ponto de
partida é sem dúvida a necessidade imediata do estudante cadeirante, porém a
longo prazo a instituição tem de estar apta a atender todas as diferentes
necessidades especiais educacionais, tornando-se assim, realmente inclusiva.

Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 9050:


Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos
urbanos. 2020. Rio de Janeiro, 2020.
BONFIM, Symone Maria (org.). Legislação sobre pessoa com deficiência.
10ª edição. Brasília: Câmara dos Deputados, 2022.

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do


Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 2016. 496 p. Disponível em:
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/518231/CF88_Livro_EC91
_2016.pdf. Acesso em: fev/2023.
FRANCO, Renata Maria da Silva; GOMES, Cláudia. Educação Inclusiva para
além da Educação Especial: Uma revisão parcial das produções nacionais.
Revista Psicopedagogia, 37 (113), 2020, p. 194-207.

2
Segundo o texto da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (2015) Desenho
Universal abrange a “concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a serem
usados por todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou de projeto específico,
incluindo os recursos de tecnologia assistiva” (BONFIM, 2022)

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