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SISTEMA DE ENSINO E

LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL
AULA 3

Profª Márcia Regina Mocelin


Profª Sueli Pereira Donato
CONVERSA INICIAL

Nesta aula, abordaremos os seguintes assuntos:

 a organização e o funcionamento do ensino fundamental (EF) no Brasil,


com base na LDBEN: 4.024/1961; 5.692/1971 e 9.394/1996;

 os desafios existentes na expansão do ensino fundamental nas últimas


décadas, entre eles, o analfabetismo funcional;

 o acesso, a permanência e a qualidade do ensino fundamental;

 a organização do ensino – entre a escola seriada e os ciclos de


aprendizagem;

 a relação entre a avaliação da aprendizagem e a organização curricular;

 o ensino fundamental no campo das políticas educacionais com destaque


para a municipalização e os conselhos municipais;

 o financiamento da educação: Fundeb;

 o PNE e a BNCC no tocante ao EF com destaque para os limites, desafios


e avanços na superação do analfabetismo funcional que acompanham e
perpassam, historicamente, as políticas educacionais e as relações de
poder na sociedade brasileira.

TEMA 1 – ENSINO FUNDAMENTAL – ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO


NA LDBEN

O ensino fundamental na LDBEN (9.394/1996) corresponde à segunda


etapa da educação básica, obrigatória e gratuita às crianças a partir dos 6 anos
de idade. Possui 9 (nove) anos de duração e compreende duas fases: anos
iniciais (1º ao 5º ano) e anos finais (6º ao 9º ano) de ensino. Cada fase tem suas
especificidades: a primeira abarca a alfabetização e o letramento, já a segunda
se volta mais para as bases de português, matemática, geografia, história,
ciências, arte e educação física. Seu funcionamento se respalda na CF/1988,
LDBEN, DCNEF, PNE e a BNCC.

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A Lei n. 5.691/1971 fixou em 8 anos a duração do ensino de primeiro grau
e obrigatório a partir dos 7(sete) anos de idade, já a LDBEN n. 4.024/1961
estabelecia apenas 4 anos de ensino primário obrigatórios.
Os avanços na legislação atual para ampliar o acesso e assegurar a
permanência e conclusão do ensino fundamental existem, mas a qualidade tem
sido questionada em face do analfabetismo funcional.
A jornada escolar é o tempo de permanência na escola, sendo que a
obrigatoriedade, que era dos 6 aos 14 anos, a partir de 2016, passou a ser dos
4 aos 17 anos. Então, toda a criança tem que frequentar a escola, o que significa
que, minimamente, todos devem ter que dar 800 horas anuais de aula, divididos
por 200 dias letivos, então se a escola funciona manhã e tarde com os mesmos
alunos, não podemos considerar isso como horas, porque as 800 horas têm de
ser distribuídas em, no mínimo, 200 dias letivos. Pode haver mais, claro, mas
não pode haver menos.
Além disso, a LDB coloca que, dentro dessa jornada escolar, desses 200
dias letivos, nós não podemos considerar os exames finais. Os exames finais
não podem ser computados como parte dos 200 dias letivos. É permitido que a
criança tenha 25% de faltas, ou seja, ela tem que ter 75% de frequência na
escola, para poder ser aprovada. Se ela não tiver isso, ela é reprovada. A
avaliação acaba compondo essa jornada, como parte de todos esses 200 dias
letivos, mas ela tem que ser diagnóstica. Deve ser uma avaliação que não sirva
apenas para quantificar o que o aluno sabe.
As Diretrizes Curriculares do Ensino Fundamental têm como temas
articuladores a saúde, a sexualidade, a vida familiar e social, o trabalho, o meio
ambiente, a ciência e a tecnologia, a cultura e as linguagens. Esses temas
articuladores não são disciplinas, mas devem permear a organização curricular
do ensino fundamental. A ideia no ensino fundamental é a de que deve
proporcionar ao aluno o relacionar-se com o mundo em que vive.

TEMA 2 – ENSINO FUNDAMENTAL – ACESSO, PERMANÊNCIA E


QUALIDADE

Acesso, permanência e qualidade, são questões presentes no campo da


legislação, como assevera o Art. 3º (LDBEN, 1996): “I - igualdade de condições
para o acesso e permanência na escola”.

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Sobre o acesso ao EF, o art. 208 da Constituição Federal (Brasil, 1988)
assevera: “§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público
subjetivo”. Entretanto, o acesso se articula com a oferta de vagas, uma vez que
na prática, garantir o acesso a todos em idade de frequentar o EF, envolve
muitas variáveis.
De acordo com o Art. 5º da LDBEN (1996), redação dada pela Lei n.
12.796, de 2013:

O acesso à educação básica obrigatória é direito público subjetivo,


podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação
comunitária, organização sindical, entidade de classe ou outra
legalmente constituída e, ainda, o Ministério Público, acionar o poder
público para exigi-lo (Brasil, 2013).

Garantir o acesso, no entanto, não traz a garantia da permanência. No


ensino fundamental é um desafio de grande complexidade face à crescente
evasão nas escolas por diversos motivos, dentre os quais se situam motivos de
ordem familiar, social, violência etc.
O enfrentamento e o combate à evasão para assegurar a permanência
têm o apoio do Conselho Tutelar, das redes de proteção e o projeto escola que
protege.
Novamente oferecer acesso e garantir a permanência não significa
promoção de educação com qualidade, portanto esse item da qualidade tem
muitas implicações vinculadas.
A qualidade da educação ofertada é fator preponderante para viabilizar a
construção do conhecimento e a reflexão crítica para que os educandos
consigam compreender e intervir em sua realidade circundante.
A LDBEN 1996, em seu art. 3º, diz: “IX - Garantia de padrão de qualidade”
(Brasil, 1996). A Lei 12.056 acrescenta: “§ 2º - Formação inicial e continuada dos
profissionais do magistério que poderão utilizar recursos e tecnologias de EaD”
(Brasil, 2009).
Além disso, a qualidade da oferta do ensino fundamental se relaciona
com a formação inicial e continuada de professores e com a função social da
escola em assegurar o processo de ensino e aprendizagem.
O acesso é ofertado com base na existência da vaga, no entanto
proporcionar a permanência exige muito mais do que isso. A permanência pode
se dar, por exemplo, com a oferta do ensino em horários contrários, como o
ensino noturno, a oferta de transporte público, de material, de organização
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curricular adequada às condições dos estudantes. Garantir a permanência é
muito complexo. O acesso hoje à educação no Brasil é uma grande conquista,
no entanto a permanência para a conclusão da educação básica e ainda a
chegada à educação superior é marcada por muitas dificuldades. A Constituição
garante que nenhuma criança, nenhum adolescente, nenhum jovem deixe de
estudar por falta de vagas. A permanência é controlada pela escola e, quando
um estudante começa a faltar, é obrigação da escola comunicar aos pais e,
quando isso não resolver, deve-se então comunicar o Conselho Tutelar, que
tomará as devidas providências.

TEMA 3 – ORGANIZAÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL – ENTRE A SÉRIE


(ANO) E OS CICLOS DE APRENDIZAGEM

A partir dos anos de 1990, diferentes modalidades de políticas de ciclos


na organização da escolarização do EF foram implementadas em atendimento
ao art. 23 da LDBEN 9.394/1996: “A educação básica poderá organizar-se em
séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de
estudos, grupos não-seriados, com base na idade, na competência e em outros
critérios” (Brasil, 1996).
No regime seriado, a organização do ensino se dá por meio de séries
(anos) permeada pela cultura da reprovação e padronização no processo
avaliativo. Ambos os modelos são objeto de muitas críticas no meio acadêmico.
Não basta adotar diferentes modalidades de ciclos pedagógicos; é preciso cuidar
com a sua efetivação em suas especificidades e singularidades locais,
estratégias de acompanhamento e envolvimento de todos os profissionais.
Os ciclos de aprendizagem constituem uma forma de eliminar a
reprovação e prover a alfabetização/aprendizagem contínua. Trata-se de uma
política inclusiva que objetiva assegurar a permanência e o sucesso escolar por
meio da flexibilidade na organização da escolaridade em que se considera a
conquista das aprendizagens dos estudantes, e se valoriza o tempo e espaço
escolar.

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TEMA 4 – AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM E A ORGANIZAÇÃO
CURRICULAR – ARTICULAÇÕES NECESSÁRIAS

O campo da avaliação da aprendizagem no ensino fundamental se


articula com a organização curricular à medida que prioriza aspectos qualitativos
sobre os quantitativos. Na dimensão qualitativa, os conteúdos ensinados devem
fazer sentido à vida dos alunos e colaborar para a compreensão do mundo em
que vivem. Trata-se de priorizar conteúdos que se articulam à prática social
concreta dos alunos. Para isso, a LDBEN (Brasil, 1996), art. 26, estabeleceu uma
base nacional comum (obrigatória) e uma parte diversificada (interesses da
comunidade) na definição dos conteúdos escolares de forma integrada. Essa
definição deve-se respaldar nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNEF)
instituída pela Resolução n. 7/2010, para que a escola possa assegurar a
aprendizagem dos estudantes com significado social.
Toda organização curricular da educação básica tem áreas de
conhecimento obrigatório chamadas de base comum, a qual deve ser formada
por linguagens, matemática, concepções políticas e permeará toda educação do
país. A maior parte do currículo é ocupada pela parte comum, e a parte
diversificada é ocupada em menor proporção. A escola tem que procurar
atender, nessa parte diversificada, aos interesses da comunidade, na medida de
suas condições.
Mais recentemente, temos a BNCC (2017), de caráter normativo, que
estabelece competências gerais e diretrizes para o EF – aprendizagens
essenciais à formação humana integral.

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Figura 1 – Competências gerais da Base Nacional Comum Curricular

Fonte: Brasil, 2018.

TEMA 5 – ENSINO FUNDAMENTAL NO CAMPO DAS POLÍTICAS


EDUCACIONAIS

Dentre as políticas educacionais no campo de EF, situa-se a


municipalização dessa etapa de ensino: os municípios devem oferecer com
prioridade as matrículas do EF (1º ao 5º ano) regular em atendimento ao regime
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de colaboração entre os entes federados, como propõe a LDBEN (Brasil, 1996)
em seu art. 11. Porém, há de serem consideradas as diferenças
socioeconômicas entre o universo municipal em nosso país e que afetam a
qualidade da oferta do EF. Nesse ponto, é fundamental o papel dos Conselhos
Municipais de Educação (CME) com suas funções consultivas, normativas,
deliberativas e fiscais.
No campo do financiamento da educação, situa-se o Fundeb (2007) em
substituição ao Fundef.
Em 1995, no governo de Fernando Henrique Cardoso, também foi
percebido uma desigualdade social muito grande e, com isso, instalou-se uma
nova política de financiamento da educação chamada Fundef. A CF de 1988 e a
LDBEN de 1996 fixaram que o ensino de qualidade deveria estabelecer padrão
mínimo de oportunidades educacionais para o ensino fundamental e que este
deveria ser fixado em cálculo do custo mínimo por aluno capaz de assegurar
ensino de qualidade. Nessa perspectiva, foi instituído o Fundef – Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do
Magistério – que constitui a articulação de recursos federais, estaduais, distrital
e. Municipais para o ensino fundamental.
O Fundef vigorou por dez anos e em 2007 foi substituído pelo Fundeb, no
governo de Luis Inácio Lula da Silva, tentando fazer com que a focalização
apenas no ensino fundamental não existisse mais.
O Pacto Nacional de Alfabetização na Idade Certa (PNAIC, 2012)
contempla 4 eixos, a saber:

1° - Formação continuada de professores alfabetizadores;

2° - Materiais didáticos e pedagógicos;

3° - Avaliações (ANA, Provinha Brasil);

4° - Gestão, controle social e mobilização.

Resultado de imposição constitucional reiterada pela lei de diretrizes e


bases da Educação Nacional o Plano Nacional da Educação (2014-2024),
estabelece prioridade ao ensino fundamental por meio das metas (2; 5; 6 e 7),
as quais se desdobram em estratégias políticas e programas educacionais.
Destas metas, a mais importante reside na meta 2: universalizar o ensino
fundamental de 9 (nove) anos para toda a população de 6 (seis) a 14 (quatorze)
anos e garantir que pelo menos 95% (noventa e cinco por cento) dos alunos
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concluam essa etapa na idade recomendada, até o último ano de vigência deste
PNE.
No PNE, encontramos o respaldo legal para a criação da Base Nacional
Comum Curricular, considerada referência nacional obrigatória para a
elaboração ou adequação dos currículos e propostas pedagógicas. A BNCC tem
o intuito de diminuir as desigualdades de oportunidades que a escola pode
ofertar. Tem força de lei, e esta seguramente voltada para o fortalecimento da
qualidade educacional.
É importante enfatizarmos que todas são políticas que almejam a
qualidade do EF, mas a real qualidade se efetiva em cada escola, em sua
singularidade.

NA PRÁTICA

Do estudo das políticas públicas educacionais no campo do EF são


notórios seus avanços para assegurar uma educação de qualidade na oferta do
EF.
Desse modo, ao refletir sobre o impacto destas políticas, algumas
questões se colocam:

 Que entraves e possibilidades você percebe na oferta do EF de qualidade


na superação do analfabetismo funcional?

 Quais as implicações dos ciclos em relação ao currículo, metodologia,


avaliação, gestão da escola?

 Que vantagens e desvantagens você percebe na política dos ciclos no


EF?

 O que diferencia a DCN e a BNCC e qual seu impacto na organização


curricular e na formação dos alunos?

 Escolha uma disciplina que mais lhe chame a atenção e reflita sobre a
Base Comum Nacional Curricular e a parte diversificada à luz da
legislação.

Em suma, sugerimos um estudo aprofundado e crítico sobre as políticas


educacionais para enriquecer suas aulas, pois a ideia de educação é a de que
devemos formar o homem pleno, o cidadão crítico e consciente de seus direitos
e deveres.

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FINALIZANDO

Nesta aula, discutimos alguns elementos importantes para análise e


compreensão do acesso e permanência dos estudantes no EF articulados à
oferta de uma educação de qualidade. Para isso, abordamos as principais
políticas educacionais nesse campo: a municipalização do EF obrigatório e sua
ampliação para 9 (nove) anos; os ciclos de aprendizagem; a organização
curricular (DCNEF, 2010; BNCC, 2017); o Fundeb (2007-2020); o PNAIC (2012)
e, as metas do atual PNE.
Depreendemos que tais políticas não são meramente implementadas
pelos atores da escola no contexto da prática devido ao processo de hibridização
a que estão sujeitas (Ball, 2001).
O contexto dos resultados reflete a tradução elaborada pelo contexto da
prática, que, por sua vez, está atrelado a diversos fatores contextuais existentes
no interior de uma sociedade (Mainardes, 2009).
Do ensino fundamental se espera a dimensão de caráter essencialmente
formativo (Cury, 1998).

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REFERÊNCIAS

BALL, S. J. Diretrizes políticas globais e relações políticas locais em educação.


Currículo sem fronteiras, v.1, n.2, p.99-116, jul/dez. 2001.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial


da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 5 out. 1988.

BRASIL. Fundeb, Manual de orientação. Brasília: Ministério da Educação,


2007.

BRASIL. Lei n. 7 de 14 de dezembro de 2010. Diário Oficial da União, Poder


Legislativo, Brasília, DF, 15 dez. 2010.

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Legislativo, Brasília, DF, 27 dez. 1961.

_____. Lei n. 5.692, de 11 de agosto de 1971. Diário Oficial da União, Poder


Legislativo, Brasília, DF, 12 ago. 1971.

_____. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Diário Oficial da União, Poder


Legislativo, Brasília, DF, 16 jul. 1990.

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Brasília, DF, 23 dez. 1996.

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Legislativo, Brasília, DF, 7 fev. 2006.

_____. Lei n. 12.056, de 13 de outubro de 2009. Diário Oficial da União, Poder


Legislativo, Brasília, DF, 14 out. 2009.

_____. Lei n. 12.976, de 4 de abril de 2013. Diário Oficial da União, Poder


Legislativo, Brasília, DF, 5 abr. 2013.

_____. Lei n. 13.005, de 25 de junho de 2014. Diário Oficial da União, Poder


Legislativo, Brasília, DF, 26 jun. 2014.

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Brasília: MEC, 2018. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-
content/uploads/2018/02/bncc-20dez-site.pdf>. Acesso em: 9 jan. 2019.

BRASIL. Ministério da Educação – MEC. Diretrizes Curriculares Nacionais


Gerais da Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, DCEI, 2013. Disponível em:

11
<http://portal.mec.gov.br/docman/abril-2014-pdf/15548-d-c-n-educacao-basica-
nova-pdf/file>. Acesso em: 9 jan. 2019.

BRASIL. Ministério da Educação – MEC. Pnaic – Pacto Nacional pela


Alfabetização na Idade Certa. Portaria n. 867, de 4 de julho de 2012.

CURY, C. R. J. O ensino médio no Brasil: histórico e perspectivas. Educação


em Revista, Belo Horizonte, n. 27, p. 73-84, jul. 1998.

MAINARDES, J. A escola em ciclos: fundamentos e debates. São Paulo:


Cortez, 2009.

MAINARDES, J.; Marcondes, M. I. Entrevista com Stephen J. Ball: um diálogo


sobre justiça social, pesquisa e política educacional. Educação & sociedade,
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SOARES, K. C. D.; SOARES, M. A. S. S. Sistema de ensino: legislação e


política educacional para a educação básica. Curitiba: InterSaberes, 2017.

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