Você está na página 1de 17

Contemporânea

Contemporary Journal
3(10): 19583-19599, 2023
ISSN: 2447-0961

Artigo

EDUCAÇÃO INCLUSIVA: FORMAÇÃO DE


PROFESSORES E OS DESAFIOS NA SALA DE AULA

INCLUSIVE EDUCATION: TEACHER TRAINING AND THE


CHALLENGES IN THE CLASSROOM

DOI: 10.56083/RCV3N10-158
Recebimento do original: 22/09/2023
Aceitação para publicação: 27/10/2023

Luciano Rodrigues Santana


Especialista em Psicopedagogia
Instituição: Fundação de Amparo à Pesquisa (FUNAPE)
Endereço: Avenida Esperança, 1533, Vila Itatiaia, Goiânia – GO, CEP: 74690-265
E-mail: admlucianosantana@gmail.com

Carlla Barbosa de Morais Ramos


Especialista em Metodologia do Ensino Fundamental
Instituição: Universidade Federal de Goiás (UFG)
Endereço: Avenida Sebastião Berquó Q. 2 L7, Bacalhauzinho, Goiás – GO, CEP: 76600-000
E-mail: cacarllamorais@gmail.com

Eder Luz Xavier dos Santos


Mestre em Desenvolvimento Rural Sustentável
Instituição: Universidade Estadual de Goiás (UEG)
Endereço: Avenida Cinco de Janeiro, s/n, Setor Universitário, Sanclerlândia – GO, CEP: 76160-000
E-mail: ederpadrão@gmail.com

Kelly Cardoso de Araújo Alves


Especialista em Psicopedagogia
Instituição: Universidade Gama Filho (UGF)
Endereço: Rua João Nogueira Neto, s/n, quadra L, lote 16, Cromínia – GO
E-mail: kellyalves@aluno.facmais.edu.br

Meiry Lázara dos Santos Mariano


Especialista em Gestão de Projetos Sociais
Instituição: Centro Universitário Barão de Mauá – Unidade Central
Endereço: Rua Ramos de Azevedo, 423, Jardim Paulista, Ribeirão Preto – SP, CEP: 14090-062
E-mail: meirylazara@hotmail.com

19583

Revista Contemporânea, v. 3, n. 10, 2023. ISSN 2447-0961


Simone Candido Simão Franco
Especialista em Educação Especial Inclusiva
Instituição: Universidade Gama Filho (UGF)
Endereço: Avenida Luiz Candido de Almeida, s/n, Qd 09, LT 07, Centro, Cezarina – GO
E-mail: symonesymao@hotmail.com

Mara Nubia Torres Vieira


Especialista em Arte e Educação
Instituição: Faculdade Campos Elíseos (FCE)
Endereço: Rua Londres, s/n, Qd 18, Lt 05, Residencial Solar Central Park, Aparecida de Goiânia – GO
E-mail: mara_nubi@yahoo.com.br

Juara Santos Fragoso


Especialista em Educação Física Escolar
Instituição: Universidade Estadual de Goiás (UEG)
Endereço: Avenida Cinco de Janeiro, s/n, Setor Universitário, Sanclerlândia – GO, CEP: 76160-000
E-mail: juaradiretora@gmail.com

Bruno Santana Silva


Especialista em Mentoria para Educação Profissional e Tecnológica
Instituição: Faculdade Delta
Endereço: Aveninda São Carlos, 911, Jardim Planalto, Goiânia – GO, CEP: 74333-020
E-mail: brunosanthanna@gmail.com

RESUMO: Este trabalho foi realizado por meio de uma pesquisa bibliográfica
com o objetivo de enfatizar a importância da proposta da escola inclusiva,
bem como a formação continuada de professores que atuam nesta área e
que contribua para o desenvolvimento de uma educação que respeite a
diversidade. Buscar compreender por meios dos teóricos o papel do professor
frente ao processo de inclusão e como sua atuação é importante para facilitar
o dia a dia da sala de aula. É inegável a necessidade de formação de
professores, pois já é vislumbrada desde os primórdios da educação
institucionalizada e, se torna necessário então que no processo de formação
dos professores que atuarão na educação inclusiva seja preponderante o
atender das especificidades dessa modalidade. Essa formação deve estar
intrinsecamente relacionada ao saber, ao saber fazer e ao saber explicar e
planejar o fazer pedagógico. Torna-se fundamental este preparo inicial e
contínuo do professor de inclusão para que este profissional venha a se
constituir como colaborador efetivo na implementação da política
educacional de inclusão.

PALAVRAS-CHAVE: Educação, Formação de Professores, Inclusão.

ABSTRACT: This work was carried out through a bibliographic research with
the objective of emphasizing the importance of the proposal of the inclusive
school, as well as the continuous training of teachers who work in this area
and that contribute to the development of an education that respects

19584

Revista Contemporânea, v. 3, n. 10, 2023. ISSN 2447-0961


diversity. To seek to understand by means of theorists the role of the teacher
in the face of the inclusion process and how his performance is important to
facilitate the day-to-day of the classroom. The need for teacher training is
undeniable, as it has been seen since the beginning of institutionalized
education and, therefore, it is necessary that in the process of training
teachers who will work in inclusive education, it is important to attend to the
specificities of this modality. This training must be intrinsically related to
knowledge, to know how to do and to know how to explain and plan
pedagogical doing. This initial and continuous preparation of the inclusion
teacher is essential for this professional to become an effective collaborator
in the implementation of the educational inclusion policy.

KEYWORDS: Education, Teacher Training, Inclusion.

1. Introdução

Desde que o tema “Educação Inclusiva” ficou em evidência no mundo


de forma geral, o processo de inclusão educacional de crianças, jovens e
pessoas de um modo geral com desenvolvimento atípico vem mobilizando
pesquisadores; criando dúvidas e certezas, embaraços e altercações;
gerando leis, portarias e sentenças; desvelando preconceitos, rótulos e
relações de poder.
A educação inclusiva no Brasil teve seus primórdios marcados por uma
exclusão sistemática das pessoas com deficiência. Durante muito tempo,
esses indivíduos eram discriminados e marginalizados, sendo negado o
acesso à educação formal. Até meados do século XX, prevalecia a concepção
de que as pessoas com deficiência deveriam ser cuidadas em instituições
especializadas e segregadas do restante da sociedade. Essa lógica de
exclusão era reflexo de uma visão assistencialista e paternalista, que
desconsiderava as potencialidades e direitos dessas pessoas.

19585

Revista Contemporânea, v. 3, n. 10, 2023. ISSN 2447-0961


A partir da década de 1960, movimentos sociais e lutas de pais e
familiares de pessoas com deficiência pressionaram por mudanças na
legislação e no sistema educacional do país. Foi somente em 1981, com a
publicação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), que ocorreu o
primeiro avanço na direção da inclusão.
A LDB determinou que a educação seria dever do Estado e que deveria
ser proporcionada a todos, sem distinção de qualquer natureza, englobando
também as pessoas com deficiência. No entanto, essa disposição legal não
foi plenamente implementada na prática, e a educação inclusiva no Brasil
ainda enfrentava grandes desafios.
Foi somente em 2008 que houve uma mudança significativa no cenário
da educação inclusiva com a aprovação da Política Nacional de Educação
Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Esta política trouxe diretrizes
para a inclusão de alunos com deficiência no ensino regular, estabelecendo
a matrícula em escolas regulares como o primeiro estágio da trajetória
educacional.
Desde então, várias ações e programas foram implementados para
fortalecer a educação inclusiva no país, como a formação de professores para
atuar em salas de recursos multifuncionais e a ampliação do acesso a
recursos de tecnologia assistiva.
Apesar dos avanços, a educação inclusiva no Brasil ainda enfrenta
muitos desafios, como a falta de infraestrutura adequada nas escolas, a falta
de preparo dos professores para receber e atender alunos com deficiência e
a falta de políticas consistentes de inclusão. No entanto, a luta pela educação
inclusiva segue fazendo parte da agenda política e social do país, buscando
garantir a igualdade de direitos e oportunidades para todos os cidadãos.
A educação está fundamentada em legislações e marcos filosóficos que
a destaca como direito no âmbito internacional: Declaração Universal dos
Direitos Humanos (1948), Declaração da Educação para Todos (1990),

19586

Revista Contemporânea, v. 3, n. 10, 2023. ISSN 2447-0961


Declaração de Salamanca (1994); e no âmbito nacional: Constituição da
República Federativa do Brasil (1988), Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, LDBEN (1996).
Em virtude dessa complexidade vislumbrada, a continuação dos
avanços das propostas e experiências de inclusão social, exige reflexão
concomitante e continuada que permita a construção de um olhar
aprofundado, peculiar à nossa complexidade sociocultural e potencializador
da transformação social mais ampla.
Candau e Moreira (2007, p. 25) consideram que o conhecimento
escolar seja um dos elementos centrais do currículo e que sua aprendizagem
seja condição indispensável para que os conhecimentos socialmente
produzidos possam ser apreendidos, criticados e reconstruídos pelos
estudantes. Assim justificam:

A necessidade de um ensino ativo e efetivo, com um/a professor/a


comprometido (a), que conheça bem, escolha, organize e trabalhe os
conhecimentos a serem aprendidos pelos(as) alunos(as). Daí a
importância de selecionarmos, para inclusão no currículo,
conhecimentos relevantes e significativos (CANDAU; MOREIRA, 2007,
p. 21).

Diante disso torna-se relevante compreender o papel do professor


frente ao processo ensino/aprendizagem buscando analisar e desenvolver
suas práticas pedagógicas, mas não apenas como um intermediador do
conhecimento, buscando a expertise aprisionada internamente de seu aluno
visando romper os paradigmas existentes e a busca de sua formação como
pessoa capaz de refletir, criar e experenciar o novo, assim como da formação
de sua cidadania.
De acordo com Mantoan (2006):

Inclusão é a nossa capacidade de entender e receber o outro e, assim,


ter o privilégio de conviver e compartilhar com pessoas diferentes de
nós. A educação inclusiva acolhe todas as pessoas, sem exceção. É
para o estudante com deficiência, física, para os que têm

19587

Revista Contemporânea, v. 3, n. 10, 2023. ISSN 2447-0961


comportamento mental, para os superdotados, e para toda criança
que é discriminada por qualquer outro motivo. Costumo dizer que
estar junto é se aglomerar no cinema, no ônibus e até na sala de aula
com pessoas que não conhecemos. Já inclusão é estar com, é
interagir com outro. (MANTOAN, 2006, p. 96).

A inclusão escolar tem a finalidade assegurar e reafirmar, com absoluta


convicção, de que todo ser humano deve ter o direito às mesmas
oportunidades para adquirir conhecimentos, desenvolver suas capacidades e
exercer sua cidadania.
Desse modo, uma instituição educacional com orientação inclusiva é
aquela que se preocupa com a transformação da estrutura, do
funcionamento e da resposta educacional que se deve dar a todas as
diferenças individuais, em qualquer instituição de ensino, de qualquer nível
educacional (SANTOS 2003). O trabalho como instrumento de inclusão social
e de desenvolvimento humano torna-se responsável pela vida independente,
empoderada do ser humano.
É um grande desafio fazer com que a Inclusão ocorra, sem perder de
vista que além das oportunidades, é preciso garantir o avanço na
aprendizagem e o desenvolvimento integral do indivíduo, desenvolver o
pensamento autônomo e o senso crítico.
Libânio (2012), assegura que a escola deveria preocupar-se em
desenvolver ações que priorize a inclusão, porém o que é vivenciado na
prática é uma educação que acaba criando a segregação, taxando alunos
como incapazes de apreender em detrimento de alunos que possuem o
privilégio de ter acesso a uma educação rígida.
Contribuindo assim para que haja o que Libânio (2012) chamou como
um dualismo perverso entre duas escolas. Sendo uma aquela caracterizada
como a escola do conhecimento para os ricos e a outra a escola do
acolhimento social para os pobres.

19588

Revista Contemporânea, v. 3, n. 10, 2023. ISSN 2447-0961


Visto que os diversos mecanismos que controlam a educação, como
Banco Mundial, OCDE, visam uma política que garante apenas o mínimo a
educação. Sendo assim muito complexo que a escola de fato desenvolva uma
educação com equidade.

2. Inclusão Escolar e Formação Continuada

A proposta para a formação continuada de professores consiste na


reflexão sobre as ações pedagógicas, necessidades e demandas formativas
dos profissionais da educação que trabalha com inclusão escolar. Amparada
pela legislação, a educação de alunos com deficiência vem sendo assumida,
progressivamente, pelas escolas do sistema regular de ensino, mesmo que
com desigualdades, resistências, desinformação, temor e falta de apoio. A
formação do professor deve dá subsídio necessário para que o mesmo
consiga ensinar, de forma adequada, para que haja o aprofundamento das
temáticas educacionais e a reflexão sobre a prática educativa, que oriente a
construção contínua de competências profissionais.
A educação inclusiva é uma proposta de aplicação prática ao campo
escolar, entretanto ela não pode ser reduzida a errônea crença de que para
implementá-la basta colocar crianças, jovens ou adultos com necessidades
educacionais especiais em escolas regulares ou nas classes comuns, pois o
processo de inclusão está além desta crença; se refere então a quaisquer
lutas nos diferentes campos sociais, contra as crenças excludente, tanto as
que se percebem com facilidade, como aquelas mais sutis.
Sendo assim Coelho (2003),

A Educação inclusiva pressupõe muito mais do que a garantia de vaga


no sistema comum de ensino para os alunos com deficiência.
Pressupõe uma reorganização das escolas, de forma a torná-las aptas
a receber todos os alunos que procuram garantir respostas
pedagógicas efetivas às necessidades que os alunos apresentam, de
forma a promover não só o seu desenvolvimento social, através da

19589

Revista Contemporânea, v. 3, n. 10, 2023. ISSN 2447-0961


convivência com seus pares não deficientes, mas também
proporcionar-lhes o acesso ao processo de aprendizagem. (COELHO,
2003, p. 62).

A inclusão constitui em alocar valores inclusivos em práticas e que


sejam desenvolvidos nos espaços e cotidianos escolares, e onde as questões
da diversidade, em suas múltiplas complexidades, reafirmam o papel dos
professores da promoção das aprendizagens e na construção destes
processos inclusivos. Quando falamos em inclusão escolar significa pensar
que esse aluno ao longo da sua escolarização, exige atenção mais específica
e maiores recursos educacionais disponíveis para dar respostas à sua
necessidade de aprendizagem, como afirmam Coll, Palácios e Marchesi,

A escola tem que se flexibilizar para que possa acolher uma


diversidade de alunos com diferentes interesses, motivações e
capacidades de aprender. Em suma, é a escola que deve adaptar-se
à criança e não o contrário, como ocorreu até agora (MARCHESI et
al, 1995, p.307).

Revisar as diferenças individuais, a multiplicidade e suas implicações


pedagógicas, aceitar, respeitar e principalmente valorizar essa diversidade
como componente natural no processo de ensino e aprendizagem é incluir.
Mantoan 2006, p. 123) frisa que para que haja uma consolidação da inclusão
é necessário “(...) um esforço efetivo, visando capacitar os professores para
trabalharem com as diferenças, a diversidade, nas suas salas de aula”. O que
deve ser alocado em prática nos cursos de formação de professores.
Rosseto (2005) afirma que:

A inclusão é um programa a ser instalado no estabelecimento de


ensino a longo prazo. Não corresponde a simples transferência de
alunos de uma escola especial para uma escola regular, de um
professor especializado para um professor de ensino regular. O
programa de inclusão vai impulsionar a escola para uma
reorganização. A escola necessitará ser diversificada o suficiente para
que possa maximizar as oportunidades de aprendizagem dos alunos
com necessidades educativas especiais (ROSSETO, 2005, p. 42).

19590

Revista Contemporânea, v. 3, n. 10, 2023. ISSN 2447-0961


Ademais, é imprescindível ajuizar num ensino que inclua a todos,
independentemente de talento, grau de dificuldade, raça, credo ou origem
cultural, hoje os currículos ainda são bastante engessados e se supõe
trabalhar com certa homogeneidade, por isso, se abrir para novas
probabilidades se torna um exercício árduo. Conforme aponta Aranha
(2001):

A ideia de inclusão fundamenta-se numa filosofia que reconhece e


aceita a diversidade na vida em sociedade. Isto significa garantia de
acesso de todos a todas as oportunidades, independentemente das
peculiaridades de cada indivíduo ou grupo social. (ARANHA, 2001,
p.35)

Proporcionar a formação inicial e continuada aos docentes, com


qualidade, de modo a prepará-los para uma atuação crítica e consciente que
valorize, considere e respeite a diversidade. Uma formação que os capacite
a atuar como mediadores entre o conhecimento e o aluno, para a utilização
das estratégias mais adequadas à aprendizagem de seus alunos, formação
que os prepare para ouvir, observar, acolher, aceitar as diferenças, inclusive
as suas.
Para tanto, o sistema educacional e as escolas que o constituem
precisam se modificar o que implica em rever políticas públicas, princípios
filosóficos, concepções pedagógicas, práticas pedagógicas, métodos de
ensino, inserir adaptações curriculares e arquitetônicas, promover formação
continuada de docentes e constituir uma política pública e um plano de ação
envolvendo a comunidade escolar, dividindo responsabilidades e construindo
uma rede de apoio para os alunos que dela necessitem. Diante disso,
Mantoan (2006) confirma:

Para que se avance nessa direção, é essencial que os sistemas de


ensino busquem conhecer a demanda real de atendimento a alunos
com necessidades educacionais especiais, mediante a criação de
sistemas de informação e o estabelecimento de interface com os
órgãos governamentais responsáveis pelo Censo Escolar e pelo Censo

19591

Revista Contemporânea, v. 3, n. 10, 2023. ISSN 2447-0961


Demográfico, para atender a todas as variáveis implícitas à qualidade
do processo formativo desses alunos. Nestes termos a acessibilidade
deve ser assegurada nos seguintes aspectos: mediante à eliminação
de barreiras arquitetônicas, urbanísticas, na edificação. Incluem-se
também, as instalações, equipamentos, mobiliários, nos transportes
escolares, nas barreiras nas comunicações e informações.
(MANTOAN, 2006, p. 64).

As mudanças na prática pedagógica ocorrem de modo gradativo, em


torno de um trabalho cooperativo e participativo, onde os profissionais da
educação repensam sua prática e sentem-se desafios a modificar suas
perspectivas e visões.

Uma escola inclusiva não prepara para a vida. Ela é a própria vida
que flui devendo possibilitar, do ponto de vista político, ético e
estético, o desenvolvimento da sensibilidade e da capacidade crítica
e construtiva dos alunos - cidadãos que nela estão, em qualquer das
etapas do fluxo escolar ou modalidade de atendimento educacional
oferecidas. Para tanto, precisa ser prazerosa, adaptando-se as
necessidades de cada aluno, promovendo a integração dos
aprendizes entre si com a cultura e demais objetos do conhecimento,
oferecendo ensino aprendizagem de boa qualidade para todos, com
todos para a vida. (CARVALHO1998, p.35).

Promover a inclusão de estudantes com deficiência em escolas


regulares, permitindo que todos tenham acesso à educação de qualidade. A
inclusão escolar propõe a eliminação de qualquer tipo de segregação e
discriminação, garantindo o direito de todas as crianças e jovens,
independentemente de sua condição física, sensorial, intelectual ou social,
de frequentar escolas regulares. Para isso, é necessário que as escolas
estejam preparadas para receber e atender a diversidade de necessidades
dos estudantes, proporcionando adaptações curriculares, recursos
pedagógicos e tecnológicos adequados, além de formação e capacitação dos
professores e funcionários.
A inclusão escolar também busca a conscientização da sociedade como
um todo, para que as pessoas entendam que a diversidade é uma riqueza e
que todos têm o direito de participar plenamente da vida escolar e social.

19592

Revista Contemporânea, v. 3, n. 10, 2023. ISSN 2447-0961


Além disso, a inclusão escolar propõe a valorização da autonomia e da
individualidade de cada estudante, promovendo uma educação inclusiva e de
qualidade, que respeite e atenda a todas as necessidades específicas de cada
um. Em suma, a inclusão escolar propõe a criação de um ambiente
educacional acolhedor e igualitário, que respeite a diversidade e que
proporcione a todos os estudantes as mesmas oportunidades de aprendizado
e desenvolvimento.

Incluir não é só integrar [...] Não é estar dentro de uma sala onde a
inexistência de consciencialização de valores e a aceitação não
existem. É aceitar integralmente e incondicionalmente as diferenças
de todos, em uma valorização do ser enquanto semelhante a nós com
igualdade de direitos e oportunidades. É mais do que desenvolver
comportamentos, é uma questão de consciencialização e de atitudes
(CAVACO, 2014, p. 31).

É necessário conhecer o processo de ensino aprendizagem, levando em


conta como se dá este processo para cada aluno, criar alternativas que
possam beneficiar todos os alunos e este processo inclui a capacitação
permanente dos professores, que tem sido apresentada como parte essencial
no processo de inclusão e atendimento de alunos com necessidades
especiais, pois é no cotidiano da escola que se revelam as necessidades de
formação do professor, considerando que, precisam saber como preparar
atividades para que entendam o conteúdo, saber como avaliar esses alunos,
compreender como trabalhar com a família, dentre outras questões.
No artigo 59 da LDB/1996, a preparação de professores para atuarem
com essas especificidades está, assim, preconizada:

Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades


especiais: [...] III - professores com especialização adequada em
nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como
professores do ensino regular capacitados para a integração desses
educandos em classes comuns; diante desse quadro, torna-se
importante que os professores sejam instrumentalizados a fim de
atender às peculiaridades apresentadas pelos alunos. Aqui, tendo-se

19593

Revista Contemporânea, v. 3, n. 10, 2023. ISSN 2447-0961


em vista a capacitação docente, a participação das universidades e
dos centros formadores parece ser relevante. (BRASIL, 1996, p.27).

Nesse sentido, a formação continuada do professor deve ser um


compromisso dos sistemas de ensino comprometidos com a inclusão. Deve-
se asseverar que sejam aptos a elaborar e a implantar novas propostas e
práticas de ensino para responderem às características de seus alunos,
incluindo aquelas evidenciadas pelos alunos com necessidades educacionais
especiais.
A formação adequada cooperará para que o professor possa interagir
adequadamente e participar do desenvolvimento de seus alunos, ele deve,
além de conhecer as características de seus educandos, ter um grande
interesse pelo ser humano. Portanto, os educadores terão de voltar a
estudar, a pesquisar, a refletir sobre suas práticas e a buscar metodologias
inovadoras de ensino para esse fim.
Desse modo, a formação continuada, como processo de
desenvolvimento profissional, tem de explorar os diversos contextos e
possibilidades de aprendizagem englobando as características do
conhecimento dos professores. Programas de formação continuada, voltados
para o desenvolvimento profissional dos professores, devem considerar a
importância da reflexão ao processo de aprendizagem do professor.
Uma vez que a falta de formação dos professores também tem sido
fator que dificulta a aprendizagem e adaptação das crianças com
necessidades especiais nas escolas. A inclusão escolar pressupõe que todos
os alunos sejam incluídos nas atividades realizadas em sala de aula. Os
professores precisam conhecer as potencialidades e dificuldades dos alunos
com necessidades especiais, para que possa buscar o apoio e os recursos
necessários para incluí-lo nas tarefas.
A ausência de espaço para discussão e troca de experiência sobre o
assunto entre professores regentes e segundo professor (professor de apoio)

19594

Revista Contemporânea, v. 3, n. 10, 2023. ISSN 2447-0961


é um fato relevante. As políticas de formação de professores para atuar junto
aos alunos com deficiência no ensino regular ainda são deficitárias, porém,
mesmo não tendo preparo suficiente, os professores procuram fazer o
trabalho de forma eficaz e dinâmica, proporcionando da melhor forma
possível um ambiente integrador.
Por isso, o professor especializado na área da inclusão faz toda a
diferença no processo educacional, ele será capaz de intervir para que o
aluno tenha o melhor tipo de atendimento, o professor precisa também
sentir-se motivado a caminhar frente às exigências da sociedade.

3. Considerações Finais

O presente trabalho possibilitou fazer uma reflexão aproximada em


torno da educação inclusiva e partindo do pressuposto de que inclusão é um
processo infindável e que exige movimentos constantes, faz-se necessário
oferecer oportunidades de formação constante aos professores, sendo a
própria escola o lócus de formação indispensável ao processo de
participação-ação-reflexão. É interessante refletir que há conforme o próprio
Libânio, definiu como um dualismo perverso, uma escola que acolhe ao invés
de propiciar mudanças em suas estruturas para ofertar um ensino de
qualidade e ao mesmo tempo assertivo a cada indivíduo. E por outro lado
temos a escola centrada nas tecnologias e na aprendizagem ofertada aos
educandos cujos pais possuem uma condição financeira privilegiada.
É preciso trabalhar a equidade em detrimento da igualdade.
Lembrando que inclusão é dar a todos as mesmas oportunidades, já a
equidade é adaptar as oportunidades de forma que as mesmas se tornem
justas a todos, sem distinção.
Para tanto seria necessário desenvolver uma nova reformulação nos
mecanismos de avaliação da escola pública, para que assim ambas as escolas

19595

Revista Contemporânea, v. 3, n. 10, 2023. ISSN 2447-0961


ofertassem uma educação igualitária. Pois quando falamos de inclusão não
estamos tratando apenas dos alunos que possuem necessidades
educacionais especiais. Trata-se também do filho do pobre que é privado de
várias aprendizagens devido a cultura ao qual está inserido, através de
escolas sucateadas e muitas vezes ultrapassadas no quesito tecnológico e
até mesmo profissionais sem formação continuada.
A escola pode e deve contribuir significativamente com essa equidade
atendendo às diversidades e proporcionando educação a todos; a começar
com um ambiente com acesso igualitário por todos em qualquer ambiente;
propiciar uma formação de professores de forma a torna-los mais sensíveis
e capacitados em atender a pluralidade existente dentro das escolas.
A formação de professores para a educação inclusiva não deve se
reduzir a torná-los cônscios das potencialidades dos alunos, mas também de
suas próprias condições para desenvolver o processo de inclusão e a
capacitação docente é um dos meios de começar a mudança na qualidade do
ensino para criar contextos educacionais inclusivos.
Existe a necessidade de um espaço de reflexão e construção de
conhecimento permanente, em que haja a transformação das práticas
educativas dentro e fora da escola por meio das ações mediadoras no âmbito
das políticas públicas, que devem ser aprofundadas para se tornarem objetos
de estudos mais detalhados e pertinentes em relação a um tema
historicamente complexo como é o caso da formação continuada de
educadores da inclusão.
Todo o sistema educacional e seus profissionais devem ter
conhecimento das características do processo inclusivo, suas possibilidades
e suas dificuldades e compreender que a qualidade da formação deve ser o
fator determinante de um trabalho pedagógico voltado para atender este
público.

19596

Revista Contemporânea, v. 3, n. 10, 2023. ISSN 2447-0961


Ademais, acredita-se que por meio da formação continuada é possível
compreender que este é o espaço para reflexão e problematização, com
práticas voltadas à transformação social do sujeito e demandas formativas
dos profissionais da educação, pois poderá atuar de forma reflexiva, crítica
e criativa ante as demandas sociais e pessoais, assumindo um compromisso
ético e político com a escolarização das diferenças e com a promoção da
inclusão social.

19597

Revista Contemporânea, v. 3, n. 10, 2023. ISSN 2447-0961


Referências

ARANHA, M. S. F. Paradigmas da relação da sociedade com as pessoas


com deficiência. Revista do Ministério Público do Trabalho, Ano XI, n.º 21,
março, 2001.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Lei de Diretrizes e Bases


da Educação Nacional, nº 9394 de 20 de dezembro de 1996.

CANDAU, Vera Maria; MOREIRA, Antônio Flávio. Indagações sobre


currículo: currículo, conhecimento e cultura. Brasília: Ministério da
Educação/Secretaria de Educação Básica, 2007.

CARVALHO, R. E. Temas em educação especial. Rio de Janeiro: WVA,


1998.

CAVACO, N. Minha criança é diferente? Diagnóstico, prevenção e


estratégia de intervenção e inclusão das crianças autistas e com
necessidades educacionais especiais. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2014.

COELHO, Eunice Margaret. Trajetória de construção de uma política


pública: limites e possibilidades da inclusão social. Dissertação de
mestrado. Escola de governo da Fundação João Pinheiro, 2003.

COLL, César, PALACIOS, Jesus, MARCHESI, Álvaro. Desenvolvimento


Psicológico e Educação.V.3 Artmed. Porto Alegre, 1995.

FREITAS, S.N. A formação de professores na educação inclusiva:


construindo a base de todo o processo. In: Rodrigues (org.). Inclusão e
educação: doze olhares sobre a educação inclusiva. São Paulo: Summus,
2006.

LIBÂNEO, José C. O Dualismo Perverso da escola Pública Brasileira:


escola do conhecimento para os ricos, escola do acolhimento social para os
pobres. São Paulo. 2012.

MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão Escolar. Editora Moderna, 2006.

MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão escolar: pontos e contrapontos,


Rosangela Gavioli Prieto: Valeria Amorim Arantes (Org.). 5. Ed. São Paulo:
Summus, 2006.

NÓVOA, A. Formação de professores e profissão docente. In NÓVOA,


Antônio (org.) Os professores e a sua formação. Lisboa: Publicações Dom
Quixote, 1992.

19598

Revista Contemporânea, v. 3, n. 10, 2023. ISSN 2447-0961


ROSSETO, M. C. Falar de inclusão... falar de que sujeitos? In: Lebedeff,
T. B. Pereira. Educação especial – olhares interdisciplinares. Passo Fundo:
UPF Editora, 2005. P. 41-55

SANTOS, Mônica Pereira dos. A formação dos professores no contexto


da inclusão. Anais do II Congresso Internacional do INES e VIII Seminário
Nacional do INES: Surdez e Escolaridade: Desafios e Reflexões. Rio de
Janeiro: INES. De 17 a 19 de setembro de 2003, p. 63-70.

19599

Revista Contemporânea, v. 3, n. 10, 2023. ISSN 2447-0961

Você também pode gostar