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II SEMANA ACADÊMICA DE PEDAGOGIA

FAFIG - FACULDADE DE FOZ DO IGUAÇU


“EDUCAÇÃO INFANTIL: INCLUSÃO E
FORMAÇÃO DO PEDAGOGO”
05 a 08 de novembro de 2019

O TRABALHO PEDAGÓGICO COM ALUNOS COM DEFICIÊNCIA.

DIAS, Carina1;
OLIVEIRA, Dayse Daiane2
SILVA, Patrícia Luana3
SILVA, Ivanir Gomes da4

RESUMO: O presente estudo tem como objetivo refletir o papel do professor e a


função do pedagogo na educação inclusiva, a fim de buscar auxílio no processo de
ensino-aprendizagem e na apropriação de conhecimentos, bem como, ressaltar
algumas leis que contribuíram para garantir o direito de alunos com necessidades
especiais e assim garantir também o desenvolvimento das múltiplas dimensões
desses alunos, levando em consideração que a inclusão gera insegurança junto a
atuação profissional de muitos professores, assim, conta-se com o apoio pedagógico
que busca subsídios teóricos e práticos com o intuito de efetivar a verdadeira
inclusão na comunidade escolar. Portanto, elenca-se também uma breve
contextualização da inclusão social e das necessidades educacionais especiais que
visem também à interação destes alunos, salientando que é indispensável também
que professores que atendem estes alunos, busquem capacitação, formação
continuada ou especializações que desenvolvam a mediação entre alunos e
professores, visando um ensino que respeite as diferenças e particularidades de
cada aluno. A metodologia utilizada será bibliográfica, a qual busca salientar a
importância da educação inclusiva para os alunos com necessidades especiais e
educacionais apoiando e valorizando também os professores no processo de
ensino-aprendizagem, analisando e apontando o papel do pedagogo enquanto
atuante na equipe gestora de escolas, no qual deve levantar e encaminhar ações
pedagógicas para o desenvolvimento de uma prática que propicie a inclusão de
alunos com necessidades especiais e educacionais, salientando que a importância
de compreender quais ações lhes compete no desenvolvimento de uma prática
pedagógica que faça esta inclusão ser qualitativa e verdadeiramente efetiva.

Palavras-chave: Educação Especial - Educação Inclusiva – Professor – Pedagogo.

1
Graduanda em Pedagogia pela Faculdade de Foz do Iguaçu – FAFIG – email: carinafoz@hotmail.com
2
Graduanda em Pedagogia pela Faculdade de Foz do Iguaçu – FAFIG – email: daysedayane22@gmail.com
3
Graduanda em Pedagogia pela Faculdade de Foz do Iguaçu – FAFIG – email: patricialuana185@gmail.com
4
Orientadora – Mestre em Educação. Docente do Colegiado do Curso de Pedagogia da Faculdade
de Foz do Iguaçu (FAFIG) – email:lvanirgomes@gmail.com
INTRODUÇÃO

1. A Educação Inclusiva

A educação inclusiva passou a ganhar espaço na sociedade brasileira a partir


de 1980, quando deram início a um debate sobre a inclusão social das pessoas com
deficiências, pois se passou a construir uma nova proposta de inserção social das
pessoas com deficiência, no qual a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
9394/96, nos aponta em seu artigo 58 que;

A educação especial é uma modalidade de educação escolar que deve ser


oferecida aos educandos com deficiência, transtornos globais de
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação preferencialmente na
rede regular de ensino, o que limita a possibilidade de que eles participem
exclusivamente da educação especial de forma segregada dos demais
alunos do ensino regular, tal como possibilitado no âmbito do paradigma da
integração (BRASIL, 1996).

Com a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, que coloca


em seu Artigo 208, inciso III, que é dever do Estado à garantia de um atendimento
educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede
regular de ensino, o Brasil começa aos poucos a incluir as crianças e jovens com
algum tipo de deficiência nas salas de aula regulares das escolas comuns (LUZ,
2013).
Assim também o documento Política Nacional de Educação Especial na
Perspectiva da Educação Inclusiva menciona uma proposta de inserção das
pessoas com deficiências nas escolas de ensino regular, sendo elas, na educação
infantil e até a educação superior, considerando as escolas especializadas com
apoio quando se fizer necessário (BRASIL, 2008).
Segundo Glat (2007, p.16);

A educação inclusiva significa um novo modelo de escola em que é possível


o acesso e a permanência de todos os alunos, e onde os mecanismos de
seleção e discriminação, até então utilizados, são substituídos por
procedimentos de identificação e remoção das barreiras para a
aprendizagem. Para tornar-se inclusiva a escola precisa formar seus
professores e equipe de gestão, e rever formas de interação vigentes entre
todos os segmentos que a compõem e que nela interferem, precisa
realimentar sua estrutura, organização, seu projeto político pedagógico,
seus recursos didáticos, metodologias e estratégias de ensino, bem como
suas práticas avaliativas. A proposta de educação inclusiva implica,
portanto, um processo de reestruturação de todos os aspectos constitutivos
da escola, envolvendo a gestão de cada unidade e os próprios sistemas
educacionais.

Desse modo, a escola e a sociedade devem integrar-se para que ambas


passem a agir de maneira que promovam a interação como um todo, de forma a
desenvolver a inclusão social entre todos os membros que estão inseridos na
educação, sejam eles, dentro ou fora do ambiente escolar.
É muito importante se aprimorar e buscar novas estratégias de ações
inclusivas, dentro do ambiente escolar, considerando ser necessário envolver toda a
escola para ter um processo de ensino e aprendizagem com qualidade, destacando
também o quanto é importante o aprimoramento dos procedimentos avaliativos, do
currículo e do projeto político pedagógico da escola (MANTOAN, 1997).
Vale ressaltar que incluir alunos com deficiências na escola regular, requer
inúmeras mudanças efetivas e contínuas, até mesmo na parte de estrutura que nem
sempre é flexível para o aluno, assim sendo, é necessário inovar práticas e propor
melhorias e valores que possam promover uma educação igual a todos, respeitando
as características de cada aluno (MANTOAN, 1997).
Nas escolas é possível perceber as alterações que vêm ocorrendo, sendo
elas no espaço físico e na aceitação das pessoas, entretanto, a escola precisa
importar-se com a formação dos professores e gestores, a fim de oferecer um
atendimento de qualidade para os alunos com necessidades educacionais especiais
(LUZ, 2013).
Pode-se afirmar ainda que nesta etapa, é fundamental que a equipe
pedagógica da escola esteja envolvida com os professores que vivenciam estas
situações de inclusão em sala de aula, tendo em vista que, a inclusão não pode ser
responsabilidade apenas do professor, mas sim da escola como um todo
(CARVALHO, 2004; MANTOAN, 2009).
A educação inclusiva, portanto, está intimamente ligada à concepção de uma
educação de qualidade para todos, sem qualquer distinção ou exclusão.

2. A Educação Infantil Inclusiva

É importante percebermos a necessidade da inclusão nas escolas, bem como


na sociedade em geral, desconstruindo práticas excludentes e de distinção entre as
pessoas. Dessa maneira, para realizar atitudes inclusivas faz-se necessária também
a promoção da acessibilidade e o reconhecimento dos indivíduos como iguais, todos
com os mesmos direitos, porém todos diferentes em suas peculiaridades.
Jacob (2003, p.41), nos aponta a importância de se compreender a igualdade
considerando à diferença, assim afirma que;

A sociedade está se tornando mais complexa a cada dia: a diversidade


aumenta de forma acelerada. Com isso, imperceptivelmente, muda também
a forma de compreender o mundo e os próprios semelhantes. É este o novo
paradigma que está nascendo: ‘viver a igualdade na diferença’, ‘ integrar na
diversidade’- eis o apelo dos líderes dos movimentos em conflito.

Portanto, reconhecer a diversidade é valorizar o individuo, e este


reconhecimento contribui para enriquecer o desenvolvimento cultural e social, ao
mesmo tempo em que constrói formas de ações e atitudes diferenciadas que
refletem em diferentes aspectos da vida social (LUZ, 2013).
Para tratar da Educação Infantil, Carneiro (2012, p.84) nos aponta que;

A história da educação infantil no Brasil nos remete ao surgimento das


creches, vinculadas à história da mulher trabalhadora, caracterizando-se
como uma instituição substituta do lar materno. Durante o final do século
XIX e início do século XX, essa concepção assistencialista prevaleceu e o
caráter educacional dessa faixa etária foi desconsiderado. O
estabelecimento da educação infantil como um direito de todas as crianças
só foi reconhecido com a Constituição Federal de 1988 e com a aprovação
da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996.

Assim, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação define a educação infantil


como primeira etapa da educação básica que tem como finalidade o
desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, sendo eles em seus
aspectos físico, intelectual, psicológico e social (CARNEIRO, 2012).
Segundo a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da
Educação Inclusiva (BRASIL, 2007), a inclusão escolar deve ter início na educação
infantil, quando se desenvolvem as bases necessárias para a construção do
conhecimento e seu desenvolvimento global.
Carneiro (2012, p. 84), nos aponta que;

Considerando a proposta de educação inclusiva opção brasileira


referendada em suas políticas educacionais, entendemos que o movimento
de re-organização da escola tem que começar na educação infantil por ser
esta, conforme prescrito na lei, a primeira etapa da educação.
Ou seja, sendo a educação ofertada na primeira etapa na educação infantil, é
preciso que a inclusão se dê na mesma etapa, diante disso, a LBD apresenta uma
proposta elaborada pelo MEC sobre a oferta de educação para crianças com
necessidade especiais, este documento foi nomeado de Referencial Curricular
Nacional para a Educação Infantil, Estratégias e Orientações para a Educação de
Crianças com Necessidades Educacionais Especiais (BRASIL, 2001). Este
documento aborda a responsabilidade da educação de 0 a 6 anos, e que as
atividades desenvolvidas nestas instituições de ensino devem ser essencialmente
pedagógicas, além de, enfatizar a importânciada educação infantil e a necessidade
em criar uma escola que atenda a todas as diversidades (CARNEIRO, 2012).
O documento apresenta e recomenda em seu item 5.1 as seguintes
orientações gerais para atender crianças com necessidades educacionais especiais
em creches e pré-escolas, que necessitam;

 Disponibilizar recursos humanos capacitados em educação


especial/ educação infantil para dar suporte e apoio ao docente das
creches e pré-escolas ou centros de educação infantil, assim como
possibilitar sua capacitação e educação continuada por intermédio
da oferta de cursos ou estágios em instituições comprometidas com
o movimento da inclusão;
 Realizar o levantamento dos serviços e recursos comunitários e
institucionais, como maternidades, postos de saúde, hospitais,
escolas e unidades de atendimento às crianças com NEE, entre
outras, para que possam constituir-se em recursos de apoio,
cooperação e suporte;
 Garantir a participação da direção, dos professores, dos pais e das
instituições especializadas na elaboração do projeto pedagógico
que contemple a inclusão;
 Promover a sensibilização da comunidade escolar, no que diz
respeito à inclusão de crianças com NEE;
 Promover encontros de professores e outros profissionais com o
objetivo de refletir, analisar e solucionar possíveis dificuldades no
processo de inclusão;
 Solicitar suporte técnico ao órgão responsável pela Educação
Especial no estado, no Distrito Federal ou no município, como
também ao MEC/SEESP;
 Adaptar o espaço físico interno e externo para atender crianças com
NEE, conforme normas de acessibilidade (BRASIL, 2001, p. 24-26).

A partir das orientações dadas no referido documento, percebe-se que as


ações precisam ser desenvolvidas no âmbito da educação infantil com o objetivo de
propiciar uma escola que seja capaz de oferecer aos alunos com necessidades
especiais condições de se desenvolver como cidadãos.
A escola inclusiva precisa ser construída desde a educação infantil, mas para
isso, implicar em modificar e repensar seus espaços, tempos, profissionais, recursos
pedagógicos, dentre outros, que possibilitem o acesso, a permanência e o
desenvolvimento dos alunos que em virtude de suas particularidades, apresentam
necessidades educacionais especiais, bem como, vale ressaltar o quanto é
necessário e importante também atrelar a ação pedagógica direcionada a esses
alunos para que auxiliem e contribuam muito para a inclusão.

3. O papel do professor na educação inclusiva


Para os professores o processo de inclusão de alunos com necessidades
educacionais especiais é um grande desafio, pois, cabe a eles construir novas
propostas de ensino, atuando com um olhar diferente em sala de aula, agindo e
sendo um agente facilitador do processo de desenvolvimento e de ensino
aprendizagem dos alunos.
Cabe então, aos professores procurar novas posturas e habilidades que
permitam compreender e intervir nas diferentes situações que se deparam em sala
de aula, buscando realizar mudanças significativas pautadas nas possibilidades e
tendo uma visão positiva dos alunos e das pessoas portadoras de necessidades
especiais (ROCHA, 2017).
Prado e Freire (2001, p. 5) nos afirmam então que o professor deverá estar
preparado para trabalhar com a inclusão, e para que isto ocorra;

(...) cabe a ele, a partir de observações criteriosas, ajustarem suas


intervenções pedagógicas ao processo de aprendizagem dos diferentes
alunos, de modo que lhes possibilite um ganho significativo do ponto de
vista educacional, afetivo e sociocultural.

Por esta razão, é extremamente importante que os professores saibam a


maneira de intervir diante das situações que ele e os alunos ficam expostos durante
o dia-a-dia.
No entanto, é importante valorizar a formação continuada dos professores
que possibilita a construção de uma nova proposta inclusiva, dando aos profissionais
a oportunidade de pensar e repensar no ato educativo, analisando a prática docente,
com o intuito de criar espaços para reflexão coletiva, aceitando as diferenças e
valorizando o outro, no entanto, para que o processo de inclusão seja alcançado, é
necessário obter mudanças dentro do contexto escolar, considerando o professor
como o agente principal no ensino educativo e inclusivo, analisando e avaliando seu
papel, suas atitudes e habilidades sociais diante da inclusão dos alunos com
necessidades educacionais especiais e o processo de aprendizado, a fim de
viabilizar estes alunos de maneira satisfatória (ROCHA, 2017).
Para construir uma escola que atenda adequadamente todos os alunos que
apresentam potencialidades e ritmos diferentes de aprendizagem, não basta apenas
que tenham professores acostumados a atender crianças que são taxadas normais,
é preciso que busquem capacitação para exercer tal função, atendendo assim a
necessidade de cada educando, desta maneira, a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, (LBD), Lei nº 9.394/96, em seu artigo 62, cita que:

A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível


superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e
institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o
exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do
ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal
(BRASIL, 2006).

Portanto, para que as crianças com necessidades educacionais sejam bem


atendidas, é extremamente importante que os profissionais da educação também
sejam incentivados e apresentem formação e capacitação necessária, sendo assim,
Fernandes (2011, p. 30) nos aponta as diferentes necessidades especiais dos
alunos e a formação que cada profissional necessita ter para que disponibilize uma
formação satisfatória aos seus alunos, conforme a seguir;
• Alunos surdos, que, por suas necessidades lingüísticas diferenciadas,
precisam conhecer a língua de sinais e exigem profissionais intérpretes;
• Alunos com deficiência visual, que necessitam de recursos técnicos,
tecnológicos e materiais especializados;
• Alunos com deficiência física neuromotora, que exigem a remoção de
barreiras arquitetônicas, além de recursos e materiais adaptados à sua
locomoção e comunicação; • Alunos com deficiência intelectual, que
demandam adaptações significativas no currículo escolar, respeitando-se
seu ritmo e estilo de aprendizagem;
• Alunos com condutas típicas de síndromes e quadros neurológicos,
psiquiátricos e psicológicos que demandam apoios intensos e contínuos,
além de atendimentos terapêuticos complementares à educação;
• Alunos com altas habilidades/superdotação, que, devido às motivações e
aos talentos específicos, requerem enriquecimento, aprofundamento
curricular e/ou aceleração de estudos (FERNANDES, 2011, p. 30).
Desta maneira, percebe-se o quanto é importante o papel do professor na
educação inclusiva, diante de tais necessidades especiais educacionais, ressaltando
que o professor é uma “autoridade competente, direciona o processo pedagógico,
interfere e cria condições necessárias à apropriação do conhecimento” (GAZIM et al,
2005, p. 51), ou seja, o professor é o mediador entre o aluno e o conhecimento, e
cabe a ele promover situações pedagógicas em que os alunos com necessidades
educacionais especiais superem o senso comum avançando no que diz respeito ao
potencial afetivo, social e intelectual.
Os professores precisam mudar a visão incapacitante das pessoas com
necessidades educacionais especiais para uma visão que se paute nas
possibilidades, elaborando atividades variadas, enfatizando a importância de
respeitar as diferenças às inteligências múltiplas, ou seja, os profissionais que
buscam uma ação educativa devem procurar exercer seu papel de maneira justa e
solidária, eliminando todo e qualquer tipo de discriminação e viabilizando o convívio
de todos os seres com as diferentes (ROCHA, 2017).
Assim sendo;
A atuação pedagógica é um processo de investigação e estudo e de
solução de problemas, por isso, muitas vezes o professor se depara com
inúmeros desafios, que devem ser solucionados para superar os limites
impostos, exigindo do professor a busca por novas estratégias, procurando
identificar as possibilidades de cada aluno com o intuito de encontrar as
possibilidades para que esse aluno possa aprender junto com os demais e
superar seus próprios limites. Diante de tal desafio, o professor deve
planejar suas aulas e recorrer a filmes, jogos, músicas, maquetes, mapas,
desenhos, entre alternativas possíveis para que todos tenham acesso às
oportunidades dentro da sala de aula (ROCHA, 2017, p. 6).

Com isto, vale ressaltar que a diversidade de conteúdos, de materiais para se


trabalhar com as crianças é importante para que estes alunos possam aprender com
os demais alunos e superar seus próprios limites, descobrindo suas potencialidades
e habilidades.
Na perspectiva da educação inclusiva, se envolvem no mínimo dois tipos de
formação profissional docente, sendo os professores “generalistas” do ensino
regular que obtém um mínimo conhecimento e prática do aluno diversificado, e os
professores “especialistas” que trabalham as diferentes necessidades educacionais
especiais dando suporte aos indivíduos portadores dessas necessidades como
também apóiam os trabalhos que serão realizados (BUENO, 2001).
Segundo Mantoan (2004, p. 39):
A inclusão é produto de uma educação plural, democrática e transgressora.
Ela provoca uma crise escolar, ou melhor, uma crise de identidade
institucional que, por sua vez, abala a identidade dos professores e faz com
que a identidade do aluno se revista de novo significado. O aluno da escola
inclusiva é outro sujeito, sem identidade fixada em modelos ideais,
permanentes, essenciais.

Assim sendo, o processo de inclusão busca olhar para as crianças com


deficiências de modo a desafiar as instituições a inovarem suas concepções e
práticas pedagógicas, diante dos processos de ensino e aprendizagem desses
alunos, focando no desenvolvimento significado e individual de cada um
(FERREIRA; GUIMARÃES, 2003).
A inclusão é, portanto, um processo de inovação que exige esforço e
atualização das instituições e dos professores em suas formações, buscando uma
reorganização escolar no qual possam ampliar seus projetos políticos pedagógicos,
incorporando novas práticas aos currículos a fim de fazer também as mudanças
necessárias com relação à estrutura física (ROCHA, 2017).

As escolas inclusivas devem reconhecer e responder às diversas


necessidades de seus alunos, acomodando tanto estilos como ritmos
diferentes de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade a
todos, por meio de currículo apropriado, modificações organizacionais,
estratégias de ensino, usam de recursos e parceria com a comunidade
(UNESCO, 1994, p. 05).

Ou seja, na educação inclusiva os professores precisam buscar um ensino


que priorize o respeito mútuo aos alunos, ao mesmo tempo em que, conseguem
realizar atividades que os desenvolvam, independente de suas diferenças.
O papel do professor, no entanto, também é de ampliar os currículos,
flexibilizando as diferenças de seus alunos e destacando a inclusão como inserção
social, ultrapassando as fronteiras e dando apoio na construção do saber, semeando
uma escola pautada e integrada na inclusão (ROCHA, 2017).
A inclusão por sua vez, significa humanizar caminhos, no qual, diante do
processo de inclusão se faz importante a formação dos professores, contribuindo
para que haja as mudanças necessárias para atender os alunos portadores de
necessidades especiais de acordo com a educação inclusiva (ROCHA, 2017).
Segundo Pimenta (2002, p. 131-132);
O trabalho docente com portadores de necessidades educativas especiais
na contemporaneidade deve combinar estes dois aspectos, o profissional e
o intelectual, e para isso se impõe o desenvolvimento da capacidade de
reelaborar conhecimentos. Desta maneira, durante a formação inicial, outras
competências precisam ser trabalhadas como elaboração, a definição, a
reinterpretação de currículos e programas que propiciem a
profissionalização, valorização e identificação docente.

Desta maneira, pode-se perceber que o trabalho docente pautado na


educação inclusiva deve combinar o profissional e o intelectual, pois quando
combinados podem reelaborar conhecimentos, a fim de proporcionar valores ao
trabalho docente.

4. A função da escola e do pedagogo na educação inclusiva


O pedagogo é um profissional habilitado para atuar em diversas questões que
envolvam o conhecimento pedagógico, buscando apoiar os educadores na aplicação
desses conhecimentos juntamente com seus alunos nas diversas práticas
educativas que devem ser aplicadas (DORNELLES, 2016).
Desta maneira, “(...) o pedagogo é todo profissional que lida com a formação
dos sujeitos, seja em instituições de ensino, seja em outro lugar” (LIBÂNEO, 2006, p.
215). Ou seja, o pedagogo não é somente professor, ele é capaz de realizar
diversas funções em diferentes situações que ocorrem no cotidiano e ambiente
escolar.
A função do pedagogo é então, mobilizar e definir o trabalho pedagógico para
caminhar em um sentido de efetivar uma educação de qualidade que valorize todos
os alunos, independentemente de suas características (KAILER, 2013).
O professor e o pedagogo exercem papeis educacionais fundamentais para
propiciar no meio escolar as condições que diferem das condutas de um psicólogo,
por exemplo, pois a intervenção pedagógica acontece em um contexto de
coletividade e interação com a turma em que a criança está inserida, sem fins
individualizados ou terapêuticos (DORNELLES, 2016).
A escola por sua vez, pode colaborar com a educação inclusiva, incluindo na
instituição redes de apoio através de parcerias com outros setores da comunidade
escolar, podendo ser, setores da saúde, de lazer, e até mesmo entre a equipe
escolar, os professores de classe regular e os professores especializados
(CARNEIRO, 2012).
Segundo Tezani (2004, p.44 apud VIOTO e VITALINO, 2012, p. 34) para
compreender o papel do pedagogo no processo de educação inclusiva, é preciso
aceitar que ele “tem o papel de implementar a política, ou seja, realizar em ações o
que a proposta de Educação Inclusiva se propõe a fim de (re)significar e
(re)construir culturas inclusivas [...].”
O pedagogo por sua vez, para que desempenhe um bom trabalho, necessita
da colaboração de outros profissionais da área de ensino, a fim de promover uma
transformação nas formas organizacionais da escola, buscando eliminar as barreiras
e obstáculos que possam impedir o processo de escolarização destes alunos, assim
Libâneo (2001, p. 63), menciona que;

No trabalho desenvolvido pelas pedagogas em relação à inclusão estão as


iniciativas de orientação e acompanhamento do professor de sala de aula. É
esperado que o pedagogo elabore práticas em conjunto com o professor,
práticas que garantam o respeito à diversidade, o que ocorre mediante a
adequação de atividades para a promoção da aprendizagem, pois, entende‐
se que não basta o aluno apenas estar na escola, cabe à equipe escolar
garantir que os alunos aprendam, considerando que são todos cidadãos de
direito.

Porém, para que o trabalho do pedagogo se efetive, o mesmo deve estar


atento a realidade de cada criança, pois, para que o trabalho seja bem desenvolvido
é importante envolver a família, para discutir sobre as necessidades dos alunos e
quais questões precisam ser melhoradas ou modificadas, ou seja, deve-se procurar
contribuir e amparar os alunos com as mudanças especifica necessárias da escola
(DORNELLES, 2016).
Falando na participação da família e na colaboração que é importante para
desenvolver um bom trabalho, Carneiro (2012, p. 92) nos coloca que;

O trabalho de colaboração não se destina apenas a favorecer aos alunos


com deficiência, mas beneficia a todos os alunos. Construir uma prática
flexível capaz de atender as diferenças individuais e oportunizar outras
formas de aprendizagem a todos os alunos promove um ambiente
educacional democrático e justo, além de promover a prática reflexiva do
professor, elemento indispensável para o novo paradigma que a educação
inclusiva aponta.

Quando existe colaboração e interação a aprendizagem ocorra de maneira


mais prazerosa, o professor consegue oferecer aos alunos oportunidades para
desenvolver suas potencialidades ao mesmo tempo em que favorecem sua
adaptação.
Vale ressaltar que a escola deve atender as necessidades de todos os
alunos, não priorizando e respondendo aos interesses de uma parcela mais
favorecida, possibilitando a todos uma educação de qualidade, favorecendo a
superação das desigualdades sociais (LIBÂNEO, 2006).
Desta forma, a atuação da escola perpassa os âmbitos de formação do
individuo, e envolve os conteúdos escolares e também o desenvolvimento social que
influencia grandemente na formação dos valores e atitudes de cada ser humano.
Muitas vezes o papel que a escola assume é fruto de uma reprodução das
concepções e políticas excludentes que existem na sociedade, entretanto, é preciso
entender que a escola deve se concretizar e for transformadora da realidade social
(KAILER, 2013).
Mantoan (1997) amplia o conceito de função escolar no intuito de modificar os
conceitos de participação e adaptação, a fim de realizar a inclusão da pessoa com
deficiência na sociedade, e, portanto, nas instituições escolares.
Destaca-se então o quanto é importante ampliar a função da escola como
uma promotora da inserção de todos os indivíduos no âmbito escolar, porém, esta
deve fazer tal papel, não apenas como obrigação, mas como uma necessidade e
direito de fazer parte da educação.
Com isto, compreende-se a inclusão como “um processo que requer
mudanças e reestruturação da escola, tanto no âmbito físico – proporcionando
acessibilidade – quanto no conjunto de propostas educacionais que contribuam para
produzir o ensino e a aprendizagem” (KAILER, 2013, p. 19771).
Para que a escola consiga realizar as mudanças necessárias é preciso fazer
uma avaliação constante das práticas inclusivas que estão sendo realizadas, pois,
ao lado da equipe pedagógica deve buscar identificar as especificidades do trabalho
na realização de uma educação para todo, minimizando as dificuldades que ali
forem encontradas (KAILER, 2013).
Portanto, para que a educação inclusiva seja bem realizada, é preciso
envolver toda a equipe escolar, pois é com toda a equipe que se promove a
inclusão. É preciso considerar a escola como uma instituição pensada e organizada
para atender a demanda de alunos, observando e analisando também os
profissionais que são capacitados para atendê-los e auxiliá-los, conduzindo
juntamente com os professores práticas que respeitem a diversidade e a inclusão
(RODRIGUES, 2008).

CONCLUSÃO
Com o passar do tempo muitas instituições avançaram em busca de
melhorias no ensino e na estrutura para realizar a inclusão dos alunos com
necessidades educacionais especiais, tendo como tarefa estimular os professores a
buscarem novas formas de ensinar e capacitações que auxiliassem na inclusão e no
desenvolvimento desses alunos.
Ao professor cabe realizar seu trabalho voltado à igualdade, podendo e
buscando oferecer a cada individuo uma maneira de educar que melhor atenda suas
necessidades, respeitando suas características e conhecendo seus interesses e
suas habilidades. É essencial que o professor busque especializações para atender
esses alunos, buscando torná-los cidadãos responsáveis e a todos os demais para
que respeitem as diversidades.
No entanto, para que este processo de inclusão alcance resultados
satisfatórios, é importante que a escola realize uma integração entre professores e
família, além da estrutura da instituição, também com auxilio do pedagogo,
reestruture seu currículo ou projeto político pedagógico, que se adéqüe as
características de todos os alunos, oportunizando um ambiente inclusivo a todos.
Cabe ressaltar, que neste processo de inclusão, o papel do pedagogo é de
também colaborar para a efetivação dessas mudanças e favorecer o
desenvolvimento de práticas pedagógicas que auxiliem aos professores para que
juntos para alcançar uma educação de qualidade.
O professor, por fim, é extremamente importante neste processo de inclusão,
pois é através dele que os alunos aprendem a conviver uns com os outros e dão o
primeiro passo nesse processo de inclusão e respeito às diversidades.
Conclui-se então que a construção de um ambiente inclusivo propicia
condições a todos os envolvidos no processo educacional, ensinando a respeitar o
outro e a dar atenção também a si mesmo, considerando o desenvolvimento e a
aprendizagem que se conquista com base na interação de todos.
REFERÊNCIAS
BUENO, J. G. S. (2001). A inclusão de alunos deficientes nas classes comuns do
ensino regular. Temas sobre Desenvolvimento, v. 9, n. 54, (pp. 21-7). São Paulo:
Memnon.

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