Você está na página 1de 3

Para refletir sobre a importância da educação inclusiva para a escola, deve-

se, inicialmente e necessariamente, conhecer os seus princípios norteadores, bem


como as bases legais do movimento de inclusão e os desafios encontrados no
contexto das instituições de ensino.
Historiando, por muito tempo, os educandos com deficiência não tiveram
direito a frequentar uma escola comum e sua educação se processava em espaços
segregados. A Educação Especial no Brasil, modalidade transversal de educação,
tinha antes um caráter substitutivo à educação regular. Isto é, as pessoas com
deficiência, até meados de 1960, eram impedidas de frequentar as instituições de
ensino regular. Elas estudavam em instituições especializadas, que desenvolviam
um trabalho de cunho predominantemente assistencialista e não educacional,
porque a sociedade atribuía a esses indivíduos o estigma de incapacidade.
Dessa forma, a Educação Especial acontecia separada, em paralelo ao
ensino comum, visto que, de um lado, estavam as escolas comuns que atendiam os
estudantes considerados “normais”, ou seja, aqueles que satisfaziam aos padrões
socialmente estabelecidos e, de outro, estavam as escolas especiais que se
ocupavam do atendimento educacional das pessoas com deficiência. Enfim, todo
esse período ficou conhecido como segregação.
Com o passar dos anos, o modelo em que a Educação Especial substituía o
dito ensino comum passou a ser severamente criticado e, a partir de 1970, ocorreu
o movimento de integração escolar, no qual os alunos eram inseridas nas escolas
comuns, mas não existia nenhuma alteração ou, nem se quer, adequação do
ambiente escolar para recebê-los e para desenvolver práticas pedagógicas que
objetivassem a busca do respeito à diversidade. Afinal, ainda existia uma
concepção de ensino homogeneizante e todos precisariam se adequar, ou seja, as
diferenças não eram respeitadas, não garantindo, por conseguinte, as
oportunidades de aprendizagem para todos.
Tal modelo foi chamado de movimento de Integração, sendo este
considerado um avanço em relação ao modelo de segregação, uma vez que
possibilitou o acesso de todos os alunos, à escola regular; porém não se sustentou
por muito tempo, pelo fato de que o objetivo de inclusão não foi alcançado e não fez
com que a escolarização inclusiva de fato se processasse.
Neste ínterim, o termo Educação Inclusiva foi popularizado pela Declaração
de Salamanca (UNESCO, 1994), documento internacional de referência na área,
que defende a inclusão de todas as crianças na escola comum, independente de
suas condições físicas, intelectuais, sociais, educacionais, linguísticas, etc.
Parafraseando Pietro, a educação inclusiva se constitui pelo apreço à
diversidade como condição a ser valorizada, pois é benéfica à escolarização de
todas as pessoas, pelo respeito aos diferentes ritmos de aprendizagem e pela
proposição de outras práticas pedagógicas, o que exige ruptura com o instituído na
sociedade e, consequentemente, nos sistemas de ensino.

1
Diante da grande importância da educação ser verdadeiramente inclusiva, o
profissional da educação, principalmente, o professor deve ter uma nítida e
inequívoca concepção de que incluir implica não negar a diferença, mas sim
repensar valores, atitudes e construir estratégias pedagógicas diferentes para
acolher os diversos ritmos e estilos de aprendizagem. Inclusive, para que se possa
efetivar uma educação inclusiva, o educador precisa incorporar que incluir é,
portanto, um exercício diário de conviver com o outro, buscando enxergar sua
singularidade e valorizar seu potencial.
Os educadores não devem se ater unicamente à limitação imposta pela
sociedade, sendo profissionais limitados ao não reconhecimento da diversidade;
afinal, os professores devem ter um olhar prospectivo, direcionado para o que estar
por vir, para que possam nortear o fazer pedagógico, sem negar as limitações e as
diferenças que são inerentes aos indivíduos.
Para que se efetive uma prática pedagógica alinhada a uma educação
inclusiva, é preciso que os educadores percebam os aspectos positivos e as
potencialidades dos estudantes, oportunizando acesso e permanência na escola.
É sabido que, tradicionalmente, a inclusão escolar partia do princípio de que
a escola devia assegurar a educação, que é um direito fundamental constitucional,
a todos os alunos com deficiência, para que estes fossem perfeitamente integrados
nas salas de aula do ensino regular.
Hoje, no entanto, uma educação inclusiva deve ir muito mais além do que era
assegurado, há tempos atrás, uma vez que a escola e os profissionais da educação
devem respeitar a diversidade, garantindo uma educação de qualidade para alunos
de todas as origens, independente de classe, de raça, de gênero ou de etnia e,
consequentemente, proporcionando, aos educandos, igualdade no acesso à
educação e também aos seus serviços.
Ressalta-se que fazer com que uma instituição de ensino se torne
verdadeiramente inclusiva perpassa, inicialmente, por cada sala de aula, porém,
para maior êxito, deve ser baseado em um planejamento pedagógico alinhado a
estratégias específicas, objetivando, principalmente, uma mudança da cultura
escolar e que esta seja devidamente incentivada, compartilhada pela gestão
escolar.
Todo professor que intenciona uma real educação inclusiva deve ter em
mente a ideia de que, como educador, não deve-se propor somente a escolarização
de indivíduos com deficiência, mas sim considerar a inclusão escolar como uma
oportunidade de convivência com a diversidade para todos os estudantes.
A partir do momento em que o educador adota esse modelo de ensino, ele
contribui, efetivamente, para dirimir as diferenças e, por conseguinte, trazer
concretos benefícios para as instituições de ensino, ao passo que estas se tornam
melhores ao incluir alunos com direitos educacionais assegurados.
Asseverando, a quarta meta do Plano Nacional de Educação (PNE), Lei nº

2
13.005/2014 propõe:
"Universalizar, para a população de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional
especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de
sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes,
escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados."
Porém, além do Plano Nacional de Educação, temos outras leis, portarias,
decretos e resoluções que devem ser levados em consideração, quando o tema é
inclusão na educação.
Diante do que é proposto nas legislações acima mencionadas, tornar uma
instituição de ensino mais inclusiva significa criar um ambiente menos restritivo,
fazendo com que todos os agentes da educação ( alunos, professores e outros
profissionais da educação) se sintam respeitados, valorizados e seguros.
Portanto, é importante ressaltar que proporcionar e efetivar, com
responsabilidade, uma educação inclusiva é fundamental, ao passo que, com uma
nova mentalidade, o educador pode fazer com que os alunos se sintam
pertencentes ao processo de aprendizagem, independente de diferenças como
deficiência, raça, situação socioeconômica ou outro fator que caracterize uma
diversidade.
Uma escola inclusiva é certamente um ambiente mais produtivo e eficaz para
todos.

Você também pode gostar