Você está na página 1de 5

ESTRATÉGIAS INCLUSIVAS PARA

DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E
SOCIOMEOCIONAL DOS ALUNOS
Alunos com Necessidades Educacionais Especiais

Angela Alves dos Reis Mattos

Resumo
A transformação do espaço escolar em um ambiente educacional inclusivo,
valorizando e respeitando as diferenças dos educandos, tem sido um desafio para todos os
envolvidos com a educação. Mas isso acontece de forma processual e exige esforço de todos os
profissionais que nela atuam, uma vez que o processo de inclusão social e educacional, advém
de uma luta constante de uma minoria em prol de seus direitos para conquista de equidade na
educação e na sociedade.

Palavras-chave: desenvolvimento, inclusão, estratégias.

1. INTRODUÇÃO

Segundo Queiroz (2003) a educação inclusiva é uma filosofia, um processo e um


movimento de âmbito internacional, cujo objetivo precípuo é possibilitar um sistema unificado
de educação para todos os alunos, dentre os quais os portadores de necessidades especiais.
Requer transformação da escola nos aspectos políticos, curriculares e gerenciais, com o objetivo
de oferecer respostas educacionais eficazes à diversidade da população escolar.
A educação inclusiva é um paradigma educacional que busca garantir que todos os
alunos, independentemente de suas diferenças e necessidades, tenham igualdade de
oportunidades para aprender e participar ativamente na escola e na sociedade.
Os fundamentos da educação inclusiva são baseados em valores, princípios e
crenças que promovem a equidade, a diversidade e o respeito pelos direitos humanos.
Dentre os fundamentos da educação inclusiva, podemos citar:

1.1 EQUIDADE E IGUALDADE

A educação inclusiva parte do princípio de que todos os alunos têm direito a uma
educação de qualidade, sem discriminação. Isso envolve oferecer oportunidades iguais de
aprendizagem, independentemente das diferenças individuais, deficiências, origens étnicas,
culturais ou socioeconômicas.
No Brasil, o principal marco de referência no campo da equidade educacional é
a Constituição Federal de 1988, que define a educação como direito de todos, visando ao “pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para
o trabalho” (art. 205), a ser efetivado mediante a oferta de educação básica obrigatória e gratuita
dos 4 aos 17 anos de idade (Emenda Constitucional 59 de 2009, art. 208), sob o princípio da
garantia de um padrão de qualidade (art. 206). A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei nº
9.394/1996) complementa a Carta Magna, acrescentando ainda os princípios de igualdade de
condições para o acesso e permanência na escola e a garantia do direito à aprendizagem (art.
3°).
Partindo desse pressuposto, promover equidade na educação significa observar a
singularidade de cada estudante, considerando a origem e o contexto social no qual está inserido
bem como suas características pessoais, possibilitando-os dessa forma, usufruir plenamente do
direito a acesso, participação, desenvolvimento integral, progressão contínua e conclusão da
jornada escolar na idade adequada. Para tanto, se torna fundamental eliminar restrições, capazes
de comprometer este objetivo.

1.2 VALORIZAÇÃO DA DIVERSIDADE

A diversidade é considerada um ativo valioso. A educação inclusiva reconhece e


valoriza as diferenças individuais, sejam elas relacionadas à capacidade, cultura, língua, gênero,
raça ou religião A diversidade é vista como enriquecedora e fundamental para a construção de
uma sociedade mais justa e compreensiva.
A diversidade nas escolas é uma das competências gerais da Base Nacional
Comum Curricular (BNCC), que diz o seguinte:

“Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a


cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao
outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da
diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes,
identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de
qualquer natureza”.

O Plano Nacional de Educação (PNE) também aborda a relevância da diversidade


nas escolas e o fim da discriminação. Com isso, o PNE tem como objetivo combater a evasão
escolar atrelada ao preconceito e garantir o acesso de todos à educação.
A valorização da diversidade no ambiente escolar é um dos pilares fundamentais
para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva. Quando as escolas abraçam e
celebram a diversidade, elas não apenas promovem um ambiente mais acolhedor para todos os
alunos, mas também preparam os estudantes para viver em um mundo multicultural e plural.

1.3 RESPEITO AOS DIREITOS HUMANOS


A educação inclusiva está fundamentada nos princípios dos direitos humanos, como
o direito à educação, à igualdade, à dignidade e à participação plena na sociedade. Ela rejeita
qualquer forma de discriminação ou exclusão e busca garantir que todos os alunos sejam
tratados com respeito e justiça.
A inclusão escolar está intrinsecamente ligada aos princípios dos direitos humanos.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada pela Assembleia Geral das Nações
Unidas em 1948, estabelece que "toda pessoa tem direito à educação". Isso significa que a
educação de qualidade deve ser acessível a todos, sem discriminação.
O respeito aos direitos humanos na inclusão escolar implica que todos os
indivíduos, independentemente de sua origem étnica, raça, género, religião, orientação sexual,
deficiência ou qualquer outra característica pessoal, têm o direito inalienável de receber uma
educação de qualidade em um ambiente inclusivo.

2. DESENVOLVIMENTO

A Educação Especial no Brasil, passou a se organizar como atendimento


educacional especializado, com o intuito de substituir o isolamento das pessoas com deficiência,
que estavam segregadas nas instituições, podendo dessa forma, ter formas de convívio com a
sociedade em geral. Como alternativa para a segregação total, foram criadas escolas especiais,
classes especiais e organizações especializadas, as quais orientavam suas práticas através de
um atendimento clínico terapêutico.
Nessa perspectiva, a fim de minimizar a segregação de pessoas com deficiência do
sistema de ensino comum e favorecer o que foi chamado de Inclusão social, a partir da década
de 90, o movimento pela Escola Inclusiva deu início a uma gradativa reforma no sistema
educacional brasileiro, a qual se atualiza até os dias atuais. Embora a educação inclusiva se
refira a uma população mais ampla, ela incorpora também os alunos da Educação Especial, que
há tempos sofrem pela discriminação e exclusão, tanto nas escolas quanto na sociedade como
um todo (BALEOTTI; DEL-MASSO, 2008).
Mitler (2003) destaca que a Inclusão Educacional representa uma modificação nos
ideais, nos valores, nas velhas crenças e práticas sociais. O olhar sobre as diferenças requer
uma nova concepção de homem, de modo a considerar prioritariamente as potencialidades e
possibilidades, ao invés dos déficits e limitações de qualquer ser humano, inclusive das
pessoas com deficiências.
Numa alusão às normativas, o Ministério da Educação define que a

[...] inclusão não significa, simplesmente, matricular os


educandos com necessidades especiais na classe comum,
ignorando suas necessidades específicas, mas significa dar
ao professor e à escola o suporte necessário à sua ação
pedagógica. (BRASIL/MEC/SEESP, 1999b).

Nesse percepção, fica claro que a Educação Inclusiva exige profundas


transformações no sistema educacional, que perpassam, por exemplo, desde a revisão da
formação inicial dos professores até a sensibilização das diferenças presentes no corpo de
alunos que constitui a Escola.
A inclusão garante direitos e promove a aprendizagem, estimulando a autonomia e
a independência das pessoas com deficiência em todas as fases da vida. Pensando nisso, o
Brasil estabeleceu na Meta 4 do Plano Nacional de Educação, o objetivo de universalizar
para a população de 4 a 17 anos com deficiência o acesso à educação de acordo com o
modelo de inclusão.
A meta prevê espaços de atendimento educacional especializado (AEE), como
medida complementar e não substitutiva da sala de aula comum, que podem ser frequentados
pelos estudantes com deficiência no contraturno. O AEE tem por objetivo identificar
demandas específicas e elaborar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem
barreiras existentes, garantido a inclusão e autonomia dos estudantes. A abordagem prioriza
o direito de todos os estudantes frequentar as salas regulares, combatendo qualquer
discriminação.
O compromisso com uma educação que se define como universal, deve ser o de
incluir a diversidade, fugindo de modelos padronizados, que não respeitam as realidades dos
estudantes e de suas famílias e promovem situações de exclusão e fracasso escolar.
Historicamente, pessoas com deficiência tiveram o acesso à educação negado ou muito
restringido, por muitos tempo ao longo da história. Apesar dos avanços nas últimas décadas
e do aumento progressivo de matrículas, a exclusão escolar ainda atinge
desproporcionalmente as crianças e jovens com deficiência.
A educação é um dos direitos humanos mais fundamentais, pois é essencial para o
desenvolvimento pleno e a participação na sociedade. Negar a alguém o acesso à educação
devido às suas diferenças é uma violação flagrante dos direitos humanos.
A inclusão escolar reconhece que todos os alunos têm necessidades e potenciais
diversos e que a educação deve ser adaptada para atender a essas diferenças. Isso significa
não apenas fornecer recursos e apoio adequados para alunos com deficiência, mas também
criar um ambiente escolar onde todos se sintam respeitados e valorizados.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A inclusão é um investimento que extrapola os muros da escola, uma vez que é


capaz de promover uma sociedade mais plural e democrática.
Qualquer proposta que vá na contramão da inclusão põe em risco não apenas o
acesso à educação de milhões de crianças e adolescentes, como também o seu desenvolvimento
pleno para uma vida adulta independente. Além disso, o retorno aos modelos de segregação e
integração empobrece a educação brasileira, impedindo que a comunidade escolar como um
todo desenvolva suas capacidades plenamente.
Para garantir o respeito aos direitos humanos na inclusão escolar, é necessário o
comprometimento de toda a sociedade.
As instituições educacionais devem adotar políticas inclusivas, promover formação
adequada aos professores e criar ambientes que fometem o respeito pela diversidade.
Além disso, os governos têm a responsabilidade de criar políticas públicas que
garantam o acesso à educação inclusiva e de qualidade para todos os cidadãos.
A sociedade civil desempenha um papel crucial ao pressionar por mudanças e
garantir que os direitos humanos sejam respeitados.
Em conclusão, a inclusão escolar, é indubitavelmente, um caminho para a igualdade
e a justiça. Garantir que todos os alunos tenham acesso a uma educação de qualidade,
independentemente de suas diferenças e limitações, é não apenas um imperativo ético, mas
também uma maneira de construir uma sociedade mais inclusiva e respeitosa com a diversidade
humana. É uma responsabilidade compartilhada por todos nós em busca de um mundo mais
justo e igualitário.

REFERÊNCIAS

______. Avaliação do instrumento de adequações curriculares na organização de ações


educacionais inclusiva. Revista E-Curriculum, v. 5, N o . 2, p. 1-22, 2010b. Disponível em:
FUNDAMENTOS E ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS INCLUSIVAS [135]
http://revistas.pucsp.br/index.php/curriculum/issue/view/252. Acesso em: set. de 2012.

GONZÁLEZ, J. A. T. Educação e diversidade: bases didáticas e organizativas. Porto Alegre:


Artmed, 2002.

______. Inclusão educacional e formação continuada: a busca por uma escola que atenda a
todos os alunos. In: CARDOSO, C. M. (Org.). Convivência na diversidade: cultura,
educação e mídia. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2008. p. 149-165.

LEITE, L. P.; MARTINS, S.E.S.O. Adequações curriculares: um procedimento na


organização de práticas educacionais inclusivas. Bauru: Universidade Estadual Paulista/
Faculdade de Ciências, 2008, p. 40.

______. Ministério da Educação. Atendimento Educacional Especializado na área da


Surdez. Brasília: Secretaria da Educação Especial e Secretaria de Educação a Distância,
2007b. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/aee_da.pdf. Acesso em:
22 de set. 2023.

______. FUNDAMENTOS E ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS INCLUSIVAS: respostas


às diferenças na escola. Disponível em:
https://www.institutoine.com.br/imagessistema/resumo_do_livro_608bf27d29f74.pdf.
Acesso em: 25 de ago. 2023.

Você também pode gostar