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Avaliação
O plano foi considerado um sucesso, e FHC, então teve sua imagem associada
como “Pai do Plano Real”, o que foi um fator decisivo para sua vitória nas eleições de
1994. Venturi ressalta ocorreram vários fatores que contribuíram para o resultado do
pleito eleitoral de 94.
Fernando Henrique Cardoso aproveitou o sucesso do Plano Real para montar sua
estratégia de campanha eleitora. Como observa Venturi, “Com o início do horário
eleitoral gratuito, em 02 de agosto, ao chamar para si e enfatizar a paternidade do Plano,
a campanha tucana potencializa o efeito do Real.” (Ibid, p.62). Assim, com intuito de
atrair mais eleitores, FHC utilizava de um discurso de continuidade, mostrando que seu
projeto de governo como melhor alternativa para o país. Além desse aspecto, o
candidato tinha mais tempo de propaganda na televisão e muito mais dinheiro gasto
com a campanha de marketing. Enquanto Lula, principal rival de FHC nas eleições de
1994. Tinha uma campanha agressiva, propondo pautas como reforma agraria e uma
legislação trabalhista. FHC venceu no primeiro turno, e sem muitas dificuldades, vence
a eleição presidencial de 1994.
Para Fernando Henrique Cardoso, presidente eleito num contexto de nova ordem
mundial e de nova pax americana – onde os Estados Unidos emergem após o fim da
guerra fria como única superpotência, reunindo força militar e hegemonia estratégica
global –, a adesão a uma agenda internacional identificada com os interesses do FMI e
do Banco Mundial se tornaria um desafio e um discreto desiderato de seu governo.
Possivelmente para dar conta deste novo projeto de política externa, o presidente se
empenhou em esvaziar o Itamaraty de suas funções clássicas, criando uma eficiente
diplomacia presidencial. Diante da euforia dos anos 1990, o Itamaraty se tornara uma
instituição resistente aos novos projetos de inserção internacional brasileira, atuando em
favor da manutenção daquele projeto nacional desenvolvimentista que se expressara
através de políticas de inserção internacional baseada no ocidentalismo e terceiro-
mundismo.
Lilia Moritz Schwarcz, no livro “Brasil: uma biografia” (Editora Companhia das
Letras, 2015), destaca a forte crise política e econômica que afetava a “Nova
República”, principalmente quando da eleição de 1994. De um lado a população
brasileira desiludia-se no campo político após o impeachment de Fernando Collor e seu
governo marcado por fracassos econômicos e pelos escândalos de corrupção. O grande
desafio era devolver ao povo brasileiro a segurança econômica já que, entre 1980 e
1993, o Brasil teve quatro tipos de moeda, cinco congelamentos de preços, nove planos
de estabilização econômica e onze índices diferentes para medir a inflação. Capitaneado
pelo sociólogo cosmopolita, então ministro da Fazenda do governo de Itamar Franco,
Fernando Henrique Cardoso, o Plano Real deu certo e foi o tíquete para a Presidência de
FHC. (SCHWARCZ, 2015, pág. 497 ).
Para além da vitória nas eleições, a bem sucedida política anti-inflacionária, com
o sucesso do Plano Real, também foi usado pelo governo de Fernando Henrique
Cardoso como catalizador de apoio e aliado no governo que se formava. Tutelando para
si os próximos novos rumos do Real, sua estabilização, manutenção e avanço, Fernando
Henrique Cardoso foi capaz de montar e manter um governo de coalização capaz de
empreender as mudanças na estrutura, segundo os objetivos determinados por FHC.
Sendo assim, a responsabilidade política, em se tratando do governo e do congresso,
passava pelo apoio a agenda do Plano Real, que implicava sustentar reformas que
estruturais que daria a estabilidade em longo prazo, levando ao fortalecimento da
coalização do governo e enfraquecendo a oposição. (ABRUCIO, 2003, pág. 276).
O cenário da educação.
O cenário da Cultura.
SILVA, Frederico A. Barbosa da; ABREU, Luiz Eduardo. As políticas públicas e suas
narrativas: o estranho caso entre o Mais Cultura e o Sistema Nacional de Cultura.
Brasília: Ipea, 2011.