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4º Seminário de Relações Internacionais da Associação Brasileira de Relações

Internacionais (ABRI)
As Diretrizes Curriculares Nacionais e seus impactos para as Relações
Internacionais no Brasil

Foz do Iguaçu, PR
27 e 28 de setembro de 2018

Área temática: Segurança Internacional, Estudos Estratégicos e Política de Defesa

O DESENVOLVIMENTO NUCLEAR DE ARGENTINA E BRASIL E O


SALTO PARA A COOPERAÇÃO BILATERAL

Jéssica Maria Grassi


Programa de Pós-Graduação em Integração Contemporânea da América Latina
Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA)
RESUMO

O presente artigo tem como objetivos analisar o desenvolvimento nuclear de


Argentina e Brasil, entender o que levou a superação das rivalidades e explorar a
construção do entendimento e a cooperação nuclear. Além disso, pretende-se
apresentar brevemente como está se desenvolvendo a cooperação bilateral no setor
nuclear no século XXI. Parte-se da hipótese de que as desconfianças históricas
existentes entre Argentina e Brasil e a disputa pelo poder e influência do seu entorno
geográfico e estratégico fizeram com que o desenvolvimento da tecnologia nuclear nos
dois países durante a Guerra Fria fosse tema de máxima importância e preocupação
constante recíproca. No entanto, gradativamente ocorreu um processo de
aproximação bilateral e nos anos 1980, por fatores internos e externos, os levou a
estabelecer uma significativa cooperação nuclear que evolui até a criação da Agência
Brasileira-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (ABACC).
Além disso, esse período de entendimentos e cooperação entre os dois vizinhos foi
primordial para o avanço da integração sul-americana, tendo como resultado a criação
do Mercosul. A partir de então, observa-se que a cooperação nuclear entre Brasil e
Argentina passou por um período de estagnação, com tentativas de retomada no
século XXI. Esta pesquisa é um estudo exploratório e será empregada a técnica de
pesquisa bibliográfica, recorrendo-se a livros, teses, dissertações, artigos e demais
fontes secundárias. Ademais, serão utilizados documentos oficiais dos governos para
investigar o tema proposto.

Palavras-chave: Rivalidades. Cooperação nuclear. Parceria estratégica. Brasil.


Argentina.
INTRODUÇÃO

Historicamente as relações entre Brasil e argentina se caracterizaram pelas


desconfianças mútuas, rivalidades geopolíticas e disputa pela influência e poder no
entorno geográfico. O avanço da tecnologia nuclear em ambos os países tornou as
preocupações ainda mais marcantes, estabelecendo o perigo de uma corrida
armamentista entre os dois vizinhos com maior peso na América do Sul. Esse perigo
fez com que as relações bilaterais fossem mudando de rumo, afinal, uma aliança era
mais benéfica do que um conflito.
Nesse sentido, este artigo busca analisar o desenvolvimento nuclear de Brasil
e Argentina e demonstrar a passagem de uma relação bilateral historicamente
marcada pelas desconfianças e rivalidades para um relacionamento baseado no
entendimento e na cooperação com a consolidação de uma parceria estratégica.
Muitos são os fatores, internos e externos, que tornaram possível esse câmbio
nas relações bilaterais. Contudo, defende-se que a cooperação nuclear foi crucial para
o fim das rivalidades e desconfianças, bem como para o fim das suspeitas
internacionais de uma corrida armamentista entre os dois vizinhos. Assim, foi
essencial para a intensificação das relações brasileiro-argentinas ao ponto de
consolidarem uma parceria estratégica na década de 1980. Essa parceria estratégica
é o eixo que sustenta a integração sul-americana.
Para desenvolver esse trabalho, primeiramente, será examinado o
desenvolvimento nuclear de Brasil e Argentina, demonstrando as desconfianças
mútuas desse período. Em seguida, serão analisadas as mudanças nas relações
bilaterais, a partir de 1979, abordando o avanço da cooperação nuclear até a formação
da ABACC. Por fim, será explorada a cooperação nuclear entre os dois países no
decorrer do século XXI.

O DESENVOLVIMENTO NUCLEAR BRASILEIRO E ARGENTINO E AS


DESCONFIANÇAS MÚTUAS

O programa nuclear argentino foi o mais avançado da América Latina. O país


foi pioneiro em demonstrar seu interesse na tecnologia nuclear na América Latina,
bem como, na década de 1980, com a inauguração de sua segunda central nuclear,
foi a segunda potência nuclear do Terceiro Mundo, atrás apenas da Índia (BARACHO
TEIXEIRA, 2007; OLIVEIRA, 1998).
As primeiras instituições de ciência e tecnologias argentinas foram criadas no
marco da industrialização e expansão do mercado interno, promovidas pelo Governo
de Juan Perón (1946-1955), criando-se, na década de 1950, a Comissão Nacional de
Energia Atômica (CNEA) (VERA & COLOMBO, 2014).

En un principio, las tareas de la CNEA estuvieron centradas en la


formación de recursos humanos e infraestructura, con la inauguración
de los centros atómicos Bariloche (1955) y Constituyentes (1958), la
creación de carreras universitarias afines y los comienzos de la
exploración y extracción del insumo básico, el uranio. Se organizaron,
además, los primeros grupos de trabajo en investigación y desarrollo
en el Instituto Balseiro, y se comenzaron las primeras actividades en
aplicación de conocimiento a través de la producción y utilización de
radioisótopos en un momento en que existían escasos proveedores
nucleares (VERA & COLOMBO, 2014, p.18).

O desenvolvimento da tecnologia nuclear argentina se deu por meio do PLAN,


o Plano Nuclear Argentino, o qual se baseava em um modelo de ação independente
que pretendia a fabricação de seus próprios equipamentos e reatores e a “conquista
do domínio completo do ciclo do urânio e suas alternativas, para assim projetar a
hegemonia do país no plano regional e continental frente às pressões externas”
(OLIVEIRA, 1998, p.9).

[...] o PLAN argentino previa, além do complexo nucleoelétrico de


duas usinas nucleares em funcionamento, Atucha I e Embalse Río
Tercero, mais quatro usinas de 650 MW, em operação comercial até
o ano 2000, abrangendo, ainda, os Centros Atômicos de
Constituyentes, Ezeiza e Pilcaniyeu, uma usina experimental de água
pesada em Buenos Aires e outra industrial em Arroyitos, uma usina
de enriquecimento de urânio em escala industrial em Pilcaniyeu e
uma experimental de reprocessamento em Ezeiza e a construção de
um depósito de lixo atômico em Gastre (OLIVEIRA, 1998, p.9).

Nos finais dos anos 1960, a Argentina decidiu construir sua primeira central
nuclear - e a primeira da América Latina -, a Atucha I, a qual seria destinada a
abastecer de eletricidade os polos industriais da grande Buenos Aires. Alguns anos
depois, com o aumento do preço do petróleo, anunciou a construção da segunda
central nuclear, a Embalse, localizada em Córdoba. A primeira foi inaugurada em 1974
e a segunda em 1984 (VERA & COLOMBO, 2014).
A ditadura militar iniciada em 1974 incentivou ainda mais o desenvolvimento de
tecnologia nuclear, chegando a destinar até 2% do PIB nacional para a área. Nesse
período se planejou vários megaprojetos de construção de mais usinas nucleares e
inícios da pesquisa para enriquecimento de urânio (VERA & COLOMBO, 2014).

No final de 1983, a Argentina conseguia chegar ao patamar do


enriquecimento do urânio. A comunicação de tão inédita como
fulminante notícia marcou os últimos dias da ditadura. Os argentinos
acabavam de vencer um obstáculo tecnológico de grandeza nuclear.
Junto ao Centro Atômico de Pilcaniyeu, secretamente, pelo método
de difusão gasosa, haviam conseguido o domínio do combustível
enriquecido, sem nenhuma ajuda externa (OLIVEIRA, 1998, p. 12).

Além disso, Baracho Teixeira (2007, p. 62) salienta que “a Argentina


desenvolveu considerável experiência prática com tecnologia de reprocessamento
para uso futuro, incluindo a possibilidade de reciclagem de plutônio como combustível
para as plantas de centrais elétricas nucleares”.
Já durante a década de 1990, durante a Presidência de Carlos Menem (1989-
1999) o contexto neoliberal resultou em uma postura caracterizada pela perda da
indústria como fator de desenvolvimento. Dessa forma, a política nuclear, que durante
mais de três décadas recebia altos recursos econômicos, sofreu cortes que
provocaram o envelhecimento dos equipamentos, a paralisação da central nuclear
Atucha II (que teve a construção iniciada em 1981) – bem como do projeto do
submarino nuclear argentino iniciado na época da Guerra das Malvinas -, a perda de
profissionais e a contenção de gastos de funcionamento. Ademais, nesse período, o
país cedeu diversas concessões aos norte-americanos (VERA & COLOMBO, 2014).

Atualmente, a CNEA conta com três centros atômicos (Bariloche, em


Rio Negro, Constituyentes, em San Martín, e Ezeiza, em Ezeiza), um
complexo tecnológico (Pilcaniyeu, na Província de Rio Negro) e um
complexo mineiro-fabril (San Rafael, em Mendoza) [...]. Após período
de estagnação econômica que levou à marginalização dos projetos
nucleares, em agosto de 2006, o Presidente Néstor Kirchner relançou
o plano nuclear argentino. Dentre outros, o projeto inclui a conclusão
e operacionalização de Atucha II, a reativação do enriquecimento de
urânio e estudos de viabilidade de construção de uma quarta central
nuclear (BARACHO TEIXEIRA, 2007, p.63).

No Brasil, em 1951, cria-se o Conselho Nacional de Pesquisa, por meio do


Almirante Álvaro Alberto da Mota e Silva, fixando convênios com institutos de
pesquisas equipados com reatores experimentais, laboratórios sofisticados e grupos
de estudos, os quais lograram projetar um reator de pesquisa e seu próprio
combustível. Logo depois, em 1956, cria-se a Comissão Nacional de Energia Nuclear
(CNEN) (OLIVEIRA, 1998; JANUÁRIO, 2015).
Entre as décadas de 1940 e 1970, o Brasil firmou parcerias na área nuclear
com Estados Unidos e Alemanha, o que trouxe prejuízos quanto à soberania nacional,
comprometeu seus minérios atômicos e gerou ônus à divida pública (OLIVEIRA,
1996). Como exemplo, em 1945, com a assinatura do primeiro acordo com os EUA, o
Brasil garantiu a venda, com exclusividade, de 300 toneladas anuais de monazita a
preço de 31 a 40 dólares a tonelada, por um prazo de três anos (BARACHO
TEIXEIRA, 2007).
Outro momento marcante foi a assinatura, em 1955, do Programa Conjunto de
Cooperação para o Reconhecimento e a Investigação do Urânio no Brasil, o qual
previa a pesquisa e a avaliação das reservas de urânio brasileiras que seriam
vendidas aos EUA, e o Acordo de Cooperação para o Desenvolvimento da Energia
Atômica com Finalidades Pacíficas que previa, pela primeira vez, a exportação de
tecnologia americana para o Brasil, mas estabelecia também que o país “arrendaria
dos norte-americanos, por um período de cinco anos, até seis quilos de urânio
enriquecido a 20%, para ser usado como combustível para reatores de pesquisa
encomendados também junto aos EUA” (BARACHO TEIXEIRA, 2007, p.78-79).
Definiu-se, assim, que a tecnologia do urânio enriquecido e água leve seria
usada para o Programa Nuclear Civil, o que, para Oliveira (1998, p.6), foi uma opção
deplorável, pois “representava forte interesse de grupos e institucionalizou a situação
de dependência ao Estado nuclear brasileiro, acarretando sérios prejuízos à soberania
nacional, além de pesados ônus financeiros que agravaram ainda mais a dívida
externa do país”.
A partir disso, nos anos 1970, decidiu-se implantar um projeto para a criação
de um parque nuclear, iniciando, com isso, a construção da Usina Nuclear de Angra I
(em parceria com os EUA) e, mais tarde, a Angra II (parceria com Alemanha). A
Central de Angra III também foi adquirida na Alemanha, no entanto, seu cronograma
de execução foi postergado pelos sucessivos governos. A Angra I foi a segunda usina
nuclear da América Latina (OLIVEIRA, 1998).
De modo geral, o Programa Nuclear Civil do país não evoluiu como previsto, os
cronogramas de execução das usinas de Angra foram atrasados, os projetos tiveram
diversas falhas, o que geraram custos elevados, não funcionando como o esperado
(OLIVEIRA, 1998).
No entanto, se por um lado, o Programa Nuclear Civil apresenta um saldo
negativo, por outro, o Programa Nuclear Militar, conhecido como “Paralelo”, criado em
1979 e conduzido secretamente pelas Forças Armadas evoluiu com destacado
sucesso em pesquisas autônomas. Logrou-se, por exemplo, o domínio da tecnologia
de enriquecimento urânio por ultracentrifugação, atingindo o índice de 20% em 1988
(OLIVEIRA, 1998; JANUÁRIO, 2015). Previa-se também a construção de um pequeno
reator para ser utilizado no submarino nuclear brasileiro, que já se idealizada nesse
período (OLIVEIRA, 1998).
Devido ao maior avanço da Argentina no que diz respeito à tecnologia nuclear,
o Brasil temia o desenvolvimento da bomba atômica pelo vizinho, isso fez com que a
desconfiança aumentasse, bem como fez com que o Brasil buscasse superar sua
tecnologia nuclear. Por outro lado, a Argentina reconhecia “que o nível de avanço
tecnológico do país vizinho, apesar de inferior ao do Plano Nuclear Argentino, de
forma paulatina e acelerada, vinha encurtando as diferenças” (OLIVEIRA, 1998, p.8-9).
Nesse sentido, “a questão nuclear sempre atuou como um divisor entre os dois
países” (OLIVEIRA, 1998, p.9). Ademais, a disputa tecnológica entre Brasil e
Argentina e as suspeitas de que o desenvolvimento nuclear brasileiro e argentino não
seria apenas para fins pacíficos, intensificadas pelo fato de ambos os países não
ratificarem os tratados de não proliferação nuclear, faziam com que a comunidade
internacional temesse uma corrida armamentista entre os vizinhos (SILVA DIAZ &
MATOS BRAGA, 2006).

Sintetizando: no campo nuclear, tanto a Argentina como o Brasil


atingiram avançado estágio de capacitação técnico-científica,
reunindo todas as condições requeridas à fabricação do artefato
atômico em curto espaço de tempo, em conjunto ou isoladamente,
dependendo apenas de uma decisão política. Para esses países não
existem problemas do necessário material. Nos centros de pesquisas
produzem urânio enriquecido por difusão gasosa e ultracentrifugação.
Contudo, são decisões diferentes: dispor do material e da tecnologia
do engenho atômico e ter a intenção de construí-lo (OLIVEIRA, 1998,
p. 12).

Com o desenvolvimento da indústria nuclear em ambos os países, as


desconfianças recíprocas aumentaram, no entanto, isso não significou a ausência da
cooperação. (BARACHO TEIXEIRA, 2007). Como exemplo, cita-se a atuação conjunta
do Brasil e da Argentina nas negociações do Tratado de Proscrição de Armas
Nucleares na América Latina (Tratado de Tlatelolco) entre 1964 e 1967 (VIEIRA
VARGAS, 1997).
Ademais, ambos se negavam a ratificar o Tratado de Não Proliferação de
Armas Nucleares (TNP) por considerá-lo discriminatório. Nesse sentido, Vieira Vargas
(1997, p. 44) aponta que “a atuação coordenada dos dois países no plano multilateral
buscava, na ocasião (anos 60), manter abertas vias de suprimento de materiais e
tecnologia nucleares, bem como legitimar suas políticas e/ou projetos nacionais no
campo nuclear”.
Outro momento importante foi quando a Argentina apoiou o Brasil contra as
pressões norte-americanas ao acordo nuclear Brasil-Alemanha. Esse apoio foi
importante, pois abriu caminho para a cooperação estabelecida nos anos 1980
(VIEIRA VARGAS, 1997).
Com o passar dos anos, principalmente após a redemocratização, os países
buscaram o desenvolvimento de uma intensa cooperação bilateral. Frente aos perigos
de uma corrida armamentista com o avanço da era atômica, ambos passaram a
identificar que uma aliança bilateral permitiria a troca de tecnologia nuclear e afastaria
as suspeitas mútuas, bem como da comunidade internacional (OLIVEIRA, 1998;
SILVA DIAZ & MATOS BRAGA, 2006).
Ademais, entre os diversos fatores que levaram os vizinhos a substituírem a
dinâmica de competição pela cooperação no âmbito nuclear, Vieira Vargas (1997,
p.46) defende que o “controle oligopolístico do comércio de bens e tecnologias
sensíveis, exercido pelos países industrializados foi, um dos principais motivos para
que as autoridades brasileiras e argentinas se engajassem, no início dos anos 80, na
cooperação nuclear”.
Nesse sentido, a próxima seção explorará o período de entendimentos e
consolidação da parceria estratégica, demonstrando a intensificação da cooperação
na área nuclear, bem como o papel dos dois países para o fortalecimento da
integração regional.

SUPERAÇÃO DA DESCONFIANÇA, APROXIMAÇÃO, COOPERAÇÃO E


PARCERIA ESTRATÉGICA

Oliveira (1998) propõe que o processo de cooperação no âmbito nuclear foi


conduzido de forma lenta e gradativa.

Os antecedentes da integração nuclear registram o primeiro passo de


aproximação junto à classe de cientistas desses países. Apesar da
desconfiança com que era visto o Programa Nuclear Paralelo
brasileiro pelos argentinos, havia se estabelecido um intercâmbio
entre eles, concretizado através de permutas de documentos,
discussões acadêmicas e visitas informais às instalações atômicas,
sem o envolvimento dos governos nessas negociações. Os colóquios
e trocas de notas ocorriam em nível de convites informais de
cientistas e não de suas instituições oficiais (OLIVEIRA, 1998, p. 13).

Spektor, Wheeler e Nedal (2012, p.32) enfatizam que “ao longo de doze anos,
entre 1967 e 1979, houve quatro tentativas frustradas de acordo bilateral em matéria
nuclear”, sendo que “o Brasil apresentou propostas em 1967, 1972 e 1979, ao passo
que a Argentina o fez em 1974”.
No entanto, o clima não era favorável para um salto desse nível nas relações
bilaterais. A cooperação era improvável devido a visão mútua do vizinho como ameaça
potencial. Ademais, os receios e desentendimentos acerca da questão de Itaipu
fizeram com que, na Argentina, as tentativas para uma aproximação na área nuclear
ficassem condicionadas à resolução desse contencioso acerca do aproveitamento
hidrelétrico do Rio Paraná (SPEKTOR & WHEELER & NEDAL, 2012).
Assim, foi após a assinatura do Acordo Tripartite Itaipu-Corpus - que pôs fim
aos desentendimentos acerca do aproveitamento hidrelétrico dos rios da Bacia do
Prata - e, principalmente, após a restauração democrática, que se observa a mudança
no relacionamento brasileiro-argentino, o qual entra em uma nova fase. Ademais, o
apoio brasileiro durante a Guerra das Malvinas foi um importante fator de aproximação
entre os dois países.
Diversos fatores tornaram possível essa aproximação, além da questão da
redemocratização, da resolução do contencioso de Itaipu e do apoio brasileiro à
Argentina durante a Guerra das Malvinas – e do apoio norte-americano à Grã-
Bretanha -, soma-se o problema da dívida externa e a crise vivida por ambos os
países, a convergência em fóruns internacionais, seu isolamento e suas fragilidades
no sistema internacional, bem como os atritos que a Argentina já enfrentava com a
Inglaterra e o Chile. Ademais, observa-se a mudança no equilíbrio de poder no Cone
Sul, que era favorável à Argentina e, posteriormente, passa a ser favorável ao Brasil,
entre outras questões domésticas e internacionais enfrentadas pelos países
(ALMEIDA MELLO, 1996; GOMES SARAIVA, 2012; RUSSEL & TOKATLIAN, 2002).
No entanto, aqui se enfatizará a importância da cooperação nuclear para a
intensificação dessa relação, a qual se consolidará como uma parceria estratégica.
Acredita-se que a cooperação na área nuclear é o eixo essencial para a parceria
estratégica entre Brasil e Argentina, pois foi um fator crucial para o fim das rivalidades
e desconfianças mútuas, bem como para o fim das suspeitas internacionais de uma
corrida armamentista entre os dois vizinhos. Da mesma forma, essa parceria
estratégica é o núcleo duro da integração sul-americana.
No final da década de 1970, com a ascensão do general Jorge Videla (1976-
1981), na Argentina, e a Presidência de João Figueiredo (1979-1985), no Brasil,
estabeleceu-se como relacionamento prioritário entre os dois países, buscou-se
superar o problema do aproveitamento energético dos rios da Bacia do Prata e
alcançar o entendimento. Posteriormente, o advento do novo regime político foi
essencial para a mudança nas relações bilaterais (VIDIGAL, 2007; SPEKTOR, 2002).
Assim, em maio de 1980, o Presidente João Figueiredo visitou à Argentina,
sendo esta “a primeira visita que um Chefe de Estado brasileiro em exercício realizou
ao país vizinho desde 1935” (VIDIGAL, 2007, p. 258). Nesse ano, os dois países
assinaram o Acordo de Cooperação para o Desenvolvimento e a Aplicação de Usos
pacíficos da Energia Nuclear, no qual decidiram cooperar pelo desenvolvimento dos
usos pacíficos da energia nuclear, de acordo com as prioridades dos programas
nacionais de cada país e levando em conta os compromissos internacionais
assumidos (BRASIL & ARGENTINA, 1980).
O acordo ressaltava “a necessidade de impedir a proliferação de armas
nucleares através de medidas restritivas não discriminatórias que visassem obter o
desarmamento geral e completo sob estrito controle internacional”, demonstrando “a
divergência filosófica dos dois países com o TNP” (VIERA VARGAS, 1997, p. 46).
Nesse sentido, possuía ênfase política e caráter estratégico, pois demonstrava
aos países desenvolvidos, principalmente aos Estados Unidos, que não haveria
possibilidades de Brasil e Argentina desencadearem uma corrida armamentista e que
seus programas não apresentavam riscos à estabilidade da América do Sul. Da
mesma forma, fortaleceria a defesa dos interesses nacionais de ambos os países.
Assim, o mesmo produziu destacados vínculos de aproximação bilateral, sendo
considerado um marco divisor de águas (VIDIGAL, 2007; OLIVEIRA,1996).
Ademais, nesta mesma ocasião também foram firmados o Convênio Básico de
Cooperação entre a CNEA e a CNEN, e um convênio entre a CNEA e as Empresas
Nucleares Brasileiras (NUCLEBRÁS), bem como estabeleceram o Protocolo de
Cooperação Industrial CNEA-NUCLEBRÁS (VIERA VARGAS, 1997).
Durante a primeira metade da década a cooperação foi se aprofundando e os
vínculos bilaterais foram se consolidando, porém a partir da metade dos anos 1980 as
relações se intensificaram de tal maneira que, durante os governos de José Sarney
(1985-1990) e Raúl Alfonsín (1983-1989), Brasil e Argentina estabeleceram um
relacionamento especial.
A partir de então, o relacionamento entre os dois países não retomou os
princípios da cordialidade oficial, mas passou a se desenvolver a partir de um novo
modelo de vínculo bilateral, uma relação privilegiada. "A qualificação do
relacionamento com a Argentina ocorreu, portanto, no marco das parcerias
estratégicas" (SPEKTOR, 2002, p.124).
Em 1985, Sarney e Alfonsín inauguraram a Ponte Internacional da Fraternidade
Tancredo Neves, que une Foz do Iguaçu a Puerto Iguazú, e assinaram a Declaração
de Iguaçu e a Declaração Conjunta sobre Política Nuclear. Esse é considerado o auge
das conversações iniciadas ainda durante o governo de Figueiredo, um marco para o
processo de integração e dá origem a um novo ciclo no processo de cooperação
nuclear entre Brasil e Argentina (GOMES SARAIVA, 2012; OLIVEIRA, 1996;
GRANATO, 2014).
Nesse momento, os países ressaltaram o comprometimento com o processo
de integração bem como reinteraram seu compromisso em desenvolver a energia
nuclear para fins exclusivamente pacíficos e a aspiração de que esta cooperação
fosse estendida aos outros países latino-americanos (BRASIL & ARGENTINA, 1985).
Além disso, declararam:

Sua decisão de criar um Grupo de Trabalho conjunto sob a


responsabilidade das Chancelarias brasileira e argentina, integrado
por representantes das respectivas Comissões e empresas
nucleares, para o fomento das relações entre os dois países nessa
área, a promoção de seu desenvolvimento tecnológico-nuclear e a
criação de mecanismos que assegurem os superiores interesses da
paz, da segurança e do desenvolvimento da região, sem prejuízo dos
aspectos técnicos da cooperação nuclear que continuarão sendo
regidos pelos instrumentos vigentes (BRASIL & ARGENTINA, 1985).

A partir disso, as negociações seguiram e, em julho de 1986, os dois países


firmaram a Ata para a Integração Brasileiro-Argentina, que levou a estruturação do
Programa de Integração e Cooperação Econômica (PICE). O Programa abrangia,
entre outras questões, o “aprofundamento das preferências tarifárias, estímulo à
formação de empresas binacionais, criação de comitês em áreas de fronteiras,
acordos de cooperação científico-tecnológica, nuclear e aeroespacial” (OLIVEIRA,
1996, p. 131). Em dezembro desse ano, também foram firmadas a Declaração
Conjunta sobre Política Nuclear e a Ata da Amizade.
Ainda em 1986, funcionários argentinos visitaram o Instituto de Pesquisas
Nucleares (IPEN), onde a Marinha do Brasil realizava pesquisas para o
enriquecimento de urânio. Um ano depois, em visita à Argentina, o Presidente Sarney
conheceu as instalações do Centro Atômico Pilcaniyeu, momento em que os dois
presidentes assinaram a Declaração de Viedma (VIEIRA VARGAS, 1997; OLIVEIRA,
1996).
Já em 1988, o Presidente Raúl Alfonsín veio ao Brasil para a inauguração da
Unidade de Enriquecimento de Urânio Almirante Álvaro Alberto, do Centro
Experimental de Aramar, e nessa ocasião foi firmada a Declaração de Iperó, que é
considerada um ato político muito importante (OLIVEIRA, 1996):

Nessa declaração os dois governos reiteraram o direito de seus


países desenvolverem, sem restrições, programas nucleares para fins
pacíficos, decidindo que o aperfeiçoamento dos mecanismos de
cooperação política e técnica, entre eles, se dará através do
conhecimento recíproco desses programas, e manifestaram o desejo
de estender tal cooperação aos países que estejam interessados
nessa participação, visando, através de ações gradativas, a
integração de toda a América Latina em direção da unidade,
confiança e modernidade (OLIVEIRA, 1996, p.140).

Em 1988, Sarney também visitou o Laboratório de Processos Radioquímicos


da CNEA em Ezeiza. Essas visitações – no IPEN, no Centro Atômico Pilcaniyeu, no
Centro Experimental de Aramar e no Laboratório de Ezeiza - demonstraram a
evolução da confiança recíproca e a intenção de progredir ainda mais no trabalho
conjunto na área nuclear.
Ademais, em 1988, os vizinhos assinaram o Tratado de Integração,
Cooperação e Desenvolvimento. Esse Tratado pretendia, primeiramente, remover, em
um prazo de dez anos, os obstáculos tarifários e não tarifários ao comércio de bens e
serviços e, após, buscar a harmonização das políticas para a formação de um
mercado comum. Em 1990, os presidentes Fernando Collor de Mello (1990-1992) e
Carlos Saúl Menem (1989-1999) reduziram esse prazo de dez para quatro anos na
Ata de Buenos Aires (GRANATO, 2014; MONIZ BANDEIRA, 2003). A partir disso, em
1991, Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai assinaram o Tratado de Assunção, criando
o Mercosul.
Na Declaração Conjunta de Fiscalização Mútua, em 1990, os dois países
aprovaram o Sistema Comum de Contabilidade e Controle (SCCC), bem como, a partir
dela, estabeleceram uma série de atividades a serem cumpridas pelos dois países
(OLIVEIRA, 1996). Assim, em julho de 1991, em Guadalajara, no México, os
presidentes Collor de Mello e Carlos Menem assinaram o Acordo entre a República
Federativa do Brasil e a República Argentina para o Uso Pacífico da Energia Nuclear
e, posteriormente, criaram a Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle
de Materiais Nucleares (ABACC).
A ABACC tornou possível a aplicação do SCCC e representa uma inovação,
um sistema de salvaguardas bilateral inédito no mundo.

O SCCC e a ABACC eram vistos, portanto, não apenas como


componentes essenciais do sistema de verificação bilateral, mas
também como partes de um esquema alternativo ao do TNP [Tratado
de Não Proliferação de Armas Nucleares], cujos pressupostos não
eram então aceitos pelos dois países. [...] a ABACC logrou
consolidar-se como interlocutor respeitado entre os principais atores
no campo da não proliferação, tanto por parte de Estados individuais
como nos planos regional e multilateral (RIBEIRO MOURA, 2001, p.
103).

Em 13 dezembro de 1991, também foi assinado o Acordo entre a República


Federativa do Brasil, a República Argentina, a Agência Brasileiro-Argentina de
Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares e a Agência Internacional de Energia
Atômica para Aplicação de Salvaguardas, conhecido como Acordo Quadripartite.

O Acordo Quadripartite regula o relacionamento, a cooperação e o


compartilhamento da responsabilidade de aplicação de salvaguardas
nucleares entre a ABACC e a AIEA. O documento ressalta a
importância da cooperação entre as agências e a necessidade de
evitar a duplicação desnecessária de salvaguardas, sendo que o
Acordo tem como base o SCCC e a AIEA deve levar em
consideração a eficácia técnica do Sistema ao realizar suas
atividades. Porém, a Agência Internacional de Energia Atômica deve
ser capaz de executar medidas de forma independente e verificar os
dados oferecidos pelo SCCC (JANUÁRIO, 2015, p. 10).

Russel e Toklatian (2002) afirmam que até os anos 1980, as relações entre os
dois vizinhos eram baseadas em uma cultura lockeana, ou seja, de rivalidade e, a
partir de então, incorporou-se elementos kantianos de amizade. Apesar de ser uma
amizade ainda frágil, na qual alguns traços da antiga rivalidade se faziam presente.
Apesar de algumas divergências que existiram entre os dois países, Gomes
Saraiva (2012) pondera que o entendimento teve avanços progressivos a partir de
1979, atingindo na segunda metade dos anos 1980 uma parceria estratégica.

Do aumento do fluxo comercial; passando pela convergência no


campo de política externa; com destaque para o diálogo político; e,
não menos importante, as perspectivas de projetos de
desenvolvimento assinaladas nos Protocolos. A esses itens pode ser
agregada também a aproximação no campo militar e a superação da
possibilidade de conflito entre os dois países (GOMES SARAIVA,
2012, p. 80).

Moniz Bandeira (2003, p. 468) defende que os dois vizinhos chegaram a


conclusão de que, isoladamente, “pouco ou quase nada iriam mudar na ordem
mundial, mas, unidos, poderiam influir gradativamente nas decisões de interesse da
América Latina”. Nesse período, Brasil e Argentina se propuseram a constituir um
novo polo gravitacional de poder no sistema internacional (MONIZ BANDEIRA, 2003).
A partir desse contexto, Fracalossi Moraes (2010) argumenta que a parceria
entre Brasil e Argentina é um eixo fundamental do processo de integração regional.
Neste sentido, Granato (2014) também defende:

[...] as relações em eixo argentino-brasileiras como necessárias para


pensar o futuro da região, para construir visões convergentes de
mundo e evitar disputas por influências regionais, assim como para
assegurar a sobrevivência de ambos os países. O compromisso
argentino-brasileiro, que une os dois maiores Estados da região, é
essencial para a condução política e o fortalecimento do processo de
integração. Essa aliança estratégica em particular é entendida [...]
como “força motriz”, base ou eixo gravitacional das diferentes etapas
da integração na região, e essa integração constitui um projeto
político que deve ser analisado à luz dos processos políticos dos
Estados que a compõem. [...] são as concepções integracionistas do
Brasil e da Argentina aquelas que serão as que “moldarão”, no século
XXI, a geometria do processo de integração na América do Sul
(GRANATO, 2014, p. 63).

No entanto, na década de 1990, observou-se relativo afastamento na


cooperação nuclear entre Brasil e Argentina. Entre os motivos apontados para a
estagnação da cooperação pode-se apontar que os dois países se alinharam aos
Estados Unidos, assinaram o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), que durante
anos rejeitaram, aderiram ao Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis (MTCR,
sigla do inglês), ratificaram o Tratado de Tlatelolco, adotaram os ideais neoliberais,
abandonando o paradigma do Estado-desenvolvimentista e ambos os programas
nucleares foram ficando sem recursos financeiros devido ao aprofundamento da crise
econômica (AZEVEDO GUIMARÃES, 2005; MONIZ BANDEIRA, 2003; RIBEIRO
MOURA, 2001).
Além disso, nesse período, a Argentina foi aceita como aliada extrarregional da
Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), optando pelos Estados Unidos
como aliado e pretendendo se colocar como interlocutor regional frente à potência, o
que gerou um afastamento entre Brasil e Argentina, bem como alguns
constrangimentos. Outro fator relevante é que na década de 1990 os vizinhos deram
maior atenção aos temas econômicos e comerciais, enfatizando as relações no âmbito
no Mercosul (CORRÊA SILVA, 2011; MONIZ BANDEIRA, 2003).
Desse modo, observa-se que, durante os anos 1990, as relações entre Brasil e
Argentina não foram tão afinadas como durante os anos 1980. Ademais, a cooperação
na área nuclear se limitou no aumento da transparência, com a criação da ABACC, por
exemplo, e não houve avanços na cooperação científico-tecnológica (FRACALOSSI
MORAES, 2010).
Todo esse processo centrado na confiança e na transparência, iniciado nos
anos 1980, foi fundamental para o fim das suspeitas bilaterais e junto à comunidade
internacional. A partir disso, as conversações foram se intensificando a ponto de
consolidarem uma parceria estratégica em meados da década de 1980 e, assim,
também buscaram trabalhar conjuntamente em prol da integração sul-americana.
Por fim, na próxima seção será abordado o desenvolvimento da cooperação
nuclear entre Brasil e Argentina no decorrer do século XXI, enfatizando as relações
durante os Governos Lula-Dilma e Kirchners.
A COOPERAÇÃO NUCLEAR NO SÉCULO XXI

Com a ascensão dos governos de esquerda tanto no Brasil quanto na


Argentina, observou-se maior autonomia de ambos os países nas suas relações com
os Estados Unidos, a busca pelo fortalecimento da integração sul-americana com um
viés além do econômico-comercial e a retomada da forte aproximação entre Brasil e
Argentina.
O Presidente Lula colocou a América do Sul como prioridade da política
externa brasileira e a parceria estratégica com a Argentina foi apontada como
prioritária e essencial para nortear a integração sul-americana (GOMES SARAIVA,
2012). Desse modo, temas como integração sul-americana, atuação conjunta em
espaços multilaterais e cooperação em diversas áreas foram discutidos amplamente
com o país vizinho (FRACALOSSI MORAES, 2010).
Logo, durante os governos de Néstor Kirchner e Luiz Inácio Lula da Silva,
acredita-se que foi possível recuperar, pelo menos em parte, a parceria estratégica
nos moldes da década de 1980 (GOMES SARAIVA, 2012). Assim, pondera-se que:

Nesse período a parceria estratégica [...] fez-se sentir em um maior


número de dimensões. Os investimentos cresceram muito e a
expansão das empresas brasileiras em território argentino reforçou os
laços econômicos; os canais de diálogo político foram incrementados;
os projetos de desenvolvimento comuns seguiram a trajetória definida
em 1991, embora haja havido um retrocesso nas pesquisas
nucleares. Embora as atuações conjuntas em foros multilaterais
tenham sido mais difíceis, houve mais proximidade que as ocorridas
durante os anos 1990, com destaque para a Operação de Paz no
Haiti (GOMES SARAIVA, 2012, p. 141).

Nessa perspectiva, no período dos governos de Lula da Silva e de Néstor


Kirchner ocorre a intensificação das relações bilaterais, com significativo aumento dos
encontros entre os vizinhos, os quais afirmaram em diversas ocasiões suas intenções
de aprofundar a cooperação no âmbito nuclear, bem como demonstraram seus papéis
como promotores e incentivadores da integração regional. Após, com a ascensão de
Cristina Fernández de Kirchner, em 2007, e Dilma Rousseff, em 2010, se mantém
essa política de cooperação. Assim, a seguir apontam-se alguns encontros e
documentos que demonstram essa preocupação com o desenvolvimento da
cooperação na área nuclear e as intenções de trabalho conjunto.
Já em 2003, no Memorando do Entendimento ambos acordaram “impulsionar
a cooperação comercial e não comercial nos usos pacíficos da energia nuclear, em
particular na medicina nuclear, por meio, entre outras iniciativas, da ampliação e do
aprofundamento das relações entre agentes econômicos, técnicos e científicos dos
dois países” (BRASIL & ARGENTINA, 2003).
O Compromisso de Puerto Iguazú, firmado em 30 de novembro de 2005,
celebrou no aniversário de 20 anos da Declaração do Iguaçu. Nesse documento os
países salientaram que parceria entre Argentina e Brasil “é a chave para o êxito do
projeto comum de integração, dentro do qual se destaca a importância do
aprofundamento do Mercosul, da consolidação do Mercado Comum e da construção
da Comunidade Sul-Americana de Nações” (BRASIL & ARGENTINA, 2005a). Assim,
os dois países demonstraram querer retomar o tipo de integração almejada em
meados de 1980, sendo esta não mais concentrada excessivamente no comércio
(FRACALOSSI MORAES, 2010).
Também firmaram neste mesmo dia a Declaração Conjunta sobre Política
Nuclear e o Protocolo Adicional ao Acordo de Cooperação para o Desenvolvimento e
Aplicação dos Usos Pacíficos da Energia Nuclear em Matéria de Reatores,
Combustíveis Nucleares, Abastecimento de Radioisótopos e Radiofármacos e de
Gestão de Resíduos Radiativos se comprometendo em aprofundar a cooperação
bilateral criando os organismos e empresas que fossem necessários e acordando em
construir um modelo de reator de forma conjunta para enfrentar as demandas futuras
dos dois países (VERA & COLOMBO, 2014).
Assinaram também o Protocolo Adicional ao Acordo de Cooperação para o
Desenvolvimento de Energia Nuclear para Fins Pacíficos nas Áreas Normativa e de
Regulação Nuclear, o qual buscou estimular a cooperação na regulação da atividade
nuclear, apontando diversas áreas para cooperação, como as áreas de segurança
radiológica, nuclear, de transporte e dos dejetos radiativos, bem como no intercâmbio
de experiências, assistência mútua e participação em atividades conjuntas (BRASIL &
ARGENTINA, 2005b).
Durante a visita de Néstor Kirchner ao Brasil, em janeiro de 2006, os
presidentes criaram um mecanismo de coordenação e consulta periódica,
estabelecendo reuniões presidenciais a cada seis meses, reuniões ministeriais a cada
seis meses e reuniões de vice-chanceleres a cada três meses (CORTES & CREUS,
2009). Já em dezembro de 2006, comemoraram o 15º aniversário da ABACC e na
Declaração Conjunta ressaltaram a importância da agência como um mecanismo de
salvaguardas inédito com grande credibilidade internacional (BRASIL & ARGENTINA,
2006).
Em 2007, os vizinhos criaram o Mecanismo de Integração e Cooperação
Bilateral e formaram quatro subcomissões especializadas: a Subcomissão de
Economia, Produção, Ciência e Tecnologia; a Subcomissão de Energia, Transporte e
Infraestrutura; a Subcomissão de Defesa e Segurança; e Subcomissão de Saúde,
Educação, Desenvolvimento Social, Cultural e Circulação de pessoas (FRACALOSSI
MORAES, 2010).
A Comissão Binacional de Energia Nuclear (COBEN) foi o principal resultado
da reunião de fevereiro de 2008. Assim, nessa ocasião, resolveram:

Determinar a constituição de uma comissão binacional responsável


pelo desenvolvimento de um modelo de reator nuclear de potência
que atenda às necessidades dos sistemas elétricos dos dois países
e, eventualmente, da região. [...] Expressar a intenção de constituir
uma empresa binacional de enriquecimento de urânio. [...] Determinar
a realização, até maio de 2008, de um seminário de pesquisadores
brasileiros e argentinos para discutir a estratégia da cooperação
futura no campo nuclear, bem como para identificar projetos
concretos de cooperação bilateral, incluindo o levantamento das
capacidades mútuas necessárias em matéria de recursos humanos,
tecnológicos e financeiros, assim como em matéria da
complementação industrial (BRASIL & ARGENTINA, 2008).

Em San Juan, na Argentina, as Presidentes Cristina Fernández de Kirchner e


Dilma Rousseff firmaram a Declaração Conjunta sobre Política Nuclear se
comprometendo a fortalecer e melhorar os mecanismos da ABACC, a qual foi
considerada um eixo fundamental na cooperação nuclear entre os dois países. Além
disso, refletiram sobre o papel singular da mesma como “mecanismo de construção de
confiança mútua e internacional que assegura a submissão de todas as atividades
nucleares do Brasil e da Argentina a salvaguardas abrangentes” (BRASIL &
ARGENTINA, 2010).
Firmado em janeiro de 2011, o Acordo de Cooperação entre a CNEA e a CNEN
sobre o Projeto de Novo Reator de Pesquisa Multipropósito estabelecia a construção
de um reator de pesquisa na Argentina e outro no Brasil, sendo acordado que os
reatores se destinariam à “produção de radioisótopos, testes de irradiação de
combustíveis e materiais, e pesquisas com feixes de nêutrons” (BRASIL &
ARGENTINA, 2011). Ademais determinou-se que:

As autoridades competentes da Argentina e do Brasil enviarão


esforços para desenvolver os respectivos projetos em parceria,
estendida as futuras contratações, visando redução de custos,
redução de esforços e maior eficiência no processo. A CNEA e a
CNEN manterão suas independências técnica e econômica. Uma vez
concluídos os projetos básicos, nas suas etapas posteriores ambos
os empreendimentos serão conduzidos de forma independente. A
CNEA e a CNEN manifestam a sua disposição para explorar outras
oportunidades de cooperação nas etapas posteriores de ambos
empreendimentos. Um Comitê Diretor, constituído por dois
representantes da CNEN e dois representantes da CNEA
supervisionarão a implementação e a execução das atividades deste
Convênio (BRASIL & ARGENTINA, 2011).

O Reator Argentino Multipropósito (RA-10) e o Reator Multipropósito Brasileiro


(RMB) serão destinados principalmente para a produção de radioisótopos de aplicação
medicinal, os quais são utilizados no diagnóstico precoce e no tratamento de tumores
cancerígenos. Atualmente, apenas França, Canadá, África do Sul, Austrália e
Argentina produzem radioisótopos, o que torna essa iniciativa de especial importância
(TELÁN, 2013).
Segundo a Dantas (2014), 90% da produção do radioisótopo mais utilizado na
medicina nuclear é feita em apenas sete reatores no mundo todo. Ademais, seis
desses reatores têm mais de 45 anos de funcionamento, sendo assim, seu horizonte
de operação é muito curto (DANTAS, 2014). Dessa forma, se concluído o projeto dos
reatores, Argentina e Brasil poderão dominar 40% do mercado de radioisótopos. O
início das obras estava programado para 2014 e o seu fim para 2018 (LACOVSKY,
2012).
No entanto, o cronograma de execução foi atrasado e o projeto ainda está em
desenvolvimento, com previsão para que o RMB entre em funcionamento em 2022.
Essa previsão foi anunciada em 2016 no encontro realizado por ocasião dos 25 anos
do acordo que resultou na criação da ABACC, quando os Presidentes Michel Temer e
Maurício Macri reafirmaram o compromisso com a construção dos reatores
(MINISTÉRIO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA, INOVAÇÃO E COMUNICAÇÃO, 2016).
Apesar dos avanços nas conversações e nas propostas de trabalho conjunto,
várias questões internas e internacionais podem ser obstáculos para o processo de
convergência no campo nuclear (VERA & COLOMBO, 2014). Como exemplos se
propõe a questão da transferência de conhecimentos e tecnologias, uma vez que há
certo zelo em compartilhar esses conhecimentos (LACOVSKY, 2012).
Outro ponto marcante é em relação aos regimes de não proliferação nuclear
que podem afetar o processo de cooperação nuclear entre Brasil e Argentina, sendo
necessário compreender a influência que estes podem exercer sobre os programas
nucleares de ambos os países (MEDEIROS CASTRO, 2006). Nesse sentido, uma
questão importante a ser citada é acerca do Protocolo Adicional ao TNP, o qual surgiu
em 1997, mas que até hoje Brasil e Argentina não aderiram.
Sobre essa perspectiva, ressalta-se que Brasil e Argentina já estão em um
robusto sistema bilateral de salvaguardas desde a criação da ABACC e a assinatura
do Acordo Quadripartite como foi mencionado na seção anterior (MELLO SOUZA,
2016, p. 7). Ademais, nesse caso, devido justamente ao sistema de salvaguardas
bilaterais formalizado em 1991, a adesão ao novo protocolo exigiria um acordo
conjunto entre Brasil e Argentina junto à ABACC. Aderir individualmente ao Protocolo
Adicional causaria problemas à cooperação entre os dois países e significaria
renunciar ao regime de salvaguardas e ao Acordo Quadripartite (SANTOS
GUIMARÃES, 2011).
O Brasil, inclusive, ressaltou no documento da Estratégia Nacional de Defesa,
que:

[...] zelará por manter abertas as vias de acesso ao desenvolvimento


de suas tecnologias de energia nuclear. Não aderirá a acréscimos ao
Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares destinados a
ampliar as restrições do Tratado sem que as potências nucleares
tenham avançado, de forma significativa, na premissa central do
Tratado: seu próprio desarmamento nuclear (MINISTÉRIO DA
DEFESA, 2012, p. 21).

Gomes Saraiva (2012) também destaca o papel do fortalecimento econômico e


da projeção brasileira internacionalmente nesse período, os quais trouxeram outras
áreas de atuação para o país, as quais não foram acompanhadas pela Argentina.
Contudo, a relação estratégica com a Argentina persistiu como política de Estado, pois
novas rivalidades entre os dois seria corrosivo para a ensejada liderança brasileira
(GOMES SARAIVA, 2012).
Apesar de alguns desentendimentos e possíveis pontos de entraves para a
cooperação, Cortes e Creus (2009) salientam que tanto no governo de Néstor quanto
de Cristina há a identificação da relação estratégica com o Brasil. Ademais, “durante o
primeiro ano da gestão de Cristina Fernández e o segundo mandato de Lula, as
relações entre Argentina e Brasil pareceram ser cordiais, com uma intensidade,
denominada pelo governo argentino como inédita” (CORTES & CREUS, 2009, p. 123,
tradução nossa).
Para Lacovsky (2012), a cooperação entre Brasil e Argentina no campo nuclear
é o eixo que sustenta o vínculo bilateral e, principalmente a partir de 2005, os dois
países retomaram os programas nucleares, sendo que em 2008, o acordo bilateral
“previu o desenvolvimento de projetos bastante ambiciosos na área” (FRACALOSSI
MORAES, 2010, p. 84). Contudo, na prática, ainda há dificuldades para implementar
tais projetos conjuntos, permanecendo, muitas vezes, nos discursos e nas declarações
de intenções.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente artigo se propôs a analisar o desenvolvimento nuclear de Brasil e


Argentina, ressaltando a passagem de uma relação bilateral historicamente marcada
pelas rivalidades e desconfianças mútuas para um relacionamento baseado no
aprofundamento da confiança, na transparência e na cooperação em diversas áreas.
Assim destacou-se que o avanço da tecnologia nuclear em ambos os países foi
motivo de grandes preocupações e receios sobre a possibilidade de um conflito entre
os dois vizinhos de maior peso na América do Sul. Nesse sentido, após a resolução do
contencioso de Itaipu, Brasil e Argentina buscaram trabalhar no aprofundamento da
confiança e nas perspectivas de cooperação. Desse modo, e devido a diversos fatores
internos e externos desse período, a aproximação foi se intensificando e os laços de
cooperação foram se aprofundando na primeira metade dos anos 1980 para se
consolidar uma parceria estratégica em meados dessa década.
A partir de 1985 observa-se que os dois países propuseram-se a trabalhar
conjuntamente em diversas questões da área nuclear e as visitações, acordos e
declarações demonstram o afastamento das suspeitas e o fortalecimento das relações
bilaterais. Tudo isso, culminou na criação da ABACC, com um sistema de
salvaguardas bilaterais inédito no mundo, a qual também é compreendida como o eixo
da cooperação nuclear entre Brasil e Argentina.
Ademais, essa parceria estratégica desenvolvida pelos vizinhos, tornou
possível a consolidação da integração regional, tendo no Mercosul seu grande
exemplo. Nessa perspectiva, as relações brasileiro-argentinas são entendidas também
como o motor da integração sul-americana.
Na década de 1990, devido a diversos fatores como o aprofundamento da
crise, o alinhamento aos Estados Unidos, o abandono do paradigma
desenvolvimentista e a adoção dos ideais neoliberais e a preocupação maior a temas
econômico-comerciais fez com que a cooperação nuclear entrasse em um período de
estagnação.
Com a ascensão dos governos de esquerda em ambos os países no século
XXI, observou-se a intensificação das relações bilaterais, bem como as intenções de
aprofundar a cooperação nuclear - assim como a integração regional - e retomar os
projetos conjuntos foram amplamente mencionadas nas declarações e documentos
firmados. Contudo, acredita-se que efetivamente a cooperação não avançou como o
esperado. Apesar da parceria estratégica existente e dos projetos de desenvolvimento
nuclear conjunto (com o dos reatores multipropósitos), acredita-se que se permaneceu
nas demonstrações de intenções e nos discursos e pouco se avançou.
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