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Memória Ferroviária
e Cultura do Trabalho
Balanços teóricos e metodologias de
registro de bens ferroviários numa
perspectiva multidisciplinar - II
Eduardo Romero de Oliveira (org.)
Memória Ferroviária
e Cultura do Trabalho
Balanços teóricos e metodologias de
registro de bens ferroviários numa
perspectiva multidisciplinar - II
2020
©2020, Eduardo Romero de Oliveira
Cultura Acadêmica
Praça da Sé, 108
01001-900 – São Paulo – SP
Tel.: (11) 3242-7171
Organização do volume:
Eduardo Romero de Oliveira
Comitê Editorial:
Beatriz Mugayar Kühl
Cristina Meneghello
José Manuel Lopes Cordeiro
Marcus Granato
Mónica Ferrari
Acervos documentais em
engenharia ferroviária
para estudo de história comparada
(França e Inglaterra)
Tainá Maria Silva
Eduardo Romero de Oliveira
Introdução
Em um estudo a respeito da produção científica nacional sobre o tema das
ferrovias, Oliveira e Corrêa (2019) puderam evidenciar que os estudos acadêmicos
nacionais priorizam fontes documentais das empresas e do Estado. Segundo os
autores, a pesquisa restrita aos relatórios anuais administrativos pode se tornar
problemática pois “os dados apresentados (estatísticas, balanço econômico das
empresas e da expansão de obras, entre outros) são geralmente manipulados
(muitos fraudados), pois visavam agradar os acionistas e o mercado” (OLIVEIRA
e CORRÊA, 2019, p.99). Por isso, para os estudos históricos, restringir-se a uma
única fonte é sempre problemático ou pelo menos pode redundar em lacunas
de informações a comprometer os resultados. Além da checagem ou comple-
mentação, a diversidade de fontes documentais pode abrir novas possibilidades
de pesquisa – como é demonstrado neste livro.
Dessa forma, visando contribuir para a superação dessa lacuna documental,
este texto visa apresentar alguns acervos estrangeiros que contém material
relacionado à atividade ferroviária no Brasil (fornecedores, empresas constru-
toras, bibliografia técnica em engenharia ferroviária). Não se pretende fazer um
levantamento exaustivo dos acervos ingleses e franceses, nem no nível europeu.
Ao contrário, a proposta surge em função da demanda de pesquisa dos auto-
res em arquivos ingleses e franceses, que identificaram um material rico a ser
explorado em temáticas para além das próprias pesquisas ou afins. Já se tem
conhecimento de alguns acervos relevantes aos estudos em história ferroviária
no Brasil (QUEIROZ, 2000). De todo modo, espera-se estimular o pesquisador
brasileiro a buscar novas fontes a respeito da história das empresas e da enge-
nharia ferroviária, que possam ser utilizadas para ampliar estudos brasileiros
sobre o empreendimento ou tecnologia ferroviária no Brasil.
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As fontes francesas
As fontes francesas
No caso da França, um dos principais arquivos de documentação é o Archives
Nationales de France, comumente nomeado apenas de Archives Nationales (AN).
Nele estão depositados fundos da administração do Estado e fundos privados de
interesse nacional. O acervo está dividido em três locais: de Paris (Hotel de Soubise
e Hotel de Rohan, aberto em 1808), Fontainebleau (1969) e Pierrefitte-sur-Seine
(2013). Cada sítio atende a uma temática dividida por período político-adminis-
trativo como: em Paris contém documentos anteriores à 1958 (administração
central, notários de Paris e fundos privados de interesse nacional), incluindo
documentos do Antigo Regime; em Fontainebleau funciona o Centre des archives
contemporaines, com documentos da administração pública central após 1958,
em particular dos ministérios. Com a saturação dos anteriores, foi construído
um terceiro sítio dos Archives Nationales em Pierrefitte-sur-Seine, para acolher
documentação contemporânea - com previsão para ser totalmente transferido
para lá o acervo existente em Fontainebleau.1
O arquivo de Pierrefitte é um dos mais importantes para as pesquisas ferro-
viárias, pois guarda fundos documentais do antigo Ministère des Travaux Publics
(Ministério de Obras Públicas) e também de escolas de engenharia (apenas no
que tange aos serviços por elas prestados à administração pública), ambos res-
ponsáveis por capacitarem e empregarem profissionais das ferrovias. Há também
outros arquivos franceses menores e divididos apenas por temática. Dentre os
quais destaca-se o Archives Nationales du Monde du Travail (em Roubaix, aberto
em 1993) que guarda fundos de documentação de empresas, sindicatos, associa-
ções, militantes; isto é, todos aqueles agentes econômicos e sociais envolvidos no
mundo do trabalho, sem distinção de período – ainda que conforme o projeto
de criação de centros interregionais de arquivos sobre o mundo do trabalho, em
Roubaix seriam depositados arquivos de empresa da região de Nord Pas-de-Calais.
Os documentos que, de alguma forma, possam ser úteis no que concerne
as pesquisas de engenharia ferroviária, encontram-se espalhados no território
francês em diferentes arquivos. Este fato atribui-se à própria formação das fer-
rovias francesas que surgiram da iniciativa privada em diferentes localidades do
1 Há outros arquivos nacionais, que fogem ao escopo do texto: Archives nationales d’ou-
tre-mer (1966), em Aix-en-Provence (com documentação das colônias francesas e Algéria),
com documentos do século XVII a XX. O Centre national du microfilm (1973) em Saint-Gi-
les-du-Gard, com documentação microfilmada contida nos outros acervos.
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As fontes francesas
2 http://www.archives-nationales.culture.gouv.fr/
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3 https://www.sncf.com/fr/groupe/patrimoine/archives-de-sncf
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4 http://www.archivesnationales.culture.gouv.fr/camt/
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5 Para acessar os dossiês nominativos do pessoal dividido por ordem alfabética, acessar
a Base Léonore através do link <http://www2.culture.gouv.fr/documentation/leonore/
accueil.htm>, clicar em “Recherche” e após em “Patronymes des légionnaires”.
6 https://www.ahicf.com/
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A identificação de documentação ferroviária em acervo ingleses ocorreu
ao longo de alguns anos de pesquisa. Um dos motivos diretos desse levanta-
mento era consultar documentação relevante a respeito de empresas ferroviárias
paulistas, financiadas com capital inglês (Sao Paulo Railway, Rio Claro and Sao
Paulo Railway, Leopoldina Railway Co., Great Westen Brasilian Railway, Recife and
San Francisco Railway; Company); além de informações sobre as empresas que
produziram material rodantes, maquinário ou material construtivos exportado
para o Brasil. Pretendia-se compreender a circulação de capital e maquinário
decorrente da atividade ferroviária iniciada no Brasil em meados do século XIX,
com recorte em algumas companhias férreas em São Paulo. Esses levantamento
permitiram identificar acervos com documentação relevante para estudos em
história da empresa (capital estrangeiro, fornecimento de material rodante)
(CUÉLLAR, OLIVEIRA, CORREA, 2017; FERRARI, OLIVEIRA, 2017) e de história da
tecnologia (projeto e construção, registro fotográfico de construção) (OLIVEIRA,
7 https://www.bnf.fr/fr
8 https://gallica.bnf.fr
9 http://www.annales.org/
10 http://www.annales.org/
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11 http://www.nationalarchives.gov.uk/help-with-your-research/start-here/
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O National Railway Museum (NRM) foi aberto em 1975, onde veio a ocupar
também as áreas do deposito de locomotivas e os armazéns de mercadorias.14
Em 1994 conveniou-se à Universidade de York para a criação do Institute of Rai-
lway Studies, onde trabalharam pesquisadores em história do transporte como
Colin Divall.15 Além de quase 1 milhão de objetos (dentre elas 300 locomotivas
e material rodante), o Museu possui grande volume de material bibliográfico,
documental e iconográfico (dentre eles 11 mil pôsteres e 2 milhões de fotogra-
fias). As buscas de bibliografia ou documentação arquivística podem ser feitas
por catalogo on line, a consulta presencial é disponível em dias específicos, o
acesso é livre e sem custo.16
Para o caso da documentação sobre empresas fornecedoras de material
rodante ou ferrovias atuantes no Brasil. Há desenhos de locomotivas da Dubs
& Co. (para Great Western of Brazil, 1895), catálogos da Beyer, Peacock & Co (que
importou para a Companhia Mogiana, Companhia Paulista, Leopoldina Railway,
San Paulo Railway). Enfim, muitas empresas importantes, que forneceram equi-
pamentos para o Brasil e outros países da América do Sul (FERRARI, OLIVEIRA,
2017) têm ali guardadas coleções de documentos (listagem de locomotivas
fabricadas, livros de pedidos, desenhos, fotografias, etc): Kitson & Co (1839-1930);
Robert Stephenson and Hawthorns Ltd (1846-1963); Clyde Locomotive Company/
Sharp Stewart Locomotive Company (1835-1903); R W Hawthorn Leslie and Co Ltd
(1846-1963); Dubs (1864-1903). O acervo bibliográfico é atualizado, amplo, indo
dos livros genéricos sobre ferrovias até os acadêmicos específicos. Tem alguns
títulos importante sobre o caso brasileiro, como o inventário (não publicado)
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interativa aos moldes dos museus de ciência. No subsolo do prédio está o Centro
de Documentação, que reúne coleções e fundos documentais das principais
industrias de Manchester, principal região industrial do Reino Unido. Isso inclui
muitos fornecedores de material ferroviário para o Brasil, como Beyer, Peacock &
Co., Metropolitan-Vickers, Mather & Platt. É o principal acervo para investigações
sobre industria britânica e fornecedores de material rodante.17
As investigação sobre fornecedores de ferramentas e material rodante é muito
facilitada por meio de consulta neste acervo – algumas vezes, complementar
aquela realizada no NRM. Mesmo para aqueles que buscam informações sobre
história da industria britânica – e potenciais importadores de maquinário para
o Brasil – este será um dos mais importantes acervos documentais. Dentre os
fornecedores para o Brasil, ali estão as coleções de: Beyer, Peacock & Co (1855-
1960); Sharp Stewart (1866-1914). Desses fornecedores pode ser encontrado, por
exemplo, os livros originais de encomendas de maquinário (locomotivas, tenders,
carros), desenhos técnicos, fotografias, etc.
Ironbridge Gorge Museum Trust (Telford)
Cabe um primeiro comentário histórico sobre o sitio industrial de Ironbridge
Gorge, em Coalbrookdale (Telford). Local de exploração e fundição de ferro em
fins do século XVII; foi reativado em 1709 para fundição de ferro com o sistema
de alto-forno (“blast furnace”, que usa carvão mineral). A Coalbrookdale Com-
pany forneceu barras de ferro e material decorativo para a construção de várias
estruturas metálicas – inclusive a primeira ponte de ferro fundido do mundo,
construída no local por Abraham Darby III (a “Ironbridge”). Os vestígios arqueo-
lógicos daquela fornalha e da ponte de ferro que deram-lhe a fama de “lugar de
nascimento da Revolução Industrial”. No local foi conservada a primeira ponte
de ferro (Ironbridge, 1779), um alto-forno datado de 1777 e também área de
fundição com diversos edifícios do século XIX.
Ironbridge esteve associada também à história da tecnologia do transporte
ferroviário. Ali foram encontrados vestígios de rodas de vagonetes; o que indica a
existência de sistema de carris sob trilhos utilizado para o transporte de minério
desde 1605, no entorno da área industrial de Coalbrookdale (CURATORS CHOISE,
17 https://www.scienceandindustrymuseum.org.uk/researchers/research-and-study .
Como o catalogo on line é único para os museus do Science Group, o mecanismo de
busca é o mesmo para o NRM e o MOSI.
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2013). Em 1767, foi utilizado placas de ferro sob trilhos de madeira no sistema de
carris (THOMPSON, 2015, p. 12). Em 1802, foi testado no local o uso da máquina a
vapor no sistema de carris. Richard Trevithick, que participou dos experimentos,
conseguiu-se efetivamente construir uma máquina de tração a vapor em 1804.
Décadas depois, a cidade foi conectada pela linha Severn Valley, aberta em 1868
pela Great Western Railway.
A preservação desse antigo sitio de fundição ganhou força em meados do
século XX. Em 1967, foi criada a fundação Ironbridge Gorge Museum Trust a fim
de “interpretar os vestígios da Revolução Industrial”, que atualmente reúne 10
museus naquele sitio e 25 edifícios, sob o modelo de open air museum. Desde
1986, o sitio é reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Mundial. Na década
de 1980, em função de convênio entre a University of Birmingham e Ironbridge
Gorge Museum, foi criado o Ironbridge International Institute of Cultural Heritage
(IIICH) para gestão compartilhada do sitio histórico de Ironbridge, com objetivo de
investigação e formação. Junto ao qual, há também uma Biblioteca e Arquivo com
acervo altamente especializado em história da metalurgia inglesa, engenharia
civil, minas, industrias de cerâmica, ferrovias, canais e história regional. A consulta
é obrigatória aos investigadores interessados em história da industrialização
inglesa ou patrimônio industrial, na qual consta também alguma bibliografia
específica sobre ferrovias inglesas. A biblioteca fica na área dos museus, próxima
ao Coalbrookdale Museum of Iron. Apesar de extensa no tema geral da industrial
britânica, não é tão ampla quando no NRM. O acesso é possível sob agendamento
prévio, há cobrança de taxa mensal de consulta e infelizmente não há catalogo
on line para consulta prévia.18
Outros acervos
Temos conhecimento de outros arquivos e bibliotecas inglesas que guardam
documentação de fornecedores de material rodante, maquinário e ferramen-
tas diversas para o Brasil, relevantes não apenas para história ferroviárias, mas
também do trabalho manual a história comercial dos séculos XVIII a XX. Está
disponível no Sheffield City Archive (Sheffield) a documentação de mais de 100
indústrias de fundição de ferro e aço, criadas desde o século XVIII no condado de
Sheffield – por exemplo, há registro de fornecimento de ferramentas ao Brasil pela
Samuel Newbould & Company, Bridgefield Works (ferramentas agrícolas); Thomas
18 https://discovery.nationalarchives.gov.uk/details/a?_ref=491
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Ward and Sons (ferragens e cutelaria); Johnson Firth Brown Limited, Steel Manu-
facturers; por John Fowler & Co. (produtor de locomóveis agrícolas, locomotivas
e tratores);19 e outros agentes comerciais. Documentação complementar sobre
industrias mecânicas (associadas à mecanização agrícola, como a John Fowler &
Co.) pode ser consultada também no Museum of English Rural Life Archive.20 A
produção de material rodante, fundição, máquinas ou ferramentas estava também
concentrada em Manchester e Glasgow. Para Manchester, consulte-se o arquivo
do MOSI, como descrito acima. A atividade industrial em Glasgow foi muito
intensa no século XIX, dentre os quais Dubs &Co, Neilson & Co; Clyde Locomotive
Company; Sharp, Stewart & Co – que constituíram a North British Locomotive Com-
pany (NBL), em 1903. Estas empresas exportaram material rodante não apenas o
Brasil, mas para diversos países na Europa (Bélgica, França, Espanha e Portugal),
América do Sul (Argentina, Chile, Bolivia, Peru e Uruguai), África (Uganda, Egito,
África do Sul), Ásia (China, Japão, Taiwan) e Austrália (NICOLSON; O’NEILL, 1987).
A documentação dessas empresas pode ser consultada no Glasgow University
Archive, que tem uma sessão dedicada apenas a história da empresa escocesa –
que inclui fabricantes de locomotivas, construtores de navios, industrias têxteis
e de mineração. Mais de 9 mil registros fotográficos das empresas estão deposi-
tados na The Mitchel Library, em Glasgow. Os desenhos técnicos das locomotivas
anteriores a 1903 estão no acervo do Science Museum (Londres); os posteriores a
1903 (da NBL) estão no Glasgow University Archive
Para documentação sobre as firmas de construtores, que atuaram no Brasil nas
primeiras décadas de exploração das ferrovias, é relevante consultar os arquivos
locais ingleses onde estava a sede dos mesmos. O caso mais destacável é de
Robert Sharper & Sons Co. que construiu a linha da serra do mar para a San Paulo
(Brazilian) Railway, cuja documentação está guardada no Westminster Archives
(Londres). A documentação específica sobre a obra inclui: acordo de construção
(entre esta e o Barão de Mauá, concessionário da linha, 8.fev 1860); contrato de
construção, fornecimento de materiais rodantes e manutenção inicial da linha
(com a San Paulo Railway, assinado por John Samuel e Martin Smith, 08.set 1860),
com estimativa detalhada de custos e planos de construção da linha proposto
por James Bruless; contrato suplementar (em função da revisão dos custos da
19 A locomotiva n.1 da Companhia Paulista for construída em 1870 pela John Fowler & Co.
20 http://www.reading.ac.uk/merl/research/merl-hmparchives.aspx
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21 https://www.gracesguide.co.uk/Main_Page
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Considerações finais
As fontes levantadas permitem diversos temas de pesquisas ou perspectivas
de análise no que concerne às pesquisas ferroviárias. Para os estudos sobre a
trajetória profissional dos engenheiros – que interesse à história da engenharia
ou da educação superior - , toma-se como exemplo um engenheiro do século
XIX: Romain Morandière. A priori, nada se sabia a respeito do profissional, a não
ser que havia escrito obras referentes às ferrovias francesas (MORANDIÈRE, 1874).
De início, buscou-se os nomes dos profissionais nas listas de antigos alunos das
principais escolas francesas de engenharia, algumas delas disponíveis online. O
nome de Morandière aparece como aluno da École des Ponts et Chaussées e, de
acordo com o funcionamento de tal instituição, subentende-se que este traba-
lhou no Ministère des Travaux Publics. Junto ao Archives Nationales de Pierrefitte,
na nomeada “Série F14”, é possível identificar uma cota dedicada ao engenheiro
(cota F/14/2286/2), cuja consulta permitiu descobrir dados pessoais e profissionais:
nome completo; data e local de nascimento; nome dos pais; nome do cônjuge e
dos filhos; locais em que estudou (com datas); locais em que trabalhou durante
toda a sua vida profissional com destaque para as principais obras realizadas
(pontualmente é apresentada informações de salário); relatórios de atividades
escritos pelo engenheiro; relatórios do Ministère sobre a atuação do engenheiro;
período em que se aposentou (com informação de valores de aposentadoria);
condecorações e homenagens que recebeu, bem como todas as datas em que
subiu de cargo dentro do Ministère.
Ao mesmo tempo, este tipo de informação permite também agregar aos
estudos em história da tecnologia, da relação entre formação e a industria. Nesse
sentido, para compreensão do desempenho do engenheiro nas atividades ferro-
viárias e ensino, interessa mais as informações a respeito de sua vida profissional
e suas realizações. Dentre estas, encontra-se nesta cota alguns relatórios escritos
pelo engenheiro com um rico levantamento da situação das rotas reais no ano
de 1840, acompanhado de uma tabela com a localização geográfica das pontes
e rotas do departamento do qual ele trabalhava - o Département d’Indre et Loire,
arrondissement du Nord-Est (MORANDIÈRE, 1839). O estudo desse material poderia
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Considerações finais
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Considerações finais
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Referências
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1867-194?). Revista Territórios e Fronteiras. 2019 [no prelo]
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Uma abordagem da História da Ferrovia no Brasil (1850- 1950): legislação, empresas e
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www.enpc.fr/lecole-dans-lhistoire> Acesso: 24/05/2019.
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Referências
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Agradecimentos
Os autores agradecem à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de
São Paulo (FAPESP), processo nº FAPESP Processo 2017/10302-5; 2018/01711-1,
2018/23340-5, pelo financiamento da pesquisa. “As opiniões, hipóteses e con-
clusões ou recomendações expressas neste material são de responsabilidade
do autor(es) e não necessariamente refletem a visão da FAPESP”. Agradecemos
também aos pesquisadores estrangeiros que auxiliam nas pesquisas e levanta-
mento no exterior, como Roger White (University of Birmingham) e Karen Bowie
(ENSA-La Villette).
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Este livro, principalmente no seu formato
eletrônico, é igualmente uma forma de
dar ampla difusão aos dados, resultados,
reflexões e experimentos metodológicos
de um grupo de pesquisadores. Pelos seus
acertos ou erros, que a própria divulgação
sistemática dos resultados pode expor,
esperamos amadurecer reflexões sobre
registro e preservação do patrimônio
industrial e ferroviário. E, talvez, demonstrar
que a produção do conhecimento pode
ser realizada pela cuidadosa convergência
de práticas científicas em torno de um
problema instigante.
2019/22603-5