Você está na página 1de 10

IGREJA DO EVANGELHO QUADRANGULAR

SECRETARIA GERAL DE EDUCAÇÃO E CULTURA – SGEC


EQUIPE DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

PROPOSTA DE TEMAS/ASSUNTOS DE ATUALIDADES /


CONHECIMENTOS GERAIS PARAQUESTÕES DE MÚLTIPLA
ESCOLHA DO
ENAQ 2022

Estamos iniciando nosso processo ENAQ 2022 ABRIL-AGOSTO e muitos de nossos


postulantes já estão pesquisando e estudando temas e assuntos de
atualidades/conhecimentos gerais 2021-2022 para ter bons resultados no ENAQ 2022.

Estudar atualidades é importante tanto para quem tem o conteúdo atualidades ou


conhecimentos gerais no conteúdo programático do ENAQ 2022, quanto para quem vai
prestar alguma outra prova seletiva no âmbito secular.

Conhecer e estudar os principais temas/assuntos da atualidade é fundamental, pois


cada vez mais as questões tanto do ENAQ como também de outras provas seletivas estão
contextualizadas com a realidade que vivemos.

Listamos, abaixo, três principais temas/assuntos de atualidades que podem aparecer


no ENAQ em 2022.

ATENÇÃO!!! As indicações aqui podem, por causa da velocidade


da ocorrência e da dinâmica de fatos e eventos, estar passíveis de
atualização.

1) DESAFIOS DO DIA A DIA PÓS PANDEMIA


a) PSICÓLOGOS APONTAM DESAFIOS PÓS PANDEMIA PARA A
SAÚDE MENTAL EM 2022
https://www.unipaulistana.edu.br/

Com o retorno às aulas presenciais, questões como a socialização para as crianças,


conflitos gerados pela busca de identidade para os jovens, incertezas e inseguranças para
os adultos e até para as empresas voltam à tona. Em pesquisa realizada pela Associação
Brasileira de Psiquiatria (ABP) no ano passado, foi relatado que as principais causas de
procura para consulta foram: luto, ansiedade, depressão, estresse pós-traumático em casos
de recém doentes, abuso de drogas e álcool e a Síndrome de Burnout.

A pesquisa também apontou que 59% de seus psicólogos associados tiveram aumento
de mais de 20% em atendimentos durante a pandemia, sendo que 69,3% destes pacientes
já teriam recebido alta e retornado, nos casos de pacientes ainda em tratamento, os
profissionais afirmaram que 83% dos pacientes tiveram agravamento de seu quadro.

Em um levantamento realizado na primeira semana de fevereiro, pelo grupo de


professores mestres de Psicologia do Centro Universitário Paulistano Carlos Henrique
Santos da Silva, Cristina Strufaldi, Jorge de Oliveira Vieira, Janete Teixeira Dias e Alexandre
Nicolau Luccas, foram analisadas as principais questões psicológicas em todas as idades
após o período de pandemia, as mudanças e consequências, que interferirão diretamente no
trabalho do profissional em Psicologia.

A socialização, tão importante na primeira infância, é a maior preocupação atual entre


os pais. Com restrições ainda vigentes nos protocolos de segurança, muitas ainda terão
contato humano limitado. Outra preocupação relevante diz respeito ao contexto escolar, que,
embora tenha retomado as aulas presenciais, terá o desafio de integrar a criança no processo
educacional após um longo período de ensino remoto.

A fase da adolescência, acompanhada pela puberdade, vem junto com inseguranças.


O adolescente está passando por transformações físicas e emocionais enquanto busca sua
identidade, e estas questões normalmente geram conflitos.

A pandemia prejudicou a socialização, portanto, as relações interpessoais de todos


esses grupos. O acompanhamento psicológico nesta fase auxilia a criança e o adolescente
a retomar sua extroversão e comunicação fora das telas, construindo autonomia e
responsabilidade pelas próprias ações.

Para os adultos, além da preocupação com suas crianças, os desafios crescem no


sentido de responsabilidade, garantir a segurança e sustento de sua família enquanto ainda
lutam para cuidar de sua própria saúde e sanidade. Uma das grandes dificuldades, no
contexto de Psicoterapia, no momento em que muitos estão adoecendo, é desmistificar a
ideia de que a terapia só serve para pessoas com problemas mentais, não é importante ou
não funciona. “Cuidar da saúde mental é fundamental em qualquer ocasião, para qualquer
pessoa e em qualquer idade”, diz professor e coordenador da Clínica Escola da
UniPaulistana Carlos Henrique Santos da Silva.

As empresas e organizações também aparecem no levantamento dos desafios. Desde


janeiro de 2022, quando entrou em vigor a CID-11, uma nova classificação internacional de
doenças. A Síndrome do Burnout, que consiste no esgotamento profissional, passou a ser
classificada como risco ocupacional, saindo da categoria de doença mental e passando a ser
reconhecida como um problema associado ao trabalho. Uma pesquisa realizada pela
consultoria Conversion aponta que 73% dos brasileiros foram emocionalmente impactados
pelo isolamento, principalmente por conta do home office, o desafio da Psicologia
Organizacional, consiste em apoiar funcionários e empresas na promoção de saúde mental
nos ambientes de trabalho, encontrando estratégias para mitigar o estresse, evitando que a
situação avance.

De acordo com dados da OMS, até 2030 a depressão será a doença mais comum do
mundo, durante o primeiro ano de pandemia, a PEBMED identificou que 78% dos
profissionais de saúde apresentavam sinais de doença mental.

b) NÃO ACABOU: ENTENDA 11 DESAFIOS DA PANDEMIA EM 2022


https://www.otempo.com.br/brasil/nao-acabou-entenda-11-desafios-da-
pandemia-em-2022-1.2593236
Shows, festas e estádios de futebol lotados de pessoas sem máscara no segundo
semestre de 2021 podem ter dado a impressão contrária, mas a verdade é que a pandemia
não acabou e nem tem data para acabar. Desafios como ampliação da testagem, surgimento
de novas variantes, cansaço da população e falhas na comunicação pública, na perspectiva
de pesquisadores, podem prolongar a crise sanitária, com mais internações e mortes nos
próximos meses.
Neste mês, o mundo registrou recordes de novos casos e, em Belo Horizonte, os índices
epidemiológicos voltaram a ultrapassar os níveis de alerta dia após dia. Com a variante
ômicron já instalada no Brasil e em Minas Gerais e o rescaldo de festas de final de ano,
especialistas ainda não sabem até quando a alta pode durar.
Por ora, as atividades da capital mineira continuam funcionando e o governo do Estado
também não fez alterações no programa Minas Consciente. “Com o avanço da vacinação,
tivemos queda dos índices durante três meses consecutivos e isso deu uma sensação de que
estávamos caminhando para o final da pandemia. As pessoas estão muito estafadas e
estressadas, e isso tudo levou a um relaxamento total no ano passado, em dezembro,
principalmente”, avalia o infectologista Unaí Tupinambás, membro do comitê de
enfrentamento à pandemia da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) - MG.
Ele diz que, mesmo no cenário de 81,1% da população da cidade vacinados, ainda é
possível que haja restrições de atividades caso internações e óbitos aumentem. “Temos que
mudar o nosso parâmetro para tomar medidas mais drásticas, entendendo que essas medidas
também têm efeito colateral. Se só os casos de Covid leve e moderada aumentarem, acredito
que, talvez, não precisemos de medidas restritivas. Temos ferramentas para combater essa
crise. Temos vacina, máscara, distanciamento físico”, completa.
Na perspectiva do professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e membro do
Observatório Covid-19 BR Roberto Kraenkel, a liberação de atividades nas cidades brasileiras
deveria vir aliada a uma comunicação pública mais eficiente, que fosse além de somente “use
máscara” e “evite aglomeração”.
“Não se aglomerar não vale só para estádio, mas para uma casa com 20 pessoas na sala
fechada, por exemplo. É importante falar de ventilação, de reuniões com menos pessoas, e
isso não é feito, há um vazio de comunicação. As máscaras PFF2 deveriam ser distribuídas,
deveríamos ter autoteste caseiro gratuito, tudo isso o governo já deveria ter feito”, conclui.
Por ora, há motivos para esperança, enquanto a vacinação avança no país, mas é
precoce mencionar o “fim da pandemia”, pondera o infectologista e diretor da Sociedade
Brasileira de Imunizações (SBIm) Renato Kfouri. “Ninguém nunca falou em fim da pandemia,
estamos longe dele. Temos 200 mortes por dia, 4.000 mortes por mês. Nenhuma doença
prevenível mata tanto assim e estamos entrando no pior momento da pandemia em termos do
número de casos. Ela pode durar seis meses, um ano, dois”, diz.

SEM FIM À VISTA: DESAFIOS DA PANDEMIA EM 2022

TESTAGEM INCOMPLETA
Autotestes rápidos de Covid-19, que podem ser feitos em casa, são cada dia mais
comuns nos EUA e na Europa, mas não são permitidos pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) no Brasil. Grupos de pesquisadores como o Observatório Covid-19 BR
militam para que a modalidade seja implementada no país.

ENCONTRO DE EPIDEMIAS
“As epidemias de gripe não costumam durar mais do que quatro, seis semanas, mas
doenças infecciosas não faltam no Brasil e pode, sim, haver sobrecarga do sistema de saúde”,
pontua infectologista e diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) Renato Kfouri.
Com a alta dos casos de gripe que varre o Brasil, enfermarias de Minas Gerais, por exemplo,
ficaram lotadas. Para o final de fevereiro e março, espera-se alta de casos de arboviroses —
dengue, zika e chikungunya.

CANSAÇO DA POPULAÇÃO
Cansada de restrições e ávida pelos encontros sociais — para os quais restam poucas
restrições oficiais, atualmente - falta entendimento à população sobre a gradação de riscos,
analisa o professor Roberto Kraenkel. “É preciso haver comunicação sobre o que é mais e o
que é menos arriscado fazer e sobre quais máscaras têm a melhor qualidade”, diz. Locais
abertos e ventilados, como a área externa de um restaurante com mesas afastadas, por
exemplo, são muito mais seguros que a área interna do bar.

VACINAÇÃO DE CRIANÇAS
No Brasil, 20,5 milhões com 5 a 11 anos acabam se ser incluídas no Plano Nacional de
Imunizações (PNI), após aprovação da Anvisa ao uso da vacina da Pfizer. Ainda não há
aprovação para os menores de 5 anos, embora, nesta semana, o Instituto Butantan tenha
divulgado que a CoronaVac é segura a partir dos seis meses. Em Minas, 81 crianças de menos
de 12 anos morreram por Covid.

SURGIMENTO DE NOVAS VARIANTES


Quanto mais pessoas se infectam, mais chances o vírus tem de desenvolver novas
variantes - todas as vezes em que ele se replica no corpo de um paciente, é passível de sofrer
mutações, que podem ou não torná-lo mais perigoso. Menos de dois meses após o
descobrimento da variante ômicron, ela já dá mostras de que se tornará predominante.

DISTRIBUIÇÃO GLOBAL IGUALITÁRIA DE VACINAS


Sob a ameaça de novas variantes surgindo em locais com baixa cobertura vacinal, a
Organização Mundial da Saúde (OMS) já conclamou os países ricos a doarem imunizantes às
nações mais pobres. Alguns esforços foram iniciados, como doações da Pfizer pelos Estados
Unidos e o anúncio de 10 milhões de vacinas a ser doadas pelo Brasil, porém os
empreendimentos ainda não atendem à toda a demanda.

TRATAMENTO DA COVID LONGA


O Brasil tem 22 milhões de pessoas consideradas recuperadas da Covid-19. Por trás
do número, porém, não há levantamento do Ministério da Saúde sobre a quantidade de
pessoas com a chamada Covid longa, quando alguns sintomas persistem por semanas ou até
meses após a doença.

FAKE NEWS
Em 2022, o problema promete continuar. A vacinação de crianças de 5 a 11 anos, por
exemplo, é atacada por grupos que afirmam que os pequenos são usados como “cobaias”
para as vacinas, que já receberam aval da Anvisa e de órgãos internacionais de saúde.
“Precisamos da maior porcentagem possível de vacinados. Quanto maior o número de
elegíveis para a vacinação, menor o risco doe novas ondas e novas variantes”, diz o pediatra
infectologista Renato Kfouri.
VIGILÂNCIA GENÔMICA
O acompanhamento da disseminação de novas variantes e o surgimento de outras
cepas do coronavírus só é possível graças à vigilância genômica, o processo de
sequenciamento genético de amostras do vírus para entender detalhes de sua estrutura. Em
Minas Gerais, amostras são sequenciadas toda semana epidemiológica, segundo a SES-MG.
Para especialistas, O ritmo precisa avançar em todo o país.

ACESSO A MEDICAMENTOS
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, até agora, seis
medicamentos específicos contra a Covid-19. A maior parte deles são anticorpos monologais,
anticorpos produzidos em laboratório que têm alto custo por tratamento, e não foram
incorporados ao Sistema Único de Saúde (SUS). O mais novo medicamento contra a Covid-
19, o Paxlovid, desenvolvido pela Pfizer, ainda não foi aprovado pela Anvisa também não
chegou ao sistema público de saúde. A esperança de especialistas é o surgimento de um
medicamento barato e de fácil manuseio — um comprimido que possa ser tomado em casa,
por exemplo.

APAGÃO DE DADOS
Os dados atualizados do Ministério da Saúde sobre a pandemia estão fora do ar desde
o início de dezembro, após um ataque cibernético, segundo o governo federal. Sem
informações precisas sobre o desenrolar da crise, pesquisadores e governos se veem às
cegas para interpretar e enfrentar o atual momento da crise sanitária.
Fontes: pesquisadores Renato Kfouri, Roberto Kraenkel e Unaí Tupinambás.

2) CONFLITO RÚSSIA-UCRÂNIA: CONSEQUÊNCIAS

CONSEQUÊNCIAS PARA AS POPULAÇÕES CIVIS E OS LIMITES


LEGAIS HUMANITÁRIOS NA GUERRA RÚSSIA-UCRÂNIA
https://gedes-unesp.org/consequencias-para-as-populacoes-civis-
e-os-limites-legais-humanitarios-na-guerra-russia-ucrania/
Após meses de tensão nas relações Rússia-Ucrânia e aproximação das tropas russas
das fronteiras do país vizinho, iniciou-se, no último dia 24 de fevereiro, uma guerra na Europa,
autorizada pelo presidente russo, Vladimir Putin. O ato, que é reconhecido por Putin como
uma “operação militar especial”, gera reações e preocupações internacionais, além de efeitos
potenciais para a política de segurança na Europa, bem como para a balança de poder mundial
vigente. Para as populações presentes na Ucrânia, restam os custos da guerra: aumento
generalizado de suas vulnerabilidades e baixas de civis. Cenário que deve se agravar
conforme a escalada do conflito. O risco humanitário decorrente do uso da força em um conflito
armado internacional é uma discussão fundamental, mas tradicionalmente deixada em
segundo plano pelos combatentes. Em contraponto, sugerimos uma análise que se concentre
nas consequências de hostilidades às populações civis na Ucrânia, discussão que se apoia
nos relatos de organizações humanitárias e de direitos humanos internacionais, que estão
atuando in loco, e que têm se preocupado com possíveis violações das leis internacionais da
guerra pelos combatentes.
Os dilemas acerca da coexistência entre a Rússia e a Ucrânia são de longa data. A
preocupação da Rússia com a Ucrânia consiste no temor de uma expansão ocidental para os
países do leste-europeu e os espaços pós-soviéticos. O que, de fato, aconteceu com o
estabelecimento de alianças entre os atuais membros da Organização do Tratado do Atlântico
Norte (OTAN) e os esforços de consolidação da defesa, segurança e alcance da esfera de
influência ocidental na região. Para contextualizar, em dezembro de 2021, a Rússia
apresentou à OTAN e aos Estados Unidos um conjunto de exigências, entre as quais a
garantia de que a Ucrânia não se junte à aliança militar, o que, caso concretizado, como alega
Putin, seria uma ameaça crítica à dimensão política da segurança nacional russa. O acordo
foi rejeitado.
A retórica russa versa sobre a preocupação de que a Ucrânia se torne, portanto, uma
nação “anti-Rússia”. Além disso, os interesses russos na região partem, também,
de perspectivas geopolíticas, bem como laços históricos comuns aos dois países e o elemento
identitário. A Ucrânia está localizada em uma região estratégica de acesso ao Mar Negro pelo
Porto de Sebastopol e Putin reconhece o país como vital para a preservação do nacionalismo
e a unidade nacional russa – o idioma russo é, inclusive, falado na Ucrânia, principalmente no
leste do país. O que, todavia, não serve em hipótese alguma como justificativa para as
agressões que caracterizam o cenário atual.
Afora as possibilidades de resolução das controvérsias por meios diplomáticos, a
medida prática de contenção adotada pelas autoridades do Ocidente (como o presidente dos
Estados Unidos, Joe Biden, e líderes da União Europeia) tem sido, até o momento, a
imposição de sanções e pressões financeiras, inclusive penalidades a bancos russos, mas
para as quais a Rússia parece ter se preparado, em maior ou menor grau. No âmbito da
comunidade internacional, a Rússia, como um dos membros permanentes do Conselho de
Segurança das Nações Unidas, exerce seu poder de veto sobre resoluções que condenem a
invasão, como aconteceu no dia 25 de fevereiro.
Do ponto de vista do escopo legal e humanitário, diversas organizações internacionais
têm buscado chamar atenção para a necessidade de que as forças ofensivas no conflito
cumpram com as normas do Direito Internacional Humanitário sobre meios e métodos de
guerra. Pronunciaram-se acerca do tema: Comitê Internacional da Cruz
Vermelha, International Rescue Committee, Human Rights Watch (HRW), Anistia
Internacional, além de agências das Nações Unidas, como Fundo das Nações Unidas para a
Infância (UNICEF), Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR),
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e o Fundo
de População das Nações Unidas (UNFPA), por exemplo.
À medida que a crise se prolonga, as vulnerabilidades das populações presentes na
Ucrânia tendem a ser rapidamente agravadas assim como a dificuldade de suprir suas
necessidades básicas o que terá impacto, especialmente, sobre grupos como os de crianças,
mulheres, idosos e enfermos. Deve-se considerar que as ameaças à dignidade humana dos
afetados por qualquer conflito armado são reais e urgentes. Lógica que serve para destacar
os possíveis impactos humanos, sociais, psicológicos, políticos e financeiros no curto e longo
prazo.
As longas filas de carros que deixam a Ucrânia evidenciam a situação dramática,
marcada pela preocupação da população com sua segurança, pelo reconhecimento, por parte
da Rússia, da integridade territorial do país e o inadiável apelo para o restabelecimento da
paz. As consequências da guerra devem afetar o fluxo de deslocados internos (que já atinge
o número de 160 mil) e de refugiados ucranianos: ao menos 875 mil pessoas que, apesar das
condições meteorológicas, deixaram seu país desde o início da invasão russa com destino
aos países vizinhos, Polônia, Moldávia, Romênia e Hungria. Tais números devem aumentar
rapidamente nos próximos dias.
Para as comunidades que permanecem nas zonas de conflito (que têm recorrido
às estações subterrâneas de metrô como abrigo contra bombas) está em jogo o acesso aos
bens básicos de sobrevivência, como atendimento médico seguro e eficaz. E serão por elas
testemunhados os impactos que ataques militares, quando feitos de forma indiscriminada – o
que descumpre as leis da guerra, inclusive -, têm sobre infraestruturas civis essenciais,
incluindo instalações de saneamento, distribuição de eletricidade e transmissão, bem como
serviços de distribuição de alimentos e água, prédios habitacionais, hospitais e escolas. Tipo
de ataque ilustrado pelas imagens de um míssil, disparado pela Rússia, que destruiu parte de
um prédio residencial, na madrugada do dia 26, na cidade de Kiev, onde as tropas ucranianas
(e civis) defendem o país contra a escalada de violência por parte da Rússia, que tem como
objetivo o controle político da capital e a ambição de derrubar o governo do presidente
ucraniano Volodymyr Zelensky.
Até o momento, as consequências desta guerra para a população civil não têm sido
suficientemente vislumbradas pelas partes políticas envolvidas. Organizações humanitárias e
de direitos humanos internacionais, a exemplo da Anistia Internacional, a própria ONU e a
HRW, citadas anteriormente, alertam para a preocupação com possíveis ataques que violem
as leis internacionais. Destaca-se que o Direito Internacional Humanitário (ou leis da guerra),
apesar de não proibir que a escalada de violência armada tenha lugar no espaço urbano,
apresenta como obrigação legal e moral dos combatentes não realizar ataques deliberados e
imprudentes que atinjam pessoas e infraestruturas civis. Além disso, o uso de arsenal, que
inclui munições de fragmentação, também é proibido por sua capacidade de gerar danos
generalizados a civis.
Relatos feitos por trabalhadores das organizações têm informado sobre a dificuldade
do monitoramento da violência e de supostas violações do Direito Internacional Humanitário,
que podem estar acontecendo por todo o país. A HRW, por exemplo, apurou um caso em que
um míssil balístico russo, com munição de fragmentação, atingiu um hospital na cidade de
Vuhledar. Como bem lembra a Anistia Internacional: “Alegações por parte da Rússia que
apenas utilizam armas guiadas de precisão são manifestamente falsas”.
Conforme a ONU ao menos 136 civis (sendo 13 crianças) foram mortos até o dia 1 de
março. Número que, assim como o de casos de feridos pelos ataques – registrado até o
momento como sendo de 400 pessoas -, ainda permanece incerto. O Ministério da Saúde da
Ucrânia estimou que, até o dia 27 de fevereiro, o número de vítimas foi de 352 civis mortos
(sendo 14 crianças) e 1.684 feridos. A constante desinformação disposta em relatórios não
oficiais, as dúvidas sobre a extensão da invasão russa, e a falta de segurança para que os
profissionais humanitários realizem seus trabalhos devem contribuir diretamente para o
agravamento da situação no país.
Enquanto Putin indica um posicionamento ainda mais agressivo, ao colocar em alerta as
força nucleares do país, a comunidade internacional permanece buscando mecanismos de
sanção na tentativa de minar a incursão russa sobre o país vizinho. Protestos pró-Ucrânia e
em solidariedade às vítimas têm sido registrados ao redor do mundo, inclusive no Brasil. No
escopo do humanitarismo internacional, as organizações pedem, de forma urgente, para que
as partes ofensivas reconheçam e ofereçam garantias – e demonstrem tal compromisso na
prática – de que trabalhadores humanitários, pessoas e instalações civis não serão alvos.

3) ELEIÇÕES 2022: EXPECTATIVAS

ELEIÇÕES DE 2022: DESAFIOS E EXPECTATIVAS


Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil Local: Brasília-DF
https://revistasenso.com.br/secoes/eleicoes-de-2022-desafios-e-expectativas/
Antes das eleições municipais de 2020, fui convidado para palestrar em uma plenária
do Partido dos Trabalhadores situada em determinada cidade fluminense. Como já estávamos
em meio à pandemia causada pela Covid-19, o encontro ocorreu remotamente. O tema era
“Voto e Religião”. Iniciei minha fala logo após um pastor evangélico filiado ao partido. Lembro-
me de ter considerado que o PT nasceu a partir de três representações: intelectuais/artistas,
outros trabalhadores e religiosos, que já tinham pelo caminho a Teologia da Libertação (TdL)
com as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) – visando a justiça social e os pobres. O
próprio Lula disse em uma live com Leonardo Boff, em julho daquele mesmo ano, que o PT
não existiria se não fosse a TdL. Em suas palavras:
O PT não existiria do jeito que ele existe se não fossem as Comunidades Eclesiais de
Base. Eu que viajei o Brasil inteiro para construir esse partido, eu sei o valor de um padre
progressista […] As Comunidades Eclesiais de Base não entraram no PT, as CEBs fundaram
as células do PT.
A atuação da teologia, da espiritualidade evangélica no PT – no sentido de interpretar
a sociedade também por meio do evangelho que tem como protagonista a figura de um homem
pobre, injustiçado pelo Estado e que morre pregando a partilha do pão, da túnica, do perdão
– PT tem um papel importantíssimo. Uma igreja que acolhe o necessitado e que denuncia um
sistema que não é coerente com sua população. No Brasil, um dos nomes que tem se
destacado nessa luta é o pe. Júlio Lancellotti, de São Paulo, que trabalha diretamente com a
população em situação de rua (“existir no Brasil já é uma rebeldia”). É claro que há muitos
nomes que não figuram na mídia estão realizando trabalhos urgentes enquanto o Estado não
chega ou faz vista grossa.
Por outro lado, temos instituições evangélicas conservadoras que assumiram o cenário
dessa relação igreja-Estado. E isso não é de hoje. Essa força da igreja evangélica em apoio
a candidatos de direita já era presente antes mesmo da ditadura. Nesse período, as grandes
denominações religiosas, como Igreja Presbiteriana do Brasil, Metodista, Batista, estiveram à
frente.
É importante relembrarmos que em 2010, uma igreja batista em Curitiba, cujo pastor
era Paschoal Piragine Jr., discursou contra o PT no púlpito de sua igreja. Chamou o partido
de “iniquidade institucionalizada”. A partir disso ajudou a acentuar o que eu interpreto
como expectativa messiânica. Nós não temos nenhuma figura messiânica nos termos
teóricos possíveis, mas vivemos nesse clima (de expectativa de um salvador da pátria).
Enfim, dessa expectativa duas questões importantes devem chamar nossa atenção: a
representação política e a defesa pelas pautas morais que atendem não diretamente a igreja,
mas servem como distração da degradação social e da distribuição de renda.
Neste aspecto, apresento algumas considerações que apresentei naquele encontro e
que podem servir para atualização diante das eleições de 2022, uma vez que o próprio Lula
já é apontado em pesquisas como favorito no segundo turno, derrotando o atual presidente.
Antes gostaria de informar que não sou filiado ao PT, mas entendo que tais desafios
não serão enfrentados apenas por este partido. Todos aqueles que entendem o valor da
democracia e os atrasos em diversas áreas que presenciamos, terão de observar com
bastante humildade e ousadia esses apontamentos (que não são os únicos) que faço sobre
os eleitores do segmento evangélico.
Trago dois elementos que estão presentes no discurso e que parte dos religiosos
evangélicos ajudam a acentuar:
• o empobrecimento intelectual, e;
• interpretar o adversário como um “inimigo a ser eliminado”.

EMPOBRECIMENTO INTELECTUAL

É comum que a política (segundo Chantal Mouffe) pós-democracia “invista” na


ignorância congelando ou retirando dinheiro da educação, criticando o ensino público não-
confessional, desconsiderando a ciência e seu avanço com pressupostos ideológicos e
religiosos. A racionalidade do (neo)liberalismo impossibilita o que o jurista Rubens Casara
chamou de “negatividade”.
O indivíduo que absorveu a lógica bolsonarista, por exemplo, rejeita (nega) a dúvida, o
“não”, o conflito intelectual. Em sua racionalidade, aposta em modelos simplistas que, por sua
vez, desconsidera pesquisas científicas, observações adequadas sobre determinados
fenômenos, acionando suas afirmações baseadas no consumo acrítico de informações.
Essa simplificação conduz ao pensamento estereotipado, responsável pela produção
de certas frases/slogans, como: “a culpa é do PT”, “mas… e o PT?”, “mas… e o Lula?”, “vai
pra Cuba”, “bandido bom é bandido morto”, “querem tornar o Brasil uma Venezuela”.
O empobrecimento da linguagem nega análises mais sofisticadas e inclina-se ao anti-
intelectualismo. Esse é papel do (neo)liberalismo: substituir a crítica pelo indivíduo acrítico e
consumidor. As redes sociais favorecem a ligeireza da leitura. Pequenos textos adequados ao
gosto do freguês justamente para tornar a informação atrativa, inclusive para o seu
compartilhamento em grupos familiares, de amigos e outros.
Esse sujeito da lógica bolsonarista (neo)liberal que usa a internet não está disposto a
dialogar. Trata-se apenas de um monólogo, pois sua intenção é produzir efeitos de verdade
àquilo que lhe foi imposto pelos grupos que se interessam em moldar a realidade de acordo
com suas ideologias de mercado. E qual o resultado disso? A classificação daqueles que são
os “cidadãos de bem” e aqueles que precisam ser eliminados. E o discurso religioso legitima
e aumenta o peso sobre essa sentença.
Elucidar as informações, investir na educação (aproveitando a divulgação de cursos,
aulas, palestras abertas de forma remota), produzir pontes inteligíveis (há progressistas que
só escrevem para a academia), são esforços que devem ser encarados de maneira conjunta.
Eis aí outro desafio! Levar em consideração o isolamento social e buscar maneiras de
interação e divulgação dessas aulas.

O INIMIGO A SER ELIMINADO

A antipolítica é o combustível da pós-democracia. Ela não enxerga o outro como


adversário político, mas como inimigo a ser eliminado. Para isso, é necessário construir uma
imagem do inimigo e apresentar (propaganda) o perigo que ele traz consigo. Na trajetória de
Bolsonaro, esses inimigos são claros e isso pode ter seus efeitos nas eleições em 2022: os
comunistas, os esquerdopatas, os petistas, aqueles que podem corromper a família
tradicional, destruir a pátria, fazer fiéis descrerem do próprio “Deus” (cristão), o “marxismo
cultural” etc. Aliás, como teólogo, já li a bíblia inteira 5 vezes e já produzi artigos utilizando
textos originais: as famílias da bíblia são um horror. O modelo familiar trazido por Jesus, por
exemplo, na narrativa construída pelo evangelho de Marcos é totalmente outro. Não é
sanguíneo, é fraternal pela solidificação do amor, do altruísmo.
Enquanto a democracia limita o poder, a pós-democracia retira seus limites. Ou seja, o
autoritarismo egoísta e acrítico legitima um conflito nada saudável. Nesta senda, precisamos
questionar: quem são aqueles que se apresentam como os “nós”? Quem são os “eles”?
As mentes guiadas pelos fatores econômicos (neo)liberais, que contabilizam mortos
por Covid-19 meramente através de números frios e não por nomes, tendem a classificar os
“inimigos” como aqueles que trarão caos – e ilustram superficialmente com movimentos
políticos de Cuba e Venezuela. Não apenas Moufee, mas outros(as) sugerem que os
progressistas coloquem as armas sobre a mesa e parem de atacar e de descrer. No caso
Brasileiro, continuar tentando o diálogo com os adversários e não tratá-los como “inimigos”, e
sim, como aqueles que precisam abandonar o modelo produtivista, anti-intelectual e antiético,
uma vez que se pretende uma caminhada cidadã plural – plenamente democrática.
E se o ódio é um afeto identificado nesse grupo que busca eliminar o outro, a construção
de um novo “povo” também passa por outros afetos. Freud disse que o que une o mundo são
os afetos, portanto, a construção de identidades políticas não podem desconsiderar essa
dimensão. E como já pensava Spinoza, só se pode deslocar um determinado afeto através de
um afeto oposto, que seja mais forte.
O que esperamos de um candidato para as próximas eleições não é apenas coerência,
porque o atual presidente é totalmente coerente com sua própria narrativa. O país carece de
investimento substancial na educação, diminuindo o emburrecimento causado por
determinadas classes sociais que desconsideram os valores culturais e econômicos; de um
choque cultural em que a beleza, a poesia, o amor, o respeito e o jogo político (tal como deve
ser) exerçam seu papel na sociedade, trazendo a consciência de pluralidade e de “povo-
nação” (nos termos de E. Laclau).
Estes são apenas dois fatores. Há muitos outros. Talvez não dê tempo. Possivelmente,
não veremos a concretização disso. Mas o simples fato de assumirmos essas demandas, já
teremos, ao menos, nos aproximado um pouco mais da terra firme.
Que venham novos ventos e tempos!

ATENÇÃO!!! Outras fontes poderão ser consultadas para


efeitode aprofundamento do conteúdo.

Alertamos, ainda, que o teor dos textos é de


responsabilidade de seus respectivos
autores.

Desejamos sucesso a todos!

Que o Senhor os abençoe hoje e sempre!!!


Equipe Didático-Pedagógica SGEC

Você também pode gostar