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Implicações e impactos na saúde física


e psicológica de idosos na pandemia
da Covid-19: uma revisão integrativa

Arnaldo Freire da Silva Júnior


UNINASSAU

Marcos Alexandre Costa Damião


UNINASSAU

Ana Paula de Sousa Soares


UNINASSAU

Roberta Campos Siqueira de Loiola


UNINASSAU

Hirisleide Bezerra Alves


UNIFIP

10.37885/210705546
RESUMO

A pandemia tem proporcionado alterações significativas na vida de inúmeras pessoas,


com milhares de vítimas desde o início de 2020. O desfecho causado pela manifesta-
ção do vírus ocasionou prejuízos em diversas áreas da realidade humana, inclusive
nas esferas sociais, sendo os idosos um dos grupos mais afetados, visto a existência
de comorbidades e as fragilidades do sistema imunológico. Diante disso, a presente
pesquisa objetivou abordar as implicações e impactos da pandemia na saúde física
e psicológica dos idosos, destacando possibilidades que venham contribuir para uma
melhor qualidade de vida dessas pessoas. Para tal, realizou-se uma revisão integrativa
a partir de artigos indexados nas bases de dados LILACS, SCIELO e PEPSIC, sem
restrição de data. Na estratégia de busca, foram utilizados os seguintes Descritores em
Ciências da Saúde (DeCS): “COVID-19”, “Idosos”, “Psicologia” e “Saúde Mental”. Como
critérios de inclusão foram utilizados: artigos em português e inglês, dispostos na íntegra,
relacionados ao tema. A necessidade de isolamento social e as medidas de restrição
no combate a COVID-19, foram muito impactantes na vida dos idosos, visto que as res-
trições ao contato interpessoal, proibição da prática de atividades físicas e ausência do
acompanhamento fisioterápico, desencadearam o surgimento de episódios ansiosos, do
medo de ser infectado, afloramento de problemas neurológicos, como também a desre-
gulação emocional. Nesse cenário, ressalta-se o papel do psicólogo no aconselhamento
e terapia direcionada, contribuindo diretamente na psicoeducação dos idosos, ensinando
estratégias de combate ao medo e ansiedade, objetivando proporcionar uma melhora na
qualidade de vida desses indivíduos nesse período pandêmico.

Palavras-chave: COVID-19; Idosos; Psicologia; Saúde Mental.

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INTRODUÇÃO

Em novembro de 2019, na cidade de Wuhan, na China, foi identificado o primeiro caso


de infecção pelo novo coronavírus (SARS-COV-2), começando a partir desse momento uma
rápida disseminação da doença em nível global. O quadro elevado de contaminações, levou
a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar, em março de 2020, uma pandemia
(BRASIL, 2020; CDC, 2020).
A ação fisiológica desse vírus, pode apresentar manifestações que vão desde as formas
mais leves e assintomáticas de contaminação, como também, a casos mais graves e letais
da doença, ocasionando um alto índice de mortalidade. O contexto causado por essa nova
forma de manifestação do vírus, tem ocasionado prejuízos em diversas áreas da realidade
humana, como por exemplo: econômica, social, psicológica e emocional, apresentando um
cenário caótico frente a uma situação até então desconhecida, contribuindo para o adoeci-
mento de uma grande parte da população (BARROS et al., 2020).
A COVID-19 tem se caracterizado como uma doença sistêmica, capaz de acometer
diferentes órgãos e promover sequelas em pacientes pós-infecção. Além do medo de uma
nova doença, altamente contagiosa e com potencial de letalidade, o isolamento social, ne-
cessário para conter a doença, impactou fortemente as atividades econômicas da sociedade.
Diferentes estudos evidenciaram que pessoas idosas possuem uma maior pré-disposição
à infecção e desenvolvimento das formas graves da doença, considerando a existência de
comorbidades e limitação do sistema imunológico (COSTA et al., 2020).
A principal forma para redução da transmissão da COVID-19 consistiu no isolamento
social, cujo fato impactou desde crianças até a população idosa, acentuando sentimentos de
medo, ansiedade, desespero, contribuindo para um maior desencadeamento de transtornos
mentais entre estes indivíduos, além de contribuir para o aumento do sedentarismo.

DESENVOLVIMENTO

O presente estudo caracteriza-se como uma revisão integrativa, buscando apresentar


as implicações e impactos da pandemia na saúde física e psicológica da população idosa
no Brasil, objetivando oferecer possibilidades que venham contribuir para uma melhor qua-
lidade de vida dessas pessoas.
A busca eletrônica dos artigos foi realizada em periódicos indexados nas bases de
dados do LILACS, SCIELO e PEPSIC, sem restrição de data. Na estratégia de busca, foram
utilizados os seguintes Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): “Covid-19”, “Idosos”,
“Psicologia” e “Saúde Mental”. Como critérios de inclusão foram utilizados: artigos em por-
tuguês e inglês, dispostos na íntegra, relacionados ao tema proposto.
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Para a sumarização da revisão integrativa, a condução do estudo baseou-se nas se-
guintes etapas: 1) Definição da temática de interesse; 2) Formulação da pergunta nortea-
dora: “Quais impactos e implicações da COVID-19 na saúde física e psicológica da popu-
lação idosa e quais medidas interventivas deveriam ser realizadas para minimizá-las?’’; 3)
Estabelecimento do cruzamento a partir das palavras chaves nas plataformas utilizadas; 4)
Seleção dos artigos mais relevantes frente à temática central e que atendiam os critérios
de inclusão; 5) Definição das informações extraídas ao longo das leituras dos artigos já
existentes nas bases de dados; e 6) Elaboração da síntese dos elementos textuais a partir
de todas as informações extraídas.
A pandemia da COVID-19 ocasionou mudanças drásticas nas mais diversas camadas
da sociedade, afetando direta e indiretamente a população, modificando o estilo de vida
das pessoas que com a pandemia tiveram que se readaptar as medidas propostas pelos
governos e autoridades de saúde em todo o mundo. As restrições adotadas como meio
de minimizar a propagação do vírus, principalmente a necessidade de isolamento social,
potencializaram emoções e transtornos na população, sobretudo entre os idosos (ALVES;
MAGALHÃES, 2020).
A população idosa foi grandemente afetada na pandemia, principalmente no âmbito
psicológico. Devido a necessidade de privação social, disseminação de informações falsas
a respeito do vírus, medo do contágio, perda de familiares e amigos, limitação da prática de
exercícios e restrição de acompanhamentos fisioterapêuticos, contribuíram para a sobrecarga
emocional e o sedentarismo. As relações interpessoais também foram afetadas, visto que o
distanciamento social funcionaria como uma forma de prevenção da própria integridade física,
como a de seus semelhantes, desencadeando em muitos casos uma ansiedade intensa,
atrapalhando o bem estar e o convívio familiar (BARROS et al., 2020; COSTA et al., 2020).
Os idosos também sofreram impacto na esfera econômica, tendo em vista que mui-
tos destes trabalhavam, e por constituírem população de risco, foram afastados de seus
empregos ou impedidos de trabalharem de forma autônoma. Tal fato, caracterizou queda
na renda, restrições alimentares, dívidas, proporcionando limitações no estilo de vida com
impacto físico e emocional (BROOKS et al., 2020; FARO et al., 2020).
Vale destacar que, o isolamento entre a população idosa é preocupante devido a sua
maior predisposição à problemas cardiovasculares, autoimunes, neurocognitivos e de saúde
mental. Ademais, devido às alterações fisiológicas comuns no sistema nervoso, os idosos
também sofrerão alterações psicológicas, tais como: degradação da memória, sensação de
inferioridade, alterações intelectuais, medo, dúvida, solidão, desespero, entre tantos outros
transtornos biopsicossociais (GROLLI et al., 2020; LIMA et al., 2020).

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Considerando as especificidades intrínsecas à população idosa, envolvendo presença
de comorbidades e elevada frequência de transtornos psicológicos, a intervenção realizada
pelos profissionais da saúde mental nesse público deve ser realizada precocemente. O su-
porte em saúde mental deve ser empregado visando minimizar a angústia, tensão e es-
tresse relativos ao real ou potencial adoecimento, objetivando também estimular a adesão
às medidas de proteção necessárias para si e contra a propagação do vírus (FARO et al.,
2020; ORNELL et al., 2020).
Nesse contexto, ressalta-se o papel do psicólogo no aconselhamento e terapia direcio-
nada, contribuindo diretamente na psicoeducação dos idosos, com relação ao vírus, ensi-
nando estratégias de combate ao medo e a ansiedade, buscando proporcionar uma melhora
na qualidade de vida desses indivíduos nesse período pandêmico. Orientações sobre a
forma de se adaptar às mudanças impostas pela crise pandêmica e esclarecimentos sobre
atendimentos em saúde mental disponibilizados pelas redes de atenção básica, psicológica
e psicossocial são essenciais, fornecendo instruções importantes à esta população (LIMA,
2020; PANCANI et al., 2020).
A psicoterapia é de suma importância para os idosos, tanto no desenvolvimento natural
da idade, que por si só já contribui para várias intercorrências psíquicas, emocionais e físicas,
como no ambiente da pandemia que se apresenta como um agravante na incidência dos
transtornos emocionais. Pesquisadores reiteram que os mecanismos biológicos envolvidos
na depressão, estresse e transtornos de ansiedade, associados à idade avançada, passam
a ser fatores agravantes importantes para a progressão da COVID-19 (SCHMIDT et al.,
2020; BARROS et al., 2020).
Mediante os impactos físicos e psicológicos que o distanciamento social pode promover
na vida das pessoas, algumas diligências podem ser realizadas para que essas consequên-
cias sejam as mínimas possíveis. Uma das medidas que podem ser adotadas é a questão
do tempo de quarentena em caso de suspeita de contaminação pelo novo coronavírus, o
período de incubação do vírus tem sido de duas semanas, mesmo que esse tempo seja
estendido é imprescindível que ele dure, dentro do necessário, o mínimo possível, para que,
dessa maneira a saúde mental do indivíduo seja menos afetada (SCHMIDT et al., 2020;
LIMA et al., 2020).
Uma outra medida para maximizar a prevenção à saúde mental dessa população é
a informação. É importante saber fazer a comunicação de informações sobre o que está
acontecendo e os motivos ligados a esses fatos, trazendo explicações de quanto tempo
devem estar em casa e a destacar a vitalidade de cumprirem o distanciamento social com
informações atualizadas. Por fim, ressaltar a necessidade da manutenção das redes de
apoio social durante a quarentena, as quais tem uma função primordial na manutenção do
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bem estar físico e mental dessa população, visto que a quebra das conexões sociais e do
contato físico entre as pessoas, potencializam os impactos negativos no campo psicológico
(SCHMIDT et al., 2020; COSTA et al., 2020).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto, destaca-se que a população idosa constitui um grupo de risco à


infecção pelo coronavírus, assim como à evolução de transtornos psicológicos relacionados
ao isolamento social na pandemia. Assim, verifica-se a necessidade dos idosos estarem
bem informados sobre a questão da pandemia da COVID-19, conhecendo a ação do vírus,
forma de contágio e medidas de prevenção contra a infecção, cujas questões apresentam
implicações diretas na vida desses indivíduos, influenciando na saúde física e psicológica.
Dessa maneira, ressalta-se que a Psicologia pode oferecer contribuições relevantes
ao enfrentamento da pandemia, cujos impactos na saúde mental da população, sobretudo
entre idosos, caracterizam uma emergência em saúde pública. Dentre estas contribuições,
destacam-se as intervenções psicológicas que visam minimizar as implicações negativas e
promover a saúde mental, bem como readaptar este público às mudanças no estilo de vida,
especialmente mediante perdas após a pandemia.
Nesse cenário, o psicólogo constitui um profissional com grande relevância, ten-
do em vista que o processo de aconselhamento psicológico, ensinamentos e estratégias
de coping são centrais nesse processo de conscientização sobre o medo e a ansiedade.
Essas ferramentas podem ajudar de forma substancial e decisiva a população idosa no
cenário pandêmico.
Por fim, é importante frisar o papel dos próprios idosos nesse cenário pandêmico, visto
que, respeitar as orientações sugeridas pelas autoridades de saúde e a conscientização
de familiares e amigos, são fundamentais na prevenção, como também na diminuição da
circulação do vírus, contribuindo para a manutenção da saúde física e psicológica e o bem
estar de seus entes queridos.

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REFERÊNCIAS
1. ALVES, A.; MAGALHÃES, I. Implicações na saúde mental de idosos diante do contexto pan-
dêmico da COVID-19. Revista Enfermagem Atual In Derme, v. 93, p. 1-3, 2020.

2. BARROS, Marilisa Berti de Azevedo. et al. Relato de tristeza/depressão, nervosismo/ansie-


dade e problemas de sono na população adulta brasileira durante a pandemia de COVID-19.
Epidemiologia e Serviços de Saúde [online], Campinas, v. 29, n. 4, p. 1-12, 2020.

3. BRASIL. Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico nº8, 2020. 41 p. Disponível em: <https://
portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2020/April/09/be-covid-08-final-2.pdf >. Acesso em:
28 de julho de 2021.

4. BROOKS, Samantha. K. et al. The psychological impact of quarantine and how to reduce it:
rapid review of the evidence. The Lancet, v. 395, n. 10227, p. 912-920, 2020.

5. CDC - Centers for Disease Control and Prevention. Social distancing, quarantine, and isolation:
keep your distance to slow the spread. Atlanta: CDC, 2020, 2 p. Disponível em: <http://www.
cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/prevent-getting-sick/social-distancing.html>. Acesso em: 28
de julho de 2021.

6. COSTA, Felipe de Almeida. et al. Covid-19: Seus impactos clínicos e psicológicos na população
idosa. Brazilian Journal of Development, v. 6, n. 7, p. 1-14, 2020.

7. FARO, André, et al. COVID-19 e saúde mental: a emergência do cuidado. Estudos em Psi-
cologia (Campinas), v. 37, p. 1-14, 2020.

8. GROLLI, Roberta Eduarda. et al. Impact of COVID-19 in the Mental Health in Elderly: Psycho-
logical and Biological Updates. US National Library of Medicine, v. 6, n. 58, p. 1-12, 2020.

9. LIMA, Rossano Cabral. Distanciamento e isolamento sociais pela Covid-19 no Brasil: impactos
na saúde mental. Physis: Revista de Saúde Coletiva [online], Rio de Janeiro, v. 30, n. 2, p.
1-10, 2020.

10. LIMA, Sonia Oliveira. et al. Impactos no comportamento e na saúde mental de grupos vulnerá-
veis em época de enfrentamento da infecção COVID-19: revisão narrativa. Revista Eletrônica
Acervo Saúde, v. 46, n. 46, p.1-8, 2020.

11. ORNELL, Felipe. et al. Pandemia de medo e COVID-19: Impactos na saúde mental e possíveis
estratégias. Revista Debates em Psiquiatria, Porto Alegre, v. 10, n. 2, p. 12-17, 2020.

12. PANCANI, L. et al. Forced social isolation and mental health: A study on 1006 Italians under
COVID-19 lockdown. PsyArXiv Preprints, p. 1-22, 2020.

13. SCHMIDT, B. et al. Saúde mental e intervenções psicológicas diante da pandemia do novo
coronavírus (COVID-19). Estudos de Psicologia, Campinas, v. 37, n. 1, p. 1-13, 2020.

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