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PSICOPATOLOGIA GERAL
POSITION PAPER
Ansiedade, depressão e estresse em estudantes
universitários - o impacto do COVID 19
Juiz de Fora
Setembro de 2021
Em dezembro de 2019, foi identificada pela primeira vez na cidade de Wuhan, na
China uma nova cepa de coronavírus que não havia sido identificada antes em seres humanos.
Menos de um mês após a identificação do novo vírus, a Organização Mundial da Saúde (OMS)
declarou que o surto do novo coronavírus constituía uma situação de Emergência de Saúde
Pública de Importância Internacional (OPAS, 2020). Neste mesmo intervalo de tempo, um
alerta de que haveria um impacto na saúde mental da população também já surgira. Em março
do mesmo ano, a epidemia de COVID-19 passou ao patamar de pandemia segundo a OMS.
Uma vez que a doença tinha provocado, até então, mais de 118 mil infectados em 114 países
e 4.291 mortes percebeu-se a necessidade de se tomarem medidas mais rigorosas.
É natural supor que as pandemias sejam geradoras de um forte impacto nos campos
sociais, econômicos, políticos e, consequentemente, na saúde das pessoas. À vista disso, foram
realizados muitos estudos que buscaram compreender os efeitos de uma quarentena na saúde
mental. Alguns estudos sobre esses efeitos, que tinham como objeto de estudo outras crises
sanitárias sérias como as afetadas por MERS, SARS, Gripe Suína (H1N1) ou Ebola, mostraram
a ocorrência de efeitos psicológicos negativos como a raiva, confusão e até estresse pós-
traumático. Além disso, alguns desses efeitos se mantiveram num período prolongado. Os
principais fatores de estresse identificados foram: o tempo de duração da quarentena, os
receios em relação à doença, a frustração, diminuição de rendimentos, a informação
inadequada e também o estigma.
Mesmo com tantos conhecimentos prévios, a dimensão que uma pandemia pode ter
sobre a saúde mental de uma população ainda não é totalmente clara, mesmo porque existem
especificidades regionais e como cada uma delas lida com tal situação. Para minimizar os
efeitos da pandemia, a OMS opta por fazer diversas recomendações à população geral para
que mecanismos de coping sejam adotados com a finalidade de reduzir a ansiedade, assim,
como se pede, sejam evitadas as estratégias de enfrentamento desajustadas, como o uso do
tabaco, álcool e outras substâncias.
Finalmente, cabe falar sobre uma parcela da população que foi efetivamente afetada
pelas mudanças bruscas que a pandemia trouxe: os estudantes universitários. Devido ao
decreto de estado de emergência a suspensão das aulas foi inevitável e implacável. Isso pode
ter desencadeado dificuldade de adaptação e estados emocionais menos positivos. O artigo
estudado buscou explorar as implicações que a COVID-19 trouxe para a vida dos estudantes
universitários portugueses, como também os impactos da quarentena sobre a saúde mental no
que tange aos níveis de depressão, ansiedade e estresse. Nesse estudo foram usadas duas
amostras distintas, sendo uma recolhida em 2018 e 2019, e a outra recolhida nos oito dias que
decorreram o período de suspensão das aulas e a decretação do estado de emergência em
Portugal.
Um ponto relevante sobre este estudo se deve a limitação de não poder assumir que a
elevação dos níveis de ansiedade, depressão e estresse não seja exclusivamente uma
consequência da pandemia. Também é válido ressaltar que as diferenças culturais podem
ajudar a explicar as diferenças do efeito da pandemia entre os sexos. De todo modo, a pesquisa
realizada pode ser um ponto de partida para uma melhor investigação futura nessa área.
Maia, B. R., & Dias, P. C. (2020). Ansiedade, depressão e estresse em estudantes universitários:
o impacto da COVID-19. Estudos de Psicologia (Campinas), 37, e200067. Disponível em:
<http://dx.doi.org/10.1590/1982-0275202037e200067>