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FAVENI - FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE

SAÚDE DA FAMÍLIA

RANGIRENE RIBEIRO DE OLIVEIRA BRITO

O IMPACTO DO ISOLAMENTO SOCIAL PARA A SAÚDE MENTAL DOS IDOSOS


DURANTE A PANDEMIA DO COVID-19.

ARAPIRACA
2020
O IMPACTO DO ISOLAMENTO SOCIAL PARA A SAÚDE MENTAL DOS IDOSOS
DURANTE A PANDEMIA DO COVID-19.

Rangirene Ribeiro de Oliveira Brito1,

Declaro que sou autora¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o
mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja
parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e
corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de
investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação
aos direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços).

RESUMO - A população idosa vem crescendo rapidamente no Brasil, atualmente são mais de 28
milhões de idosos, número que representa 13% da população do país. E esse percentual tende a
dobrar nas próximas décadas, conforme dados do IBGE. A pandemia COVID-19 é um desafio sem
precedentes para a sociedade. isolamento social foi um medida preventiva contra o COVID-19 que foi
adotada por quase todos os paises do planeta que afeta especiamente os idosos e tem sido um
verdadeiro paradoxo para a saúde dessa população, pois vem acarretando diversos transtornos
mentais. Este levantamento procura relacionar a bibliografia principal e atual sobre o impacto do
isolamento social para a saúde mental dos idosos durante a pandemia do COVID-19. O
distanciamento social, a quarentena e o isolamento, reduzem os estímulos necessários para que as
pessoas desenvolvam suas atividades rotineiras em virtude da mudança brusca na rotina dos
indivíduos, trazendo alguns impactos em suas vidas, no entanto, apesar das consequências
negativas que todo o transtorno causado pela pandemia da COVID-19 vem gerando aos idosos,
temos que destacar que é em momentos de crise que o ser humano é resiliente, e agem como
altruísmo e cooperação.

PALAVRAS-CHAVE: COVID-19. Pandemia. Idoso. Saúde. Mental.

1
rangirenebrito@gmail.com
INTRODUÇÃO

No final de dezembro de 2019, um grupo de pacientes foi admitido em


hospitais com diagnóstico inicial de pneumonia de origem desconhecida. Esses
pacientes estavam ligados a um mercado atacadista de frutos do mar e animais
úmidos em Wuhan, na China. O vírus foi identificado como Coronavírus e
oficialmente denominado Coronavírus de Síndrome Respiratória Aguda Grave 2
(SARS-CoV-2) .

A doença se espalhou rapidamente pelo mundo e foi caracterizada pela OMS


como uma pandemia. Na ausência de vacina e remédios para combater o vírus e
conforme recomendado pelos governos locais e pela Organização Mundial de
Saúde, o mundo entrou em quarentena para retardar a disseminação do vírus e
mitigar o fardo da doença.

As intervenções governamentais visam acima de tudo, à proteção da saúde


física da população. No entanto, as ordens de distanciamento criaram muitos
desafios que tem impactos profundos na saúde financeira, psicológica e emocional
das pessoas, em especial dos idosos, grupo com maior taxa de mortalidade da
doença.

Surge assim à necessidade de avaliar quais são os impactos psicológicos que


o isolamento pode desencadear, posto que entre os fatores de estresse, nesse
momento, inclui-se o próprio isolamento.

É preciso então cuidar da saúde mental dos idosos durante a pandemia, tanto
daqueles contaminados pela COVID -19 em quarentena, como daqueles saudáveis
em isolamento social.

Dessa forma, o objetivo desse estudo é investigar na literatura os impactos do


isolamento social para a saúde mental dos idosos durante a pandemia do COVID-
19.
1. METODOLOGIA

O presente artigo é uma revisão da literatura existente sobre os impactos do


isolamento social para a saúde mental dos idosos durante a pandemia do COVID-
19.

A pesquisa bibliográfica foi realizada no Google Scholar e se deu entre os


meses de Junho e Setembro de 2020. Os critérios para a seleção da amostra foram
que o estudo abordasse, no título ou no resumo, a temática investigada. Após a
coleta dos dados, foi realizada uma leitura de todo o material, selecionando as
principais informações de cada publicação. Em seguida realizou-se uma análise
descritiva das mesmas, buscando estabelecer uma compreensão, aumentando o
conhecimento sobre o tema abordado.

2. O IMPACTO DO ISOLAMENTO SOCIAL PARA A SAÚDE MENTAL DOS


IDOSOS DURANTE A PANDEMIA DO COVID-19.

Essas grandes alterações abruptas no modo de viver o cotidiano associadas


aos efeitos sistêmicos da pandemia no corpo, em particular no cérebro e na
cognição, levam a questão da saúde mental ao topo das preocupações. Da mesma
forma, demandam ações integradas entre as diversas áreas de conhecimento
(Holmes et al., 2020).

Por se tratar de fenômeno recente, ainda não sabemos as consequências


agudas ou de longo prazo do isolamento social da COVID-19 sobre a saúde mental,
os estudos sobre o tema ainda são escassos, mas assinalam diversos impactos
negativos.

Embora as preocupações e incertezas sobre uma pandemia sejam comuns,


para alguns podem causar sofrimento indevido e prejuízo ao funcionamento social e
ocupacional. Para Pfefferbaum et al, 2020, além do estresse inerente à própria
doença, as diretivas de confinamento domiciliar em massa revelaram que vários
resultados emocionais persistiram depois que a quarentena foi suspensa.
A COVID-19 tende a impactar fortemente a saúde mental dos idosos, mesmo
aqueles que não foram infectados pelo vírus. O medo de vir a falecer ou perder
pessoas queridas, prognósticos incertos, escassez de recursos para testes e
tratamentos, imposição de medidas de saúde pública que infringem as liberdades
pessoais, crescentes perdas financeiras, dinâmicas familiares difíceis, mensagens
conflitantes das autoridades, bem como à frustração e à solidão que podem ser
provocadas em decorrência da mudança da rotina e do distanciamento social.

De acordo com Silva et al (2020), essas preocupações tem alterado o sono e


o apetite dos idosos, diminuindo ainda mais sua imunidade, que gera um cenário
propício para agravar problemas crônicos de saúde como diabetes, hipertensão e
doenças cardiovasculares

No Brasil, 7 em cada 10 mortes relatadas pela doença são de idosos. Isso


pode ser parcialmente atribuído ao comprometimento do sistema imunológico com a
idade, tornando mais difícil combater doenças e infecções por Coronavírus. Além do
mais, os idosos, em geral, têm múltiplas comorbidades e aumento de
hospitalizações que aumentam a chance de contrair a infecção durante uma
pandemia.

Em termos de saúde mental pública, o principal impacto psicológico do


isolamento social até o momento são as taxas elevadas de estresse, ansiedade e
depressão, um verdadeiro paradoxo para a saúde do idoso.

Segundo a OMS, existem mais de 322 milhões de pessoas no mundo que


sofrem de depressão, sendo essa atualmente uma das principais causas de
incapacidade no mundo.

É importante ressaltar que, antes mesmo da COVID-19, muitos idosos já se


sentiam sozinhos, de forma que as medidas adotadas para conter a doença apenas
amplificaram o sofrimento, pois interrompeu a rotina e atividades sociais dos idosos,
e isso impactou ainda mais a saúde mental desse grupo.

Além disso, os idosos já sofreram grandes transformações de vida, como a


redução da capacidade física, autonomia, doenças, aposentadoria e perda de entes
queridos, razões que por si só, podem levar a depressão.

O envelhecimento também contribui para desencadear ou agravar as


condições de saúde, entre as quais se tem destacado a presença de transtornos
mentais, tais como esquizofrenia, transtorno bipolar, delirante, de ansiedade e
depressão, entre outros, sendo os dois últimos considerados mais graves e mais
incidentes no idoso, com isso merecem destaque (FREIRE, 2017 apud TAVARES,
2009).

Nesse período, a maioria dos idosos foram separados de seus familiares e


pessoas próximas, como cuidadores, o que os coloca em risco agudo de solidão,
maior causa de depressão entre os idosos. Em ambientes como asilos ou lares de
idosos, o distanciamento social e a diminuição de visitas também causam solidão,
que pode gerar depressão, transtornos de ansiedade e até suicídio.

O isolamento afeta ainda mais os idosos cujo único contato social é fora de
casa, como em praças, centros comunitários e locais de culto. Javadi et al (2020)
demonstrou recentemente que a desconexão social coloca os adultos mais velhos
em maior risco de depressão e ansiedade.

Silva et al (2020) apud Fagundes (2015) retrata que o cuidado ao paciente


idoso não deve se limitar apenas à assistência médica, deve ir além, alcançando os
familiares por meio da educação em saúde, objetivando que os mesmos
permaneçam ao lado desse idoso durante sua patologia e tratamento, promovendo
um melhor acompanhamento tanto medicamentoso, quanto de cuidados integrais.

Tendo em vista a complexidade relacionada a promoção da saúde do idoso, o


Estatuto do Idoso, regulamentado pela Lei nº 10.741/03 diz que:

Art. 1o É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos


assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.
Art. 2o O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa
humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei,
assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e
facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu
aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de
liberdade e dignidade.
Art. 3o É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder
Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito
à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer,
ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à
convivência familiar e comunitária
Com isso podemos perceber que cuidar da pessoa idosa e oportunizar que
este goze do pleno exercício da sua cidadania não é apenas uma responsabilidade
dos sistemas de governo, mas de todos que compõem a sociedade. Atitudes
cotidianas que venham facilitar e melhorar a vida desses indivíduos é uma forma de
respeito a essa etapa da vida, especialmente no período de isolamento social em
virtude da disseminação do COVD-19, uma vez que muitos idosos estão afastados
de seus membros familiares e amigos, (Silva et al, 2020).

É comum que durante a vigência de pandemias, a saúde física das pessoas e


o combate ao agente patogênico sejam os focos primários de atenção de gestores e
profissionais da saúde, de modo que as implicações sobre a saúde mental tendem a
ser negligenciadas ou subestimadas.

Entretanto, apesar das medidas de enfrentamento serem essenciais para


vencer o coronavírus e proteger os sistemas de saúde, elas afetaram a própria base
de vida, levando as pessoas ao pânico e alterando drasticamente seu dia a dia.

Nesse momento deve priorizar não só o biológico, mas também a saúde


mental tanto dos pacientes como da população geral. Isto porque, a principal medida
de prevenção e controle da doença é o isolamento social, que por sua vez, também
é um agente estressor em uma sociedade movimentada como a contemporânea.

Por essa razão, a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou um relatório
tratando de políticas públicas sobre saúde mental e destacou que esses serviços
devem ser parte essencial de todas as respostas de governos ao coronavírus. O
chefe da ONU acrescentou ainda que serviços de saúde mental devem ser
expandidos e amplamente financiados.

Entretanto, o ser humano possui a incrível habilidade de ser resiliente,


resiliência é mais que sobreviver à crise, é a capacidade de se adaptar a mudanças,
superar obstáculos e até aprender com a situação, saindo fortalecido da crise. A
exemplo de muitos idosos que impulsionados pelo isolamento aprenderam a usar
tecnologias que antes pareciam impossíveis, como os smathphones.

3. RECOMEDAÇÕES

Dado que muitos idosos estão enfrentando desafios de vida estressantes sob
a crise pandêmica COVID-19, é imperativo desenvolver atividades que reduzam o
estresse e promovam a saúde e o bem-estar.
3.1 Família

A Organização Mundial da Saúde aconselha que os membros da família


verifiquem regularmente como estão os idosos que vivem em suas casas. Também
é recomendado que eles façam uma pausa nas notícias e nas redes sociais. Os
familiares mais jovens devem reservar algum tempo para conversar com os
membros mais velhos da família e envolver-se em algumas de suas rotinas diárias,
se possível.

3.2 Conectividade

O tédio e o isolamento causam angústia; as pessoas que estão em


quarentena devem ser avisadas sobre o que podem fazer para evitar o tédio e
receber conselhos práticos sobre técnicas de enfrentamento e controle do estresse.
Ter um telefone celular agora é uma necessidade, não um luxo.

Ativar sua rede social, embora remotamente, não é apenas uma prioridade
principal, mas a incapacidade de fazer isso está associada não apenas à ansiedade
imediata, mas também a um sofrimento de longo prazo (Brooks et al, 2020).

A mídia social pode desempenhar um papel importante na comunicação com


pessoas distantes, permitindo que as pessoas que estão em quarentena atualizem
seus entes queridos sobre sua situação e assegurem-lhes que estão bem e
diminuindo o sentimento de solidão.

Entretanto, não são todos os idosos que são alfabetizados ou possuem


condições econômicas para se apropriar dessa tecnologia, portanto o grau de
escolaridade e renda são fatores importantes no cuidado. Outros idosos não se
sentem confortáveis com smartphones ou com a linguagem da mídia.

Contudo, durante o isolamento, muitos idosos melhoraram suas habilidades


tecnológicas e ganharam experiência usando plataformas online.

3.3 Exercícios Físicos


De acordo com Jiménez-Pavón (2020), os exercícios têm se mostrado uma
terapia eficaz para a maioria das doenças crônicas com efeitos diretos na saúde
mental e física. De fato, o exercício tem sido considerado a verdadeira polipílula
com base em evidências epidemiológicas de seus benefícios preventivos /
terapêuticos e considerando os principais mediadores biológicos envolvidos. A
prática de exercícios em idosos afeta positivamente sua saúde e previne fragilidade,
risco de quedas, autoestima e comprometimento ou declínio cognitivo.

Além do mais, o isolamento pode contribuir ainda mais para baixar a


imunidade, devido à ausência de exposição solar (vitamina D).

Portanto, não interromper ou alterar totalmente o estilo de vida das pessoas


durante o isolamento e manter um estilo de vida ativo em casa é muito importante
para a saúde da população em geral, mas, principalmente, para aqueles com fatores
de risco adicionais e idosos.

4.4 Terapia
CONCLUSÃO

O impacto do isolamento social e físico imposto pela Covid-19, que já foi


descrito como o “maior experimento psicológico do mundo” (VAN HOOF, 2020),
provavelmente ficará impresso em cada indivíduo envolvido e se apresentou como
uma tempestade perfeita para o sofrimento mental dos idosos.

O impacto na saúde mental dos idosos devido à pandemia do COVID-19 está


relacionado ao isolamento social, à diminuição da dinâmica do dia a dia, ao estresse
gerado pelos cuidados necessários para a prevenção e até pelo excesso de
informações, portanto, este estudo é de extrema relevância para que as pessoas
idosas mantenham rotinas e tarefas regulares sempre que possível e crie novas num
ambiente diferente.

A saúde mental dos idosos na pandemia necessita de atenção, e essencial


ficar atento a qualquer sinal. Nesse caso, é importante, além das medidas de
autoajuda, como assistir filmes, ler um livro, praticar atividades físicas, ter apoio de
um profissional da área da saúde para esclarecer, diagnosticar transtornos mentais
e oferecer um tratamento adequado.

Esse estudo demonstrou que é importante viver muito, porém é fundamental


viver bem, e o envolvimento ativo dos assistentes sociais na educação em saúde,
defesa de grupos desfavorecidos, apoio à saúde mental e desenvolvimento
comunitário é extremamente valioso nesse sentido.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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