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1 – IDENTIFICAÇÃO
3 – OBJETIVO
4 – DESCRIÇÃO DO ATENDIMENTO
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ano com Jill havia significado muito para ele e que havia planejado apresentá-la à sua
mãe durante o feriado.
O sr. Vaughan descreveu um surto de extrema ansiedade, de duração limitada, na
2a série do ensino médio. Foi quando começaram os ataques de pânico, que aumentaram
de gravidade e frequência ao longo de dois meses. Durante esses ataques, ele se sentia
muito desconectado, como se tudo fosse irreal. Às vezes os sintomas duravam várias
horas e se pareciam com suas queixas atuais. O início pareceu coincidir com a internação
da mãe em um hospital psiquiátrico.
Quando ela recebeu alta, todos os sintomas sumiram rapidamente. Na época, não
buscou tratamento. O sr. Vaughan também descreveu vários dias de sintomas de
irrealidade transitória durante o ensino fundamental, logo após o divórcio dos pais, quando
o pai deixou o jovem Jason morando apenas com a mãe, que sofria de esquizofrenia
paranoide. Durante a infância, sentiu solidão global significativa e a sensação de que era o
único adulto na família.
Sua mãe tinha funcionamento limítrofe, mas de modo geral não era ativamente
psicótica. Seu pai raramente voltava para visitá-lo, mas fornecia fundos suficientes para
que continuassem a viver em uma situação razoavelmente confortável. Jason costumava
ficar com os avós durante os fins de semana, mas, de modo geral, ele e a mãe viviam
isolados. Saía-se bem na escola e tinha alguns amigos mais íntimos, mas normalmente
era reservado e era raro levar amigos para sua casa.
Jill seria a primeira namorada a conhecer sua mãe. O sr. Vaughan negou uso de
drogas, especialmente de Cannabis, alucinógenos, cetamina ou sálvia, e o exame
toxicológico de urina resultou negativo. Ele negou abuso físico e sexual. Também negou
história de depressão, mania, psicose ou outros sintomas psiquiátricos anteriores. Negou
especificamente amnésia, blackouts, identidades múltiplas, alucinações, paranoia e outros
pensamentos ou experiências incomuns.
Os resultados de testes laboratoriais de rotina, o exame toxicológico e o exame
físico se mostraram normais, assim como a imagem de ressonância magnética do
encéfalo e o eletrencefalograma. Consultas com um otorrinolaringologista e um
neurologista não acrescentaram dados relevantes.
5 – COMPREENSÃO TEÓRICO-CLÍNICA
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experiências, seu teste de realidade continuou preservado. A história indica que não há
causas médicas nem psiquiátricas para esses sintomas. Os sintomas são persistentes e o
funcionamento está significativamente comprometido. O paciente satisfaz os critérios para
transtorno de despersonalização/desrealização do DSM-5. O sr. Vaughan apresentou
sintomas semelhantes duas outras vezes, mas nenhum episódio parece ter satisfeito os
critérios para transtorno de despersonalização/desrealização.
O primeiro episódio do sr. Vaughan, durante o ensino fundamental, foi
desencadeado pelo abandono do pai e, de acordo com o relato, durou apenas alguns dias.
Embora não especifique uma duração mínima para o transtorno de
despersonalização/desrealização, o DSM-5 indica que os sintomas precisam ser
“persistentes ou recorrentes”. A apresentação durante a infância parece mais compatível
com outro transtorno dissociativo especificado (reações dissociativas agudas a eventos
estres 168 Casos Clínicos do DSM-5 santes) do DSM-5, o qual se refere a uma condição
aguda e transitória com duração inferior a um mês.
O segundo episódio ocorreu no contexto de dois meses de ataques de pânico
crescentes precipitados pela hospitalização psiquiátrica da mãe. Esses sintomas
satisfizeram os critérios de duração para transtorno de despersonalização/desrealização,
mas ocorreram exclusivamente no contexto de outra condição psiquiátrica (pânico) e se
resolveram com a resolução do outro transtorno psiquiátrico. Embora o caso não forneça
informações clínicas suficientes para maior especificidade, esse segundo episódio parece
se encaixar melhor em um diagnóstico entre os transtornos de ansiedade – transtorno de
ansiedade não especificado do DSM-5 – do que entre os transtornos dissociativos.
O episódio mais recente, no entanto, é clássico do transtorno de
despersonalização/desrealização: persistiu durante vários meses após a resolução do
episódio depressivo de curta duração, não está associado a outro transtorno psiquiátrico
por uso de substância ou médico e está associado a um teste de realidade preservado.
Observa-se que o segundo episódio de sintomas teve um peso maior voltado para
desrealização, enquanto o terceiro episódio, com diagnóstico clínico, pendia para a
despersonalização. De acordo com pesquisas recentes na área, o DSM-5 combinou
sintomas de despersonalização e de desrealização em um único transtorno que pode ser
constituído por qualquer um dos dois tipos de sintomas ou, mais comumente, por ambos.
Antes que se possa estabelecer o diagnóstico, outras causas psiquiátricas e
médicas devem ser investigadas. Devido à esquizofrenia da mãe, a explicação alternativa
mais provável parece ser a de transtorno psicótico ou pródromo de esquizofrenia.
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Contudo, o sr. Vaughan parece ter mantido seu funcionamento social e acadêmico até o
agravamento da despersonalização e manteve o teste de realidade apesar dos sintomas;
em consequência, ele não satisfaz os critérios para psicose atual. Atualmente não é
possível predizer o risco de desenvolvimento de esquizofrenia no futuro, portanto, uma
observação e um apoio longitudinais serão importantes.
Assim como vários pacientes com transtorno de despersonalização/desrealização,
o sr. Vaughan não considera seu sofrimento delirante e está convencido de sua natureza
“física”. Essa convicção pode levar a exames médicos que tranquilizem o paciente mais do
que o ajudem a identificar uma etiologia médica. Jovens com apresentações típicas e sem
fatores de risco ou achados em exames físicos e neurológicos têm pouca probabilidade de
apresentar algum tipo de doença clínica ou neurológica subjacente.
A bateria de exames pode ajudar esses pacientes a continuar com o tratamento
psiquiátrico; no entanto, o psiquiatra pode tentar, de forma relevante, conter o entusiasmo
de outros médicos, os quais podem sugerir testes mais prolongados ou invasivos. Embora
todos os transtornos dissociativos estejam frequentemente associados a traumas no início
da vida, pacientes com transtorno de despersonalização/ desrealização relatam traumas
que costumam ser menos extremos, tanto física quanto sexualmente. O sr. Vaughan
parece ter negado abuso, mas tem um pai que o abandonou e o deixou ao encargo de
uma mãe com esquizofrenia. Mesmo sem evocação de eventos traumáticos específicos,
pode-se pressupor que a infância do sr. Vaughan foi difícil e contribuiu para esse
transtorno.
6 – EVOLUÇÃO
7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION - APA. Manual diagnóstico e estatístico de
transtornos mentais: DSM-5. Porto Alegre: Artmed, 2014.