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FAMAQUI - Portaria de Credenciamento MEC N.

º 191 de 6 de março de 2015


Curso de Psicologia - Portaria de Autorização MEC N.º 329, de 11 de maio de 2018

Disciplina: Psicopatologia Descritiva


Profa; Patricia Rutsatz
Carga Horária: 80h
2021/I

Nomes: Marli Janeti / Rodrigo Eichenberg

INSTRUÇÕES: A avaliação deverá ser feita em dupla, no máximo duas


páginas, e com a formatação desse arquivo. Peso 3,0

1. Após assistir ao filme: “Filhos de Istambul”, elabore um exame psiquíco


como se o personagem principal Mehmet fosse seu paciente/cliente.
O exame psiquíco deve conter: Peso 1,5

IDENTIFICAÇÃO: (nome, idade, sexo, nível de instrução, profissão)


HISTÓRIA PREGRESSA DA MOLÉSTIA: (adquire-se informações sobre
toda a história anterior do paciente, mesmo das condições que não
estejam relacionadas com a doença (moléstia) atual).
HISTÓRIA ATUAL: (relato sobre a época e modo de início da doença,
fatores desencadeantes, tratamentos, evolução, impacto na vida, outros
sintomas, queixas atuais e negativos pertinentes)
EXAME DO ESTADO MENTAL: (análise de sinais e sintomas, avaliando
a aparência e comportamento, atividade motora, fala, pensamento,
humor, afeto, sensopercepção, cognição, insight e julgamento)
HIPÓTESE DIAGNÓSTICA COM CRITÉRIOS: (de acordo com o DSMV)
IMPRESSÕES (pessoais, de vocês, comentários que vocês julguem
relevantes). Peso 1,5

IDENTIFICAÇÃO: M. A; idade entre 30/40 anos; sexo masculino; nível


de escolaridade médio/baixo; catador de materiais recicláveis, coordena
e gerencia um empreendimento de catadores de materiais recicláveis.

HISTÓRIA PREGRESSA DA MOLÉSTIA: M.A foi abandonado por sua


genitora quando criança, vivendo nas ruas até ser acolhido por seu pai
adotivo. Sofria agressões de seu padrasto antes de ser abandonado.
Possui comorbidades. Lidava com materiais recicláveis/lixos trazidos
para o depósito onde trabalhava diariamente. É tabagista.
Na infância, teve contato com drogas (cola) e, ao que consta, teve
recaídas. Não há maiores informações. Foi considerado relevante
registrar que M. A. teve uma experiência com drogas ocorrida na
infância, pelo visto logo após ter ido morar na rua, os amigos o iludiram,
dizendo que ao cheirar cola, ele poderia ver ou encontrar a mãe, após
inalar a substância ele fica desacordado por um período, não podemos
precisar por quanto tempo e como foi socorrido e nem o sabemos as
consequências desse evento e quanto ao uso recorrente de drogas.

HISTÓRIA ATUAL: M.A apresenta um estado de saúde frágil, tosse,


dores no corpo, sudorese frequente e pouco apetite, não se alimenta
adequadamente, fuma muitos cigarros por dia e consome bebida
alcoólica e tremor nas mãos. Levava uma vida normal e funcional dentro
da sua realidade social. Possuía problemas renais que vinha agravando
seu estado de saúde causando-lhe muitas dores e limitação de sua
capacidade física. Fazia acompanhamento médico, e se encontrava em
lista de espera para um transplante de rim. Morava em um apartamento
de baixo custo, em condições um tanto insalubres com pouca
organização de seu espaço.

EXAME DO ESTADO MENTAL: Em conversa realizada, acreditamos


que M.A apresentou os sintomas logo no início do filme, onde se
encontrava parado olhando a janela de seu antigo apartamento em uma
saída para catar materiais. Uma analogia de cena, a chuva intensa
retrata o início de sua confusão mental, que é corroborada momentos
depois, quando ao chegar no depósito, começa a passar mal e é
socorrido pelo seu irmão, o qual verificou que sua medicação havia
acabado. Outro indicativo é o comentário deu seu pai adotivo de que
M.A “vivia sempre chapado”. Já no hospital, apresenta sua primeira
alucinação visual que, gradativamente, se tornaram mais presentes.
Apresentava limitação de sua capacidade física, pois não era possível
fazer muito esforço. Não houve comprometimento de suas funções
básicas. Esboçava compreensão e raciocínio para compreender
situações. Tinha autonomia para tomar decisões, bem como para cuidar
de seu dinheiro. Aparência e higiene se mostraram razoáveis e normais
dentro de sua realidade -se comparado aos demais irmãos-, algo que foi
se deteriorando ao decorrer do filme com a piora de seus sintomas.

HIPÓTESE DIAGNÓSTICA COM CRITÉRIOS: Há indícios de que a


manifestação dos sinais e sintomas se desenvolveram somente na fase
adulta, porém, de forma rápida. Mehmet possuía bom funcionamento
social. Há indicativos de que vinha sofrendo, e que ultimamente -com o
agravamento de seus sintomas-, não conseguia distinguir o que era
sonho e realidade. Alucinações visuais e auditivas, com delírios. Ainda,
é informado que “o Ali voltou (...)”, que indica que já houve outra
alucinação em momento anterior. Sua higiene e aparência foram se
deteriorando ao decorrer do filme. Também demonstrou comportamento
emocional hostil e agressivo com a piora de seus, representando não só
um risco para si, como um perigo para os demais. Não há também
informações sobre genética familiar, tampouco de que a medicação que
tomava fosse para seu problema renal ou de ordem psíquica, tampouco
o período que possui os sintomas descritos. Diante destes elementos, os
possíveis diagnósticos são: critério A1,2/5 para Transtorno
Esquizofreniforme (295.40 F20.81) sem característica de bom
prognóstico; Esquizofrenia, sendo atendidos os critérios A1,2/5 (295.90
F20.9) não especificado;

IMPRESSÕES: A distorção da realidade se mostrou a única forma de


M.A suportar a dor de ter sido abandonado por sua genitora, sendo Ali a
personificação da criança inocente que outrora já foi. Seu maior desejo
era ser amado e bem cuidado. M.A foi vítima de atos de crueldade e
violência do padrasto, conforme as suas lembranças e o relato da atual
moradora do apartamento que ele um dia residiu com a família. A falta
de carinho e amor materno aliado à situação de abandono, bem como
de certo modo a culpa de nunca ter ido atrás de sua genitora fizeram
com que o sofrimento de M.A aumentasse. O uso de drogas em uma
tentativa inocente de encontrar sua mãe e aliviar a dor, assim como sua
condição social fizeram com que desenvolvesse a doença. Em
momentos de lucidez, era bondoso e demonstrava ter o coração grande,
mostrando compaixão com seus iguais e boa capacidade cognitiva
dentro, é claro, de suas nítidas limitações. O não tratamento adequado e
um episódio grave de surto ocasionou no fim de sua dor física e
psíquica.

2. O que é o diagnóstico nosológico ou ateórico ou descritivo?


O diagnóstico nosológico é a determinação da doença, ou seja, realiza o
estudo das manifestações que caracterizam as doenças que acometem o ser
humano, permitindo classificá-las através do conhecimento de uma
etiopatogenia, isto é, da causalidade e do mecanismo formal dos sintomas da
enfermidade.

3. O que é diagnóstico diferencial?


Consiste na formulação de uma hipótese precisa e bem analisada através dos
sinais e sintomas do paciente, que possibilitam um tratamento adequado. O
diagnóstico diferencial pode expressar dois significados, ora pode se referir a
um diagnóstico diferente do habitual ou usual, ou seja, a determinação de uma
doença diversa daquela que normalmente é encontrada conforme os sintomas
apresentados, ora pode estar relacionado aos diferentes métodos utilizados por
um profissional de saúde no estabelecimento de um diagnóstico. Nestes casos,
a obtenção de um diagnóstico diferencial designa que sejam realizados
exames clínicos e laboratoriais que possibilitem ao médico definir o tratamento
mais adequado para o paciente.

5. O que é Comorbidade?
É a existência de duas ou mais doenças/transtornos em um mesmo indivíduo.
Podem estar relacionadas e vir a se potencializarem entre si. Podem ainda vir a
dificultar o diagnóstico e, consequentemente, influenciar o prognóstico.

6. Qual pode ser a etiologia dos sinais e sintomas nos Transtornos Mentais?
A origem dos sinais e sintomas podem ser de origem social, onde se observa o
histórico da família com suas vivências na infância, primeiros sintomas e sua
origem, assim como seu contexto social; fatores biológicos genéticos e
hormonais; fatores individuais como sua resiliência frente às situações
vivenciadas/sua forma de enfrentamento, algo individual de cada um, e que
fazem parte da investigação.

7. O que é prognóstico?
Significa o conhecimento ou juízo prévio, antecipado, realizado pelo
profissional, fundamentado necessariamente no diagnóstico clínico e nas
possibilidades terapêuticas, segundo o estado da arte, acerca da duração, da
evolução e do eventual termo de uma doença ou quadro clínico sob seu
cuidado ou orientação.

8. O que é a Anamnese na Entrevista Clínica?


Consiste numa entrevista para obter os dados do paciente, com o objetivo de
auxiliar no melhor atendimento, pelo confronto de registros em situações
futuras. Há métodos e técnicas para que tudo ocorra corretamente. Destaco
como principais: técnica do interrogatório cruzado, quando o examinador
conduz as perguntas durante a consulta; técnica de escuta, quando o paciente
tem a capacidade de relatar com as próprias palavras suas preocupações
pessoais, sinais e sintomas. As técnicas interagem entre si, podendo ser usada
para se obter o melhor diagnóstico. Na anamnese, separa-se a vida do
paciente em duas partes: o corte longitudinal ou biográfico, serve para localizar
os registros da história pessoal, familiar e patológica pregressa; o corte
transversal ou do momento, nesse o objetivo é compreender a queixa principal
do sujeito e será enquadrada à história da sua doença atual e o exame
psíquico que dele é feito.

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