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ESTADO DO MARNHÃO

SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA


CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
13ª COMPANHIA INDEPENDENTE DE BOMBEIROS MILITAR
End.: Av. Deputado Carlos Melo nº 1670 – Aeroporto – Contato:
98437-3267 WHATSAPP

RELATÓRIO DE VISTORIA

1. FINALIDADE
Vistoria fomentada pela denúncia feita pelo Sr. Clemilton Santos Lima, inscrito
no CPF: 801.199.483-20, cédula de identidade nº 526170964 SESP/MA, brasileiro,
casado, autônomo, residente e domiciliado na Avenida Senhora Santana, nº 155,
Engenho, Pedreiras-MA, CEP: 65.725-000, telefone: (99) 981417605. Fulcro a avaliação
da situação da estabilidade estrutural de sua edificação, após os serviços realizados na
obra do Loteamento Santa Teresinha oriundo da etapa de terraplanagem do terreno
vizinho a edificação em questão.

2. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL
a) Ao Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão (CBMMA), conforme estabelece
a Constituição Estadual maranhense, compete:

Art. 116 - O Corpo de Bombeiros Militar, órgão central do sistema de Defesa


Civil do Estado, será estruturado por lei especial e tem, as seguintes
atribuições:
I – estabelecer e executar a política estadual de defesa civil, articulada
com o sistema nacional de defesa civil; (Grifo nosso).

b) Além da Lei Estadual nº 10.230/2015, que dispõe sobre a Organização


Básica do CBMMA, em especial suas competências, conforme redação do
Capítulo II, art. 2º, inciso III, a seguir:

III – exercer atividades de polícia administrativa para os serviços de Segurança


Contra Incêndio e Pânico e de Salvamento, podendo, por meio de estudos,
vistorias, análises, planejamento, fiscalização e controle de edificações,
embargar, interditar obras, serviços, habitações e locais de diversões
públicas que não oferecerem condições de segurança e de funcionamento
(Grifo nosso).
3. METODOLOGIA
Os parâmetros empregados seguem o que ordena a Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT) e resoluções oriundas do Conselho Regional e Federal de
Engenharia e Agronomia, CREA e CONFEA respectivamente, assim, o presente relatório
buscou meios de subsidiar parecer sobre a atual situação de estabilidade estrutural da
edificação vistoriada, falhas e patologias provenientes dos serviços executados no
Loteamento Santa Teresinha.
A linha metodológica adotada fundamenta-se na vistoria classificada como
Inspeção de Nível 1, ou seja, sem levar em consideração testes, ensaios, medições e
outros. Corroborando a isto, a análise preliminar de risco foi desenvolvida pelo método
hipotético-dedutivo correlacionando os fatos existentes e as relações que os definem.
Peremptoriamente, a intenção é diagnosticar a realidade do sistema construtivo,
analisando a sua segurança e os eventuais riscos oferecidos aos usuários, meio
ambiente e ao patrimônio do entorno que em situação de anormalidade podem interferir
ou prejudicar a saúde e, em casos extremos, provocar um desastre.
Sendo assim, empregou-se, principalmente, as seguintes normas técnicas
nessa avaliação: a NBR 5674 (Norma de Manutenção em Edificações) e a NBR 13752
(Norma de Perícias de Engenharia na Construção Civil). Logo, realizou-se – in loco –a
análise e avaliação das falhas e anomalias; classificação dessas deficiências quanto ao
grau de risco e indicações de orientações técnicas para cada problema apurado. Neste
contexto, a ANOMALIA representa as irregularidades relativa à construção do
loteamento próximo as residências que existiam no local.
Então, especificando o disposto na NBR 5.674 da ABNT, a inspeção é a
“avaliação do estado da edificação e de suas partes constituintes, realizadas para
orientar as atividades de manutenção”. A análise do risco consiste, afinal, na
classificação das anomalias e falhas identificadas nos diversos componentes de uma
edificação, quanto ao seu grau de risco, relacionado com fatores de conservação,
depreciação, saúde, segurança, funcionalidade, comprometimento de vida útil e perda
de desempenho.
Portanto, a metodologia aplicada resume-se a uma atividade de engenharia
que visa observar as condições de segurança sem, no entanto, efetuar medições, testes,
ensaios ou similares; visto que as anomalias e desconformidades constatadas são todas
de grau macro.
Entretanto, convém destacar que não fora apresentado qualquer tipo de
projeto e/ou documentação técnica, sendo apenas verificados os reflexos negativos
sobre os elementos construtivos, suas deformações, defeitos e agressões, bem como os
impactos que podem causar na materialização das ameaças identificadas em um
ambiente em situação de vulnerabilidade, proporcionando insegurança a integridade
física da sociedade civil.

4. DETALHAMENTO DA VISTORIA
Conforme vistoria técnica realizada às 13h30min do dia 03 de fevereiro de
2022, seguindo, consequentemente, as normas e legislações sobre os temas vigentes
no Estado do Maranhão e diante do que foi possível observar, seguem os principais
pontos:
a) Vistoria realizada pelo 2º Tenente Filipe Oliveira e Cabo Damasceno, após
recebida a documentação referente a obra que estava sendo realizada e trazendo
irregularidades para algumas residências próximas;
b) Trata-se de edificação residencial, que perdeu a estabilidade de parte do solo no
qual a edificação foi construída, devido à realização de cortes no terreno vizinho
a edificação em questão sem que fossem feitas intervenções de contenção,
pranchamento ou taludamento para estabilizar o aterro das edificações vizinhas
na fase de terraplanem do loteamento Santa Teresinha, e, de pronto, ocasionou
algumas desconformidades e patologias em seus elementos estruturais;
c) Sendo diagnosticadas as seguintes falhas:
• A obra de movimento de terra realizado no loteamento Santa Teresinha
desestabilizou o solo das residências próximas ao local;
• Tentou-se realizar como medida paliativa uma contenção do aterro
utilizando sacos de areia, uma espécie de rip-rap para minimizar os danos
causados e conter a movimentação do solo, no entanto, constatou-se que
que a medida não esta sendo efetiva pois o solo ainda esta em
movimentação, sendo necessário realizar outro tipo de intervenção para
conter a movimentação do solo.
• Alguns elementos estruturais da edificação próxima a obra encontram-se
instáveis, apresentando fissuras e rachaduras provenientes da
movimentação do solo em sua base;
• Além do solo embaixo da residência, deveria possuir o solo lateral da
edificação com o respectivo talude de forma a conter o movimento, porém,
foi retirado pela obra do loteamento, dessa forma como o terreno está
instável o bulbo de tensão na lateral da edificação não possui contenção,
prejudicando a sua fundação e deixando exposto a um movimento de
terra;
d) Durante os procedimentos de vistoria não foram disponibilizados nenhum tipo de
projeto arquitetônico e ou de engenharia referente à construção da edificação ou
serviços de reforma, bem como, documentos referentes a manutenção dos
sistemas e elementos construtivos ali executados. Além disso, não foi
apresentada a Anotação de Responsabilidade Técnica – ART, documento que
assegura que a obra ou serviço está sendo acompanhada por profissional
habilitado para aquela situação. Em caso culposo, o responsável responde aos
efeitos legais ocasionados pela sua atividade profissional. A falta de registro da
ART sujeita a pessoa (jurídica ou física) contratada a pagar multa conforme o
artigo 73 da lei nº 5.194/66 e outras penalidades.

5. RECOMENDAÇÕES

Diante do cenário ora apresentado e visando-se a garantia imparcialidade dos


procedimentos de vistoria adotados e o respeito ao direito de ampla defesa e
contraditório das partes envolvidas no processo, sobretudo, como mecanismo de
garantir a segurança da comunidade afetada, sugerimos as seguintes orientações:
• Adotar medidas, em caráter de URGÊNCIA, que visem a manutenção
corretiva e preventiva das anomalias, falhas e patologias identificadas nos
sistemas construtivos;
• Apresentar laudo de estabilidade estrutural do sistema de fundação das
residências afetadas pelo engenheiro responsável da obra do loteamento;
• Apresentar projeto arquitetônico de reforma da edificação em questão;
• Proceder com a manutenção corretiva e preventiva dos elementos
construtivos das residências;
• Apresentar Anotação de Responsabilidade Técnica – ART, para todos os
serviços e obras acima relacionados;
Vale ressaltar que as medidas supracitadas são diretrizes mínimas para
garantir a segurança física das instalações do objeto em voga, ambiente natural,
entorno e usufrutuários; não sendo excludente do atributo de qualquer outra normativa
ou determinação expedida por órgão competente não especificada neste documento.
6. CONCLUSÃO
Ante o exposto, a edificação em voga apresenta parâmetros questionáveis
sobre a segurabilidade dos usuários em virtude da relação quantiqualitativa das
anomalias, falhas e patologias identificadas. Se abstrai, ainda, que este edifício é
inseguro por não contemplar os padrões construtivos basilares de funcionamento das
edificações como: qualidade, segurança, durabilidade, manutenção e expondo assim
seus ocupantes a uma situação de vulnerabilidade sócio espacial materializada na
probabilidade da gama de riscos de acidentes por desabamentos, projeção, além da
exposição dos usuários a latência dos riscos de agentes físicos. Nestes termos, existe
a necessidade de correção dos elementos outrora citados no bojo deste relatório por
meio das manutenções preventivas e corretivas seguindo normas de manutenção de
edificações.
Desta forma, sugiro em caráter de urgência, a intervenção corretiva dos
elementos supracitados nos itens 4 e 5 deste relatório, pautado em um Plano
de Trabalho especificando a temporalidade das ações a serem realizadas. Logo
o processo interventivo de manutenção das residências deverá ser de caráter
IMEDIATO. Esta decisão está em conforme redação da Lei Federal nº 12.608/12 e
Lei Estadual nº 10.230/15, Capítulo II, Art. 2º, inciso III, até que sejam sanados todas
anomalias, falhas e patologias identificadas que comprometem a segurança e
funcionamento salutar da edificação e entorno.

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Filipe Gustavo de Oliveira Pinto – TEN QOCBM
Chefe do setor de Proteção e Defesa Civil da 13ª CIBM/CBMMA

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