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Commissiong Planning through an Operational Precedence Net Using the


Primavera Software

Conference Paper · March 2012


DOI: 10.1109/NAVTEC.2012.14

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Diego Melo King


Petróleo Brasileiro S.A.
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Planejamento do Comissionamento via Rede de
Precedências Operacional usando o Primavera
Diego Melo King
Petróleo Brasileiro S/A - PETROBRAS
ENGENHARIA - Integração e Comissionamento da P-55
Pólo Naval do Rio Grande, Rio Grande, RS
CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/0061454012466490
Email: diegoking@petrobras.com.br

Resumo—Este artigo apresenta uma idéia de gestão de projetos do processo de construção propriamente dito, subordinando
com foco no planejamento do processo de comissionamento de todas as demais atividades em função do progresso e evolução
forma sintética, estruturada no âmbito de obras de construção da construtibilidade do produto final. O cliente, por outro lado,
de plataformas off-shore de produção de óleo e gás. A partir
dos conhecimentos estruturados com as melhores práticas de prioriza os processos de partida da plataforma, e portanto
gestão de projetos e planejamento, as experiências em observar e quer o processo de conclusão da construção encaminhado de
fiscalizar obras deste tipo e o uso de um software específico para forma coerente com uma rede de precedências operacional,
elaboração de cronogramas para projetos de grande porte, foi que estabelece a ordem correta para partida dos sistemas.
apresentada uma forma de tratar alguns problemas encontrados
Desta forma, com objetivos aparentemente inconciliáveis
na gestão do processo de comissionamento como um todo.
Apresenta-se aqui uma forma de gestão que, embora possa entre o cliente e o fornecedor dos serviços de construção,
parecer de difícil aplicação, poderia trazer grandes benefícios executar um planejamento do comissionamento coerente torna-
aos gestores do projeto e satisfazer melhor o atendimento aos se uma tarefa árdua e com muitos conflitos. Pretende-se
requisitos do cliente. explorar neste artigo algumas alternativas ao processo de pla-
nejamento através do Primavera para incluir a lógica de uma
I. I NTRODUÇÃO
Rede de Precedências operacional para priorizar os trabalhos
As obras de construção de plataformas de produção de de construção. Com isso, será demonstrada uma forma de
petróleo e gás são empreitadas de grande porte, que envolvem planejar o processo final do comissionamento de obras de
um elevado número de homens-hora, enormes complexidades plataformas de produção de petróleo e gás, com o propósito de
técnicas e muitos anos para sua conclusão. Pode-se chamar de melhorar a aceitação do desempenho dos sistemas na partida
complexo um produto final de trabalhos que refletem um largo sem prejudicar a construtibilidade da plataforma.
número de componentes padronizados, e possuem uma grande O software Primavera é conhecido no mercado como um dos
amplitude de conhecimentos e habilidades necessárias para melhores sistemas para uso em gerenciamento de projetos e
sua execução [1]. Devido a sua natureza complexa, inúmeros controle de informações relacionadas às atividades organizadas
conflitos técnicos podem surgir dentro dos diversos campos num cronograma. O trabalho [2], de 1998, comparou o Pri-
envolvidos no projeto de uma plataforma. Um destes conflitos mavera com outras ferramentas, colocando-o numa excelente
pode ser representado pela dificuldade de se planejar toda a posição. A versão atual do software é naturalmente muito mais
obra em um nível de detalhe adequado para ser, ao mesmo avançada e completa, e usada dentro do contexto da Petrobras.
tempo, medido e ter controlado o seu avanço com precisão.
As etapas finais da construção de uma plataforma de petró- II. O P ROCESSO DE C OMISSIONAMENTO
leo convergem para o momento de testar e por em operação
todos os seus sistemas, compostos em grande parte, por O comissionamento pode ser definido como um processo
muitos equipamentos de grande porte, tubulações, estruturas orientado para a qualidade para atingir, verificar e documentar
e sistemas elétricos e/ou automáticos de comando e controle. que a performance das facilidades, sistemas e equipamentos
Este é o momento em que o processo de Comissionamento atingem os objetivos e critérios estabelecidos [3]. Planejar todo
atinge seu ponto mais importante, cujo objetivo é de garantir este processo, cuja extensão envolve todo o ciclo de vida
uma entrega para o cliente com todos os sistemas operando do projeto, confunde-se com o planejamento do projeto em
dentro das condições de projeto com eficiência e segurança. si. Entretanto, algo comum nos projetos de grande porte é
Para a empresa responsável pela construção, os objetivos identificar este processo como sendo apenas o momento de
no processo de planejar o comissionamento costumam ser garantir as entregas do produto ao cliente final, quando são
diferentes dos objetivos do seu cliente. A primeira busca feitos todos os testes necessários para certificar a operabilidade
maximizar seus esforços em função dos critérios de pagamento dos sistemas. O processo de comissionamento deve, portanto,
estabelecidos no contrato de construção, que normalmente incluir um pensamento orientado ao cliente para evitar que
estabelecem maiores pagamentos para as etapas mais críticas este seja considerado meramente como uma fase final do
projeto que controla apenas a funcionalidade de acordo com mas de uma plataforma, e neste caso, as necessidades por
as especificações da instalação antes da sua entrega [4]. criar condições temporárias para testes poderiam se acumular,
O processo de comissionamento se inicia com a execução dificultando significativamente qualquer tipo de organização
do projeto de engenharia (design) e encerra-se somente após prática ou técnica. Isto pode provocar uma situação de “ex-
o produto final estar operando de forma segura e sob respon- cesso de prioridades”, que representa, na verdade, a perda do
sabilidade do cliente final. A gestão deste processo envolve referencial de criticidade para as atividades. Diversos critérios
interagir com as interfaces entre o design e a construção, para análise de qual sistema é mais importante para ser testado
entre as contratadas e as questões envolvendo a construção primeiro se sobrepõem, e algumas vezes os profissionais ten-
e o design, e também entre o operador (cliente) e as questões dem a defender como mais importante aquilo que diz respeito
envolvendo a construção e o design. Quaisquer assuntos ou ao seu foco particular de trabalho, ou aqueles sistemas ou
problemas orindos das interações entre estes stakeholders atividades cuja importância de realização não é tecnicamente
(partes interessadas) devem passar pela gestão do comissi- comprovada como a mais importante, porém a sua finalização
onamento, transformando-se em entradas e/ou saídas para a representaria um marco de alguma relevância pública, ou até
interface relacionada. mesmo política.
Portanto, para o cumprimento do objetivo do processo de Vale ressaltar que normalmente, nas fases finais de constru-
comissionamento, é preciso se certificar de que toda a cons- ção, onde a plataforma ainda possui pendências para atingir
trução ocorreu adequadamente, atendendo às recomendações a completação mecânica, as atividades de construção pro-
dos respectivos fabricantes, atendendo às normas de segurança priamente ditas, as de condicionamento, as de preservação
aplicáveis e respeitando os requisitos de projeto. Quando a e os testes dos primeiros sistemas acontecem em paralelo.
construção de um sistema está finalizada, diz-se que ele atingiu Portanto, trazer ordem a este enorme e diversificado conjunto
Completação Mecânica. A etapa final de todo o processo de atividades é um esforço que só poderá trazer resultados
de comissionamento também envolve garantir que todos os mais expressivos se for realizado por uma equipe integrada
equipamentos e demais itens pertencentes a um sistema, tais nos seus objetivos de gestão, e balizada por alguma referência
como tubulações, cabos elétricos, painéis, etc., estejam em sólida e confiável de planejamento.
condições para serem testados. Este momento do processo
pode ser denominado de Condicionamento. Uma vez que III. P LANEJAR O C OMISSIONAMENTO
todas estas etapas estão concluídas, um determinado sistema Como foi descrito anteriormente, obras de plataformas de
poderá ser testado, simulando as condições de operação pre- produção de petróleo e gás possuem uma complexidade ine-
vistas em projeto. rente, onde uma abordagem mais pró-ativa do planejamento do
Para que isso seja viável, poderá ser necessário aplicar processo de comissionamento poderá promover a melhoria na
energias temporárias ou gerar condições temporárias para a gestão das atividades. O PMBoK [6] afirma ser recomendável
realização de tais testes. Isto ocorrerá quando o sistema a ser investir em processos e procedimentos de gerenciamento de
testado não dispõe de entradas (inputs) adequadas dos seus projetos que suportem o planejamento de forma a reduzir
sistemas predecessores, pois estes ainda não foram concluídos as incertezas e aumentar as suas probabilidades de sucesso.
e/ou testados. Esta situação tende a ocorrer em obras de Apesar disso, planejar a fase de conclusão de um projeto,
plataformas de produção de óleo e gás, pois praticamente especialmente para o comissionamento, não tem recebido a
todos os seus sistemas possuem algum tipo de dependência atenção necessária [5]. O momento crucial desta questão reside
operacional de outro sistema. A visão de dependências opera- justamente na fase onde as complexidades emergem sob a
cionais entre sistemas de uma plataforma é denominada Rede forma de múltiplas atividades das mais diversas características
de Precedências, e ela é elaborada na medida em que o projeto acontecendo ao mesmo tempo na obra de uma plataforma.
da plataforma é detalhado. Para mitigar esta profusão de eventos, que podem levar ao
Desta forma, se um determinado sistema B depende opera- descontrole todo o processo e impactar nos prazos ou nos
cionalmente de um sistema A, mas ele tem sua construção custos finais do projeto, propõe-se promover a gestão e o
e seu condicionamento finalizado antes do sistema A, isso planejamento dos testes de comissionamento através de um
significará como consequência uma das alternativas abaixo: direcionamento via Rede de Precedências operacional.
a) O sistema B permanecerá em preservação, isto é, deverá Desta forma é possível reduzir as necessidades de energias
manter sua condição tal como construída, por tanto tempo ou condições temporárias para execução de testes de siste-
quanto necessário, até que o sistema A esteja apto a fornecer mas específicos, e consequentemente minorar o número de
as condições para o seu teste. Isto ocorrerá somente após o situações de concorrência de recursos humanos e materiais
sistema A ter seus testes finalizados e aprovados pelo cliente. na obra. Entretanto, para promover tal condição, seria preciso
b) O sistema B será testado através do suprimento de con- planejar retroativamente a partir da Rede de Precedências de
dições e/ou energias temporárias, tornando-o assim, indepen- uma maneira que se pudessem preparar todos os processos
dente de A. Este cenário provocaria uma “quebra” da lógica construtivos, nos mais completos detalhes, a ponto de permitir
pré-estabelecida na rede de precedência elaborada em função a completação de um sistema A antes do B, dependente
das determinações de projeto. operacionalmente de A, de uma maneira onde o processo
A situação apresentada poderá acontecer em vários siste- construtivo em si não fosse afetado.
Mas na prática não é tão simples assim. Quando se pensa em diária e semanal esteja totalmente conectado ao cronograma.
apenas dois sistemas diretamente relacionados, pode parecer Ele precisa ser atualizado e atualizar constantemente as infor-
trivial preparar a construção de A antes de B. Mas uma pla- mações das atividades sendo desempenhadas na obra. Todo
taforma de produção de petróleo poderá possuir, dependendo ou qualquer controle paralelo, em todos os níveis, deve ser
da sua capacidade operacional e de características próprias do extinto, e a equipe de planejamento deve ter a autonomia de
projeto, uma centena de sistemas, que por sua vez podem ser ditar os rumos do que fazer, e quando fazer. Esta equipe deve
subdivididos em mais de 500 sub-sistemas. Estas sub-divisões ter em seus quadros todos os profissionais envolvidos com
buscam facilitar o processo de gestão do comissionamento, a gestão das atividades na obra, em todas as disciplinas; e
reduzindo o escopo de teste para cada sub-sistema em uma para isso, todos eles também devem conhecer integralmente
complexidade menor, evitando assim que fosse necessário as práticas e técnicas de planejamento, assim como também
finalizar a preparação de todo o sistema, para então somente devem dominar o software. O objetivo da equipe deverá ser
depois disso fazer seus respectivos testes de desempenho. único: identificar os caminhos críticos do projeto, vinculados
Além disso, as relações entre estes não são elementares, aos recursos disponíveis, e priorizar as atividades conforme
e a Rede de Precedências mais se parece com uma “teia” o cronograma estabelece as prioridades de execução. Natu-
de precedências, tamanhas são as quantidades de relações ralmente, o cronograma deve ser elaborado vinculando as
operacionais existentes entre sistemas e sub-sistemas. Deste atividades ou criando as restrições devidas em função do
modo, planejar a fase final do comissionamento, com os projeto de construção, e/ou da estratégia de edificação da
testes dos sistemas ordenados pela Rede de Precedências, plataforma.
pode vir a ser uma tarefa muito difícil tecnicamente. Porém, A identificação de caminhos críticos, estabelecidos num
considerando os recursos computacionais hoje disponíveis, cronograma com alocação de recursos, e a priorização de
não há motivo para imaginar o planejamento deste volume atividades seguindo esta lógica são os passos mais importantes
de relações e atividades como algo totalmente inviável. A do planejamento. De acordo com a teoria das restrições
verdadeira dificuldade residiria em aplicar este plano na obra, apresentada no livro Corrente Crítica [8], nenhum fluxo de
o que será mais detalhado adiante. produção ultrapassa aquele que dispõe do recurso de menor
capacidade. Assim, uma corrente crítica é estabelecida quando
IV. P LANEJAMENTO VIA Primavera um conjunto de atividades interdependentes e com recursos
O uso deste software da forma correta, conforme as melho- limitados para as suas necessidades está em uma condição tal
res práticas de planejamento preconizadas pelo PMBoK [6], que qualquer contratempo ou atraso impactaria diretamente no
possibilita a uma equipe de planejamento a integração entre prazo de término do projeto. Assim, seria preciso proteger tais
diversos cronogramas, mesmo que elaborados com filosofias atividades criando para elas um tempo de reserva, e para os
distintas. É possível criar e estabelecer um cronograma deta- recursos compartilhados por atividades desta corrente, recursos
lhado com atividades vinculadas aos recursos disponíveis, e de reserva, chamados de “pulmões”.
assim identificar claramente se o uso destes recursos, tanto Planejar o comissionamento com esta filosofia significa-
humano quanto de máquinas, está adequado ao total de horas ria, portanto, estabelecer um cronograma em que a rede de
previstas para cada atividade. A elaboração e manutenção precedências operacional esteja presente nas restrições entre
de tal cronograma exigiria o empenho de uma equipe de atividades de testes de sistemas, os recursos necessários para
planejamento autônoma e multidisciplinar, para que os dados executá-los estejam devidamente vinculados, e a equipe de
e informações necessárias para sua criação e atualização pos- gestão tenha liberdade total de ação para elencar as prioridades
sam ser traduzidos e inseridos corretamente. De outra forma, conforme as análises técnicas do cronograma. Naturalmente,
haveria o risco do cronograma cair em descrédito e ser usado implantar este planejamento para o processo de comissiona-
apenas para fins de apresentação, e não para o seu verdadeiro mento imporia muitas dificuldades operacionais e práticas.
objetivo, que seria o controle total de uma obra complexa.
Este software tem a capacidade de lidar com uma imensa V. E XECUÇÃO PLANEJADA DOS TESTES DOS S ISTEMAS
quantidade de informações de uma forma simples e amigável Como se pode ver, as complexidades de uma obra de
ao usuário [2]. É possível elaborar nele cronogramas com construção de uma plataforma de produção de petróleo de
a ordem de grandeza de dez mil atividades sem que haja grande porte exigem que haja um método de planejamento
um grande prejuízo no tempo necessário para a manutenção e de controle igualmente vasto, coerente e bem estruturado,
do mesmo, desde que estes sejam elaborados e atualizados para que seja possível identificar prioridades adequadamente
adequadamente. Sua forma de operação permite inclusive a e precisar as necessidades de recursos para a execução das
interligação entre atividades de cronogramas distintos, facili- atividades nos prazos esperados. Executar o processo de
tando imensamente a integração da gestão de obras elaboradas comissionamento adequadamente para atender às solicitações
por fornecedores diferentes [7]. Para a proposta apresentada do cliente de ter uma plataforma recebida com sistemas
neste artigo, o software já demonstrou na prática a capacidade operando dentro das especificações e com segurança pode ser
de atender às demandas. considerado o principal objetivo do construtor. Entretanto, não
Para que o processo de planejamento funcione na prática no se deve buscar este objetivo em detrimento do cumprimento
Primavera, é necessário que todo a programação de atividades dos prazos estabelecidos.
Para isso ser possível, é preciso estabelecer no cronograma potenciais de existir uma gestão centralizada e forte, tecni-
as atividades de testes de comissionamento dos sub-sistemas camente bem embasada para estabelecer decisões importantes
relacionadas da mesma forma como na rede de precedên- quanto aos rumos das atividades durante a execução do projeto
cias operacional, com a ressalva de que alguns sub-sistemas suplantariam significativamente os custos operacionais para a
poderão ter sistemas temporários criados para viabilizar a implantação de um sistema com estas características.
sua partida. Nestes casos, cada sistema temporário também Ter a condição de estabelecer claramente qual atividade é a
deve ser encarado como uma atividade, incluindo desde sua mais importante correndo poucos riscos de erro de julgamento,
preparação até o momento em que ele se torna disponível e estruturar o processo de comissionamento de uma maneira
para suprir com qualquer utilidade que seja um sub-sistema que seja sempre possível ter os recursos necessários dispo-
dependente. níveis no momento certo, organizando a sequência de testes
O cronograma deverá ser elaborado de forma detalhada tal de uma maneira que minimize as necessidades de sistemas
como descrito anteriormente, e com a devida antecedência para temporários e ao mesmo tempo respeite a lógica construtiva,
esta fase, para que possa ser possível analisá-lo por completo permitirá ao gestor responsável pelo projeto estabelecer com
e executar as correções necessárias em função das estraté- maior certeza os prazos de término ao cliente e uma entrega
gias e critérios de construtibilidade estabelecidos. Assim, por melhor estruturada dos sistemas operacionais da plataforma.
exemplo, se um sistema, sub-sistema, ou um conjunto deles, Não é um método infalível, mas também não é inviável.
estiver obrigatoriamente vinculado a uma etapa da construção
da plataforma, por exemplo o lifting (içamento) de um módulo VI. C ONCLUSÃO
de utilidades, isso significará que o teste deste sistema, sub-
sistema, ou do conjunto deles só poderá ser realizado depois Este artigo tratou de um problema comum às obras de
que a etapa de construção estiver concluída. Deste modo, grande porte para construção de plataformas de produção de
mesmo que todos os seus predecessores já estejam prontos petróleo e gás, que é o planejamento das atividades voltadas
e testados, não será possível iniciar a fase de testes para ao término dos processos de comissionamento. Normalmente
estes sistemas, sub-sistemas ou do conjunto deles enquanto o planejamento é feito sob demanda, reativamente aos aconte-
o içamento não for concluído. cimentos e desenvolvimentos dos trabalhos, sem que haja um
Espera-se neste caso, um planejamento bem estruturado tempo de análise técnica adequado para se definir qual seria o
para que não haja a aplicação de recursos na execução de melhor curso de ação para a gestão das atividades num canteiro
testes ou atividades preparatórias que não estão impedindo a de construção.
realização de atividades sucessoras, salvo caso não haja outra Vimos que, se o planejamento for realizado seguindo as
alternativa disponível. A aplicação dos recursos em quantidade melhores práticas, é possível estabelecer um padrão de análise
correta e na ordem correta em função das prioridades do técnica onde se pode unir o melhor do conhecimento de
cronograma, respeitando a corrente crítica do projeto [8], construtibilidade do produto com o melhor do conhecimento
diminuirá sensivelmente a probabilidade de atraso na obra. técnico da partida dos seus sistemas. Esta união de conhe-
Assim, as correções mencionadas serão imprescindíveis para cimentos e informações requer um conjunto de habilidades
tornar o cronograma coeso e de valor prático inestimável técnicas e profissionais muito abrangente, determinando assim
para a gestão do projeto. É possível realizar este trabalho o envolvimento de uma equipe multidisciplinar, focada num
desde que a equipe de planejamento tenha um conhecimento objetivo comum, e com suficiente autonomia para determinar
profundo de como a construção da plataforma acontecerá, e os rumos do projeto. Os direcionamentos e as ações de
transcreva para o cronograma a sequência correta de ativi- controle sobre as atividades de construção e condicionamento
dades predecessoras, alocando os recursos necessários, e re- devem ser feitas pela equipe de planejamento, que também
calculando a disponibildade destes durante as atualizações que devem ter acesso a todos os dados de produtividade através
se farão constantemente na medida em que os trabalhos se de atualizações constantes feitas no software de controle.
desenvolvam. Este artigo mencionou o uso do Primavera, por este ser
É correto supor um elevado nível de dificuldade técnica e reconhecidamente capaz de cumprir computacionalmente as
prática para compor e controlar um cronograma neste nível exigências de um cronograma de controle ao mesmo tempo
avançado de gestão. Mas também é sabido que já existe vasto e gerenciável aos usuários; porém naturalmente outros
tecnologia disponível e elevada capacidade computacional softwares com estas capacidades poderiam ser usados [2].
para permitir atualizações automáticas de atividades realizadas A gestão do proceso de comissionamento planejada e
através de identificação eletrônica. O trabalho maior será de executada nestas bases permitirá ao cliente a obtenção de um
compor e criar tal cronograma, com cuidado e atenção para produto comissionado de forma mais segura e confiável, e
evitar que hajam erros estruturais e vinculações incorretas também dará ao construtor condições de melhorar a eficiência
entre atividades. Mudanças no projeto durante seu andamento de seus processos, seja diretamente em função do uso
não iriam, em princípio, impactar no processo de gestão, pois adequado do software selecionado ou indiretamente, através
bastaria re-adaptar o cronograma para a nova situação, pos- de lições aprendidas para projetos futuros, além de resultar
sibilitando assim mantê-lo sempre ajustado diariamente com numa melhor avaliação dos seus trabalhos.
as atividades realizadas. Contudo, os elevadíssimos benefícios
AGRADECIMENTOS
O autor gostaria de agradecer aos colegas de trabalho
que tornaram o desenvolvimento profissional na empresa
uma tarefa sempre interessante e desafiadora. Sem as suas
observações e troca de conhecimentos, este trabalho não seria
possível:
Francisco Carlos da Rosa Ramos
Leila Fontes Gondim
Celso Cotrim Pitta
Célio Galotti Guimarães
José Carlos Gomez Palza
José Luiz Rodrigues da Cunha
Luiz Carlos Renck
Luiz Fernando Ramos de Lacerda
Arnaldo Moisés de Medeiros Jr.
Luiz Francisco Veiga de Luna Alencar
Edmilson Soares de Medeiros.

Texto compilado em LATEX2 [9]; 8 de março de 2012.

R EFERÊNCIAS
[1] M. Hobday, Product complexity, innovation and industrial organisation,
Res Policy, 26 (1998), 689-710.
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[5] D. Dvir, Transferring Projects to their final users: the effect of planning
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[6] Project Management Institute Standards Committee, A Guide to the
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PMI, 2008.
[7] J.G. Silveira, Gerenciando Projetos com Primavera Enterprise 6, Bras-
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[8] E. Goldratt, Corrente Crítica, Nobel, 2009.
[9] T. Oetiker, H. Partl, I. Hyna and E. Schlegl, The Not So Short Introduction
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