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l. Sistemas de lajes mistas com perfis formados a frio, placas de isopor e parafusos
autobrocantes ................................................................................................................................. 129
m. Resistência de um sistema de lajes mistas com perfis formados a frio .............................. 133
n. Comportamento de um sistema de lajes mistas com perfis formados a frio ......................... 137
o. Avaliação estrutural de conectores de cisalhamento Perfobond e T-Perfobond ................... 142
2.7. Considerações Finais ........................................................................................................... 154
Capítulo 3 - Modelagem Numérica com o Método dos Elementos Finitos ........................................ 155
3.1. Considerações Iniciais ......................................................................................................... 155
3.2. Tipos de Análise Estrutural .................................................................................................. 156
3.2.1. Introdução ....................................................................................................................... 156
3.2.2. Análise Não-Linear .......................................................................................................... 156
3.3. Análise dos Modelos ........................................................................................................... 162
3.4. Análises Paramétricas e Apresentação dos Resultados ...................................................... 163
3.5. Exemplos de Aplicação ........................................................................................................ 163
a. Flambagem local da alma de vigas mistas com inércia variável ............................................. 163
b. Modelagem numérica de pórticos com ligações semirrígidas ................................................ 168
c. Avaliação de ligações semirrígidas com cantoneiras na menor inércia da coluna ................. 175
d. Interação flexão - esforço axial em ligações semirrígidas com placas de extremidade ......... 178
e. Comportamento de vigas de aço sob à ação de cargas concentradas ................................... 189
f. Resistência de colunas de aço estaiadas e protendidas ......................................................... 192
g. Modelagem de torres eólicas .................................................................................................. 197
h. Comportamento a tração de placas de aço inoxidável com parafusos defasados ................. 204
i. Avaliação estrutural de vigas de aço com aberturas na alma ................................................. 210
j. Modelagem de ligações semirrígidas com placas de extremidade e interação flexão - esforço
axial 215
k. Modelagem de ligações tubulares T e KT................................................................................ 224
l. Modelagem de vigas mistas com interação total e parcial ..................................................... 236
m. Comportamento estrutural de conectores de cisalhamento Perfobond e T-Perfobond ... 243
n. Modelagem de ensaios push-out com conectores de cisalhamento tipo pino com cabeça
(stud) e Perfobond .......................................................................................................................... 250
3.6. Considerações Finais ........................................................................................................... 262
Capítulo 4 - Modelagem com Técnicas de Inteligência Computacional ............................................. 264
4.1. Considerações Iniciais ......................................................................................................... 264
4.2. Redes Neurais...................................................................................................................... 265
4.2.1. Algoritmo de treinamento Back Propagation ................................................................. 266
4.2.2. Redes Neurais Bayesianas ............................................................................................... 267
4
Naturalmente, ao longo dos últimos anos houve uma evolução considerável dos
procedimentos e modelos usados no dimensionamento de estruturas metálicas e mistas. Esta
evolução foi fruto de um aumento do nível de conhecimento do comportamento estrutural que
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foi obtido com o uso de novas técnicas numéricas e experimentais. A consolidação destes
conhecimentos vem sendo feita através de publicações científicas em periódicos e congressos
desta área do conhecimento. Estas publicações geraram discussões e ideia que foram depois
consolidadas pelos comitês técnicos de normas de dimensionamento estrutural, sociedades
científicas como o ECCS, ABNT, etc.
Figura 1.3 - Flambagem lateral com torção de uma viga em balanço [8].
Uma mas maneiras mais simples de se entender estes tipos de modelos é a partir de
exemplos como o das ligações estruturais. Nestas ligações sua classificação em termos das
curvas momento versus rotação pode ser dividida em três tipos: os modelos analíticos,
matemáticos e mistos. Nos modelos analíticos, a curva momento versus rotação é baseada em
suas características físicas. Nos modelos matemáticos, por outro lado, esta curva é expressa
por uma função matemática em que os parâmetros são determinados por uma curva ajustada a
resultados experimentais. Por último, os modelos mistos combinam os modelos analítico e
matemático.
Os modelos analíticos podem ser utilizados para prever a rigidez da ligação com base
nas propriedades geométricas e na disposição das componentes da ligação. Com as hipóteses
do mecanismo de deformação das componentes da ligação, o comportamento mecânico da
ligação pode ser previsto através de métodos numéricos como o dos elementos finitos. Com
isto, a deformação das componentes e o momento resistente da ligação podem ser
determinados e a curva momento versus rotação para a ligação pode ser obtida.
Em geral, estudos paramétricos são conduzidos considerando os efeitos de diversas
variáveis geométricas relacionadas às componentes das ligações. Valores práticos destas
variáveis são então analisados para produzir dados para a análise. No entanto, o custo e o
tempo envolvidos são quase sempre insatisfatórios para aplicações práticas, pois cada tipo de
ligação ou de configuração das componentes da ligação requer uma nova formulação para a
obtenção da curva momento versus rotação, Chan [1]. Além disso, incertezas inerentes às
ligações podem afetar significativamente a rigidez da ligação computada pelos modelos. Há
ainda o fato de que procedimentos adicionais de manuseio dos dados são necessários para
incorporar os resultados analíticos dentro da análise de pórticos semi-rígidos. Outro modelo
clássico para avaliação de ligações é caracterizado pelo método das componentes presente no
Eurocode 3 pt. 1.8 [19], que também é conhecido como um modelo mecânico clássico. Mais
detalhes sobre este modelo estarão presentes nos exemplos dos capítulos 2, 3 e 4.
Outro método utilizado para se determinar a curva momento versus rotação de
ligações consiste em aproximar uma curva a dados experimentais utilizando expressões
simples. Estas expressões são chamadas de modelos matemáticos, que relacionam diretamente
o momento e a rotação das ligações mediante funções matemáticas, pelo uso de algumas
constantes de ajuste de curvas. Quando estas constantes de ajuste são determinadas através
dos dados experimentais, a curva momento versus rotação pode ser explicitamente expressa e
diretamente utilizada numa análise estrutural.
Os modelos matemáticos são, portanto, mais simples do que os modelos analíticos
anteriormente mencionados. Exemplos de modelos matemáticos incluem o modelo de
Richard-Abbott, [2], Lui-Chen [3], [4] e o modelo de Al-Bermani, [5]. Uma vez que inúmeros
testes em vários tipos de ligações vêm sendo conduzidos nas últimas décadas, muitos dados,
para vários tipos de ligações, estão acessíveis para a obtenção de parâmetros ou constantes
necessárias aos modelos matemáticos.
Os modelos mistos são combinações dos modelos analíticos e matemáticos. Na
formulação dos modelos mistos, as curvas momento versus rotação são expressas em termos
tanto das constantes de ajuste de curvas quanto dos parâmetros geométricos. Com o objetivo
de desenvolver uma expressão geral para todas as ligações com disposição similar de
componentes, normalmente as funções são, por conveniência, padronizadas. As constantes de
ajuste de curvas são determinadas pelas técnicas de aproximação de curvas enquanto os
parâmetros geométricos são baseados na geometria dos componentes da ligação. Os modelos
mistos requerem poucos parâmetros quando comparados aos modelos matemáticos e, além
disso, similarmente aos modelos analíticos, mantém os parâmetros geométricos que
11
Figura 1.6 – Modelo analítico para flambagem vertical de alma com altura variável.
redes neurais, redes neuro-nebulosas e algoritmos genéticos são descritos e aplicados com
foco em suas principais vantagens, escopo e limitações.
O planejamento correto dos modelos a serem investigados deve ser feito com muito
cuidado de forma a considerar os efeitos das principais variáveis que influenciam o
comportamento estrutural estudado. Uma das formas clássicas de executar este planejamento
utiliza uma série de técnicas e procedimentos, com base na estatística, denominadas de projeto
de experimentos.
O projeto de experimentos visa encontrar o número suficiente de informações com o
menor número possível de ensaios buscando otimizar a quantidade de ensaios necessários
para cobrir todas as variáveis possíveis. Para isso, é necessário seguir algumas sugestões para
obter um melhor planejamento: reconhecer, estabelecer e delimitar claramente o problema;
identificar os possíveis fatores que podem afetar o problema em estudo; verificar quais fatores
que poderão ser mantidos fixos e, portanto, não terão os seus efeitos avaliados no estudo
experimental; identificar, para cada fator, o intervalo de variação e os níveis que entrarão no
estudo; escolher um projeto de experimentos adequado, isto é, saber como combinar os níveis
dos fatores de forma a resolver o problema proposto com o menor número de casos; escolher
quais variáveis medem adequadamente o resultado (a qualidade, o desempenho, etc.) do
processo para o planejamento de como será a análise dos dados do experimento.
Isto pode ser feito com um arranjo ortogonal onde se obtém a sequência e a quantidade
dos experimentos a serem realizados. Este tipo de arranjo engloba a combinação das variáveis
e seus níveis adotados. Vários métodos são indicados para representar o espaço do projeto de
experimentos como “Latin Square”, Taguchi, “D-Optimal” e outros. O método Taguchi, por
exemplo, trabalha com níveis iguais para todas as variáveis do projeto. Já o método fatorial
“D-Optimal” permite o uso de diferentes níveis para cada variável através de uma otimização
quadrática do arranjo fatorial completo minimizando a quantidade dos experimentos
necessária para englobar todo o conjunto.
A correta interpretação dos resultados, ajuste de curvas e avaliação da significância
das principais varáveis que influenciam o problema também pode ser feita com métodos
baseados em estatística tais como os que usam tabelas tipo os novos processos de Taguchi.
Estes procedimentos, quando usados adequadamente, podem simplificar o processo de
geração de equações de dimensionamento estrutural, pois identificam e quantificam os termos
que devem estar nela presentes e quais outros podem ser desprezados sem perda de precisão.
Maiores detalhes sobre estes processos podem ser encontrados em Lochner & Matar, [9].
neuro- nebulosas e algoritmos genéticos são descritos e aplicados com foco em suas principais
vantagens, escopo e limitações.
Por fim o capítulo cinco apresenta uma síntese do que foi apresentado neste livro,
assim como estabelece quais foram as principais contribuições deste trabalho e finaliza com
algumas considerações sobre o trabalho desenvolvido.
Capítulo 2 - Modelagem Experimental
também pode levar a uma mudança significativa das condições de contorno alterando os
resultados finais dos ensaios. Nestes casos, normalmente, simulações numéricas bem
planejadas e executadas mostram-se de fundamental importância pra ajudar no planejamento
dos ensaios.
A concepção dos experimentos deve ser feita com cuidado pesando os diversos
aspectos que podem influenciar seus resultados e principalmente, tendo em mente o que se
espera observar e medir durante a sua execução. Normalmente, uma técnica muito útil pode
ser usada para auxiliar neste planejamento. Ela consiste na execução de uma detalhada
descrição das trajetórias dos esforços atuantes na estrutura. Cada força ou momento atuante
tem seu comportamento dentro da estrutura identificado de forma individualizada focando nos
diversos passos necessários para sua transmissão dentro da estrutura. Com isto entende-se
com clareza onde cada força surge e como ela é transmitida até seu ponto final. Isto identifica
as componentes e partes da estrutura que estão sujeitas à sua ação facilitando o planejamento
da instrumentação, e de seu correto posicionamento, a ser usado nos ensaios. Esta
identificação também permite que uma pré-visualização e dimensionamento de cada
componente estrutural seja feita para posterior comparação com os resultados obtidos nos
ensaios.
Também faz-se necessário mais uma vez, enfatizar a importância da repetição dos
ensaios em um programa experimental. A repetição é fundamental para elucidar dúvidas
relativas a resultados de instrumentação, comportamento das componentes e principalmente,
respaldar o fato que o desempenho dos ensaios não foi casual sendo consistente e por isto,
gerando resultados mais confiáveis. Apesar disto deve-se também ter em conta que erros
sistemáticos de planejamento, instrumentação ou mesmo até de procedimentos a serem usados
nos ensaios não se detectam com as repetições por se conFigurarem como erros sistemáticos.
Sua real identificação somente pode ser feita através de uma análise detalhada do
comportamento estrutural e pode ser facilitada através de comparações com o desempenho de
modelos analíticos ou numéricos do mesmo fenômeno físico.
2.4. Instrumentação
graduadas etc. Seu principal objetivo consiste em determinar valores para serem comparados
com estados limites de utilização de modo a aferir se estes estados limites foram
ultrapassados. Estes valores também são fundamentais para aferição da rigidez da estrutura e
por consequência, da proximidade da carga última da estrutura. Os deslocamentos também
podem ser usados para averiguação de condições de simetria, detecção de movimentos de
corpo rígido e até mesmo deslocamentos para fora do plano de placas indicando o
desenvolvimento de flambagens locais, laterais, torcionais entre outras. Deslizamentos na
interface entre o concreto e o aço usualmente também utilizam estes mesmos sensores sendo
seus valores normalmente obtidos pela diferença de deslocamentos entre os materiais.
A aferição de rotações normalmente não é tão trivial quanto o caso anterior. Sistemas
com o uso de inclinômetros, medições óticas e a laser entre outras podem ser usadas, porém o
caso mais usual consiste em medições com LVDTs posicionados nos elementos estruturais.
Neste último caso, as rotações são calculadas de forma indireta, com a aplicação de conceitos
simples de geometria. Mais detalhes sobre este processo serão apresentados posteriormente
nos exemplos presentes no fim deste capítulo.
A monitoração das deformações na estrutura normalmente é feita com extensômetros
elétricos, porém outros processos como os óticos baseados em fotoelasticidade por reflexão,
fibras óticas ou mesmo elementos piezoelétricos podem ser adotados. No aço estas medições
são simples e diretas quando o concreto necessita ser monitorado deve-se usar elementos
imersos neste elemento estrutural ou somente valores na superfície do material podem ser
obtidos. A imersão no concreto gera a necessidade de proteção ou mesmo pode ser feita de
forma indireta com o uso de barras finas de aço imersas no concreto para aferir deformações
equivalentes devido à compatibilidade entre estes dois materiais. Fissuras e seu
desenvolvimento também são muitas vezes controladas e monitoradas no concreto onde a
inspeção visual apresenta-se como um dos processos mais efetivos de instrumentação.
Temperatura e grandezas associadas com características associadas ao desempenho
dinâmico da estrutura como as suas frequências naturais e modos de vibração muitas vezes
também são objeto de estudo necessitando de termopares e acelerômetros para sua
monitoração. Todavia estes processos são normalmente mais especializados demandando, no
caso de grandezas dinâmicas, de sistemas de instrumentação que compensem e/ou reduzam os
ruídos que vem associados com estas medições.
Uma demanda crescente de pisos com vãos longos para edificações comerciais com
grandes quantidades de instalações embutidas conduziu ao desenvolvimento natural do
conceito de pórticos com inércia variável e ao uso de sistemas estruturais de pisos mistos
suportados por vigas com a altura da alma variável, Figura 2.1. Um dos aspectos que merece
uma maior atenção é relacionado com o melhor entendimento do fenômeno de flambagem
local da alma na região onde ocorre a mudança de direção das mesas inferiores. Isto é
particularmente significativo em vigas com maior altura no centro do vão e que a altura da
alma diminui linearmente até os apoios. Apesar do uso de enrijecedores neste ponto de
transição ser possível esta solução tem se mostrado antieconômica, especialmente quando
sistemas de produção envolvendo cortes e soldas automatizados, são utilizados.
Figura 2.2 – Modelo da viga com inércia variável estudado com escala 1/2.
A configuração dos ensaios consistia em uma viga simplesmente apoiada com um vão
de 11,46 m sujeita a ação de duas cargas pontuais, Figura 2.3. A viga foi composta por três
partes: a viga com inércia variável a ser testada no centro, e duas partes nas extremidades de
modo a possibilitar a aplicação do carregamento atuante. Estas duas partes foram reutilizadas
ao longo das duas séries de ensaios sendo sua função receber as cargas dos atuadores
hidráulicos e as transmitir para os apoios gerando com isto uma flexão pura nos modelos
ensaiados. Estes últimos foram trocados a cada ensaio e consistiam no objetivo principal dos
experimentos.
Os trechos da viga para aplicação da carga foram fabricados com um aço grau 55 pois
eles tinham uma altura menor quando comparadas a altura dos modelos testados no meio do
vão (fabricados em um aço com grau 43), mas tinham que suportar o mesmo nível de
carregamento sem atingir o colapso. Cada trecho da viga para aplicação da carga tinha 500
mm de altura, 300 mm de largura de mesa, espessuras de mesa e alma iguais a 25 e 12 mm
medindo 3,1 m de comprimento gerando um braço de alavanca efetivo medido entre os apoios
e o ponto de aplicação da carga de 2,15 m. Os modelos mediam 5,26 m de comprimento, dos
20
quais 3 m formavam a viga com altura variável a ser testada, e possuíam altura mínima e
máxima iguais a 500 e 650 mm, respectivamente. Também possuíam as espessuras de alma
investigadas comentadas anteriormente. Estas dimensões correspondem a um ângulo de
inclinação da variação da altura de alma igual a 1:10 ou 5°. As mesas superior e inferior
foram iguais a: 25 e 12mm com 300 mm de largura. Os extremos dos modelos tiveram que ser
compatíveis com os trechos de aplicação de carga, logo tiveram 500 mm de altura, 300 mm de
largura da mesa e espessuras da mesa e alma iguais a 25 e 12 mm, respectivamente.
O momento fletor foi transmitido aos modelos por meio de emendas de vigas
dimensionadas ao atrito, Figura 2.5. Esta ligação usou 20 parafusos M20 na alma e 16
parafusos M24 na mesa, todos em classe 8.8 e apertados de acordo com o processo de rotação
da porca. Duas placas externas de 500 x 650 x 20 mm e duas placas de 400 x 375 x 10 mm
foram usadas na ligação em cada mesa e na alma. A diferença de espessura entre os modelos e
os trechos de aplicação de carga foi compensado com o uso de placas de enchimento de 320 x
120 x 13 mm e de 400 x 375 x 10 mm na mesa e alma, todas fabricadas com aço grau 55,
respectivamente.
Figura 2.5 – Emendas da viga aparafusadas dimensionadas ao atrito, contraventamento lateral e placas
para compensar fim do curso dos atuadores adotados.
Figura 2.10 – Curvas carga versus deslocamento vertical e lateral, vigas da 1ª série.
Figura 2.12 – Curvas carga versus deslocamento vertical e lateral, vigas da 2ª série.
Outra questão relevante em modelagem com modelos executados fora das escala real
diz respeito ao problema da redução da espessura em casos onde não linearidades como
flambagem ocorrem. No presente caso não houve maiores complicações pois a escala foi real
mas reduções de até 2 ou 3 vezes podem conduzir a espessuras muito finas, difíceis de soldar
e a flambagens locais não previstas ou inexistentes nos casos reais.
Um aspecto muito significativo para qualquer modelagem numérica ou previsão
teórica posterior diz respeito à determinação das características mecânicas dos materiais
utilizados nos experimentos. Muitas vezes resultados errados são obtidos com velocidades de
aplicação do carregamento fora dos padrões em ensaios tensão versus deformação dos aços
utilizados nos experimentos.
Muitas vezes são encontrados valores muito próximos entre as tensões de escoamento
e de ruptura e em especial em aços sem escoamento definido isto torna-se ainda mais
problemático, pois a tensão de escoamento equivalente determinada através de uma reta
paralela ao trecho linear passando por uma deformação de 0.1% ou até 0.2% leva a valores
muito alterados. Isto complica significativamente qualquer tentativa de modelagem ou
calibração posterior e deve ser executada com bastante cuidado e de preferência com
repetição executada por operadores diferentes para aferir qualquer erro de aplicação manual
do carregamento.
A instrumentação deste ensaio gerou o desenvolvimento de um sistema especial para
medição dos deslocamentos fora do plano da alma da viga. Desta forma foi construída uma
placa contendo uma série de LVDTs para mapear esta flambagem local. Além disto, células
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de pressão devem ser combinadas com células de carga para aferir o carregamento aplicado a
estrutura. Alguns LVDTs adicionais devem ser usados em pontos escolhidos da estrutura.
Enquanto é usual que deflexões verticais, com medidas redundantes, devem ser utilizadas
para aferir flechas nos modelos, deve-se ter bastante cuidado na aferição de possíveis
movimentos de corpo rígido de rotação e de translação nos modelos. Sem estes dados não será
possível corrigir o comportamento dos modelos ou verificar possíveis incongruências nos
testes. Também é de fundamental importância o uso de relógios comparadores para visualizar
a aproximação do colapso em testes que envolvam comportamento no regime plástico, ou
possíveis flambagens na estrutura. Sistemas automáticos muitas vezes falham ou ficam
estacionados em valores fixos devido à demora na aquisição dos dados, ou por demora na
resposta entre a leitura e a visualização. Por outro lado, os relógios comparadores manuais
mostram instantaneamente a proximidade do colapso e não são afetados pelos problemas já
comentados servindo para uma visualização instantânea do estado limite último que controla
o comportamento estrutural.
Quando mais do que um ponto de aplicação de carga é usado, possíveis assimetrias do
carregamento podem ser detectadas além de contribuírem para gerar uma redundância nas
medições que servirão para dirimir futuras dúvidas que possam vir a aparecer em verificações
posteriores dos resultados dos ensaios experimentais. Uma fonte de erros sistemáticos pode
vir a ocorrer quando rótulas não são usadas nos apoios e sob a cabeça dos atuadores.
Engastamentos parciais ou mudanças nas direções de aplicação dos carregamentos podem ser
geradas quando estas rótulas e caixas de roletes (no caso de apoios do primeiro gênero) não
são usados. Outro erro muito comum diz respeito a não previsão da perda de curso dos
atuadores devido a deflexões excessivas. No presente ensaio foi usada uma placa para segurar
a viga e reposicionar a cabeça dos atuadores não retirando totalmente o carregamento. Muitas
vezes, se isto não for feito, especialmente em ensaios envolvendo estruturas mistas, pode
levar a flambagem das vigas ou até mesmo à indução de fadiga nestes elementos.
Uma série de extensômetros foi usada para monitorar as tensões que se desenvolveram
nas vigas estudadas. Uma serie de extensômetros lineares foi usada para determinar se rótulas
plásticas ocorreriam próximo ao ponto de menor altura. Outros extensômetros lineares foram
utilizados nas mesas para determinar o valor da componente vertical da força que é imposta a
alma na região de mudança de direção das mesas. Naturalmente uma série de rosetas foi usada
em ambas as faces da alma para determinar a evolução de seu estado de tensão.
A visualização da flambagem local da alma foi melhor identificada com o uso de uma
malha pintada em uma de suas faces. Esta malha permitiu a determinação do formato da
flambagem e possibilitou comparações com deslocamentos laterais da alma equivalentes
obtidas nas simulações numéricas. Outro fato extremamente relevante neste tipo de ensaio diz
respeito à importância da medição das imperfeições presentes nos modelos antes da execução
dos ensaios. Estes dados são fundamentais para incorporação em modelos numéricos
posteriores, não só em termos de sua configuração global como também em termos de sua
magnitude.
No presente ensaio foi decidido simular a laje de concreto aumentando a espessura da
mesa superior da viga de aço. Isto possibilitou que a posição da linha neutra plástica tivesse a
mesma posição das equivalentes dos modelos mistos. Todavia a ausência da laje de concreto
gerou a necessidade de pontos de contraventamento laterais posicionados ao longo da viga
para impedir a flambagem lateral com torção. Isto foi possível com o uso dos pórticos de aço
que foram especialmente projetados e utilizados ao longo da viga para garantir que este estado
limite último não ocorresse.
Dois aspectos que também devem ser mencionados dizem respeito ao
reaproveitamento de parte da configuração dos ensaios e do dimensionamento ao atrito dos
parafusos das ligações entre as partes reutilizadas para aplicação da carga e os modelos
propriamente ditos. O reaproveitamento de parte da configuração dos ensaios possibilitou
uma grande velocidade e economia nos testes, sendo fundamentais para o sucesso da série
25
150 600
B
CORTE B-B'
200
1000
2000
1000
A A'
B'
150
200
600
Figura 2.15 – Nós estruturais nos apoios e mecanismo plástico de colapso, 1 teste.
Figura 2.16 - Nós de apoio centrados e diagonais antes e depois do colapso, 2 teste.
O quarto teste foi realizado usando os mesmos nós sem excentricidades adotados no
segundo ensaio. Neste teste, além de nós de apoio, alguns de nós nas proximidades dos apoios
também usaram nós centrados. Estes nós apresentam as mesmas características usadas no
terceiro ensaio (uma chapa de gusset enrijecida), Figura 2.18. O valor da carga máxima
atingido pela estrutura foi igual a 99,18 kN. Um mecanismo plástico de colapso semelhante
ao desenvolvido no primeiro e segundo testes foi a principal razão para o colapso da segunda
diagonal. Esta ruína aconteceu devido ao uso de barras com comprimentos de amasso
superiores a seus valores especificados no dimensionamento e ao uso de nós estruturais com
espessuras inferiores a seus valores inicialmente especificados.
Figura 2.18 - Nós usados nas regiões próximas aos apoios, 4 teste.
Supports
A1 A2 A3
Lvdts
Instrumented Diagonals
Figura 2.20 – Curvas carga versus deformação nas diagonais, 1 e 2 testes, 2ª Série.
atuador hidráulico para aplicar a carga. A Figura 2.24 mostra detalhes do mecanismo de
colapso plástico formado e a deformação excessiva em um nó da mesa inferior quando a carga
atingiu 104,8 kN.
Figura 2.22 – Mecanismo plástico de colapso nas diagonais de apoio, 2o teste, 2ª Série.
Supports
Lvdts
Instrumented Diagonal
A principal diferença entre o quarto teste e o anterior foi o uso de reforços nodais em
nós de apoio no ponto de aplicação de carga. Três tipos diferentes de reforços nodais foram
criados usando chapas de aço simples, Figura 2.25. Todas as placas foram feitas em um aço
SAE 1020 com 76,2 mm de largura e 8,0 mm de espessura.
O colapso foi associado com uma flambagem de uma diagonal quando a carga chegou
a 117,13 kN. Os reforços nodais aumentaram a carga última em aproximadamente 10%,
inibindo o modo de colapso apresentado anteriormente. Os nós com reforços foram altamente
deformados, Figura 2.26, mas foram ainda capazes de sustentar os esforços aplicados.
30
Figura 2.25 – Placas de reforço para nós com duas, três e quatro diagonais.
Figura 2.26 – Deformações em nós reforçados com duas e três diagonais, 4 teste, 2ª Série.
A Figura 2.27 apresenta as curvas carga versus deslocamento vertical para o terceiro e
quarto testes realizados na segunda série. Estes testes evidenciam os efeitos benéficos dos
reforços nodais na capacidade de carga da estrutura. A vantagem desta solução não se
restringe a um aumento de 10% na carga última da estrutura, mas também contribuiu para
aumentar sua rigidez e reduzir substancialmente as flechas.
120
100
80
Load (kN)
60
40
Third Test
Fourth Test
20
0
0 10 20 30 40 50 60
Vertical Displacement
Vertical (mm)(mm)
Displacement
qualquer tipo de reforço nodal soldado adotando apenas placas de aço, com função de
arruelas, nos nós mais solicitados. O sétimo teste além de usar estas arruelas também utilizou
dois tipos de placas de reforço soldadas. A Figura 2.28 ilustra o layout experimental utilizado
no quinto, sexto e sétimo testes: o ponto de aplicação de carga e a instrumentação adotada.
Estes testes também utilizaram a mesma configuração de carga dos dois testes anteriores com
apenas um atuador hidráulico.
Supports
Lvdts
Instrumented
Diagonals
O quinto teste foi executado depois que as barras diagonais foram remanufaturadas.
Estas diagonais duplas foram transformadas em duas diagonais simples com comprimento
final de amasso reduzido ao mínimo necessário para maximizar a capacidade de carga da
estrutura. Placas extras, semelhantes a arruelas, foram usadas em alguns pontos para
minimizar as deformações nodais.
O sexto teste utilizou um grande número de placas extras, semelhantes a arruelas,
posicionadas sobre os nós da mesa superior da estrutura, para tentar impedir que o mecanismo
de plástico de colapso do teste anterior novamente ocorresse. Porém, estes mecanismos
continuaram a ocorrer na mesa superior, Figura 2.29. Por outro lado, a magnitude de carga
imposta à estrutura induziu deformações muito grandes mesmo em nós reforçados com placas
indicando que um estado limite de utilização foi alcançado. Uma ruptura por tração direta do
parafuso de carregamento, onde o atuador hidráulico foi conectado, determinou a carga
máxima deste ensaio.
Figura 2.29 – Colapso da mesa superior reforçado com arruelas sexto teste, 2ª Série.
A Figura 2.30 retrata comparações interessantes dos três últimos testes em termos de
curvas carga versus deslocamentos verticais e deformações nas diagonais principais. As
placas de reforço soldadas foram responsáveis por, pelo menos, um aumento de 25% na carga
última da estrutura, bem como um aumento de sua rigidez. O deslocamento vertical máximo
na carga última foi inferior a 80 mm. O sétimo teste apresentou um comportamento linear
para cargas maiores que 60 kN indicando que a ruptura do parafuso de carregamento impediu
a estrutura de suportar uma carga ainda maior.
32
Figura 2.30 – Curvas carga versus deslocamento vertical e curvas carga versus deformação
normalizada, 4o, 5 o e 6 o testes, 2ª Série.
Figura 2.31 – Curvas tensão versus deformação aço carbono e aço inoxidável.
Npl,rd
A f
y
(2.1)
M0
Nu,rd
0.9 A net fu (2.2)
M2
Nu,rd Npl,rd
1.0 1.0 (2.3)
Nt,rd Nt,rd
onde: Nt,rd é a força normal de tração de projeto da ligação que deverá ser menor ou igual às
duas resistências: Npl,rd e Nu,rd; A é a menor área bruta da seção transversal da ligação; Anet é a
sua área líquida, 0.9 é o coeficiente de redução da área líquida; f y é a tensão limite de
escoamento; fu é a tensão limite de ruptura a tração da chapa; M0 e M2 são coeficientes de
resistência que foram tomados igual a 1 para dimensionar as ligações aparafusadas a serem
utilizadas nos experimentos e, assim, calibrar o real comportamento da ligação aparafusada
em estudo. O coeficiente 0,9 da equação (2.2) é obtido em função do tipo de barra (chapa ou
perfil) e do tipo da ligação (soldada ou aparafusada). Para chapas com ligações aparafusadas,
objeto deste trabalho, este coeficiente será mantido. Para ligações aparafusadas com parafusos
alternados, usa-se a fórmula desenvolvida por Cochrane (1922) e ainda presente no
EUROCODE 3, pt. 1.1, [20].
s2
A net A t n d (2.4)
4 p
onde: s é a distância entre os centros dos furos na direção de aplicação da força; p é a
distância entre os centros dos furos na direção perpendicular da aplicação da força. Já para o
dimensionamento de ligações aparafusadas constituídas de aço inoxidável, foi utilizada a
norma europeia EUROCODE 3, Pt. 1.4 [21] estabelece, que a resistência a tração deverá ser o
menor valor entre a resistência plástica da seção bruta, Npl,rd e a resistência última da seção
líquida Nu,rd obtidas através das equações seguintes.
Npl,rd
A f
y
(2.5)
M0
Nu,rd
k A net fu
r (2.6)
M2
35
d
onde k r 1 3r( 0,3) 1.0
u
sendo que r é o número de parafusos numa seção dividido pelo número total de parafusos da
ligação e o valor de u é o dobro da distância entre o centro do furo até a borda na direção
perpendicular da transferência da carga, porém menor ou igual a p2 que é a distância entre os
centros dos furos na direção perpendicular da transferência da carga.
Figura 2.34 - Resistências limites das chapas em dos aços carbono e aço inoxidável.
Para acompanhar a deformação nas placas de cada ensaio foram colados cinco
extensômetros em cada placa, para averiguar a deformação em locais específicos da placa de
ensaio, conforme a foto do ensaio E3_CARB_S50, mostrada na Figura 2.36.
Apresenta-se a seguir a Tabela 2.1 com o resumo dos ensaios experimentais realizados
com a seguinte nomenclatura: E – ensaio; 1 – número do ensaio; CARB – aço carbono; INOX
– aço inoxidável; S50 – distância em milímetros do parâmetro s, pois o parâmetro p foi fixado
37
em 55 mm; P10 – valor da espessura das placas principais utilizadas em substituição às placas
principais com 15 mm de espessura.
Tipo A Tipo B
Figura 2.37 – Diferentes tipos de configuração de furação das placas
Apresenta-se abaixo a Tabela 2.2 com o resumo dos ensaios experimentais realizados,
mostrando os tipos de ruptura e as cargas últimas obtidas, os tipos de ruptura e as cargas
últimas da norma e a diferença em percentual sendo AB – ruptura na área bruta; NF – ruptura
na área líquida passando por N furos.
Figura 2.38 – Análise comparativa – curvas carga versus deslocamento dos ensaios em aço carbono e
aço inoxidável e curvas carga versus deformação dos ensaios E1 e E2 (ext. 2 e 4).
Figura 2.39 – Curvas de percentual de carga por linha de parafuso versus carga total - E1 e E2.
TIPO A TIPO B
Figura 2.41 – Carga versus deformação - Ensaios E1, E2, E3 e E4 & Ensaios e E1, E3 e E8.
Figura 2.42 – Carga versus deformação - Ensaios E5, E7 e E9 & Ensaios E3, E4, E5, E7 e E9.
Tabela 2.3 - Diferença percentual de Ag x fy e Anet x fu para os ensaios em aço carbono e aço
inoxidável
Os valores de carga última, dos ensaios em aço carbono, obtidos através do Eurocode
3 [21], apresentaram valores coerentes quando comparados com os obtidos
41
Tabela 2.4 – Valores comparativos de fatores entre aço carbono e aço inoxidável.
perpendicular à laminação. Resultados diferentes foram encontrados para estes dois tipos de
espécimes e indicaram a grande diferença entre os limites de deformação associados com os
aços carbono e inoxidável. Como esperado o escoamento dos aços inoxidáveis não foi
definido sendo determinado pelo procedimento padrão indicado no Eurocode 3 pt. 1.4 [21].
Os resultados indicaram que a espessura da placa de aplicação da carga pode
influenciar os resultados assim como a configuração geométrica dos parafusos defasados. Em
um dos ensaios, ao contrário do esperado, a linha de ruptura à tração passou por uma seção
que continha apenas um furo ao contrário da que tinha dois furos. Isto ocorreu pela
distribuição não uniforme das tensões nos parafusos que concentrou tensões maiores
próximas a seção com um furo gerando a ruptura não esperada.
Também ficou evidente que as fórmulas do Eurocode 3 pt. 1.4 devem ser reavaliadas.
As constantes usadas na avaliação do estado limite de ruptura da seção líquida efetiva à tração
e baseadas em limites de utilização para não gerar furos muito deformados estão descalibradas
e devem ser distintas para os diversos tipos de aços inoxidáveis (austeníticos, ferríticos,
duplex, etc.) refletindo a diferença encontrada entre as deformações associadas às tensões de
escoamento e de ruptura para estes tipos de aços.
Figura 2.43 – Dimensões da cabeça da coluna e passagem dos cabos no vão da coluna.
“cabeça“ da coluna estaiada. Para garantir a protensão, os cabos também são travados no meio
da coluna estaiada. Uma das contribuições inovadoras do presente trabalho consistiu em
projetar um sistema para aquisição das forças geradas nos cabos utilizando uma célula de
carga, acoplada a uma placa de aço, obtendo assim, os esforços gerados por todos os quatro
estais ao mesmo tempo. Uma célula ficaria apoiada externamente na coluna e a outra célula
disposta no atuador hidráulico medindo a carga aplicada na estrutura. Um dos problemas da
utilização desta célula de carga é que não se podia medir o desbalanceamento que ocorreu
durante os ensaios fato que foi resolvido como será mostrado futuramente. Em contrapartida,
pode-se medir o esforço total na coluna estaiada e por diferença da carga externa aplicada no
sistema determinou a força aplicada nos quatro cabos (Figura 2.44).
Figura 2.44 – Travamento dos cabos e célula de carga para determinação dos esforços.
Para se ter um controle visual do que estava ocorrendo durante os ensaios, foram
instalados 4 relógios analógicos: um em cada pórtico, um na “cabeça” da coluna e o outro
45
próximo à metade da coluna. Isto foi feito, pois se sabia que a coluna teria um comportamento
elástico e desejava-se utilizar a mesma peça em mais de um ensaio come será explicado em
parágrafos posteriores. Por outro lado, também era conhecido que próximo a carga última da
escora, os deslocamentos crescem muito e se desejava evitar grandes deslocamentos laterais
para evitar deformações demasiadas que pudessem danificar a escora e até mesmo
comprometer a segurança do ensaio. Para medição dos esforços utilizaram-se duas células de
carga, uma para medir a carga aplicada pelo atuador hidráulico e a outra para medir
inicialmente a carga de protensão dos estais. A Figura 2.48 ilustra as duas células de carga
utilizadas no ensaio e entre elas uma rótula universal. As propriedades do aço empregado nos
testes foram obtidas através de ensaios de tração simples. Como resultado, foram obtidos
valores de tensão de escoamento e tensão de ruptura do aço. A média dos resultados é de
403,8 MPa, e desvio padrão de 29,3 MPa, para a tensão de escoamento e de 465,3 MPa, e
desvio padrão de 4,9 MPa, para a tensão de ruptura.
Ancoragem e laço
Apoio temporário
na configuração adotada nestes primeiros ensaios não houve espaço físico para colocação de
uma segunda rótula universal neste ponto, fato que foi resolvido posteriormente. Estes dois
fatos contribuíram para que este ponto não se comportasse como um apoio de segundo
gênero, mas sim tivesse um engastamento à rotação parcial.
Figura 2.50 – Grampos para evitar a rotação e esticadores em série adotados nos ensaios.
86 87
88 89
Rel 03
90 91
92
Rel 04
Figura 2.51 – Posicionamento dos LVDTs e dos relógios analógicos na coluna estaiada.
25 8 08 25
24 9 07
3 7 85 00 03
09 24
2 1
6 45º (típ.)
5
04 06 200 mm (típ.)
20 86
23 21
22 20 23
01 02
05
88 21 22
89
09 00 03 24 -30
-30
20 23 -15
Carga (kN)
-15
ERE 00
01 02 ERE 01
ERE 02
EREs 00 a 03
EREs 04 a 07
-10
-10 ERE 03
05 Média
-5
-5
21 22
50 0 -50 -100 -150 -200 -250 5 0 -5 -10 -15 -20 -25 -30
0 0
5 5
Deformação () Esforço nos EREs (kN)
Figura 2.53 - Carga aplicada versus deformações nos extensômetros da coluna central paralelos aos
eixos dos cabos e carga total versus carga calculada pelos extensômetros na coluna.
-30
-25
-20
Carga (kN)
-15
LVDT 83
-10
-5
1 0 -1 -2 -3 -4 -5
0
5
Deslomento (mm)
Carga aplicada versus LVDTs paralelos na metade da coluna Carga aplicada versus LVDTs paralelos na metade da coluna
-30 -30
-25 -25
-20 -20
Carga (kN)
-15
Carga (kN)
-15
-5 -5
-14 -12 -10 -8 -6 -4 -2 0 2 0,2 0 -0,2 -0,4 -0,6 -0,8 -1 -1,2 -1,4 -1,6
0 0
5 5
Deslomento (mm) Deslomento (mm)
Figura 2.54 – Carga aplicada versus deslocamentos axiais do LVDT 83, topo da coluna e Carga
aplicada versus deslocamentos na metade da coluna, direções horizontal e vertical.
No segundo ensaio procurou-se simular o caso de uma coluna com protensão nos
cabos. Novamente dois passos foram executados. No primeiro, através dos esticadores em
série, foram protendidos os cabos ao máximo valor que se conseguia manualmente. Já no
segundo passo, os ganchos de ancoragem dos cabos foram apertados até o valor máximo
possível que foi de 7,12 kN de força total nos cabos. Em seguida a protensão dos cabos,
aplicou-se a carga pelo atuador hidráulico até a carga crítica da coluna. A carga aplicada na
coluna apresentada nos gráficos é a carga do atuador hidráulico mais os esforços dos cabos.
Durante o ensaio, próximo ao nível de carga de 13 kN, retirou-se os grampos que travavam a
coluna no pórtico oposto ao atuador hidráulico, para determinar se estes causavam algum tipo
de engastamento neste apoio influenciando nos resultados do experimento.
A Figura 2.55 apresenta o gráfico dos extensômetros que estão dispostos na coluna
central e paralelo aos eixos dos cabos. No primeiro ensaio, um comportamento linear nos
quatro extensômetros era esperado, tornando-se não-linear próximo à carga crítica. Uma
explicação similar ao primeiro ensaio pode ser aplicada para este gráfico onde nota-se que o
tubo sofreu uma flexão. Neste gráfico também são visíveis dois patamares, sendo o primeiro
ocorrido pelo mesmo motivo do primeiro ensaio, ou seja, a retirada dos apoios. O segundo
patamar, próximo a 13 kN, ocorreu devido à retirada dos grampos que travavam a coluna, no
apoio oposto ao atuador hidráulico. Com uma maior carga de protensão os esforços medidos
nas barras perpendiculares não foram desprezíveis como no primeiro ensaio, Figura 2.55.
O gráfico da Figura 2.56 apresenta o problema do LVDT 86 que perdeu seu curso
durante a aplicação de carga assim como no caso anterior. Nota-se no gráfico da Figura 2.56
que ocorreu uma rotação no eixo axial na coluna. Esta rotação pode ter ocorrido no momento
em que se retitraram os apoios, durante o nível de carga de aproximadamente 7 kN, devido a
algum pequeno contato das escoras com os cabos, já que a diferença nos deslocamentos foi
muito pequena.
Devido às dificuldades ocorridas durante a montagem dos ensaios no laboratório,
como já mencionado anteriormente, fez-se necessário refazer a análise computacional para
uma melhor comparação dos resultados. Como já mencionado, este problema não ocorre nas
colunas estaiadas utilizadas no campo, pois a maioria das colunas situa-se na vertical e o seu
49
peso próprio atua na direção paralela ao eixo axial. Nos ensaios, devido à configuração
adotada (horizontal), o peso próprio agiu perpendicularmente ao eixo axial da coluna gerando,
quando sem apoio, deslocamentos da ordem de 115 mm no centro da coluna.
Carga aplicada versus Extensômetros nos eixos dos braços Carga aplicada versus Barras perpendiculares
-35
-35
-30
-30
-25
-25
-20
-20
Carga (kN)
-5 -5
5 5
Deformação () Deformação ()
Figura 2.55 – Carga aplicada versus deformações nos extensômetros da coluna central paralelos aos
cabos e carga total versus deformações nos extensômetros 8 e 9 – segundo ensaio.
Carga aplicada versus LVDTs paralelos na metade da coluna Carga aplicada versus LVDTs paralelos na metade da coluna
-35 -35
-30 -30
-25 -25
-20 -20
Carga total (kN)
Carga total (kN)
-15 -15
LVDT 86 (H) LVDT 88 (V)
LVDT 87 (H) LVDT 89 (V)
-10 -10
-5 -5
5 5
Deslocamento (mm) Deslocamento (mm)
Figura 2.56 – Carga aplicada versus deslocamentos laterais aproximadamente na metade da coluna nas
direções horizontal e vertical – segundo ensaio.
Foram realizadas duas análises, ambas com o travamento na metade da coluna por um
cabo tanto para o primeiro quanto para o segundo ensaio experimental. A primeira análise foi
realizada em uma configuração engastada em uma das extremidades para simular os grampos
e a falta da rótula universal neste ponto. Isto gera um limite superior para o experimento. A
segunda considerou os dois apoios como sendo simples de modo a gerar um limite inferior
para o experimento. Os gráficos ilustrados na Figura 2.57 mostram que a coluna experimental
é mais rígida quando comparada com o modelo do ANSYS, [32]. Todavia, nota-se que a
carga última dos ensaios situou-se entre os dois valores obtidos na modelagem.
Pela Figura 2.57 percebe-se que a modelagem da coluna experimental estava dentro do
esperado, pois ao se considerar que a extremidade da coluna estava apoiada ou engastada, o
modelo experimental apresentou um engaste elástico devido ao tipo de apoio no pórtico. No
segundo gráfico da Figura 2.57 corrigiu-se o valor do deslocamento axial da coluna
experimental, subtraindo-se o valor encontrado no LVDT 83 (disposto na cabeça da coluna)
pelo LVDT 92 (disposto no pórtico oposto ao do atuador hidráulico). A Figura 2.58 apresenta
a configuração deformada ocorrida durante o experimento. Não é fácil perceber a curvatura
pois estes deslocamentos são pequenos quando comparados com o comprimento da coluna.
No segundo ensaio como os esforços nos cabos são maiores, esperava-se que o valor
da carga crítica fosse maior que o valor obtido no primeiro ensaio. Situação que não foi
observada como pode ser visto nos gráficos da Figura 2.59. Percebe-se nestes gráficos que ao
aumentar o nível de protensão nos cabos a coluna experimental teve um comportamento mais
próximo ao da análise computacional com a extremidade engastada, após certo nível de carga
(+/- 7 kN).
50
Carga externa versus deslocamento horizontal na metade da coluna Carga externa versus deslocamento axial na cabeça da coluna
35 35
30 30
25 25
Carga externa (kN)
10 10
5 5
0 0
-10 0 10 20 30 40 50 0 -1 -2 -3 -4 -5 -6 -7 -8 -9 -10
Deslocamento (mm) Deslocamento (mm)
Figura 2.57 – Carga externa versus deslocamentos laterais da coluna estaiada na direção horizontal e
carga externa versus deslocamento axial na coluna estaiada – primeiro ensaio.
Carga externa versus deslocamento horizontal na metade da coluna Carga externa versus deslocamento axial na cabeça da coluna
45 45
40 40
35 35
30 30
Carga externa (kN)
25 25 ansys apoio
ansys apoio
ansys engastado ansys engastado
20 LVDT 86 20 LVDT 83
15 15
10 10
5 5
0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0 -1 -2 -3 -4 -5 -6 -7 -8 -9 -10
Deslocamento (mm) Deslocamento (mm)
Figura 2.59 – Carga externa versus deslocamentos laterais da coluna estaiada na direção horizontal e
carga externa versus deslocamento axial na coluna estaiada – segundo ensaio.
com receio de romper os ganchos de ancoragem dos cabos ocasionando um modo de ruína
brusco e indesejado. Isto fez com que o teste fosse terminado sem uma indicação precisa de
que a carga última tinha sido atingida, fato que ocorreu no primeiro ensaio experimental como
comprovam os gráficos de deslocamento lateral. No segundo gráfico da Figura 2.59, mais
uma vez, corrigiu-se o valor do deslocamento axial da coluna experimental. A Figura 2.60
apresenta uma configuração deformada ocorrida durante o segundo ensaio experimental.
Nesse ensaio consegue-se perceber melhor a deformada da coluna, apresentando um modo de
flambagem global do sistema estrutural.
Na segunda série de ensaios foi desenvolvido um sistema para aquisição das forças
geradas nos cabos utilizando uma célula de carga, acoplada a uma placa de aço, obtendo
assim, simultaneamente, os esforços gerados por todos os quatro estais. Esta célula é apoiada
externamente na coluna enquanto a outra célula foi disposta no atuador hidráulico medindo a
carga aplicada na estrutura. A execução da instrumentação no programa experimental foi
bastante complexa devido às restrições, geometria, flexibilidade das peças ensaiadas e
dimensões adotadas. Nesta etapa foram utilizados novamente dezesseis extensômetros de
resistência eléctrica, adotados para medir as cargas aplicadas no tubo principal e nos tubos
secundários. Também foram utilizados mais uma vez dez LVDTs que foram dispostos ao
longo da coluna e nos pórticos de reação. No meio do vão não foi possível medir os
deslocamentos devido aos tubos secundários, logo LVDTs foram instalados a 200 mm do
meio do vão da coluna.
Na segunda etapa de ensaios, o procedimento de montagem foi aperfeiçoado. O
procedimento para montagem começa por passar cada sapatilho para cabo de aço pelo olhal
de cada barra de ancoragem. As barras de ancoragem são instaladas nos extremos da coluna.
As barras que se situam próximas da zona de aplicação de carga externa foram fixadas na
parte superior da placa de aço usada para conter uma célula de carga para medição dos
esforços internos, Figura 2.61.
Na outra extremidade da coluna estaiada, onde foram instaladas as células de carga
para medição dos esforços nos estais, as barras precisaram passar por entre as células de carga
dos estais e serem fixadas nas mesmas. Assim, o esforço gerado nos estais é transmitido para
as células diretamente. É importante que as barras de ancoragem atravessem a segunda placa,
52
pois assim, as células de carga não perderão o alinhamento com a coluna durante os ensaios, o
que provocaria um desbalanceamento nas mesmas. A Figura 2.62 apresenta uma
esquematização de como devem ser instaladas as barras de ancoragem na outra extremidade
da coluna estaiada. O travamento dos estais começa por passar os mesmos pelo olhal das
barras de ancoragem tomando o cuidado de ficar no sapatilho, já que é o sapatilho quem
protege os estais, e travá-lo no próprio estai utilizando anilhas, Figura 2.62.
BARRA DE ANCORAGEM
ARRUELA
CÉLULA DE CARGA PARA CABO SAPATILHO BARRA
ESFORÇOS INTERNOS DE PORCA
ANCORAGEM CÉLULA
Figura 2.61 – Ancoragem da célula de carga e esquema para instalação das barras de ancoragem e
células de carga.
Errado
Errado
Certo
Figura 2.62 – Colocação das anilhas e laços nos cabos e anilhas para seu travamento.
Após o travamento do cabo com as anilhas, faz-se um laço na extremidade (Fig. 2.62).
Neste laço será colocado um dos guinchos do tifor. O outro gancho do tifor foi preso em uma
anilha de 1 ½” colocada no estai (Figura 2.63), mas ao atingir níveis de protensão elevados a
anilha perdia aderência e deslizava pelo cabo perdendo assim toda protensão já adquirida.
Desta forma, criou-se um outro laço, feito com cabos a parte, e instalado no estai. Este laço
foi preso com duas anilhas: uma com maior resistência e tamanho (1 ½”) para envolver os
cabos; e outra menor (1/4”) somente para aumentar a aderência entre os mesmos e garantir a
eficiência durante a aplicação do esforço (Figura 2.63).
No decorrer do trabalho percebeu-se a importância de se medir os esforços nos estais
durante a aplicação da protensão e após o carregamento aplicado. Desta forma, tentou-se
compor uma maneira de medir os esforços dos cabos durante os ensaios experimentais no
laboratório. Inicialmente pensou-se em utilizar uma célula de carga do tipo S, já que este tipo
de célula encontrava-se disponível no laboratório. Este tipo de célula mede tanto valores de
tração como de compressão. A célula situar-se-ia na “cabeça” da coluna, Figura 2.64, entre as
duas chapas. Devido às dimensões não serem compatíveis com o local, esta célula não pode
ser usada nos ensaios.
53
Figura 2.63 – Processo de aplicação de esforço antigo (pouca aderência para níveis de tensão
elevados) e laços para aplicação de esforço aprimorado.
Célula
“S”
Figura 2.64 - Posicionamento representativo da célula na “cabeça” da coluna e célula de carga para
obtenção dos esforços nos estais e na estrutura.
Passou-se a utilizar uma única célula de carga medindo apenas a força aplicada na
coluna e perdendo os esforços gerados pelos estais. Visto que esta não era uma boa solução,
elaborou-se uma maneira de através de mais uma célula de carga, acoplada a uma placa, obter
simultaneamente, os esforços gerados por todos os quatro estais. Esta nova célula ficaria
apoiada externamente na coluna e a outra célula disposta no atuador hidráulico medindo a
carga aplicada na estrutura. Um dos problemas do uso desta célula de carga é que não se
podia medir o desbalanceamento dos estais que ocorreu durante os ensaios. Sua vantagem foi
a de obter o esforço total na coluna e os esforços nos estais seriam obtidos pela diferença dos
resultados lidos. A Figura 2.64 apresenta o aparato realizado para medição dos esforços na
estrutura. Sendo assim, fez-se necessário procurar outra solução para obter os esforços nos
estais para que se adaptasse na geometria da “cabeça” da coluna. Esta solução gerou a
necessidade de projetar uma célula de carga com um tubo de aço, dotado de oito
extensômetros colados diametralmente opostos no tubo. Procurou-se projetar a célula de carga
de modo que seu comportamento fosse totalmente linear. Com isso, o cálculo foi realizado
com 50% da tensão admissível do aço de projeto. A célula de carga projetada é composta por
um tubo de aço com uma placa de aço de apoio em uma das extremidades, com 10 mm de
espessura, por onde passam os estais que aplicarão a carga, Figura 2.65.
Através de catálogos comerciais o tubo adotado tem um diâmetro externo de 38,1 mm
com espessura de 3,05 mm onde a sua área é de aproximadamente 335mm 2. A célula de carga
foi modelada no programa de análise numérica (ANSYS, [32]) com elementos de casca do
tipo SHELL63. Seu comprimento é de 150 mm ao longo do eixo z, com diâmetro de 38,1 mm
para o tubo e de 50 mm para a placa de extremidade. A malha gerada automaticamente pelo
54
programa pode ser observada na Figura 2.66. Para se ter uma melhor precisão da aplicação
das cargas, criou-se um círculo entre o furo da placa e o diâmetro do tubo, na região da placa
de extremidade, forçando a geração de nós ao logo do perímetro. Este círculo representa a
influência da arruela na placa de extremidade. Foram realizadas análises no programa de
análise numérica. As cargas estão aplicadas pontualmente nos nós da placa de extremidade ao
logo do perímetro do círculo de influência da arruela. A Figura 2.67 apresenta exatamente os
20 pontos de aplicação das cargas. Desta forma, as análises realizadas foram as seguintes:
Carga por nó P = 2700 N (≈54 kN); Desbalanceamento 2/1: 50% - P1 = 3300 N e 50% - P2 =
1660 N; Desbalanceamento 2/1: 25% - P1 = 3840 N e 75% - P2 = 1920N; Desbalanceamento
2/1: 12,5% - P1 = 4340 N e 87,5% - P2 = 21700 N.
1 1
DISPLACEMENT ELEMENTS
JUL 12 2005 JUL 12 2005
STEP=1 10:57:32 REAL NUM 11:00:23
SUB =1
TIME=1
DMX =.165616
Y
Y
Z X
X
Z
Diâmetro de
influência da Diâmetro da
arruela placa de apoio
Diâmetro externo
do tubo
Diâmetro do furo
na placa de
extremidade
Posição das cargas
aplicadas na célula
1
NODAL SOLUTION 1
JUL 12 2005 NODAL SOLUTION
STEP=1 11:31:48 JUL 12 2005
SUB =1 STEP=1 11:41:02
TIME=1 SUB =1
SZ (AVG) TIME=1
RSYS=0 UZ (AVG)
DMX =.165616 RSYS=0
SMN =-178.471 Y DMX =.165616
MX MN SMX =.16558 Y MX
Z X
X Z
MN
Figura 2.68 – Tensão normal no eixo z (MPa) e deslocamento ao logo do eixo z (mm) – M1.
1
NODAL SOLUTION 1
JUL 12 2005
STEP=1 12:43:55 NODAL SOLUTION
JUL 12 2005
SUB =1 STEP=1 12:47:39
TIME=1 SUB =1
SZ (AVG) TIME=1
RSYS=0 UZ (AVG)
DMX =.220446 RSYS=0
SMN =-208.848 Y DMX =.220446
MX SMX =.185069 Y
Z X
MN X
Z
MX
MN
Figura 2.69 – Tensão normal no eixo z (MPa) e deslocamento ao logo do eixo z (mm) – M2.
1
NODAL SOLUTION
JUL 12 2005
1
NODAL SOLUTION
STEP=1 13:03:16 JUL 12 2005
SUB =1 STEP=1 13:06:35
TIME=1 SUB =1
SZ (AVG) TIME=1
RSYS=0 UZ (AVG)
DMX =.21672 RSYS=0
SMN =-214.689 DMX =.21672
Y
MX SMX =.186053
MN Y
Z X MX
X
Z
MN
Figura 2.70 – Tensão normal no eixo z (MPa) e deslocamento ao logo do eixo z (mm) – M3.
1
NODAL SOLUTION 1
JUL 12 2005
STEP=1 13:19:22 NODAL SOLUTION
JUL 12 2005
SUB =1 STEP=1 13:22:16
TIME=1 SUB =1
SZ (AVG) TIME=1
RSYS=0 UZ (AVG)
DMX =.191021 RSYS=0
SMN =-200.866 MXY DMX =.191021
SMX =.176873 Y
XMN
Z MX X
Z
MN
Figura 2.71 – Tensão normal no do eixo z (MPa) e deslocamento ao logo do eixo z (mm) – M4.
De posse desses dados, o projeto inicial da célula foi alterado em relação a placa de
apoio da barra de ancoragem retirando a parte que fica após o diâmetro externo do tubo, visto
que a mesma seria um obstáculo para instalação da célula-de-carga na cabeça da coluna de
aço estaiada. A nova célula de carga pode ser vista na Figura 2.72.
57
Figura 2.72 - Figura 2.7.4.30– Célula de carga para medição dos esforços nos estais.
5
4
1
9 3
2
11 12
A carga máxima durante o ensaio da primeira coluna sem estais foi de 10,95kN
próximo ao valor teórico de 11,28kN para uma coluna com imperfeição inicial de 8 mm no
centro do vão obtido no programa Ansys, mais detalhes sobre estas análises serão
apresentados nos próximos parágrafos. O gráfico da Figura 2.74, apresenta curvas de
deslocamento horizontal da coluna em função da carga aplicada pelo atuador hidráulico
(carga externa medida pela célula de carga). A utilização de dois LVDTs paralelos no centro
do vão da coluna foi feita para verificar se ocorre alguma torção durante o carregamento, fato
que não ocorreu. Já o deslizamento que ocorre próximo à carga de 8 kN ocorreu devido à
retirada dos escoramentos provisórios situados nas extremidades da coluna. O deslocamento
vertical não foi expressivo apresentando valores da ordem de 2 mm aproximadamente.
Na coluna com 0,23 kN em cada estai, que foi usada para retirar a folga dos mesmos, a
carga máxima conseguida durante o ensaio foi de 15,64kN aumentando em aproximadamente
40% em relação ao ensaio da coluna sem estais. O gráfico da Figura 2.74, apresenta o
deslocamento horizontal da coluna em função da carga aplicada pelo atuador hidráulico
(carga externa medida pela célula de carga). Neste segundo ensaio a coluna deslocou-se mais
até chegar à carga máxima. Também observou-se que neste ensaio, assim como no anterior,
não ocorreu torção. Já o deslizamento que ocorre próximo à carga de 8 kN ocorreu devido a
58
12
LVDT 12 LVDT 1 18
11
LVDT 12 LVDT 1
16
10
9 14
LVDT 3
8
12
LVDT 2
Carga Externa (kN)
4 6
3
4
2
2
1
0 0
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 -2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34
Deslocamento Horizontal (mm) Deslocamento Horizontal (mm)
Figura 2.74 - Deslocamento horizontal da coluna sem estais e com 0,23kN em cada estai 1a coluna
com cabos.
O primeiro ensaio da segunda coluna foi realizado somente com a coluna principal
sem os estais com o objetivo principal de conhecer a resistência mínima desse sistema
estrutural. O valor de carga suportado pela coluna foi de 9,60 kN, valor abaixo da carga
teórica que é de 11,28 kN. Isso ocorreu devido a uma imperfeição inicial presente na coluna
principal. A Figura 2.75 ilustra o gráfico da carga externa aplicada pelo atuador hidráulico
versus o deslocamento horizontal, onde se pode observar a curva típica de flambagem
elástica. Os resultados dos deslocamentos verticais não são apresentados, pois não apresentam
valores significativos já que a coluna somente deslocou-se na horizontal.
10
16
9
15
14
8
13
LVDT 1 LVDT 12
7 12
LVDT 2 LVDT 3
LVDT 2 LVDT 3 11
LVDT 1 LVDT 12
Craga Externa (kN)
6
10
Carga Externa (kN)
LVDT 3
LVDT 2 9 LVDT 3
Meio do vão 5
LVDT 12 LVDT 2
8
LVDT 3 LVDT 1 Meio do vão LVDT 12
7 LVDT 1
4
LVDT 3
LVDT 2
6
3 LVDT 2
5
1 Quarto do vão
4
2 1 Quarto do vão
3
LVDT 12 LVDT 1
2
1 LVDT 12 LVDT 1
1
0 0
-45 -40 -35 -30 -25 -20 -15 -10 -5 0 -40 -35 -30 -25 -20 -15 -10 -5 0
Deslocamentos (mm) Deslocamentos (mm)
Figura 2.75 – Carga externa versus o deslocamento horizontal, coluna sem estais e com 0,31 kN em
cada estai, 2a coluna com cabos.
apresenta o gráfico da carga externa aplicada pelo atuador hidráulico versus o deslocamento
horizontal, onde se pode observar a curva típica de flambagem elástica. Assim como no
ensaio sem protensão, os resultados do deslocamento vertical não são apresentados pois não
tiveram valores significativos já que a coluna somente deslocou-se na horizontal. Na Figura
2.76 pode-se observar o comportamento dos estais durante o ensaio da coluna estaiada. O
aumento na protensão nos estais é nitidamente notado pelos estais 2 e 4 localizados do lado
onde ocorreu a flambagem forçando uma restrição no deslocamento lateral da estrutura e
aumentando assim, a sua capacidade portante. A medição dos esforços nos estais foi possível
devido ao bom funcionamento das células de carga projetadas.
16
Estai 01 Estai 03
15
14
13
Estai 02
12
Estai 04
11
10
Carga Externa (kN)
9 Estai 01
Estail 02
Meio do vão 8
Estai 02 Estai 01 Estail 03
7 Estail 04
LVDT 3 5
4
LVDT 2
3
Estai 04 Estai 03 1
0
-0,5 -0,45 -0,4 -0,35 -0,3 -0,25 -0,2 -0,15 -0,1 -0,05 0
Protensão nos Estais (kN)
Figura 2.76 – Curva da carga externa versus a protensão em cada estais da coluna.
A terceira coluna testada foi usada para comparar os resultados em termos de rigidez
dos estais (cabo ou barra). Os testes foram executados variando o nível de protensão nos
estais de 0 até 0,75 kN. O primeiro teste foi conduzido com a coluna principal sem estais. O
objetivo principal desta configuração foi estabelecer a capacidade de carga mínima do sistema
estrutural. A carga última do teste foi igual a 11,43kN, aproximadamente igual a 11,28 kN do
valor teórico. A Figura 2.77 ilustra curvas de carga versus deslocamento lateral para a coluna
onde foi observada uma resposta típica de flambagem elástica. Os dois LVDTs paralelos
localizados no centro da coluna foram usados para monitorar se qualquer torção poderia
ocorrer durante o teste, o que não ocorreu. Durante os testes os deslocamentos laterais foram
máximos no meio do vão, típico do primeiro modo de flambagem elástica.
35
Middle of span
35
LVDT 3
30
Middle of span LVDT 2 LVDT 2 LVDT 1
LVDT 12
LVDT 3 30
Quarter of span 25
LVDT 2
External load (kN)
25 LVDT 12 LVDT 1
Quarter of span LVDT 3
20
External load (kN)
LVDT 2
LVDT 12 LVDT 1 20 LVDT 3
LVDT 12
LVDT 2 15
LVDT 2 LVDT 12 LVDT 1
LVDT 12
15 LVDT 1 LVDT 3
10
10
LVDT 3 LVDT 1
5
5
0
0
-60 -50 -40 -30 -20 -10 0 -60 -50 -40 -30 -20 -10 0 10
Displacements (mm) Displacements (mm)
Figura 2.77 – Carga externa versus o deslocamento horizontal, coluna sem estais e com 0,31 kN em
cada estai, terceira coluna com barras.
O teste seguinte foi feito com um nível de protensão por estai de 0,31 kN com o
objetivo de remover a folga das barras. A carga última deste teste foi igual a 20,94 kN, cerca
de 83% maior do que a do teste sem estais e/ou a carga teórica de flambagem. A Figura 2.78
60
apresenta curvas carga versus deslocamento lateral para este teste onde uma típica resposta de
flambagem elástica foi mais uma vez observada. Também foi interessante observar que os
deslocamentos verticais neste teste foram insignificantes atingindo no máximo 5 mm.
Durante o teste o primeiro modo de flambagem foi mais uma vez observado, como
pode ser visto com os resultados dos LVDTs do meio do vão representados na Figura 2.77. Os
resultados dos LVDTs também indicaram que nenhuma torção foi observada durante os
testes. Semelhante ao teste sem protensão uma pequena queda na carga aplicada ocorreu por
volta de 8 kN. Isto ocorreu devido à remoção dos suportes temporários localizados nas
extremidades de coluna para manter a coluna na posição horizontal antes da carga ser
aplicada.
A carga última do teste com 0,75 kN em cada estai foi igual a 30.96 kN, cerca de
170% maior do que o teste sem protensão e/ou a carga de flambagem teórica. As Figuras 2.78
e 2.79 apresentam curvas carga versus deslocamento lateral para este teste onde uma típica
resposta de flambagem elástica foi mais uma vez observada. Diferente dos testes anteriores,
neste teste, o segundo modo de flambagem foi observado.
35
LVDT 4 LVDT 5 LVDT 3 LVDT 2
30
25
External load (kN)
20 LVDT 3
Middle of span LVDT 2
LVDT 4
LVDT 4
LVDT 5
15 LVDT 5
10
LVDT 3
LVDT 2 5
0
-10 0 10 20 30 40 50 60
Displacements (mm)
Figura 2.78 - Carga versus deslocamento lateral, meio do vão, 0.75kN de protensão.
35 35
LVDT 12 LVDT 12
30 30
25 25
LVDT 1
External load (kN)
LVDT 9
20 20
LVDT 1 LVDT 12
Middle of span LVDT 6 Middle of span LVDT 9
15 15
LVDT 6
LVDT 9
10 10
5 LVDT 1 LVDT 12 5
0 0
-10 0 10 20 30 40 50 60 -60 -50 -40 -30 -20 -10 0 10
Displacements (mm) Displacements (mm)
Figura 2.79 - Carga versus deslocamento lateral, quartos do vão, 0.75kN de protensão.
As colunas de aço com protensão são sistemas estruturais eficazes para situações onde
se precisa suportar cargas a grandes alturas, com rapidez de montagem. A capacidade portante
de uma coluna esbelta de doze metros foi significativamente aumentada com a utilização de
estais protendidos. Esta estratégia reduz efetivamente o comprimento efetivo de flambagem
da coluna em pelo menos 50%, aumentando substancialmente a sua capacidade resistente.
61
Este incremento na resistência ocorre devido ao fato de que os esforços gerados pelos estais
são transferidos para a coluna principal, através de barras soldadas perpendicularmente no vão
central da mesma, criando uma restrição adicional aos deslocamentos.
Figura 2.80 - Segundo modo de flambagem com um nível de protensão igual a 0,75kN.
A simples utilização dos estais, com protensão suficiente para tirar a folga dos cabos
de aço, fez com que a coluna praticamente aumentasse em mais de 40% a sua capacidade de
carga, onde a sua resistência sem estais é de aproximadamente 10 kN (esbeltez = 400).
A utilização de células de carga para medição dos esforços nos estais é essencial visto
que assim pode-se ter um melhor controle sobre a aplicação da protensão. Com isso, a análise
computacional pôde comprovar o resultado esperado de 50% da tensão admissível do aço para
que o comportamento da célula de carga seja sempre linear. A consideração do
desbalanceamento das cargas foi importante, evitando que esses problemas influenciassem
nos resultados das leituras.
Os testes realizados em escala real aprovam a utilização de estais em colunas esbeltas.
A carga última obtida no ensaio da segunda coluna sem protensão, isto é, sem a utilização dos
estais, foi de 9,60 kN. A carga teórica para a coluna sem estais é de 11,28 kN e o fato da carga
ter sido abaixo pode ser explicado devido à deformação inicial da coluna ter sido alta. É
interessante observar que quando se utilizou os estais com uma protensão suficiente para
retirar a folga dos cabos, da ordem de 0,30 kN, a capacidade de carga da coluna foi
aumentada em 35% comparando-se com a carga teórica, atingindo 15,26 kN de carga última.
Quando comparada com a carga obtida no ensaio sem protensão, a diferença é bem mais
significativa (57%) mostrando a eficácia desse sistema estrutural.
Um aumento substancial de carga última ocorreu na terceira coluna testada. A carga de
teste final sem estais foi de 11,43 kN, valor igual à carga teórica. A carga última do teste para
uma protensão de 0,31 kN em cada estai foi igual a 20,94 kN, cerca de 83% maior do que o
teste sem protensão. Por fim a carga última para uma protensão de 0,75 kN por estai foi igual
a 30.96 kN, cerca de 170% maior do que o teste sem protensão.
O programa experimental desenvolvido teve que ser realizado na horizontal devido às
dimensões da coluna (12 metros) e as restrições do laboratório. Esta configuração por outro
lado gerou deslocamentos excessivos nas colunas devido ao peso próprio que não ocorrem
quando as colunas são usadas na vertical. Como já mostrado antes um cabo foi usado para
compensar o peso próprio e mostrou não influenciar a carga última nem o modo de colapso
nos modelos numéricos equivalentes que foram gerados para determinar sua influência.
Apesar disto os modelos experimentais foram feitos com duas configurações: com o cabo
paralelo aos dois braços chamada de configuração + e com o cabo formando um ângulo de
45o entre dois braços denominada configuração X. Resultados bastante similares foram
encontrados nas duas situações.
62
Um cuidado maior foi tomado nas séries finais de testes onde rótulas foram usadas nos
dois extremos das colunas, pois nos ensaios preliminares, onde somente uma rótula foi usada
foram obtidos resultados onde uma das extremidades apresentou condições de engastamento
parcial influenciando os resultados. A aplicação da protensão por si só demandou o
desenvolvimento de um procedimento para balancear a carga entre os quatro estais e
possibilitar um ajuste fino de modo a determinar sua influência sobre a carga última da coluna
estudada. Para tal, esticadores e parafusos com rosca foram usados e mostraram que a
protensão deve ser executada por etapas em cabos diametralmente opostos para não induzir
por si só, colapsos prematuros somente com sua aplicação e as imperfeições geradas.
O ensaio demandou uma instrumentação não trivial. Como os tubos tinhas seções
circulares foi necessário o uso de dois LVDTs dispostos em um ângulo de 90o por ponto onde
os deslocamentos deveriam der monitorados. Com a combinação dos resultados destes dois
LVDTs, os deslocamentos deste ponto em qualquer direção podem ser obtidos. Os tubos
secundários e o tubo principal também foram monitorados com quatro extensômetros lineares
dispostos nas seções dos tubos para aferir os esforços axiais e eliminar efeitos de flexão
secundários.
A determinação da carga nas colunas inicialmente foi feita com duas células de carga.
A primeira foi situada entre a placa de protensão e o atuador hidráulico medindo a carga
aplicada enquanto a segunda foi localizada entre a placa de protensão e a extremidade da
coluna medindo por diferença com a primeira célula a protensão aplicada. Apesar disto,
notou-se que os cabos e as barras, à medida que os testes desenvolviam-se possuíam cargas
diferentes. Isto gerou a necessidade do desenvolvimento de células de carga individuais para
cada cabo ou barra para sua monitoração individual. Estas células tiveram um desempenho
adequado e possibilitaram a detecção de possíveis desbalanceamentos entre os estais, para a
correta aplicação da protensão e para determinar o desempenho individual de cada cabo, ou
barra, durante os ensaios.
12.5
12.5 275 12.5 Beam - I 10"x37.7kg/m
(t w = 8, b f = 118)
12.5 95 32 51 51
23
32
t w = 9.5
60
184 d = 254
h
60
12.5 32 Vd M t w =8
d
47 70
76 t s = 9.5
51 44 Angle - 127 x 89 x 9.5
120
Ls
Angle - 127 x 127 x 9.5
b f =200
Figura 2.82 - Configuração global deformada, ensaio 1, Modo de ruína por cisalhamento dos parafusos
inferiores ensaio 2, configuração final da ligação, ensaio 3.
Topography Equipment
Mirror
2.66 m
1.15 m
1.40 m
Curvas carga versus deslocamento típicas dos modelos testados são ilustradas na
Figura 2.84, onde é possível observar que a carga última aumentou do primeiro ao último
teste. A Figura 2.84, também apresenta as curvas momento versus rotação relativa para os
testes. As rotações apresentadas nestas curvas foram obtidas através de dois métodos. O
primeiro método usou os deslocamentos obtidos com transdutores elétricos e relógios
comparadores combinados com o uso de conceitos simples de geometria e de mecânica
estrutural. O segundo método usou o sistema ótico descrito anteriormente. Uma parte
significativa da diferença observada usando os dois sistemas ocorreu devido ao fato de que o
64
sistema ótico de medição foi operado manualmente enquanto a carga e dados dos LVDTs
foram obtidos através de um sistema automático de aquisição de dados.
60.00
40.00
Bending Moment ( kN x m )
30.00
40.00
Load ( kN )
20.00
Laser Pen (
)
10.00
Test 2 - LVDT 83
Test 3 - LVDT 83
(
(
)
)
Test 2 -
[ Dial 2 x LVDT 84,85
Theodolite x Nivel
(
(
)
Test 3 -
[ Dial 5 x LVDT 84,85
Nível
(
(
)
+)
0.00 0.00
0.00 10.00 20.00 30.00 40.00 50.00 0.00 40.00 80.00 120.00 160.00
Displacements ( mm ) Rotation ( rad/1000 )
Moment ( M/Mbp )
0.40
0.40
Semi-Rigid
0.20
0.20
Pinned
Pinned
0.00
0.00
0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00
r 0.00 1.00 2.00 r
__________
3.00 4.00
Rotation ( __________ ) Rotation ( )
M bp L b Mbp 5d
________ ________
E Ib E Ib
A medida das deformações foi feita através de seis extensômetros elétricos lineares na
cantoneira de apoio e oito extensômetros elétricos lineares em cada cantoneira de alma,
Figura 2.86.
último da ligação, associado à deformação excessiva na viga, esmagamento das chapas das
cantoneiras de alma e apoio e deformações por flechas das cantoneiras.
A ligação estudada suscitou o desenvolvimento de um sistema de instrumentação para
medição da rotação relativa entre a viga e a coluna e das deformações nos seus elementos
principais. O modelo experimental adotado composto por uma coluna fixa na base e
atirantada no seu topo foi ligada a viga por duas cantoneiras de alma e uma de assento.
Ressalta-se que no terceiro ensaio, a cantoneira de assento foi enrijecida para aumentar a
rigidez à rotação. Na extremidade livre da viga foi usado um atuador hidráulico e uma caixa
de roletes e uma célula de carga para a aplicação monotônica e monitoração do carregamento.
A medição das deformações foi feita com rosetas e extensômetros lineares na viga e
nas cantoneiras possibilitando uma avaliação da evolução das distribuições de tensões nestes
elementos à medida que o carregamento era aplicado. Por outro lado, a medida da rotação
relativa entre a viga e a coluna gerou a necessidade de redundâncias para a sua correta
avaliação. Sua aferição foi feita através da diminuição entre a rotação da viga e a da coluna. A
rotação da coluna foi determinada com leituras de LVDTs e relógios comparadores
posicionados nestes elementos. Por outro lado, a rotação da viga foi feita por três métodos. O
primeiro, e mais convencional, usou leituras de LVDTs e relógios comparadores instalados
nestes elementos, sempre tendo em mente que a flecha da viga nestes pontos também deveria
ser descontada. No segundo e terceiro métodos foram utilizados sistemas com espelhos,
réguas graduadas e canetas laser (no segundo) e teodolitos (no terceiro) para aferir estas
leituras. Apesar de que, de forma qualitativa, os três métodos terem conduzido a resultados
compatíveis, a precisão dos dois últimos métodos foi prejudicada pela leitura manual que não
conseguiu acompanhar a aplicação da carga em fases avançadas do carregamento.
Este fato só veio a confirmar um dos principais requisitos de uma boa análise
experimental, ou seja, a redundância das medidas. Por outro lado, o uso do reforço da
cantoneira de assento mostrou-se bastante eficaz aumentando a rigidez e mudando o estado
limite último que controla o dimensionamento desta ligação, da deformação das cantoneiras
para o corte do parafuso presente na interface entre a mesa inferior da viga e a aba da
cantoneira de assento. Ficou também evidente que isto poderia ser substancialmente
melhorado com o uso de um calço posicionado na abertura entre a mesa da viga e a mesa da
coluna ou pelo uso de parafusos com maior diâmetro.
Quando ligações viga coluna no eixo menor inércia da coluna são consideradas no
processo de dimensionamento, supõe-se que seu comportamento seja rotulado, porém, isto
não ocorre na grande maioria das ligações estruturais. O comportamento de ligações viga
coluna pode ser avaliado com a ajuda do método das componentes do Eurocode 3, [19]. Do
ponto de vista teórico, ele pode ser aplicado a qualquer tipo de ligação, desde que as
componentes básicas de força e deformação estejam devidamente identificadas e modeladas
[8]. Um modelo de componentes típico para uma ligação na menor-inércia composta por
dupla cantoneira de alma e cantoneira de apoio é ilustrado na Figura 2.89.
A ausência de uma alma central enrijecida nas ligações no eixo de menor inércia
implica que a alma da coluna deve resistir às forças de tração e compressão decorrentes das
mesas da viga em flexão, semelhante a uma placa apoiada em seus bordos verticais. Esta fonte
adicional de deformação é representada pela nova componente 21, introduzida por esta
investigação [35] - [39]. A avaliação desta componente está diretamente relacionada à largura
efetiva da alma da coluna (beff,1), apresentada na Figura 2.90. A região carregada é delimitada
pelas dimensões b e c da Figura 2.90, que contém a largura efetiva usada na componente alma
da coluna em flexão. No entanto, devido à presença do enrijecedor, esta largura efetiva (beff,2)
devem ser reavaliada. É importante observar que o comportamento desta componente não é
67
zona de tração
zona de compressão
Figura 2.89 – Caracterização das componentes de ligações viga coluna no eixo de menor inércia.
300 300
12.5 275 12.5 12.5 275 12.5
L
118
118
m m
beff1
c c
beff2 45.5
b 55.7 b
8 8
d1 D d1 D
d2 d2
70 32 44 44 32 70 70 32 44 44 32 70
96 96
Figura 2.90 – Caracterização da largura efetiva da alma da coluna carregada para fora do plano.
da franja N for medida em cada ponto de modelo. Além disso, os eixos óticos do modelo
coincidem com as direções principais das tensões. Estes dois fatos podem ser efetivamente
utilizados para determinar a diferença 1 - 2 se um método para medir as propriedades
ópticas do modelo sob tensão tiver sido estabelecido.
2pl 1pl
Slow Model Location
Fast axis axis (with photoelastic
reflection plate)
Second quarter- /4 /4
wave plate
photoelastic
reflection plate
Fast axis
Slow /4
A axis
/4
Axis of
z polarization
Analyzer First quarter-
(linear polarizer) wave plate
P
Axis of polarization
Polarizer
(linear polarizer)
light source
Quando uma luz monocromática é usada, o padrão de franja aparece no modelo como
uma série de franjas escuras pois a intensidade da luz é zero. No entanto, quando um modelo é
observado com luz branca (todos os comprimentos de onda do espectro visível presente), o
padrão de franja isocromática torna-se colorido. A intensidade da luz é zero, e uma franja
negra só aparece quando a diferença entre as tensões principais é zero. Como já foi
estabelecida uma ordem de franja em qualquer ponto do modelo, é possível calcular 1 - 2 e
2 - 1. Os valores das deformações de franja f mantém-se constantes independentemente
das deformações plásticas que estão ocorrendo no modelo, [40] - [42].
A investigação experimental contemplou três testes em uma viga em balanço sob a
ação de uma carga concentrada em sua extremidade livre, Figura 2.92. Esta Figura também
apresenta uma vista superior da deformação residual na alma da coluna no primeiro teste e as
charneiras plásticas que se desenvolveram na alma da coluna. As vigas (tipo I) e as
cantoneiras usaram perfis laminados e a coluna adotou uma seção de aço soldada (tipo CVS).
Os perfis de aço utilizados nos três ensaios experimentais são detalhados na Tabela
2.5. Os parafusos utilizados na ligação eram do tipo de alta resistência ASTM A325 com
19,05 mm de diâmetro. O aço das colunas teve 250 MPa de tensão de escoamento enquanto as
vigas e as cantoneiras adotaram um aço ASTM A36. As tensões de escoamento e de ruptura a
tração medidas na viga, na coluna, nas cantoneiras do primeiro teste e demais cantoneiras
foram: 364 MPa, 497 MPa, 309 MPa, 419 MPa, 325 MPa, 472 MPa, 417 MPa e 528 MPa,
respectivamente. No primeiro ensaio, devido à flexibilidade da placa de alma, grandes
69
O detalhe da primeira ligação testada é ilustrado na Figura 2.93. Nos testes da segunda
e terceira ligação, foi adotado um enrijecedor substituindo a cantoneira de assento e
cantoneiras de alma com abas desiguais (127 x 76 x 9.5 mm) para facilitar a montagem, a
Figura 2.94. No terceiro ensaio, um enrijecedor foi usado na alma da coluna perto da mesa
superior da viga.
Figura 2.95 – Deslocamentos na alma da coluna e deformações nas cantoneiras de alma, primeiro
teste.
Figura 2.96 – Deslocamentos na alma da coluna e deformações nas cantoneiras de alma, segundo teste.
Figura 2.97 - Curvas momento versus rotação dos testes & posição dos LVDTs, 1º teste.
9,5 10,5
32
184 120
229 254
32
Md
75 52
34.5
Vd 70 32 44 44 32 70
9,5 12,5
52 38 120 60 120
Double web angle (127x76x9,5)
Photoelastic
plate Bottom Stiffener
(270x90x9,5)
96 8 96
48.8
49.6
Ø = 50
120.3
119.5
300
130.9
130.9
77.1 95.3 77.6
Photoelastic Plate
Polarizer &
Wave Plate
White Light
Analyser &
Wave Plate
Camera
30 40
Bending Moment (kN)
25 35
30
20
Load (kN)
25
15 20
10 15
10
5
5
0 0
0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.00 20.00 40.00 60.00 80.00
Displacement (m) Rotation (mrad)
Figura 2.102 - Carga versus deslocamento e momento versus rotação para o ensaio com placa
fotoelástica.
72
Para identificar as cores que representam a mudança da ordem de franja, foi realizado
um ensaio de uma viga simplesmente apoiada com o material fotoelástico pois sua resposta
estrutural linear permitiu a calibração do padrão linear das franjas, Figura 2.103. Esta
calibração serviu como dado de entrada para identificação da distribuição de franjas
isocromáticas na imagem do modelo deformado de acordo com o padrão de cores de imagens
de pixel RGB.
N=0
N=2
N=3
N=1
Figura 2.103 - Calibração de cor para um padrão de franja conhecido.
Área a ser
analisada
N = 6,000
N = 5,000
N = 4,000
N = 3,000
N = 1,000
N = 0,000
A medição das deformações foi feita com rosetas e extensômetros lineares na viga e
nas cantoneiras possibilitando uma avaliação da evolução das distribuições de tensões nestes
elementos à medida que o carregamento era aplicado. Um sistema inovador de monitoração
da distribuição de tensões na alma da coluna foi usado em um quarto ensaio subsequente
baseado em técnicas de fotoelasticidade por reflexão. Este sistema permitiu acessar de forma
qualitativa a evolução das tensões na alma da coluna e, em conjunto com os resultados dos
extensômetros, permitiu determinar os pontos onde as maiores tensões concentravam-se.
A aferição da rotação relativa entre a viga e a coluna foi feita através da diminuição
entre a rotação da viga e a da coluna. A rotação da coluna foi determinada através de leituras
de LVDTs e relógios comparadores posicionados nestes elementos. Nestes ensaios, a rotação
da viga foi feita de modo convencional com leituras de LVDTs e relógios comparadores
instalados nestes elementos, sempre tendo em mente que a flecha da viga nestes pontos
também deveria ser descontada. O uso do enrijecedor ao invés da cantoneira de assento
mostrou-se bastante eficaz aumentando a rigidez da ligação.
Foram efetuados ensaios estáticos monotônicos sobre nós segundo o eixo de menor
inércia, em que a viga I é conectada por uma placa de extremidade à alma da coluna com a
geometria indicada na Figura 2.108. Na zona superior da ligação existem duas linhas de
parafusos, [43] - [46].
Figura 2.108 – Configuração l: Ligação viga coluna no eixo de menor inércia entre perfis laminados.
6 UPN 140
2 - Pórtico de carga
9
1
4 - Vigas de eixo forte 6
8
LEGENDA
1,2 4 1,2
5 - Base do pilar HEA 240 IPE 200 IPE 200 IPE 200 IPE 200 1 - Modelo
5 - Base do pilar
HEA 220
7 - Suporte do actuador
5
8 - Actuador hidráulico
5
9 - Parede de reacção
para que se processassem todos os ajustes no modelo, e sempre com controle de carga (trecho
A e B). Em seguida, aplicavam-se sucessivas cargas (sempre com controle de deslocamento) e
descargas até cerca de 5 kN (sempre com controle de carga), até que a última carga
conduzisse à ruptura ou ao limite do curso do atuador (correspondente a uma rotação na
ligação de 200 mrad) – trecho G. O número de descargas variou com o desempenho do
modelo e foi de pelo menos uma. É importante notar que estas cargas e descargas permitem
medir a rigidez inicial do nó.
viga e da coluna e a deformação da face da coluna carregada para fora do plano, conforme
será apresentado adiante em detalhe.
G
Velocidades:
E Troços A e B: 0,01 kN/s
Troços C, E e G: 0,025 a 0,05 mm/s
F Troços D e F: 0,04 a 0,2kN/s
G
Mpl
C D
S j,ini
A S j,ini
B
Ø
Para medição das deformações foram usados extensômetros lineares FLK-6-11 para
medição da deformação segundo uma dada direção em elementos metálicos planos e nas
armaduras das estruturas mistas; rosetas de extensômetros FRA-5-11 para avaliação do estado
de tensão nos pontos mais relevantes da alma da coluna ou da face carregada nos perfis
tubulares; extensômetros lineares PFL-10-11 para medição da deformação segundo uma dada
direção na face dos elementos de concreto armado; extensômetros de parafusos BTM-6-C
para avaliação da tensão instalada em cada parafuso e, consequentemente, da força em cada
linha de parafusos.
A Figura 2.112 mostra o posicionamento das células de carga e dos LVDTs para os
modelos desta configuração. O LVDT 61 mede o deslocamento da viga diretamente sob o
ponto de aplicação da carga, e o LVDT 62 sob um ponto intermediário da viga. Os LVDTs 63
e 64 medem (por diferença de leituras) a rotação da viga na seção junto ao nó. Igual resultado
pode ser obtido através da leitura do LVDT 61 ou 62, a menos da deformação da viga. Os
LVDTs 65 e 68 medem o eventual deslocamento da coluna nas extremidades, permitindo
assim corrigir as leituras do par 66/67, que por diferença de leituras entre si, permitem obter a
rotação da coluna na seção do nó. A diferença entre as rotações da viga e da coluna permite
obter a rotação do nó.
Como é fundamental avaliar cada uma destas parcelas de deformabilidade (sobretudo
a deformação da alma da coluna), instrumentou-se exaustivamente esta componente do nó
através da colocação de extensômetros lineares, rosetas de extensômetros e LVDTs. A Figura
2.112 mostra a instrumentação da viga, da placa de extremidade segundo o eixo de menor
inércia, dos parafusos, da placa de extremidade na menor inércia e das mesas da coluna.
230
307
65
257 22
1120
2 51 3
A 20
21
70
A
120
Z-Z
25 70
41
4 52 5 23
B
31 29
6 53
B 54 7 24
+/- P
8 55 9 26
C 66
76
27 1
10 C 11 28
56 57
31 IPE 240
230
30
12 58 13 D 29
38 37
22
14 59
15 67 0 45 46
16 63 64 62 42
76
D 17
32
137
200 61
115
E 41
E 33 280 Y-Y 47 48
18 19 34
40 35
25 128.5 60 500 500
Banzos
1110
IPE 330 39
36
49 50
44
Y-Y
Alma do pilar
43
68
LEGENDA:
- Extensómetro linear - LVDT - planta
- Roseta de extensómetros - Célula de carga Y-Y X-X
- Transdutor de deslocamentos (LVDT) Chapa de topo e viga Chapa de topo eixo forte e
banzos do pilar
Figura 2.112 – Localização dos LVDTs, células de carga e extensômetros na alma da coluna e
extensômetros na viga, placa de extremidade e mesas da coluna.
78
36
6 11 5 mm
(b)
Instrumentação da viga
(a) Aplicação da proteção (b) Estrutura instrumentada (c) Proteção das extensões
Finalmente, as seis colunas foram pintadas com cal branca para melhor visualizar a fissuração
aquando dos ensaios. A Figura 2.116 mostra um aspecto geral das estruturas metálicas e
mistas prontas a ensaiar.
Como indica a Tabela 2.6, os ensaios efetuados nestas condições são os ensaios da
série 1: E1, E2, E4 e E5, correspondentes a duas geometrias diferentes, cada uma com
momento positivo e negativo. Todas as curvas momento versus rotação devem ser corrigidas
para se considerar a deformação da coluna e do pórtico de carga. Em consequência da
flexibilidade do nó, esta correção é muito pequena, mas assim não será no caso das estruturas
mistas, de muito maior rigidez e resistência. A Figura 2.117 mostra para o primeiro ensaio, as
curvas M- obtidas da leitura do par 63-64, do deslocamento da coluna por deformação do
pórtico, e a curva M- assim corrigida, que é praticamente coincidente com a não corrigida. É
possível através deste resultado aferir a importância relativa da deformação do nó e do pórtico
de carga e coluna, sendo nestes ensaios metálicos, desprezível a correção a efetuar.
Figura 2.116 – Vista global dos modelos metálicos e mistos prontos para ensaio.
60
rot pilar
50
rot 63-64
Momento (kN.m)
30
20
10
0
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 0,14 0,16 0,18 0,20
Rotação (rad)
A análise dos resultados dos ensaios permitiu concluir que em todos os casos, a alma
da coluna é a componente dominante, sendo a primeira a plastificar e contribuindo com a
81
maior parte da deformabilidade do nó. É interessante constatar que existe um “cotovelo” das
curvas M- relativas à flexão da alma da coluna coincidente com uma rotação do nó de cerca
de 20 mrad, valor aceite por muitos autores como correspondente ao estado limite último do
nó, e em particular, desta componente. A rigidez elástica (ou inicial) do nó de menor inércia é
quase totalmente condicionada pela rigidez em flexão da alma da coluna. Esta inclinação
deverá ser medida nos trechos de descarga com subsequente carga, pois na parte inicial da
curva M-, os diversos ajustes e as plastificações prematuras na alma da coluna não permitem
uma avaliação correta dessa rigidez.
Torna-se claro que a alma da coluna em flexão funciona predominantemente como
uma banda (funcionamento unidirecional) entre mesas. De fato, as tensões na direção x são
muito superiores às tensões na direção y. Nesta direção, por efeito de Poisson, surgem tensões
de sinal contrário às tensões dominantes perpendiculares. É igualmente possível concluir da
análise das tensões que, à medida que se avança na direção y, e a partir da cota de aplicação
da força (de tração ou de compressão) as tensões horizontais vão diminuindo, o que indica
uma dimensão limitada da zona de funcionamento unidirecional da alma da coluna.
O eixo neutro não sofre variações significativas de posição ao longo do ensaio,
mantendo-se a uma cota de aproximadamente 120 mm. O centro de compressão situa-se
aproximadamente na linha média da mesa comprimida da viga. As placas de extremidade dos
ensaios foram dimensionadas para permanecer em regime elástico aquando da plastificação da
alma da coluna (momento plástico), que nestes ensaios, foi sempre a componente crítica. Os
estudos experimentais realizados em nós de menor inércia fazendo variar a espessura da placa
de extremidade permitiram concluir que esta componente tem um efeito muito pequeno sobre
o comportamento global do nó, e que a interação do seu comportamento com o da alma fletida
é também reduzida. Nos presentes ensaios, o efeito de membrana na alma da coluna pode
fazer com que o momento suportado por esta componente seja da ordem de grandeza de três
vezes o seu momento plástico. Apesar de a placa de extremidade estar instrumentada com
extensômetros, p posicionamento utilizado não permitiu detectar as plastificações da forma
mais adequada. O posicionamento horizontal do extensômetro na parte prolongada da chapa
permitiu apenas detectar as tensões naquela direção, e não a formação do mecanismo
observado nos ensaios de momento positivo. O extensômetro na placa de extremidade de
maior inércia confirma a existência de tensões neste elemento e a restrição por ele oferecida à
rotação das mesas da coluna. A análise das tensões na placa de extremidade de maior inércia
para os diversos ensaios mostra que esta permanece claramente em regime elástico em todos
os ensaios.
Todos os parafusos foram protendidos com um momento de aperto de cerca de 100
Nm, correspondendo a uma deformação medida no parafuso entre 800 e 1100 (tensões da
ordem de 200 MPa). A medição das deformações nos parafusos permite medir as tensões
neles atuantes e determinar a força em cada parafuso, em cada linha de parafusos, e no
conjunto de linhas a tração (no caso de momento negativo aplicado). Embora os parafusos
tenham uma solicitação relativamente baixa ao nível de plastificação teórico da componente
crítica (alma da coluna), o desenvolvimento nessa componente das tensões de membrana faz
com que o nível de solicitação das outras componentes aumente acima do valor previsto.
Verificou-se que as duas primeiras linhas de parafusos estão submetidas a forças de
tração significativas, enquanto que na zona da terceira linha, a influência da deformação da
alma na zona de compressão tem como efeito a perda de protensão nos parafusos. As tensões
nos pontos de medição das vigas mostram que na realidade, houve algumas plastificações das
mesas nesses pontos Teoricamente, porém, as vigas deveriam permanecer sempre em regime
elástico, Tabela 2.7, onde são comparados os valores máximos ocorridos durante os ensaios
com o momento elástico e plástico das seções.
82
Tabela 2.7 – Momento elástico, plástico e máximo instalado para os perfis utilizados.
E1 – 48,8 65 % (E1)
IPE 200 75,0 85,2
E2 – 49,5 66 % (E2)
A ruína ocorreu com a identificação clara de um “cotovelo” nas curvas M- com
grande aumento de rotação a momento constante, não característica do comportamento
isolado da alma da coluna, com plastificação extensa e grandes rotações, mas antes do
resultado do envolvimento de outras componentes. A resistência e a rigidez são muito
superiores às dos nós metálicos e o andamento da curva muito diferente, com a quebra brusca
de rigidez no referido “cotovelo”.
Reportando ao ensaio misto, as primeiras plastificações surgem para um nível de
momento fletor da ordem dos 80 kN.m, correspondente a cerca de 90% do momento último
do nó. Desta forma, não ocorreu a este nível de carga, plastificação generalizada da alma
concluindo-se que a ruína foi provocada por outras componentes. O baixo nível de solicitação
da alma justifica igualmente a sua pequena deformação e a inexistência de efeito de
membrana perceptível. Repara-se que no ensaio metálico homólogo, a alma estava submetida
a tensões elevadas com plastificações para apenas cerca de 10 kN.m, onde havia plastificação
generalizada acompanhada de grandes deformações e consequente efeito de membrana.
Também nesta estrutura mista, a alma em flexão está submetida a tensões na direção x
muito superiores às tensões na direção y, onde por efeito de Poisson, as tensões
83
perpendiculares são de sinal contrário. A alma funciona ainda de forma unidirecional entre
mesas, e à medida que se avança na direção y, a partir da cota de aplicação da força, as
tensões horizontais vão diminuindo. Mesmo para o máximo momento suportado pelo nó, a
plastificação não se desenvolve totalmente ao longo da vertical nos pontos medidos. Há assim
uma forte limitação à propagação da plastificação que no ensaio metálico não existia.
O nível de momento correspondente à plastificação nos ensaios mistos é muito
superior ao dos ensaios metálicos, e ao contrário daqueles, não existe a tendência generalizada
para funcionamento da alma em tração nas duas direções, pois as deformações não são
suficientemente elevadas para desenvolver efeito de membrana considerável. O concreto
armado comporta-se como um reforço eficaz da alma, fazendo com que na zona de
compressão, a deformação desta seja praticamente nula, e com que o centro de rotação esteja
próximo da mesa comprimida da viga. Para uma melhor ilustração da eficácia da estrutura
mista, a Figura 2.119 compara os perfis deformados longitudinalmente e transversalmente das
duas estruturas – metálica (E1) e mista (E7).
350
300
250
39,48 150
0
48,34
0 50 100 150
35,03
-10 48,83 100
50 Nível de Momento
-20
Posição na alma (mm) (kN.m)
24,99
0
25,13
Metálicos Rot. Misto
-50
Mistos 45,59
45,18
-100
-30 -20 -10 0 10 20 30
Deslocamento (mm)
São apresentados dois níveis de momento aplicado, sendo o maior deles o máximo
alcançado na estrutura metálica. Para este nível, verificava-se na alma da estrutura metálica,
deformações máximas da ordem de grandeza de três vezes a espessura, o que implicava um
forte efeito de membrana. Na estrutura mista e para o mesmo nível de momento aplicado, a
deformação máxima da alma é muito baixa (da ordem de 5% da espessura), e quando é
atingido o máximo momento no nó. A partir deste momento máximo existe um aumento de
deformação do nó a momento constante, mantendo-se a parte inferior da alma sem
deslocamentos consideráveis. Na parte superior, à medida que a deformação do nó progride a
momento constante, também a alma vai se deformando cada vez mais. Nesta fase, o nó misto
incorpora já o efeito de membrana proveniente da alma da coluna. Por meio da existência do
concreto e seu confinamento, esta componente está submetida no ensaio misto, e para o
mesmo nível de solicitação, a tensões bastante menores do que no ensaio metálico. Nota-se
um funcionamento mais vasto da placa de extremidade, já que a alma, ao não plastificar
imediatamente, e a baixos níveis de solicitação, deixa de constituir o ponto fraco de todas as
outras componentes.
Nos ensaios mistos, certamente, a transmissão de esforços entre a viga e a coluna não
se dará exclusivamente pelos parafusos, mas também pelo concreto armado, onde se formará
um mecanismo resistente. Desta forma, não é possível estabelecer qualquer comparação entre
as curvas M- globais com o momento obtido através das medições das células de carga e
entre as mesmas curvas com o momento obtido das forças nos parafusos. Naturalmente que, e
à semelhança do que se observa nas restantes componentes, após o colapso do concreto
84
armado, a estrutura mista reduz-se à estrutura metálica de base, e nessa fase, a quase
totalidade dos esforços será transmitida pelos parafusos.
Nos ensaios mistos e para o mesmo nível de momento dos ensaios metálicos, a força
absorvida pelos parafusos é muito menor, pois a transmissão dos esforços entre a viga e a
coluna não depende exclusivamente desta componente, mas também do mecanismo resistente
que se forma no concreto armado. Quando este degrada-se, e à medida que a rotação do nó
aumenta, a transmissão de momento passa cada vez mais a depender dos parafusos. Verifica-
se então uma aproximação da estrutura mista à estrutura metálica com diminuição da
diferença de forças instaladas nos parafusos das duas estruturas.
Nos ensaios metálicos houve plastificações nas mesas das colunas junto à placa de
extremidade, devido a concentrações de tensões já que, teoricamente, o momento instalado
nesses nós era inferior ao momento elástico das vigas. Nos ensaios mistos correspondentes, os
momentos alcançados foram muito superiores e a Tabela 2.8 resume os valores do momento
elástico e do momento plástico das vigas (calculados com os valores nominais das dimensões
e com os valores médios das tensões de escoamento das mesas), e compara-os com os valores
máximos alcançados nos ensaios. Os ensaios E7 e E8 (em que a coluna é um perfil HEA 220)
atingiram claramente o momento de plastificação da viga, e os ensaios E10 e E11 (em que a
coluna é um perfil IPE 330) não atingiram aquele valor.
Mel (kNm) Mpl (kNm) Mmáx (kNm) Mmáx / Mel Mmáx / Mpl
E7 – 87,7 123 % (E7) 108 % (E7)
IPE 200 71,5 81,2
E8 – 90,7 127 % (E8) 117 % (E8)
E10 – 109,4 100 % (E10) 88 % (E10)
IPE 240 109,6 123,9
E11 – 94,5 86 % (E11) 76 % (E11)
(4) E7 Mb,pl
80
(3) (5)
Mb,el
Momento (kN.m)
60
40
(2)
(1) rot alma
20
rot nó
0
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10
Rotação (rad)
fortemente deformada. Nos ensaios metálicos a razão média Mrot/Mpl foi de 3,3 e nos ensaios
mistos foi de 0,97.
100
E1 y = 3274x - 160,52
E7 y = 11585x - 49,708
80
SiE1
Mom. (kN.m)
60 SiE7
Linear (
SiE7)
40 Linear (
SiE1)
20
0
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 0,14 0,16
rot (rad)
Figura 2.121 - Comparação das curvas M- - Ensaio metálico E1 e misto E7.
Nos nós ensaiados, as componentes que influenciaram na ruína possuíam de fato uma
ductilidade elevada, mas não é legítimo generalizar a conclusão de que um nó misto de menor
inércia é necessariamente dúctil. Como exemplo, se em um determinado nó a ruína estiver
associada à plastificação da viga (o que aliás aconteceu em alguns dos nós aqui estudados), e
se a viga não for de classe I (segundo a classificação do EC3), o nó não terá a ductilidade
suficiente para proceder a uma análise plástica da estrutura.
A análise de resultados dos ensaios metálicos demonstrou que a componente alma da
coluna tem um efeito predominante sobre o seu comportamento, sendo responsável pela quase
totalidade da deformabilidade destes nós. A análise das tensões na alma da coluna em
domínio elástico permitiu concluir experimentalmente que existe uma predominância de
funcionamento da componente numa só direção entre as duas mesas. As direções principais
das tensões na face da alma junto às mesas, coincidem com a direção vertical e com a
horizontal, e as tensões na direção paralela às mesas são muito menores do que as
perpendiculares, e de sinal contrário, por efeito de Poisson.
As restantes componentes do nó, por via deste comportamento da alma, passaram a
estar submetidas a esforços e tensões muito mais importantes do que aqueles a que uma
simples análise plástica do nó poderia fazer prever. A instrumentação da placa de
extremidade, componente sempre com uma resistência plástica superior à da alma, permitiu
detectar plastificações e mesmo formação de um mecanismo de ruína. Nota-se que se o
esforço adicional de uma componente dúctil como a placa de extremidade não afeta a
ductilidade do nó, este fenômeno em componentes não dúcteis pode ser a causa de uma
ruprtura frágil.
Enquanto que nos ensaios metálicos o modo de ruína envolvia quase sempre só a alma
da coluna, com grandes deformações e desenvolvimento de grande resistência pós-limite por
efeito de membrana, nos ensaios mistos correspondentes, o comportamento mudou
radicalmente. A componente concreto armado revelou-se de importância fundamental, já que
o modo de ruína não envolveu apenas a alma da coluna, mas outras componentes como a
placa de extremidade, o próprio concreto armado ou a viga. Estas componentes
condicionavam então o comportamento global, quer em termos de rigidez, quer em termos de
resistência.
Em todos os casos as curvas M- caracterizaram-se pela existência de um “cotovelo”
bem definido, a uma rotação não distante de 20 mrad (valor aceite por muitos autores como
correspondente à ruína de um nó), que não existia nos ensaios metálicos. Este cotovelo
corresponde à degradação da armadura do concreto armado, e provoca um aumento
relativamente brusco das tensões nas restantes componentes. A deformação das componentes
do nó, interiores ao concreto armado (como a alma da coluna ou a placa de extremidade) foi
nos ensaios mistos muito mais reduzida do que nos ensaios metálicos. Sobretudo na zona de
tração, esta deformação mostrou uma forte dependência da cintagem do concreto.
87
Ligações viga coluna são muitas vezes submetidas a uma combinação de flexão e
cargas axiais. Embora em muitos pórticos regulares o nível de força axial proveniente da viga
seja baixo, este esforço pode atingir, em muitos casos, valores significativos. Uma descrição
de um programa experimental de ligações viga coluna, realizado na Universidade de Coimbra,
incluiu dezesseis protótipos, sendo nove com placa de extremidade ajustada e sete com placa
de extremidade estendida, Figura 2.122.
Em todos os testes, as colunas eram simplesmente apoiadas nas duas extremidades
fabricadas com perfis HEB240, e as vigas com perfis IPE240; a placa de extremidade tinha 15
mm de espessura, todos fabricados com um aço S275. Os parafusos usados foram M20, classe
10,9. Conforme mencionado anteriormente, nove ensaios experimentais foram executados
para a configuração de placa de extremidade ajustada, contemplando várias combinações de
flexão e nível de força axial. A aplicação de carregamentos nos ensaios consistiu de um nível
fixo de força axial de tração ou compressão e a aplicação subsequente de um momento fletor
negativo até o colapso da ligação.
No primeiro ensaio com placa de extremidade ajustada à altura da viga, FE1, só com
flexão, o momento foi aplicado por meio de um atuador hidráulico, localizado a um metro da
mesa da coluna. Nos testes seguintes - FE3, FE4, FE5, FE6, FE7, FE8 e FE9 - forças axiais
constantes de, respectivamente, -4%, -8%, -20%, -27%, -20%, + 10% e + 20% da resistência
88
plástica da viga foram aplicadas à viga. A configuração do ensaio experimental é ilustrada nas
Figuras 2.123 e 2.124, onde o momento de fletor está sendo aplicado com um atuador
hidráulico como uma carga concentrada agindo em uma viga em balanço.
62 96 62
30
62
74
74
M20 cl10.9
= 15 mm
314
314
240
156
156
IPE240
N
tp
54
54
HEB240
M 32 96 32
12
160
reação por (i) uma viga de aço, na parte superior e (ii) um bloco de concreto armado
protendido à laje de reação com barras de DYWIDAG e ligado a um perfil HEB 200 HEB, na
parte inferior – Figura 2.124.
desviador
(b)
(a) (c)
Figura 2.124 – (a) Pórtico dos ensaios (b) layout para aplicação de carga axial de compressão, (c)
célula de carga central
Figura 2.125 – (a) layout para aplicação de carga axial de tração; (b) atuador hidráulico.
90
Em todos os testes, uma força axial constante foi primeiro aplicada e mantida
constante durante todo o ensaio, com aplicação subsequente monotônica de um momento
fletor até o colapso da ligação. Duas descargas foram realizadas, a primeira para um momento
de 25 kNm (até 5KN.m, para eliminar uma possível folga) e a segunda para uma rotação de
20 mrad. O controle de força foi usado na primeira parte de cada teste, posteriormente
alterado para controle de deslocamento. Tendo em conta a necessidade de assegurar o
controle preciso da aplicação da força axial, um teste inicial foi executado (FE2) na faixa
elástica para calibrar a aplicação da força axial. Verificou-se que a aplicação da carga axial
com os cabos foi transmitida pela célula de carga central para a ligação, conforme mostrado
na Figura 2.127. Neste gráfico, pode-se observar que a força axial aplicada na ligação, medida
por meio de (i) extensômetros localizados na alma e mesa da viga, (ii) célula de carga central
ou (iii) pela superposição das células individuais produz resultados semelhantes.
Para níveis mais elevados de flexão, verificou-se que a rotação da viga causou uma
redução da força nos cabos inferiores e um incremento de carga dos cabos superiores. Por
conseguinte, atuadores hidráulicos foram colocados nos cabos inferiores para corrigir a força
axial à medida que a flexão foi aumentada. Ilustra-se na Figura 2.128, a variação da força
axial em cada um dos cabos para todos os testes. A diferença clara entre os testes FE3, FE4 e
FE5, FE6 reflete o fato de que apenas nos últimos quatro, os atuadores individuais foram
usados para corrigir o desequilíbrio de carga causado pela deformação da viga, levando assim,
a uma força axial aplicada praticamente constante.
As curvas momento versus rotação para os oito testes são apresentadas na Figura
2.129, onde pode ser observado que, mesmo para um nível de força axial de 27% da
resistência plástica da viga, o momento fletor ainda excede o resultado da flexão pura (FE1).
Além disso, o momento máximo foi obtido para um nível de carga axial de 20% da resistência
plástica da viga. Por outro lado, a aplicação de uma força de tração na viga resulta em uma
redução acentuada na resistência a flexão da ligação.
91
A Figura 2.130 mostra que, para todos os testes, a mesa de coluna em flexão apresenta
deformações gerando a plastificação completa da mesa.
-60 -140 -300
(5)
-50 -120 (5) -250 (5)
Axial Force (kN)
0 0 0
0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100
Bending Moment (kN) Bending Moment (kN) Bending Moment (kN)
-300
-250 (S)
1 2
Axial Force (kN)
y = -0,0496x - 250,03
-200
-150
-100
A influência do nível de força axial pode ser avaliada na Figura 2.131, comparando,
por exemplo, os testes FE1 e FE5. Para o teste FE1, a deformação de escoamento é atingida
com um momento de, aproximadamente 45 kNm. Para este nível de flexão a carga de tração
na primeira linha de parafusos, avaliada usando os extensômetros localizados na mesa da
viga, é igual a 333,4 kN. No entanto, no teste FE5, devido à contribuição da força axial
aplicada, a placa de extremidade atingiu a deformação de escoamento em um nível mais
elevado de momento aplicado.
92
Figura 2.130 - Curvas momento versus deformação, componente mesa da coluna em flexão.
Figura 2.131 - Curvas momento versus deformação, componente placa de extremidade em flexão.
Figura 2.133 – Configuração dos ensaios das ligações com placa de extremidade estendida.
Curvas momento versus rotação de todos os testes são ilustradas na Figura 2.135, onde
pode-se observar que a presença da força axial influencia o comportamento global das
ligações.
160
140
Bending Moment (kN.m)
A máxima resistência à flexão foi obtida no teste EE2, cujo nível de força axial de
compressão correspondeu a 10% da resistência de plástica da viga, gerando um valor 6%
maior do que o teste EE1 sem cargas axiais. Para todos os outros níveis de forças axiais de
compressão, os momentos resistentes máximos das ligações foram menores do que o atingido
no teste EE2. Para os dois testes com força axial de tração, EE6 e EE7, a resistência à flexão
foi menor do que o teste EE1 devido à mobilização prematura de componentes na zona
tracionada da ligação.
Na componente referente ao painel da alma da coluna em cisalhamento, grandes
deformações foram esperadas, uma vez que a ligação é de extremidade. Um exame da Figura
2.136, que apresenta as tensões principais medidas com auxílio da Roseta "B", localizada no
centro do painel de alma coluna em cisalhamento, mostra que esta componente atingiu o
limite de escoamento em todos os testes. Analisando os resultados das tensões de von Mises
obtidas neste mesmo ponto, observou-se que para o primeiro teste, EE1, o limite de
escoamento foi atingido para um momento igual a 98 kNm, sendo o menor nível de flexão em
que esta componente atingiu o limite de escoamento. Por outro lado, a resistência mais alta foi
verificada no segundo ensaio, EE2, 121 kNm, associado ao teste que apresentou a maior
resistência à flexão.
160 160
140 140
120 120
Moment (kN.m)
Moment (kN.m)
100 100
80 80
60 60
40 40
20 20
2 (MPa) 1 (MPa)
0 0
-1500 -1000 -500 0 500 1000 1500 0 250 500 750 1000
A Figura 2.137 ilustra as curvas momento versus deformação para a componente placa
de extremidade em flexão, obtidos com extensômetros lineares. Esta componente controla o
comportamento da ligação na zona tracionada. Para os testes com força axial de compressão,
foi observado um aumento da resistência desta componente, em contraste com os testes com
força axial de tração.
160
160
140
140
120
120
Moment (kN.m)
100
Moment (kN.m)
100
80
80
60
60
40
40
20
20
0
-12000 -9000 -6000 -3000 0 3000 0
Strain () -12000 -9000 -6000 -3000 0 3000
Strain ()
Figura 2.137 - Curvas momento versus tensão, componente placa de extremidade em flexão.
95
A Figura 2.138 sintetiza, para cada teste, a sequência de escoamento para todas as
componentes. Verifica-se claramente que, como mencionado anteriormente, com o aumento
da força axial de compressão, a componente relativa à mesa da viga em compressão torna-se
progressivamente mais crítica. Analogamente, com o aumento da força axial de tração, a
componente relativa à placa de extremidade em flexão torna-se a componente crítica.
As curvas momento versus rotação de todos os testes indicam que a presença da força
axial afeta significativamente o comportamento estrutural da ligação. A máxima resistência à
flexão foi obtida no teste EE2 cujo nível de força axial de compressão correspondeu a 10% da
resistência plástica da viga, um valor 6% maior do que o teste EE1 (sem qualquer carga
axial). Em contraste, nos dois testes com forças axiais de tração, EE6 e EE7, a resistência à
flexão foi menor do que no teste EE1 devido à mobilização prematura das componentes na
zona tracionada da ligação. Também foi verificado que a componente crítica da zona de
compressão da ligação foi a mesa da viga em compressão enquanto para a zona de tração, a
componente crítica foi a placa de extremidade em flexão, resultados já previstos usando as
especificações da parte 1.8 do Eurocode 3.
160 160
120
Moment (kN.m)
120
Moment (kN.m)
80 80
160 160
120
Moment (kN.m)
Moment (kN.m)
120
80 80
0 0
0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100
Rotation (mrad) Rotation (mrad)
160 160
120 120
Moment (kN.m)
Moment (kN.m)
80 80
0 0
0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100
Rotation (mrad) Rotation (mrad)
140 160
120
Momento (kN.m)
100
120
Moment (kN.m)
80
60
80
40
20
0
40 EE7 (N = + 20% Npl)
0 5 10 15 20 25 30 35
0 Rotação (mrad)
0 20 40 60 80 100
Rotation (mrad)
Embora o uso da ação mista esteja se tornando cada vez mais frequente no
dimensionamento de ligações semirrígidas, sua aplicação em áreas de momento negativo em
colunas de borda e canto presentes em pórticos ainda não é devidamente explorada. As
soluções para ligações semirrígidas mistas sob a ação de momento negativo baseiam-se em
duas condições. A primeira é que a armadura negativa, presente na largura efetiva da laje,
deve ter o comprimento de ancoragem necessário nas regiões de momento positivo. A
segunda condição realça a necessidade de um número mínimo de conectores de cisalhamento
para serem usados em regiões de momento negativo.
Estes conectores são necessários apesar do concreto não ser efetivo devido à
fissuração. Os conectores de cisalhamento podem transferir gradualmente a ação proveniente
das barras de armadura para a viga de aço. Esta transferência gradual de carga não ocorreria
se fosse feita apenas através de comprimento de ancoragem das barras. As soluções
estruturais mistas habituais empregam conectores tipo pino e barras de armadura negativas
devidamente ancoradas nas regiões de momento positivo.
Estas ideias motivaram o desenvolvimento do sistema de pórticos mistos que usa
conectores de cisalhamento Perfobond, [52] - [55]. Este conector, inicialmente adotado em
vigas mistas de pontes por Leonhardt foi usado pela primeira vez em edificações. Sua escolha
foi determinada devido ao fato de que além de garantir a aderência aço-concreto, ele também
permite uma melhor ancoragem das armaduras negativas nas colunas internas. Estas barras
podem ser ancoradas passando através dos furos do conector Perfobond ou simplesmente
serem sobrepostas à sua armadura transversal geralmente neles presentes.
As soluções usuais de dimensionamento para colunas externas usam barras de
armadura enlaçando a coluna. Este detalhe estrutural não é muito bem aceito por arquitetos
devido à dificuldade extra de adaptar as soluções de projeto arquitetônico para as fachadas do
edifício. A necessidade de enlaçar as colunas com armadura necessariamente produz o
97
alongamento da laje de piso criando uma saliência. Este detalhe complica a construção da laje
e o uso de painéis contínuos para fachadas. A solução proposta para ligações semirrígidas
mistas introduz um novo elemento da ligação, chamado conector TPerfobond, Figura 2.139.
Este conector tem o objetivo de transferir as forças das barras da armadura, localizadas na
região de momento negativo, diretamente para a mesa da coluna. Os outros elementos
presentes nas ligações internas e externas foram cantoneiras de alma e assento.
2
0 1
4
3
7
5 3
7
5
di
mens õ
di
m en
Figura 2.140 - Conectorsõe
desem m m
cisalhamento Perfobond original ee
s
emm m
modificado.
Perfobond e localização das barras de armadura dos testes são apresentados em Ferreira, [52],
[55].
A Figura 2.142 apresenta as curvas de carga versus deslizamento para todos os testes
executados onde é possível observar que a influência da malha da armadura sobre a
resistência ao cisalhamento do conector é menos significativa para os espécimes com barras
de armadura passando pelos furos do conector Perfobond. Espécimes sem barras de armadura
dentro dos furos Perfobond, PB 01 e 02 tiveram um aumento de 40% na carga experimental
quando comparadas com os valores previstos. Isto foi causado pela resistência adicional
fornecida por uma malha de armadura usada nestes espécimes.
O pórtico de dois andares foi feito com três colunas, formando dois vãos de 4,5 e 6 m
com uma altura total de 3,6 m. O primeiro nível foi composto de uma viga mista com uma
laje de concreto moldada no local com 120 mm de espessura e 1,5 m de largura. Esta viga
mista continha todos os componentes do sistema construtivo, isto é, o conector de
cisalhamento Perfobond, o conector TPerfobond, cantoneiras de alma e assento e barras de
armadura. As vigas do segundo nível foram feitas por seções de aço laminadas, sem a laje de
concreto. As três colunas usaram seções soldadas de aço WWF300x56.5 (bf = 200 mm, tf =
12,7 mm, tw = 8 mm, h = 300 mm) com solda de filete com pernas de 5 mm. Todas as vigas
foram feitas com seções laminadas de aço I 10" x 37.7 (bf = 118 mm, tf = 12,7 mm, tw = 8
mm, h = 254 mm). As Figuras 2.144 a 2.146 ilustram a configuração de ensaio adotada para o
pórtico misto estudado, bem como a localização dos extensômetros usados na viga, laje e
armaduras.
A Figura 2.147 ilustra os detalhes da ligação interna e externa do primeiro nível onde
as ligações usaram cantoneiras de assento 127 x 127 x 9.5 mm, dupla cantoneira de alma 127
x 89 x 9.5 mm e parafusos A325 com 19 mm de diâmetro. As ligações mistas das colunas
externas usaram o conector TPerfobond. As ligações do segundo nível foram feitas com
cantoneiras 76 x 76 x 9.5 mm onde as cantoneiras da alma adotaram parafusos A325 de 19
mm e 16 mm de diâmetro, nas abas ligadas a alma da viga e a mesa da coluna,
respectivamente. As cantoneiras de assento usaram parafusos A325 com 16 mm de diâmetro.
As Figuras 2.147 e 2.148 mostram os detalhes das ligações do segundo nível.
interessantes podem ser tiradas. Usando os valores previstos usualmente para os conectores
Perfobond e pino foi possível determinar que, para a viga mista investigada, cada conector
Perfobond é equivalente a 4,7 conectores tipo pino. Este número, descartando a contribuição
dos conectores TPerfobond das colunas externas, totaliza 15 e 24 conectores tipo pino para
serem usados no menor e maior vão da viga mista.
A Figura 2.151 mostra curvas carga versus deslocamento em pontos centrais do menor
e maior vãos, primeiro nível. Os deslocamentos verticais máximos foram de 7,5 e 46 mm,
respectivamente.
Quando a carga chegou a 160kN por macaco, uma configuração significativamente
deformada foi alcançada no pórtico ultrapassando substancialmente seu estado de limite de
utilizaçao (uma flecha de 45 mm foi medida no centro do maior vão). Em torno deste nível de
carga, a laje apresentou uma configuração de fissuras distribuídas perto do local de
ancoragem do TPerfobond na coluna externa. Apesar deste fato, nenhum colapso de
componente ou membro foi atingido.
102
160 160
(LVDT[4]+LVDT[5])/2
140 140
120 120
Load (kN)
Load (kN)
0 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Vertical displacement (mm) Vertical displacement (mm)
Figura 2.151 - Curvas carga versus deslocamento no centro dos vãos menor e maior.
Uma vez que o colapso não foi atingido, dois ensaios adicionais foram realizados para
induzir o seu colapso. Para atingir este objetivo, antes de realizar os novos ensaios todas as
cantoneiras de assento foram removidas e os parafusos da ligação do TPerfobond à coluna
externa foram afrouxados. Com estas medidas, os únicos componentes ativos das ligações
foram as duplas cantoneiras de alma visando simular ligações simplesmente apoiadas. Por
outro lado, as ligações internas ainda poderiam mobilizar as barras de armadura de momento
negativo e duplas cantoneiras de alma. O pórtico foi carregado uma vez mais até 160kN por
atuador, mas novamente, nenhuma falha foi atingida.
Curvas carga versus rotação para ligações internas e externas mistas foram obtidas
através de curvas carga versus deslocamento. Apesar do pórtico misto ter sido contraventado
na sua parte superior e inferior por cabos de aço, a estrutura deslocou-se longitudinalmente
afetando as rotações da ligação. As correções das rotações foram feitas a partir da rotação da
coluna com a qual a ligação foi conectada.
A rotação da ligação mista externa foi avaliada em duas etapas: primeiro a rotação
global da ligação foi avaliada descartando os deslocamentos laterais da coluna. Esta
inclinação foi determinada com o auxílio de um LVDT posicionado sobre a mesa inferior da
viga perto da aba externa da cantoneira de assento. O ângulo de rotação da coluna foi avaliado
usando um LVDT posicionado na mesa externa da primeira coluna. A Figura 2.152 mostra as
curvas carga versus rotação da ligação externa com e sem a correção do deslocamento lateral
da coluna onde sua influência pode ser facilmente observada.
180
Connection 1 – experimental
160 rotation without correction
140
120
Load (kN)
100
80
60
Connection 1 – experimental
40 rotation corrected with
column 1
20
0
0 5 10 15 20 25 30 35
Rotation (mrad)
Figura 2.152 - Curvas de carga versus rotação da ligação externa.
Load (kN)
120
Connection 2 – LVDT
100 7 – TEST 8
(Figura 2.153). Na segunda alternativa, a curva80foi construída considerando apenas os
Connection 2 – LVDT
60
resultados dos testes 7 e 8 medidos a partir do LVDT.
40
Quando duas curvas
7 – TEST 7 são comparadas, é
possível observar que quando apenas as leituras do20LVDT são consideradas, a rigidez inicial
da ligação não muda, mas a rotação máxima registrada0
0
é reduzida
5 10
de
15
33,420
para
25
31,4
30
mrad.
35
Rotation (mrad)
180 180
Connection 2 – dial gauge 5 – TEST 5 Connection 2 – experimental rotation obtained with
160 160
LVDT 07 disregarding TESTS 5 & 6
140 Connection 2 – dial gauge 5 – TEST 6 140
Load (kN)
Load (kN)
120 120
Connection 2 – LVDT
100 7 – TEST 8 100
80 80
Connection 2 – LVDT
60 60
7 – TEST 7
Connection 2 – experimental
40 40 rotation obtained with dial
20 gauge 5 and LVDT 07
20
0 0
0 5 10 15 20 25 30 35
0 5 10 15 20 25 30 35
Rotation (mrad) Rotation (mrad)
Figura 2.153
180 - Curvas carga versus rotação da ligação interna sem correção da coluna: DG5; LVDT7;
160 Connection 2 – experimental rotation obtained with 180
LVDT7TESTS
LVDT 07 disregarding (apenas
5&6 testes 7 & 8) e combinados
160
DG5
Connection + LVDT7.
2 – experimental rotation
140 obtained with dial gauge 5 and LVDT
07 – corrected with column 1
Load (kN)
120 140
Infelizmente,
100 devido a um problema, as leituras 120 dos deslocamentos laterais da coluna
Load (kN)
80 100 Connection 2 – experimental rotation
interna não60 puderam ser usadas. Duas opções para 80 avaliar a rotação da coluna foram obtained with dial gauge 5 and LVDT
07 – without correction
Connection 2 – experimental
consideradas40 levando em conta os deslocamentos
rotation obtained with dial 60laterais da primeira e terceira colunas
gauge 5 and LVDT 07
externas. A20Figura 2.154 apresenta duas alternativas40 para
20
esta correção: com o LVDT ou com Connection 2 – experimental rotation
obtained with dial gauge 5 and LVDT
0 07 – corrected with column 3
o relógio comparador.
0 5 10 15 20 25 30 35 0
0 20 5 10 15 25 30 35
Rotation (mrad)
Rotation (mrad)
180 180
Connection 2 – experimental rotation Connection 2 – experimental rotation
160 obtained with dial gauge 5 and LVDT 160 obtained with LVDT 07 corrected with
07 – corrected with column 1 column 3, disregarding TESTS 5 & 6
140 140
120 120
Load (kN)
Load (kN)
de ligação,
60 as de extremidade e as internas, foram estudados incorporando barras de armadura
negativas em quantidade suficiente para não gerar um engastamento perfeito e sim, um
40 Connection 2 – experimental rotation
obtained with dial gauge 5 and LVDT
20
engastamento
0
parcial otimizando as parcelas resistentes à compressão e a tração.
07 corrected with column 3
Conectores
5 de
10 cisalhamento
15 20 25 Perfobond
30 35 foram usados nos trechos de momento positivo
Rotation (mrad)
para garantir a ação mista e ancorar parte das barras negativas nas ligações externas. Foi
concebida também uma variação do conector Perfobond chamado TPerfobond para
ancoragem das barras negativas em colunas de extremidades sem a necessidade de estender a
laje além da face externa das colunas.
O programa experimental gerou uma série de desafios no sistema de instrumentação
concebido pois o valor do momento de engastamento parcial nas ligações externas e internas
só pode ser aferido de forma indireta. Uma das alternativas para sua determinação usou
LVDTs e relógios comparadores posicionados ao longo da viga e da coluna. Este processo
mostrou-se eficiente no trecho linear elástico onde fórmulas clássicas para as rotações e
flechas das vigas podem ser obtidas. Porém, esta correlação mostrou-se ineficiente à medida
que a plastificação da viga começou a ocorrer. Outra alternativa usada partiu da distribuição
de tensões medidas em pontos ao longo da mesma seção transversal da viga, mas também não
se mostraram eficientes.
104
Cada uma das componentes, ou variáveis que são representadas na Figura 2.155,
possui inúmeros possíveis níveis de variações que influenciam direta ou indiretamente no seu
comportamento. A combinação de todas variáveis e seus níveis gera uma quantidade de
ensaios desproporcional, de forma que é necessária a redução destes elementos para que se
105
alcance uma quantidade coerente de ensaios. Uma nova organização para os ensaios gera uma
tabela com as principais componentes mais significativas, Tabela 2.9.
O comprimento da armadura é calculado através da combinação do espaçamento dos
conectores, representados pela distância da face externa da mesa da coluna até o primeiro
conector, d1, e do espaçamento entre os próprios conectores, d2. De forma a criar uma série de
experimentos com uma quantidade reduzida de ensaios apresenta-se um método conhecido
como Projeto Robusto, desenvolvido por Taguchi [57]. Da década de 1950 em diante,
Taguchi desenvolveu uma metodologia que utilizou a aplicação de métodos estatísticos
objetivando melhorar a qualidade dos produtos manufaturados, que realiza uma distribuição
coerente das variáveis dentro de seus níveis, através de arranjos de combinação, representados
por matrizes. Fazendo a conversão para forma das variáveis e seus níveis reais, é obtida a
Tabela 2.10, apresentada a seguir.
Tabela 2.9 – Descrição final das componentes e as suas características mais comuns.
A partir desta combinação de variáveis podem ser realizadas variações desta tabela,
onde alguns modelos de confinamento da laje são propostos, [58], [59], [60]. Estes modelos
de confinamento buscam representar a continuidade da laje de concreto como ocorre em
estruturas tradicionais, mas aplicada em elementos de escala reduzida, através de contenções
em torno de todo o seu contorno ou parcialmente. São propostos quatro níveis de
confinamento para estes ensaios. Inicia-se com o confinamento total, e partir daí, apresenta-se
o confinamento parcial, sem confinamento e avaliação do comprimento de ancoragem da
armadura, que serão explicados detalhadamente a seguir. O ensaio busca simular, ou
reproduzir, a região de momentos negativos, onde ocorrem fissuras, devido à tração no
concreto da seção mista. Desta forma, transforma-se o ensaio push-out criando um ensaio de
arrancamento, ou pull-out usando as barras de armadura, de modo que o concreto das lajes
seja tracionado. Os modelos de pull-out subdivididos pelos modos de confinamento serão
comentados e apresentados de acordo com o nível de confinamento, Figura 2.156. Os modos
de contensão ou confinamento do concreto são de dois tipos, os laterais e os longitudinais, ou
uma combinação destes.
106
O confinamento total, constituído pelas placas de cor verde em torno das lajes de
concreto, apresentado na Figura 2.157, busca representar a continuidade da laje, a qual simula
a existência de uma laje de largura e comprimento de modo a representar a continuidade em
todas as direções laterais, situação encontrada na condição real. A Figura 2.158, enfoca a
continuidade da laje na direção longitudinal do elemento, ou seja, na direção da ação de
tração, e, diferentemente do modelo anterior, não possuirá mais a contenção lateral, gerando
confinamento parcial.
107
Um sistema de vigas metálicas foi criado para prender o ensaio na laje de reação, de
forma que as barras de armadura fossem tracionadas pela aplicação de carga através de um
atuador hidráulico, Figura 2.162.
109
O ensaio inicial, PO 0.1, teve por objetivo obter os primeiros dados de resposta da
estrutura, buscando calibrar os valores das cargas aplicadas, e o modo de colapso da barra de
armadura. Seu principal objetivo foi preparar uma estrutura de ensaio que resistisse às
solicitações de modo a apresentar resultados confiáveis, sem comprometer a segurança. No
segundo ensaio, PO 0.2, não ocorreram problemas na estrutura de travamento, de forma que
foram realizados todos os procedimentos necessários para iniciar e finalizar com o seu
colapso, ocorrendo somente um colapso diferente do modo previsto. O modo previsto era
inicialmente romper a barra da armadura, e na verdade, ocorreu a ruptura do conector por
cisalhamento.
O concreto foi produzido em laboratório, e seu traço foi gerado a partir de um estudo
de dosagem experimental. A armadura foi dividida em três diferentes tipos, cada tipo com sua
respectiva função. O primeiro tipo de armadura teve a função de medir a deformação do
concreto, através da colocação de extensômetros ao longo do seu comprimento, com os
extensômetros posicionados próximos a linha dos conectores de cisalhamento. Neste ponto
usou-se a hipótese que esta região, que iria cruzar a linha de fissuras na laje de concreto, teria
uma deformação nesta barra de diâmetro igual a 5 mm, semelhante à deformação do concreto
na sua vizinhança. O segundo tipo de armadura foi caracterizado pelos estribos, os quais
seguiram as recomendações do EC4 [64]. Estas barras tinham o objetivo de controlar a
fissuração da laje, e foram dispostas nas direções longitudinais e transversais distribuídas ao
longo do comprimento da laje. O último tipo de armadura teve um diâmetro de 16 mm. Ela
foi fixada na outra extremidade por placas de aço, através de um corte nesta placa, onde se
encaixa a barra de armadura, local onde a mesma foi soldada. As armaduras foram
posicionadas próximas ao ponto correspondente a um terço da largura da laje. Um par de
extensômetros foi colocado em cada ponto onde se desejava medir estas deformações. Outro
par de extensômetros foi posicionado em cada barra externamente a laje de concreto e os
restantes nas proximidades dos intervalos entre os conectores de cisalhamento, Figura 2.163.
110
A viga deste ensaio foi constituída pelo perfil W410x46,1 da AÇOMINAS de aço tipo
ASTM A-572, com dimensões 410 x 140 x 6,7 x 11,2, sendo altura, largura da mesa,
espessura da alma e espessura da mesa, respectivamente, Figura 2.164. O comprimento deste
perfil foi de 1000 mm. Neste ensaio também foram usados perfis de travamento longitudinal
da estrutura mista constituídos dos perfis U 6”x 12,5 laminados em aço tipo ASTM A-36,
sendo considerados perfis de travamento do primeiro nível. Para o travamento transversal,
também chamado de perfil de travamento do segundo nível foram utilizados perfis I3”x10 em
aço tipo ASTM A-36. Os conectores de cisalhamento, soldados na mesa do perfil metálico
possuíam a função de impedir o deslizamento da laje de concreto em relação ao perfil
metálico, utilizando no ensaio de pull-out PO 0.1, três conectores e no pull-out PO 0.2, dois
conectores de 19,1 mm, com comprimento de 120 mm. Os dois pré-ensaios PO 0.1 e PO 0.2
utilizaram o mesmo perfil metálico principal, Açominas, W 410 x 46,1, de aço tipo ASTM A-
572 Gr. 50. O pré-ensaio PO 0.1 utilizou três conectores de cisalhamento, posicionados no
centro da largura da mesa e longitudinalmente espaçados de 250 mm da extremidade até o
primeiro conector e entre conectores distanciados de 200 mm. O pré-ensaio PO 0.2, usou dois
conectores de cisalhamento soldados em cada uma das mesas, espaçados da extremidade do
perfil da viga 250 mm e 200 mm entre os mesmos.
PLL-0.1WC
PLL-0.2WC
A laje de concreto foi composta por duas partes iguais, de dimensões 120 x 600 x 100
mm, sendo cada parte ligada a uma das mesas da viga de aço. Para a armadura principal dos
ensaios utilizou-se o mesmo comprimento de 650 mm de ancoragem e comprimento total de
1050 mm, Figura 2.165, sendo que cada laje contém duas barras. As armaduras dos estribos
foram compostas por armadura longitudinal e transversal. A armadura longitudinal
posicionada na maior dimensão da laje, paralela a viga metálica mede 960 mm, com um
111
Estribos
960
560
130 200 200 215 215
77
95
Figura 2.165 – Armaduras.
Uma série de extensômetros, dois a cada ponto da barra, colados na parte externa ao
concreto, mediram deformações sem a influência do concreto e outros dois pares posicionados
internamente, mediram as deformações com relação ao conjunto aço-concreto sob tração. O
par de extensômetros foi posicionado bem próximo da laje de concreto, pressupondo-se ser o
ponto externo com maior nível de tensão na barra. Os pares internos foram posicionados de
forma a obter o comportamento nas barras na região entre os conectores de cisalhamento,
Figura 2.166.
PO - 0.2 PO - 0.1
350
Lado 1 350 200
55 55
350
Lado 2 350 200
55 55
112
7 10 9 7 10
5 6 3 4
5 6
3 5
6 5
O modo de ruptura previsto para o pull-out PO 0.1 foi a ruptura da barra de armadura
com uma carga aplicada de 402,0 kN, sendo seguida pela ruptura da ancoragem com 569,4
kN, não ultrapassando a capacidade de aplicação da carga do atuador hidráulico que era de
1000 kN. O ensaio PO 0.1, iniciou-se com uma série de pré-ensaios que serviram para obter
resultados preliminares e principalmente, preparar a estrutura de ensaios ou estrutura de
travamento resistente e eficiente o suficiente para realizar outros ensaios finais.
Previamente foi realizado um ensaio de pré-carga na estrutura, buscando alcançar em
torno de 20% da sua carga de ruptura, o qual ocorreu sem nenhum problema. No dia seguinte
foi realizado o ensaio definitivo do PO 0.1, conforme recomendações do EC4 [64], iniciando
com o processo de carregamento e descarregamento, consistindo na aplicação de uma carga
de 20% da carga de ruptura prevista e descarregá-la, realizando este processo 25 vezes. Após
esta etapa realizada iniciou-se a aplicação de carga numa velocidade moderada até seu
colapso. Sendo assim, o atuador hidráulico logo que ultrapassou os 30% da carga prevista
deslocou-se interrompendo o ensaio. O deslocamento do atuador hidráulico ocorreu devido à
cabeça do seu curso ser rotulada. Duas outras tentativas foram realizadas e por fim, optou-se
pela retirada deste elemento rotulado, Figura 2.168, deixando somente o curso do atuador
hidráulico fixo, por medida de segurança. A ruptura da barra da armadura principal com uma
carga aplicada de 513 kN foi o estado limite último do ensaio.
O ensaio PO 0.2, ocorreu normalmente como previsto, desde o início com a aplicação
do carregamento e descarregamento até o colapso. O ensaio PO 0.2 é diferenciado do PO 0.1,
pois somente dois conectores de cisalhamento em cada mesa da viga são usados enquanto o
PO 0.1 possui três em cada mesa. A previsão de ruptura também é igual ao PO 0.1, rompendo
a barra da armadura com uma força aplicada de 402 kN, porém, sua ruptura ocorreu no
conector de cisalhamento com uma carga de 473 kN, Figura 2.169.
Os ensaios realizados após os pré-ensaios denominados como definitivos possuíram
dimensões idênticas as dos pré-ensaios. As diferenças destes ensaios para os ensaios
anteriores, estão nas suas fôrmas, já que foram confeccionadas com chapas de compensado
naval, as varetas para medição da deformação não foram empregadas e a utilização de um
perfil metálico mais compacto, porém mantendo a altura anterior. Nesta série foram realizadas
4 diferentes configurações de ensaios, PO1X, PO2X, PO7X e PO8X com um modo específico
de ruptura, onde cada uma das séries possui três repetições, totalizando doze ensaios.
113
Nos ensaios definitivos, os perfis que unem as lajes de concreto foram modificados,
porém, manteve-se a altura, utilizando o W410x60 juntamente com as barras de armadura
principal e as placas de travamento soldadas em suas extremidades. A estrutura que compõe
todo o travamento foi mantida, uma nova placa de distribuição da força aplicada pelo atuador
hidráulico foi utilizada. O concreto utilizado foi usinado, devido à grande quantidade de
espécimes a serem concretados. O fck requerido foi de 30 MPa, sendo que nos ensaios de
ruptura dos corpos de prova deste concreto obteve-se uma média de resistência a compressão
de 28 MPa. As armaduras utilizadas nestes ensaios foram as mesmas dos pré-ensaios,
variando somente seus comprimentos de ancoragem, de acordo com cada modelo e modo de
ruptura. No entanto, devido à ineficiência das varetas para medição da deformação do
concreto, estas foram dispensadas. Os conectores de cisalhamento foram os mesmos
utilizados dos pré-ensaios, sendo que a solda foi realizada com equipamento específico de
solda para conectores de cisalhamento. Os doze ensaios utilizaram o mesmo perfil metálico
principal, Açominas, W410x60, de aço tipo ASTM A-572 Gr. 50. Os elementos de
travamento utilizados foram os mesmos dos pré-ensaios juntamente com o mesmo sistema
estrutural de travamento. A distribuição dos conectores variou de acordo com cada série,
sendo utilizadas quatro diferentes distribuições, Figuras 2.170 e 2.171.
A laje de concreto foi mantida com as mesmas dimensões, no entanto, a geometria
mista foi alterada devido ao aumento da altura da viga metálica, Figura 2.172. Em cada série
de ensaios variou-se o comprimento das suas armaduras principais, Figura 2.172, de modo a
obter um respectivo modo de ruptura.
A série de ensaios PO-1X possui duas barras principais com 1150 mm, sendo que 650
mm estão embutidos no concreto com diâmetro de 16 mm. A série de ensaios PO-2X possui
quatro barras principais de diâmetro 20 mm e com 1000 mm de comprimento, sendo que 500
mm estão embutidos no concreto. A série de ensaios PO-7X possui duas barras principais de
diâmetro 20 mm e com 950 mm de comprimento, sendo que 450 mm estão embutidos no
concreto. A série de ensaios PO-8X possui quatro barras principais de diâmetro 16 mm e com
800 mm de comprimento, sendo que 300 mm estão embutidos no concreto.
114
PO - 1X PO - 2X
Figura 2.170 – Distribuição dos conectores PO-11, PO-12 e PO-13 e PO-21, PO-22 e PO-23.
PO - 7X PO - 8X
Figura 2.171 – Distribuição dos conectores do PO-71, PO-72 e PO-73 e PO-81, PO-82 e PO-83.
PO-1X PO-7X
1150 950
500 450
600
1000
120
PO-2X
1000
407
647
500
120
Figura 2.172 – Seção mista e armaduras principais da segunda etapa dos ensaios.
516,21 kN. Os problemas ocorridos foram com relação à fabricação dos elementos dos
ensaios, mais especificamente a solda entre o conector de cisalhamento e a viga de aço. Este
modo de ruptura não foi previsto nos ensaios, pois se considerava que esta solda garantiria a
ancoragem dos conectores de cisalhamento diante de todas as solicitações impostas durante os
ensaios. Na Figura 2.176, pode ser visto com mais detalhe, a base do conector de
cisalhamento praticamente intacta, confirmando a hipótese de baixa amperagem no
equipamento de solda, gerando uma fusão insuficiente entre os materiais, tornando a
resistência da solda inferior à resistência dos outros elementos do ensaio.
1150
460 390 300
310
460 40 350
550
PO - 1X PO - 8X
950
1000
460 390 100
460 340 200
310
310 460 40 350
460 40 300 550
550
PO - 2X PO - 7X
7 8 8 7
5 6
5 6 3 4
3 5
6 5
previsto, atingindo uma carga última de 474,28 kN para o PO-82, 445,91 kN para o PO-83,
sendo que a carga de ruptura prevista era de 475,63 kN.
2439,02
300,00
250,00
Carga [kN]
200,00
GAGE 0
150,00
GAGE 1
100,00 GAGE 4
GAGE 5
50,00
limite de
escoamento
0,00 2439,02
-500 0 500 1000 1500 2000 2500 3000
Deformação []
2439,02
300,00
250,00
Carga [kN]
200,00
GAGE 2
GAGE 3
150,00
GAGE 6
GAGE 7
100,00
limite de
escoamento
50,00
0,00 2439,02
0 500 1000 1500 2000 2500 3000
Deformação []
300,00
250,00
Carga [kN]
200,00
150,00
100,00
LVDT 1 [mm]
LVDT 2 [mm]
50,00
LVDT 7 [mm]
LVDT 8 [mm]
0,00
-6,00 -4,00 -2,00 0,00 2,00 4,00 6,00
Deslocamento [mm]
2439,02
500,00
400,00
GAGE 10
Carga [kN]
GAGE 11
300,00
GAGE 14
GAGE 15
200,00 limite de
escoamento
100,00
0,00 2439,02
-1000,00 0,00 1000,00 2000,00 3000,00 4000,00 5000,00 6000,00
Deformação []
500,00
400,00
Carga [kN]
300,00
200,00
LVDT 1 [mm]
LVDT 2 [mm]
100,00
LVDT 7 [mm]
LVDT 8 [mm]
0,00
-25,00 -20,00 -15,00 -10,00 -5,00 0,00 5,00
Deslocamento [mm]
450 2439,02
400
350
300
Carga [kN]
250
200
150 GAGE 2
GAGE 3
100
GAGE 7
50 limite de escoamento
0 2439,02
0,00 500,00 1000,00 1500,00 2000,00 2500,00 3000,00
Deformação []
350,00 400,00
GAGE0
300,00 350,00
GAGE1
Carga [kN]
GAGE8 300,00
Carga [kN]
250,00 GAGE2
GAGE9 250,00
GAGE3
200,00
limitede 200,00 GAGE10
150,00 escoamento
GAGE11
150,00
100,00 limitede escoamento
100,00
50,00
50,00
400,00 400,00
350,00 350,00
Carga [kN]
GAGE4
GAGE14
200,00 GAGE12 200,00
GAGE15
150,00 GAGE13
150,00
limitede
limitede escoamento
100,00 escoamento 100,00
50,00 50,00
estrutural de modo a obter modos alternativos de ruptura. O colapso ocorreu com a ruptura da
ancoragem da barra de armadura, mais precisamente no lado II, instrumentados pelo grupo de
extensômetros g7 e g8, com uma carga igual a 445,91 kN.
O ensaio PO-0.1 usou duas barras de armadura principais de 16,0mm com um
comprimento de ancoragem de 650 mm em cada um dos lados da laje, lado I e lado II, sendo
o lado I representado pelos grupos g3, g4, g5 e g6 e o lado II pelos grupos g7, g8, g9 e g10,
com três conectores de cisalhamento soldados em cada uma das vigas. O colapso ocorreu com
a ruptura da barra de armadura de número 1, com o modo de ruptura previsto com uma carga
igual a 530 kN. No gráfico apresentado na Figura 2.189 pode ser observado o comportamento
carga versus deformação do grupo de extensômetros g2B, que se encontra fora da laje de
concreto no lado II ou lado B. Pode ser observado que os extensômetros 35 e 36 da Figura
2.189 ultrapassam o limite de escoamento. No gráfico apresentado na Figura 2.189 pode ser
observado o comportamento carga versus deformação do grupo de extensômetros g3, que se
localizam na barra vertical número 1, lado I, que estão imersos na laje de concreto.
400,0000 400,0000
GAGE 21
Carga [kN]
Carga [kN]
GAGE 22
300,0000 GAGE 35
300,0000
GAGE 36
limite de escoamento
200,0000 200,0000
100,0000 100,0000
0,0000 0,0000
-500,00 0,00 500,00 1000,00 1500,00 2000,00 2500,00 3000,00 -500,00 0,00 500,00 1000,00 1500,00 2000,00 2500,00 3000,00
Deformação [e] Deformação [e]
500
400
Carga [kN]
300
LVDT 1
LVDT 2 200
LVDT 8
LVDT 9
100
LVDT 10
0
-25,00 -20,00 -15,00 -10,00 -5,00 0,00 5,00 10,00
Deslocamento [mm]
400,0000
350,0000
300,0000
GAGE 3
250,0000
Carga [kN]
GAGE 4
GAGE 11
200,0000
GAGE 12
GAGE 15
150,0000
GAGE 16
GAGE 23
100,0000
GAGE 24
0,0000
-2000,00 0,00 2000,00 4000,00 6000,00 8000,00 10000,00
Deformação [e]
A Figura 2.192 apresenta a curva carga versus deslocamento dos LVDTs 1 e 2 da parte
inferior que medem o deslocamento relativo entre o perfil metálico e a base inferior da laje de
concreto. Na mesma Figura 2.192 são apresentadas as curvas carga versus deslocamento dos
LVDTs 8, 9 e 10 correspondentes aos deslocamentos laterais do pull-out, na direção da
largura das lajes de concreto, e os LVDTs 3, 6 e 7 apresentam os deslocamentos verticais do
pull-out, sendo medidos na porção superior das lajes de concreto, Figura 2.192.
400,0000
LVDT 1
LVDT 2
350,0000
LVDT 3
300,0000 LVDT 4
LVDT 5
Carga [kN]
250,0000 LVDT 6
LVDT 7
200,0000 LVDT 8
LVDT 9
150,0000 LVDT 10
LVDT 11
100,0000 LVDT 12
LVDT 13
50,0000
0,0000
-12,00 -10,00 -8,00 -6,00 -4,00 -2,00 0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00
Deslocamento [mm]
modo de ruptura devido à obtenção de uma maior resistência nas barras de armadura, tendo os
conectores de cisalhamento como elementos de menor resistência nesse conjunto, rompendo
com uma carga bem próxima a da previsão teórica. Pode-se concluir que a resistência do
conector de cisalhamento não foi alterada pela região de momentos negativos, onde a laje de
concreto encontra-se fissurada.
Na Tabela 2.11 apresenta-se uma comparação entre os comportamentos de um
extensômetro imerso e outro externo à laje de concreto, do ensaio PO-11. Através da Tabela
2.11 observa-se com clareza a influência do concreto que envolve a barra de armadura e a
contribuição de rigidez e resistência para esta barra de armadura.
Tabela 2.11 – Comparação entre extensômetro (GAGE 2) envolvido pelo concreto e extensômetro
(GAGE 6) externo a laje de concreto. PO-11.
A Figura 195 apresenta a configuração do ensaio final, onde o efeito da largura efetiva
da laje também pode ser investigado.
de ancoragem. Outro aspecto que deve ser melhor investigado diz respeito ao efeito benéfico
da área comprimida do concreto confinando a área tracionada.
Teste Carga máxima (kN) Flecha máxima (mm) Flecha Residual (mm)
a
1 1 Pré-carga 57,6 37,8 3,7
1 2a Pré-carga 100,8 69,7 5,3
1 3a Pré-carga 139,2 99,5 20,3
1 Teste final 240,0 225,1 ----------------------
2 1a Pré-carga 28,0 15,2 1,9
2 Teste final 284,6 452,6 ----------------------
Figura 2.197 - Esquema geral dos experimentos e curva carga versus deslocamento vertical do ponto
central da viga, 1º teste.
A Figura 2.199 apresenta curvas carga versus deformações, medidas por dois
extensômetros localizados na mesa inferior, a 200 mm do centro da viga. Um comportamento
não-linear inicia-se para valores de carga superiores a 120 kN. O escoamento do aço, ocorreu
com valores de carga iguais a 176,8 kN e 187,5 kN, respectivamente, ou seja uma diferença
de 6%. Na carga última, as deformações atingiram 1,9 e 1,6 vezes a deformação de
escoamento, y.
y y
Figura 2.199 - Carga versus deformação normalizada, 1º teste.
Figura 2.200 – Configuração deformada e curva carga versus deslocamento vertical do ponto central
da viga, 2º teste.
A Figura 2.201 apresenta curvas carga versus deformação para dois pontos localizados
na mesa superior da seção formada a frio a 150 mm do centro da viga. As curvas são quase
idênticas, apresentando um comportamento linear para cargas inferiores a 109 kN. A
deformação de escoamento ocorreu para valores de carga correspondentes a 196,4 kN e 193,5
kN. Quando a carga aplicada atingiu o seu valor máximo, as deformações foram cinco vezes
os valores de escoamento. A Figura 2.201 também mostra curvas carga versus deformações
para duas barras de armadura posicionadas a 150 mm do centro da viga. Os gráficos são quase
idênticos, e o escoamento ocorreu com uma carga de 220 kN.
y y
Figura 2.201 - Carga versus deformação normalizada, 2 teste.
novamente o vão máximo permitido para a seção transversal formada à frio testada, que para
cargas usuais de edifícios de andares múltiplos, seria adequada para vãos de até 7,5 m.
Os testes não apresentaram deslizamento na interface aço versus concreto confirmando
que conectores de cisalhamento soldados na alma da seção de aço, geralmente usados em
vigas laminadas de aço tipo WWF, não são necessários para as seções formadas a frio
testadas. Isto ocorreu principalmente devido à resistência adicional gerada pelo confinamento
do concreto.
Um dos aspectos mais interessantes deste trabalho experimental consistiu no processo
construtivo destes elementos e foi executado em três etapas. A primeira englobou a dobra dos
perfis para sua conformação mecânica. Em seguida, efetuou-se a solda destes elementos
isolados até a formação da seção I. Por fim, foi feita a concretagem que foi executada em dois
dias, ou seja, um para cada lado do perfil. O confinamento do concreto mostrou-se
extremamente efetivo dispensando o uso de conectores soldados à alma da viga, comuns e
necessários quando perfis de aço laminados ou soldados são usados ao invés dos perfis
formados a frio adotados.
A instrumentação adotada usou extensômetros, LVDTs e relógios comparadores, onde
o ponto chave foi a medição do deslizamento na interface aço-concreto. Isto foi feito com
LVDTs posicionados no perfil de aço medindo o deslocamento relativo do concreto nesta
região e contribuindo para o entendimento do alto confinamento do concreto dentro do perfil
adotado. Flechas e possíveis movimentos de corpo rígido também foram monitorados no
sistema de laje proposto com LVDTs e relógios comparadores. Extensômetros foram usados
para determinar a distribuição de deformações no perfil de aço de modo a avaliar o seu real
desempenho estrutural. Rótulas universais e caixas de roletes foram utilizadas nos apoios e
pontos de aplicação de carga para garantir seu desempenho adequado dentro do modelo
estrutural concebido como biapoiado sob a ação de cargas concentradas.
Figura 2.204 - Perfil formado à frio testado e parafusos autobrocantes usados como conectores de
cisalhamento.
O sistema de laje mista testado teve 4,5 metros de comprimento e 950 mm de largura,
Figura 2.205. Dois vãos foram testados 3,0 m e m 4.3 e o concreto adotado teve apresentadas
uma resistência à compressão de 44 MPa enquanto o limite de elasticidade do aço perfil foi de
320MPa.
131
Deslocamentos verticais (R3, L2, L3, L4) e laterais (R1, R5) assim como o
deslizamento entre o perfil de aço e concreto nas extremidades lajes (R2, R4, L1, L5) foram
monitorados com cinco LVDTs e cinco relógios comparadores, como mostrado na Figura
2.206. Deformações foram obtidas com o dez extensômetros ao longo da laje, Figura 2.206.
Figura 2.206 - Distribuição de LVDT & Extensômetros para lajes com vão: 4,3 m & 3.0 m.
60.0
50.0
40.0
Total Load (kN)
30.0
20.0
10.0
0.0
0.0 5.0 10.0 15.0 20.0
4,3m Span
3,0m Span
Figura 2.207 - Carga versus deslocamento vertical, lajes sem conectores & colapso, 2º teste.
120.0
100.0
60.0
40.0
20.0
0.0
0.0 5.0 10.0 15.0 20.0 25.0 30.0 35.0 40.0 45.0 50.0
Centre Span Vertical Deflection (mm)
4,5m Span
3,0m Span
Figura 2.208 - Carga versus deslocamento vertical, conectores espaçados à 100 mm & lajes aço /
colapso por deslizamento na interface, 3º e 4º testes.
A Figura 2.209 apresenta uma comparação entre as lajes com vão de 4,3 m sem e com
conectores de cisalhamento espaçados à 100 mm. Deve-se enfatizar que, apesar do fato de que
a rigidez inicial da laje foi semelhante para ambos os casos, a carga última da laje com
conectores de cisalhamento espaçados à 100 mm foi 86% maior que a do teste sem conectores
de cisalhamento. Também é interessante observar que as deformações atingidas no teste com
conectores de cisalhamento foi substancialmente menor do que a do teste sem conectores de
cisalhamento indicando que a ação mista total só foi alcançada no terceiro ensaio.
80.0 80.0
70.0 70.0
60.0
60.0
Total Load (kN)
Total Load (kN)
50.0
50.0
40.0
30.0
40.0
20.0 30.0
10.0 20.0
0.0 10.0
0.0 10.0 20.0 30.0 40.0 50.0 60.0
Centre Span Vertical Deflection (mm) 0.0
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6
100mm spaced shear connectors Normalized (/y) Deformation
100mm spaced shear connectors
Without shear connectors 100mm spaced Without shear
Without shear connectors
shear connectors connectors
Figura 2.209 - Carga versus deslocamento vertical & carga versus deformação normalizada.
O teste final foi feito com uma laje com vão de 3 m e com conectores de cisalhamento
espaçados a cada 200 mm. O objetivo deste modelo foi investigar a influência do
espaçamento dos conectores de cisalhamento. Este efeito é evidente na Figura 2.210 onde
curvas carga versus deslocamento no centro do vão para lajes com vão de 3 m são
apresentadas. Tal como se esperava, a laje com conectores de cisalhamento menos espaçados
teve a maior carga de colapso. Outro ponto interessante foi que todas as lajes tiveram quase a
mesma rigidez inicial.
Figura 2.210 - Carga versus deformação normalizada para lajes com vãos de 3m.
133
a) mista com perfil metálico e EPS, Vianna 2005 b) pré-moldada com perfis e EPS, Takey 2004
Figura 2.211 - Sistemas de lajes estudadas.
A armadura de pele utilizada na laje mista para evitar fissurações na superfície foi
confeccionada com vergalhões de bitola 6,3mm dispostos a cada 200 mm na largura e no
comprimento. Esta armadura foi disposta a aproximadamente 25 mm da face da mesa superior
do perfil metálico. A utilização desta armadura de pele proporcionou um pequeno ganho de
resistência na estrutura. O sistema estrutural utilizado foi biapoiado. Foram adotados apoios
com roletes para simular esta configuração. A resistência do concreto esperada para os
ensaios foi de 25 MPa. Após os 28 dias obteve-se uma resistência média de 27,61 MPa dos 9
corpos de prova ensaiados. O traço utilizado foi de 1:2,6:1,8 (cimento, areia e brita) com um
fator água/cimento de 0,52.
134
No programa de ensaios foi testada uma laje de 1,45 m x 3,0 m, sendo o vão livre de
2,91 m de comprimento, com dois perfis de chapa dobrada com mossas estampadas na alma a
cada 100 mm, e na mesa superior a cada 310 mm conforme apresentado na Figura 2.213. As
cargas foram aplicadas igualmente em dois pontos através de uma viga de distribuição de
cargas, a uma distância dos apoios de 1/4 do comprimento do vão, Figura 2.214. Foram
realizados três ensaios de pré-carga para aferir a instrumentação e mobilizar a estrutura de
forma gradativa. Para todos os ensaios de pré-carga foram aguardados 15 minutos antes do
descarregamento para a acomodação da estrutura.
A Figura 2.215(a) apresenta o gráfico carga versus deslocamento vertical no meio do
vão medido pelo LVDT 84 nos ensaios de pré-carga (20 kN, 40 kN e 60 kN) e no ensaio final.
A Figura 2.215(b) apresenta o gráfico de carga versus deslizamento aço/concreto medidos
pelos LVDTs 86 e 87 localizados nas extremidades opostas da laje durante o ensaio final.
135
fissuras
Para analisar os resultados obtidos neste ensaio, fez-se uma comparação entre esses
resultados e os resultados dos trabalhos desenvolvidos por Takey [65] e Beltrão [69]. A
Figura 2.218 apresenta as curvas carga versus deslocamento vertical no meio do vão de todos
os ensaios acima referidos, cujos vãos foram de 3 m. Este gráfico apresenta os valores de
carga de serviço de Beltrão [69] corrigidos para mais 50%, além de uma correção deste
trabalho com o de Beltrão [69] para a resistência do concreto, já que o valor adotado no
trabalho de Takey [65] foi de 40 MPa, diferentemente dos 25 MPa adotados nos outros
trabalhos. No trabalho desenvolvido por Takey [65] foram executados três ensaios com perfil
de chapa dobrada com espessura de 2 mm, variando-se o espaçamento entre os conectores de
cisalhamento do tipo parafusos autobrocantes ¼”x ¾”. O primeiro ensaio foi realizado com
perfil liso, sem conector, o segundo com conectores na mesa superior a cada 200 mm e o
terceiro ensaio com conectores a cada 100 mm. No trabalho de Beltrão [69] foram executados
três ensaios com lajes de 3 m de vão e com perfis com mesma seção transversal utilizada por
Takey [65], apresentando corrugações na alma do perfil a cada 50 mm no primeiro e segundo
ensaio, e a cada 100 mm no terceiro ensaio.
O sistema de laje mista estudado neste trabalho apresentou a maior rigidez entre todos
os ensaios. Este aumento de rigidez deve-se à utilização de uma laje com espessura maior em
relação aos outros ensaios, além do perfil metálico possuir corrugações na alma do perfil e
dois enrijecedores intermediários na mesa superior (substituindo os conectores de
cisalhamento), possuindo uma inércia consideravelmente maior em relação aos outros
ensaios. Segundo o Eurocode 4 [64], o comportamento dúctil de uma laje mista é
caracterizado quando a carga última alcançada pelo sistema supera em pelo menos 10% o
137
valor da carga no momento em que o escorregamento entre o aço e o concreto atingir 0,5 mm.
Caso contrário, o sistema é considerado frágil. Como pode ser visto no gráfico da Figura 5(b),
a carga de 40 kN referente ao deslocamento de 0,5 mm corresponde a 55,5% da carga última
(72 kN). Portanto, o sistema estudado apresentou um comportamento dúctil.
Figura 2.218 - Comparação com redução de 21% da carga do trabalho de Takey (2004).
Figura 2.219 - Laje mista com placas de isopor e de aço lado a lado.
Quatro lajes com vãos de três metros foram construídas a partir da nova solução e
posteriormente ensaiadas. As mossas e corrugações foram estampadas na chapa de aço com
uma ferramenta feita a partir de uma barra circular com diâmetro de 50,8 mm. A profundidade
inicial das corrugações foi de 10 mm, fato que induziu a fratura na chapa e fez que a
profundidade fosse reduzida para 5 mm. Para substituir as placas de isopor do sistema anterior
foram usadas chapas de aço laterais simples cujo uso foi aferido com testes de carga
139
perpendicular ao seu plano simples conduzidos em chapas de 1000 mm x 240 mm com 0,65
mm de espessura. Estas placas laterais adotaram um metro de comprimento devido à largura
padrão da bobina galvanizada da chapa para reduzir a perda, Figura 2.221. Estas placas são
suportadas por perfis formados a frio através de suas bordas enrijecidas que foram
dimensionadas para serem compatíveis com as dimensões das chapas laterais. As placas
laterais junto com os perfis de aço criam um sistema que é suficientemente robusto para
sustentar as cargas típicas de construção sem a necessidade de escoramentos temporários.
Figura 2.221 - Perfil de aço formado a frio adotado e detalhe da placa corrugada.
Apesar da laje não necessitar de qualquer escoramento, uma forma para o concreto foi
utilizada, Figura 2.223. Uma malha de armadura com 6.3 mm de diâmetro com espaçamentos
de 200 mm e 300 mm nos sentido do vão, foi usada 25 mm acima da mesa superior do perfil
de aço para reduzir a fissuração.
Vinte e oito dias depois da concretagem os espécimes foram testados, atingindo uma
resistência média à compressão de 25 MPa. O tipo de aço adotado foi o aço A-36 com 250
MPa tensão de escoamento. A Figura 2.224 ilustra a configuração de relógios comparadores e
LVDTs adotadas. Um LVDT (L1, L3) e um relógio comparador (DG1, DG2) foram usados,
em cada uma das extremidades da laje mista, para medir o deslizamento interface aço versus
concreto. Os deslocamentos verticais laje foram monitorados por meio de um LVDT (L3) e
um relógio comparador (DG4) no centro do vão e dois LVDTs (L2) situados a 700 mm das
extremidades da laje. As tensões no meio do vão foram medidas por dois extensômetros
lineares posicionados na face da mesa inferior do perfil de aço.
O trabalho prosseguiu com um três testes tipo push-out modificado medindo 210 mm
por 650 mm, Figura 2.7.14.8, [70]. Estes testes foram conduzidos usando atuadores
hidráulicos, localizados no centro destes espécimes para simular uma placa confinada usando
o mesmo perfil formado a frio adotado nas lajes mistas anteriores. O objetivo destes testes foi
avaliar se houve aumento da resistência ao cisalhamento na interface aço versus concreto
devido ao uso das corrugações na alma do perfil. Dois atuadores de 50 kN foram adotados
pois a carga de colapso prevista foi igual a 60 kN. Estes dois atuadores foram posicionados no
centro das lajes como mostra a Figura 2.226. Uma forma simples de madeira foi concebida e
141
construída para separar os perfis de aço e posicionar os atuadores. Corpos de prova foram
tirados do concreto e testados nos dias dos testes atingindo uma resistência à compressão de
27 MPa.
A Figura 2.227 ilustra uma configuração típica de colapso para os espécimes com
corrugações na alma espaçadas a cada 50 mm onde a ruptura do concreto e a total separação
entre da chapa de aço é perceptível. Também é possível observar que, da mesma forma que os
testes da laje mista em escala real, um plano de deslizamento foi formado perto da alma/mesa
inferior do perfil próximo das corrugações da alma.
O estado limite final associado ao sistema de laje mista investigado foi o deslizamento
na interface aço versus concreto. Quando estes testes foram comparados foi possível observar
que a laje mista investigada foi mais eficiente do que as lajes sem conectores de cisalhamento
142
viga de aço e a laje de concreto são atingidos. Isto deve-se a contribuição de cilindros de
concreto que se formam nos furos do Perfobond podendo ser ainda mais significativa com o
uso de uma armadura adicional passando pelos furos do conector.
+ =
A armadura utilizada na laje de concreto e as barras que passam por furos do conector
foram feitas com 10 mm de diâmetro em aço S500 (tensão de escoamento de 500 MPa). Para
o modelo P-2F-AR-200-A, os resultados das distribuições de tensão estão ilustrados na Figura
2.233, onde os resultados dos extensômetros lineares indicaram que infelizmente o
extensômetro posicionado junto ao furo do conector (na posição central) parou de funcionar
antes que a carga última de conector tivesse sido atingida (549 kN). Os extensômetros
restantes no conector e na armadura funcionaram até a carga máxima do ensaio, indicando
que o conector e as barras de armadura escoaram. Os resultados da roseta mostraram um
comportamento mais ou menos simétrico para as direções 1 e 2, mas com a direção 1
indicando uma deformação ligeiramente maior. O escoamento da placa do conector foi
atingido bem antes da carga máxima do ensaio contribuindo para a sua ductilidade.
145
600 600
Central e1
550 Rosette External 550
e2
500 500
lineares Rosetas
Figura 2.233 – Deformações no conector P-2F-AR-200-a.
menores integrados em lajes de 120 mm, do que para os conectores maiores, incorporados à
lajes de 200 mm.
Figura 2.236 – Resultados dos Perfobond com chapas grossas de 120 & 200 mm, 2ª série.
conector que possuísse mesma espessura de alma e mesa, Figura 2.237. Os conectores T-
Perfobond foram fabricados para lajes de 120 mm de espessura, com resistência à compressão
correspondente a um concreto classe C30/37.
Figura 2.239 – Estrutura de reação e instrumentação para o ensaio tipo push-out, e rótula.
Nos ensaios da primeira etapa a ruptura dos protótipos inicia-se com o surgimento de
uma fissura longitudinal na laje na parte frontal do conector, estendendo-se gradualmente na
laje, seguida do esmagamento do concreto. Nos ensaios da segunda etapa, não houve
surgimento de fissuras longitudinais na laje. Conforme aumentava-se a aplicação da carga,
surgia a separação horizontal entre o perfil metálico e a laje de concreto. Em seguida, as
fissuras surgiram na parte interna da laje, estendendo-se gradualmente, seguida do
esmagamento do concreto. Na Figura 2.241 é apresentada a configuração do protótipo TP-2F-
AR-IN10-12-C após a retirada do concreto. Observou-se que o concreto confinado na região
em torno ao conector permaneceu ligado a este, quase em forma de cone, como ocorreu na
primeira etapa. Após a retirada deste concreto, percebeu-se também a permanência do
concreto nos furos juntamente com a armadura passante, e a deformação das mesmas. As
149
armaduras dos estribos permaneceram intactas, não apresentando deformações. Neste ensaio
foi observado a plastificação do conector tanto na alma como na mesa. O modo de ruptura
observado nestes ensaios está associado a ruptura do concreto e a plastificação do próprio
conector.
Após a análise dos resultados dos ensaios push-out, foi escolhido o ensaio que apresentou
melhor comportamento quanto a ductilidade e a capacidade de carga, para que sua
configuração fosse adotada no ensaio em escala real. O ensaio selecionado foi o TP-2F-AR-
IN-12-16-B, que utilizou armaduras passantes de 16 mm nos furos e estribo de 12 mm. Os
ensaios de push-out simulam o comportamento do aço e concreto da viga mista. No entanto, a
distribuição de carga ao longo da viga mista não é a mesma que ocorre nos ensaios de push-
out, que é de forma direta. Em uma viga mista, o fluxo de cisalhamento na interface aço-
concreto varia ao longo da viga e depende da distribuição da carga. Além disso, em uma viga
mista, as deformações dos conectores alteram o fluxo da força de cisalhamento, havendo uma
diminuição da força máxima de cisalhamento e redistribuição da mesma. Portanto, é
importante verificar se os resultados obtidos dos ensaios de push-out são adequados para
serem utilizados em análises da viga mista.
Pela primeira vez no país, um ensaio em escala real foi realizado para verificar o
comportamento do conector TPerfobond em uma simulação de uma estrutura real, verificando
sua capacidade de deformação, sua ductilidade e sua capacidade de carga. O ensaio, cujas
dimensões foram 9 m de vão, com laje de 2,3 m de largura e 0,12 m de espessura, foi
realizado no Laboratório de Estruturas da PUC-Rio, com carregamento distribuído. O perfil
W 410 x 60, equivalente ao W 16 x 40, foi utilizado para compor a viga metálica, e o perfil
HP 200 x 53 foi usado para fabricação do conector, o mesmo utilizado para os ensaios de
push-out. Estes perfis foram em aço ASTM A572 grau 50 da Açominas. O espaçamento
adotado entre os conectores foi de 1600 mm, Figura 2.242. Entre os conectores TPerfobond
foram soldados espaçadores tipo gancho em armadura de 6,3 mm. A função dos espaçadores
foi para evitar à flambagem a compressão da laje de concreto.
Os conectores foram soldados no LEM com solda em filete de 18 mm, com material
E70XX. O comprimento adotado para o ensaio foi de 9 m de comprimento. As dimensões da
laje de concreto foram de 2,25 m de largura e 120 mm de espessura. A espessura da laje foi a
mesma utilizada no ensaio de push-out. Antes do posicionamento da viga no local de ensaio,
foram posicionados e montados o sistema de apoio. A viga foi apoiada em dois apoios, sendo
um fixo e outro móvel. Para garantir a estabilidade da viga mista nos apoios, estes foram
montados em pares, conforme a Figura 2.243. Uma viga “I” foi apoiada sobre estes apoios
servindo de apoio para a viga principal. O vão resultante entre os apoios foi de 8,8 m. Em
torno dos conectores foram adotadas as mesmas armaduras do ensaio de push-out. Nos
estribos foram utilizados vergalhões de 12,5 mm de diâmetro e nos furos 16 mm em aço Grau
50 (limite de escoamento de 500 MPa). Adotou-se uma distribuição em forma de cone, com
ângulo de espraiamento em torno de 60°, em função das bielas de compressão e das possíveis
fissuras de rasgamento que poderiam ocorrer no ensaio. As armaduras na laje foram
distribuídas a cada 320 mm no eixo longitudinal e a cada 200 mm na direção transversal.
Adotou-se uma armadura de 6,3 mm de diâmetro a fim de evitar a fissuração superficial.
A Figura 2.244 apresenta a configuração global do ensaio em escala real, [71]. Utilizou-
se um sistema de aplicação de carga distribuída em quatro pontos através da viga de
distribuição. Foram utilizados dois atuadores hidráulicos com capacidade de 50 kN cada. Para
controlar a carga aplicada, sob cada atuador, foi utilizada uma célula de carga de 500 kN. Esta
célula foi instalada entre uma rótula universal e um apoio móvel (primeiro gênero).
Para medir o deslizamento na interface entre o perfil e a laje, foram instalados dois
LVDTs de 50 mm em cada uma das extremidades da laje (1 e 2). Os LVDTs 3 e 4 de 50 mm
foram instalados nas laterais da laje para controlar a translação horizontal da laje. Para medir
o deslocamento vertical foram utilizadas quatro LVDTs. Para medir as deformações dos
conectores e do perfil, foram usados extensômetros elétricos unidirecionais. Nos conectores
posicionados nas extremidades da laje, foram usados quatro extensômetros. Nos conectores
intermediários e centrais foram usados dois extensômetros, na alma e na mesa, Figura 2.245.
Baseado no estudo da viga mista foi considerado que a estrutura deveria suportar uma
tensão de 21,25 kPa. A área da laje ensaiada correspondeu a 20,7 m2. Este carregamento
equivale a duas cargas aplicadas na viga de 220 kN igualmente espaçadas. Foram realizados
três ensaios de pré-carga para aferir a instrumentação e mobilizar a estrutura de forma
gradativa. Nos ensaios de pré-carga, aplicou-se a carga até atingir 100 kN, 155 kN e 200 kN.
Para os primeiro, segundo e terceiro ensaios de pré-carga foram aguardados 15, 30 e 30
minutos para o descarregamento. Após a realização do último ensaio de pré-carga realizou-se
o ensaio final da estrutura. Os valores de carga mencionados anteriormente correspondem as
cargas aplicadas em cada atuador hidráulico, que será referida como carga 2P, Fig. 15. A viga
mista foi dimensionada para interação parcial, para um momento máximo de 664,82 kNm.
No gráfico da Figura 2.246 são apresentadas as curvas momento total versus
deslocamento vertical dos três ensaios de pré-carga e do ensaio final. O momento total
corresponde a soma do momento devido ao peso próprio com o momento da carga aplicada.
O momento calculado devido ao peso próprio foi de 83,2 kNm. O peso próprio da viga,
considerando o peso da laje, o peso do perfil, o peso das armaduras, do conector, do concreto
e das vigas de distribuição de carga, foi de 8,59 kN/m. O ensaio da viga mista apresentou um
comportamento praticamente linear até o nível de carga de 2P = 100 kN (imposta em cada
atuador, sendo a carga total na viga de 200 kN) permanecendo assim no regime elástico. A
partir desse ponto, começou a perder rigidez e apresentar um comportamento não linear. No
segundo ensaio da pré-carga de 155 kN, a viga atingiu a fase plástica, e deslocamento vertical
residual foi de 12 mm. No terceiro ensaio, 2P = 200 kN, o deslocamento vertical residual foi
de 35 mm. Até esta fase de carregamento, não foi observada nenhuma fissura aparente
significativa.
A Figura 2.247 apresenta o deslizamento relativo na interface entre a viga de aço e a laje
de concreto dos LVDTs 1 e 2 instaladas nas extremidades da viga. Nesta Figura, são
apresentados os deslizamentos referentes aos pré-ensaios e ao ensaio final. Notou-se que o
LVDT 1, apresentou maiores valores para o deslizamento, significando que um lado da viga
mista deslizou mais que o outro. O ensaio final, foi conduzido até a carga máxima de 220 kN
em função do deslizamento ter alcançado acima de 4 mm, valor este suficiente para a
comparação com o ensaio de push-out.
152
720
640
560
400
320 100kN
155kN
240
200kN
160 220kN
80
0 -10 -20 -30 -40 -50 -60 -70 -80 -90 -100 -110 -120
720 720
640 640
Momento total (kNm)
480 480
400 400
A Figura 2.248 apresenta o valor de deformação dos extensômetros instalados nas mesas
dos conectores em função da sua posição na viga a fim de se avaliar a capacidade de
deformação da viga mista. Percebe-se que os conectores das extremidades são os mais
solicitados.
Deformação (e)
400
200
Mesa
-200
-400
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 5500 6000 6500 7000 7500 8000 8500 9000
No ensaio final da viga mista em escala real ocorreu uma falha por cisalhamento entre a
laje de concreto e a viga de aço. Esta falha do conector ocorreu e foi associada com a perda da
capacidade de carga da estrutura. Um deslizamento significativo entre a seção de aço e a laje
de concreto foi verificado durante o ensaio, provocando finalmente o colapso da viga. Esta
falha ocorreu essencialmente em um dos lados da viga e a separação vertical entre a seção de
aço e de concreto foi visível próximo ao apoio, Figura 2.249. As fissuras no concreto
ocorreram no meio do vão e se apresentaram de formas verticais.
[64]. A segunda série de ensaios deste tipo executada na PUC-Rio teve controle de carga
dificultando a monitoração das cargas e deformações últimas e o comportamento estrutural no
trecho de carga descendente.
A partir destes ensaios foi possível determinar a influência no número e disposição dos
furos em uma e duas linhas e uma aferição dos efeitos individuais das parcelas resistentes
presentes nas fórmulas de dimensionamento destes conectores. Também foi possível melhorar
o desempenho dos conectores T-Perfobond em termos de ductilidade a partir da redução da
espessura de sua mesa e seu uso com as mesas dos conectores posicionadas sempre voltadas
para o lado do apoio da viga mais próximo. Esta evolução contribuiu para seu uso nas vigas
mistas com espaçamento uniforme de acordo com um dimensionamento plástico permitido
para conectores de cisalhamento com comportamento dúctil. A instrumentação adotada nestes
ensaios já foi comentada em casos anteriores e contemplou LVDTs e extensômetros usados na
laje, perfil e conector de modo a determinar deslocamentos, movimentos de corpo rígido,
deslizamentos e distribuições de tensão nos conectores de cisalhamento.
Em uma última fase foi também executado uma ensaio em escala real usando
conectores T-Perfobond dimensionados com interação parcial. Estes ensaios possibilitaram
determinar a distribuição real dos esforços nos conectores assim como o efeito de um
espaçamento entre conectores elevado em uma viga mista. O ensaio teve um comportamento
compatível com o esperado apresentando uma ductilidade considerável e tendo seu
desempenho condicionado pelo estado limite de utilização associado a flechas excessivas.
Este ensaio comprovou a capacidade de redistribuição dos esforços dos conectores
TPerfobond servindo também para indicar que as esperadas concentrações de tensão nas
regiões próximas aos conectores devido ao seu número reduzido não reduziram a capacidade
resistente do sistema estrutural misto avaliado.
Este capítulo tem como objetivo apresentar as etapas necessárias para a concepção e
interpretação dos resultados de modelos numéricos para simulação de estruturas de aço e
mistas. Deve-se uma vez mais enfatizar que este livro foi concebido a partir de uma ideia
onde os aspectos mais importantes da modelagem numérica são apresentados à medida que
simulações computacionais de casos práticos de ensaios experimentais são apresentadas.
Apesar disto, incialmente, alguns aspectos e questões gerais serão inicialmente abordados
para elucidar pontos chaves do planejamento das modelagens numéricas a serem executadas
de modo a garantir a validade e a confiabilidade das simulações computacionais propostas.
Uma ideia muito simples, mas extremamente eficiente, geralmente apresenta-se como
a chave mestra para a concepção de um modelo numérico consistente para simulação de
estruturas de aço e mistas. Esta ideia fundamenta-se no conceito de que o modelo deve ser
continuamente desenvolvido, partindo de um modelo inicial simples, porém, representativo
do problema estudado. A partir do entendimento deste modelo inicial, refinamentos e
estratégias de modelagens mais complexas podem ser gradualmente introduzidas, e
calibradas, para garantir sua confiabilidade. Este contínuo desenvolvimento permite uma
tomada de decisão mais fundamentada e possibilita que várias estratégias de modelagem
possam ser adotadas de forma consistente até que a precisão requerida para o modelo
estudado seja atingida. Apesar de inicialmente parecer que este pode ser um processo mais
demorado a médio e longo prazo, este procedimento mostra-se fundamental para superar
dificuldades em modelos complexos onde facilmente pode-se perder o foco ou simplesmente
não se saber qual rumo tomar quando se encontram incongruências, erros, falta de coerência
ou mesmo calibrações indevidas. Modelos iniciais muito complexos geralmente são também
de difícil avaliação e calibragem pois muitas variáveis e fatores interagem entre si
dificultando a identificação de quais passos devem ser tomados para corrigir rumos ou
melhorar a eficiência do modelo estrutural investigado.
As modelagens numéricas descritas neste capítulo serão sempre baseadas no método
dos elementos finitos, tradicionalmente usadas por engenheiros estruturais para simular
problemas complexos que geralmente não podem ser resolvidos com a precisão necessária
com modelos mecânicos ou analíticos simples. O primeiro passo para uma modelagem
numérica eficiente consiste em estabelecer as condições de apoio, imperfeições, tipo do
material e de carregamento compatíveis com o problema avaliado. A seguir, apresenta-se um
estudo do refinamento da malha necessário para garantir o correto desempenho estrutural do
modelo, normalmente avaliado em termos de seus estados limites últimos e de utilização.
Outro ponto fundamental a ser entendido diz respeito a calibração dos modelos
numéricos. Ao executar estas simulações deve-se ter consciência que sempre se chega a um
resultado e que, por exemplo, numa condição de apoio indevida, uma simetria mal
estabelecida, um material mal definido, entre vários outros aspectos, pode-se inutilizar os
resultados dos modelos que muitas vezes demandaram semanas ou meses de trabalho com
inúmeras horas de processamento. A confiabilidade dos resultados só passa a ser garantida
com calibrações dos modelos com experimentos e, quando estes não forem disponíveis, com
os resultados de formulações teóricas clássicas não questionáveis. Na literatura, muitos
modelos são, de forma equivocada, somente calibrados com outras simulações numéricas,
gerando um ciclo vicioso onde não se pode garantir com a clareza e precisão necessárias que
156
os modelos representem a realidade das estruturas de aço e mistas modeladas e, nem mesmo,
que se saiba os limites de validade e precisão dos modelos numéricos concebidos.
3.2.1. Introdução
Em uma modelagem com o método dos elementos finitos, diversos tipos de análises
podem ser executados, por exemplo, análises estáticas ou dinâmicas, sendo que estas últimas
podem ter caráter modal ou envolver vibrações forçadas. No presente capítulo, por questões
de escopo e de limitação de espaço, o foco será somente nas análises estáticas. Dentro desta
perspectiva, as análises estáticas lineares elásticas configuram-se como o caso mais simples e
padrão, porém com aplicação e uso limitado devido ao seu escopo restrito.
Isto faz com que se tenha que incorporar alternativas para considerar a possibilidade
da ocorrência de instabilidades estruturais, mais conhecidas como flambagem global que
podem ser inicialmente estudadas com base em processos de solução da equação diferencial
que controla este fenômeno através de análises de autovalores e autovetores. Este tipo de
análise também é muito usado para determinação da forma crítica das imperfeições que
devem ser adotadas no modelo para representar com maior fidelidade o comportamento real
das estruturas, superando, por exemplo, possíveis pontos de bifurcação na trajetória de
equilíbrio das estruturas analisadas. Todavia, quando flambagens locais, laterais, tensões
residuais ou mesmo fenômenos envolvendo plastificação surgem nas estruturas avaliadas,
outros tipos de análises mais refinadas passam a ser necessárias. A próxima seção apresenta
de forma detalhada, os principais tipos de análises estáticas incluindo não linearidades para
subsidiar o leitor a respeito de seu escopo e correta aplicação a problemas de modelagem de
estruturas de aço e mistas.
Análises estruturais com diferentes níveis e graus de refinamento podem ser usadas,
devido ao fato de que o comportamento da estrutura, normalmente apresenta-se como não
linear. Estas técnicas de análise requerem diferentes graus de complexidade e só poderão ser
simuladas com programas computacionais devido ao grande trabalho envolvido. Os métodos
são resumidos, na Figura 3.1, tendo como base curvas carga versus deslocamento de uma
estrutura.
A análise linear é, ainda hoje, o método mais usado na prática. Nesta análise, assume-
se que o deslocamento é proporcional à força aplicada e de magnitude reduzida o que leva que
os efeitos de segunda ordem devido à mudança na geometria da estrutura possam ser
157
métodos como o Método Iterativo Direto, Método Incremental Puro, Método Incremental-
Iterativo e Método de Newton-Raphson.
No método iterativo direto, a matriz de rigidez é adotada sendo baseada na força
aplicada, o deslocamento é calculado sendo então usado para recalcular a nova rigidez e o
novo deslocamento. Este processo continua até que os dados de entrada estejam muito
próximos aos resultados de saída, caso onde a convergência é alcançada. A representação
gráfica deste processo é mostrada na Figura 3.2. O processo é repetido até que o próximo e
último deslocamento sejam iguais ou muito perto um do outro, caracterizando o caso onde a
rigidez adotada e os deslocamentos e as forças resistentes terem sido corretamente calculadas,
Figura 3.2. Este esquema requer unicamente o estabelecimento de sucessivas relações da
rigidez secante relacionando as forças totais e os deslocamentos totais para a solução, porém
sua convergência é geralmente lenta. Entretanto, o método tem uma vantagem da
simplicidade do uso unicamente da rigidez secante o que faz com que a complexa formulação
da matriz de rigidez tangente não seja necessária.
Figura 3.2 – Métodos iterativo direto secante e puro incremental - incrementos constantes [79].
No método incremental puro, usualmente, aproxima-se uma curva por uma série de
segmentos. Quanto menores os tamanhos destes segmentos, melhor será a aproximação, mas
um maior esforço computacional será também necessário. O método incremental puro é
baseado em um conceito similar de dividir a carga total em uma série de pequenos
incrementos de carga, como mostra a Figura 3.2. Em contraste com o método iterativo direto,
este procedimento requer unicamente a rigidez tangente sendo a rigidez secante não mais
necessária. A rigidez tangente deve ser capaz de relacionar com exatidão, o deslocamento
incremental com o incremento de força e a precisão do método depende da exatidão da rigidez
tangente e do tamanho dos passos de carga. Este procedimento, em princípio, pode traçar o
caminho de equilíbrio no trecho pré e pós-flambagem. O incremento ou decremento de carga
pode ser monitorado pelo sinal do determinante da matriz de rigidez tangente. Este método
requer passos de carregamentos suficientemente pequenos para uma solução exata de
problemas altamente não lineares e o erro numérico é desconhecido.
No método de Newton-Raphson, a rigidez tangente é usada para estimativa do
incremento de deslocamento devido a uma força pequena, mas finita. A rigidez secante é
então usada para impor o equilíbrio. Se o erro gerado é inaceitável, uma outra iteração é
executada. No método de Newton-Raphson completo, a rigidez tangente é corrigida a cada
iteração (Figura 3.3) enquanto no método modificado, a rigidez tangente é corrigida somente
na primeira iteração (Figura 3.3).
O método de controle de carga de Newton-Raphson é usado na análise da estrutura
para avaliar as forças e momentos nos elementos e para determinar os deslocamentos da
estrutura até a carga de projeto última e de serviço. Se o comportamento estrutural é linear, ou
muito perto disso, o primeiro prognóstico será suficiente e pode então ser usado para avaliar
forças, deslocamentos, momentos e tensões. Para problemas com pequenos deslocamentos, as
forças e momentos na estrutura depois da transformação balancearão as forças aplicadas de
modo que o equilíbrio possa ser satisfeito. Entretanto, quando a estrutura comportar-se de
forma não linear, as forças e os momentos resistentes calculados a partir dos deslocamentos
não poderão equilibrar as cargas aplicadas. Por isto, os deslocamentos da estrutura completa
160
devem ser calculados. O incremento nodal do deslocamento do elemento será então calculado
extraindo o correspondente deslocamento no grau de liberdade e transformando o eixo local
do elemento. As forças e momentos no elemento serão então determinados pela equação de
rigidez do elemento. As forças totais ou acumuladas para o elemento podem ser atualizadas.
Transformando as forças e momentos no elemento do eixo local para o eixo global, a
resistência da estrutura completa pode ser montada e calculada. Comparando a resistência
contra o carregamento aplicado, a equação de equilíbrio para forças desbalanceadas, é gerada.
Após esta etapa, efetua-se o cálculo e a atualização dos deslocamentos totais.
Figura 3.3 –Método de Newton-Raphson. (a) Completo; (b) Modificado, Paulino [79].
Graficamente, o erro é ilustrado na Figura 3.3 como [ΔF]i. Para eliminar o erro, é
necessário revisar os deslocamentos da estrutura e verificar novamente as condições de
equilíbrio. No método de Newton-Raphson, o erro na força [ΔF] é calculado e então,
substituído de volta na análise para determinação do incremento de deslocamento. O
desbalanceamento dos deslocamentos, [Δu]i+1, neste instante, será então adicionado no
último deslocamento total para obter a atualização do deslocamento [u]i+1. Como mostrado
na Figura 3.3, este método assume um pequeno incremento de carga paralelo à carga aplicada
e o correspondente incremento de deslocamento é então calculado e acumulado no
deslocamento total e atualizada a geometria. Baseado na atualização e na nova geometria e
nas forças, a resistência da estrutura é então determinada e comparada com a carga aplicada.
Quando está força desbalanceada ou erro no equilíbrio é grande, este será substituído de volta
no equilíbrio incremental para cálculo de outro incremento de deslocamento e o processo é
repetido até que o erro no equilíbrio seja suficientemente pequeno. Depois de satisfazer o
equilíbrio, um novo incremento de carga é imposto à estrutura e uma nova configuração é
calculada repetindo os processos anteriores.
A ideia básica do método de controle de deslocamento (DCM) é usar um componente
de deslocamento fixo como um parâmetro de controle para traçar a trajetória de equilíbrio.
Usualmente, o parâmetro de controle é selecionado intuitivamente ou de forma empírica
permanecendo fixo durante todo o processo para traçar a trajetória de equilíbrio. Por esta
razão, o método de controle de deslocamento é muito adequado em regiões próximas a pontos
limites de carga (comportamento snap-through), mas pode falhar perto dos pontos limites de
deslocamento (comportamento snap-back). A Figura 3.4 mostra o comportamento do método
de controle de deslocamento perto de pontos limites com snap-through e snap-back.
Figura 3.4 – Método de controle de deslocamento (DCM): (a) snap-through e (b) snap-back [79].
161
Outra variação importante do ALM, devido a Wempner [91] e Ricks [92], é a versão
linearizada do ALM. A característica principal desta versão é que as iterações são processadas
em um plano. Quando os vetores iterativos forem ortogonais ao vetor incremental inicial, o
método é conhecido como Plano Normal Fixo. Além disso, quando o vetor iterativo é
ortogonal ao vetor incremental imediatamente anterior, o método é conhecido como Plano
Normal Atualizado. Embora estas versões linearizadas sejam fáceis de implementar, elas não
são tão robustas quanto a versão original do ALM.
O Método de Controle de Deslocamento Generalizado (GDCM) foi proposto por Yang
e Shieh [94] e baseia-se em um parâmetro chamado GSP (General Stiffness Parameter),
expresso por:
u I 11 u I 11
GSP , (3.1)
u I 1i 1 u I 1i
i 1
onde u I 1 , u I 1 e u I 1 são as primeiras componentes do vetor de deslocamentos, calculados
1 i
Um novo esquema de solução de sistemas não lineares foi proposto por Krenk [80]
sendo usualmente denominado de Procedimento do Residual Ortogonal (ORP). A ideia básica
deste método baseia-se na condição de ortogonalidade entre as variáveis conjugadas, isto é, o
vetor residual (cargas desequilibradas) e o vetor de deslocamentos incrementais, como ilustra
a Figura 3.7. Esta é a interpretação matemática da condição física de que a carga residual
ortogonal não diminuirá ou aumentará a magnitude do vetor de deslocamentos incrementais
corrente.
análises, diminuições dos tamanhos dos passos de carregamento, alteração dos tipos e
magnitudes dos critérios de convergência durante a análise entre outros. Maiores detalhes
sobre estratégias eficientes para superar estes problemas de convergência serão apresentados
posteriormente ao longo dos exemplos de aplicação.
A viga foi sujeita a flexão pura através do uso de três cargas pontuais distribuídas ao
longo de sua mesa superior e resistidas por três apoios do primeiro gênero distribuídos em sua
mesa inferior, Figura 3.8 onde a força aplicada diretamente sobre a alma foi igual a 50% da
carga total. Nos experimentos, a laje de concreto foi simulada através do aumento da
espessura da mesa superior da viga. A flambagem lateral foi impedida com restrições do
movimento para fora do plano, no eixo Z, em todos os nós na linha onde coincidem os nós da
mesa superior e da alma. Enrijecedores verticais com espessura tst igual a 50mm foram usados
sob os pontos de aplicação de carga e sob os apoios. Sua função foi impedir a flambagem
local da alma nestes pontos, contribuindo para que o sistema de carregamento usado tornasse-
se bastante eficiente. A mesa e a alma, entre estes enrijecedores, utilizaram tensões de
escoamento e espessuras elevadas para evitar influências adversas na capacidade de carga dos
painéis de alma com altura variável investigados.
De modo a padronizar as análises, um modo de imperfeição com forma de meia onda
de seno nas direções horizontal e vertical foi adotado com uma amplitude máxima de 2,5 mm,
correspondente a aproximadamente h/250. Uma tensão de escoamento igual a 265 MPa foi
assumida para as mesas e a alma em consonância com os resultados do aço grau 43. Em um
estágio posterior, outras análises foram executadas usando os valores desta tensão obtidos
experimentalmente assim como com as imperfeições que foram medidas nos modelos de
modo a calibrar os valores anteriormente assumidos.
O número de passos de carregamento necessários para atingir e ultrapassar a carga
última variou de caso para caso. Devido a enorme não-linearidade associada a este problema,
o método de Newton-Raphson completo, em alguns casos, teve que ser adotado desde os
estágios preliminares das análises e o número de incrementos atingiu até 400 tornando o
processo de solução muito demorado. Estudos preliminares já mencionados identificaram a
área da mesa tracionada e a posição da linha neutra plástica como variáveis significativas para
o fenômeno de flambagem vertical da alma investigado.
Todos os modelos tiveram um vão de 4;8 m, um braço de alavanca de 800 mm, largura
de mesa de 250 mm e espessuras de mesa superior e inferior de 25 e 12 mm, respectivamente.
165
A maior altura da alma no centro do vão foi igual a 800 mm e as tensões de escoamento da
alma, mesa superior e inferior foram adotadas como 420, 391 e 398 MPa, respectivamente.
Todos estes valores foram escolhidos de forma a induzir a condição mais crítica para
flambagem local da alma. Quatro espessuras de alma foram adotadas: 3, 5, 7 e 10 mm,
respectivamente. O ângulo de mudança da altura da alma variaram de 0° a 14,84° ( = 0 a
1/4). Os casos com ângulo igual a zero, ou seja, vigas com mesas paralelas, também, foram
consideradas pois eles representam um limite inferior para o problema investigado.
Na primeira série, todas as vigas com 10 e 7 mm de espessura de alma tiveram seu
colapso associado a formação de uma rótula plástica. A posição exata da rótula plástica variou
de viga para viga, movendo-se na direção do enrijecedor à medida que o ângulo de mudança
da altura da alma aumentava. A conclusão principal para almas de 7 mm é que somente o
maior ângulo 14,84° ( = 1/4) apresentou uma ligeira tendência a flambagem local da alma
no ponto de mudança de direção das mesas.
Na viga com mesas paralelas e 5 mm de alma, o colapso foi associado a formação de
uma rótula plástica próximo ao enrijecedor. Já a viga com ângulo de 1,15° ( = 1/50) teve sua
ruína associada a flambagem vertical da alma no regime plástico, como mostrado na Figura
3.9(a) no ponto de carga máxima onde muito pouca deformação na alma pode ser observada.
Por outro lado, na região de descarregamento, a alma mostra-se bastante deformada como
pode ser visto na Figura 3.9(b). O mesmo tipo de flambagem ocorreu para vigas com ângulos
de 1,43° e 2,86° ( = 1/30 e 1/40). Os três modelos com ângulos maiores produziram ruínas
elastoplásticas enquanto o ângulo de 14,84° ( = 1/4) gerou tensões e uma forma de
flambagem mais concentrada na mesa inferior.
Figura 3.9 - Deformadas de vigas com = 1,15°(1/50) na carga máxima e no último passo de carga.
a aumentar a área da mesa inferior de 300 para 6250 mm2. A mesa superior também foi
alterada para evitar a flambagem local da mesa.
Figura 3.11 – Deformadas de vigas com tw = 7mm no penúltimo e último passos de carga.
Figura 3.12 – Influência do ângulo de inclinação da variação de altura da alma e da espessura da alma
na carga última e influência da área da mesa inferior na carga última.
A influência da área da mesa tracionada na resistência a flexão das vigas está ilustrada
na Figura 3.12(b). Nota-se nesta Figura que quando se dobra a área da mesa tracionada, a
resistência plástica a flexão das vigas diminui 45%, fato que corrobora a importância deste
parâmetro no fenômeno de instabilidade estudado. O modelo numérico desenvolvido
conseguiu representar de forma satisfatória os experimentos já mencionados, prevendo a
deformada final, a carga última e o tipo de colapso, assim como a distribuição de tensões na
alma. Os resultados possibilitaram o desenvolvimento de um modelo de dimensionamento
simples, Figura 3.13, baseado na teoria elástica de placas que foi devidamente comparado
com os resultados numéricos e experimentais, [9], [11], [12], [90].
utilizada para reduzir o número de graus de liberdade do modelo e facilitar sua convergência.
As imperfeições máximas permitidas nas normas de fabricação e aferidas com as presentes
nos modelos utilizados foram incorporadas nos modelos investigados.
A convergência e a determinação das cargas últimas assim como o comportamento
destes nos trechos de descarga variaram de caso a caso. Muitos modelos exigiram um alto
esforço computacional demandando mais que 200 passos de cargas com vários recomeços
com o uso de passos menores e mudanças nas estratégias de convergência. Os critérios de
convergência adotados foram baseados na variação do quadrado da norma do deslocamento e
tiveram que ter um controle muito fino e preciso para superar a carga limite e atingir a fase de
descarga. Outro fato extremamente relevante diz respeito à questão central da flambagem
local da alma quando na transição elastoplástica. Muitos modelos no ponto de carga última,
somente apresentaram uma quase imperceptível flambagem vertical da alma. Nestes modelos,
este tipo de flambagem somente foi visível em passos subsequentes do trecho de descarga
evidenciando a necessidade de atingir esta fase do carregamento.
Neste ponto também é imperativo observar que muitas investigações numéricas
encontradas na literatura não atingem a carga última parando antes por falta de convergência
sendo definido este ponto de parada como a carga limite. Naturalmente, esta carga não é a
carga última do sistema sendo necessário o uso de muitas tentativas de superação destes
problemas de convergência. Esta falta de convergência pode estar relacionada a passos de
carregamento iniciais ou durante o processo, muito grandes, uso inadequado de critérios de
convergência muito apertados ou muito frouxos entre muitas outras possibilidades que só um
pesquisador experiente na modelagem de estruturas com fenômenos de flambagem
elastoplásticas poderá identificar e tomar as medidas necessárias para a sua superação.
a resistência lateral do pórtico deslocável. Usando esta filosofia, as estruturas dos pórticos
adotados tiveram duas, três ou quatro colunas, Figura 3.15.
PORTAL FRAME
FRAME 1 1 PORTAL
FRAMEFRAME
2 2
FRAME
PORTAL 3 3
FRAME
PORTAL FRAME 6
PORTAL FRAME 9
PORTAL FRAME 8
PORTAL FRAME 7
FRAME
PORTAL 4 4
FRAME FRAME
PORTAL 5 5
FRAME
1=2=4=5 3
6=9 7=8
Figura 3.15 – Esquema de pórticos e contraventamentos adotados.
Sempre que o uso de contraventamentos foi exigido, dois diferentes sistemas foram
usados. Um sistema tipo "X" foi adotado na parede sem aberturas. Como alternativa,
contraventamentos tipo "K" modificados foram adotados em todos os outros casos, Figura
3.15. O dimensionamento considerou soluções em aço e mistas para avaliar a resistência à
flexão das vigas. As vigas suportam lajes unidirecionais pré-moldadas com espessuras de 120
mm. As seções de aço foram feitas de um aço com tensão de escoamento 250 MPa
170
12,5
Pc L
w d
h
Md t w =8mm
12,5 CL Vd ts
LL 70mm
44
76 Double Web Angle
127 x 89 x 12,7mm 120mm
Ls
Bottom Flange Angle
127 x 89 x 12,7mm
bf=200mm
Figura 3.16 – Curva tensão versus deformação do aço e ligação semirrígidas adotadas [16].
O modelo mecânico do Eurocode 3 foi adotado para definir a rigidez inicial da ligação
utilizada na análise paramétrica. Um valor de rigidez inicial da ligação Sj, ini = 50 kNm/rad foi
usado para avaliar a rigidez secante da ligação (Sj = Sj,ini/2). Este valor foi usado na
modelagem de elementos finitos elasto-plástica realizada considerando os valores ilustrados
na Tabela 3.1.
Como um elemento finito de viga simples contemplando a rigidez de rotação
necessária para simular uma ligação semirrígidas ainda não tinha sido implementado na
versão do ANSYS adotada à época, um modelo mecânico de molas simples retratado na
Figura 3.17, foi concebido, implementado e calibrado. A partir do equilíbrio gera-se:
M M. 2
F .cos 450 .x M F (3.2)
x.cos 450 x
1 Rígida Sj = - 0
6 Rotulado Sj = 0 0 -
onde e são um ângulo e uma distância definida na Figura 3.17. Usando estas duas
expressões leva a:
x. 2 2.x.cos 450 (3.5)
2
HINGEHINGE
HINGE
BEAM
BEAMBEAM
COLUMN
SPRING
COLUMN
COLUMN
SPRING
SPRING
a) b) c)
A calibração do modelo foi feita com base em comparações com outros modelos
semirrígidos e experimentos encontrados na literatura. Uma modelagem de ligações
semirrígidas foi feita por Steenhuis, [94], que investigou a influência da rigidez de ligações
sobre as forças, momentos e deslocamentos de pórticos deslocáveis com ligações
semirrígidas, Figura 3.18. O vão e a altura do pórtico foram iguais a quatro e seis metros,
respectivamente. As vigas e colunas usaram perfis IPE 360 em aço A36. As cargas atuantes
consistiram em uma carga concentrada horizontal de 25 kN e uma carga uniformemente
distribuída de 40 kN/m, Figura 3.18. Esta estrutura também foi modelada com o programa
172
ANSYS, usando a rigidez de rotação sugerida para as ligações, Figura 3.18. A pequena
diferença encontrada em ambas as análises, Figura 3.19, indica que o modelo semirrígido
proposto pode ser usado em pórticos com ligações semirrígidas.
120
25
100
Bending Moment (kNm)
20
Displacement (m)
80
15
60
10
40
20 5
0 0
0 20 40 60 80 100 120 140 0 20 40 60 80 100 120 140
Stiffness Stiffness
Hogging moments in A [STEE94] Hogging moments in C [STEE94]
Sagging moments in B - ANSYS Sagging moments in B [STEE94] Vertical displacement [STEE94] Vertical displacement (this model)
Hogging moments in A - ANSYS Hogging moments in C ANSYS
Horizontal displacement, [STEE94] Horizontal displacement (this model)
1=2=4=5 3
6=9 7
Figura 3.20 - Carregamentos típicos atuantes nos pórticos.
173
90
Bending Moment (kNm)
70 80
70
60 60
50
50 40
30
40 20
10
30 0
Pinned Sj/4 Sj/2 Sj 2.Sj Rigid Pinned Sj/4 Sj/2 Sj 2.Sj Rigid
Stiffness (xSj)
Stiffness (xSj)
Hogging Sagging Hogging Sagging
Uma inspeção simples dos resultados da Figura 3.22 para pórticos deslocáveis mostra
que para a viga V101, uma ligação com rigidez igual a 2.Sj, Sj e Sj/2 não produziu qualquer
mudança significativa no comportamento estrutural. Quando a solução com pórticos
indeslocáveis foi investigada, a viga de V101 teve seus momentos substancialmente afetados
da resposta rígida para outros referentes valores de rigidez iguais a Sj/2. Valores mais baixos
de rigidez produziram modificações menos severas nos momentos. Nenhuma alteração
significativa do peso da estrutura poderia ser obtida para a viga V101 em um pórtico
deslocável quando a rigidez foi modificada. Quando a solução indeslocável foi estudada, para
uma redução de peso, foi possível para alguns pórticos com rigidez no intervalo Sj/4 a Sj/2.
Quando vigas mistas foram usadas em pórticos deslocáveis o peso ideal foi encontrado em um
intervalo entre a rótula e uma rigidez de Sj/4. Este ponto foi deslocado em relação à solução
não-mista devido ao fato de que a solução mista ideal está associada à vigas com maiores
momentos positivos. O mesmo intervalo foi encontrado nas estruturas mistas indeslocáveis.
Análise como estas foram feitas para todas as vigas dos vários pórticos considerados e podem
ser encontrados com mais detalhes em Brito Junior [92].
Como alterações na rigidez da ligação alteram os momentos negativos e também
podem alterar a coluna usada nos pórticos analisados, as análises adotaram uma seção padrão
de aço. Não foi necessária nenhuma mudança nas seções das colunas, pois a força que
controla o seu dimensionamento, a componente axial, apenas foi ligeiramente afetada pela
174
variação da ligação. A avaliação da variação do peso da estrutura dos pórticos, de acordo com
a rigidez da ligação usada, também foi feita. A Tabela 3.2 resume esta avaliação com base na
hipótese de que todas as ligações inicialmente adotaram uma rigidez padrão única.
30000
28000
26000
Weight (kg)
24000
22000
20000
18000
Pinned Sj/4 Sj/2 Sj 2.Sj Rigid
Stiffness (xSj)
Até 15% de economia em termos de peso de aço foi alcançada para as estruturas
investigadas, mesmo quando comparadas com a solução tradicional mais econômica. Como
estas estruturas são usadas em construção de larga escala a redução de 15% do peso alcançado
pode gerar uma economia ainda maior. As estruturas de quatro andares investigadas no
presente trabalho indicam que as soluções com pórticos indeslocáveis são ligeiramente mais
175
leves (cerca de 2%) do que as equivalentes com pórticos deslocáveis. O uso da construção
mista e ligações semirrígidas reduziu significativamente o peso da estrutura. Algo em torno de
23%.
Um dos aspectos mais interessantes desta modelagem numérica consistiu no uso de
uma mola linear de extensão posicionada em diagonal à viga e a coluna para simular as
ligações semirrígidas. O modelo unifilar adotado comportou-se de forma satisfatória e através
do aumento de sua rigidez foi capaz de simular o efeito do concreto em vigas mistas. A
avaliação dos resultados baseou-se em comparações de resultados em termos de
deslocamentos, rotações e esforços visando a determinação da estrutura mais eficiente e
econômica. Processos completos e simplificados de análise não linear de segunda ordem
geométricos também foram comparados evidenciando a faixa de validades dos últimos
processos.
validação do modelo de elementos finitos foi realizada através de uma comparação com os
resultados experimentais, Figura 3.25, [37]. Neste gráfico, curvas carga versus deslocamento
para três pontos (A, B e C) localizados na alma de coluna, Figura 3.24, demonstram uma boa
concordância entre as simulações em elementos finitos e os experimentos. A curva
experimental foi obtida com o auxílio de transdutores de deslocamento como pode ser
observado na Figura 3.25.
Os valores de ke e kpl foram obtidos como a inclinação das retas que melhor se
adaptam aos pontos das curvas, para as partes elástica e plástica, respectivamente. A rigidez
da alma da coluna em flexão, componente, k21, pode ser determinada dividindo a rigidez ke,
determinada nas curvas da Figura 3.27, pelo módulo de elasticidade do material.
177
Figura 3.28 - Localização de enrijecedores na alma da coluna sua influência na resposta estrutural da
ligação.
Figura 3.29 – Distribuição de deformação (I–II) - cargas: 11,1 kN & 18,1 kN.
grande influência no resultado final. Desta forma, implementou-se uma técnica que permite
atualizar a rigidez da ligação a cada passo de carga, independentemente do modelo adotado.
Uma ligação semirrígida pode ser modelada como um elemento de mola inserido no
ponto de interseção entre a viga e a coluna, tal qual exemplifica a Figura 3.31. Para a grande
maioria das estruturas em aço, os efeitos das forças axial e cisalhante na deformação da
ligação são pequenos se comparados com aqueles provocados pelo momento fletor. Por esta
razão, apenas a deformação rotacional do elemento de mola é considerada em análises
práticas. Por simplicidade de cálculo, o elemento de mola da ligação possui, por hipótese,
tamanho desprezível, como mostrado na Figura 3.31.
Figura 3.31 – Elemento de mola simulando uma ligação e Modelo do elemento de pórtico semirrígido
idealizado (Chan e Chui [102]).
Figura 3.32 – Elemento da viga-coluna com molas da ligação conectadas nas duas extremidades do
elemento (Chan e Chui [102]).
Muitos trabalhos vêm sendo realizados a respeito dos efeitos das forças axiais (Lima,
[47]) e cisalhantes na deformação da ligação, além daqueles provocados pelo momento fletor.
Neste elemento de mola, mesmo que nesta primeira implementação, os efeitos das rijezas
estão todos desacoplados, deixando um gancho para trabalhos futuros que venham a levar em
conta a interação entre as rijezas, apenas modificando a matriz de rigidez deste elemento. Este
novo elemento de mola comporta-se adequadamente para qualquer tipo de carregamento,
possibilitando modelar mais precisamente o comportamento da estrutura, sem a necessidade
de qualquer tipo de discretização do carregamento. Com este elemento de mola é possível
simular análises elasto plásticas das ligações, dada a curva momento versus rotação que
descreve o comportamento da ligação. E também, simular análises elasto plásticas da
estrutura, inserindo elementos de mola nos pontos onde se esperam que apareçam as rótulas
plásticas. Quanto à formulação da matriz de rigidez deste elemento de mola, esta resume-se
basicamente em uma matriz de rigidez que tenha as rijezas axiais, translacionais e rotacionais
em seu corpo. Sendo, por hipótese, o comprimento deste elemento igual a zero. Assim, a
relação de rigidez do elemento de mola é dada por:
Pi S A 0 0 SA 0 0 ui
Q
i 0 ST 0 0 ST 0 vi
M i 0
(3.6)
0 SR 0 0 S R i
.
Pj S A 0 0 SA 0 0 u j
Qj 0 ST 0 0 ST 0 v j
M j 0 0 SR 0 0 S R j
SA = Rigidez Axial
SR = Rigidez Rotacional
Nó i Nó j
SA
Nó i Nó j
ST = Rigidez
Translacional
ui
Pi = SA(ui-uj) uj
Pj = -Pi
Figura 3.33 – Modelo do elemento de mola idealizado & mola de rigidez axial.
Nó i
vi
SR
0j Mj
Nó i ST
0i Nó j
Mi Qi = ST(vi-vj)
Qj = -Qi vj
Mi = SR(0i-0j)
Nó j
Mj = -Mi
Figura 3.34 – Mola de rigidez rotacional & mola de rigidez translacional.
40 kN/m
MC
25 kN dh MA
dv
4m
MB
6m
Para melhor visualização dos resultados obtidos e magnitude do erro calculado são
mostrados três gráficos momento fletor versus rigidez, Figura 3.36, para o canto superior
esquerdo (MA), para o meio do vão (MB) e para o canto superior direito (MC),
respectivamente. Nestes gráficos pode-se notar a boa aproximação obtida com o uso de
elementos de mola.
Deslocamento (mm)
20,00
11,00
18,00
10,00
16,00
9,00
14,00
12,00 8,00
30 45 60 75 90 105 120 135 30 45 60 75 90 105 120 135
Rigidez (kNm/mrad) Rigidez (kNm/mrad)
225/96/20 10
aF [kN] 400,00
45 170 45
350,00 200/390/20
300,00
10
Momento [kNm]
250,00
200/390/20
3,6 m
200,00 M 20 8.8
150,00 225/96/20 IPE 360
100,00
S355
Ligação Viga-Coluna
50,00 Ligação Coluna-Base 200
Viga
10 260
0,00
7,2 m
0,000 0,002 0,004 0,006 0,008 0,010 0,012 0,014 0,016 0,018 0,020 HEA 260 HEA 260
Rotação [rad] S355 S355
Figura 3.38 – Pórtico de um pavimento, Curvas características, & Ligação viga-coluna, [60].
Os diagramas da Figura 3.39 até a Figura 3.41 ilustram os resultados de três análises.
As duas primeiras foram realizadas por Nethercot e a terceira foi realizada utilizando
elementos de mola, proposto neste trabalho. Quanto as análises realizadas por Nethercot:
Reference Analysis, foi realizada usando ANSYS, versão 5.5 [32]. Para obter a solução de
referência, uma análise de segunda-ordem elasto-plástica foi usada. As rótulas plásticas na
viga foram modeladas usando elementos de mola rotacional nos pontos onde se espera que as
rótulas plásticas ocorram. Estes elementos de mola tem características rígido-plásticas que
negligenciam a influência das forças normais e cortantes na resistência plástica a flexão. O
Half Initial Secant Stiffness Approach foi realizado usando uma curva momento versus
rotação bilinear, considerando a metade da rigidez inicial secante.
900
1000
800
800 700
Carga aplicada [kN]
600
600 500
400
400
300
800 600
700
500
600
Carga aplicada [kN]
Carga aplicada [kN]
400
500
400 300
300
200
200
Nethercot: Reference Analysis Nethercot: Reference Analysis
100
100 Nethercot: Half Initial Secant Stiffness Method Nethercot: Half Initial Secant Stiffness Method
400
350
300
Carga aplicada [kN]
250
200
150
100
Nethercot: Reference Analysis
Para os valores do fator α (0,1; 0,15; 0,2; 0,3 e 0,5) analisados, pode-se observar que
os valores dos deslocamentos são praticamente equivalentes a análise de referência realizada
por Nethercot, demonstrando assim, a eficiência das formulações (elementos de mola) para a
análise não linear, bem como a eficiência das implementações computacionais.
184
225/96/20 10
F [kN] w [kN] w [kN] F [kN]
45 170 45
aF [kN] 200/570/20
10
210/520/8
200/570/20
M 20 8.8
225/96/20 IPE 360
3,6 m
S355
200
260
HEA 260 HEA 260
S355 S355
10,8 m
3,6 m
aF [kN] 350,00
300,00
Momento [kNm]
250,00
200,00
3,6 m
150,00
100,00
Ligação Viga-Coluna (Completa)
Ligação Viga-Coluna (Bi-Linear)
50,00 Ligação Coluna-Base
Viga
7,2 m
0,00
0,000 0,002 0,004 0,006 0,008 0,010 0,012 0,014 0,016 0,018 0,020
Rotação [rad]
Figura 3.42 – Pórtico de três pavimentos, curvas características, & ligação viga-coluna.
Diagrama Carga - Deformação (2º Pavimento) Diagrama Carga - Deformação (3º Pavimento)
500 500
450 450
400 400
350
Carga aplicada [kN]
350
Carga aplicada [kN]
300 300
250 250
200 200
150 150
Nethercot: Reference Analysis Nethercot: Reference Analysis
100 Nethercot: Half Initial Secant Stiffness Method 100 Nethercot: Half Initial Secant Stiffness Method
Del Savio: Elementos de Mola (Não-Linear) Del Savio: Elementos de Mola (Não-Linear)
50 50
Del Savio: Elementos de Mola (Bi-Linear) Del Savio: Elementos de Mola (Bi-Linear)
0 0
0,000 0,050 0,100 0,150 0,200 0,250 0,300 0,350 0,000 0,050 0,100 0,150 0,200 0,250 0,300 0,350
Deformação horizontal [m] Deformação horizontal [m]
Para os valores analisados pode-se observar que os valores dos deslocamentos são
muito semelhantes aos da análise de referência realizada por Nethercot, até o surgimento da
185
primeira rótula plástica, Figura 3.44. Após a formação da primeira rótula plástica, os valores
divergem um pouco, mas mesmo assim apresentam uma boa aproximação. A divergência
após o início da plastificação está associada principalmente a inclinação do último segmento
da curva momento versus rotação. Assim, com um pequeno aumento nessa inclinação, que a
priori é nula, faz com que os resultados dos deslocamentos aproximem-se cada vez mais dos
apresentados por Nethercot.
3
Diagrama Carga - Deformação (1º Pavimento)
500
450
400
2
350
Carga aplicada [kN]
300
250
200
150 1
Nethercot: Reference Analysis
100 Nethercot: Half Initial Secant Stiffness Method
Del Savio: Elementos de Mola (Não-Linear)
50
Del Savio: Elementos de Mola (Bi-Linear)
0
0,000 0,050 0,100 0,150 0,200 0,250 0,300 0,350
Deformação horizontal [m] 5 4
Figura 3.44 – Diagrama carga versus deformação do 1º pavimento & sequência de formação das
rótulas plásticas.
Isso demonstra a eficiência das formulações (elementos de mola) para a análise não
linear, bem como a eficiência das implementações computacionais para estruturas envolvendo
um maior grau de complexidade. Cabe ressaltar que com o elemento de mola implementado é
possível executar uma análise plástica inserindo molas nos pontos onde se esperam que as
rótulas plásticas ocorram. Devido à flexibilidade do elemento de mola, será implementado
futuramente para o caso de cargas distribuídas, onde a priori não se sabe onde se localizarão
as rótulas plásticas, a identificação e inserção automática de elementos de mola nos pontos de
plastificação, dispensando a necessidade do usuário de identificá-los previamente.
Simulações também foram feitas em vigas tipo vierendeel que possuem a grande
vantagem de que os seus elementos em pórticos planos associam o comportamento de flexo-
compressão eliminando a presença de diagonais. Desta forma, esta solução estrutural permite
uma maior flexibilidade na execução de instalações, liberando uma passagem para tubulações,
pessoas, etc. Além disso, elas podem, por exemplo, ser usadas em sistemas de edifícios com
treliças de andar inteiro alternadas a cada andar (“staggered-truss” systems) conforme
apresentado na Figura 3.45.
VIERENDEEL
PANEL FLOOR SLAB
(also to transfer
lateral load
shear force)
Figura 3.45 – Sistema treliçado de andar inteiro padrão e distribuição das cargas transversais.
186
onde o intervalo de carga válido para cada segmento de linha é representado dentro do
parêntese e f(N) é uma função que avalia o momento fletor máximo que poderia ser usado
para uma certa força axial aplicada N. Com estes limites, o "fator de correção" pode ser
avaliado como a razão entre o momento fletor considerando e descartando a interação
momento versus carga axial, ou seja:
M M int f ( N i )
fator de correção
Correction int ;
Factor = (3.8)
M max M max f (0.0)
onde Ni é o nível de carga axial presente na iteração atual. A Figura 3.46 apresenta
todas as informações necessárias para a determinação do "fator de correção". Esta Figura
também ilustra o diagrama de iteração entre o momento fletor e a força axial, definidos por
segmentos de reta, bem como seus respectivos limites de validade (realçado por linhas
pontilhadas verticais).
90
Region 1 Region 2
-0.0274N + 72.477
80 Region 2
Region 3
70
Bending Moment (kN)
60
50
40
30
20 Region 1 Region 3
0.0963N + 104.38 -0.0962N + 65.328
10
-1084.54 -257.00 -105.20 678.00
0
-1200 -800 -400 0 400 800
Axial Force (kN)
Figura 3.46 - Diagrama de interação momento versus forçar axial e dados necessários para determinar
o "fator de correção".
187
100
Eurocode 3 - Bi-Linear
90 FE1 - only M
Poly. (FE1 - only M)
80
Bending Moment (kN.m)
70
Limitation of Polynomial Approach
60 Bending Moment < 73.10 kNm
Rotation < 0.023 rad
50
40 Polynomial Approach of Order Six
Moment = -20959518100.25*Rot6 + 5472046345.80*Rot5
30 - 564365816.24*Rot4 + 29238238.55*Rot3
- 802619.86*Rot2 + 11527,15*Rot + 2,84
20
10
0
0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08
Rotation (rad)
Figura 3.47 - Curva momento versus rotação idealizada adotada nas análises não-lineares.
(a)
(b)
Figura 3.48 - Modelo idealizado, viga vierendeel com ligações: (a) rígidas e (b) rotuladas.
carga, com um tamanho de passo igual a 0,02 e um número máximo de iterações igual a 100.
Quatro casos diferentes foram considerados usando o elemento finito de ligação descrito
anteriormente, ou seja, no primeiro adotou-se uma rigidez constante igual a 6000 kNm/rad
(rigidez inicial da curva bilinear) em todas as ligações; no segundo caso usou-se uma rigidez
atualizada através da curva bilinear, em todas as ligações; no terceiro caso utilizou-se uma
rigidez atualizada de acordo com a curva polinomial de sexto grau em todas as ligações e
finalmente, no quarto e último caso, usou-se uma rigidez atualizada de acordo com a curva
polinomial de sexto grau considerando efeitos da interação momento fletor versus força axial
em todas as ligações. Os resultados obtidos para cada um dos casos analisados são
apresentados na Figura 3.49, respectivamente, em termos de forças e momentos fletores no
elemento doze, assim como cargas limite e trajetórias de equilíbrio do nó número três.
Somente o primeiro caso, com uma rigidez constante da ligação, foi atingido o
multiplicador de carga máximo igual a 20 vezes a carga aplicada, com uma trajetória de carga
linear e não apresentou nenhum limite máximo para o valor da carga. Esta estratégia também
produziu um conjunto não confiável de distribuição de forças e momentos quando comparado
com as outras simulações. Para melhor visualizar os resultados das trajetórias de carga, para
todos os casos simulados, o deslocamento vertical máximo do nó de número três foi usado e
limitado a 0,2 m, Figura 3.49. Esta estratégia foi usada pois nos casos 2, 3 e 4 não se atingiu
multiplicadores de carga iguais a 2 e o primeiro caso apresentou uma resposta linear elástica.
Como esperado, quando a resposta das ligações semirrígidas foi considerada, por meio de sua
curva momento versus rotação associada, um valor limite para a carga aplicada foi atingida,
Figura 3.49.
5
Case 1: constant stiffness
Case 2: bi-linear curve
0
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20
Vertical Displacement (m)
O segundo e terceiro casos (sem considerar a interação momento versus força axial)
apresentaram multiplicadores de carga limites iguais a 1,68 e 1,59 vezes as cargas máximas
aplicadas. Esta resposta semelhante pode ser facilmente explicada pela adoção da máxima
capacidade resistente à flexão da ligação avaliada através da aproximação bilinear do
Eurocode 3. O quarto caso, que considera a interação momento versus força axial, apresentou
uma redução substancial da carga última do sistema (0,74) quando comparado com o segundo
e terceiro casos (1,68 e 1,59). Este fato só corrobora a ideia de que desprezar a interação
momento versus força axial poderia levar a dimensionamentos estruturais errôneos e, talvez,
até mesmo, a soluções inseguras. Este fato mostrou que estes efeitos de interação não podem
ser descartados, especialmente em sistemas estruturais com forças axiais significativas. Se
esta interação não foi considerada, como por exemplo, no terceiro caso, a carga última do
sistema seria estimada em 159% das cargas originais aplicadas.
Assim, demonstrou-se a eficiência do elemento de mola, proposto por este trabalho,
para análise linear e não linear, bem como a eficiência das implementações computacionais. O
elemento híbrido, implementado somente para análise linear, apresenta uma limitação em
relação ao carregamento, ou seja, não consegue representar de forma adequada os momentos
189
fletores para o caso de carregamento distribuído. Por este motivo, não se implementou o
elemento híbrido para análise não-linear. Em relação a todos os exemplos analisados, pode-se
concluir que para pequenos deslocamentos, as considerações de rigidez linear e não-linear são
quase que equivalente. Quanto aos algoritmos de solução não lineares, o que se mostrou mais
adequado foi o Método de Controle de Deslocamento Generalizado. Este método foi utilizado
em todas as análises não lineares realizadas neste trabalho.
Uma das principais contribuições em termos de modelagem do presente trabalho foi a
implementação de um elemento finito discreto de mola contemplando de forma simples a
interação flexão versus esforço axial através da aplicação de cargas de interações entre estes
esforços. A modelagem simples unifilar do problema permite uma rápida e simples avaliação
dos efeitos desta interação apontando os casos onde cuidados devem ser tomados no
dimensionamento.
Também foi desenvolvido um modelo de molas e barras rígidas no programa Ansys
baseado no modelo relativo ao método das componentes presente no Eurocode 3. Com a
calibração deste modelo com resultados experimentais foi possível executar uma análise
paramétrica visando um melhor entendimento do papel de cada componente no desempenho
global da ligação em termos de rigidez inicial e capacidade de transmissão da flexão. A
convergência destas análises também não foi simples suscitando uma série de medidas como
diminuição do tamanho dos passos, reinícios com passos adequados, vários tipos e valores
máximos para assegurar a convergência. Muitas vezes tamanhos de passos inadequados na
análise geram um desvio da trajetória de equilíbrio que exigem que o sistema tenha que ser
recomeçado nos seus estágios iniciais. Todo este processo não é de simples entendimento e
implementação, requerendo experiência e tempo para superar estas dificuldades.
0.80
0,70
0.70
0,60
139
0.60 140
0,50
141
0.50 142
,
0,40
0.40
0,30 0.30
0,20 0.20
0, 10
0.10
Lateral displacements (mm)
Lateral displacements (mm) 0,0
0,00
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00 22,00
Figura 3.51 - Carga versus deslocamentos laterais, viga b14 Amplitude & efeitos de posição.
191
A partir destes resultados foi adotada uma imperfeição padrão de h/500 de amplitude
aplicada em um nó distando 0,2h da mesa superior da viga. Quatro vigas foram simuladas
para calibrar o modelo, R01, R03, b08 e b83. O comportamento destas vigas em termos de
carga versus deslocamento lateral dos nós da alma: 140, 141, 142 e 143 (0,20 h, h 0,15, 0,10
h, h 0,05 longe a mesa superior) estão apresentados nas Figuras 3.52 e 3.53.
1.2
1.2
P/Pexp P/Pexp
1 1.0
0.8 0.8
140
141
140 141
142
0.6 143 0.6 142 143
0.4 0.4
0.2 0.2
Figura 3.52 - Carga versus deslocamento lateral, vigas R01 & R03.
1,2
P/Pexp 1
P/Pexp
0,9
1
0,8
0,8 0,7
140
0,6 141
140 141
0,6
142
142 143 0,5 143
0,4
0,4
0,3
0,2
0,2
Figura 3.53 - Carga versus deslocamento lateral, vigas b08 & b83.
P/Pexp =1.053
P/Pexp =1.033
P/Pexp =0.938
P/Pexp =0.919
Neste trabalho foi estudada a variação da imperfeição inicial, rigidez longitudinal dos
estais e diferentes níveis de protensão aplicados aos mesmos [110], [111]. A busca pela
protensão ótima, que fará com que a estrutura obtenha a maior carga crítica, é realizada tanto
193
para cada tipo de imperfeição inicial quanto para a variação de rigidez longitudinal dos estais.
Aproveitando as medições das imperfeições iniciais do modelo experimental decidiu-se fazer
três níveis de incremento de imperfeição inicial na coluna principal. Uma suposição adotada
no modelo computacional é que a imperfeição máxima ocorra no meio da coluna estaiada. As
três análises concebidas adotam amplitudes máximas de imperfeição iguais a L/1500, L/500 e
L/300 (8 mm, 24 mm e 40 mm, respectivamente). A imperfeição de L/1500 é similar à
imperfeição experimental. A de L/500 é a imperfeição máxima admitida por normas
estruturais. Nota-se que, quando a coluna experimental estava apoiada somente em suas
extremidades, ocorreu uma deformação de 115 mm, devido ao peso-próprio, gerando uma
imperfeição inicial grande. Também foram usadas três rijezas axiais diferentes para os estais,
sendo dois deles modelados com elementos de cabo e o outro como uma barra de aço (um
vergalhão típico). Os cabos têm seção transversal com área de 16,18 mm2 e 31,669 mm2
enquanto que o vergalhão tem 126,68 mm2. O cabo de 31,669 mm2 foi obtido pelo
dimensionamento pelo método de Belenya, [112]. O cabo de 16,18 mm2 foi usado no modelo
experimental.
Todas as análises foram realizadas com as extremidades apoiadas, restrição da rotação
em torno do eixo axial da coluna e o carregamento perfeitamente centrado. Para solucionar o
problema de deformação excessiva provocado pelo peso-próprio, um cabo laçando a coluna
no meio do seu comprimento e ancorado no pórtico de reação, foi usado. Para esses casos,
modelou-se um sistema estrutural com estas características para poder representar melhor o
que ocorria nos ensaios experimentais.
Os elementos adotados foram o PIPE20, para a coluna central e para as barras
perpendiculares a coluna central, e o LINK10, para representar os estais. PIPE20 é um
elemento uniaxial com características de tração-compressão, torção e flexão. Possui seis graus
de liberdade em cada nó: translações nas direções nodais x, y e z, e rotações sobre os eixos x,
y e z. O elemento tem como características: plasticidade, deformação e expansão. O LINK10
é um elemento de cabo 3D que tem a característica original de uma matriz de rigidez bilinear
resultando somente em um elemento de tração uniaxial (ou de compressão). Com a opção de
“tension-only” (somente tração), a rigidez é removida se o elemento entrar na compressão
(simulando um cabo frouxo ou uma condição de corrente frouxa).
Para a modelagem da coluna foram utilizados dois tipos de materiais. Um material
representando o elemento da coluna principal e das barras perpendiculares e um segundo
representando os estais. A coluna central foi dividida em doze elementos com 1000 mm de
comprimento (totalizando os 12 m de altura da coluna. As barras perpendiculares foram
divididas em dois elementos com 300 mm de comprimento. Os estais contém apenas um
elemento. A coluna foi modelada inicialmente como perfeita. No vão central da coluna foi
aplicada uma força até que a amplitude da imperfeição desejada fosse atingida. Os dados de
saída desta primeira análise geraram as coordenadas usadas nas análises subsequentes. A
Figura 3.56 ilustra a coluna estaiada modelada com a sua imperfeição inicial.
1
ELEMENTS
JUL 19 2005
MAT NUM 17:34:00
Y
X
Z
Figura 3.57 – Cargas críticas da coluna sem estais e com estais com e sem protensão e comparação
entre a razão da carga de protensão por sua resistência versus carga crítica da coluna sem protensão.
Figura 3.58 – Carga externa máxima e mínima versus deslocamentos horizontal e vertical na metade
da coluna estaiada. Valores de P (protensão) em kN.
Figura 3.59 – Carga externa versus deslocamento horizontal na metade da coluna (imp: 8, 24 e
40mm).
Figura 3.60 – Carga externa versus desl. vertical na metade da coluna (imp: 8, 24 e 40mm).
A Figura 3.61 apresenta os gráficos da carga aplicada versus carga na barra e no cabo
mais tracionado (que está na direção da imperfeição) para cada nível de imperfeição. Um
comportamento bem distinto pode ser observado entre os casos com barras ou cabos. Nos
196
casos com barras nota-se que as cargas nos estais permanecem constantes até um valor onde
passam a crescer até o colapso da estrutura. Já nas barras, a carga inicialmente decresce para
depois voltar a crescer. Estas observações são mais evidentes para colunas com menos
imperfeições sendo atenuadas com o aumento destas. Isto implica nos cabos aumentarem sua
carga mais cedo e a redução das cargas nas barras na fase inicial de carregamento ser menor.
Carga aplicada x Carga no estai mais tracionado (8mm)
90
80
70
60
Carga aplicada (kN)
50
40
B P=0 B P=0,17
30 B P=1,66 B P=3,31
B P=4,97 B P=5,80
B P=6,63 B P=7,46
20 B P=7,79 B P=8,29
B P=9,95 C P=0,03
C P=0,30 C P=2,97
10 C P=4,46 C P=5,06
C P=5,35 C P=5,95
C P=7,44 C P=8,93
C P=0
0
0 5 10 15 20 25
Carga no estai mais tracionado (kN)
Figura 3.61 – Carga externa versus carga no estai mais tracionado (imp: 8, 24 e 40mm).
Também foi possível observar que apesar das análises possibilitarem que a não
linearidade do material pudesse ser levada em conta (relacionada com a plastificação dos
cabos e barras e tubos adotados) os casos investigados apresentaram-se no regime elástico.
Naturalmente, isto se explica devido ao grande índice de esbeltez adotado na coluna
protendida (aproximadamente 400 considerando o comprimento de 12 metros e
aproximadamente 200 somente a metade deste). A Figura 3.62 apresenta a deformada típica
encontrada no ANSYS. No modelo analisado com cabos, a deformada ocorreu no primeiro
modo de flambagem e no modelo com barras (maior rigidez) ocorreu o segundo modo de
flambagem representado por duas ondas na coluna estaiada.
Após um extenso estudo do comportamento de colunas estaiadas pelo programa de
elementos finitos ANSYS concluiu-se que ao se colocar os estais na coluna, um incremento
significativo da carga crítica é determinado, e quanto mais rígido axialmente forem os estais,
maior é a sua influência no incremento da carga crítica. Para os níveis de rigidez axial dos
estais estudados, pode-se concluir que quanto maior for a imperfeição, menor é o efeito que a
protensão exerce na carga crítica. A rigidez axial dos estais também influencia o
comportamento da coluna estaiada. Tendo uma rigidez baixa, a coluna comporta-se de forma
não linear, enquanto que aumentando esta rigidez, o comportamento passa a ser linear. É
interessante observar que para as colunas avaliadas, a simples utilização de cabos sem
protensão aumenta a carga última do sistema em 100% e quando se usa o nível correto de
protensão este ganho pode subir para níveis da ordem de 200%. Também foi possível
observar que a carga ótima de protensão foi maior que 1% do valor da carga de projeto da
coluna para cada estai, como sugerido por E. Belenya [112].
Modo 1 Modo 2
Duas alternativas foram criadas para avaliar a carga ótima para o sistema estrutural
sendo outra contribuição deste trabalho. A primeira faz-se através de uma relação da carga de
197
protensão pela carga crítica da coluna estaiada sem protensão. Esta alternativa depende do
sistema estrutural adotado sendo particular para um tipo de configuração estrutural. Já a
segunda baseia-se em uma relação da carga de protensão pela resistência individual do estai
sendo independente do sistema estrutural e de mais fácil compreensão para uso na construção
civil.
A modelagem com os estais foi fundamental para aferir sua influência sobre o
comportamento estrutural do sistema protendido estudado. A aplicação da protensão foi feita
por tentativas através de reduções dos comprimentos dos estais até que a força neles gerada
tivesse a magnitude da protensão desejada. Um estudo preliminar indicou que o uso do cabo
para redução dos deslocamentos iniciais do sistema devido ao efeito do peso próprio na
configuração horizontal adequada não influiu no comportamento estrutural do modelo. Isto
pode ser comprovado pelo comportamento estrutural muito similar entre os modelos
numéricos contendo ou não este cabo.
A modelagem não linear adotada não foi trivial demandando recomeços, mudanças do
tamanho dos passos, estratégias e critérios de convergência. Os apoios foram adotados para
simular as condições presentes nos experimentos restringindo movimentos de corpo rígido e
simulando um sistema biapoiado. O carregamento foi feito por meio de um deslocamento
axial no topo da coluna para um melhor controle da convergência em fases próximas ao
colapso estrutural.
As imperfeições presentes nos modelos experimentais foram incorporadas nas
simulações numéricas em termos de forma e amplitude sempre respeitando as tolerâncias de
fabricação usualmente adotadas nas normas. Algumas amplitudes de imperfeição máxima
foram investigadas demonstrando sua influência sobre o comportamento estrutural de colunas
estaiadas investigadas. Os modelos numéricos também se mostraram úteis para simulação do
esgastamento parcial em uma das extremidades da coluna presentes nos ensaios preliminares.
Casos limites considerando engaste e rótula foram avaliados servindo como limites para o
engastamento parcial presente.
Simulações numéricas também foram feitas nas células de cargas usadas nos estais de
modo a investigar possíveis desvios de suas leituras em virtude de excentricidades inevitáveis
devido ao diâmetro dos furos serem maiores do que as barras de aplicação da protensão. Estas
simulações mostraram que estas excentricidades tem um efeito desprezível sobre a
distribuição de tensões ao longo dos pontos onde são medidas as tensões para futuro cálculo
da força nos estais.
O efeito da protensão sobre o comportamento estrutural possibilitou distinguir dois
comportamentos distintos entre os sistemas com cabos e barras. Enquanto os sistemas com
cabos tiveram um ponto de protensão ótima a partir do qual a carga de colapso do sistema se
reduz, o mesmo não ocorreu nos sistemas com barras onde um aumento contínuo da carga do
sistema ocorreu até o ponto em que somente a protensão já conduzia ao colapso estrutural.
A energia dos ventos é uma abundante fonte de energia renovável, limpa e disponível
amplamente. A utilização desta fonte energética para a geração de eletricidade, em escala
comercial, teve início há pouco mais de 30 anos e através da aplicação de conhecimentos da
indústria aeronáutica. Os equipamentos para geração de energia eólica evoluíram rapidamente
em termos de ideias e conceitos preliminares para produtos de alta tecnologia. Este trabalho
desenvolveu um modelo computacional que representa de forma satisfatória o comportamento
estrutural da torre eólica modelo MM92 da Repower. Para tanto, algumas simplificações do
modelo estrutural foram consideradas de forma a permitir uma satisfatória avaliação da
resposta estática e dinâmica para a torre eólica em estudo. Os efeitos da não linearidade do
material e geométrica, peso próprio da torre e dos equipamentos necessários para a sua
198
funcionalidade, e, bem como, a ação do vento sobre as pás da torre são consideradas na
metodologia de análise desenvolvida neste estudo, [113]- [115].
Um dos carregamentos mais importantes a ser considerado na análise das torres
eólicas em aço tem como origem o vento. A NBR 6123 cita que a obtenção da ação do vento
pode ser interpretada como um efeito dinâmico devido à turbulência atmosférica. A Figura
3.63 representa de forma simplificada a ação do vento empregada neste trabalho. A ação do
vento sobre as pás da hélice pode ser vista como um carregamento distribuído ao longo da
área de atuação - ver Figura 3.63. Para simplificar, porém mantendo coerência nos resultados,
adota-se uma força resultante equivalente ao carregamento distribuído, conforme a Figura
3.63. Nesta Figura, apresenta-se também a consideração do peso próprio.
A torre eólica de aço estudada neste trabalho refere-se ao modelo MM92 da Repower,
presente em diversos países como Espanha, Portugal e Alemanha possuindo uma capacidade
de gerar 2 MW de energia elétrica. A produção de energia elétrica está diretamente vinculada
à velocidade do vento na região onde as torres estão instaladas. O modelo MM92 começa a
produzir energia a partir de uma velocidade de 3 m/s e interrompe sua produção quando
atinge uma velocidade de 24 m/s.
O modelo MM92 possui um formato de um tronco cônico vazado divido em três
partes com a finalidade de facilitar o transporte e a montagem. A primeira possui uma altura
de 21,77 m, diâmetro na base de 4,30 m e no topo de 3,917 m, a segunda uma altura de 26,62
m, diâmetro na base de 3,917 m e no topo de 3,45 m e, finalmente, uma terceira com altura de
2,78 m com diâmetro na base de 3,45 m e no topo de 2,96 m, totalizando uma altura de 76,20
m. A Figura 3.64 ilustra as divisões da torre e um modelo da torre MM92 possuindo um
diâmetro externo máximo de 4300 mm localizado na base e 2955 mm no topo da torre. A
espessura da parede da torre varia ao longo de sua altura entre 30 mm na base e 12 mm no
topo. Na Figura 3.64 pode-se observar uma igualdade na medida dos diâmetros, para se ter na
superfície externa da torre uma continuidade, ou seja, uma superfície plana.
O sistema da ligação com parafusos é utilizado para conectar as partes da torre. Na
torre investigada emprega-se um total de 464 parafusos com diâmetro de 45 mm para ligação
da primeira parte com a fundação e com a segunda, de 39 mm ligando a segunda com a
terceira parte e de 30 mm ligando a terceira parte com o topo. Na ligação das partes da torre
surgem os enrijecedores, em virtude da espessura das mesas da ligação ser superior ao da
parede da torre. A Figura 3.64 ilustra uma das mesas da ligação utilizada na torre e o
enrijecedor criado pela ligação, partes da torre são conectadas por meio de mesas e por
possuírem espessuras maiores em relação à torre passam a existir nesta região, os
enrijecedores. A Figura 3.64 representa de forma esquemática um enrijecedor utilizado na
torre. Existem duas aberturas na torre, uma para acesso interno (maior) e outra para ventilação
(menor), ambas têm o formato de uma elipse com enrijecedor perpendicular a abertura ver
Figura 3.64.
199
A parte superior da torre é composta por três pás de hélice medindo cada uma 45,20 m
fabricadas com resina plástica reforçadas com fibra de vidro e pesando cada uma 800 kg. As
pás são transportadas separadamente e engastadas ao rotor através de parafusos criando,
quando em funcionamento, uma superfície variada de 6.720 m2. O rotor da torre é responsável
em fazer girar a turbina e consequentemente, produzir a energia elétrica. A nacelle é o
conjunto de todos os equipamentos mecânicos e elétricos locados na parte superior da torre,
pesando 6900 kg.
Os modelos numéricos foram elaborados com base no método dos elementos finitos
utilizando-se elementos de casca SHELL181 presente na biblioteca de elementos finitos do
programa Ansys, versão 10.0. Este elemento é adequado para a análise de estruturas
compostas por cascas que apresentem espessuras finas e médias. O elemento SHELL181 tem
quatro nós com seis graus de liberdade por nó: translações nas direções X, Y e Z e rotações
em relação aos eixos X, Y e Z. Trata-se de um elemento adequado para a modelagem de
problemas estruturais que envolvam análise linear e não-linear física e geométrica.
Não-linearidades físicas e geométricas foram incorporadas aos modelos em elementos
finitos, a fim de se mobilizar totalmente a capacidade de resistência da torre a esforços
normais, de cisalhamento e de flexão, devido à ação de esforços globais. Adicionalmente, a
utilização da não linearidade geométrica permite a previsão de grandes deformações,
considerando a redistribuição de carregamento na torre após o escoamento inicial.
As condições de contorno da torre eólica de aço foram simuladas nos modelos
numéricos pela restrição do grau de liberdade apropriado, sendo considerado o impedimento
da rotação e translação dos eixos x, y e z, ou seja, uma base engastada. As malhas dos
modelos de elementos finitos foram definidas através de testes de validação de modelagem,
isto é, as análises modais dos modelos foram realizadas com diversas densidades de malhas e
à medida que as malhas iam sendo refinadas, as repostas das análises iam variando. Quando
os resultados convergiram para os resultados experimentais, ou seja, não apresentaram
variações significativas nos resultados, as malhas foram consideradas como aceitáveis. O
modelo final adotado foi constituído por 17094 elementos e 17124 nós, conforme apresentado
na Figura 3.65. Na modelagem das aberturas das portas foram consideradas todas as suas
características geométricas e também os enrijecedores. As pás das hélices, o rotor e a nacelle
foram representados por um elemento de casca, conforme Figura 3.65, com densidade
equivalente aos respectivos pesos.
200
Figura 3.66 – Distribuição das tensões de Von Mises devido ao carregamento de 308,45 kN e
possíveis posições para aplicação de carregamento.
201
1200 1 1200
4
Força (kN)
Força (kN)
Figura 3.67 – Curvas carregamento do vento versus deslocamento. vento: 0o, 90o e 45º.
A Figura 3.68 ilustra para o caso de vento a 0o a distribuição das tensões de von Mises
correspondente aos pontos 1, 2, 3 e 4 da Figura 3.67, onde observa-se o início do surgimento
de valores destas tensões próximos da tensão de escoamento entre os enrijecedores e na região
próxima a abertura da porta, correspondendo a um carregamento aplicado de 1327,65 kN. O
ponto 2 corresponde a um carregamento aplicado de 1491,00 kN e deslocamento de 2,56 m e
pode-se observar que há um aumento de regiões com valores de tensões de von Mises iguais a
tensão de escoamento do material indicando o início de plastificação da seção crítica da torre,
porém ainda não comprometendo a estrutura da mesma. A ocorrência de flambagem local
pode ser observada para um deslocamento aplicado de 2,703 m correspondente a um
carregamento de 1559,92 kN referente ao ponto 3. A plastificação ao redor da abertura da
porta continua a aumentar no ponto 4 com o deslocamento máximo de 2,80 m e carregamento
de 832,38 kN, a região onde a flambagem local ocorreu apresenta uma deformação elevada e
surge uma nova distribuição para as tensões de von Mises o que causa um alívio nas regiões
onde havia grandes concentrações de tensões. Observa-se pelo detalhe na abertura da porta,
uma região em compressão devido à direção do vento utilizada, ou seja, 0o, coincidindo com a
direção paralela ao eixo x.
202
Figura 3.68 – Distribuição de tensões de Von Mises - casos com vento a 0o - pontos 1, 2, 3 e 4.
Na Figura 3.69, para o caso vento 90o, o nível de carga aplicado foi de 1497,06 kN
com deslocamento correspondente de 2,50m referindo-se ao ponto 2 da Figura 3.67, onde
pode-se constatar que a torre nas mesmas regiões descritas anteriormente, apresenta um
aumento de regiões com ocorrência de plastificação. Posteriormente, quando o deslocamento
aplicado atinge o valor de 2,79m correspondente ao ponto 3 da Figura 3.67, ocorre a
flambagem local na região entre os enrijecedores. Aplicando um deslocamento máximo de
2,85 m, ver Figura 25, correspondente a um carregamento de 1245,33 kN a região onde a
flambagem local se iniciou apresenta valores significativos da tensão de von Mises, criando
uma nova distribuição para as tensões em outras regiões causando um alívio nas outras partes
da torre, como por exemplo, na abertura de ventilação.
Na Figura 3.70 são apresentadas as distribuições das tensões de von Mises para o caso
de vento a 45o ao longo da torre para níveis de carregamento correspondentes aos pontos em
destaque no gráfico da Figura 3.67. No ponto 1 da Figura 3.67, ocorre o aparecimento de
tensões de von Mises elevadas entre os enrijecedores da torre, para um carregamento de
1217,30 kN com deslocamento de 2,02 m. Analisando-se o ponto 2 da Figura 3.67 com
carregamento de 1419,93 kN para um deslocamento de 2,37 m, percebe-se que há um
aumento na distribuição das tensões de von Mises entre os enrijecedores da torre. No ponto 3
da Figura 3.67 observa-se o aparecimento de uma flambagem local com carregamento
máximo de 1542,73 kN e com deslocamento correspondente a 2,66 m. Por fim, no ponto 4 da
Figura 3.67, observa-se a deformação da seção devido a flambagem local e também a
redistribuição das tensões ao longo da torre, para um carregamento de 738,28 kN com
deslocamento de 2,74 m. Nos detalhes da abertura da porta e da ventilação não há uma
concentração intensa de tensões como ocorrida anteriormente, devido a direção do vento.
203
Figura 3.69 – Distribuição de tensões de Von Mises caso vento 90o pontos 1, 2, 3, 4.
Da observação da Figura 3.67 pode-se notar que a ação do vento a 90o representou a
maior carga última, seguida da ação do vento a 0o e finalmente, do carregamento para vento a
45o. A diferença entre a resistência máxima e mínima é de 3,52%. Uma sugestão para
solucionar o aparecimento da flambagem local na torre eólica modelo MM92 da Repower
poderia ser a adoção de enrijecedores nos locais e/ou o aumento na espessura da parede da
torre onde ocorreu a flambagem local. As aberturas da torre foram os locais onde se iniciou o
escoamento na torre. Para resolver este problema, uma nova configuração de enrijecedores ou
o aumento da espessura da parede próximo das aberturas deve ser efetuado.
Este trabalho teve como objetivo o estudo do comportamento estático de uma torre
eólica modelo MM92 da Repower. Esta avaliação foi executada, por meio do emprego de
técnicas usuais de discretização, via método dos elementos finitos. Os comportamentos
estáticos não lineares foram analisados através da aplicação de carregamentos que simulam a
ação do vento sobre as pás da hélice da torre analisada. O método numérico dos elementos
finitos demonstrou-se bastante útil e preciso na avaliação do comportamento estrutural da
torre eólica estudada. Sua utilização mostrou-se eficaz na previsão das análises estática linear
e não linear quando comparada com resultados experimentais. Foi verificado que o
carregamento resultante avaliado não gerou uma tensão maior que a tensão de escoamento
fato que a princípio, garante a sua segurança estrutural. Todavia, esta afirmação deve ser
tomada com cuidado dado a aproximação feita dos carregamentos de vento atuante. Mostrou-
se que a torre eólica em uma análise não-linear apresentou seu colapso associado a
flambagem local. Os valores de tensão máxima mostraram ter pouca variação quando a
direção do carregamento aplicado foi variado, simulando as possíveis direções do vento
incidente na torre eólica.
204
Figura 3.70 - Distribuição de tensões de Von Mises caso vento 45o pontos 1, 2, 3, 4.
equivalente para facilitar o controle da convergência. Um dos aspectos mais interessantes foi
a avaliação da influência das aberturas sobre possíveis concentrações de tensão em seu
entorno. Mais uma vez a convergência próxima ao colapso foi complexa suscitando as
estratégias de solução já comentadas anteriormente.
Uma vez mais o controle da aplicação da carga foi feito através da aplicação de um
deslocamento equivalente possibilitando seu maior controle nas regiões próximas ao seu
colapso. A convergência também mostrou-se difícil em alguns casos levando ao uso de um
tamanho de passo de carga reduzido. Também foi preciso alterar os critérios de convergência
adotados em termos de sua máxima tolerância e qual variável deveria ser controlada
(deslocamento, força, momento, rotação, energia, etc.).
A curva tensão versus deformação nominal dos ensaios e usada nesta modelagem para
o aço inoxidável SUS304 está ilustrada na Figura 3.73, junto com a curva tensão versus
deformação verdadeira.
1600
1400
1200
Stress (MPa)
1000
800
600
400
nominal stress
200
true stress
0
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
Strain
Para fazer uma avaliação entre os resultados experimentais e numéricos foi escolhido
o ensaio SA2-2, que apresentou uma carga última experimental no valor de 48,05 kN, e a
melhor carga última obtida no modelo numérico do Kim & Kuwamura, [116] que foi de 44,85
kN, Figura 3.74. Este trabalho mostra que não há influência do comprimento da chapa quando
se adota um valor igual ou acima a 150 mm para a análise, visto que a carga última e o modo
de ruína da ligação aparafusada não se modificam com a mudança do comprimento. Desta
forma, para o presente modelo, o comprimento adotado foi de 150 mm. A carga foi aplicada a
partir de incrementos de deslocamento, sendo estes, divididos em sub-passos, e para o
parâmetro de convergência de descolamento foi utilizado o valor de tolerância de 0,01.
t f y (1 n ) t ln( 1 n )
A Figura 3.76 apresenta uma malha típica do modelo que simula estes ensaios onde
apenas a metade da ligação foi considerada usando condições de contorno relativas à simetria
suficientes para caracterizar os estados limites últimos da ligação. As propriedades dos
materiais consideradas foram: módulo de elasticidade igual a 210 GPa e coeficiente de
Poisson igual a 0,3. Como mencionado anteriormente, curvas tensão versus deformação
verdadeiras para o aço inoxidável com um comportamento não-linear foram adotadas usando
resultados de corpos de prova [22].
208
Uma análise não-linear completa foi realizada para o modelo numérico desenvolvido.
A não-linearidade do material foi considerada usando um critério de escoamento de von
Mises associado a uma relação multilinear tensão versus deformação e uma lei de
encruamento isotrópica. A não linearidade geométrica foi introduzida no modelo usando uma
formulação Lagrangeana atualizada. Este procedimento representa a avaliação estrutural
completa das ligações estudadas e pode ser avaliada com distribuições de tensão (que
detectam, entre outros dados, o primeiro escoamento), ou com curvas força versus
deslocamento para qualquer nó da ligação. Na Figura 3.77 são apresentadas as curvas carga
versus deslocamento para a placa individualmente em cada ensaio, onde se pode verificar que
as cargas últimas encontradas nos ensaios E5_INOX_S50, E7_INOX_S30 e E9_INOX_S23
foram 389 kN, 389 kN e 385 kN, respectivamente. Observa-se que em todos os modelos
numéricos, a carga máxima encontrada está compreendida entre a carga preconizada pelo
Eurocode 3, [21], e a carga experimental.
Verifica-se na Figura 3.78 a distribuição de tensões de von Mises para os três modelos
reproduzidos, nos quais, existem tensões elevadas entre a borda da placa e o furo para todos
os modelos. No modelo correspondente ao ensaio E5_INOX_S50 há, pela distribuição de
tensões, ruptura da seção líquida da chapa de aço inoxidável passando por dois furos. Este
modo de ruína foi o mesmo ocorrido no ensaio experimental. No modelo numérico referente
ao ensaio E7_INOX_S30, observa-se que não é claramente identificada a seção de ruptura da
seção líquida, ou seja, ela poderá ocorrer passando por dois ou três furos. No caso do modelo
E9_INOX_S23, a ruptura ocorre na seção líquida da chapa, passando por três furos, fato
constatado também no ensaio experimental.
209
De modo a analisar o modo de ruína, no que diz respeito a ruptura da área líquida da
seção, a Figura 3.79 mostra as curvas carga versus deformação para um ponto situado na
seção com dois furos no eixo de simetria horizontal. Verifica-se que quanto maior for a
distância horizontal entre furos, parâmetro s, menor é a solicitação no parafuso da seção
adjacente. Por exemplo, para um nível de carga aplicada de 250 kN, tem-se a curva mais a
esquerda com um nível de deformação inferior aos demais evidenciando a ruptura na seção
com 3 furos. Por outro lado, para este nível de carga aplicada, o modelo do ensaio
E5_INOX_S50, evidencia que a ruína ocorre na seção com 2 furos.
Figura 3.81 - Distribuições de tensão de von Mises na seção perfurada (MPa) viga 2A.
80 80
70 70
50 50
40 40
30 30
0 0
0 5 10 15 20 25 0 5 10 15 20 25 30
Displacement (mm) Displacement (mm)
800 I
700 H
600
Bending Moment (kN.m)
F
500 E
G
400
D
300 C
B
A
200
100
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Displacement (mm)
As Figuras 3.84 a 3.86 ilustram uma evolução da distribuição de tensões de von Mises
para os modelos 1, 3 e 5. Os níveis de carga que estão representados na Figura 3.83 pelas
letras "A" até "I" indicam as magnitudes de carga associadas com deslocamentos verticais de
9 mm ("A", "B" & "C"), 18 mm ("D", "E" & "F") e o correspondente ao momento último
("G", "H" & "Eu") para vigas com aberturas quadradas, circulares e retangulares,
respectivamente.
Figura 3.84 - Distribuições de tensão de von Mises (MPa) associada a flechas de 9, 18mm & colapso
devido a uma carga concentrada (furo retangular, pontos A, D & G) (MPa).
213
Figura 3.85 - Distribuições de tensão de von Mises (MPa) associada a flechas de 9, 18mm & colapso
devido a uma carga concentrada (furo quadrado, pontos A, D & G) (MPa).
Figura 3.86 - Distribuições de tensão de von Mises (MPa) associada a flechas de 9, 18mm & colapso
devido a uma carga concentrada (furo circular, pontos A, D & G) (MPa).
As Figuras 3.84 a 3.86 indicaram que apesar do raio de concordância do canto adotado
ter sido igual a duas vezes a espessura da alma, pontos de concentração de tensão formaram-
se no canto das aberturas de vigas com aberturas quadradas e retangulares. A concentração de
tensão aumenta e é redistribuída em toda a alma com um aumento da carga aplicada até que
um ou mais rótulas plásticas são formadas. As vigas com aberturas retangulares apresentaram
um colapso associado com mecanismos Vierendeel simples. O colapso das vigas com
aberturas quadradas foi associado com uma interação entre o mecanismo de Vierendeel e os
colapsos por flexão no ponto de aplicação da carga.
A viga com uma abertura circular tendeu a apresentar um colapso associado com uma
flexão no ponto de aplicação da carga, mas também apresentou um colapso relacionado a uma
interação entre o mecanismo de Vierendeel e flexão no ponto de aplicação da carga se o ponto
de aplicação de carga fosse situado perto da abertura. A Figura 3.87 ilustra a evolução da
distribuição de tensões de Von Mises, no ponto de momento máximo para os modelos 13, 15
e 17. Com estes resultados é possível concluir que em todas as vigas o colapso foi associado
com a formação de quatro rótulas plásticas nas extremidades de abertura, claramente
caracterizando o mecanismo de colapso tipo Vierendeel.
Figura 3.87 - Distribuições de tensão de von Mises (MPa) associada no colapso devido a uma carga
concentrada (furos retangular, quadrado circular, sem enrijecedores) (MPa).
214
600
500
Bending Moment (kN.m)
400
300
200
100
0
0 10 20 30 40 50 60
Displacement (mm)
Rectangular Opening Square Opening Circular Opening
Figura 3.88 - Momento versus deslocamento vertical & detalhe do enrijecedor longitudinal.
Vigas com aberturas quadradas e retangulares e alturas iguais a 0,75h tiveram sua
capacidade estrutural severamente comprometida. Apesar disso, há situações onde não é
possível evitar a utilização destas aberturas. Para estes casos a utilização de enrijecedores
longitudinais soldados junto aos lados horizontais das aberturas são fortemente sugerida pelas
melhores práticas estruturais e normas de dimensionamento. Para verificar a eficiência
estrutural destes enrijecedores, três vigas foram simuladas com e sem enrijecedores.
Estas vigas tiveram as mesmas características de algumas das simulações numéricas
realizadas na análise paramétrica (ou seja, modelos 13, 15 & 17). Os enrijecedores
longitudinais foram modelados com as características geométricas ilustradas na Figura 3.88.
A Figura 3.89 indica que a presença de enrijecedores permite uma melhor redistribuição das
tensões ao longo das aberturas na alma (em comparação com os resultados representados na
Figura 3.87) e contribuem para um aumento da capacidade de carga das vigas. Apesar deste
efeito benéfico, o mecanismo Vierendeel ainda foi o modo de colapso destas vigas.
Figura 3.89 - Distribuições de tensão de von Mises (MPa) no colapso devido a uma carga concentrada
(furos retangular, quadrado circular, com enrijecedores) (MPa).
215
Os ensaios experimentais que foram usados para calibrar o modelo numérico foram
realizados por Lima [47] - [51], e serviram de base para a comparação com os resultados
numéricos, [126] - [128]. Em relação aos esforços aplicados, foram utilizados três tipos de
carregamentos: primeiro, o ensaio foi realizado somente com a aplicação de momento fletor;
segundo, foram feitos ensaios com aplicação de momento fletor e força normal de
compressão; e o terceiro, ensaios com momento fletor e força normal de tração. Lima adotou
que a viga deveria ser tal que a sua resistência plástica não fosse muito grande, tendo em vista
que a força normal aplicada era caracterizada por um percentual deste valor e limitada pela
capacidade dos equipamentos existentes no laboratório onde foram realizados os ensaios.
Após alguns estudos preliminares, foi adotado um perfil do tipo IPE240 para as vigas,
fabricado a partir de um aço S275, ou seja, com tensão nominal de escoamento igual a 275
MPa e tensão nominal de ruptura igual 430MPa.
Para a coluna, foi escolhido o perfil que tivesse suficiente resistência ao momento
fletor provocado pela força axial imposta. Outra condicionante era que as componentes
referentes a coluna, não atingissem o escoamento antes das demais. Considerando-se estas
informações após algumas análises iniciais, foi adotado um perfil do tipo HEB240 para a
coluna, fabricado a partir do mesmo aço da viga. Nos ensaios realizados por Lima, foi
utilizada uma placa de extremidade com espessura de 15 mm produzida com o mesmo tipo de
aço da viga e da coluna. A ligação da viga com a placa de extremidade foi efetuada com solda
de entalhe com espessura de 8mm. Os parafusos eram do tipo M20, cl. 10.9, com rosca
completa. Para a realização dos ensaios experimentais, utilizou-se um pórtico de aplicação de
carga cujas colunas a vigas eram constituídas por perfis HEB300. O perfil HEB500 foi
utilizado coma viga de apoio do atuador hidráulico ligada à parede de reação através de uma
ligação com placa de extremidade estendida com 30 mm de espessura e oito barras
rosqueadas, tipo DYWIDAG. A Figura 3.90 apresenta o pórtico usado nos ensaios.
216
Esforço Axial
ID
%Nplástico da viga Valor em kN
FE1 - -
FE3 -4% -52,7
FE4 -8% -105,6
FE5 -20% -265,0
FE6 -27% -345,0
FE7 -20% -265,0
FE8 +10% +130,6
FE9 +20% +264,9
tensão (MPa)
deformação deformação
(a) mesa da coluna (b) alma da coluna
tensão (MPa)
tensão (MPa)
deformação deformação
(c) mesa da viga (d) alma da viga
tensão (MPa)
tensão (MPa)
deformação deformação
Foram utilizados parafusos M20, classe 10.9, constituídos de cabeça, porca e corpo
(rosca completa). O corpo do parafuso foi definido através da área da seção transversal da
zona roscada e o seu comprimento é igual a soma das espessuras dos elementos que liga:
placa de extremidade e mesa superior da coluna. O parafuso é representado na Figura 3.92 e
na Figura 3.94, respectivamente. O carregamento, para todos os casos estudados, é aplicado
através de deslocamentos, que variavam de acordo com o nível de esforço desejado. A
protensão dos parafusos foi incorporada ao modelo, através da aplicação de deslocamento na
cabeça e na porca do parafuso (Δ1 e Δ2). Este deslocamento foi aplicado no valor de 0,03mm,
em sentidos invertidos, de acordo com a região de aplicação, antes dos passos de carga para a
caracterização do esforço normal e momento fletor. No que se refere às condições de
contorno, a mesa e a alma da coluna foram restringidas nos eixos x e y. O deslocamento
vertical (eixo y) foi impedido na placa de extremidade e o eixo superior da mesa da viga está
restringido lateralmente (eixo x) - ver Figura 3.92.
Foram realizados diferentes modelos, para caracterizar as diferentes aplicações de
esforço normal aos mesmos, conforme descrito anteriormente. Para a modelagem foi
218
Δ2 (N)
Δ (N)
Δ1 (N)
Δ (M)
(e)
(c)
(d)
Y
Z X
Z X
(2)
(1)
Experimental
Numérico
Placa de extremidade à flexão
Mesa da viga à compressão
Parafusos à tração
Pontos numéricos estudados
de 49,6 kNm, que corresponde ao ponto 01, onde ocorre o início da plastificação da placa de
extremidade. Na Figura 3.97, são obtidas as componentes para o início da plastificação da
mesa da viga à compressão, para o momento de 65,9 kNm, representado na pelo ponto 02. Por
fim, na Figura 3.97, são apresentadas as componentes para um nível superior de momento
fletor, de 79,2 kNm, onde se observar a plastificação das duas componentes, conforme ponto
3. Com isto, é possível verificar que a modelagem manteve as características obtidas no
ensaio experimental.
1
1
SMX =1037
SMN =.102295
DMX =5.115
TOP
SEQV
TIME=5
SUB =25
STEP=1
NODAL SOLUTION
SMX =1037
SMN =.102295
DMX =5.115
TOP
SEQV
TIME=5
SUB =25
STEP=1
NODAL SOLUTION
JUL 30 2009
19:40:03
JUL 30 2009
19:40:03
.102295
610
610
.102295
(AVG)
(AVG)
1 1
NODAL SOLUTION NODAL SOLUTION 1
1 JUL 30 2009 NODAL SOLUTION JUL 30 2009
STEP=1 STEP=1
650
370
JUL 30 2009
370
650
SEQV (AVG)
350
DMX =10.378
700
DMX =26.147
TOP SMN =7.323 SMN =5.195 DMX =26.147
DMX =10.378 SMX =438.728 SMX =1222 SMN =17.599 MX
SMN =.377725 SMX =525.885
MX
MX
SMX =1071
750
300
750
300
MN
MN
Y
Y
X
X
Y Y
800
Z X
Y
250
800
250
Z
Z X
Z
Z X
Z
Y
Z X
X
X
MN
MN
850
200
850
200
MX
MX
MX
MN
900
150
900
150
MN
MN
940
100
940
100
7.323 150 250 350 5.195 610 700 800 900 1300
JUL 30 2009
JUL 30 2009
NODAL SOLUTION
(AVG)
1
NODAL SOLUTION
(AVG)
100 200 300 370 650 750NODAL SOLUTION 850 17.599 940 150 250 350 610
7.311
7.311
.377725 700 1 1 800 900 1300 1 100 200 300 370
19:47:36
19:47:36
SMX =442.94
SMX =442.94
1300
1300
DMX =5.115
SMN =7.311
STEP=1
STEP=1
TIME=5
18:26:02 18:26:28
STEP=1
TIME=5
18:26:02
SUB =25 SUB =50 SUB =25TIME=25
SEQV
SEQV
TIME=10
TOP
TIME=5
SEQV (a)
SEQVParafusos
(AVG) (AVG) (b) Placa de Extremidade (a) Parafusos
SEQV TOP(AVG) (b) Placa de Extremidade
1
MN MN MN
MN
MX
MX MX
Z X
Experimental Numérico
Figura 3.98 – Comparação de deformações – experimental e numérico.
221
10
(a) (b)
Figura 3.99 – Localização do extensômetro 10.
(3)
(2)
Experimental
(1)
Numérico
Placa de extremidade à flexão
Mesa da viga à compressão
Parafusos à tração
Pontos numéricos estudados
Na Figura 3.101 apresenta-se a evolução das tensões de von Mises, em MPa, para três
níveis de carregamento distintos indicados na Figura 3.100. Na Figura 3.101 é apresentada a
distribuição de tensões de von Mises das três componentes preponderantes no
dimensionamento deste tipo da ligação para o ponto 2, com momento fletor de 65 kNm, pode-
se notar o início da formação de regiões plastificadas para a mesa inferior da viga. Na Figura
222
3.101 estão as componentes para um nível superior de momento fletor, 80 kNm, onde a placa
de extremidade e a mesa já se encontram plastificadas.
Na Figura 3.102 apresentam-se todas as curvas obtidas nos ensaios experimentais e as
obtidas no modelo numérico. É possível verificar-se que mesmo para um nível de esforço
axial de compressão equivalente a 20% da resistência plástica da viga, o momento resistente
ainda é superior ao obtido para o ensaio sem aplicação de esforço normal (FE01),
acontecendo tanto para o numérico quanto para o experimental. Isto se deve ao fato de que as
componentes da zona comprimida, mesmo tendo um acréscimo de força aplicada, não
atingem seus valores limites de resistência e, consequentemente, as componentes em tração
são aliviadas pelo esforço normal de compressão. Vale ressaltar que a rotação medida foi a
rotação da ligação, obtida pelos transdutores de deslocamento localizados na viga, conforme
apresentado por Lima. Pode-se verificar também que com o aumento do esforço normal de
compressão aplicado à ligação, obtém-se um aumento na resistência à flexão da mesma,
mesmo fato que acontece nos ensaios experimentais, conforme Figura 3.102.
1
1
SMX =1217
SMN =3.846
DMX =20.032
TOP
SEQV
TIME=24.2
SUB =48
STEP=2
NODAL SOLUTION
SMX =1022
SMN =9.674
DMX =8.345
TOP
SEQV
TIME=13
SUB =20
STEP=2
NODAL SOLUTION
5 2009
06:25:21
5 2009
06:26:07
610
610
3.846
9.674
(AVG)
AUG
(AVG)
1
AUG
NODAL SOLUTION
370
1 AUG 5 2009
1 1 STEP=2
370
650
NODAL SOLUTION 06:25:21
NODAL SOLUTION NODAL SOLUTION SUB =48
650
AUG 5 2009 MN
AUG 5 2009 STEP=2 AUG 5 2009 TIME=24.2
STEP=2 STEP=2 06:30:33
06:30:05 SUB =48 06:26:07 SEQV (AVG)
SUB =20 MX SUB =20 MN MX
350
TIME=24.2 TOP
TIME=13 TIME=13
350
MX
DMX =20.032 SMX =488.994
DMX =8.345 DMX =8.345
SMN =3.846
MX
300
SMN =9.674 SMN =5.984 MX
SMX =1217
300
SMX =1022
750
SMX =413.344
X
750
Y
Y
Z
MX Y
250
Y Z X
MN
Z
Y
250
800
MX
Z X
800
Z X
MX
MN
Z X
MN
200
Z
Y
200
850
Y
X
850
MN
X
150
MN
150
900
900
MN
100
100
940
940
NODAL SOLUTION
(AVG)
AUG
SMX =488.994
NODAL SOLUTION
(AVG)
16.1
DMX =20.032
5.984
AUG
SMX =413.344
06:30:33
TIME=24.2
SMN =16.1
06:30:05
5 2009
SUB =48
1
STEP=2
1
5 2009
1 NODAL SOLUTION
SUB =20
TIME=13
SEQV
SOLUTION
TOP
AUG 6AUG
20096 2009 STEP=2
TOP
18:35:59
18:35:33
SUB =20
SUB =12 (a) Parafusos
TIME=24.2
SUB =12 (b) Placa de Extremidade
18:35:33
1
TIME=9.8(a) Parafusos
TIME=13 (b) Placa de Extremidade TIME=9.8
SEQV (AVG)
SEQV SEQV(AVG) (AVG) SEQV TOP (AVG)
TOP TOP TOP DMX =20.032
DMX =8.345 MX
DMX =4.974 DMX =4.974
SMN =11.722
SMN =7.604
SMN =6.76 MX SMN =6.76
SMX =395.988
M 65 kN.m
SMX =371.762
SMX =407.801 SMX =407.801
MX
MX Y
Y
Y
M 80 kN.m Y
Z X
Z XZ X Z X
MN
MN
MN MN
100 100
Momento Fletor (kN.m)
80 80
60 60
0 0
0 20 40 60 80 0 20 40 60 80
Rotação (mrad) Rotação (mrad)
Para o ensaio realizado com esforço normal à tração é possível verificar-se o efeito
contrário. Há um decréscimo de nível para o momento obtido, diminuindo assim a resistência
à flexão da ligação. Observa-se que, para o ensaio FE1, utilizado como calibração, a curva
223
A Figura 3.104 apresenta estes resultados onde pode-se observar que o modelo
numérico considerando-se a fissura na solda não reproduz integralmente o resultado
experimental, principalmente em termos de rigidez inicial e carga última. Todavia, para o
trecho compreendido entre deslocamentos de 7,5 mm e 17,5 mm, as curvas apresentam uma
boa concordância, estando dentro deste intervalo, o limite de deformação para a ligação em
estudo, correspondente a um deslocamento de 3% da largura da mesa, ou seja, 10,5mm, a ser
usado na obtenção da resistência da ligação.
Foram feitas análises da solda com elemento de casca utilizando o elemento
SHELL181 e com elemento sólido utilizando-se o elemento SOLID45 no Ansys. O formato
do fluxo de carga considerando o elemento de casca pode ser observado na Figura 3.104 em
que a superfície média do tubo bem como a superfície média da solda representam a
geometria a ser utilizada na caracterização da ligação “T” com elementos de casca. O
elemento de casca SHELL181 possui quatro nós com seis graus de liberdade em cada nó e
225
1200
1000
Carga (kN)
800
600
Solda sem Dano
400
Solda com Dano
200 Experimental
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Deslocamento (mm)
Figura 3.104 – Resultados de Lie et al. [133] e modelagem da solda com elemento de casca.
‘y
z
apoio
x
apoio
2750
1400
1200
1000
Carga (kN)
800
600
400
Lie et al.
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Deslocamento (mm)
Figura 3.106 – Resultados comparativos entre o artigo [133] e o elemento SHELL181 [132].
1400
1200
1000
Carga (kN)
800
600
Lie et al.
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Deslocamento (mm)
Figura 3.107 – Solda com SOLID45 e comparação de soldas: casca versus sólido.
227
Figura 3.109 – Primeiro modelo estrutural, diagramas de esforço normal e momento fletor.
momento fletor apresentados na Figura 3.111 e, mais uma vez, o comportamento do modelo
estrutural adotado foi coerente com o real, visto que o momento fletor acrescido foi muito
pequeno podendo ser desconsiderado para efeitos de dimensionamento.
Figura 3.111 – Segundo modelo estrutural, diagramas de esforço normal e momento fletor.
Figura 3.113 – Terceiro modelo estrutural, diagramas de esforço normal e momento fletor.
Após tais verificações optou-se por utilizar o segundo modelo estrutural uma vez que
todos os modelos obtidos foram semelhantes, mas este modelo mostra-se mais simples de se
modelar facilitando a realização da análise paramétrica. Observando-se a Figura 3.115,
verifica-se que com este modelo estrutural, obtém-se tração na parte do banzo abaixo da
diagonal da direita e na diagonal da esquerda e compressão na diagonal da direita. Pode-se
verificar também que o carregamento utilizado neste modelo foi na forma de deslocamentos
de forma a facilitar a convergência da análise não-linear.
T C
NULO T
Figura 3.116 - Figura 3.5.10.14 – Modelo da ligação “K” após aplicação da malha.
tensão de escoamento considerada na escala será a da mesa, pois sua tensão de escoamento
(355 MPa) é superior a tensão de escoamento das diagonais (275 MPa).
A Figura 3.118 mostra a distribuição de tensões de von Mises para as diagonais no
ponto 1 da curva carga versus deslocamento para a diagonal direita (comprimida) onde se
percebe o início de plastificação das mesmas, como também observado na Figura 3.118 onde
a mesa para o mesmo ponto da curva apresenta-se com alguns pontos com plastificação,
sendo esta apenas na região no entorno da solda.
700
600
500
3
2
Carga (kN)
400
N1,Rd = 350,7kN
1
300
4 5
200
Diagonal Direita (Comprimida)
Diagonal Esquerda (Tracionada)
100 Limite 0,01d0
Limite 0,03d0
2,9 8,7 Eurocode 3
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Deslocamento (mm)
Figura 3.118 – Distribuição da tensão de von Mises para as diagonais e a mesa no ponto 1 do gráfico
da Figura 3.117.
A Figura 3.118 representa a distribuição das tensões de von Mises para o ponto 2 da
curva carga versus deslocamento da diagonal comprimida correspondente ao limite de
deformação equivalente a 1% do diâmetro da mesa conforme proposto por Lu et al., [134],
que corresponde ao estado limite de serviço. Verifica-se que a diagonal comprimida encontra-
se quase totalmente plastificada diferentemente do banzo, como visto na Figura 3.118. A
Figura 3.120 refere-se a distribuição das tensões de von Mises para as diagonais no ponto 3
em que tal ponto corresponde à carga máxima obtida na análise. Pode-se perceber ainda para
o banzo que houve pouca evolução na solicitação do mesmo. A Figura 3.121 mostra a
distribuição das tensões de von Mises para as diagonais no ponto 4 em que tal ponto
corresponde ao estado limite último segundo Lu et al., [134], onde se percebe uma perda de
tensões na diagonal comprimida, fato que comprova a queda brusca de carga. Ainda com a
falha ocorrida na diagonal, a Figura 3.122 mostra que o banzo não foi muito solicitado mesmo
para o estado limite último. Na Figura 3.122 apresenta-se a distribuição das tensões de von
Mises para as diagonais, que corresponde ao ponto 5 da diagonal direita (comprimida) na
curva carga versus deslocamento que mostra que a diagonal comprimida possui uma
231
Figura 3.119 – Distribuição da tensão de Von Mises para as diagonais a mesa no ponto 2 do gráfico da
Figura 3.117.
Figura 3.120 – Distribuição da tensão de Von Mises para as diagonais a mesa no ponto 3 do gráfico da
Figura 3.117.
Figura 3.121 – Distribuição da tensão de Von Mises para as diagonais a mesa no ponto 4 do gráfico da
Figura 3.117.
232
Figura 3.122 – Distribuição da tensão de Von Mises para as diagonais a mesa no ponto 5 do gráfico da
Figura 3.117.
C T
NULO C
Figura 3.123 – Modelo estrutural adotado na análise paramétrica da ligação “K”
de excentricidade nula para o ponto de convergência dos eixos das diagonais coincidente com
o eixo do banzo, excentricidade negativa caso tal encontro dos montantes ocorra acima do
ponto médio do banzo e positiva para o caso oposto, ou seja, o ponto de encontro das
diagonais ocorrer abaixo do eixo do ponto médio do banzo. Foram feitas três análises para o
modelo proposto sendo uma delas com excentricidade nula, uma com excentricidade negativa
de 10 mm e outra com excentricidade positiva de 10 mm. Na Figura 3.124 apresenta-se a
curva carga versus deslocamento para a mesa da ligação “K” sem excentricidade, onde se
pode perceber que a máxima carga desenvolvida na mesa foi de aproximadamente 820 kN.
900
800
700
600
Carga (kN)
500
400
300
200
100
0
0 5 10 15 20 25
Deslocamento (mm)
Figura 3.124 – Curva carga versus deslocamento da mesa para excentricidade nula.
700
600
Ns = 501,5kN
500 2
1
N1,Rd = 437,16kN
Carga (kN)
400
NU = 306,2kN
300
Figura 3.125 – Curva carga versus deslocamento das diagonais para excentricidade e nula.
Para os pontos marcados no gráfico da Figura 3.125, através da análise não linear
realizada, foi obtida a distribuição das tensões de von Mises. Vale ressaltar que a solda foi
retirada para obtenção das tensões de von Mises uma vez que a falha ocorre no banzo e, caso
fosse considerada a solda, a escala utilizada dificultaria a análise devido a diferença de tensão
de escoamento dos materiais. Para o caso analisado, a tensão de escoamento considerada na
escala do banzo será igual a 355 MPa e para diagonal, uma de 275 MPa.
234
Para o ponto 1 indicado na Figura 3.125 correspondente a uma carga atuante nas
diagonais de 456,1kN, foi tirada a distribuição de tensões de von Mises para as diagonais e
para o banzo. Na Figura 3.126 onde é apresentada a distribuição das tensões de von Mises
para o ponto 1 da curva carga versus deslocamento para a diagonal comprimida, percebe-se
um início da plastificação nas diagonais, sendo que o diagrama de distribuição de tensões é
equivalente para ambas as diagonais. A Figura 3.126 apresenta a distribuição das tensões de
von Mises para a mesa no ponto 1 da curva da diagonal em compressão como citado
anteriormente. Os elementos foram apresentados separadamente uma vez que as tensões de
escoamento da mesa e das diagonais são diferentes. Observando-se a distribuição de tensões
de von Mises ao lado do banzo, verifica-se também um início de plastificação no mesmo na
região da próxima das soldas. Neste ponto a carga correspondente nas diagonais é de 456,1
kN, próximo da resistência da ligação (437,16 kN) e da diagonal (446,7 kN).
Figura 3.126 – Distribuição das tensões de Von Mises das diagonais e a mesa no ponto 1 indicado na
curva da diagonal comprimida na Figura 3.125.
A Figura 3.127 representa a distribuição das tensões de von Mises para as diagonais
do ponto 2. Tal ponto representa a máxima carga obtida na análise para a diagonal em
compressão sendo este valor de 509,1 kN. Observando-se esta distribuição de tensões para as
diagonais, percebe-se que ambas tem suas seções quase totalmente plastificadas.
A Figura 3.128 representa a distribuição das tensões de von Mises para o banzo no
ponto 2 onde se percebe que a região plastificada do mesmo não se apresenta tão evidente
quanto nas diagonais. Com os resultados obtidos para as análises paramétricas em questão,
foram feitas mais duas análises com valores intermediários a fim de se obter uma curva com
dados mais coerentes. A Figura 3.129 apresenta as curvas carga versus deslocamento das
diagonais a direita (tração) onde se pode perceber que os resultados obtidos mostram que uma
excentricidade dita negativa, segundo a convenção adotada.
A Figura 3.128 representa as curvas carga versus deslocamento para as diagonais a
esquerda obtidas a partir da análise paramétrica realizada. Tais curvas mostram que para
excentricidades negativas, a resistência da ligação passa a ser maior, uma vez visto que o fator
que controla o dimensionamento é a falha na diagonal em compressão. Tal falha, como visto
nas distribuições das tensões de von Mises na análise paramétrica, acabam provocando
também uma plastificação da face da mesa na região da ligação que era o objetivo do presente
trabalho, uma vez que no dimensionamento da ligação segundo o Eurocode 3 as variáveis
mais importantes estão ligadas aos dados geométricos da mesa ou aos parâmetros onde tal
elemento está envolvido.
235
Figura 3.127 - Distribuição das tensões de von Mises das diagonais e do banzo no ponto 2 indicado na
curva da diagonal comprimida na Figura 3.125.
800
800
700
700
600 600
500 500
Carga (kN)
Carga (kN)
400 400
Figura 3.128 – Curva carga versus deslocamento para as diagonais direita (tracionada) e esquerda
(comprimida) das ligações “K” utilizadas na análise paramétrica.
650
600
550
N1,Rd (kN)
Eurocode 3
500 Limite 0,01d 0
Limite 0,03d 0
Carga Máxima
450
400
-15 -10 -5 0 5 10 15
e (mm)
Na ligação do tipo “K”, a partir das considerações feitas para o modelo da ligação do
tipo “T”, optou-se por adotar novamente o elemento de casca SHELL181 uma vez que o
modelo da ligação do tipo “T” gerou resultados satisfatórios. Para o desenvolvimento do
236
modelo, foi considerado o exemplo numérico proposto no capítulo dois com apenas algumas
diferenças. Com os resultados obtidos na análise numérica do modelo utilizando-se os
critérios estabelecidos por Lu et al., [134], e comparando-se com os resultados obtidos a partir
do Eurocode 3 pode-se afirmar que o dimensionamento desta norma para este tipo da ligação
fornece valores a favor da segurança. A análise paramétrica da ligação tipo “K” efetuada no
presente trabalho evidenciou que a consideração de uma excentricidade negativa na ligação,
ou seja, aproximação das diagonais, proporciona um aumento de resistência da ligação
conforme preconizado pelo Eurocode 3.
O modelo de ligação tubular estudado demandou uma avaliação das condições de
apoio e de aplicação do carregamento que permitissem um controle mais eficiente da
convergência do sistema especialmente em níveis de carga próximos ao estado limite último
da ligação. Como já ressaltado em itens anteriores, neste caso, o controle de deslocamento
mostra-se como sendo o processo mais adequado a ser usado. Por outro lado, se este controle
é muito eficaz quando um único deslocamento é aplicado a estrutura, casos onde mais do que
um deslocamento fazem-se necessários, sua correta especificação torna-se um processo
complexo e muitas vezes inviável.
O modelo das ligações tubulares “K” estudado possui um banzo e duas diagonais.
Normalmente as cargas são aplicadas nas diagonais e são suportadas por apoios posicionados
nos banzos. As três cargas impostas ao sistema gerariam a necessidade de três deslocamentos
equivalentes de difícil correlação prévia. Como alternativa, uma série de modelos unifilares
foi concebida variando a posição dos apoios e dos carregamentos impostos até que uma
configuração semelhante a obtida dentro do sistema treliçado original da estrutura fosse
obtida. Uma alternativa interessante que possui um controle de convergência eficiente é
aquela onde os apoios são usados nas diagonais e um deslocamento equivalente é imposto em
uma das extremidades dos banzos.
A modelagem da região da solda também foi feita com elementos de casca e
elementos sólidos de modo a determinar qual seria a estratégia mais eficiente. Para os casos
modelados, a modelagem da solda como casca mostrou-se mais adequada gerando resultados
compatíveis com os valores equivalentes experimentais adotados na sua calibração. Uma
investigação detalhada dos tipos de ruína associados a estas ligações também foi feita
indicando uma complexa interação entre os estados limites últimos referentes à flambagem
global do elemento, flambagem local e plastificação.
destacam programas multitarefas não lineares como o ANSYS [32]. Os tipos de elementos
finitos considerados no modelo foram: de casca (SHELL43) e sólidos (SOLID65) para a
seção de aço e a laje de concreto, respectivamente, e molas não-lineares (COMBIN39) para
representar os conectores de cisalhamento. Nestes elementos sólidos há uma opção de
modelar as barras de armadura longitudinais e transversais como distribuídas em seus
volumes. A simetria das vigas mistas foi considerada com a modelagem de apenas metade do
vão da viga. Uma malha típica para a viga mista é mostrada na Figura 3.130.
O critério de escoamento de von Mises com lei de encruamento isotrópica foi usado
para representar o comportamento da viga de aço (mesas e alma). A relação tensão versus
deformação é linear elástica até o escoamento, e perfeitamente plástica entre o limite elástico
e o início do encruamento seguindo a lei constitutiva usada por Gattesco, [139], para a
deformação no trecho de encruamento:
h
f y E h ( h )1 E h (3.9)
4( f u f y )
c
1/ 2
E c 9500( f c 8) 1/ 3
(3.10)
24
12.7@152mm
stud connectors in pairs 12.7@305mm
152
12"x6"x44lb ft B.S.B. Ø 8mm 305
152
Com base nas resistências das componentes da seção mista: laje de concreto, perfil de
aço e conectores de cisalhamento, foi possível determinar o nível de interação ao
cisalhamento. Este valor é definido como a razão entre a resistência ao cisalhamento dos
conectores e a capacidade de elemento mais fraco (laje de concreto ou viga de aço). A Tabela
3.7 resume o nível de interação ao cisalhamento ligação para todas as vigas mistas estudadas,
considerando duas diferentes abordagens. Na primeira usou-se os valores nominais
apresentados por [140] para a resistência do conector pino e tensão de escoamento do aço. Na
segunda, as propriedades dos materiais usaram os valores medidos [140]. Diferenças
consideráveis entre os níveis de interação ao cisalhamento das vigas de acordo com estas duas
abordagens foram notadas, levando à conclusão de que, para calcular o nível de interação ao
cisalhamento de sistemas mistos, as propriedades reais dos materiais das componentes
estruturais, relacionados a cada programa experimental, devem ser usadas.
Viga AA2 AA3 AA4 AA5 AA6 BB1 CC1 DD1 EE1 UU1 UU3 UU4
Valores
238 213 175 138 101 138 138 313 313 175 175 101
nominais
Valores
231 186 137 123 95 116 114 136 148 155 177 90
medidos
Para todas as vigas mistas mostradas na Tabela 3.7, as curvas carga versus
deslocamento vertical no meio do vão foram comparadas com os resultados dos testes. As
Figuras 3.132 a 3.135 apresentam comparações entre os resultados do modelo numérico e os
experimentos referentes às vigas sob a ação de carga concentradas (A2, A3, A4, A5, A6, B1,
C1, D1. E1) e distribuídas (U1, U3, U4). Os pontos limite para o concreto são representados
por um triângulo (limite inferior) e por um quadrado (limite superior), e o colapso do conector
pino é representado por um círculo. Nota-se que uma boa concordância foi obtida entre os
testes e os resultados numéricos.
240
500 600
500
400
0
0
0 20 40 60 80 100
0 20 40 60 80 100 120
Midspan deflection (mm) Midspan deflection (mm)
Figura 3.132 - Carga versus deslocamento vertical, meio do vão, A2 e A3 & A4 e A5.
600 600
500 500
400
Chapman: C1
Chapman: A6
300 Ansys: C1
300 Ansys: A6
Lower bound: C1
Stud failure: A6
Upper bound: C1
Chapman: B1 200
200 Chapman: D1
Ansys: B1
Ansys: D1
Lower bound: B1
100 Lower bound: D1
100 Upper bound: B1
Upper bound: D1
Stud failure: B1
0
0 0 20 40 60 80 100
0 20 40 60 80 100 120
Midspan deflection (mm)
Midspan deflection (mm)
Figura 3.133 - Carga versus deslocamento vertical, meio do vão, A6 e B1 & C1 e D1.
600 250
500
200
Applied load (kN/m)
Applied load (kN)
400
150
300 Chapman: E1
Ansys: E1 Chapman: U1
Lower bound: E1 100 Ansys: U1
200
Upper bound: E1 Lower bound: U1
50 Upper bound: U1
100
0 0
0 20 40 60 80 100 120
0 20 40 60 80 100 120
Midspan deflection (mm) Midspan deflection (mm)
Figura 3.134 - Carga versus deslocamento vertical, meio do vão, E1 & U1.
200 200
150 150
Applied load (kN/m)
Chapman: U3 Chapman: U4
100 100
Ansys: U3 Ansys: U4
Lower bound: U3 Stud failure: U4
Upper bound: U3
50 50
0 0
0 50 100 150 200 250 0 20 40 60 80 100 120 140 160
Midspan deflection (mm) Midspan deflection (mm)
Figura 3.135 - Carga versus deslocamento vertical, meio do vão, U3 & U4.
Valores dos modelos numéricos e dos testes para o deslizamento na interface do aço
versus concreto ao longo do eixo da viga para os testes E1 e U4 são plotados na Figura 3.136.
Os gráficos mostram que o modelo proposto pode prever a distribuição de deslizamento com
boa precisão. Pode ser notado que o deslizamento não é uniforme ao longo do comprimento
da viga, mesmo no caso em que a força de cisalhamento externamente aplicada é uniforme
(no meio do vão no caso de carga concentrada). O valor máximo do deslizamento tende a
ocorrer quando X/L é igual a 0,4 (caso de carga concentrada) e X/L é igual a 0,3 (caso de
carga uniformemente distribuída UDL). De acordo com [140], o grande deslizamento que
ocorre perto do meio do vão deve-se ao alto cisalhamento na interface no regime plástico.
241
1.0
0.8
4
(ultimate load)
0.6
(load=448.5kN)
slip [mm]
3
slip [mm]
0.4 2 Chapman
Chapman Ansys: U4
Ansys: E1 1
0.2
0
0.0 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 X/L (X/L=0.5, plane of symmetry)
X/L (X/L=0.5, plane of symmetry)
X=Position ; L=Total beam length
X=Position ; L=Total beam length
600
500
Applied load (kN)
Ansys - 136%
400
Ansys - 130%
Ansys - 118%
300 Ansys - 100%
Ansys - 89%
Ansys - 71%
200
Ansys - 47%
Lower bound
100 Upper bound
Stud failure
0
0 20 40 60 80 100 120 140
Midspan deflection (mm)
Figura 3.137 - Carga versus deslocamento vertical, meio do vão, carga concentrada.
300 1.2
250 1.0
Fconnector/Fconnector,max
Applied load (kN)
0.0
0 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5
0 5 10 15 20 X/L (X/L=0.5, plane of symmetry)
Midspan deflection (mm) X=Position ; L=Total beam length
Figura 3.138 - Carga versus deslocamento vertical, meio do vão, – rigidez inicial & razão entre as
forças versus posição relativas dos pinos.
242
Os três níveis mais elevados de interação (118%, 130% e 136%) resultaram em curvas
muito semelhantes, em termos de rigidez e carga última, representadas por valores limite
superior e inferior, com o modo de colapso associado ao esmagamento da laje no meio do vão
da viga (momento de fletor máximo). No nível 100%, o modo de falha não foi claro podendo
estar associado ao conector ou ao esmagamento da laje. Os três níveis (47%, 71% e 89%)
resultaram em colapso do pino. A razão entre a carga última e a carga no final do
comportamento elástico não foi muito afetada pelos níveis distintos de interação ao
cisalhamento, sendo situadas no intervalo de 1,5 a 2 em todos os casos, que são valores
comuns para vigas mistas.
A distribuição das forças no conector pino para a viga mista na carga última foi
plotada em função da razão da força/posição dos pinos como pode ser visto na Figura 3.138.
Pode-se considerar que a variação da relação de força nos pinos de todas as curvas é
aproximadamente 10%. Além disso, se o nível de 136% não for considerado, esta variação se
torna igual a apenas 5%. Isto significa que, na carga última, e independentemente do nível de
interação ao cisalhamento, os conectores foram capazes de redistribuir quase uniformemente a
carga entre eles.
Os resultados demonstram que, os efeitos de interação parcial podem ser desprezados
para níveis de interação ao cisalhamento maiores que 100%, pois não foi observada nenhuma
melhoria significativa em termos de força ou rigidez da viga. As curvas de carga versus
deslocamento vertical no meio do vão para todos os casos são mostradas na Figura 3.139.
Pode-se observar que, como ocorreu no caso de carga concentrada no meio do vão,
diminuindo o nível de interação ao cisalhamento faz com que o sistema torne-se mais flexível,
com reduzida resistência e rigidez.
200
150
Applied load (kN/m)
Ansys - 136%
Ansys - 130%
Ansys - 118%
100 Ansys - 100%
Ansys - 89%
Ansys - 71%
Ansys - 47%
50 Lower bound
Upper bound
Stud failure
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
Midspan deflection (mm)
Figura 3.139 - Carga versus deslocamento vertical, meio do vão, carga unif. distribuída.
Nas vigas sob a ação de cargas distribuídas mais uma vez, a diminuição da rigidez não
parece ser tão significativa como a diminuição da carga última (Figura 3.140). Os dois níveis
mais elevados (130% e 136%) resultaram em curvas muito semelhantes, em termos de rigidez
e carga última, representado por valores limites superior e inferior, com o modo de colapso
associado ao esmagamento da laje no meio do vão da viga. Já no nível 118%, seu modo de
colapso pode estar associado tanto a ruptura do pino como ao esmagamento do concreto. Os
outros quatro níveis (47%, 71%, 89% e 100%) resultaram em colapso do pino. A razão entre a
carga última e a carga no final do comportamento elástico foi semelhante ao observado no
caso de carga concentrada no meio do (de 1,5 a 2 em todos os casos).
100 1.2
1.0
80
Fconnector/Fconnector,max
Applied load (kN/m)
0.0
0
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5
0 5 10 15 20 25
X/L (X/L=0.5, plane of symmetry)
Midspan deflection (mm) X=Position ; L=Total beam length
Figura 3.140 - Carga versus deslocamento vertical, meio do vão, – rigidez inicial & razão entre as
forças versus posição relativas dos pinos, carga uniformemente distribuída.
243
com aço S275 (espessura de alma igual a 12,2 mm e espessura de mesa média igual a 18,3
mm). Este conector apresentou um comportamento similar ao de um bloco rígido durante os
testes tipo push-out realizados. Para melhorar a ductilidade do conector, uma nova geometria
foi investigada reduzindo a espessura da mesa para 11.3 mm, e mantendo a espessura da alma
original para permitir uma comparação com o primeiro conjunto de testes. Esta investigação
prosseguiu com um estudo numérico da capacidade de deformação da mesa do conector que
foi feita antes do segundo programa experimental. A nova geometria de conector de T -
Perfobond adotada no segundo programa experimental é apresentada na Figura 3.141 e 3.142.
O conector foi feito de um perfil HP 200 x 53 equivalente a um perfil HP 8 x 36, em aço
A572 grau 50, equivalente ao de um aço S355. Os conectores T-Perfobond foram usados em
lajes de concreto de 120 mm de espessura projetados com uma classe de resistência à
compressão do concreto C30/37.
Y
X
Z
welding
Figura 3.143 - Conector T-Perfobond & mesa de conector: malha & condições de contorno.
245
Este modelo simples das mesas do conector T-Perfobond indicou que se uma redução
da espessura da mesa do conector de 18,3 mm para 12 mm for feita, um ganho significativo
conseguido na capacidade de deformação de conector será obtido. Esta foi a direção principal
para a escolha do perfil HP 200 x 53, que apresenta uma espessura de mesa e alma iguais à
11,3 mm para o segundo conjunto de testes push-out. A investigação também confirmou que
o T-Perfobond têm elevados valores de carga última e de rigidez. Como este conector de
cisalhamento pode ser fabricado com sobras de perfis laminados uma significativa economia
pode ser obtida quando comparado a outros conectores de cisalhamento usualmente adotados
como os conectores tipo pino.
Os conectores T-Perfobond produzidos em Portugal, a partir do perfil IPN 340 não
apresentaram um comportamento dúctil nas lajes com 120 mm de espessura indicando a
adoção de uma distribuição elástica de cisalhamento ao longo do comprimento da viga para o
dimensionamento da viga mista. Como alternativa os conectores T-Perfobond, produzidos no
Brasil, com um perfil HP 200 x 53, e com barras de armadura adequadas nas lajes com 120
mm de espessura mostraram possuir um comportamento dúctil, permitindo assim o uso de um
dimensionamento plástico. Os testes feitos com o perfil de espessura de 11,3 mm foram
capazes de atender o limite mínimo de deslizamento de 6 mm exigido pelo Eurocode 4 [64],
que garante o comportamento do conector como dúctil. Este tipo de comportamento pode ser
confirmado com o auxílio dos resultados modelo numérico simples que foram apresentados.
A investigação numérica prosseguiu com o desenvolvimento de um modelo de
estrutural de vigas mistas com o auxílio do programa ANSYS, [32]. Os elementos finitos
adotados no modelo foram: de casca (SHELL43) e elementos sólidos (SOLID65) para a seção
de aço e a laje de concreto, respectivamente e molas não-lineares (COMBIN39) para
246
Figura 3.145 – Malha típica & modelagem dos conectores de cisalhamento, Queiroz [137].
O critério de escoamento de von Mises com lei de encruamento isotrópica foi usado
para representar o comportamento da viga de aço (mesas e alma). A relação tensão versus
deformação é linear elástica até o escoamento, e perfeitamente plástica entre o limite elástico
e o início do encruamento seguindo a lei constitutiva usada por Gattesco, [139], para a
deformação no trecho de encruamento, Queiroz et al. [137],. O critério de escoamento de von
Mises com lei encruamento isotrópico também foi usado para a armadura que adotou um
módulo tangente igual a 1/10000 do módulo elástico, de modo a evitar problemas numéricos.
Os valores medidos nos testes experimentais realizados por Chapman e Balakrishnan, [140],
para as propriedades dos materiais do aço (viga de aço e barras de armadura) foram usados na
análise de elementos finitos.
O comportamento da laje de concreto foi modelado por uma lei multilinear de
isotrópica descrita por segmentos lineares na curva de tensão versus deformação total,
começando na origem, com valores positivos de tensão e deformação, considerando a
resistência à compressão do concreto (fc) correspondente a uma deformação à compressão de
0,2%. A curva de tensão versus deformação também pressupõe um aumento total de 0,05
N/mm2 na resistência à compressão do concreto acima até uma deformação de 0,35% para
evitar problemas numéricos devido a um fluxo de escoamento sem restrições. Os coeficientes
de transferência de cisalhamento nos elementos de concreto considerados são: 0,2 (fissura
aberta) e 0,6 (fissura fechada). Valores típicos variam de 0 a 1, onde 0 representa uma fissura
suave (perda total da transferência de cisalhamento) e 1, uma fissura não suave (sem perda de
cisalhamento transferência). O valor padrão de 0,6 foi usado como o coeficiente de
relaxamento da tensão. A capacidade de esmagamento do elemento de concreto também foi
desativada para melhorar a convergência. A resistência à compressão de laje de concreto foi
assumida como igual aos valores obtidos em teste de resistência à compressão cilíndrica. A
resistência à tração do concreto e o coeficiente de Poisson foram assumidos como 1/10 da sua
resistência à compressão e 0.2, respectivamente. O módulo de elasticidade do concreto foi
calculado de acordo com Eurocode 4 [64]. O modelo permite o uso de qualquer padrão de
distribuição de conectores pino, por exemplo: o arranjo uniforme convencional e um tipo de
espaçamento triangular onde a distribuição dos pinos segue o diagrama de esforço cortante
nominal. Em todas as análises, foi utilizado o número/espaçamento de conectores tipo stud
adotado no programa experimental. O comportamento do conector de cisalhamento foi
definido em termos de curvas carga versus deslizamento para os studs (obtidas com os testes
push-out disponíveis), definindo uma tabela de valores de força e deslocamentos relativos
(deslizamento) como dados de entrada para as molas não-lineares.
Cargas concentradas foram aplicadas ao modelo por meio de incrementos de
deslocamentos equivalentes para superar problemas de convergência (controle de
deslocamento). O critério de convergência usado adotou a norma L2- (raiz quadrada da soma
247
Carga (kN)
Tipo de conector Número de conectores s (mm)
0,20% 0,35%
9 343,2 100,01 121,27
Perfobond 5 686,25 56,88 64,42
3 1372,5 35,43 39,92
TPerfobond 5 686,25 63,14 66,90
(IPN 340) 3 1372,5 39,97 44,51
TPerfobond
3 1372,5 34,11 39,04
(W200x46,1)
Pino 50 114,4 67,29 98,39
140 140
80
120 120
70
9 Perf 120-2F
100 100 60
Applied load (kN)
Applied load (kN)
9 Perf 120-2F
Figura 3.149 - Deformações na laje, detalhe da região mais solicitada nos modelos Perfobond &
TPerfobond.
Figura 3.150 – Deformação na laje de concreto – 3 TPerfobonds (IPN 340 & W200x46,1).
Figura 3.152 – Ensaio Push-Out, Lam, [145], modelo completo e metade do modelo.
251
1
ELEMENTS
1 JUL 29 2011
ELEMENTS 11:49:54
JUL 29 2011
11:50:31
Z X
Z X
Z X
Figura 3.154 – Condições de contorno adotadas no Modelo em Elementos Finitos: Restrições da Base
da laje de concreto; Ligação do topo do perfil de aço.
No perfil de aço na região entre a mesa e a alma foram aplicadas na mesa as restrições
provenientes na existência da alma. A modelagem da alma, a qual se encontra no mesmo
plano do conector, obrigaria o uso de elementos muito pequenos o que aumentaria o esforço
computacional. Na região entre o perfil de aço e a laje de concreto foi aplicado um
acoplamento nos eixos X e Z, eixos diferentes ao da aplicação do esforço (Y), dado a
impossibilidade da laje de concreto e o perfil de aço ocuparem o mesmo espaço físico. O
ensaio push-out determinado no Eurocode 4, [64], possui inicialmente uma série de
carregamentos e descarregamentos o que evita o escorregamento inicial entre o conector e o
concreto durante as medições do ensaio. Nesta modelagem tal efeito foi simulado com a
aplicação do acoplamento na interface inferior entre o conector e o concreto, Figura 3.155. Na
interface entre o perfil e o conector foi aplicado o acoplamento para simular a solda ali
presente.
252
1
1 NODES
NODES JUL 16 2011
CP
JUL 16 2011 17:20:10
U CE
CP 17:17:56
CE
Y
Y
Z X
Z X
Figura 3.155 – Condições de contorno adotadas no Modelo em Elementos Finitos Restrições entre a
mesa e a alma do perfil; acoplamento entre a mesa do perfil e a laje.
O aço adotado para a mesa do perfil foi o S275, já para o conector foi adotado o
módulo de Young de 200 GPa e tensão de escoamento de 470,8 MPa, conforme Lam, [145].
As barras de aço foram aplicadas no modelo como taxas de armadura, conforme os ângulos e
os dados permitidos pelo elemento SOLID65, sendo utilizada para tanto, a descrição de Lam,
[145], na qual o mesmo indica que utilizou barras de 10 mm com taxa de seis barras na
horizontal e seis na vertical por camada. Nota-se que em seu ensaio, Lam, [145], subdividiu
cada laje de concreto em duas camadas. Ao longo da espessura foi adotada a taxa de armadura
necessária à amarração destes elementos. Na calibragem do modelo foram adotados quatro
ensaios, SP1, SP2, SP3 e SP4, e em todos os ensaios, foi utilizado um conector de
cisalhamento tipo pino de 19 mm de diâmetro e 100mm de altura, sendo a variável o fck do
concreto, adotando-se para tanto os valores de 50 MPa, 20 MPa, 30 MPa e 35 MPa,
respectivamente. Na Tabela 3.10 são demonstrados os resultados obtidos por Lam, [145], nos
modelos experimentais e numéricos, os resultados do Eurocode 4, [64], e os obtidos no
modelo de elemento finitos.
Tabela 3.10 – Comparação dos resultados modelo desenvolvido com o Eurocode 4, [64], e os
resultados experimentais e numéricos de Lam, [145].
Ensaio fck (MPa) Experimentos Lam (kN) FE (kN) Lam EC4 (kN) FE Ansys (kN)
SP1 50 130,4 116,6 106,8 114,43
SP2 20 71,6 74,4 60,4 73,22
SP3 30 93 91,8 81,9 87,47
SP4 35 102 97,3 91,9 90,02
253
140
120
80
60
40
15 20 25 30 35 40 45 50 55
Fck do Concreto (Mpa)
Figura 3.156 – Comparação dos resultados modelo desenvolvido com o Eurocode 4, [64], e os
resultados experimentais e numéricos de Lam, [145].
100
90
80 1
NODAL SOLUTION 1
NODAL SOLUTION
STEP=1 JUL 29 2011
STEP=1 JUL 29 2011
70 SUB =25 15:26:04
SUB =25 17:29:57
TIME=2.002
TIME=2.002
SEQV (AVG)
EPPLY (AVG)
60 DMX =1.989
Carga (KN)
RSYS=0
SMN =19.194
DMX =2.27
SMX =469.615
SMN =-.091762
50 SMX =.107959
MX
40
30
MN MN
20
10 MX
0
0 1 2 3 4 5 6 7
Deslocamento (mm)
FE MODEL 20 Mpa Lam 20 MPa RUPTURA FE 19.194 119.287 219.381 319.474 419.568 -.091762 -.04738 -.002997 .041385 .085767
69.241 169.334 269.428 369.521 469.615 -.069571 -.025189 .019194 .063576 .107959
Ruptura Eurocode Ruptura Experimental
Figura 3.157 – Carga versus deslocamento, tensão de Von misses no conector e deformação plástica
na região de concreto no entorno do Conector, ensaio SP2, Fck=20 MPa.
120
100
1
1 NODAL SOLUTION
NODAL SOLUTION
STEP=1 JUL 29 2011
STEP=1 JUL 29 2011
80 SUB =30 16:06:21 SUB =29 17:22:18
TIME=2.701
TIME=2.801
EPPLY (AVG)
SEQV (AVG)
RSYS=0
Carga (kN)
DMX =2.827
DMX =2.719
SMN =22.609
SMN =-.122401
SMX =470.537
60 SMX =.145237
MX MX
40
MN
20 MN
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Deslocamento (mm) 22.609 122.149 221.688 321.228 420.767 -.122401 -.062926 -.003451 .056024 .115499
72.379 171.919 271.458 370.998 470.537 -.092663 -.033188 .026287 .085762 .145237
Figura 3.158 – Carga versus deslocamento, tensão de Von misses no conector e deformação plástica
na região de concreto no entorno do Conector, ensaio SP3, fck=30 MPa.
254
120
100
1
1 NODAL SOLUTION
NODAL SOLUTION
80 JUL 29 2011 STEP=1 JUL 29 2011
STEP=1 17:09:33
16:23:54 SUB =15
SUB =15
TIME=1.5
TIME=1.5
EPPLY (AVG)
Carga (KN)
SEQV (AVG)
RSYS=0
DMX =1.508
DMX =1.436
SMN =17.266
60 SMX =470.631 SMN =-.042108
SMX =.073965
MX
MX
40
MN
20 MN
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Deslocamento (mm) 17.266 118.014 218.762 319.509 420.257 -.042108 -.016314 .00948 .035274 .061068
67.64 168.388 269.135 369.883 470.631 -.029211 -.003417 .022377 .048171 .073965
Figura 3.159 – Carga versus deslocamento, tensão de Von misses no conector e deformação plástica
na região de concreto no entorno do Conector, ensaio SP4, fck=35 MPa.
140
120
1
1 NODAL SOLUTION
100 NODAL SOLUTION JUL 29 2011
STEP=1
JUL 29 2011 SUB =32 17:04:44
STEP=1
SUB =32 17:00:57 TIME=3.2
TIME=3.2 EPPLY (AVG)
RSYS=0
Carga (KN)
80 SEQV (AVG)
DMX =3.259 DMX =3.168
SMN =13.055 SMN =-.13338
SMX =470.684 SMX =.16416
MX MX
60
40
MN
MN
20
0
0 1 2 3 4 5 6 7
Deslocamento (mm) -.13338 -.06726 -.00114 .06498 .1311
13.055 114.75 216.445 318.141 419.836 -.10032 -.0342 .03192 .09804 .16416
63.903 165.598 267.293 368.988 470.684
FE MODEL 50MPa Lam 50MPa Ruptura Fe Ruptura Eurocode Ruptura Experimental
Figura 3.160 – Carga versus deslocamento, tensão de Von misses no conector e deformação plástica
na região de concreto no entorno do Conector, ensaio SP1, fck=50 MPa.
Figura 3.161 –Modelo com taxa de armadura simulando a barra de armadura extra.
90
80
70
60
Carga (KN)
50
40
30
20
10
0
0 1 2 3 4 5 6
Deslocamento (mm)
FE Model Ruptura FE MODEL Nova taxa de armadura Ruptura nova taxa
Figura 3.162 – Carga versus deslocamento para ensaios com taxa de armadura alterada.
1 1
NODAL SOLUTION NODAL SOLUTION
STEP=1 JUL 30 2011 JUL 31 2011
MN STEP=1
SUB =17 12:21:05 22:06:30
SUB =21
TIME=1.501 TIME=1.901
SEQV (AVG) SEQV (AVG) MX
DMX =1.497 DMX =1.907
SMN =41.343 SMN =42.126
SMX =542.207 MX SMX =592.542 MN
41.343 152.646 263.949 375.253 486.556 42.126 164.44 286.755 409.07 531.385
96.995 208.298 319.601 430.904 542.207 103.283 225.598 347.913 470.227 592.542
Figura 3.163 –Tensão de Von misses no conector, modelo original (Stud 16 mm x 75 mm, Fck = 25
MPa) e modelo com taxa de armadura alterada.
1
NODAL SOLUTION 1
JUL 30 2011 NODAL SOLUTION
STEP=1
12:22:54 STEP=1 JUL 31 2011
SUB =17
SUB =21 22:07:33
TIME=1.501
EPPLY (AVG) TIME=1.901
RSYS=0 EPPLY (AVG)
DMX =1.61 RSYS=0
SMN =-.074706 DMX =2.09
SMX =.085111 SMN =-.108291
SMX =.111125
MX
MX
MN
MN
-.074706 -.039191 -.003676 .031839 .067353 -.108291 -.059532 -.010773 .037986 .086745
-.056948 -.021433 .014081 .049596 .085111 -.083912 -.035152 .013607 .062366 .111125
Figura 3.164 – Deformação plástica na região de concreto no entorno do Conector, modelo original
(Stud 16 mm x 75 mm, Fck = 25 MPa) e modelo com taxa de armadura alterada.
Figura 3.165 – Elementos da laje de concreto e localização da barra extra de armadura indicada em
vermelho e detalhe da malha da barra de armadura.
100
90
80 1 1
NODAL SOLUTION NODAL SOLUTION
60 DMX =1.495
MX
RSYS=0
DMX =1.827
SMN =37.597
SMX =566.378 SMN =-.07357
SMX =.137379
50 MX
40
MN
30
20
10
0
0 1 2 3 4 5 6
37.597 155.104 272.611 390.118 507.624 -.07357 -.026693 .020185 .067062 .11394
Deslocamento (mm) 96.35 213.857 331.364 448.871 566.378
-.050131 -.003254 .043624 .090501 .137379
Figura 3.166 – Carga versus deslocamento, tensão de Von misses no conector e deformação plástica
na região de concreto no entorno do Conector, ensaio SP1, fck=50 MPa.
Figura 3.167 – Geometria do conector Perfobond e detalhe das dimensões do ensaio push-out, com
localização das armaduras.
30
25
20
Tensão (MPa)
15
10
0
0 0.001 0.002 0.003 0.004 0.005 0.006 0.007 0.008
Deformação
Z X
Y
Z X
1
ELEMENTS 1
ELEMENTS AUG 1 2011
22:22:26 AUG 1 2011
22:21:50
Z X
Figura 3.171 - Parte dos conectores Perfobond da segunda série, Vianna, [71], e Carga versus
deslocamento para os ensaios com conectores Perfobond.
MX
MX
MN
Figura 3.172 – Tensões de von Mises no conector Perfobond e deformação plástica no concreto no
colapso, fck=28 MPa.
1
1 NODAL SOLUTION
NODAL SOLUTION AUG 2 2011
STEP=1
STEP=1 AUG 2 2011 SUB =6 00:01:54
SUB =6 00:02:09 TIME=.535
TIME=.535 SEQV (AVG)
SEQV (AVG) DMX =.535261
DMX =.535261 SMN =.47912
SMN =.47912 SMX =181.081
SMX =181.081
MX
MX
MN MN
.47912 40.613 80.747 120.88 161.014 .47912 40.613 80.747 120.88 161.014
20.546 60.68 100.813 140.947 181.081 20.546 60.68 100.813 140.947 181.081
Figura 3.173 – Tensões de Von Mises no Perfil na interface com o conector e no Perfil na região
posterior a interface com o conector no colapso, fck=28 MPa.
sem furos apresenta uma maior resistência e constância nos resultados apesar da sua
capacidade de carga antes da falha ser inferior, 326,66 kN, frente ao modelo com dois furos,
341,44 kN. A explicação para este resultado pode estar no fato da dificuldade em se modelar
formas circulares com nós coordenados adequadamente às formas retangulares, o que em
termos de modelo em elementos finitos, pode acarretar em perda de energia nestas regiões
principalmente se algum elemento está sendo solicitado acima da sua capacidade.
FCK 28
400
350
300
250
Carga (KN)
200
150
100
50
0
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6
Deslocamento (mm)
Figura 3.174 - Carga versus deslocamento, conectores Perfobond com dois furos e sem furos.
MX
Y
Y MNX
MX Z
Z X
10.93 87.39 163.85 240.31 316.77 -.008279 -.005485 -.00269 .104E-03 .002898
49.16 125.62 202.08 278.54 355.001 -.006882 -.004088 -.001293 .001501 .004295
Figura 3.175 – Tensões de von Mises no conector Perfobond sem furos e deformação plástica no
concreto no colapso, fck=28 MPa.
1 1
NODAL SOLUTION NODAL SOLUTION
STEP=1 AUG 2 2011 STEP=1 AUG 2 2011
SUB =7 22:58:04 SUB =7 22:57:48
TIME=.50125 TIME=.50125
SEQV (AVG) SEQV (AVG)
DMX =.501568 DMX =.501568
SMN =.510279 SMN =.510279
SMX =177.626 SMX =177.626
MX MX
Y Y
X Z Z X
MN MN
.510279 39.869 79.228 118.587 157.946 .510279 39.869 79.228 118.587 157.946
20.19 59.549 98.908 138.267 177.626 20.19 59.549 98.908 138.267 177.626
Figura 3.176 – Tensões de von Mises no Perfil na interface com o conector Perfobond sem furos e na
região posterior a interface com o conector no colapso, fck=28 MPa.
Figura 3.177 - Barras de armadura adicionadas ao modelo e detalhe do conector Perfobond com as
barras de armadura nos furos.
A Figura 3.178 faz uma comparação entre os modelos investigados. Destaca-se nesta
que o ganho com a inclusão das barras de armadura só foi notado em termos de carga no
momento da falha, 400,26 kN, contra o resultado no modelo sem as barras, 341,44 kN.
FCK 28
450
400
350
300
Carga (KN)
250
200
150
100
50
0
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8
Deslocamento (mm)
Figura 3.178 - Carga versus deslocamento, conectores Perfobond com armaduras nos furos.
MX
MN
MN
.101E-03 .733E-03 .001365 .001998 .00263 -.010363 -.00745 -.004538 -.001625 .001288
.417E-03 .001049 .001682 .002314 .002946 -.008907 -.005994 -.003081 -.168E-03 .002745
Figura 3.179 – Tensões de von Mises no conector Perfobond sem furos e deformação plástica no
concreto no colapso, fck=28 MPa.
1
1 NODAL SOLUTION
NODAL SOLUTION AUG 3 2011
STEP=1
STEP=1 AUG 3 2011 00:21:20
SUB =8
SUB =8 00:21:29
TIME=.6225
TIME=.6225 EPTOEQV (AVG)
EPTOEQV (AVG) DMX =.622823
DMX =.622823 SMN =.261E-05
SMN =.261E-05 SMX =.001029
SMX =.001029
MX
MX
MN MN
.261E-05 .231E-03 .459E-03 .687E-03 .915E-03 .261E-05 .231E-03 .459E-03 .687E-03 .915E-03
.117E-03 .345E-03 .573E-03 .801E-03 .001029 .117E-03 .345E-03 .573E-03 .801E-03 .001029
Figura 3.180 – Tensões de von Mises no perfil na interface com o conector Perfobond sem furos e na
região posterior a interface com o conector no colapso, fck=28 MPa.
A Tabela 3.12 apresenta os resultados obtidos nos modelos em elementos finitos onde
o modelo nomeado como P-SF-120 é o modelo com o conector tipo Perfobond sem furos, o
modelo P-2F-120 corresponde ao Perfobond com dois furos utilizado para a validação dos
262
resultados, e o modelo P-2F-AR-120 que possui as barras de armadura de armadura extra nos
furos do conector. A variação apresentada em termos percentuais na última coluna foi obtida
através da razão entre o valor do modelo e o valor do modelo referência, o qual foi utilizado
na validação dos resultados sendo nomeado como P-2F-120. Apesar de não se possuir
resultados experimentais para todas as características adotadas nos modelos, os resultados
indicam uma relação proporcional interessante, visto que, com base nos resultados presentes
na Figura 3.180, a média de variação entre os modelos com furos e sem é de 92,38% com o
valor de menor resultado sendo 89,35% e o de maior 96,12%. Ao se comparar os valores da
variação para o conector de dois furos com e sem barra tem-se o valor médio de 114,07% com
o menor resultado de 99,98% e o maior 128,47%.
Tabela 3.12 - Valores das cargas no momento da falha da ligação nos modelos.
O modelo do ensaio push-out foi executado para conectores de cisalhamento tipo pino
com cabeça e para conectores Perfobond. A modelagem adotou um controle de deslocamento
e condições de apoio necessárias para simular o efeito da alma do perfil de aço e as simetrias
existentes assim como restringir possíveis movimentos de corpo rígido. A cabeça do conector
stud inicialmente não foi incluída contribuindo para uma substancial redução do confinamento
do concreto nesta região alterando o seu real desempenho quando comparado com os
resultados experimentais usados para sua calibração.
O contato entre as regiões do concreto e do conector e entre a mesa do perfil e o
concreto tiveram que ser estabelecidas com cuidado. A modelagem das barras de armadura
adicionais foi feita de acordo com duas estratégias. A primeira considerou as distribuídas em
uma região do concreto enquanto a segunda, que obteve os melhores resultados, considerou as
barras como elementos de barra discretos inseridos no concreto armado.
A convergência mais uma vez foi um processo demorado e complexo, variando de
caso a caso, e demandando diversos recomeços e mudanças de critérios e tolerâncias para
atingir a carga última dos testes investigados. O controle de parada adotado baseou-se, mais
uma vez, na comparação com uma faixa de variação mínima e máxima de deformação de
compressão no concreto. Isto foi feito pois a capacidade de esmagamento e fissuração do
elemento sólido de concreto tiveram que ser suprimidas para superar problemas sérios de
convergência em regiões próximas da carga última do sistema estrutural investigado.
O presente capítulo teve por objetivo apresentar as etapas necessárias para a correta
concepção, execução e interpretação dos resultados de modelos numéricos com o uso do
método dos elementos finitos de estruturas de aço e mistas. Outros tipos de modelagem
incluindo, por exemplo, análises não lineares dinâmicas modais e transientes, interação solo
estrutura e mesmo análises térmicas e mecânicas acopladas podem e já são objetos de muita
pesquisa e desenvolvimento mas por questões relativas a limitação do escopo não foram
apresentadas neste capítulo. Mais uma vez deve-se enfatizar que nada substitui a experiência
dos engenheiros e pesquisadores que vem lidando com estes tipos de modelagem há muito
tempo e, mesmo com limitações de equipamento e recursos financeiros tem produzido
excelentes modelos numéricos que vem contribuindo para uma melhor compreensão de
complexos problemas de engenharia estrutural.
263
O próximo capítulo contém uma descrição semelhante a que foi feita neste capítulo
para modelos incluindo técnicas de inteligência computacional. Desta forma, são apresentadas
e discutidas detalhadamente as principais características destas técnicas, escopo e um correto
tratamento e interpretação dos resultados obtidos.
Capítulo 4 - Modelagem com Técnicas
de Inteligência Computacional
N
s j f si ji j (4.1)
i 1
Saídas
O processamento de uma Rede Neural pode ser dividido em duas fases: Recuperação
da Informação (recall) e Aprendizado (learning). A recuperação da Informação é o processo
de cálculo da saída da rede, dado um certo padrão de entrada. O Aprendizado é o processo de
atualização dos pesos sinápticos para a aquisição do conhecimento. Existem três tipos básico
de aprendizado: treinamento supervisionado, treinamento Não-Supervisionado e treinamento
em “Batch”.
No treinamento supervisionado a rede é treinada através do fornecimento dos valores
de entrada e seus respectivos valores desejados na saída (“training pair”). O treinamento não-
supervisionado (“Self-Organization”) não requer o valor desejado de saída da rede. O sistema
extrai as características do conjunto de padrões, agrupando-os em classes inerentes aos dados
(“clustering”). No sistema de treinamento em Batch os valores dos pesos sinápticos são
estabelecidos a priori, em um único passo, também chamado de Gravação (“Recording”).
Devido à aplicação específica de classificação de expressões faciais, este trabalho
concentrou-se nas redes feed-forward, uma vez que o mapeamento de entrada-saída é estático,
com treinamento supervisionado.
Redes neurais Back-Propagation (BP) (Haykins, [148]. Wassermann, [149]) são redes
feed-forward de uma ou mais camadas escondidas. Este algoritmo define uma maneira
sistemática de atualização dos pesos das diversas camadas baseada na ideia que os erros dos
neurônios das camadas escondidas são determinados pela retropropagação reversa dos erros
dos neurônios da camada de saída.
O treinamento, supervisionado, é baseado no método do gradiente descendente
(gradient descent), buscando minimizar o erro global da camada de saída. Deste modo, a
atualização do peso (wij) é proporcional ao negativo da derivada parcial do erro com relação
ao próprio peso:
ESSE
ji (4.2)
ji
t
N N0
1 p
2
ESSE p
j s jp (4.3)
2 p 1 i 1
w ji si e j
t j s j f net j if j output layer
(4.4)
ej
net j jk ek if j hidden layer
N
f
k 1
ij t 1 si e j ij t (4.5)
As redes neurais Bayesianas são inspiradas na estatística Bayesiana (em contraste com
a estatística clássica), a qual trata com densidades de probabilidade ao invés de frequências.
Assumem um modelo em particular para as densidades de probabilidade dos dados e dos
pesos sinápticos da rede, e utiliza a regra de Bayes para inferir o conjunto ótimo de pesos,
dados os valores disponíveis das variáveis. Um dos algoritmos de aprendizado mais comuns
nas redes neurais bayesianas é o método da aproximação Gaussiana [150], explicado a seguir.
Considere uma rede neural multi-layer perceptron a ser treinada, com um total de W
parâmetros ajustáveis (pesos e bias), armazenados no vetor w = {w1,w2, ..., wW}, e que os
dados de treinamento D compreendem Ny pares (xj, yj), onde yj = y(tj) e xj é um vetor
k-dimensional que corresponde a uma linha da matriz de entrada Xn. Isto é,
D x1 , y1 , x 2 , y2 , , x Ny , y Ny (4.6)
268
pD w pw
pw D (4.7)
p D
onde e são chamados hiperparâmetros que definem, respectivamente, o espalhamento dos
parâmetros e o ruído na saída da rede. ZW e ZD são fatores de normalização que asseguram que
as integrais dessas densidades são iguais à unidade. Das definições de erro quadrático e
weight decay dos algoritmos convencionais de backpropagation, vêm as expressões a seguir:
1 Ny
ED
oj yj
2 j 1
2
(4.9)
1 1 W
EW w w j
2
2 2 j 1
Pode-se mostrar [10] que, neste caso, os fatores de normalização são dados por:
W Ny
2 2 2
Z W ; Z D
2
(4.10)
Como o terceiro termo da equação acima não depende dos parâmetros da rede, dados
e , a rede neural é treinada minimizando-se
E EW E D (4.13)
269
Figura 4.2 - Parâmetros geométricos e do material para avaliação do efeito da carga concentrada.
155
155dados experimentais
experimental data 60,00
40,00
Rede de classificação
Classifying Network
error %
20,00
82
82dados
data 45dados
45 data 28
28 dados
data
00toa 100
100kN
kN 100
100toa 200
200kN
kN 200toa 4010
200 4010 kN
kN 0,00
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
-20,00
Prediction Network
Rede de previsão Prediction Network
Rede de previsão Prediction Network
Rede de previsão
Class
Classe 1 Class
Classe 2 Class
Classe 33 -40,00
Experiments
Figura 4.3 - Modelo de classificação & Previsão. Figura 4.4 - Modelo de rede neural para
previsão da capacidade de carga de vigas sob
ação de cargas concentradas.
Apesar dos bons resultados alcançados, o método usado para dividir corretamente os
três grupos não considerou a diferença no comportamento de vigas esbeltas, intermediárias e
compactas. A divisão das classes foi puramente calculada com base na magnitude da carga e
não no comportamento estrutural da viga. A nova estratégia adotada usou uma única rede
neural contendo todos os 155 resultados experimentais com uma técnica de normalização de
carga última diferente. Neste processo o valor da carga última foi dividido pela capacidade
plástica da alma da viga com base em Lyse & Godfrey [157]. O algoritmo Back Propagation
foi usado para treinar a rede neural usando 15 parâmetros como entradas e a resistência da
viga normalizada como saída.
271
Parafusos de alta resistência são amplamente usados para ligar perfis de aço estruturais
em uma grande variedade de aplicações. A resistência da ligação é geralmente alcançada,
devido à elevada resistência dos parafusos, usados em número reduzido e usualmente são
concentrados em uma pequena região da placa de aço. Este fato induz as ligações
aparafusadas sejam frequentemente associadas à um modo de colapso conhecido como
cisalhamento em bloco onde uma porção ou “bloco” de área do elemento ligado é separado
das partes restantes. O colapso caracteriza-se pelo desenvolvimento de dois planos de ruptura.
O primeiro é um plano de ruptura ao cisalhamento, paralelo à direção de carga, passando pela
linha de parafusos. O segundo é um plano de ruptura à tração, perpendicular à direção da
carga, passando através do parafuso localizado mais afastado da borda da placa, Figura 4.5.
Muitos modelos têm sido propostos para evitar o colapso por cisalhamento em bloco. Estes
modelos incorporam uma combinação das várias hipóteses que controlam a ruptura estrutural.
Várias fórmula de dimensionamento para este problema de engenharia estrutural já foram
propostas mas uma solução definitiva para este problema ainda não foi alcançada devido à
influência de vários parâmetros independentes.
O principal objetivo deste estudo foi apresentar uma avaliação do fenômeno do
cisalhamento em bloco através de redes neurais, [164], [165]. Os principais parâmetros de
entrada da rede neural foram as variáveis geométricas e mecânicas que controlam o
dimensionamento do cisalhamento em bloco. O parâmetro de saída da rede neural foi a
capacidade de carga associada ao cisalhamento em bloco. A rede neural de treinamento
baseou-se em resultados experimentais presentes na literatura e adotou técnicas de validação
cruzada para evitar o erros de overfitting. A presente investigação foi realizada com o auxílio
do software MATLAB, [166], o estudo foi centrado na determinação do melhor desempenho
para a rede neural com 10 entradas, 5 neurônios na camada escondida e uma saída. A Figura
272
4.6 mostra os resultados obtidos em termos de erros MAPE e RMS para a conjunto de teste da
rede neural.
P
7 12.00
6 10.00
RMS
4
MAPE
6.00
Net Tension
3
Plane 4.00
Block
2
2.00
1
0.00
0
Net Shear 1 2 3 4
1 2 3 4
Plane
Adopted Neural Network Training Adopted Neural Network Training
Gross Shear
Plane
Embora os erros das redes neurais Back Propagation estivessem dentro dos limites
aceitáveis para a engenharia estrutural, o banco de dados reduzido indicou o uso de redes
neurais Bayesianas. A primeira estratégia para o treinamento das redes neurais Bayesianas foi
realizado sem o uso de dados ruidosos. O banco de dados foi dividido em conjuntos de
treinamento (75% do banco de dados) e testes (25% do banco de dados). Várias arquiteturas
de rede foram avaliadas, variando o número de neurônios na camada escondida (de 1 a 5).
Mais uma vez as métricas de erro MAPE e RMS foram usadas para investigar o desempenho
das redes neurais, como pode ser visto na Figura 4.7. O melhor desempenho foi obtido com
uma rede com cinco neurônios na camada escondida (MAPE = 1,62, RMS = 2.15).
16 6 6
14 MAPE MAPE MAPE
5 5
12 RMS RMS RMS
10 4 4
error %
error %
error %
8 3 3
6
2 2
4
2 1 1
0 0 0
0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6
neurons neurons neurons
Figura 4.7 - Desempenho da Figura 4.8 - Desempenho da rede Figura 4.9 - Desempenho da rede
rede Bayesiana sem ruído. Bayesiana com ruído na entrada. neural Bayesiana com ruído na
entrada & saída.
Dados de entrada ruidosos foram então introduzidos em uma segunda estratégia para
aumentar o conjunto de dados disponível e melhorar o desempenho das redes. O banco de
dados foi aumentado para 2, 3 e 4 vezes o seu tamanho original. Mais uma vez, 75% e 25%
do banco de dados foram utilizados nas fases de treinamento e teste. Várias arquiteturas de
rede foram avaliadas variando o número de neurônios na camada escondida de 1 a 5. Métricas
de erro MAPE e RMS foram novamente usadas para avaliar o desempenho da rede. A Figura
4.8 apresenta os resultados obtidos por uma rede Neural Bayesiana com um banco de dados
igual a quatro vezes o seu tamanho original. O melhor desempenho foi obtido com uma rede
com quatro neurônios na camada escondida (MAPE = 0.74, RMS = 1,38) e com o banco de
dados igual a quatro vezes o seu tamanho original. O desempenho desta rede particular nas
fases de treinamento e teste de pode ser visto na Figura 4.9 onde nota-se que o uso de dados
ruidosos melhoraram significativamente o desempenho da rede Bayesiana.
O melhor desempenho foi obtido com uma rede com três neurônios na camada
escondida (MAPE = 1.34, RMS = 1,95) e com o banco de dados igual a quatro vezes o seu
tamanho original. A terceira estratégia adotou redes neurais Bayesianas com dados ruidosos
273
Figura 4.10 - Barras usadas no Perfobond. Figura 4.11 - Configuração dos push-outs.
Este tipo específico de conector de cisalhamento tem sido investigado por autores
como: Oguejiofor & Hosain [169], [170], Ferreira Cruz & Valente [171], entre outros. Vários
parâmetros afetam significativamente o teste. No entanto, devido ao grande número de
parâmetros envolvidos, a utilização de redes neurais para a previsão da resistência ao
cisalhamento dos conectores Perfobond, calibrada com os dados experimentais existentes, se
274
mostrou uma das alternativas mais viáveis. Esta foi sua principal motivação para o uso de
redes neurais para prever a resistência ao cisalhamento dos conectores Perfobond. Os dados
de entrada de rede utilizaram dados experimentais presentes na literatura.
Um algoritmo Bayesiano de treinamento (redes bayesianas) foi adotado uma vez que
este modelo híbrido tem a capacidade de melhorar a convergência e o overfitting de redes
com um pequeno conjunto de dados de entrada. Basicamente as redes Bayesianas usam o
mecanismo de inferência Bayesiana para avaliar os parâmetros do modelo neural (pesos).
Dados de entrada ruidosos foram introduzidos para aumentar o conjunto de dados e melhorar
o desempenho da rede neural. O desempenho original foi comprometido devido ao pequeno
conjunto de dados experimentais disponível, [167]. As entradas e saídas da rede neural foram
normalizadas com o intervalo máximo/mínimo dos valores originais.
A rede não produziu resultados confiáveis com os 41 dados experimentais originais.
Quando os vários erros de generalização da rede neural treinada foram comparados a melhor
solução foi atingida pela rede com 123 entradas, (41 originais e 82 ruidosos) com as seguintes
características topológicas: nove entradas, uma camada escondida com cinco processadores e
uma saída, [168]. O erro médio absoluto das soluções analíticos, em função dos dados
experimentais, foi 1,27. Esta diferença significativa pode ser explicada pela dificuldade
natural envolvida em medir os parâmetros estruturais do conector cisalhamento que
influenciam diretamente nos resultados de laboratório.
O erro médio absoluto comparando-se resultados experimentais com resultados
obtidos através das redes neurais foi significativamente melhor do que das soluções analíticas,
em função dos dados experimentais, 1,27. As Figuras 4.12 e 4.13 retratam os menores erros
MAPE e RMSE para as configurações de rede investigadas: sem dados ruidosos e a segunda
configuração de rede com dados ruidosos. Com estes gráficos é evidente que os melhores
resultados em termos de erros MAPE e RMSE foram obtidos para a segunda configuração
(com dados ruidosos) para a rede com 41 dados de entrada originais e 82 ruidosos, onde 80 e
43 foram usados para treinamento e teste (123 x 80 x 43) com três processadores na camada
escondida.
MAPE RMSE
25,00%
50,00% 41x30x11 -
41x30x11 -
20,00% Without Noisy
Without Noisy 40,00%
15,00% 30,00% 123x80x43 -
123x80x43 -
With Noisy
10,00% With Noisy 20,00%
164x123x41 -
5,00% 164x123x41 - 10,00%
With Noisy
With Noisy
0,00%
0,00%
2 3 4 5 6
2 3 4 5 6
Num ber of Processors
Num ber of Processors
Figura 4.12 - Menor erro MAPE. Figura 4.13 - Menor erro RMSE.
Uma melhoria significativa do desempenho das redes é ilustrada nas Figuras 4.14 e
4.15, para os resultados de treinamento e testes da segunda configuração de rede (com dados
ruidosos nas entradas & saídas e estratégia de normalização) com 41 originais & 82, ruidosos
onde 80 e 43 foram usados para treinamento e teste com três processadores na camada
escondida.
275
Training Test
1 1
0,8 0,8
0,6 0,6
0,4 0,4
0,2 0,2
0 0
1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57 61 65 69 73 77 1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43
Figura 4.14 - Resultados do treinamento da rede Figura 4.15 - Resultados do teste da rede
Bayesiana com 3 neurônios na camada escondida, Bayesiana com 3 neurônios na camada escondida,
82 dados com ruído (entrada & saída). 82 dados com ruído (entrada & saída).
Colunas de aço esbeltas geralmente têm sua resistência controlada principalmente pelo
estado limite último de flambagem global. Estes membros estruturais podem ser otimizados
com o uso de um sistema de cabos ou barras protendidas e são soluções estruturais muito
eficientes para vários problemas complexos da engenharia estrutural, [173]. A utilização do
sistema protendido reduz comprimento de flambagem da coluna em pelo menos a metade do
seu tamanho original e melhora substancialmente a sua capacidade de carga. Um caso
particular destes sistemas estruturais é composto por uma coluna central esbelta, quatro barras
perpendicularmente posicionadas em relação ao eixo da coluna central e quatro cabos (ou
barras) de aço, como mostrado na Figura 4.16. Esta estrutura foi investigado através de um
programa experimental e numérico por Araújo [174], envolvendo um número reduzido de
variáveis.
14% 35%
MAPE 3 Nh MAPE
RMSE 4 Nh MAPE
12% 30% 5 Nh MAPE
3 Nh RMSE
10%
25% 4 Nh RMSE
5 Nh RMSE
8%
20%
6%
15%
4%
10%
2%
5%
0%
1 2 3 0%
Hidden Layer Processors 82x61x21 123x82x31 164x123x41
Figura 4.17 - Erros MAPE & RMS da Figura 4.18 - Erros MAPE & RMS da rede
rede Bayesiana com 5 neurônios na camada Bayesiana com 5 neurônios na camada escondida e
escondida e sem dados ruidosos. 41 dados ruidosos (entrada & saída).
Finalmente, as redes neurais Bayesianas provaram ser uma ferramenta muito útil da
inteligência computacional para ampliar este tipo de análise paramétrica sem a necessidade de
277
centenas de análise de elementos finitos não-lineares demoradas que nem sempre convergem.
Redes adequadamente treinadas provaram ser muito eficientes para melhorar a análise
paramétrica da capacidade de carga de colunas de aço protendias através de uma forma fácil e
simples.
Hta
pt
tta tfb
Lta
twb
bolts (db)
twa pwa Lwa hb
Lta tta
Hta
hc
Figura 4.19 – Ligação com placa Figura 4.20 - Ligação soldada. Figura 4.21 - Ligação com
de extremidade estendida. cantoneiras.
O comportamento das ligações viga coluna também pode ser avaliada com a ajuda do
método das componentes do Eurocode 3 [19]. As componentes da ligação viga coluna são
introduzidas em um modelo mecânico simples que prevê curvas momento versus rotação. O
modelo mecânico é composto de barras rígidas e molas, criadas para representar cada
componente relevante da ligação. Uma descrição detalhada das componentes das ligações é
apresentada por Silva e Coelho [183].
O modelo mecânico pode ser simplificado, substituindo cada série de molas por uma mola
elasto-plástica equivalente, que mantém todas as características relevantes. Usando este
procedimento, um modelo equivalente não-linear geral para a análise de ligações da viga
coluna pode também ser obtido Simões [184]. Quando o modelo elástico equivalente é
definido, o processo de dimensionamento continua com uma análise de estabilidade pós-
flambagem usando uma formulação baseada em energia. Detalhes completos desta derivação
matemática podem ser encontrados em Silva [183].
Neste trabalho foi utilizado o algoritmo de aprendizagem Back Propagation (BP), onde
a rede é apresentada com um conjunto de vetores de entrada e seus vetores respectivos de
saída desejados. Duas redes neurais foram usadas para cada tipo de ligação. O primeiro foi
278
usado para prever a resistência à flexão, enquanto a segunda foi utilizada para prever a rigidez
inicial da ligação. Os parâmetros de entrada representaram as características geométricas e
mecânicas de todos os testes experimentais. O Software de modelagem de NeuralWorks
(QNet para Windows, [185]) foi usado para treinar e testar todas as redes neurais. Várias
configurações de rede foram testadas variando o número de processadores na camada
escondida (2, 3, 4, 5 e 6).
A taxa de aprendizagem foi adaptativa, com um valor inicial igual a 0,2 enquanto o fator
de momento variou entre 0,4 e 0,8. A rede neural ótima foi obtida através de uma comparação
entre os erros de generalização obtidos com o conjunto de validação. Para as ligações
aparafusadas foram utilizados 26 resultados de testes experimentais (21 para treinamento) e 5
para teste, produzindo resultados satisfatórios para a previsão da resistência à flexão onde o
erro percentual absoluto médio foi 8,4%. Os erros percentuais mínimo e máximo foram –
15.5% e 18%.
A Figura 4.22 ilustra uma comparação da razão entre os valores previstos por redes
neurais, as fórmulas do Eurocode 3 e os valores experimentais. A Figura 4.23 mostra a
comparação dos resultados obtidos com as redes neurais e as fórmulas do Eurocode 3 para a
resistência à flexão de ligações soldadas. Neste gráfico é possível concluir que os resultados
da rede neural estiveram de acordo com os experimentais mas os valores de previsão do
Eurocode 3 conduziram a resultados enganosos. O erro médio de rede neural foi 8,9% –5.4%
e 12,4% dos valores de erro percentual mínimo e máximo, respectivamente. A Figura 4.24
apresenta os resultados obtidos para juntas com ângulos. Para resultados de resistência à
flexão, o erro médio foi 11,6% com valores de erros percentuais mínimo e máximo de 18.3%
e 4,7%, respectivamente.
O potencial das redes neurais para prever o momento resistente e a rigidez inicial de
ligações foi confirmado por estes gráficos. Embora alguns dos valores de rigidez inicial da
rede neural diferirem em até 59% dos experimentos, isto pode ser explicado pelas
dificuldades de medição no laboratório e erros associados aos experimentos. Os erros médios
obtidos nesta investigação foram 8,4%, 8,9% e 11,6% na previsão da resistência à flexão,
demonstrando um acordo razoável entre as redes neurais e os valores experimentais. Estes
erros são aceitáveis quando comparados ao nível dos fatores de segurança usados em
engenharia estrutural e aos erros intrínsecos associados com os dados experimentais usados.
Inicio
t1
inicializar população P(t)
avaliar população P(t)
enquanto (não condição_de_fim) faça
tt+1
selecionar população P(t) a partir de P(t-1)
aplicar operadores genéticos
avaliar população P(t)
fim enquanto
fim
- Representação
- Avaliação
- Operadores Genéticos
Indivíduo 1 1 0 0 0 0 1 1 1 Filho 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Indivíduo 2 1 1 1 1 1 0 1 1 Filho 2 1 0 0 0 0 0 1 1
Ponto de corte
Indivíduo 1 0 0 0 0 1 1 1
Bit alterado
Indivíduo resultante
após a mutação 1 1 0 0 0 1 1 1
- Parâmetros da Evolução
evitar uma taxa de mutação muito alta, uma vez que pode tornar a busca essencialmente
aleatória, prejudicando fortemente a convergência para uma solução ótima.
Intervalo de Geração: controla a porcentagem da população que será substituída
durante a próxima geração (substituição total, substituição com elitismo, substituição dos
piores indivíduos da população atual, substituição parcial da população sem duplicatas). Esse
número de indivíduos substituídos também é conhecido como gap.
Número de Gerações: representa o número total de ciclos de evolução do Algoritmo
Genético, sendo este um dos critérios de parada do AG. Um número de gerações muito
pequeno causa uma queda no desempenho, pois não se consegue cobrir todo o espaço de
busca. Um valor grande faz necessário um tempo maior de processamento, mas fornece uma
melhor cobertura do domínio do problema evitando a convergência para soluções locais.
Executa-se cada programa na população e associa uma aptidão de acordo com o quão
bem foi resolvido o problema.
1. Cria-se uma nova população de programas de computador aplicando-se os operadores
genéticos. As operações são aplicadas aos programas de computador selecionados
probabilisticamente pela sua aptidão.
2. O melhor programa de computador que apareceu em qualquer geração (o “melhor até
agora”) é designado como resultado da PG. Este resultado pode ser a solução (ou a
solução aproximada) para o problema.
- Representação
ou mais saídas. Os terminais são parâmetros que recebem um valor de entrada. A combinação
de todas as soluções possíveis definidas por estas funções e terminais é denominada espaço de
busca.
A estrutura de cada indivíduo na PG é representada em forma de árvore. Os terminais
são folhas da árvore situados nas extremidades. As funções conectam um ou mais terminais
situando-se nos vértices (nós) das árvores como mostra a Figura 4.3.2.1.
Koza em [187]e [193] utiliza o termo S-expression (Symbolic Expression) para
designar a representação de um indivíduo em PG representado sob a forma de uma expressão
linear. Esta forma é a interpretação para uma estrutura representada por meio de uma árvore.
Como exemplo, a representação de um indivíduo identificado pela expressão x2+y é
representado pela sua forma linear (+ y (* x x) ) e por sua estrutura em árvore na Figura 4.28:
Pode-se, de acordo com [187] e [193], separar os elementos da estrutura arbórea em:
1. Variáveis;
2. Constantes.
O indivíduo representado na Figura 4.29 tem suas funções (no caso adição e
multiplicação) e seus terminais (x e y) representados por pontos numericamente ordenados da
direita para a esquerda. A ordenação destes pontos é mostrado na Figura 4.29. A interpretação
do indivíduo se dá de acordo com esta ordenação, caminhando da raiz ou topo para o
elemento mais à esquerda. A partir deste elemento caminha-se ponto a ponto até o elemento
mais à direita.
t
K 5 K 6c
K1 K4 K 13
K3 f t
t
Pcr W t wK 2 E w
k7 K8 K9
t t d wk10 bwK 11 K12 W
tW w c K14t f (4.14)
d w
W f
tw dw
t
0.015
t
0.39
t
0.56
Pcr W t
t w2 E w 0.5 f 0.78 0.57ce4.62tW 2.21t 2f .20d w1.19bw 5.8
1.72 W tW w c 3.05t f
d (4.15)
dw w w
Tabela 4.1 - Calibração da equação gerada com algoritmos genéticos para previsão da capacidade de
carga de vigas sob a ação de cargas concentradas.
tendência diferente foi observada nas ligações com placa de extremidade ajustadas que
mostraram um aumento de rigidez significativo quando comparado com o modelo inicial de
ligação de aço. Ligações com placa de extremidade ajustadas e estendidas mistas também
foram otimizadas para transmitir momentos fletores em torno de 120kNm e 423kNm, onde,
em ambos os casos um aumento abrupto da rigidez inicial foi observado quando comparado
aos modelos de ligação de aço equivalentes, demonstrando as vantagens das ligações mistas.
307
60 187 60
37,5
HE 340 B 37,5
8
HE 300 B 8 225
8 8 22,4 22,4
35 155 35
60
120
15 80
135
90
150
90
IPE 500 IPE 500 500 530
750 90
IPE 600 IPE 600 600 150
100
150 15 80
b)
27,5 252 27,5
a)
Ø 12.5mm
300 300
60 187 60 Ø 12.5mm
225
60 35 155 35
120 120
135
15 80
90
150
90
750
IPE 600 HE 340 B IPE 600 600 150
IPE 500 IPE 500 500 530
90
8 8 100
150
8 8 80
15
105 22,4 22,4 12,5 200 12,5
30
37,5 37,5
27,5 252 27,5 HE 300 B
ASTM A325 1" (25.40mm) ASTM A325 1" (25.40mm)
2200
2200
c) d)
Figura 4.30 - Ligações: (a) placa de extremidade estendida, (b) placa de extremidade ajustada, (c)
placa de extremidade estendida mista (d) placa de extremidade ajustada mista.
Extended Steel Joint X Flush Composite Joint Extended Steel Joint X Flush Composite Joint
Mpl/Cost & Sj - IPE 600 Mpl/Cost & Sj - IPE 550
250,00
250,00
216,81 Mpl/Cost [kN.m/$] Sj [kNm/rad]
Mpl/Cost [kN.m/$] Sj [kNm/rad]
197,14 192,93 205,41
200,00
200,00 181,40
173,49 173,55
168,61
Mpl/Cost & Sj
161,35
Mpl/Cost & Sj
100,00 100,00
50,00 50,00
8,49 10,33 7,60 11,67 7,40 8,71 9,37 10,89 7,51 10,40
0,000,00 0,000,00
0,00 0,00
60% 60% 80% 80% 100% 100% 60% 60% 80% 80% 100% 100%
Target Mpl [kN.m] Target Mpl [kN.m]
Steel Profile Bending Plastic Capacity (% ) Steel Profile Bending Plastic Capacity (% )
Extended Steel Joint X Flush Composite Joint Extended Steel Joint X Flush Composite Joint
Mpl/Cost & Sj - IPE 450 Mpl/Cost & Sj - IPE 400
140,00 130,33 120,00
108,24 Mpl/Cost [kN.m/$] Sj [kNm/rad]
118,73 Mpl/Cost [kN.m/$] Sj [kNm/rad] 121,96
120,00 94,76
105,58 100,00 91,21
100,00 89,70 78,37
Mpl/Cost & Sj
Mpl/Cost & Sj
80,00
80,00 66,64
60,00
60,00
40,00
40,00
20,00 20,00
7,62 8,05 8,59 9,60 10,06 6,77 7,43 7,47 8,43 9,50
0,000,00 0,000,00
0,00 0,00
60% 60% 80% 80% 100% 100% 60% 60% 80% 80% 100% 100%
Target Mpl [kN.m] Target Mpl [kN.m]
Steel Profile Bending Plastic Capacity (% ) Steel Profile Bending Plastic Capacity (% )
Figura 4.31 - Custo & desempenho estrutural dos modelos mistos & de aço.
287
O principal objetivo da otimização foi reduzir o custo global da ligação garantindo que
à resistência à flexão e a rigidez inicial não atendessem os estados limites últimos e de
utilização necessários. Também pode ser observado que o desempenho das ligações mistas foi
ainda melhor quando seções mais pesadas de aço foram usadas. Os exemplos realizados
validaram e provaram a viabilidade do uso de algoritmos genéticos para otimizar ligações
semirrígidas de aço e mistas.
80 400 300
60
300
200
40
200
100 Experimental
20 Experimental
100 Experimental
Numerical Numerical
0
Numerical 0
0 20 40 60 80 100
0 0 10 20 30 40
Rotation (mrad) 0 20 40 60 80 Rotation (mrad)
Rotation (mrad)
Figura 4.32 - Momento versus Figura 4.33 - Momento versus Figura 4.34 - Momento versus
rotação, FE1, [47]. rotação, 109.005, [208]. rotação, 105.018, [208].
Embora cada componente seja caracterizado por uma curva força versus deslocamento
não-linear, sua resposta pode ser aproximada por modelos simples multilineares ou
polinomiais. Uma validação, [209], do modelo proposto foi realizada por meio de
comparações com os resultados experimentais e simulações de elementos finitos usando o
programa ANSYS, [32]. A investigação experimental, [37], compreendeu três testes
realizados em ligações no eixo de menor inércia da coluna usando um sistema estrutural
composto de uma viga engastada e livre sob a ação de uma carga concentrada em sua
extremidade livre. As vigas e as cantoneiras foram feitos com perfis de aço laminadas (tipo S
10" x 37.7, cantoneiras 76 x 76 x 9.5 mm (primeiro teste), cantoneiras 127 x 76 x 9.5 mm
(outros testes)). A coluna usada foi um perfil soldado equivalente a um W 310 x 60. No
primeiro ensaio, devido à flexibilidade de placa de alma, ocorreram grandes deformações. O
momento máximo alcançado na ligação foi igual a 38 kNm.
Neste trabalho, algoritmos genéticos (GA) foram usados para identificar, por meio de
regressão simbólica, a equação que relaciona as propriedades geométricas da ligação
resistência da alma da coluna em flexão. Os dados de entrada incluíram a espessura da alma
da coluna (tw) e a altura de coluna (d) e a saída desejada era a rigidez da alma da coluna em
flexão (k14). O programa usado para executar o treinamento foi Evolver 4.0, [199], e os
parâmetros de configuração foram: taxa de Crossover: 0,65 e taxa de mutação: 0,008. Os
dados de entrada, o valor teórico de k14, e os resultados obtidos a partir dos algoritmos
genéticos assim como os erros a estes associados são descritos na Tabela 4.2. A equação final
obtida a partir da evolução, para k14 é:
t 2, 6
f y4, 2
k14
E d t 2 .f
w
(4.16)
E d3
3 tw
w y
Uma inspeção dos resultados indicou que o uso potencial da programação genética
para avaliar problemas estruturais e de engenharia civil foi cumprido com as ligações
semirrígidas investigadas.
(a)
(b)
Figura 4.35 - (a) rigidez inicial da ligação, (b) distribuição de momentos de fletores.
A Figura 4.36 ilustra o desempenho dos algoritmos genéticos em termos de uma curva
média das melhores avaliações em dez experimentos e das melhores avaliações em 100
indivíduos associados a um experimento. Quando a modelagem inicial rígida é comparada
com os resultados finais dos algoritmos genéticos é evidente que este método levou ao uso de
ligações semirrígidas com rigidez associada a valores significativamente menores que os
referentes às ligações rígidas. A nova rigidez das ligações conduziu a uma melhoria
considerável na distribuição de momentos fletores. Uma inspeção atenta da Figura 4.36 indica
que a busca da melhor avaliação média é influenciada pelos limites de espaço de busca das
variáveis. Quando o espaço de busca foi limitado entre zero e 1,0 E + 16, o método dos
algoritmos genéticos levou a uma avaliação média de 3,539. Alternativamente, quando o
espaço de busca foi limitado entre 0 e 1,0 E + 8, o método dos algoritmos genéticos gerou uma
avaliação média de 0,668.
Nas comparações feitas na Figura 4.36 a os algoritmos genéticos demonstraram um
desempenho superior ao procedimento de busca aleatória. Quando a melhor avaliação
alcançada com o uso do procedimento de busca aleatória (2,364) foi comparado com o
método dos algoritmos genéticos (0,113), uma diferença de 2,251 foi observada. Se este
processo for repetido para os resultados da Figura 4.36, foram encontradas diferenças de
2,042 e 0,969 para o espaço de busca com limites superiores de 1,0 E + 08 e 1,0 E + 16. Estes
resultados validam a implementação dos algoritmos genéticos e a metodologia adotada na
função de avaliação do problema.
A presente investigação foi centrado em um processo de optimização não
convencional da rigidez de ligações semirrígidas onde os indivíduos foram avaliados para
gerar uma melhor distribuição de momento fletores em uma estrutura. Esta metodologia de
pesquisa, variando os valores de rigidez das ligações, foi aplicada a dois exemplos. A melhor
291
solução sempre foi associada aos algoritmos genéticos quando comparado a um procedimento
de busca aleatória. A diferença entre estes dois métodos é amplificada quando o espaço de
busca variável é aumentado. Esta diferença também foi ampliada quando se aumenta a
complexidade do problema estrutural avaliado. Uma distribuição significativamente melhor
do momentos fletores foi atingido quando a função objetivo adotada globalmente foi aplicada
aos problemas abrangidos pela investigação.
The Best Fitness Average (10 Experiments) The Best Fitness (1 Experiment)
for a Population of 100 Individuals
4,500 4,500
4,000 4,000 Random Search
3,500 3,500 Genetic Algorithms
3,000 3,000
Fitness
Fitness
2,500 2,500
Random Search (1e+16)
2,000 Genetic Algorithms (1e+16) 2,000
1,500 Random Search (1e+8) 1,500
Genetic Algorithms (1e+8)
1,000 1,000
0,500 0,500
0,000 0,000
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Number of Generations Number of Generations
x
1
1 exp[ (ax b)]
(4.17)
x 1 x (4.18)
xi
xi = input
y2 y2
*
y1 y1
*
(a) (b)
Figura 4.37 - (a) Representação simplificada da célula NFB-Class. (b) Representação interna da célula
NFB-Class.
293
As saídas (crisp) de uma célula NFB-Class são dadas pelas equações (4.17) e (4.18),
onde o fato das funções de pertinência (x) e (x) serem complementares já foi considerado:
y1 x (4.19)
y 2 x (4.20)
- HNFB-Class Architecture
d 1 0 . 1 (4.21)
d 4 0 . 2 (4.24)
d 5 0 . 2 (4.25)
onde:
di são as saídas da estrutura de particionamento do espaço de entrada;
e são os graus de pertinência do padrão de entrada na função de
pertinência low das partições 0, 1, 2 e 12, respectivamente;
e são os graus de pertinência do padrão de entrada na função de
pertinência high das partições 0, 1, 2 e 12, respectivamente.
294
Inputs
Class 2
121 122
22
Class 3
11
21
Decision-Tree Classification
Module Module X1
(a) (b)
Figura 4.38 - (a) arquitetura de uma classe HNFB, (b) particionamento do espaço de entrada referente
ao módulo de árvore de decisão.
Onde:
yi, i {1,2,3,4,5}, são as saídas das células folha;
Wij, i {1,2,3,4,5} e j{1,2,3}, é o peso do link entre a célula folha i e o
neurônio T-conorm j;
é o operador T-conorm Limited Sum.
comparado com o tamanho do conjunto de dados, ou seja mais de uma regra para cada dado
experimental. Assim, a taxa de decomposição foi aumentada para restringir este número de
regras. Adotando uma taxa de decomposição 0,01, apenas 85% dos dados foi classificada
corretamente. Os primeiros conjuntos de treinamento adotaram os níveis de ativação
fornecidos pelo sistema neuro-nebuloso inicial, com 377 regras, gerou erros máximos de 70%.
Parâmetros de entrada
Input Parameters
(físicosand
(Physical e geométricos)
Geometrical)
Sistema neuro-nebuloso
Neuro-Fuzzy
de classificação
Classification System
Grau de pertinência
Membership degree Grau de pertinência
Membership degree Grau de pertinência
Membership degree
flambagem
Webda alma
Buckling enrugamento da alma
Web Crippling plastificação
Web Yielding da alma
Prediction
Redes neuras de previsão
Neural-Networks
Saida
Output
Carga última
(Patch Load)
1.6
1.6
1.4
1.4
Activation level
1.2
Activation level
1.2
1
1
0.8 0.8
0.6 0.6
0.4 0.4
0.2
0.2
0
0
-0.2
-0.2
-0.4
-0.4 -0.6
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
-0.6
0 5 10 15 20 25 30 35 tw
tf
Buckling Crippling Yelding
tensão de escoamento da viga foi igual a 345 MPa enquanto o fator de foram do painel de
alma foi geralmente igual a três quando não mencionado em contrário. A metodologia
adotada baseou-se numa avaliação dos níveis de ativação dos fenômenos físicos em termos
das variáveis físicas e geométricas mais relevantes para a viga. Estes níveis de ativação
indicaram a relevância de cada tipo de colapso estrutural na resposta estrutural da viga.
O fator de forma do painel da alma geralmente quase não foi condicionante para o tipo
de fenômeno físico associado ao colapso estrutural. No entanto esta influência tende a
aumentar em vigas com mesas mais finas e menores comprimentos de carga, Figura 4.42.
Nestes casos níveis de ativação de escoamento da alma são reduzidos com um aumento do
espaçamento dos enrijecedores transversais. Da mesma forma, os níveis de ativação relativos
à flambagem global da alma e o enrugamento da alma aumentam linearmente quando a
eficiência dos enrijecedores transversais é reduzida.
0.8
Activation degree
0.4
h tw c
0.2
Figura 4.42 - Variação dos graus de ativação, para as três classes estudadas, em termos do fator de
forma do painel de0.0alma e espessura da mesa.
0.0 Algumas das conclusões mais interessantes do estudo paramétrico vão ser aqui
reproduzidas. O estado limite do enrugamento da alma é mais frequente em vigas com mesas
mais finas enquanto a espessura de mesa tem uma influência significativa sobre o tipo de
colapso, especialmente quando são considerados menores comprimentos de carregamento. A
influência da espessura da mesa sobre a magnitude do efeito das cargas concentradas foi mais
significativa em vigas de alma mais espessas e a resistência de vigas com almas finas e
esbeltas foi influenciada pela espessura da mesa. Vários destes parâmetros estão interligados.
Foi fácil de observar que um aumento da altura da viga também implica um aumento da
esbeltes da alma reduzindo o fator de forma do painel da alma e a razão entre o comprimento
carregado e a altura da viga. O aumento de altura da viga provou gerou uma redução na
magnitude da carga última e conduziu a substancial uma não-linearidade nos fenômenos
físicos que a controlam.
Este investigação demonstrou a eficácia da utilização de técnicas de inteligência
computacional para resolver um problema complexo de dimensionamento estrutural. É
importante salientar que a confiabilidade dos resultados será melhorada como o aumento da
proporção entre as evidências experimentais e o número de variáveis envolvidas. Se um
número maior de experimentos não poder vir a ser incorporado no sistema neuro-nebuloso a
geração de novos dados deve ser feita respeitando os limites impostos pela faixa de variação
dos parâmetros usados para treinar o sistema.
298
5.1. Síntese
Este livro teve como objetivo descrever, através de uma série de exemplos, os métodos
e técnicas usados para modelagem de estruturas de aço e mistas. Inicialmente foram
apresentados os principais modelos usados na representação do comportamento estrutural
destes elementos. Isto se seguiu de uma apresentação detalhada dos modelos experimentais,
assim como os principais requisitos e cuidados que devem ser tomados nos ensaios de uma
estrutura de aço ou mista no laboratório.
O trabalho procede com foco nos modelos numéricos, desenvolvidos com base no
método dos elementos finitos. Diversas simulações apresentando comportamentos não
lineares são apresentadas assim como seus principais detalhes e restrições em termos de
condições de contorno, principais dificuldades, estratégias de solução e métodos para superar
dificuldades de convergência. Por fim são também apresentados exemplos de uso de técnicas
de inteligência computacional na simulação do comportamento de estruturas de aço e mistas.
Para tal redes neurais, redes neuro-nebulosas e algoritmos genéticos são descritas e aplicadas
com foco em suas principais vantagens, escopo e limitações.
De forma concisa, a principal contribuição deste livro consistiu em reunir em uma
única fonte de forma clara, objetiva e sintética, as principais técnicas de modelagem de
estruturas de aço e mistas. Desta forma, inicialmente, apresentou-se os experimentos de
laboratório assim como suas principais etapas visando seu entendimento concepção,
desenvolvimento de procedimentos, instrumentação e a interpretação dos resultados obtidos.
Também foram geradas contribuições no sentido do entendimento das diversas etapas
relacionadas com os modelos numéricos, baseados no método dos elementos finitos, assim
como seus aspectos mais relevantes relacionados com sua concepção desenvolvimento,
superação de problemas de convergência e a interpretação de seus resultados. Contribuições
adicionais também foram dadas no sentido do entendimento do correto uso de modelos de
inteligência computacional na simulação do comportamento estrutural focadas nos passos
mais significativos para seu entendimento, escopo e a aplicação a problemas de estruturas de
aço e mistas.
dos engenheiros e pesquisadores que vem lidando com estes tipos de modelagem há muito
tempo e, mesmo com limitações de equipamento e recursos financeiros, tem produzido
modelos numéricos com um excelente desempenho e precisão.
Adicionalmente, nota-se que a última década do século XX tem sido associada a uma
substancial melhora e desenvolvimento de métodos computacionais inteligentes. Sistemas de
apoio à decisão com base nestes modelos de inteligência computacional foram amplamente
desenvolvidos e usados com êxito em uma vasta gama de aplicações. Sua aplicação na
solução de problemas da engenharia estrutural corroborou o grande potencial do uso de
técnicas de inteligência computacional na resolução de problemas que foram considerados
difíceis, limitados ou mesmo impossível por muitos pesquisadores em diferentes campos.
Todos os estudos de casos tiveram um desempenho, em alguns casos, além do esperado
sugerindo que estas técnicas podem ser uma boa solução para muitas outras aplicações.
REFERÊNCIAS
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Connections”, Eng. Struct., v. 16(1), pg. 25-31.
[2] Richard, R. M. e Abbott, B. J. (1975): “Versatile Elastic-Plastic Stress-Strain
Formula”, J. Eng. Mech. Div. ASCE, v. 101(4), pg. 511-515.
[3] Lui, E. M. e Chen, W. F. (1986): “Analysis and Behavior of Flexible-Jointed Frames”,
Eng. Struct., v. 8, pg. 1007-118.
[4] Lui, E. M. e Chen, W. F. (1988): “Behavior of Braced and Unbraced Semi-rigid
Frames”, Int. J. Solids Structures, v. 24(9), pg. 893-913.
[5] Al-Bermani, F. G. A. et al. (1994): “Cyclic and Seismic Response of Flexibly Jointed
Frames”, Eng. Struct., v. 16(4), pg. 249-255.
[6] Frye, M. J. e Morris, G. A. (1975): “Analysis of Flexibly Connected Steel Frames”,
Can. J. Civil Eng., v. 2(3), pg. 280-291.
[7] Ang, K. M. e Morris, G. A. (1984): “Analysis of Three-Dimensional Frames with
Flexible Beam-Column Connections”, Can. J. Civil Eng., v. 11, pg. 245-254.
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