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Modelagem de Estruturas de Aço e Mistas

Pedro Colmar Gonçalves da Silva Vellasco,1


Luciano Rodrigues Ornelas de Lima, 1
Sebastião Arthur Lopes de Andrade, 1,2
Marley Maria Bernardes Rebuzzi Vellasco, 3
Luís Alberto Proença Simões da Silva4

1Departamento de Estruturas e Fundações,


Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil, UERJ
2Departamento de Engenharia Civil,

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Brasil, PUC-Rio


3Departamento de Engenharia Elétrica,

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Brasil, PUC-Rio


4Departamento de Engenharia Civil,

Universidade de Coimbra, Portugal, FTUC

Rio de Janeiro, Setembro de 2011


Índice
Modelagem de Estruturas de Aço e Mistas ............................................................................................. 1
Índice ....................................................................................................................................................... 2
Agradecimentos....................................................................................................................................... 5
Resumo .................................................................................................................................................... 6
Abstract ................................................................................................................................................... 7
Capítulo 1 - Introdução ............................................................................................................................ 8
1.1. Considerações Iniciais.............................................................................................................. 8
1.2. Modelos de Comportamento Estrutural ............................................................................... 10
1.2.1. Modelos Analíticos, Matemáticos e Mistos ...................................................................... 10
1.2.2. Modelos Experimentais ..................................................................................................... 11
1.2.3. Modelos Numéricos........................................................................................................... 11
1.3. Análise Estatística de Dados de Entrada e Resultados .......................................................... 12
1.4. Escopo da Obra ...................................................................................................................... 12
Capítulo 2 - Modelagem Experimental .................................................................................................. 14
2.1. Considerações Iniciais............................................................................................................ 14
2.2. Modelos Experimentais ......................................................................................................... 15
2.3. Sistemas de Aplicação de Cargas ........................................................................................... 15
2.4. Instrumentação ..................................................................................................................... 16
2.5. Tratamento e Apresentação dos Dados ................................................................................ 17
2.6. Exemplos de Aplicação .......................................................................................................... 18
a. Flambagem local da alma de vigas mistas com inércia variável................................................ 18
b. Treliças espaciais com barras de pontas amassadas e um parafuso......................................... 25
c. Comportamento de placas de aço carbono e aço inoxidável com parafusos defasados
submetidas a tração .......................................................................................................................... 33
d. Resistência de colunas de aço estaiadas e protendidas ............................................................ 42
e. Avaliação de ligações semirrígidas com cantoneiras no eixo de maior inércia......................... 62
f. Avaliação de ligações semirrígidas com cantoneiras na menor inércia .................................... 66
g. Avaliação de ligações semirrígidas com placas de extremidade na menor inércia................... 74
h. Ligações semirrígidas com placas de extremidade e interação flexão e esforço normal ......... 87
i. Comportamento de ligações semirrígidas mistas com cantoneiras.......................................... 96
j. Avaliação de ligações semirrígidas mistas com placas de extremidade ................................. 104
k. Resistência de vigas com perfis formados a frio preenchidos com concreto armado ............ 126
3

l. Sistemas de lajes mistas com perfis formados a frio, placas de isopor e parafusos
autobrocantes ................................................................................................................................. 129
m. Resistência de um sistema de lajes mistas com perfis formados a frio .............................. 133
n. Comportamento de um sistema de lajes mistas com perfis formados a frio ......................... 137
o. Avaliação estrutural de conectores de cisalhamento Perfobond e T-Perfobond ................... 142
2.7. Considerações Finais ........................................................................................................... 154
Capítulo 3 - Modelagem Numérica com o Método dos Elementos Finitos ........................................ 155
3.1. Considerações Iniciais ......................................................................................................... 155
3.2. Tipos de Análise Estrutural .................................................................................................. 156
3.2.1. Introdução ....................................................................................................................... 156
3.2.2. Análise Não-Linear .......................................................................................................... 156
3.3. Análise dos Modelos ........................................................................................................... 162
3.4. Análises Paramétricas e Apresentação dos Resultados ...................................................... 163
3.5. Exemplos de Aplicação ........................................................................................................ 163
a. Flambagem local da alma de vigas mistas com inércia variável ............................................. 163
b. Modelagem numérica de pórticos com ligações semirrígidas ................................................ 168
c. Avaliação de ligações semirrígidas com cantoneiras na menor inércia da coluna ................. 175
d. Interação flexão - esforço axial em ligações semirrígidas com placas de extremidade ......... 178
e. Comportamento de vigas de aço sob à ação de cargas concentradas ................................... 189
f. Resistência de colunas de aço estaiadas e protendidas ......................................................... 192
g. Modelagem de torres eólicas .................................................................................................. 197
h. Comportamento a tração de placas de aço inoxidável com parafusos defasados ................. 204
i. Avaliação estrutural de vigas de aço com aberturas na alma ................................................. 210
j. Modelagem de ligações semirrígidas com placas de extremidade e interação flexão - esforço
axial 215
k. Modelagem de ligações tubulares T e KT................................................................................ 224
l. Modelagem de vigas mistas com interação total e parcial ..................................................... 236
m. Comportamento estrutural de conectores de cisalhamento Perfobond e T-Perfobond ... 243
n. Modelagem de ensaios push-out com conectores de cisalhamento tipo pino com cabeça
(stud) e Perfobond .......................................................................................................................... 250
3.6. Considerações Finais ........................................................................................................... 262
Capítulo 4 - Modelagem com Técnicas de Inteligência Computacional ............................................. 264
4.1. Considerações Iniciais ......................................................................................................... 264
4.2. Redes Neurais...................................................................................................................... 265
4.2.1. Algoritmo de treinamento Back Propagation ................................................................. 266
4.2.2. Redes Neurais Bayesianas ............................................................................................... 267
4

4.2.3. Exemplos de Aplicação .................................................................................................... 269


a. Vigas sob a ação de cargas concentradas................................................................................ 269
b. Efeito do cisalhamento em bloco ............................................................................................ 271
c. Resistência de conectores de cisalhamento Perfobond.......................................................... 273
d. Resistência de colunas estaiadas protendidas ........................................................................ 275
e. Avaliação estrutural de ligações viga coluna ........................................................................... 277
4.3. Computação Evolucionária .................................................................................................. 278
4.3.1. Algoritmos Genéticos ...................................................................................................... 278
4.3.2. Programação Genética .................................................................................................... 282
4.3.3. Exemplos de Aplicação .................................................................................................... 284
a. Vigas sob a ação de cargas concentradas................................................................................ 284
b. Dimensionamento de ligações com placa de extremidade semirrígidas em aço e mistas ..... 285
c. Avaliação da rigidez pós-limite de ligações semirrígidas......................................................... 287
d. Dimensionamento de ligações viga-coluna na menor inércia................................................. 288
e. Otimização de ligações semirrígidas viga coluna .................................................................... 289
4.4. Redes Neuro-Nebulosas ...................................................................................................... 291
4.4.1. Hierarchical neuro-fuzzy BSP model para classificação................................................... 292
4.4.2. Exemplo de Aplicação ...................................................................................................... 295
a. Vigas sob a ação de cargas concentradas................................................................................ 295
4.5. Considerações Finais ........................................................................................................... 298
Capítulo 5 - Considerações Finais ........................................................................................................ 299
5.1. Síntese ................................................................................................................................. 299
5.2. Considerações Adicionais .................................................................................................... 299
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................................... 301
Agradecimentos
O autor Pedro C. G. da S. Vellasco agradece a seus filhos Murillo, Mariana e Maria
Clara por todo carinho e incentivo para o desenvolvimento deste livro.

Os autores agradecem o apoio da CAPES, CNPq e FAPERJ que financiaram estas


investigações. Agradecimentos também são devidos a muitos coautores: Ricardo R. de
Araújo, José G. S. da Silva, Juliana da C. Vianna, Flávio Rodrigues, Luiz Biondi Neto, Marco
A. C Pacheco, Fernando B. Ramires, Luis A. C. Borges, Alexandre A. Del Sávio, Luiz F. C.
R. Martha, Aluísio J. R. Mergulhão, Ronaldo S. de Souza, Luiz C. V. de Carvalho, Alex V.
D’Este, Leon T. S. Ferreira, Olavo F. Brito Jr, Tadeu H. Takey, Yuri R. de S. Rosa, Allyson J.
do N. Beltrão, Luis F. da C. Neves, Alan da S. Sirqueira, David A. Nethercot, Mateus C.
Bittencourt, João de J. dos Santos, Monique C. Rodrigues, André T. da Silva, Elaine T.
Fonseca, e Bruno C. da Cruz
Resumo
Este trabalho teve como objetivo descrever, através de uma série de exemplos, os
métodos e técnicas usados para modelagem de estruturas de aço e mistas. Inicialmente são
apresentados os principais modelos usados na representação do comportamento estrutural
destes elementos. A seguir, apresentam-se, de forma detalhada, os modelos experimentais,
assim como os principais requisitos e cuidados que devem ser tomados nos ensaios de uma
estrutura de aço ou mista no laboratório.
O trabalho prossegue com foco nos modelos numéricos, desenvolvidos com base no
método dos elementos finitos. Diversas simulações apresentando comportamentos não
lineares são apresentadas, assim como, seus principais detalhes e restrições em termos de
condições de contorno, principais dificuldades, estratégias de solução e métodos para superar
dificuldades de convergência. Por fim, são também apresentados exemplos do uso de técnicas
de inteligência computacional na simulação do comportamento de estruturas de aço e mistas.
Desta forma, redes neurais, redes neuro-nebulosas e algoritmos genéticos são descritas e
aplicadas com foco em suas principais vantagens, escopo e limitações.
Abstract
The main objective of the present investigation was to describe, with the aid of a serie
of examples, the methods and procedures used to model steel and composite structures.
Initially the main models used to determine the structural behaviour of these elements are
introduced. This is followed by a detailed description of the experimental models, as well as
their main requirements and care that have to be taken into account when performing steel and
composite structural experiments in the laboratory.
The works proceeds focusing in numerical models based in the finite element method.
Numerous simulations presenting a non-linear response are illustrated as well as their main
details and restrictions in terms of boundary conditions, main difficulties, solution strategies
and methods adopted to surpass convergence difficulties. Finally examples of the use of
computational intelligence methods to simulate steel and composite structures response are
presented. This was made with the aid of neural and neuro-fuzzy networks and genetic
algorithmic focusing in their main advantages, scope and limitations.
Capítulo 1 - Introdução

1.1. Considerações Iniciais

A atual dinâmica de evolução científica e de inovações tecnológicas, além da


globalização dos mercados impôs mudanças na formação dos engenheiros. Por outro lado, a
indústria da construção, para poder competir a nível internacional, exige uma inovação de
seus processos e sistemas computacionais integrados. Esta mudança de atitude passa pelo uso
de sistemas estruturais mais eficientes e econômicos onde se destacam as estruturas de aço e
mistas que vem, cada vez mais, tornando-se uma alternativa eficaz e viável.
Este livro tem como um de seus principais objetivos viabilizar o uso de estruturas de
aço e mistas em edificações. Para tal, pretende-se dinamizar a formação de uma nova geração
de engenheiros familiarizados com o seu comportamento para difundir de uma forma plena o
seu uso no Brasil. O desenvolvimento do projeto estrutural aliado a técnicas construtivas é
uma consequência desta pesquisa, a qual só será possível com um melhor entendimento do
comportamento dos membros que compõem a estrutura global. Este entendimento
fundamenta-se no pleno desenvolvimento de modelos no laboratório e numéricos
contemplando o comportamento de elementos e sistemas estruturais. Desta forma, pode-se
propiciar um maior entendimento dos fenômenos ligados à resistência, instabilidade
estrutural, rigidez, efeitos de processos de fabricação, aspectos de montagem e da resposta
dinâmica de sistemas estruturais em aço e mistos.
O comportamento estrutural passa pelo entendimento de uma série de fenômenos
físicos relacionados com a ocorrência de estados limites últimos como a flambagem local da
mesa, flambagem local da alma e flambagem lateral com torção, formação de rótulas
plásticas, ou mesm, aparecimento de fissuras ilustradas nas Figuras 1.1 a 1.5.

Figura 1.1 - Flambagem local da mesa.

Figura 1.2 - Flambagem local da alma.

Naturalmente, ao longo dos últimos anos houve uma evolução considerável dos
procedimentos e modelos usados no dimensionamento de estruturas metálicas e mistas. Esta
evolução foi fruto de um aumento do nível de conhecimento do comportamento estrutural que
9

foi obtido com o uso de novas técnicas numéricas e experimentais. A consolidação destes
conhecimentos vem sendo feita através de publicações científicas em periódicos e congressos
desta área do conhecimento. Estas publicações geraram discussões e ideia que foram depois
consolidadas pelos comitês técnicos de normas de dimensionamento estrutural, sociedades
científicas como o ECCS, ABNT, etc.

Figura 1.3 - Flambagem lateral com torção de uma viga em balanço [8].

Figura 1.4 - Formação de rótulas plásticas.

Figura 1.5 - Formação de fissuras.

Porém, a passagem dos resultados das investigações experimentais e numéricas para as


normas de dimensionamento não é um processo simples, suscitando inúmeras discussões e o
desenvolvimento de modelos para serem nelas incorporadas. Estes modelos de
comportamento estrutural podem ser de várias naturezas, complexidades e formatos onde os
de aplicação e uso mais frequente serão detalhados na próxima seção deste capítulo.
10

1.2. Modelos de Comportamento Estrutural

1.2.1. Modelos Analíticos, Matemáticos e Mistos

Uma mas maneiras mais simples de se entender estes tipos de modelos é a partir de
exemplos como o das ligações estruturais. Nestas ligações sua classificação em termos das
curvas momento versus rotação pode ser dividida em três tipos: os modelos analíticos,
matemáticos e mistos. Nos modelos analíticos, a curva momento versus rotação é baseada em
suas características físicas. Nos modelos matemáticos, por outro lado, esta curva é expressa
por uma função matemática em que os parâmetros são determinados por uma curva ajustada a
resultados experimentais. Por último, os modelos mistos combinam os modelos analítico e
matemático.
Os modelos analíticos podem ser utilizados para prever a rigidez da ligação com base
nas propriedades geométricas e na disposição das componentes da ligação. Com as hipóteses
do mecanismo de deformação das componentes da ligação, o comportamento mecânico da
ligação pode ser previsto através de métodos numéricos como o dos elementos finitos. Com
isto, a deformação das componentes e o momento resistente da ligação podem ser
determinados e a curva momento versus rotação para a ligação pode ser obtida.
Em geral, estudos paramétricos são conduzidos considerando os efeitos de diversas
variáveis geométricas relacionadas às componentes das ligações. Valores práticos destas
variáveis são então analisados para produzir dados para a análise. No entanto, o custo e o
tempo envolvidos são quase sempre insatisfatórios para aplicações práticas, pois cada tipo de
ligação ou de configuração das componentes da ligação requer uma nova formulação para a
obtenção da curva momento versus rotação, Chan [1]. Além disso, incertezas inerentes às
ligações podem afetar significativamente a rigidez da ligação computada pelos modelos. Há
ainda o fato de que procedimentos adicionais de manuseio dos dados são necessários para
incorporar os resultados analíticos dentro da análise de pórticos semi-rígidos. Outro modelo
clássico para avaliação de ligações é caracterizado pelo método das componentes presente no
Eurocode 3 pt. 1.8 [19], que também é conhecido como um modelo mecânico clássico. Mais
detalhes sobre este modelo estarão presentes nos exemplos dos capítulos 2, 3 e 4.
Outro método utilizado para se determinar a curva momento versus rotação de
ligações consiste em aproximar uma curva a dados experimentais utilizando expressões
simples. Estas expressões são chamadas de modelos matemáticos, que relacionam diretamente
o momento e a rotação das ligações mediante funções matemáticas, pelo uso de algumas
constantes de ajuste de curvas. Quando estas constantes de ajuste são determinadas através
dos dados experimentais, a curva momento versus rotação pode ser explicitamente expressa e
diretamente utilizada numa análise estrutural.
Os modelos matemáticos são, portanto, mais simples do que os modelos analíticos
anteriormente mencionados. Exemplos de modelos matemáticos incluem o modelo de
Richard-Abbott, [2], Lui-Chen [3], [4] e o modelo de Al-Bermani, [5]. Uma vez que inúmeros
testes em vários tipos de ligações vêm sendo conduzidos nas últimas décadas, muitos dados,
para vários tipos de ligações, estão acessíveis para a obtenção de parâmetros ou constantes
necessárias aos modelos matemáticos.
Os modelos mistos são combinações dos modelos analíticos e matemáticos. Na
formulação dos modelos mistos, as curvas momento versus rotação são expressas em termos
tanto das constantes de ajuste de curvas quanto dos parâmetros geométricos. Com o objetivo
de desenvolver uma expressão geral para todas as ligações com disposição similar de
componentes, normalmente as funções são, por conveniência, padronizadas. As constantes de
ajuste de curvas são determinadas pelas técnicas de aproximação de curvas enquanto os
parâmetros geométricos são baseados na geometria dos componentes da ligação. Os modelos
mistos requerem poucos parâmetros quando comparados aos modelos matemáticos e, além
disso, similarmente aos modelos analíticos, mantém os parâmetros geométricos que
11

estabelecem relação com as características físicas da ligação, característica que não é


encontrada nos modelos matemáticos de ajuste de curvas. Em geral, os modelos mistos
podem ser utilizados para calcular a rigidez inicial de tipos particulares de ligações e predizer
o comportamento não-linear das mesmas. O modelo polinomial (Frye e Morris, [6]) e o de
Ramberg-Osgood (Ang e Morris, [7]) são exemplos de modelos mistos.
Outro exemplo de um modelo analítico/mecânico é apresentado na Figura 1.6. Nesta
Figura é apresentado o fenômeno de flambagem local da alma na região onde ocorre a
mudança de direção das mesas inferiores. Este estado limite último é particularmente
significativo em vigas com maior altura no centro do vão e que a altura da alma diminui
linearmente até os apoios. Nos capítulos 2 e 3 serão apresentados modelos experimentais e
numéricos para este problema. Estes resultados permitiram o desenvolvimento de um modelo
de coluna simples onde as constantes K1 e K2 foram calibradas para gerar a largura efetiva e o
comprimento de flambagem compatíveis com os resultados experimentais e numéricos já
mencionados.

Figura 1.6 – Modelo analítico para flambagem vertical de alma com altura variável.

1.2.2. Modelos Experimentais

Os modelos de estruturas de aço e mistas podem também envolver experimentos


executados no laboratório. Estes experimentos são fundamentais para o entendimento e
calibração do comportamento estrutural investigado e serão detalhadamente descritos assim
como os preparativos, instrumentação, cuidados e técnicas usualmente adotadas nestes
ensaios. Neste capítulo também serão abordados alguns aspectos e questões gerais serão
inicialmente abordados para elucidar pontos chaves do seu planejamento de modo a garantir o
sucesso do programa experimental.

1.2.3. Modelos Numéricos

Os modelos do comportamento estrutural também podem envolver simulações


computacionais. Muitos tipos de simulações são possíveis envolvendo diferenças finitas,
faixas finitas, elementos finitos, técnicas de inteligência computacional entre outras. Os
capítulos 3 e 4 do presente livro concentrar-se-ão nos dois últimos tipos de modelagem
computacional de estruturas de aço e mistas. Primeiro serão discutidos e apresentados os
modelos numéricos, desenvolvidos com base no método dos elementos finitos. Diversas
simulações apresentando comportamentos não lineares serão apresentadas assim como seus
principais detalhes e restrições em termos de condições de contorno, principais dificuldades,
estratégias de solução e métodos para superar dificuldades de convergência. Isto terá
continuidade com a apresentação de uma série de exemplos de uso de técnicas de inteligência
computacional na simulação do comportamento de estruturas de aço e mistas. Desta forma,
12

redes neurais, redes neuro-nebulosas e algoritmos genéticos são descritos e aplicados com
foco em suas principais vantagens, escopo e limitações.

1.3. Análise Estatística de Dados de Entrada e Resultados

O planejamento correto dos modelos a serem investigados deve ser feito com muito
cuidado de forma a considerar os efeitos das principais variáveis que influenciam o
comportamento estrutural estudado. Uma das formas clássicas de executar este planejamento
utiliza uma série de técnicas e procedimentos, com base na estatística, denominadas de projeto
de experimentos.
O projeto de experimentos visa encontrar o número suficiente de informações com o
menor número possível de ensaios buscando otimizar a quantidade de ensaios necessários
para cobrir todas as variáveis possíveis. Para isso, é necessário seguir algumas sugestões para
obter um melhor planejamento: reconhecer, estabelecer e delimitar claramente o problema;
identificar os possíveis fatores que podem afetar o problema em estudo; verificar quais fatores
que poderão ser mantidos fixos e, portanto, não terão os seus efeitos avaliados no estudo
experimental; identificar, para cada fator, o intervalo de variação e os níveis que entrarão no
estudo; escolher um projeto de experimentos adequado, isto é, saber como combinar os níveis
dos fatores de forma a resolver o problema proposto com o menor número de casos; escolher
quais variáveis medem adequadamente o resultado (a qualidade, o desempenho, etc.) do
processo para o planejamento de como será a análise dos dados do experimento.
Isto pode ser feito com um arranjo ortogonal onde se obtém a sequência e a quantidade
dos experimentos a serem realizados. Este tipo de arranjo engloba a combinação das variáveis
e seus níveis adotados. Vários métodos são indicados para representar o espaço do projeto de
experimentos como “Latin Square”, Taguchi, “D-Optimal” e outros. O método Taguchi, por
exemplo, trabalha com níveis iguais para todas as variáveis do projeto. Já o método fatorial
“D-Optimal” permite o uso de diferentes níveis para cada variável através de uma otimização
quadrática do arranjo fatorial completo minimizando a quantidade dos experimentos
necessária para englobar todo o conjunto.
A correta interpretação dos resultados, ajuste de curvas e avaliação da significância
das principais varáveis que influenciam o problema também pode ser feita com métodos
baseados em estatística tais como os que usam tabelas tipo os novos processos de Taguchi.
Estes procedimentos, quando usados adequadamente, podem simplificar o processo de
geração de equações de dimensionamento estrutural, pois identificam e quantificam os termos
que devem estar nela presentes e quais outros podem ser desprezados sem perda de precisão.
Maiores detalhes sobre estes processos podem ser encontrados em Lochner & Matar, [9].

1.4. Escopo da Obra

O presente capítulo apresentou uma descrição dos principais modelos utilizados na


simulação do comportamento de estruturas de aço e mistas. Já o segundo capítulo apresenta
uma descrição detalhada dos modelos experimentais, assim como os principais requisitos e
cuidados que devem ser tomados nos ensaios de uma estrutura de aço ou mista no laboratório.
O terceiro capítulo desta obra introduz uma série de modelos numéricos,
desenvolvidos com base no método dos elementos finitos. Diversas simulações apresentando
comportamentos não lineares são apresentadas assim como seus principais detalhes e
restrições em termos de condições de contorno, principais dificuldades, estratégias de solução
e métodos para superar dificuldades de convergência.
O quarto capítulo sintetiza o uso de técnicas de inteligência computacional na
simulação do comportamento de estruturas de aço e mistas. Para tal, redes neurais, redes
13

neuro- nebulosas e algoritmos genéticos são descritos e aplicados com foco em suas principais
vantagens, escopo e limitações.
Por fim o capítulo cinco apresenta uma síntese do que foi apresentado neste livro,
assim como estabelece quais foram as principais contribuições deste trabalho e finaliza com
algumas considerações sobre o trabalho desenvolvido.
Capítulo 2 - Modelagem Experimental

2.1. Considerações Iniciais

O presente capítulo tem como objetivo apresentar os diversos aspectos e técnicas


usualmente usadas em experimentos executados no laboratório de estruturas de aço e mistas.
A estrutura em que este livro foi concebido foi baseado em um modelo onde os aspectos mais
importantes da modelagem são apresentados à medida que casos práticos de ensaios são
apresentados. Isto faz com que o entendimento do leitor seja facilitado com situações mais
concretas e não se exija destes uma grande capacidade de abstração e pré-visualização para o
completo entendimento das questões apresentadas. Apesar disto, incialmente, alguns aspectos
e questões gerais serão inicialmente abordadas para elucidar pontos chaves do planejamento
dos ensaios a serem executados de modo a garantir o sucesso do programa experimental.
Normalmente, as dimensões das estruturas a serem testadas devem ser adequadas ao
espaço disponível no laboratório o que faz com que surjam questionamentos relativos à qual
estratégia seria mais adequada, reduzir as dimensões dos experimentos de forma a adequá-los
ao espaço disponível no laboratório ou executá-los com as suas dimensões reais em um
campo experimental externo ou mesmo no local onde eles serão executados e utilizados.
Mesmo quando os ensaios não forem destrutivos, como no caso de uma prova de carga de
uma estrutura, muitos questionamentos permanecem e estão relacionados com as condições
de temperatura e umidade in situ e da real disponibilidade de sistemas de instrumentação para
serem usados no campo.
Normalmente, tende-se por facilidade de execução dos experimentos em si, optar pela
estratégia de adequação das dimensões da estrutura ao espaço do laboratório. Entre outras
razões como comodidade, facilidade de acesso e aparato e ferramental mais próximo, outra
condição mostra-se extremamente relevante à possibilidade de repetição das mesmas
condições de um dado ensaio. Apesar de óbvia, esta condição de viabilização da
repetibilidade muitas vezes é de fundamental importância para garantir que dúvidas com
relação à casualidade dos resultados obtidos ou mesmo conferir se algum parâmetro ou
mesmo tipo de instrumentação não afetou os resultados dos ensaios.
Outro fato que induz ao uso do laboratório diz respeito ao manuseio e transporte de
cargas pesadas ou com dimensões não usuais. Normalmente, nos laboratórios tem-se
disponível pontes rolantes, girafas ou outros equipamentos semelhantes de içamento e
transporte de cargas pesadas que facilitam a montagem, execução e desmontagem dos
ensaios. Isto também pode ser feito no campo experimental externo com guindastes,
caminhões tipo munk ou mesmo gruas, porém isto geralmente implica em custos adicionais
elevados que muitas vezes inviabilizam ou pelo menos reduzem o tempo em que estes
equipamentos estarão disponíveis para equilibrar o orçamento final dos ensaios.
Porém, nem tudo é vantagem em um ensaio realizado no laboratório. Uma das
principais questões que sempre deve-se ter em mente no planejamento dos ensaios diz
respeito ao efeito da redução das dimensões dos experimentos ou mesmo corte de parte da
estrutura a ser testada para caber no espaço disponível para os ensaios. Este planejamento
deve ser feito com cuidado tanto nos casos onde modelos reduzidos da estrutura original são
usados ou onde parte da estrutura é simplesmente suprimida. No primeiro caso, as várias não
linearidades associadas a possíveis flambagens, plastificações ou mesmo condições de
fabricação são extremamente influenciadas pelas espessuras das placas que compõe a
estrutura. Os modelos reduzidos muitas vezes levam ao uso de espessuras que dificultam a
soldagem ou mesmo mudam ou causam o aparecimento de novos estados limites últimos que
modificam o comportamento estrutural. Por outro lado, a supressão de parte da estrutura
15

também pode levar a uma mudança significativa das condições de contorno alterando os
resultados finais dos ensaios. Nestes casos, normalmente, simulações numéricas bem
planejadas e executadas mostram-se de fundamental importância pra ajudar no planejamento
dos ensaios.

2.2. Modelos Experimentais

A concepção dos experimentos deve ser feita com cuidado pesando os diversos
aspectos que podem influenciar seus resultados e principalmente, tendo em mente o que se
espera observar e medir durante a sua execução. Normalmente, uma técnica muito útil pode
ser usada para auxiliar neste planejamento. Ela consiste na execução de uma detalhada
descrição das trajetórias dos esforços atuantes na estrutura. Cada força ou momento atuante
tem seu comportamento dentro da estrutura identificado de forma individualizada focando nos
diversos passos necessários para sua transmissão dentro da estrutura. Com isto entende-se
com clareza onde cada força surge e como ela é transmitida até seu ponto final. Isto identifica
as componentes e partes da estrutura que estão sujeitas à sua ação facilitando o planejamento
da instrumentação, e de seu correto posicionamento, a ser usado nos ensaios. Esta
identificação também permite que uma pré-visualização e dimensionamento de cada
componente estrutural seja feita para posterior comparação com os resultados obtidos nos
ensaios.
Também faz-se necessário mais uma vez, enfatizar a importância da repetição dos
ensaios em um programa experimental. A repetição é fundamental para elucidar dúvidas
relativas a resultados de instrumentação, comportamento das componentes e principalmente,
respaldar o fato que o desempenho dos ensaios não foi casual sendo consistente e por isto,
gerando resultados mais confiáveis. Apesar disto deve-se também ter em conta que erros
sistemáticos de planejamento, instrumentação ou mesmo até de procedimentos a serem usados
nos ensaios não se detectam com as repetições por se conFigurarem como erros sistemáticos.
Sua real identificação somente pode ser feita através de uma análise detalhada do
comportamento estrutural e pode ser facilitada através de comparações com o desempenho de
modelos analíticos ou numéricos do mesmo fenômeno físico.

2.3. Sistemas de Aplicação de Cargas

O primeiro passo de um planejamento de um ensaio consiste na especificação do


sistema de aplicação dos carregamentos no modelo experimental a ser ensaiado. O sistema
mais simples e usual é aquele que através de atuadores hidráulicos aplica monotonicamente
cargas estáticas em pontos fixos da estrutura.
Não obstante, a simplicidade do sistema exige que alguns cuidados devem ser tomados
para garantir que o carregamento planejado está realmente sendo aplicado à estrutura. Quando
mais do que um ponto da estrutura recebe carregamento isto pode ser feito de forma direta ou
indireta. A forma direta consiste em usar um atuador em cada ponto onde a carga deve ser
aplicada e gera uma necessidade de um controle cuidadoso à medida que o experimento
desenvolve-se. Isto deve ser feito com o uso de transdutores de pressão nas saídas do sistema
hidráulico e com o uso de células de carga posicionadas, se possível, em todos os pontos onde
se aplica o carregamento e nos locais onde surgem as reações de apoio. Isto permite que
possíveis desbalanços dos carregamentos sejam detectados em fases iniciais dos ensaios
garantindo seu pleno desenvolvimento como inicialmente planejado. A forma indireta
consiste, por exemplo, no uso de vigas de distribuição que dividem o carregamento inicial
aplicado pelo atuador em somente um ponto ou em mais de um ponto ao longo do modelo
estrutural ensaiado.
16

O controle da aplicação do carregamento é fundamental para garantir o sucesso do


programa de ensaios planejado. Normalmente usa-se um controle de carga ou um controle de
deslocamento. O controle de carga demanda sistemas de aplicação menos complexos, mas se
mostra ineficiente em modelos que se deformam muito próximo ao seu estado limite último.
Nestes casos, o controle de deslocamento permite que se detecte com clareza a carga última e
que se possa obter o comportamento estrutural pós-colapso.
Os modelos, algumas vezes, geram a necessidade de uso de sistemas de carregamentos
que acompanhem a estrutura à medida que esta se deforma. Isto deve ser planejado como
cuidado com o uso de caixas de rolete, rótulas universais e aparatos que possam ser usados à
medida que o ensaio desenvolve-se para segurar a estrutura à medida que se retira o
carregamento para aumentar o curso dos atuadores de modo a compensar as flechas que já
estão presentes na estrutura. Maiores detalhes sobre estes aspectos serão elucidados
posteriormente com os exemplos apresentados no fim deste capítulo.
Os carregamentos também podem ter uma natureza cíclica demandando um cuidado
na sua aplicação e controle. Nestes casos, normalmente, sistemas complexos baseados no uso
de sensores e servo-válvulas são usados e podem ser indispensáveis em ensaios como os
testes de push-out (de acordo com as especificações do Eurocode 4), ensaios que visem aferir
a degradação do modelo com o carregamento/tempo (fundamentados na sua capacidade de
absorção de energia), ensaios que envolvam comportamento do modelo à fadiga entre outros.
Nestes casos deve-se sempre ter em mente que o sistema de aplicação de carga não pode estar
sujeito a superaquecimento e para isto deve ter um sistema de resfriamento do óleo eficiente e
de fácil inspeção e manutenção.
Por fim pode-se citar carregamentos dinâmicos súbitos, periódicos, simulando funções
sísmicas ou mesmo com funções com um carácter especialmente voltado para simulação de
um efeito particular à estrutura. Estes carregamentos demandam muito mais cuidados no seu
acompanhamento e monitoração fugindo ao escopo do presente livro.

2.4. Instrumentação

Um dos elementos mais importantes para garantia do sucesso de um programa


experimental consiste na correta especificação de sua instrumentação. Dentro desta
perspectiva o projeto da instrumentação a ser adotada nos ensaios deve, sempre que possível,
contemplar uma série de medições com redundância. O motivo para esta estratégia de
medição vem da grande variabilidade das medidas e principalmente para calibrar e garantir a
fidedignidade das grandezas monitoradas. A isto se soma o fato de que alguns elementos
usados na instrumentação como os extensômetros possuírem uma chance não desprezível de
dano ou mesmo inconstância de medidas mesmo antes do ensaio ter iniciado. Nestes e em
vários outros casos, a redundância torna-se essencial para um correto desempenho da
instrumentação adotada no modelo experimental.
Num ensaio estrutural, normalmente, são utilizados sensores e transdutores para medir
deslocamentos, deslizamentos, rotações e esforços. Momentos, pressões, frequências naturais
e deformações entre outras grandezas. Por outro lado devido ao uso de sistemas estruturais
hiperestáticos e/ou contendo ligações semirrígidas, muitas destas medições podem vir suscitar
o uso de monitorações de forma indireta para aferir seu comportamento já que medições
diretas não são muitas vezes viáveis. Deve-se também enfatizar que condições de apoio
corretamente especificadas e adotadas, assim como, uso de contraventamentos podem
contribuir de forma decisiva para simplificação do sistema de instrumentação adotado. Além
disto, a instrumentação normalmente é idealizada de modo a monitorar efeitos isolados em
partes da estrutura, ou de seus componentes e/ou efeitos globais no modelo estrutural.
A aferição de deslocamentos nas estruturas normalmente é feita com transdutores de
deslocamento, LVDTs, relógios comparadores ou instrumentos similares como réguas
17

graduadas etc. Seu principal objetivo consiste em determinar valores para serem comparados
com estados limites de utilização de modo a aferir se estes estados limites foram
ultrapassados. Estes valores também são fundamentais para aferição da rigidez da estrutura e
por consequência, da proximidade da carga última da estrutura. Os deslocamentos também
podem ser usados para averiguação de condições de simetria, detecção de movimentos de
corpo rígido e até mesmo deslocamentos para fora do plano de placas indicando o
desenvolvimento de flambagens locais, laterais, torcionais entre outras. Deslizamentos na
interface entre o concreto e o aço usualmente também utilizam estes mesmos sensores sendo
seus valores normalmente obtidos pela diferença de deslocamentos entre os materiais.
A aferição de rotações normalmente não é tão trivial quanto o caso anterior. Sistemas
com o uso de inclinômetros, medições óticas e a laser entre outras podem ser usadas, porém o
caso mais usual consiste em medições com LVDTs posicionados nos elementos estruturais.
Neste último caso, as rotações são calculadas de forma indireta, com a aplicação de conceitos
simples de geometria. Mais detalhes sobre este processo serão apresentados posteriormente
nos exemplos presentes no fim deste capítulo.
A monitoração das deformações na estrutura normalmente é feita com extensômetros
elétricos, porém outros processos como os óticos baseados em fotoelasticidade por reflexão,
fibras óticas ou mesmo elementos piezoelétricos podem ser adotados. No aço estas medições
são simples e diretas quando o concreto necessita ser monitorado deve-se usar elementos
imersos neste elemento estrutural ou somente valores na superfície do material podem ser
obtidos. A imersão no concreto gera a necessidade de proteção ou mesmo pode ser feita de
forma indireta com o uso de barras finas de aço imersas no concreto para aferir deformações
equivalentes devido à compatibilidade entre estes dois materiais. Fissuras e seu
desenvolvimento também são muitas vezes controladas e monitoradas no concreto onde a
inspeção visual apresenta-se como um dos processos mais efetivos de instrumentação.
Temperatura e grandezas associadas com características associadas ao desempenho
dinâmico da estrutura como as suas frequências naturais e modos de vibração muitas vezes
também são objeto de estudo necessitando de termopares e acelerômetros para sua
monitoração. Todavia estes processos são normalmente mais especializados demandando, no
caso de grandezas dinâmicas, de sistemas de instrumentação que compensem e/ou reduzam os
ruídos que vem associados com estas medições.

2.5. Tratamento e Apresentação dos Dados

Enquanto em um passado não muito distante as medições experimentais eram feitas de


forma manual demandando leituras e anotações individuais, o desenvolvimento e aprimoração
de sistemas de aquisição de dados automatizaram o processo facilitando a monitoração dos
modelos estruturais estudados.
Por outro lado, estes sistemas muitas vezes ainda não tem uma resposta imediata para
todas as grandezas medidas motivando o uso de instrumentos de medição de visualização do
desempenho imediato tais como relógios comparadores. Durante um ensaio muitas grandezas
e operações são usualmente executadas de forma simultânea, muitas vezes dificultando uma
tomada rápida de decisão que pode ser crucial para o correto rumo do ensaio que está em
curso. Visualizações rápidas dos relógios comparadores podem ser a chave do sucesso de uma
correta avaliação da iminência do colapso estrutural. Nestes instrumentos voltas muito rápidas
de seus ponteiros indicam crescimento da velocidade de incremento dos deslocamentos
ligando o sinal de alerta dos operadores que podem de forma imediata tomar medidas para
melhor ultrapassar esta fase dos ensaios como diminuir a velocidade de aplicação do
carregamento, etc.
Deve ser também observado que medidas em demasia, ou desnecessárias podem
dificultar a interpretação e análise de dados. Muitas vezes os ensaios são extremamente bem
18

descritos e tratados contendo milhares de informações e gráficos sobre o desempenho


estrutural dos modelos estudados. Porém, torna-se cada vez mais constante a falta de análise e
correta interpretação destes valores que se tornam uma massa de dados bruta com pouco uso
imediato. Nestes casos é fundamental uma filtragem das informações realmente relevantes de
modo a possibilitar uma correta interpretação do desempenho estrutural do modelo estudado.
A próxima seção deste capítulo apresentará quinze exemplos de modelos experimentais
envolvendo estruturas de aço e mistas assim como detalhes referentes à sua concepção,
instrumentação, e correta intepretação de seus principais resultados.

2.6. Exemplos de Aplicação


a. Flambagem local da alma de vigas mistas com inércia variável

Uma demanda crescente de pisos com vãos longos para edificações comerciais com
grandes quantidades de instalações embutidas conduziu ao desenvolvimento natural do
conceito de pórticos com inércia variável e ao uso de sistemas estruturais de pisos mistos
suportados por vigas com a altura da alma variável, Figura 2.1. Um dos aspectos que merece
uma maior atenção é relacionado com o melhor entendimento do fenômeno de flambagem
local da alma na região onde ocorre a mudança de direção das mesas inferiores. Isto é
particularmente significativo em vigas com maior altura no centro do vão e que a altura da
alma diminui linearmente até os apoios. Apesar do uso de enrijecedores neste ponto de
transição ser possível esta solução tem se mostrado antieconômica, especialmente quando
sistemas de produção envolvendo cortes e soldas automatizados, são utilizados.

Figura 2.1 – Vigas mistas com altura variável.

O objetivo principal da presente investigação foi identificar a significância dos


principais parâmetros que influenciam este fenômeno como: ângulo de inclinação da variação
de altura da alma, espessura da alma, entre outras, [10], [11], [12]. Por razões práticas os
experimentos foram executados em uma escala 1/2 e os modelos simularam a laje de concreto
da viga mista através do uso de uma mesa superior mais espessa, Figura 2.2. A única
contraindicação do uso de mesas superiores mais espessas está ligada à pequena restrição à
flambagem lateral a ela associada para a mesma rigidez axial. Por outro lado foi relativamente
fácil estabelecer um sistema de contraventamento lateral para a mesa superior que suprisse
esta deficiência. A meta principal dos experimentos foi determinar quando o uso de
enrijecedores verticais de alma seria necessário no ponto de mudança de direção das mesas
inferiores.
Uma primeira série de testes foi executada para avaliar a influência da espessura da
alma na capacidade portante das vigas estudadas. Nesta séria a linha neutra plástica situava-se
na mesa superior. Três modelos foram testados com espessuras de alma iguais a: 3, 5 e 7 mm.
Uma segunda série de testes foi conduzida onde a posição da linha neutra plástica foi reduzida
19

progressivamente de modo a estudar a sua influência, e em especial, a situação associada às


etapas da construção onde a viga de aço sozinha deve suportar o peso da laje de concreto
antes de sua cura.

Figura 2.2 – Modelo da viga com inércia variável estudado com escala 1/2.

A configuração dos ensaios consistia em uma viga simplesmente apoiada com um vão
de 11,46 m sujeita a ação de duas cargas pontuais, Figura 2.3. A viga foi composta por três
partes: a viga com inércia variável a ser testada no centro, e duas partes nas extremidades de
modo a possibilitar a aplicação do carregamento atuante. Estas duas partes foram reutilizadas
ao longo das duas séries de ensaios sendo sua função receber as cargas dos atuadores
hidráulicos e as transmitir para os apoios gerando com isto uma flexão pura nos modelos
ensaiados. Estes últimos foram trocados a cada ensaio e consistiam no objetivo principal dos
experimentos.

Figura 2.3 – Disposição dos ensaios experimentais.

O carregamento foi monotonicamente aplicado através de dois atuadores hidráulicos,


com rótulas em suas extremidades, suportados por um pórtico de reação, Figura 4. Todo o
aparato experimental foi então fortemente ligado à laje de reação do laboratório. Um sistema
com cilindros de aço, sobre blocos de concreto, foi adotado para simular apoios de primeiro
gênero, Figura 2.4. O movimento horizontal dos cilindros de aço foi satisfatório não
ultrapassando nos testes 15 mm.

Figura 2.4 – Rótulas nos atuadores e apoios de primeiro gênero adotados.

Os trechos da viga para aplicação da carga foram fabricados com um aço grau 55 pois
eles tinham uma altura menor quando comparadas a altura dos modelos testados no meio do
vão (fabricados em um aço com grau 43), mas tinham que suportar o mesmo nível de
carregamento sem atingir o colapso. Cada trecho da viga para aplicação da carga tinha 500
mm de altura, 300 mm de largura de mesa, espessuras de mesa e alma iguais a 25 e 12 mm
medindo 3,1 m de comprimento gerando um braço de alavanca efetivo medido entre os apoios
e o ponto de aplicação da carga de 2,15 m. Os modelos mediam 5,26 m de comprimento, dos
20

quais 3 m formavam a viga com altura variável a ser testada, e possuíam altura mínima e
máxima iguais a 500 e 650 mm, respectivamente. Também possuíam as espessuras de alma
investigadas comentadas anteriormente. Estas dimensões correspondem a um ângulo de
inclinação da variação da altura de alma igual a 1:10 ou  5°. As mesas superior e inferior
foram iguais a: 25 e 12mm com 300 mm de largura. Os extremos dos modelos tiveram que ser
compatíveis com os trechos de aplicação de carga, logo tiveram 500 mm de altura, 300 mm de
largura da mesa e espessuras da mesa e alma iguais a 25 e 12 mm, respectivamente.
O momento fletor foi transmitido aos modelos por meio de emendas de vigas
dimensionadas ao atrito, Figura 2.5. Esta ligação usou 20 parafusos M20 na alma e 16
parafusos M24 na mesa, todos em classe 8.8 e apertados de acordo com o processo de rotação
da porca. Duas placas externas de 500 x 650 x 20 mm e duas placas de 400 x 375 x 10 mm
foram usadas na ligação em cada mesa e na alma. A diferença de espessura entre os modelos e
os trechos de aplicação de carga foi compensado com o uso de placas de enchimento de 320 x
120 x 13 mm e de 400 x 375 x 10 mm na mesa e alma, todas fabricadas com aço grau 55,
respectivamente.

Figura 2.5 – Emendas da viga aparafusadas dimensionadas ao atrito, contraventamento lateral e placas
para compensar fim do curso dos atuadores adotados.

A Figura 2.5 também ilustra o sistema de contraventamento lateral da mesa superior


adotado. Ele consistiu em quatro pórticos dimensionados para uma protensão para impedir a
flambagem lateral da viga estudada e se localizaram a 500 mm dos dois atuadores e a 500 mm
dos centros das emendas da viga adotadas. Este contraventamento foi feito por placas de aço
aparafusadas na mesa superior da viga em cujas extremidades foram colocados roletes que
deslizavam verticalmente na face interna das colunas dos pórticos de contraventamento
projetados, que por sua vez foram firmemente aparafusados na laje de reação. Durante os
testes notou-se que os atuadores poderiam a vir a atingir o fim de seu curso devido a flecha da
viga. Isto motivou o uso de duas placas de aço espessas que foram posicionadas sobre a mesa
superior dos trechos de aplicação de carga e fortemente ligadas à laje de reação por meio de
barras rosqueadas, Figura 2.5.
A instrumentação adotada para monitorar os ensaios foi complexa e motivou o
desenvolvimento de uma série de novos aparatos para medição de deslocamentos. O valor da
carga em cada atuador foi aferida com o uso de uma célula de pressão posicionada no tubo de
retorno do sistema hidráulico de aplicação de carga, sendo frequentemente comparada com o
valor exibido pelo mostrador presente nos gabinetes de aplicação de carga. Foi desenvolvido
um sistema para monitoramento dos deslocamentos laterais da alma dos modelos que
consistiu de uma placa com 36 transdutores lineares de deslocamentos LVDTs, Figura 2.6. O
objetivo deste sistema foi aferir uma possível flambagem local da alma possibilitando futuras
comparações com análises numéricas com o método dos elementos finitos que serão descritas
detalhadamente no próximo capítulo desta obra. LVDTs também foram posicionados na mesa
superior na direção vertical nos extremos e no centro da seção com altura variável. As
deformações foram medidas por extensômetros elétricos lineares posicionados nas mesas e
próximos aos extremos dos modelos e rosetas localizadas no painel central da viga de inércia
variável, Figura 2.6.
21

Figura 2.6 – Instrumentação utilizada nos ensaios.

Os resultados da primeira série de ensaios confirmaram que a espessura da alma é uma


das variáveis mais importantes no problema da flambagem vertical da alma. As vigas com
almas de 7 e 5 mm atingiram sua carga última sem que houvesse a presença desta
instabilidade, Figura 2.7. Seu colapso foi associado à formação de uma rótula plástica na
extremidade do painel com altura variável.

Figura 2.7 – Estrutura indeformada e deformada de vigas com alma de 7 e 5 mm.

Por outro lado, a viga com 3 mm de espessura de alma apresentou a flambagem


vertical da alma, Figuras 2.8 e 2.9. Curvas de variação da carga versus deslocamentos vertical
e lateral para vigas desta série estão presentes na Figura 2.10. Esta série permitiu concluir que
dentro da geometria e materiais estudados, o limite para ocorrência do fenômeno de
flambagem lateral da alma situa-se entre valores de espessura de alma variando entre 3 e 5
mm o que corresponde a limites de esbeltez de alma, h/tw, situados no intervalo ente 130 e
216,67.

Figura 2.8 – Deformada da viga (3 mm alma) e flambagem vertical da alma.


22

Figura 2.9 – Estrutura indeformada e deformada da viga com alma de 3 mm.

Figura 2.10 – Curvas carga versus deslocamento vertical e lateral, vigas da 1ª série.

Alternativamente, a posição da linha neutra plástica não teve influência significativa


na flambagem vertical da alma. Isto foi demonstrado pela segunda série de ensaios onde o
tipo de flambagem local de mesa que ocorreu na quinta e sexta vigas testadas, reduziu a carga
crítica como já era previsto, e está ilustrado na Figura 2.11. Curvas de variação da carga
versus deslocamentos vertical e lateral para vigas desta série estão presentes na Figura 2.12.
Claro que em uma estrutura mista real com as propriedades da quinta viga testada, a laje de
concreto poderia vir a impedir este tipo de flambagem. Porém na sexta viga, em construções
não escoradas, este fenômeno de instabilidade poderia vir a ocorrer. Mesmo no caso em que a
linha neutra plástica situa-se na mesa inferior, a flambagem local da mesa superior controla o
seu dimensionamento ao invés da flambagem vertical da alma. Isto fortemente sugere que a
plasticidade e não a flambagem local da alma irão controlar o comportamento de vigas mistas
com as características da quinta viga ensaiada.
Os experimentos mostraram que os enrijecedores verticais de alma serão somente
necessários em situações extremas. A maioria dos casos da prática não necessitará seu uso,
que dado ao seu alto custo de instalação manual, sugere que a alternativa de aumentar a
espessura da alma de vigas mistas com altura variável pode ser uma alternativa mais
satisfatória e econômica para estes casos limites.
Uma das questões centrais da modelagem experimental executada foi relacionada com
a indagação se o modelo concebido teria capacidade de representar o caso mais desfavorável
associado ao aparecimento da flambagem vertical local da alma. Havia uma dúvida do modo
como se poderia provar que a máxima força desenvolvida nas mesas inferiores e responsável
direta pela flambagem local seria atingida. A solução encontrada foi bastante simples e
23

envolveu a instalação de extensômetros lineares nas mesas. Quando estes extensômetros


atingem o escoamento a máxima carga gerada pelas mesas ocorre (naturalmente desprezando
a pequena variação de tensões na fase de encruamento que ocorre com deformações
excessivas e que já levariam a uma fase de elevados deslocamento verticais da viga
incompatíveis com os limites de utilização usualmente atendidos já que o sistema é biapoiado,
o que garante que a carga máxima vertical imposta à alma pela descontinuidade de direção
das mesas inferiores atinge seu ponto limite superior.

Figura 2.11 – Deformada de vigas da 2ª série com flambagem local da mesa.

Figura 2.12 – Curvas carga versus deslocamento vertical e lateral, vigas da 2ª série.

Outra questão relevante em modelagem com modelos executados fora das escala real
diz respeito ao problema da redução da espessura em casos onde não linearidades como
flambagem ocorrem. No presente caso não houve maiores complicações pois a escala foi real
mas reduções de até 2 ou 3 vezes podem conduzir a espessuras muito finas, difíceis de soldar
e a flambagens locais não previstas ou inexistentes nos casos reais.
Um aspecto muito significativo para qualquer modelagem numérica ou previsão
teórica posterior diz respeito à determinação das características mecânicas dos materiais
utilizados nos experimentos. Muitas vezes resultados errados são obtidos com velocidades de
aplicação do carregamento fora dos padrões em ensaios tensão versus deformação dos aços
utilizados nos experimentos.
Muitas vezes são encontrados valores muito próximos entre as tensões de escoamento
e de ruptura e em especial em aços sem escoamento definido isto torna-se ainda mais
problemático, pois a tensão de escoamento equivalente determinada através de uma reta
paralela ao trecho linear passando por uma deformação de 0.1% ou até 0.2% leva a valores
muito alterados. Isto complica significativamente qualquer tentativa de modelagem ou
calibração posterior e deve ser executada com bastante cuidado e de preferência com
repetição executada por operadores diferentes para aferir qualquer erro de aplicação manual
do carregamento.
A instrumentação deste ensaio gerou o desenvolvimento de um sistema especial para
medição dos deslocamentos fora do plano da alma da viga. Desta forma foi construída uma
placa contendo uma série de LVDTs para mapear esta flambagem local. Além disto, células
24

de pressão devem ser combinadas com células de carga para aferir o carregamento aplicado a
estrutura. Alguns LVDTs adicionais devem ser usados em pontos escolhidos da estrutura.
Enquanto é usual que deflexões verticais, com medidas redundantes, devem ser utilizadas
para aferir flechas nos modelos, deve-se ter bastante cuidado na aferição de possíveis
movimentos de corpo rígido de rotação e de translação nos modelos. Sem estes dados não será
possível corrigir o comportamento dos modelos ou verificar possíveis incongruências nos
testes. Também é de fundamental importância o uso de relógios comparadores para visualizar
a aproximação do colapso em testes que envolvam comportamento no regime plástico, ou
possíveis flambagens na estrutura. Sistemas automáticos muitas vezes falham ou ficam
estacionados em valores fixos devido à demora na aquisição dos dados, ou por demora na
resposta entre a leitura e a visualização. Por outro lado, os relógios comparadores manuais
mostram instantaneamente a proximidade do colapso e não são afetados pelos problemas já
comentados servindo para uma visualização instantânea do estado limite último que controla
o comportamento estrutural.
Quando mais do que um ponto de aplicação de carga é usado, possíveis assimetrias do
carregamento podem ser detectadas além de contribuírem para gerar uma redundância nas
medições que servirão para dirimir futuras dúvidas que possam vir a aparecer em verificações
posteriores dos resultados dos ensaios experimentais. Uma fonte de erros sistemáticos pode
vir a ocorrer quando rótulas não são usadas nos apoios e sob a cabeça dos atuadores.
Engastamentos parciais ou mudanças nas direções de aplicação dos carregamentos podem ser
geradas quando estas rótulas e caixas de roletes (no caso de apoios do primeiro gênero) não
são usados. Outro erro muito comum diz respeito a não previsão da perda de curso dos
atuadores devido a deflexões excessivas. No presente ensaio foi usada uma placa para segurar
a viga e reposicionar a cabeça dos atuadores não retirando totalmente o carregamento. Muitas
vezes, se isto não for feito, especialmente em ensaios envolvendo estruturas mistas, pode
levar a flambagem das vigas ou até mesmo à indução de fadiga nestes elementos.
Uma série de extensômetros foi usada para monitorar as tensões que se desenvolveram
nas vigas estudadas. Uma serie de extensômetros lineares foi usada para determinar se rótulas
plásticas ocorreriam próximo ao ponto de menor altura. Outros extensômetros lineares foram
utilizados nas mesas para determinar o valor da componente vertical da força que é imposta a
alma na região de mudança de direção das mesas. Naturalmente uma série de rosetas foi usada
em ambas as faces da alma para determinar a evolução de seu estado de tensão.
A visualização da flambagem local da alma foi melhor identificada com o uso de uma
malha pintada em uma de suas faces. Esta malha permitiu a determinação do formato da
flambagem e possibilitou comparações com deslocamentos laterais da alma equivalentes
obtidas nas simulações numéricas. Outro fato extremamente relevante neste tipo de ensaio diz
respeito à importância da medição das imperfeições presentes nos modelos antes da execução
dos ensaios. Estes dados são fundamentais para incorporação em modelos numéricos
posteriores, não só em termos de sua configuração global como também em termos de sua
magnitude.
No presente ensaio foi decidido simular a laje de concreto aumentando a espessura da
mesa superior da viga de aço. Isto possibilitou que a posição da linha neutra plástica tivesse a
mesma posição das equivalentes dos modelos mistos. Todavia a ausência da laje de concreto
gerou a necessidade de pontos de contraventamento laterais posicionados ao longo da viga
para impedir a flambagem lateral com torção. Isto foi possível com o uso dos pórticos de aço
que foram especialmente projetados e utilizados ao longo da viga para garantir que este estado
limite último não ocorresse.
Dois aspectos que também devem ser mencionados dizem respeito ao
reaproveitamento de parte da configuração dos ensaios e do dimensionamento ao atrito dos
parafusos das ligações entre as partes reutilizadas para aplicação da carga e os modelos
propriamente ditos. O reaproveitamento de parte da configuração dos ensaios possibilitou
uma grande velocidade e economia nos testes, sendo fundamentais para o sucesso da série
25

experimental. O dimensionamento ao atrito dos parafusos das ligações possibilitou uma


redução dos deslocamentos verticais e mesmo assim, devido aos furos tipo padrão usados com
diâmetros superiores aos dos parafusos, durante os ensaios, ainda foram verificados
escorregamentos, porém com uma menor queda de carregamento e em um número
significativamente menor que se estes tivessem sido dimensionados ao corte.

b. Treliças espaciais com barras de pontas amassadas e um parafuso

Este trabalho está centrado em uma investigação experimental contemplando uma


série de experimentos em escala real executados para esclarecer o comportamento estrutural
de treliças espaciais tubulares com ligação de ponta amassada, [13] - [17]. Seus objetivos
principais foram avaliar o efeito da variação de rigidez devido ao amasso na ponta dos tubos e
apresentar e discutir uma gama de reforços estruturais criados para melhorar o desempenho do
sistema estrutural global.
Na tentativa de reduzir os custos de fabricação foram desenvolvidos vários outros
sistemas estruturais. Entre estes, o mais comum é mista de seções de aço tubulares onde as
mesas e as diagonais são achatadas para serem unidas por meio de um único parafuso, Figura.
2.13. Quando os sistemas tubulares espaciais com ligação de ponta amassada são comparados
aos sistemas espaciais mais comuns torna-se evidente que, além de não exigir dispendiosos e
complexos nós manufaturados, as barras adotadas não necessitaram de qualquer dispositivo
especial, ou modificações para serem usadas. Embora ele resulte em uma ligação claramente
excêntrica, muitos engenheiros estruturais ainda desconsideram os momentos fletores que
surgem nas extremidades dos elementos.

Figura 2.13 – Sistemas espaciais tubulares com ligação de ponta amassada.

Para obter resultados representativos de estruturas em escala real, uma estrutura


quadrada com vão livre de vinte metros foi inicialmente considerada, Fig. 2.14. Seis colunas
nas extremidades foram os apoios adotados na estrutura espacial, quatro foram localizadas no
plano da mesa inferior e os outros dois no plano da mesa superior. A estrutura de cobertura
adotou uma configuração quadrada diagonal; módulos medindo dois metros nas duas direções
e uma malha dupla com altura de 1,5 m. Os materiais utilizados foram: aço galvanizado à
quente (chapa única com espessura de 0,65 mm); seções de aço formadas a frio tubulares,
feitas de folhas de chapa dobradas e soldadas continuamente; parafusos de alta resistência
ASTM A-325 em todas as ligações. Devido a limitações de espaço, o comprimento da
estrutura foi inicialmente reduzido para uma treliça espacial de 12 m por 12 m com 416 barras
e cinco apoios, Figura 2.14.
As seções tubulares foram feitas empregando-se um aço SAC-41 com tensões de
escoamento e última medidas médias de 302 MPa e 425 MPa, respectivamente. O primeiro
programa experimental foi constituído por quatro testes com a mesma geometria. No primeiro
teste todos os nós adotaram ligações excêntricas com um parafuso, Figura 2.15, atingindo
uma carga máxima total de 99,5 kN. O colapso foi atingido pela formação de um mecanismo
plástico localizado na extremidade superior da primeira diagonal, Figura 2.15. Esta diagonal
localizava-se no apoio mais solicitado da estrutura.
26

150 600
B

CORTE B-B'
200

1000

2000
1000
A A'

B'

150

200
600

500 1000 500 LEGENDA (Medidas em cm)


________ BANZO SUPERIOR
___ _ ___ _ DIAGONAIS
2000
_ _ _ _ _ _ _ BANZO INFERIOR
CORTE A-A'

Figura 2.14 - Configuração do sistema espacial tubular testado, 1ª Série.

Figura 2.15 – Nós estruturais nos apoios e mecanismo plástico de colapso, 1 teste.

Para melhorar a capacidade portante da estrutura nós sem excentricidades foram


usados nos apoios. Esta medida simples diminuiu pela metade a excentricidade presente nos
apoios que foram feitos com duas placas gusset para sustentar as extremidades achatadas das
barras diagonais, criando dois planos de cisalhamento nos parafusos das ligações, Figura 2.16.
A carga última deste ensaio correspondeu a 129.23 kN com um mecanismo de falha ilustrado
na Figura 2.16.

Figura 2.16 - Nós de apoio centrados e diagonais antes e depois do colapso, 2 teste.

O terceiro teste teve características semelhantes ao segundo. A diferença principal foi


que os nós de apoio só possuíam uma chapa de gusset para apoiar as barras com pontas
amassadas diminuindo para um, o número de planos de corte, como mostrado na Figura 2.17.
A capacidade portante da estrutura foi reduzida para 72,32 kN. Neste nível de carga a placa de
gusset do primeiro nó de apoio teve um colapso por flexão na direção transversal ao plano da
diagonal de apoio, Figura 2.17. O colapso aconteceu de forma súbita e violenta, tornando
impossível distinguir se a falha ocorreu nas barras de apoio com ponta achatada de apoio ou
na placa de gusset do nó de apoio. É importante observar que a espessura da placa de gusset
27

do nó de apoio foi inferior ao valor especificado no dimensionamento. Este nó estrutural


provou ser ineficiente devido a sua reduzida resistência à compressão, bem como notou-se a
falta de qualquer tipo de contraventamento no plano de flexão.

Figura 2.17 - Nós de apoio centrados antes e depois do colapso, 3 teste.

O quarto teste foi realizado usando os mesmos nós sem excentricidades adotados no
segundo ensaio. Neste teste, além de nós de apoio, alguns de nós nas proximidades dos apoios
também usaram nós centrados. Estes nós apresentam as mesmas características usadas no
terceiro ensaio (uma chapa de gusset enrijecida), Figura 2.18. O valor da carga máxima
atingido pela estrutura foi igual a 99,18 kN. Um mecanismo plástico de colapso semelhante
ao desenvolvido no primeiro e segundo testes foi a principal razão para o colapso da segunda
diagonal. Esta ruína aconteceu devido ao uso de barras com comprimentos de amasso
superiores a seus valores especificados no dimensionamento e ao uso de nós estruturais com
espessuras inferiores a seus valores inicialmente especificados.

Figura 2.18 - Nós usados nas regiões próximas aos apoios, 4 teste.

A segunda série de testes avaliou a eficácia de um conjunto de reforços nodais


desenvolvidos e a influência dos comprimentos de amasso dos extremos das diagonais. As
estruturas possuíram a máxima geometria que pode ser montada no laboratório, sendo
diferente da primeira série que foi testada no campo experimental. Outra diferença está
relacionada com a direção da força aplicada. Na segunda série, para simular as cargas
gravitacionais, os atuadores hidráulicos foram usados na direção oposta a usada na primeira
série para simular a ação do vento sobre a estrutura investigada. A Figura 2.19 ilustra o layout
experimental (80 m2) usado no primeiro e segundo testes: a aplicação da carga e a
instrumentação adotada contendo: três células de carga, seis transdutores de deslocamento
vertical LVDTs e seis extensômetros lineares. A sequência de carregamento final adotou dois
atuadores hidráulicos (A1 e A3) no primeiro teste e três atuadores (A1, A2 e A3) no segundo.
Curvas carga versus deformação, para as diagonais instrumentadas são ilustradas na
Figura 2.20. É possível observar nestas curvas que a deformação máxima atingida no primeiro
e segundo teste foram iguais a: 550 e 850, menores que 1200, correspondente a
deformação de escoamento do aço usados nestes ensaios.
28

Supports
A1 A2 A3

Lvdts

Instrumented Diagonals

Figura 2.19 – Configuração do primeiro e segundo testes, 2ª Série.

Figura 2.20 – Curvas carga versus deformação nas diagonais, 1 e 2 testes, 2ª Série.

A Figura 2.21 apresenta o mecanismo plástico de colapso na mesa inferior do primeiro


teste e a Figura 2.22 retrata o mecanismo plástico de colapso das diagonais de apoio do
segundo teste. A principal diferença entre o primeiro e o segundo teste foi a configuração de
carregamento já mencionada. Apesar desta mudança em ambos os casos, o comprimento final
de amasso das extremidades das barras influenciou significativamente na capacidade de carga
da estrutura.

Figura 2.21 – Mecanismo plástico de colapso na mesa inferior, 1 teste, 2ª Série.

No terceiro ensaio da segunda série as estruturas foram concebidas e montadas com


uma geometria menor (36 m2) quando comparada com o primeiro e segundo testes. A Figura
2.23 apresenta o layout experimental utilizado no terceiro ensaio: o ponto de aplicação de
carga e a instrumentação adotada. A sequência de carregamento final adotou apenas um
29

atuador hidráulico para aplicar a carga. A Figura 2.24 mostra detalhes do mecanismo de
colapso plástico formado e a deformação excessiva em um nó da mesa inferior quando a carga
atingiu 104,8 kN.

Figura 2.22 – Mecanismo plástico de colapso nas diagonais de apoio, 2o teste, 2ª Série.

Supports

Lvdts

Instrumented Diagonal

Figura 2.23 – Configuração do terceiro teste, 2ª Série.

Figura 2.24 – Mecanismo plástico de colapso e nó inferior deformado, 3 teste, 2ª Série.

A principal diferença entre o quarto teste e o anterior foi o uso de reforços nodais em
nós de apoio no ponto de aplicação de carga. Três tipos diferentes de reforços nodais foram
criados usando chapas de aço simples, Figura 2.25. Todas as placas foram feitas em um aço
SAE 1020 com 76,2 mm de largura e 8,0 mm de espessura.
O colapso foi associado com uma flambagem de uma diagonal quando a carga chegou
a 117,13 kN. Os reforços nodais aumentaram a carga última em aproximadamente 10%,
inibindo o modo de colapso apresentado anteriormente. Os nós com reforços foram altamente
deformados, Figura 2.26, mas foram ainda capazes de sustentar os esforços aplicados.
30

Figura 2.25 – Placas de reforço para nós com duas, três e quatro diagonais.

Figura 2.26 – Deformações em nós reforçados com duas e três diagonais, 4 teste, 2ª Série.

A Figura 2.27 apresenta as curvas carga versus deslocamento vertical para o terceiro e
quarto testes realizados na segunda série. Estes testes evidenciam os efeitos benéficos dos
reforços nodais na capacidade de carga da estrutura. A vantagem desta solução não se
restringe a um aumento de 10% na carga última da estrutura, mas também contribuiu para
aumentar sua rigidez e reduzir substancialmente as flechas.

120

100

80
Load (kN)

60

40
Third Test
Fourth Test
20

0
0 10 20 30 40 50 60

Vertical Displacement
Vertical (mm)(mm)
Displacement

Figura 2.27 – Curvas carga versus deslocamento vertical, 3 e 4 testes, 2ª Série.

Um dos principais objetivos destes testes foi avaliar o efeito do comprimento de


amasso das extremidades das barras sobre a capacidade de carga da estrutura. Para investigar
plenamente esta influência de forma isolada dos outros efeitos, apenas as barras diagonais da
estrutura foram reenviadas para serem remanufaturadas. Este processo alterou o ângulo das
diagonais no plano horizontal, reduzindo a altura do módulo padrão para 1,1 m. Duas
questões básicas foram consideradas no processo de remanufatura: a redução do comprimento
de amasso a um valor mínimo e a eliminação do bulbo semicircular presente próximo ao
amasso. Três testes foram realizados utilizando a mesma geometria usada no terceiro e quarto
testes apenas usando as diagonais remanufaturadas. O quinto e sexto testes não utilizaram
31

qualquer tipo de reforço nodal soldado adotando apenas placas de aço, com função de
arruelas, nos nós mais solicitados. O sétimo teste além de usar estas arruelas também utilizou
dois tipos de placas de reforço soldadas. A Figura 2.28 ilustra o layout experimental utilizado
no quinto, sexto e sétimo testes: o ponto de aplicação de carga e a instrumentação adotada.
Estes testes também utilizaram a mesma configuração de carga dos dois testes anteriores com
apenas um atuador hidráulico.

Supports

Lvdts

Instrumented
Diagonals

Figura 2.28 – Configuração do quarto, quinto e sexto testes, 2ª Série.

O quinto teste foi executado depois que as barras diagonais foram remanufaturadas.
Estas diagonais duplas foram transformadas em duas diagonais simples com comprimento
final de amasso reduzido ao mínimo necessário para maximizar a capacidade de carga da
estrutura. Placas extras, semelhantes a arruelas, foram usadas em alguns pontos para
minimizar as deformações nodais.
O sexto teste utilizou um grande número de placas extras, semelhantes a arruelas,
posicionadas sobre os nós da mesa superior da estrutura, para tentar impedir que o mecanismo
de plástico de colapso do teste anterior novamente ocorresse. Porém, estes mecanismos
continuaram a ocorrer na mesa superior, Figura 2.29. Por outro lado, a magnitude de carga
imposta à estrutura induziu deformações muito grandes mesmo em nós reforçados com placas
indicando que um estado limite de utilização foi alcançado. Uma ruptura por tração direta do
parafuso de carregamento, onde o atuador hidráulico foi conectado, determinou a carga
máxima deste ensaio.

Figura 2.29 – Colapso da mesa superior reforçado com arruelas sexto teste, 2ª Série.

A Figura 2.30 retrata comparações interessantes dos três últimos testes em termos de
curvas carga versus deslocamentos verticais e deformações nas diagonais principais. As
placas de reforço soldadas foram responsáveis por, pelo menos, um aumento de 25% na carga
última da estrutura, bem como um aumento de sua rigidez. O deslocamento vertical máximo
na carga última foi inferior a 80 mm. O sétimo teste apresentou um comportamento linear
para cargas maiores que 60 kN indicando que a ruptura do parafuso de carregamento impediu
a estrutura de suportar uma carga ainda maior.
32

Figura 2.30 – Curvas carga versus deslocamento vertical e curvas carga versus deformação
normalizada, 4o, 5 o e 6 o testes, 2ª Série.

Os testes experimentais confirmaram a redução na resistência global da estrutura. A


principal razão para esta perda de resistência foi a interação entre os amassos dos extremos
das barras e o tipo da ligação estrutural usado no sistema espacial. Este comportamento pode
ser substancialmente melhorado se, durante a fase de fabricação, maiores cuidados forem
tomados na formação e amasso dos extremos das barras, como foi confirmado no segundo
programa experimental. Para melhorar a perda excessiva de resistência estrutural à
compressão observada no primeiro ensaio, a configuração dos nós de apoio foi alterada para o
uso de uma solução centrada. O uso de uma placa espessa soldada ao nó aumentou
significativamente a carga última do terceiro teste. A perda de resistência a compressão na
segunda diagonal, observada no quarto teste, foi muito próxima ao valor obtido no primeiro
teste. Esta diminuição pode ser associada ao comprimento excessivo do amasso das
extremidades da segunda diagonal.
Uma conclusão relevante da presente investigação foi que a redução de
excentricidades dos nós de apoio da estrutura nem sempre conduz a uma melhoria da sua
capacidade portante. Isto foi confirmado pelo terceiro ensaio da primeira série, na qual um
sistema estrutural usando nós de apoios centrados gerou piores resultados que a solução
excêntrica presente no segundo ensaio.
Os resultados experimentais confirmaram o efeito prejudicial do uso de um
comprimento excessivo de amasso nos extremos das barras, e, consequentemente, gerou uma
redução da capacidade de carga e de rigidez global da estrutura. Os reforços nodais provaram
ser capazes de aumentar a carga última e a rigidez global da estrutura, reduzindo os
deslocamentos e rotações de nó. O teste sem reforços nodais apresentou um colapso
relacionado com altas deformações nos nós extremos amassados das barras e foi associado às
grandes rotações nas ligações nodais.
Por outro lado, os três últimos testes da segunda série indicaram que as diagonais
remanufaturadas, usando o mínimo comprimento de amasso possível, melhoraram
substancialmente a resposta estrutural. O uso do mínimo comprimento de amasso possível
aumentou a rigidez do nó levando a menores níveis de rotação. O mínimo comprimento de
amasso possível utilizado na presente investigação foi igual à largura do tubo achatado, sendo
igual a aproximadamente o seu diâmetro mais uma tolerância mínima proporcional à
espessura do tubo.
O uso do reforço com placas soldadas melhorou a resposta da estrutura, mas sua plena
utilização ainda merece alguns cuidados. Como em qualquer processo de soldagem, o tipo
correto de eletrodo, bem como a correta intensidade da amperagem elétrica, de acordo com a
espessura da chapa e tubo utilizadas, são questões fundamentais. As placas finas usadas nos
tubos permitiu a execução de uma única solda. Se as soldas tiverem que ser removidas os
tubos serão danificados, fato que diminui a versatilidade da estrutura relacionada com o
processo de desmontagem da estrutura para sua futura remontagem em um novo local.
33

O programa experimental apresentado para treliças espaciais foi desenvolvido em duas


etapas compreendendo primeiro uma fase executada no campo experimental seguida de outra
desenvolvida no laboratório. Na primeira fase pode-se concluir que se os apoios não forem
bem detalhados, o sistema treliçado pode ter um colapso prematuro. A aplicação do
carregamento também deve ser executada com cuidado, pois na maioria das vezes, o colapso
ocorre sem aviso. No presente programa várias possibilidades foram investigadas para
determinar os possíveis modos de colapso, ou seja, flambagem das barras, rotação excessiva
dos nós, colapso dos apoios, entre outros.
O sistema foi continuamente instrumentado com relógios comparadores, LVDTs e
extensômetros dispostos em pontos chaves da estrutura. Os deslocamentos possibilitaram a
aferição da rigidez da estrutura assim como a aproximação do colapso estrutural. Um cuidado
especial foi tido com o uso de dois ou quatro extensômetros dispostos a cada 90o ou 180o ao
logo da seção circular do tubo para detectar os esforços axiais reais eliminando efeitos de
flexão residuais.
O sistema foi continuamente modificado para tentar melhorar o seu desempenho
gerando alterações nos nós com uso de placas de reforço, arruelas e enrijecedores e,
principalmente, diminuindo o comprimento de amasso em suas extremidades. À medida que a
estrutura foi modificada notou-se que os modos de flambagem globais das barras previstos
inicialmente voltaram a controlar o desempenho estrutural.

c. Comportamento de placas de aço carbono e aço inoxidável com parafusos


defasados submetidas a tração

As normas de projeto de aço inoxidável atuais são em grande parte baseadas em


analogias assumidas com o comportamento de estruturas de aço carbono. Todavia, o aço
inoxidável, quando submetido a esforços axiais de tração e compressão, apresenta curvas
tensão versus deformação não-lineares sem patamar de escoamento, diferentemente das
curvas apresentadas pelo aço carbono, conforme Figura 2.31, modificando o comportamento
global das estruturas que o utilizam.

Figura 2.31 – Curvas tensão versus deformação aço carbono e aço inoxidável.

As ligações aparafusadas, diferentemente das ligações soldadas, tendem a diminuir a


resistência à tração das seções, já que, para a instalação de parafusos, torna-se necessário que
se façam furos nos elementos a serem unidos, diminuindo a seção transversal resistente destes
elementos. Devido à existência destes furos, várias formas ou modos de ruptura podem
controlar o seu dimensionamento. Na Figura 2.32 são apresentados os principais parâmetros
geométricos da ligação t e L que representam respectivamente, a espessura e a largura da
chapa, s e p que são distâncias entre furos e as distâncias à borda e1 e e2, sendo limitados
através da Norma Europeia EUROCODE 3 Part 1.8 [18].
34

Figura 2.32 – Definição dos parâmetros.

A norma europeia EUROCODE 3 Parte 1.8 [20], para dimensionamento de ligações


aparafusadas em estruturas de aço constituídas de aço carbono, define os critérios de
avaliação da resistência a serem observados no cálculo de ligações aparafusadas submetidas à
tração. Estes critérios abrangem basicamente, dois estados limites últimos: o escoamento da
seção bruta e a ruptura da seção líquida da chapa base da ligação aparafusada, dados,
respectivamente, pelas equações abaixo:

Npl,rd 
A  f 
y
(2.1)
 M0

Nu,rd 
0.9  A net  fu  (2.2)
 M2
Nu,rd Npl,rd
 1.0  1.0 (2.3)
Nt,rd Nt,rd

onde: Nt,rd é a força normal de tração de projeto da ligação que deverá ser menor ou igual às
duas resistências: Npl,rd e Nu,rd; A é a menor área bruta da seção transversal da ligação; Anet é a
sua área líquida, 0.9 é o coeficiente de redução da área líquida; f y é a tensão limite de
escoamento; fu é a tensão limite de ruptura a tração da chapa; M0 e M2 são coeficientes de
resistência que foram tomados igual a 1 para dimensionar as ligações aparafusadas a serem
utilizadas nos experimentos e, assim, calibrar o real comportamento da ligação aparafusada
em estudo. O coeficiente 0,9 da equação (2.2) é obtido em função do tipo de barra (chapa ou
perfil) e do tipo da ligação (soldada ou aparafusada). Para chapas com ligações aparafusadas,
objeto deste trabalho, este coeficiente será mantido. Para ligações aparafusadas com parafusos
alternados, usa-se a fórmula desenvolvida por Cochrane (1922) e ainda presente no
EUROCODE 3, pt. 1.1, [20].
  s2 
A net  A  t n  d     (2.4)
  4  p 
onde: s é a distância entre os centros dos furos na direção de aplicação da força; p é a
distância entre os centros dos furos na direção perpendicular da aplicação da força. Já para o
dimensionamento de ligações aparafusadas constituídas de aço inoxidável, foi utilizada a
norma europeia EUROCODE 3, Pt. 1.4 [21] estabelece, que a resistência a tração deverá ser o
menor valor entre a resistência plástica da seção bruta, Npl,rd e a resistência última da seção
líquida Nu,rd obtidas através das equações seguintes.

Npl,rd 
A  f 
y
(2.5)
 M0

Nu,rd
k  A net  fu 
 r (2.6)
 M2
35

 d 
onde k r  1  3r(  0,3)   1.0
 u 
sendo que r é o número de parafusos numa seção dividido pelo número total de parafusos da
ligação e o valor de u é o dobro da distância entre o centro do furo até a borda na direção
perpendicular da transferência da carga, porém menor ou igual a p2 que é a distância entre os
centros dos furos na direção perpendicular da transferência da carga.

Embora a resistência ao esmagamento de uma ligação aparafusada em aço inoxidável


seja normalmente governada pela necessidade de limitar o alongamento do furo quando
solicitada por uma carga de trabalho, uma verificação em separado deve ser feita para
prevenir este efeito no seu estado limite último substituindo o fu por fu,red dado por:

fu,red  0.5fy  0.6fu (2.7)

Os estados limites últimos de uma ligação encontram-se ilustrados na figura abaixo:

Figura 2.33 - Estados limites últimos de uma ligação aparafusada.

No presente trabalho foram considerados ensaios de ligações aparafusadas sem


nenhuma excentricidade em relação ao centro de gravidade da seção transversal, buscando
avaliar, sem a sua influência, os limites e efeitos no comportamento da ligação, [22], [23],
[24]. Antes da realização de ensaios com aplicação de esforço axial, foi necessário avaliar a
ligação aparafusada. Desta forma, foram verificados os seguintes estados limites últimos: a
plastificação da área bruta, o rompimento na seção líquida passando em dois furos e três
furos, o esmagamento da placa na área dos parafusos e o cisalhamento dos parafusos. Assim,
foi possível escolher a melhor configuração geométrica, que proporcionasse um melhor
aproveitamento dos dados coletados para avaliação da ligação aparafusada alternada. Para
atingir o objetivo exposto acima foi escolhido o valor para o parâmetro p de 55 mm, e com a
utilização das equações fornecidas pela Norma, foram construídas as curvas apresentadas na
Figura 2.34 de tal forma que o limite para a ruptura da seção líquida em dois ou três furos
fosse identificado. Uma análise similar foi feita para o aço inoxidável gerando os limites
identificados pelas curvas da Figura 2.34.
A caracterização da resistência das ligações aparafusadas alternadas, submetidas a
tração é representada, basicamente, pela curva tensão versus deformação ou da curva tensão
versus deslocamento, que foram dados importantes para o projeto e análise destas ligações. A
melhor forma de se obter estas curvas é através de ensaios experimentais realizados em
laboratório. Com estes ensaios, torna-se possível avaliar os resultados para determinação da
rigidez da ligação e encontrar a sua capacidade última de carga. Foram utilizadas chapas de
aço carbono do tipo USI 300, doadas pela USIMINAS e chapas de aço inoxidável austenítico
da linha A304, doadas pela ACESITA, devido ao seu uso corrente na construção civil.
Parafusos de alta resistência ASTM A325, de ½ polegada com rosca em toda sua extensão
foram usados, garantindo que sua resistência ao corte não seria ultrapassada, de modo a poder
avaliar efetivamente, os efeitos das diferentes configurações de parafusos possíveis, ou seja,
variando os valores de s e p, para que produzindo diferentes áreas líquidas, os caminhos A, B
e C de ruptura, pudessem ser avaliados conforme Figura 2.35. Procurou-se garantir que
36

nenhuma excentricidade em relação ao centro de gravidade da seção transversal da ligação


aparafusada estivesse presente buscando avaliar, sem a influência de momentos indesejáveis,
o comportamento da ligação. Foi usada uma chapa base super dimensionada com espessura de
15 mm, de modo a garantir uma faixa de regime elástico, posicionadas com um afastamento
mínimo de 10 mm uma da outra conforme apresentado na Figura 2.36.

Figura 2.34 - Resistências limites das chapas em dos aços carbono e aço inoxidável.

Figura 2.35 – Linhas de ruptura possíveis para a ligação em estudo.

Para acompanhar a deformação nas placas de cada ensaio foram colados cinco
extensômetros em cada placa, para averiguar a deformação em locais específicos da placa de
ensaio, conforme a foto do ensaio E3_CARB_S50, mostrada na Figura 2.36.

Figura 2.36 – Posicionamento dos extensômetros - Ensaio E3_CARB_S50.

Apresenta-se a seguir a Tabela 2.1 com o resumo dos ensaios experimentais realizados
com a seguinte nomenclatura: E – ensaio; 1 – número do ensaio; CARB – aço carbono; INOX
– aço inoxidável; S50 – distância em milímetros do parâmetro s, pois o parâmetro p foi fixado
37

em 55 mm; P10 – valor da espessura das placas principais utilizadas em substituição às placas
principais com 15 mm de espessura.

Tabela 2.1 – Configuração dos ensaios experimentais.


Ordem Identificação s p e1 e2 d0 Tipo de Espessura Quantidade
(mm) (mm) (mm) (mm) (mm) aço da placa de
base parafusos
(mm)
1 E1_CARB_S50_a 50 55 40 17.6 14.7 carbono 15 6
2 E2_CARB_S70_a 70 55 40 17.6 14.7 carbono 15 6
3 E3_CARB_S50 50 55 40 17.6 14.7 carbono 15 6
4 E4_CARB_S30 30 55 40 17.6 14.7 carbono 15 6
5 E5_INOX_S50 50 55 40 17.6 14.7 inoxidável 15 6
6 E6_CARB_S30_P10 30 55 40 17.6 14.7 carbono 10 6
7 E7_INOX_S30 30 55 40 17.6 14.7 inoxidável 15 6
8 E8_CARB_S50_P8 50 55 40 17.6 14.7 carbono 8 6
9 E9_INOX_S23 23 55 40 17.6 14.7 inoxidável 15 6

A letra, a, no primeiro e segundo ensaios representa a configuração da furação tipo A,


conforme mostrado na Figura 2.37, diferente dos outros ensaios, conforme mostrado na
configuração tipo B da Figura 2.37.

Tipo A Tipo B
Figura 2.37 – Diferentes tipos de configuração de furação das placas

Apresenta-se abaixo a Tabela 2.2 com o resumo dos ensaios experimentais realizados,
mostrando os tipos de ruptura e as cargas últimas obtidas, os tipos de ruptura e as cargas
últimas da norma e a diferença em percentual sendo AB – ruptura na área bruta; NF – ruptura
na área líquida passando por N furos.

Tabela 2.2 – Resumo dos ensaios experimentais


Ensaio Tipo de Carga última Tipo de ruptura EC- Carga última EC- Diferença
ruptura (kN) 3 (kN) 3 (kN) (%)
Exp - EC3
E1_CARB_S50_a 3F 312,0 2F 298,3 4,6
E2_CARB_S70_a 1F 349,5 2F 298,3 17,2
E3_CARB_S50 2F 310,0 2F 298,3 3,9
E4_CARB_S_30 2F 296,0 3F 282,5 4,8
E5_INOX_S50 2F 480,0 AB 302,9 58,5
E6_CARB_S30_P10 3F 309,5 3F 282,5 9,6
E7_INOX_S30 2F 459,0 AB 302,9 51,5
E8_CARB_S50_P8 2F 326,0 2F 298,3 9,3
E9_INOX_S23 3F 436,0 AB 302,9 43,9

Em uma primeira análise de comparação da curva carga versus deslocamento, verifica-


se o maior valor da carga última de ruptura da ligação aparafusada em aço inoxidável do que
o valor da carga última de ruptura na ligação aparafusada em aço carbono, conforme a curva
carga versus deslocamento da Figura 2.38. Observa-se que a ligação constituída de aço
38

inoxidável apresenta um maior deslocamento do que a ligação aparafusada constituída de aço


carbono, comprovando o seu comportamento mais dúctil.

Figura 2.38 – Análise comparativa – curvas carga versus deslocamento dos ensaios em aço carbono e
aço inoxidável e curvas carga versus deformação dos ensaios E1 e E2 (ext. 2 e 4).

Os ensaios E1_CARB_S50_a e E2_CARB_S70_a apresentam a mesma configuração


de parafusos porém valores diferentes do parâmetro s, permitindo analisar o seu efeito pela
sua simples variação. Para esta análise foram agrupadas as curvas carga versus deformação,
conforme Figura 2.38, obtidas através dos extensômetros 2 e 4 dos dois ensaios
experimentais. Nota-se no ensaio E1_CARB_S50_a, uma maior rigidez inicial, pela
comparação das diferentes deformações apresentadas para uma mesma carga no início do
carregamento. Este efeito foi causado pelo menor valor do parâmetro s mobilizando
imediatamente os três parafusos, pela concentração de tensões nos primeiros furos provocada
pela placa de 15 mm de espessura. A maior carga última foi alcançada pelo ensaio
E2_CARB_S70_a, devido à necessidade de se atingir uma carga maior para vencer a maior
resistência associada à área líquida na seção de um furo.
Este comportamento ocorreu devido a grande diferença em absorção de carga pelos
parafusos de mesma linha, promovida pela diferente configuração de parafusos, como pode
ser observado no gráfico percentagem de carga por linha de parafuso versus carga total
aplicada apresentado na Figura 2.39. Apesar disto, os limites do Eurocode 3 [21] podem ser
interpretados como limites inferiores para o problema. Estes dados foram retirados pela média
das deformações fornecidas pelos extensômetros colados na placa de ensaio com 3 mm.

Figura 2.39 – Curvas de percentual de carga por linha de parafuso versus carga total - E1 e E2.

A primeira seção transversal no sentido de aplicação da carga é caracterizada pela


primeira seção mais perto do centro da chapa, onde foram colados os extensômetros 2,4,7 e 9.
A seção transversal no meio da placa, onde foram colados os extensômetros 3 e 8, foi
considerada a seção de aplicação total da força. A segunda seção transversal no sentido de
aplicação da carga é caracterizada pela segunda seção mais longe do centro da placa, onde
foram colados os extensômetros 1,5,6 e 10. Estas seções estão definidas para os dois tipos de
furação nos desenhos apresentados na Figura 2.40.
39

TIPO A TIPO B

Figura 2.40 – Localização das seções nas chapas de ensaio.

A diferença dos ensaios experimentais E1_CARB_S50_a e E2_CARB_S70_a para os


ensaios experimentais E3_CARB_S50 e E4_CARB_S30 foi a disposição dos parafusos, tipo
A e tipo B. Observa-se que nos dois primeiros ensaios, a primeira seção após o eixo de
simetria da ligação é constituída por um parafuso enquanto que nos ensaios E3_CARB_S50 e
E4_CARB_S30 existem dois parafusos nesta mesma seção. Foi feita a comparação das curvas
carga versus deformação mostradas na Figura 2.41, nas quais são agrupados os
comportamentos dos ensaios experimentais envolvidos. A maior rigidez inicial prova que os
ensaios E1_CARB_S50_a e E2_CARB_S70_a apresentaram uma melhor distribuição de
tensão no final da ligação mais equilibrada que os ensaios E3_CARB_S50 e E4_CARB_S30.

Figura 2.41 – Carga versus deformação - Ensaios E1, E2, E3 e E4 & Ensaios e E1, E3 e E8.

Os ensaios E1_CARB_S50_a, E3_CARB_S50 e E8_CARB_S50_P8 foram


comparados, pois apresentam ligações aparafusadas alternadas constituídas de aço carbono
com o mesmo valor do parâmetro s. Todavia, a placa interna no ensaio E8_CARB_S50_P8
possui espessura de 8 mm, diferentemente dos outros dois ensaios, onde foi utilizada uma
placa de 15 mm de espessura. Analisando-se as curvas carga versus deformação apresentadas
na Figura 2.41 construídas através da comparação dos resultados fornecidos pelo
extensômetro 7, observa-se uma maior rigidez inicial do ensaio E1_CARB_S50_a, no qual
ocorreu a ruptura na área líquida dos três furos, demostrando a influência da configuração da
furação no resultado final em termos de rigidez da ligação.
Uma análise também contemplou os resultados dos três ensaios realizados com as
chapas constituídas de aço inoxidável, lembrando que os três ensaios tiveram as dimensões
idênticas apenas variando o valor do parâmetro s. Observando-se as curvas carga versus
deslocamento mostradas na Figura 2.42 conclui-se que o valor do parâmetro s governou a
resistência última dos ensaios. E que a maior rigidez inicial foi apresentada pelos ensaios,
E7_INOX_S30 e E9_INOX_S23, porém o ensaio E5_INOX_S50 apresenta a maior
resistência última. Estas curvas também mostram um agrupamento do comportamento dos
ensaios E7_INOX_S30 e E9_INOX_S23 devido à pequena diferença entre os valores do
40

parâmetro s, comparada com o ensaio E5_INOX_S50, mostrando a evolução do


comportamento da ligação com a variação do parâmetro s.

Figura 2.42 – Carga versus deformação - Ensaios E5, E7 e E9 & Ensaios E3, E4, E5, E7 e E9.

Comparando-se os ensaios E5_INOX_S50, E7_INOX_S30 e E9_INOX_S23 com os


ensaios E3_CARB_S50 e E4_CARB_S30, que foram executados com a mesma placa
principal, observa-se através das curvas carga versus deformação construídas com as leituras
retiradas do extensômetro 2, dos ensaios E5_INOX_S50, E7_INOX_S30 e E9_INOX_S23,
E3_CARB_S50 e E4_CARB_S30, apresentadas na Figura 2.7.3.12, que a rigidez inicial
apresentada pela ligação aparafusada de chapas constituídas de aço carbono, diminui mais
rápido do que a rigidez da ligação aparafusada de chapas constituídas de aço inoxidável. Este
comportamento verificado através das curvas carga versus deformação, mostra que a ligação
aparafusada de chapas constituídas de aço inoxidável tem uma maior capacidade de absorção
de carga, através da sua maior capacidade de deformação, apresentando uma maior carga
última.
Encontrou-se uma diferença média de 12% dos valores de Ag x fy e Anet x fu para
ligações em aço carbono, conforme apresentado na Tabela 2.3. Esta diferença demonstra a
pequena capacidade de encruamento do aço carbono, mostrando, como comprovado neste
trabalho, a sua baixa capacidade de rigidez e a sua baixa resistência plástica, comparada com
a do aço inoxidável. Verifica-se, também, uma diferença média de 62% dos valores de Ag x
fy e Anet x fu para ligações em aço inoxidável, conforme a Tabela 2.3. Esta diferença
demonstra a grande capacidade de encruamento do aço inoxidável, mostrando, como também
comprovado neste trabalho, a sua alta rigidez e a sua alta resistência plástica, comparada com
a do aço carbono.

Tabela 2.3 - Diferença percentual de Ag x fy e Anet x fu para os ensaios em aço carbono e aço
inoxidável

AB (kN) 2F (kN) 3F (kN) AB/2F (%) AB/3F (%) Média (%)


aço carbono
Ensaios em

334,1 298,3 282,5 112,0 118,3 115,1


334,1 298,3 320,1 112,0 104,4 108,2
Média (%) 111,7
302,9 494,6 455,5 163,3 150,4 156,8
aço inoxidável
Ensaios em

302,9 494,6 469,8 163,3 155,1 159,2


302,9 494,6 531,8 163,3 175,6 169,4
Média (%) 161,8

Os valores de carga última, dos ensaios em aço carbono, obtidos através do Eurocode
3 [21], apresentaram valores coerentes quando comparados com os obtidos
41

experimentalmente, estando o dimensionamento sempre a favor da segurança. A configuração


de furação tipo A apresentou maior rigidez e uma distribuição de tensão mais equilibrada no
final da ligação aparafusada do que a ligação tipo B. Também pode-se concluir que o menor
valor do parâmetro s apresenta uma melhor distribuição de forças nos parafusos devido a
maior proximidade destes e o maior valor do parâmetro s proporciona uma maior resistência,
pois proporciona uma maior área líquida a ser vencida.
A diminuição da espessura da placa base melhorou a distribuição da carga na ligação
aparafusada constituída de aço carbono, pela sua deformação em conjunto com a placa de
ensaio, aumentando a resistência da ligação. Os ensaios em aço inoxidável apresentaram
grandes deformações e grande capacidade de absorção de energia devido a sua capacidade de
encruamento em função da maior razão entre a tensão última e a de escoamento. O modo de
ruína e a carga última esperados, através do Eurocode 3, [18]-[21] para os ensaios da ligação
aparafusada constituída de aço inoxidável, não aconteceram, apresentando experimentalmente
valores de carga última bem superiores aos da norma, estando o dimensionamento muito a
favor da segurança, evitando, com esta carga inferior de ruptura, o aparecimento de grande
deformações, característica apresentada nos aços inoxidáveis, porém não contemplando, de
forma intermediária, a maior capacidade de carga do aço inoxidável.
A comparação do comportamento entre as ligações aparafusadas constituídas por aço
carbono e as constituídas de aço inoxidável, onde a capacidade de ductilidade, caracterizada
pela maior razão dos parâmetros fu/fy do aço inoxidável, mostra uma capacidade de absorção
de energia, em torno de 60% maior, do que o aço carbono.
A grande diferença dos valores de Ag x fy e An x fu do aço inoxidável em relação ao
aço carbono, proporciona uma maior capacidade de encruamento com o aumento de carga
apresentando maior resistência na fase plástica e consequentemente maiores cargas últimas.
Isto se confirma a partir da correlação de alguns aços carbonos com alguns grupos de aços
inoxidáveis apresentada na Tabela 2.4, na qual pode se ver que o parâmetro fu,red ou fator 0,9 é
inadequado para definir o real comportamento dos aços inoxidáveis sendo adequado para os
aços carbonos onde a razão entre fu por fy é muito menor e onde a aplicação desta tensão
apresenta menor deformação.

Tabela 2.4 – Valores comparativos de fatores entre aço carbono e aço inoxidável.

Aço fy fu 0,9 Fu,red Deformação (%)

MR 250 250 400 360 365 11

AR 350 350 490 441 461 9

INOX AUST. 350 700 630 595 40

INOX DUPLEX 510 780 720 723 20

INOX FERR. 410 580 522 553 20

O presente programa experimental gerou a necessidade da concepção e construção de


uma célula de carga para monitoração do carregamento nas placas de aço sob tração
investigadas. Esta célula foi calibrada e usada em conjunto com as leituras dos indicadores
presentes no sistema hidráulico e funcionaram adequadamente. A célula foi construída com
uma série de extensômetros lineares paralelos e perpendiculares à direção do carregamento e
tiveram a precisão adequada pois a placa de aplicação de carga instrumentada sempre
permaneceu no regime linear elástico.
Os experimentos comprovaram a real necessidade de aferir com a maior precisão
possível as curvas tensão versus deformação para o aço inoxidável nas direções paralela e
42

perpendicular à laminação. Resultados diferentes foram encontrados para estes dois tipos de
espécimes e indicaram a grande diferença entre os limites de deformação associados com os
aços carbono e inoxidável. Como esperado o escoamento dos aços inoxidáveis não foi
definido sendo determinado pelo procedimento padrão indicado no Eurocode 3 pt. 1.4 [21].
Os resultados indicaram que a espessura da placa de aplicação da carga pode
influenciar os resultados assim como a configuração geométrica dos parafusos defasados. Em
um dos ensaios, ao contrário do esperado, a linha de ruptura à tração passou por uma seção
que continha apenas um furo ao contrário da que tinha dois furos. Isto ocorreu pela
distribuição não uniforme das tensões nos parafusos que concentrou tensões maiores
próximas a seção com um furo gerando a ruptura não esperada.
Também ficou evidente que as fórmulas do Eurocode 3 pt. 1.4 devem ser reavaliadas.
As constantes usadas na avaliação do estado limite de ruptura da seção líquida efetiva à tração
e baseadas em limites de utilização para não gerar furos muito deformados estão descalibradas
e devem ser distintas para os diversos tipos de aços inoxidáveis (austeníticos, ferríticos,
duplex, etc.) refletindo a diferença encontrada entre as deformações associadas às tensões de
escoamento e de ruptura para estes tipos de aços.

d. Resistência de colunas de aço estaiadas e protendidas

Esta seção descreve o programa experimental executado abrangendo os ensaios


realizados em uma coluna estaiada protendida, compreendendo o esquema de protensão e a
configuração global do ensaio em escala real da escora protendida propriamente dita. Os
ensaios foram realizados no laboratório de estruturas e materiais (LEM), da Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro, [25]- [30]. A montagem da coluna estaiada ocorreu
em duas etapas. A primeira etapa foi realizada na fábrica de estruturas metálicas Metalfenas,
onde o tubo foi cortado em duas partes. Normalmente os tubos vêm das fábricas com o
comprimento padrão de 6,0 m. Pela soldagem das barras perpendiculares serem complicadas
na extremidade do tubo, determinou-se que um dos tubos tivesse o comprimento de 6,5 m e o
outro de 5,5 m. Assim, as barras perpendiculares puderam ser soldadas a 6,0 m e os tubos
pudessem ser transportados com maior segurança para o laboratório, onde foram
posteriormente soldados para formação da coluna estaiada. A parte superior da coluna tem
suas dimensões apresentadas na Figura 2.43. Após a solda dos tubos no laboratório, foi feita a
medição da sua imperfeição inicial. Na extremidade livre das barras perpendiculares foram
soldados tubos finos para a passagem dos cabos. Estes tubos servem para garantir que os
cabos passarão sempre pela extremidade das barras, como mostra a Figura 2.43.

Placa de fixação dos estais Placa de fechamento Enrijecedor

Figura 2.43 – Dimensões da cabeça da coluna e passagem dos cabos no vão da coluna.

Os cabos são ancorados na “cabeça” da coluna passando através de ganchos e travados


com 3 grampos para cabo de aço. A Figura 2.44 apresenta o travamento dos cabos na
43

“cabeça“ da coluna estaiada. Para garantir a protensão, os cabos também são travados no meio
da coluna estaiada. Uma das contribuições inovadoras do presente trabalho consistiu em
projetar um sistema para aquisição das forças geradas nos cabos utilizando uma célula de
carga, acoplada a uma placa de aço, obtendo assim, os esforços gerados por todos os quatro
estais ao mesmo tempo. Uma célula ficaria apoiada externamente na coluna e a outra célula
disposta no atuador hidráulico medindo a carga aplicada na estrutura. Um dos problemas da
utilização desta célula de carga é que não se podia medir o desbalanceamento que ocorreu
durante os ensaios fato que foi resolvido como será mostrado futuramente. Em contrapartida,
pode-se medir o esforço total na coluna estaiada e por diferença da carga externa aplicada no
sistema determinou a força aplicada nos quatro cabos (Figura 2.44).

Figura 2.44 – Travamento dos cabos e célula de carga para determinação dos esforços.

Uma das maiores contribuições do presente trabalho foi o desenvolvimento deste


programa de ensaios pois este foi o primeiro em escala real em um modelo tridimensional.
Projetou-se para tal um pórtico para aplicação de uma carga horizontal na coluna, já que o
laboratório não dispunha de altura suficiente para ensaiar a coluna estaiada na vertical. Foram
criados dois pórticos, um em cada extremo da coluna estaiada. Cada pórtico contém quatro
perfis “U” enrijecidos como base para o pórtico, três perfis “I” (dois como colunas e um como
apoio do atuador hidráulico ou da coluna na outra extremidade), quatro tubos enrijecendo o
pórtico através de mão-francesa, um perfil “U” como ancoragem de um par de tubos e quatro
parafusos para ancoragem na laje de reação, Figura 2.45.

Figura 2.45 – Pórtico para aplicação e reação da carga horizontal.

A instrumentação usada foi bastante complexa devido a restrições, geometria,


flexibilidade das peças ensaiadas e dimensões adotadas. Foram utilizados dezesseis
extensômetros de resistência elétrica, quatro medindo as deformações nos eixos paralelos aos
estais, quatro a 45º dos eixos paralelos aos estais e dois em cada barra perpendicular a coluna,
diametralmente opostos (Figura 2.46). Eles foram usados para medir as cargas atuantes nos
tubos principais e secundários.
44

Figura 2.46 – Extensômetros elétricos usados nos ensaios.

Também foram utilizados dez LVDTs (transdutores diferenciais variáveis lineares)


que foram dispostos ao longo da coluna estaiada (oito) e nos pórticos de reação (dois)
conforme a Figura 2.47. Dos LVDTs dispostos ao longo da coluna, dois foram instalados a ¼
do comprimento da coluna e quatro próximos a metade da coluna. Os outros dois restantes,
um foi instalado na “cabeça” da coluna medindo o deslocamento horizontal e o outro no
pórtico oposto ao do atuador hidráulico. O problema com a forma circular do tubo foi
resolvido instalando chapas nos pontos de aplicação dos LVDTs. No meio do vão não foi
possível medir os deslocamentos devido aos tubos secundários. Por este motivo, os LVDTs
foram instalados a 20 cm do meio do vão da coluna estaiada, utilizando de sistema inovador
de medição com dois LVDTs em cada face horizontal e vertical da chapa usados para sempre
fornecerem os resultados não sendo afetado por movimentos de rotação e translação dos
pontos.

Figura 2.47 – Disposição dos LVDTs na coluna estaiada.

Para se ter um controle visual do que estava ocorrendo durante os ensaios, foram
instalados 4 relógios analógicos: um em cada pórtico, um na “cabeça” da coluna e o outro
45

próximo à metade da coluna. Isto foi feito, pois se sabia que a coluna teria um comportamento
elástico e desejava-se utilizar a mesma peça em mais de um ensaio come será explicado em
parágrafos posteriores. Por outro lado, também era conhecido que próximo a carga última da
escora, os deslocamentos crescem muito e se desejava evitar grandes deslocamentos laterais
para evitar deformações demasiadas que pudessem danificar a escora e até mesmo
comprometer a segurança do ensaio. Para medição dos esforços utilizaram-se duas células de
carga, uma para medir a carga aplicada pelo atuador hidráulico e a outra para medir
inicialmente a carga de protensão dos estais. A Figura 2.48 ilustra as duas células de carga
utilizadas no ensaio e entre elas uma rótula universal. As propriedades do aço empregado nos
testes foram obtidas através de ensaios de tração simples. Como resultado, foram obtidos
valores de tensão de escoamento e tensão de ruptura do aço. A média dos resultados é de
403,8 MPa, e desvio padrão de 29,3 MPa, para a tensão de escoamento e de 465,3 MPa, e
desvio padrão de 4,9 MPa, para a tensão de ruptura.

Figura 2.48 – Células de carga.

Devido às dimensões da escora, o peso-próprio gerou um deslocamento lateral


excessivo de 115 mm no meio do vão, sendo maior que o valor máximo de imperfeição aceito
pela norma NBR 8800 [31]. A princípio tentou-se compensar este deslocamento através da
aplicação de protensão nos cabos, mas isto gerou um desbalanceamento e a introdução de uma
excentricidade grande no ponto de aplicação da carga devido à rotação ocorrida na rótula
universal presente neste ponto. Uma alternativa consistiu em utilizar um cabo laçando a
coluna no meio do vão e ancorando este a uma viga soldada ao pórtico, Figura 2.49. Esta
solução afeta os modos de flambagem possíveis da coluna, mas isto foi incorporado em uma
análise computacional que indicou que o uso deste cabo não afeta o valor da carga última do
sistema global. Mais detalhes sobre este aspecto serão mostrados nos próximos parágrafos.

Ancoragem e laço

Apoio temporário

Figura 2.49 – Ancoragem inicial da coluna no pórtico diminuindo o efeito do peso-próprio.


Para suportar a escora enquanto um valor mínimo de carga axial não tivesse sido
aplicada foram usados apoios temporários, Figura 2.49. Além destes foram usados na
extremidade oposta do ponto de aplicação de carga dois grampos, Figura 2.50. Infelizmente
46

na configuração adotada nestes primeiros ensaios não houve espaço físico para colocação de
uma segunda rótula universal neste ponto, fato que foi resolvido posteriormente. Estes dois
fatos contribuíram para que este ponto não se comportasse como um apoio de segundo
gênero, mas sim tivesse um engastamento à rotação parcial.

Figura 2.50 – Grampos para evitar a rotação e esticadores em série adotados nos ensaios.

A primeira série compreendeu dois ensaios experimentais na coluna estaiada onde se


variou a força de protensão aplicada nos cabos. Inicialmente, fez-se uma pré-carga na
estrutura para aferir e verificar o correto funcionamento dos instrumentos de medição. Após
esta fase passou-se ao primeiro ensaio que utilizou cabos somente levemente esticados que
geraram uma carga total na coluna de 900N. No segundo ensaio, os cabos foram protendidos
até um valor máximo de força conseguido pelo aperto dos ganchos de ancoragem, totalizando
uma carga de 7,12 kN na coluna. Para este ensaio procurou-se simular o caso de uma coluna
com o mínimo de protensão possível, apenas com os cabos levemente esticados. Para tal, duas
etapas foram executadas. Utilizando esticadores em série, os cabos foram inicialmente
esticados (Figura 2.50). Isto foi seguido do aperto dos ganchos de ancoragem dos cabos até o
nível de protensão desejado. Com os cabos posicionados e esticados aplicou-se a carga
aproximadamente até a carga crítica do sistema estrutural.
Rel 01
83 Macaco
Rel 02
84 85

86 87

88 89
Rel 03
90 91

92

Rel 04

Figura 2.51 – Posicionamento dos LVDTs e dos relógios analógicos na coluna estaiada.

A carga aplicada na coluna apresentada nos gráficos seguintes é a carga do atuador


hidráulico mais os esforços dos cabos. No primeiro ensaio, a Figura 2.53 apresenta o gráfico
do extensômetros que estão dispostos na coluna central no sentido paralelo aos eixos dos
cabos. A disposição e identificação destes extensômetros encontram-se nas Figuras 2.51 e
2.52. Um comportamento linear nos quatro extensômetros foi observado. Também foi
possível notar que uma flexão ocorreu no tubo. Uma análise comparativa entre a carga total
na coluna, medida pela célula interna, e a carga medida pelos extensômetros localizados na
coluna central é apresentado na Figura 2.53. O mesmo comportamento deste gráfico ocorreu
no segundo ensaio desta serie. Adotou-se o módulo de elasticidade da coluna igual a 205000
2 6
1
5
20 86
23 21
22 47

MPa para determinar os esforços em cada extensômetro. O diâmetro do tubo


88
central adotado
foi de 89,3mm e uma espessura de 3,2mm. 89

25 8 08 25
24 9 07
3 7 85 00 03
09 24
2 1
6 45º (típ.)
5
04 06 200 mm (típ.)
20 86
23 21
22 20 23
01 02
05
88 21 22
89

Figura 2.52 – Posicionamento dos Extensômetros.


08 25
07 Carga total versus Força nos extensômetros
Carga aplicada versus Extensômetros nos eixos dos braços

09 00 03 24 -30
-30

45º (típ.) -25


-25

04 06 200 mm (típ.) -20


-20
Carga total (kN)

20 23 -15
Carga (kN)

-15
ERE 00
01 02 ERE 01
ERE 02
EREs 00 a 03
EREs 04 a 07
-10
-10 ERE 03
05 Média

-5
-5
21 22
50 0 -50 -100 -150 -200 -250 5 0 -5 -10 -15 -20 -25 -30
0 0

5 5
Deformação () Esforço nos EREs (kN)

Figura 2.53 - Carga aplicada versus deformações nos extensômetros da coluna central paralelos aos
eixos dos cabos e carga total versus carga calculada pelos extensômetros na coluna.

Devido a pouca carga de protensão aplicada, os extensômetros das barras


perpendiculares, medirão valores desprezíveis. Adotou-se o módulo de elasticidade da coluna
igual a 205000 MPa, como já foi comentado anteriormente. O diâmetro e a espessura do tubo
das barras perpendiculares adotado foram de 42,6 mm e 3 mm. No gráfico da Figura 2.54
aparecem dois patamares: um na carga de 5 kN e o outro na carga de 10kN. O primeiro
patamar ocorreu quando se retiraram os escoramentos da coluna. Já o segundo ocorreu devido
a uma pequena perda de pressão na bomba que injeta óleo no atuador hidráulico durante o
período de uma hora em que se deixou a coluna sobre carga para aferir se haveria alguma
perda de protensão visível, o que não ocorreu. Na Figura 2.54, o nível de carga
correspondente a flambagem é bastante claro. O posicionamento desses LVDTs em paralelo
foi proposital para poder aferir se houve algum tipo de rotação neste ponto. Como ambos os
deslocamentos foram bastante similares, não se notou nenhuma torção aparente neste ponto.
No gráfico da Figura 2.54, o deslocamento horizontal foi muito pequeno quando comparado
com os doze metros de comprimento da coluna, comprovando que o suporte temporário da
coluna evitou que o peso-próprio atuasse como uma imperfeição a mais no sistema estrutural
estudado. Também notou-se que não ocorreu rotação da coluna neste ponto. O uso deste cabo
mostrou-se como uma solução conveniente para minimizar os efeitos de peso próprio (não
existentes em colunas estaiadas na vertical).
48

Carga aplicada versus LVDT na "cabeça" da coluna

-30

-25

-20

Carga (kN)
-15

LVDT 83
-10

-5

1 0 -1 -2 -3 -4 -5
0

5
Deslomento (mm)

Carga aplicada versus LVDTs paralelos na metade da coluna Carga aplicada versus LVDTs paralelos na metade da coluna

-30 -30

-25 -25

-20 -20
Carga (kN)

-15

Carga (kN)
-15

LVDT 86 (H) LVDT 88 (V)


LVDT 87 (H) LVDT 89 (V)
-10 -10

-5 -5

-14 -12 -10 -8 -6 -4 -2 0 2 0,2 0 -0,2 -0,4 -0,6 -0,8 -1 -1,2 -1,4 -1,6
0 0

5 5
Deslomento (mm) Deslomento (mm)

Figura 2.54 – Carga aplicada versus deslocamentos axiais do LVDT 83, topo da coluna e Carga
aplicada versus deslocamentos na metade da coluna, direções horizontal e vertical.

No segundo ensaio procurou-se simular o caso de uma coluna com protensão nos
cabos. Novamente dois passos foram executados. No primeiro, através dos esticadores em
série, foram protendidos os cabos ao máximo valor que se conseguia manualmente. Já no
segundo passo, os ganchos de ancoragem dos cabos foram apertados até o valor máximo
possível que foi de 7,12 kN de força total nos cabos. Em seguida a protensão dos cabos,
aplicou-se a carga pelo atuador hidráulico até a carga crítica da coluna. A carga aplicada na
coluna apresentada nos gráficos é a carga do atuador hidráulico mais os esforços dos cabos.
Durante o ensaio, próximo ao nível de carga de 13 kN, retirou-se os grampos que travavam a
coluna no pórtico oposto ao atuador hidráulico, para determinar se estes causavam algum tipo
de engastamento neste apoio influenciando nos resultados do experimento.
A Figura 2.55 apresenta o gráfico dos extensômetros que estão dispostos na coluna
central e paralelo aos eixos dos cabos. No primeiro ensaio, um comportamento linear nos
quatro extensômetros era esperado, tornando-se não-linear próximo à carga crítica. Uma
explicação similar ao primeiro ensaio pode ser aplicada para este gráfico onde nota-se que o
tubo sofreu uma flexão. Neste gráfico também são visíveis dois patamares, sendo o primeiro
ocorrido pelo mesmo motivo do primeiro ensaio, ou seja, a retirada dos apoios. O segundo
patamar, próximo a 13 kN, ocorreu devido à retirada dos grampos que travavam a coluna, no
apoio oposto ao atuador hidráulico. Com uma maior carga de protensão os esforços medidos
nas barras perpendiculares não foram desprezíveis como no primeiro ensaio, Figura 2.55.
O gráfico da Figura 2.56 apresenta o problema do LVDT 86 que perdeu seu curso
durante a aplicação de carga assim como no caso anterior. Nota-se no gráfico da Figura 2.56
que ocorreu uma rotação no eixo axial na coluna. Esta rotação pode ter ocorrido no momento
em que se retitraram os apoios, durante o nível de carga de aproximadamente 7 kN, devido a
algum pequeno contato das escoras com os cabos, já que a diferença nos deslocamentos foi
muito pequena.
Devido às dificuldades ocorridas durante a montagem dos ensaios no laboratório,
como já mencionado anteriormente, fez-se necessário refazer a análise computacional para
uma melhor comparação dos resultados. Como já mencionado, este problema não ocorre nas
colunas estaiadas utilizadas no campo, pois a maioria das colunas situa-se na vertical e o seu
49

peso próprio atua na direção paralela ao eixo axial. Nos ensaios, devido à configuração
adotada (horizontal), o peso próprio agiu perpendicularmente ao eixo axial da coluna gerando,
quando sem apoio, deslocamentos da ordem de 115 mm no centro da coluna.

Carga aplicada versus Extensômetros nos eixos dos braços Carga aplicada versus Barras perpendiculares

-35

-35

-30
-30

-25
-25

-20
-20
Carga (kN)

Carga total (kN)


ERE 00
-15 ERE 01
ERE 02 -15
ERE 08
ERE 03 ERE 09
-10 Média
-10

-5 -5

50 0 -50 -100 -150 -200 -250 5 0 -5 -10 -15 -20


0 0

5 5
Deformação () Deformação ()

Figura 2.55 – Carga aplicada versus deformações nos extensômetros da coluna central paralelos aos
cabos e carga total versus deformações nos extensômetros 8 e 9 – segundo ensaio.

Carga aplicada versus LVDTs paralelos na metade da coluna Carga aplicada versus LVDTs paralelos na metade da coluna

-35 -35

-30 -30

-25 -25

-20 -20
Carga total (kN)
Carga total (kN)

-15 -15
LVDT 86 (H) LVDT 88 (V)
LVDT 87 (H) LVDT 89 (V)

-10 -10

-5 -5

-2 0 2 4 6 8 10 12 0,2 0 -0,2 -0,4 -0,6 -0,8 -1 -1,2 -1,4 -1,6 -1,8 -2


0 0

5 5
Deslocamento (mm) Deslocamento (mm)

Figura 2.56 – Carga aplicada versus deslocamentos laterais aproximadamente na metade da coluna nas
direções horizontal e vertical – segundo ensaio.

Foram realizadas duas análises, ambas com o travamento na metade da coluna por um
cabo tanto para o primeiro quanto para o segundo ensaio experimental. A primeira análise foi
realizada em uma configuração engastada em uma das extremidades para simular os grampos
e a falta da rótula universal neste ponto. Isto gera um limite superior para o experimento. A
segunda considerou os dois apoios como sendo simples de modo a gerar um limite inferior
para o experimento. Os gráficos ilustrados na Figura 2.57 mostram que a coluna experimental
é mais rígida quando comparada com o modelo do ANSYS, [32]. Todavia, nota-se que a
carga última dos ensaios situou-se entre os dois valores obtidos na modelagem.
Pela Figura 2.57 percebe-se que a modelagem da coluna experimental estava dentro do
esperado, pois ao se considerar que a extremidade da coluna estava apoiada ou engastada, o
modelo experimental apresentou um engaste elástico devido ao tipo de apoio no pórtico. No
segundo gráfico da Figura 2.57 corrigiu-se o valor do deslocamento axial da coluna
experimental, subtraindo-se o valor encontrado no LVDT 83 (disposto na cabeça da coluna)
pelo LVDT 92 (disposto no pórtico oposto ao do atuador hidráulico). A Figura 2.58 apresenta
a configuração deformada ocorrida durante o experimento. Não é fácil perceber a curvatura
pois estes deslocamentos são pequenos quando comparados com o comprimento da coluna.
No segundo ensaio como os esforços nos cabos são maiores, esperava-se que o valor
da carga crítica fosse maior que o valor obtido no primeiro ensaio. Situação que não foi
observada como pode ser visto nos gráficos da Figura 2.59. Percebe-se nestes gráficos que ao
aumentar o nível de protensão nos cabos a coluna experimental teve um comportamento mais
próximo ao da análise computacional com a extremidade engastada, após certo nível de carga
(+/- 7 kN).
50

Carga externa versus deslocamento horizontal na metade da coluna Carga externa versus deslocamento axial na cabeça da coluna

35 35

30 30

25 25
Carga externa (kN)

Carga externa (kN)


20 ansys apoio 20
ansys apoio
ansys engastado
ansys engastado
LVDT 86
LVDT 83
15 LVDT 87 15

10 10

5 5

0 0
-10 0 10 20 30 40 50 0 -1 -2 -3 -4 -5 -6 -7 -8 -9 -10
Deslocamento (mm) Deslocamento (mm)

Figura 2.57 – Carga externa versus deslocamentos laterais da coluna estaiada na direção horizontal e
carga externa versus deslocamento axial na coluna estaiada – primeiro ensaio.

Figura 2.58 – Deformada da coluna no primeiro ensaio.

Carga externa versus deslocamento horizontal na metade da coluna Carga externa versus deslocamento axial na cabeça da coluna

45 45

40 40

35 35

30 30
Carga externa (kN)

Carga externa (kN)

25 25 ansys apoio
ansys apoio
ansys engastado ansys engastado
20 LVDT 86 20 LVDT 83

15 15

10 10

5 5

0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0 -1 -2 -3 -4 -5 -6 -7 -8 -9 -10
Deslocamento (mm) Deslocamento (mm)

Figura 2.59 – Carga externa versus deslocamentos laterais da coluna estaiada na direção horizontal e
carga externa versus deslocamento axial na coluna estaiada – segundo ensaio.

O gráfico da Figura 2.59 mostra a comparação entre os deslocamentos axiais do


ANSYS [32], utilizados como aplicação da carga na coluna, e o deslocamento da coluna
experimental. A carga experimental foi inferior a ambos os valores obtidos nas análises por
elementos finitos. Uma razão para tal pode ser devido ao fato de que na proximidade do
último nível de carga experimental, os deslocamentos estavam crescendo mais e estava-se
51

com receio de romper os ganchos de ancoragem dos cabos ocasionando um modo de ruína
brusco e indesejado. Isto fez com que o teste fosse terminado sem uma indicação precisa de
que a carga última tinha sido atingida, fato que ocorreu no primeiro ensaio experimental como
comprovam os gráficos de deslocamento lateral. No segundo gráfico da Figura 2.59, mais
uma vez, corrigiu-se o valor do deslocamento axial da coluna experimental. A Figura 2.60
apresenta uma configuração deformada ocorrida durante o segundo ensaio experimental.
Nesse ensaio consegue-se perceber melhor a deformada da coluna, apresentando um modo de
flambagem global do sistema estrutural.

Figura 2.60 – Deformada da coluna no segundo ensaio.

Na segunda série de ensaios foi desenvolvido um sistema para aquisição das forças
geradas nos cabos utilizando uma célula de carga, acoplada a uma placa de aço, obtendo
assim, simultaneamente, os esforços gerados por todos os quatro estais. Esta célula é apoiada
externamente na coluna enquanto a outra célula foi disposta no atuador hidráulico medindo a
carga aplicada na estrutura. A execução da instrumentação no programa experimental foi
bastante complexa devido às restrições, geometria, flexibilidade das peças ensaiadas e
dimensões adotadas. Nesta etapa foram utilizados novamente dezesseis extensômetros de
resistência eléctrica, adotados para medir as cargas aplicadas no tubo principal e nos tubos
secundários. Também foram utilizados mais uma vez dez LVDTs que foram dispostos ao
longo da coluna e nos pórticos de reação. No meio do vão não foi possível medir os
deslocamentos devido aos tubos secundários, logo LVDTs foram instalados a 200 mm do
meio do vão da coluna.
Na segunda etapa de ensaios, o procedimento de montagem foi aperfeiçoado. O
procedimento para montagem começa por passar cada sapatilho para cabo de aço pelo olhal
de cada barra de ancoragem. As barras de ancoragem são instaladas nos extremos da coluna.
As barras que se situam próximas da zona de aplicação de carga externa foram fixadas na
parte superior da placa de aço usada para conter uma célula de carga para medição dos
esforços internos, Figura 2.61.
Na outra extremidade da coluna estaiada, onde foram instaladas as células de carga
para medição dos esforços nos estais, as barras precisaram passar por entre as células de carga
dos estais e serem fixadas nas mesmas. Assim, o esforço gerado nos estais é transmitido para
as células diretamente. É importante que as barras de ancoragem atravessem a segunda placa,
52

pois assim, as células de carga não perderão o alinhamento com a coluna durante os ensaios, o
que provocaria um desbalanceamento nas mesmas. A Figura 2.62 apresenta uma
esquematização de como devem ser instaladas as barras de ancoragem na outra extremidade
da coluna estaiada. O travamento dos estais começa por passar os mesmos pelo olhal das
barras de ancoragem tomando o cuidado de ficar no sapatilho, já que é o sapatilho quem
protege os estais, e travá-lo no próprio estai utilizando anilhas, Figura 2.62.

BARRA DE ANCORAGEM

ARRUELA
CÉLULA DE CARGA PARA CABO SAPATILHO BARRA
ESFORÇOS INTERNOS DE PORCA
ANCORAGEM CÉLULA

Figura 2.61 – Ancoragem da célula de carga e esquema para instalação das barras de ancoragem e
células de carga.

Errado

Errado

Certo

Figura 2.62 – Colocação das anilhas e laços nos cabos e anilhas para seu travamento.

Após o travamento do cabo com as anilhas, faz-se um laço na extremidade (Fig. 2.62).
Neste laço será colocado um dos guinchos do tifor. O outro gancho do tifor foi preso em uma
anilha de 1 ½” colocada no estai (Figura 2.63), mas ao atingir níveis de protensão elevados a
anilha perdia aderência e deslizava pelo cabo perdendo assim toda protensão já adquirida.
Desta forma, criou-se um outro laço, feito com cabos a parte, e instalado no estai. Este laço
foi preso com duas anilhas: uma com maior resistência e tamanho (1 ½”) para envolver os
cabos; e outra menor (1/4”) somente para aumentar a aderência entre os mesmos e garantir a
eficiência durante a aplicação do esforço (Figura 2.63).
No decorrer do trabalho percebeu-se a importância de se medir os esforços nos estais
durante a aplicação da protensão e após o carregamento aplicado. Desta forma, tentou-se
compor uma maneira de medir os esforços dos cabos durante os ensaios experimentais no
laboratório. Inicialmente pensou-se em utilizar uma célula de carga do tipo S, já que este tipo
de célula encontrava-se disponível no laboratório. Este tipo de célula mede tanto valores de
tração como de compressão. A célula situar-se-ia na “cabeça” da coluna, Figura 2.64, entre as
duas chapas. Devido às dimensões não serem compatíveis com o local, esta célula não pode
ser usada nos ensaios.
53

Figura 2.63 – Processo de aplicação de esforço antigo (pouca aderência para níveis de tensão
elevados) e laços para aplicação de esforço aprimorado.

Célula
“S”

Figura 2.64 - Posicionamento representativo da célula na “cabeça” da coluna e célula de carga para
obtenção dos esforços nos estais e na estrutura.

Passou-se a utilizar uma única célula de carga medindo apenas a força aplicada na
coluna e perdendo os esforços gerados pelos estais. Visto que esta não era uma boa solução,
elaborou-se uma maneira de através de mais uma célula de carga, acoplada a uma placa, obter
simultaneamente, os esforços gerados por todos os quatro estais. Esta nova célula ficaria
apoiada externamente na coluna e a outra célula disposta no atuador hidráulico medindo a
carga aplicada na estrutura. Um dos problemas do uso desta célula de carga é que não se
podia medir o desbalanceamento dos estais que ocorreu durante os ensaios. Sua vantagem foi
a de obter o esforço total na coluna e os esforços nos estais seriam obtidos pela diferença dos
resultados lidos. A Figura 2.64 apresenta o aparato realizado para medição dos esforços na
estrutura. Sendo assim, fez-se necessário procurar outra solução para obter os esforços nos
estais para que se adaptasse na geometria da “cabeça” da coluna. Esta solução gerou a
necessidade de projetar uma célula de carga com um tubo de aço, dotado de oito
extensômetros colados diametralmente opostos no tubo. Procurou-se projetar a célula de carga
de modo que seu comportamento fosse totalmente linear. Com isso, o cálculo foi realizado
com 50% da tensão admissível do aço de projeto. A célula de carga projetada é composta por
um tubo de aço com uma placa de aço de apoio em uma das extremidades, com 10 mm de
espessura, por onde passam os estais que aplicarão a carga, Figura 2.65.
Através de catálogos comerciais o tubo adotado tem um diâmetro externo de 38,1 mm
com espessura de 3,05 mm onde a sua área é de aproximadamente 335mm 2. A célula de carga
foi modelada no programa de análise numérica (ANSYS, [32]) com elementos de casca do
tipo SHELL63. Seu comprimento é de 150 mm ao longo do eixo z, com diâmetro de 38,1 mm
para o tubo e de 50 mm para a placa de extremidade. A malha gerada automaticamente pelo
54

programa pode ser observada na Figura 2.66. Para se ter uma melhor precisão da aplicação
das cargas, criou-se um círculo entre o furo da placa e o diâmetro do tubo, na região da placa
de extremidade, forçando a geração de nós ao logo do perímetro. Este círculo representa a
influência da arruela na placa de extremidade. Foram realizadas análises no programa de
análise numérica. As cargas estão aplicadas pontualmente nos nós da placa de extremidade ao
logo do perímetro do círculo de influência da arruela. A Figura 2.67 apresenta exatamente os
20 pontos de aplicação das cargas. Desta forma, as análises realizadas foram as seguintes:
Carga por nó P = 2700 N (≈54 kN); Desbalanceamento 2/1: 50% - P1 = 3300 N e 50% - P2 =
1660 N; Desbalanceamento 2/1: 25% - P1 = 3840 N e 75% - P2 = 1920N; Desbalanceamento
2/1: 12,5% - P1 = 4340 N e 87,5% - P2 = 21700 N.

Figura 2.65 – Esboço de projeto da célula de carga para os estais.

1 1
DISPLACEMENT ELEMENTS
JUL 12 2005 JUL 12 2005
STEP=1 10:57:32 REAL NUM 11:00:23
SUB =1
TIME=1
DMX =.165616

Y
Y
Z X
X
Z

Bélula de Carga 04 - 38.1 x 3.05 mm Bélula de Carga 04 - 38.1 x 3.05 mm

Figura 2.66 – Malha usada na célula-de-carga.

O desbalanceamento representa algum imprevisto que possa vir a ocorrer durante os


ensaios, como por exemplo, uma pequena excentricidade do posicionamento da barra de
ancoragem na placa de extremidade ou se a superfície onde a célula for alocada não se
encontrar totalmente plana. No primeiro modelo todas as cargas são aplicadas com o mesmo
valor de P=2700N. As Figuras 2.68 a 2.71 a seguir apresentam os resultados obtidos no
programa de análise numérica. Ao observar a Figura 2.68 confirmaram-se valores de tensões
normis correspondentes a 50% da tensão admissível inicialmente projetada. O valor máximo
atingido na análise foi de aproximadamente 178,5 MPa em praticamente todo corpo da célula
de carga. Tendo em vista a distribuição de tensões e deslocamentos ao longo da célula-de-
carga, e como era de se esperar, a melhor posição para colagem dos extensômetros é no centro
do tubo de aço.
55

Diâmetro de
influência da Diâmetro da
arruela placa de apoio

Diâmetro externo
do tubo
Diâmetro do furo
na placa de
extremidade
Posição das cargas
aplicadas na célula

Figura 2.67 – Pontos de aplicação das cargas.

1
NODAL SOLUTION 1
JUL 12 2005 NODAL SOLUTION
STEP=1 11:31:48 JUL 12 2005
SUB =1 STEP=1 11:41:02
TIME=1 SUB =1
SZ (AVG) TIME=1
RSYS=0 UZ (AVG)
DMX =.165616 RSYS=0
SMN =-178.471 Y DMX =.165616
MX MN SMX =.16558 Y MX
Z X
X Z

MN

-178.471 -138.811 -99.151 -59.49 -19.83 0 .036796 .073591 .110387 .147182


-158.641 -118.981 -79.32 -39.66 0
.018398 .055193 .091989 .128785 .16558
Bélula de Carga 04 - 38.1 x 3.05 mm Bélula de Carga 04 - 38.1 x 3.05 mm

Figura 2.68 – Tensão normal no eixo z (MPa) e deslocamento ao logo do eixo z (mm) – M1.

No segundo modelo as cargas são aplicadas desbalanceadas na proporção de 2/1,


Figura 2.69. Metade das cargas com valor de P1=3330N e a outra metade com valor de
P2=1660N. Apesar do uso de um carregamento descentralizado, não se obteve um valor de
tensão normal maior do que o esperado, mesmo chegando próximo dos 186 MPa. A tensão
continua abaixo do limite de escoamento como previsto e a zona para uma melhor obtenção
dos resultados com pouca influência das extremidades continua sendo no centro do tubo de
aço. No terceiro modelo as cargas continuam aplicadas desbalanceadas na proporção de 2/1
sendo 25% das cargas com o valor de P1=3840N e 75% das cargas com o valor de
P2=1920N, Figura 2.70. Para a situação onde o carregamento está concentrado em 25% da
região de apoio da barra de ancoragem, observa-se uma concentração de tensão da ordem de
190 MPa e o restante do modelo com uma tensão de 167 MPa, provando que a melhor região
para instrumentação ainda é o centro do tubo. No último modelo, as cargas continuam
aplicadas desbalanceadas na proporção de 2/1 sendo 12,5% das cargas com o valor de
P1=4340N e o restante das cargas com o valor de P2=2170N, Figura 2.71. Aumentando a
concentração da carga aplicada com o intuito de levar o carregamento ao extremo em relação
ao apoio da barra de ancoragem na chapa de apoio da célula de carga, chega-se a conclusão de
que o centro do corpo do tubo de aço é o local mais apropriado para instrumentação, livrando-
se das influências da concentração de tensões nas extremidades da peça.
56

1
NODAL SOLUTION 1
JUL 12 2005
STEP=1 12:43:55 NODAL SOLUTION
JUL 12 2005
SUB =1 STEP=1 12:47:39
TIME=1 SUB =1
SZ (AVG) TIME=1
RSYS=0 UZ (AVG)
DMX =.220446 RSYS=0
SMN =-208.848 Y DMX =.220446
MX SMX =.185069 Y
Z X
MN X
Z
MX

MN

-208.848 -162.438 -116.027 -69.616 -23.205 0 .041126 .082253 .123379 .164506


-185.643 -139.232 -92.822 -46.411 0
.020563 .06169 .102816 .143943 .185069
@élula de Carga 04 - 38.1 x 3.05 mm @élula de Carga 04 - 38.1 x 3.05 mm

Figura 2.69 – Tensão normal no eixo z (MPa) e deslocamento ao logo do eixo z (mm) – M2.

1
NODAL SOLUTION
JUL 12 2005
1
NODAL SOLUTION
STEP=1 13:03:16 JUL 12 2005
SUB =1 STEP=1 13:06:35
TIME=1 SUB =1
SZ (AVG) TIME=1
RSYS=0 UZ (AVG)
DMX =.21672 RSYS=0
SMN =-214.689 DMX =.21672
Y
MX SMX =.186053
MN Y
Z X MX
X
Z

MN

-214.689 -166.981 -119.272 -71.563 -23.854 0 .041345 .08269 .124036 .165381


-190.835 -143.126 -95.417 -47.709 0
.020673 .062018 .103363 .144708 .186053
@élula de Carga 04 - 38.1 x 3.05 mm @élula de Carga 04 - 38.1 x 3.05 mm

Figura 2.70 – Tensão normal no eixo z (MPa) e deslocamento ao logo do eixo z (mm) – M3.

1
NODAL SOLUTION 1
JUL 12 2005
STEP=1 13:19:22 NODAL SOLUTION
JUL 12 2005
SUB =1 STEP=1 13:22:16
TIME=1 SUB =1
SZ (AVG) TIME=1
RSYS=0 UZ (AVG)
DMX =.191021 RSYS=0
SMN =-200.866 MXY DMX =.191021
SMX =.176873 Y
XMN
Z MX X
Z

MN

-200.866 -156.229 -111.592 -66.955 -22.318


-178.547 -133.91 -89.274 -44.637 0 0 .039305 .07861 .117916 .157221
.019653 .058958 .098263 .137568 .176873
@élula de Carga 04 - 38.1 x 3.05 mm @élula de Carga 04 - 38.1 x 3.05 mm

Figura 2.71 – Tensão normal no do eixo z (MPa) e deslocamento ao logo do eixo z (mm) – M4.

De posse desses dados, o projeto inicial da célula foi alterado em relação a placa de
apoio da barra de ancoragem retirando a parte que fica após o diâmetro externo do tubo, visto
que a mesma seria um obstáculo para instalação da célula-de-carga na cabeça da coluna de
aço estaiada. A nova célula de carga pode ser vista na Figura 2.72.
57

Figura 2.72 - Figura 2.7.4.30– Célula de carga para medição dos esforços nos estais.

Durante a montagem dos ensaios surgiram algumas dificuldades referentes ao peso


próprio, rotação em uma das extremidades da coluna e a falta de espaço para a colocação de
mais uma rótula universal, que foi resolvido alterando o projeto inicial dos pórticos de reação
aumentando o comprimento de dois dos tubos externos de cada pórtico de reação. Nesta fase
foram realizados ensaios variando o nível de protensão aplicado nos estais, da ordem de 0 kN
(sem estais) a 3,00 kN em cada estai. Os resultados a seguir referem-se aos casos em que se
aplicaram os seguintes níveis de protensão: primeiro foi avaliada uma solução sem o uso dos
estais e outra com 0,23 kN em cada estai. A Figura 2.73 mostra os LVDTs da coluna.

5
4
1

9 3
2

11 12

Figura 2.73 - Posicionamento dos LVDTs na coluna.

A carga máxima durante o ensaio da primeira coluna sem estais foi de 10,95kN
próximo ao valor teórico de 11,28kN para uma coluna com imperfeição inicial de 8 mm no
centro do vão obtido no programa Ansys, mais detalhes sobre estas análises serão
apresentados nos próximos parágrafos. O gráfico da Figura 2.74, apresenta curvas de
deslocamento horizontal da coluna em função da carga aplicada pelo atuador hidráulico
(carga externa medida pela célula de carga). A utilização de dois LVDTs paralelos no centro
do vão da coluna foi feita para verificar se ocorre alguma torção durante o carregamento, fato
que não ocorreu. Já o deslizamento que ocorre próximo à carga de 8 kN ocorreu devido à
retirada dos escoramentos provisórios situados nas extremidades da coluna. O deslocamento
vertical não foi expressivo apresentando valores da ordem de 2 mm aproximadamente.
Na coluna com 0,23 kN em cada estai, que foi usada para retirar a folga dos mesmos, a
carga máxima conseguida durante o ensaio foi de 15,64kN aumentando em aproximadamente
40% em relação ao ensaio da coluna sem estais. O gráfico da Figura 2.74, apresenta o
deslocamento horizontal da coluna em função da carga aplicada pelo atuador hidráulico
(carga externa medida pela célula de carga). Neste segundo ensaio a coluna deslocou-se mais
até chegar à carga máxima. Também observou-se que neste ensaio, assim como no anterior,
não ocorreu torção. Já o deslizamento que ocorre próximo à carga de 8 kN ocorreu devido a
58

retirada dos escoramentos provisórios situados nas extremidades da coluna. O deslocamento


vertical também não foi expressivo apresentando valores aproximadamente iguais a 2 mm.

12
LVDT 12 LVDT 1 18

11
LVDT 12 LVDT 1
16
10

9 14
LVDT 3
8
12
LVDT 2
Carga Externa (kN)

Carga Externa (kN)


7 LVDT 2 LVDT 3
LVDT 3
10 LVDT 3
LVDT 2
6 LVDT 2
LVDT 12
LVDT 12
LVDT 1 8
5 LVDT 1

4 6

3
4
2

2
1

0 0
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 -2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34
Deslocamento Horizontal (mm) Deslocamento Horizontal (mm)

Figura 2.74 - Deslocamento horizontal da coluna sem estais e com 0,23kN em cada estai 1a coluna
com cabos.

O primeiro ensaio da segunda coluna foi realizado somente com a coluna principal
sem os estais com o objetivo principal de conhecer a resistência mínima desse sistema
estrutural. O valor de carga suportado pela coluna foi de 9,60 kN, valor abaixo da carga
teórica que é de 11,28 kN. Isso ocorreu devido a uma imperfeição inicial presente na coluna
principal. A Figura 2.75 ilustra o gráfico da carga externa aplicada pelo atuador hidráulico
versus o deslocamento horizontal, onde se pode observar a curva típica de flambagem
elástica. Os resultados dos deslocamentos verticais não são apresentados, pois não apresentam
valores significativos já que a coluna somente deslocou-se na horizontal.

10

16
9
15

14
8
13
LVDT 1 LVDT 12
7 12
LVDT 2 LVDT 3
LVDT 2 LVDT 3 11
LVDT 1 LVDT 12
Craga Externa (kN)

6
10
Carga Externa (kN)

LVDT 3
LVDT 2 9 LVDT 3
Meio do vão 5
LVDT 12 LVDT 2
8
LVDT 3 LVDT 1 Meio do vão LVDT 12
7 LVDT 1
4
LVDT 3
LVDT 2
6

3 LVDT 2
5
1 Quarto do vão
4
2 1 Quarto do vão
3
LVDT 12 LVDT 1
2
1 LVDT 12 LVDT 1
1

0 0
-45 -40 -35 -30 -25 -20 -15 -10 -5 0 -40 -35 -30 -25 -20 -15 -10 -5 0
Deslocamentos (mm) Deslocamentos (mm)

Figura 2.75 – Carga externa versus o deslocamento horizontal, coluna sem estais e com 0,31 kN em
cada estai, 2a coluna com cabos.

Os dois LVDTs posicionados em paralelo, foram instalados no meio do vão da coluna


principal de forma a monitorar o deslocamento horizontal e alguma torção caso existisse, fato
que não ocorreu tendo em vista que as curvas dos LVDTs 2 e 3 estão muito próximas. O
maior deslocamento ocorreu no centro do vão da coluna caracterizando o primeiro modo de
flambagem global da estrutura. Como já previsto pelos ensaios da primeira coluna, uma
pequena diminuição na carga aplicada ocorre por volta dos 8 kN devido à retirada dos apoios
temporários nas extremidades da coluna principal, utilizados para suportar a coluna enquanto
nenhuma carga externa é aplicada na mesma.
O segundo ensaio desta mesma coluna foi realizado com uma carga de protensão de
0,31 kN em cada estai com o objetivo de retirar a folga dos estais e mantê-los simplesmente
esticados sem maiores influências na coluna principal. A carga última de flambagem obtida
durante o ensaio foi de 15,26 kN, ou seja, 59% a mais que no primeiro ensaio, que foi de 9,60
kN, e 35 % a mais que a carga teórica de flambagem que é de 11,28 kN. A Figura 2.76
59

apresenta o gráfico da carga externa aplicada pelo atuador hidráulico versus o deslocamento
horizontal, onde se pode observar a curva típica de flambagem elástica. Assim como no
ensaio sem protensão, os resultados do deslocamento vertical não são apresentados pois não
tiveram valores significativos já que a coluna somente deslocou-se na horizontal. Na Figura
2.76 pode-se observar o comportamento dos estais durante o ensaio da coluna estaiada. O
aumento na protensão nos estais é nitidamente notado pelos estais 2 e 4 localizados do lado
onde ocorreu a flambagem forçando uma restrição no deslocamento lateral da estrutura e
aumentando assim, a sua capacidade portante. A medição dos esforços nos estais foi possível
devido ao bom funcionamento das células de carga projetadas.

16
Estai 01 Estai 03
15

14

13
Estai 02
12
Estai 04
11

10
Carga Externa (kN)

9 Estai 01
Estail 02
Meio do vão 8
Estai 02 Estai 01 Estail 03
7 Estail 04

LVDT 3 5

4
LVDT 2
3

Estai 04 Estai 03 1

0
-0,5 -0,45 -0,4 -0,35 -0,3 -0,25 -0,2 -0,15 -0,1 -0,05 0
Protensão nos Estais (kN)

Figura 2.76 – Curva da carga externa versus a protensão em cada estais da coluna.

A terceira coluna testada foi usada para comparar os resultados em termos de rigidez
dos estais (cabo ou barra). Os testes foram executados variando o nível de protensão nos
estais de 0 até 0,75 kN. O primeiro teste foi conduzido com a coluna principal sem estais. O
objetivo principal desta configuração foi estabelecer a capacidade de carga mínima do sistema
estrutural. A carga última do teste foi igual a 11,43kN, aproximadamente igual a 11,28 kN do
valor teórico. A Figura 2.77 ilustra curvas de carga versus deslocamento lateral para a coluna
onde foi observada uma resposta típica de flambagem elástica. Os dois LVDTs paralelos
localizados no centro da coluna foram usados para monitorar se qualquer torção poderia
ocorrer durante o teste, o que não ocorreu. Durante os testes os deslocamentos laterais foram
máximos no meio do vão, típico do primeiro modo de flambagem elástica.

35
Middle of span

35
LVDT 3
30
Middle of span LVDT 2 LVDT 2 LVDT 1
LVDT 12
LVDT 3 30
Quarter of span 25
LVDT 2
External load (kN)

25 LVDT 12 LVDT 1
Quarter of span LVDT 3
20
External load (kN)

LVDT 2
LVDT 12 LVDT 1 20 LVDT 3
LVDT 12
LVDT 2 15
LVDT 2 LVDT 12 LVDT 1
LVDT 12
15 LVDT 1 LVDT 3
10
10

LVDT 3 LVDT 1
5
5

0
0
-60 -50 -40 -30 -20 -10 0 -60 -50 -40 -30 -20 -10 0 10
Displacements (mm) Displacements (mm)

Figura 2.77 – Carga externa versus o deslocamento horizontal, coluna sem estais e com 0,31 kN em
cada estai, terceira coluna com barras.

O teste seguinte foi feito com um nível de protensão por estai de 0,31 kN com o
objetivo de remover a folga das barras. A carga última deste teste foi igual a 20,94 kN, cerca
de 83% maior do que a do teste sem estais e/ou a carga teórica de flambagem. A Figura 2.78
60

apresenta curvas carga versus deslocamento lateral para este teste onde uma típica resposta de
flambagem elástica foi mais uma vez observada. Também foi interessante observar que os
deslocamentos verticais neste teste foram insignificantes atingindo no máximo 5 mm.
Durante o teste o primeiro modo de flambagem foi mais uma vez observado, como
pode ser visto com os resultados dos LVDTs do meio do vão representados na Figura 2.77. Os
resultados dos LVDTs também indicaram que nenhuma torção foi observada durante os
testes. Semelhante ao teste sem protensão uma pequena queda na carga aplicada ocorreu por
volta de 8 kN. Isto ocorreu devido à remoção dos suportes temporários localizados nas
extremidades de coluna para manter a coluna na posição horizontal antes da carga ser
aplicada.
A carga última do teste com 0,75 kN em cada estai foi igual a 30.96 kN, cerca de
170% maior do que o teste sem protensão e/ou a carga de flambagem teórica. As Figuras 2.78
e 2.79 apresentam curvas carga versus deslocamento lateral para este teste onde uma típica
resposta de flambagem elástica foi mais uma vez observada. Diferente dos testes anteriores,
neste teste, o segundo modo de flambagem foi observado.

35
LVDT 4 LVDT 5 LVDT 3 LVDT 2

30

25
External load (kN)

20 LVDT 3
Middle of span LVDT 2
LVDT 4
LVDT 4

LVDT 5

15 LVDT 5

10
LVDT 3

LVDT 2 5

0
-10 0 10 20 30 40 50 60
Displacements (mm)

Figura 2.78 - Carga versus deslocamento lateral, meio do vão, 0.75kN de protensão.

No meio do vão, o deslocamento vertical da coluna não foi significativo. Os resultados


de LVDTs também indicaram que não houve torção durante os testes. Por outro lado os
LVDTs localizados nos quartos do vão apresentaram deslocamentos verticais significativos
indicando que o segundo modo flambagem ocorreu, fato que pode ser observado na Figura
2.80 onde também foi observada uma perda total de protensão nos estais.

35 35
LVDT 12 LVDT 12

30 30

25 25
LVDT 1
External load (kN)

External load (kN)

LVDT 9
20 20
LVDT 1 LVDT 12
Middle of span LVDT 6 Middle of span LVDT 9
15 15
LVDT 6

LVDT 9

10 10

5 LVDT 1 LVDT 12 5

0 0
-10 0 10 20 30 40 50 60 -60 -50 -40 -30 -20 -10 0 10
Displacements (mm) Displacements (mm)

Figura 2.79 - Carga versus deslocamento lateral, quartos do vão, 0.75kN de protensão.

As colunas de aço com protensão são sistemas estruturais eficazes para situações onde
se precisa suportar cargas a grandes alturas, com rapidez de montagem. A capacidade portante
de uma coluna esbelta de doze metros foi significativamente aumentada com a utilização de
estais protendidos. Esta estratégia reduz efetivamente o comprimento efetivo de flambagem
da coluna em pelo menos 50%, aumentando substancialmente a sua capacidade resistente.
61

Este incremento na resistência ocorre devido ao fato de que os esforços gerados pelos estais
são transferidos para a coluna principal, através de barras soldadas perpendicularmente no vão
central da mesma, criando uma restrição adicional aos deslocamentos.

Figura 2.80 - Segundo modo de flambagem com um nível de protensão igual a 0,75kN.

A simples utilização dos estais, com protensão suficiente para tirar a folga dos cabos
de aço, fez com que a coluna praticamente aumentasse em mais de 40% a sua capacidade de
carga, onde a sua resistência sem estais é de aproximadamente 10 kN (esbeltez  = 400).
A utilização de células de carga para medição dos esforços nos estais é essencial visto
que assim pode-se ter um melhor controle sobre a aplicação da protensão. Com isso, a análise
computacional pôde comprovar o resultado esperado de 50% da tensão admissível do aço para
que o comportamento da célula de carga seja sempre linear. A consideração do
desbalanceamento das cargas foi importante, evitando que esses problemas influenciassem
nos resultados das leituras.
Os testes realizados em escala real aprovam a utilização de estais em colunas esbeltas.
A carga última obtida no ensaio da segunda coluna sem protensão, isto é, sem a utilização dos
estais, foi de 9,60 kN. A carga teórica para a coluna sem estais é de 11,28 kN e o fato da carga
ter sido abaixo pode ser explicado devido à deformação inicial da coluna ter sido alta. É
interessante observar que quando se utilizou os estais com uma protensão suficiente para
retirar a folga dos cabos, da ordem de 0,30 kN, a capacidade de carga da coluna foi
aumentada em 35% comparando-se com a carga teórica, atingindo 15,26 kN de carga última.
Quando comparada com a carga obtida no ensaio sem protensão, a diferença é bem mais
significativa (57%) mostrando a eficácia desse sistema estrutural.
Um aumento substancial de carga última ocorreu na terceira coluna testada. A carga de
teste final sem estais foi de 11,43 kN, valor igual à carga teórica. A carga última do teste para
uma protensão de 0,31 kN em cada estai foi igual a 20,94 kN, cerca de 83% maior do que o
teste sem protensão. Por fim a carga última para uma protensão de 0,75 kN por estai foi igual
a 30.96 kN, cerca de 170% maior do que o teste sem protensão.
O programa experimental desenvolvido teve que ser realizado na horizontal devido às
dimensões da coluna (12 metros) e as restrições do laboratório. Esta configuração por outro
lado gerou deslocamentos excessivos nas colunas devido ao peso próprio que não ocorrem
quando as colunas são usadas na vertical. Como já mostrado antes um cabo foi usado para
compensar o peso próprio e mostrou não influenciar a carga última nem o modo de colapso
nos modelos numéricos equivalentes que foram gerados para determinar sua influência.
Apesar disto os modelos experimentais foram feitos com duas configurações: com o cabo
paralelo aos dois braços chamada de configuração + e com o cabo formando um ângulo de
45o entre dois braços denominada configuração X. Resultados bastante similares foram
encontrados nas duas situações.
62

Um cuidado maior foi tomado nas séries finais de testes onde rótulas foram usadas nos
dois extremos das colunas, pois nos ensaios preliminares, onde somente uma rótula foi usada
foram obtidos resultados onde uma das extremidades apresentou condições de engastamento
parcial influenciando os resultados. A aplicação da protensão por si só demandou o
desenvolvimento de um procedimento para balancear a carga entre os quatro estais e
possibilitar um ajuste fino de modo a determinar sua influência sobre a carga última da coluna
estudada. Para tal, esticadores e parafusos com rosca foram usados e mostraram que a
protensão deve ser executada por etapas em cabos diametralmente opostos para não induzir
por si só, colapsos prematuros somente com sua aplicação e as imperfeições geradas.
O ensaio demandou uma instrumentação não trivial. Como os tubos tinhas seções
circulares foi necessário o uso de dois LVDTs dispostos em um ângulo de 90o por ponto onde
os deslocamentos deveriam der monitorados. Com a combinação dos resultados destes dois
LVDTs, os deslocamentos deste ponto em qualquer direção podem ser obtidos. Os tubos
secundários e o tubo principal também foram monitorados com quatro extensômetros lineares
dispostos nas seções dos tubos para aferir os esforços axiais e eliminar efeitos de flexão
secundários.
A determinação da carga nas colunas inicialmente foi feita com duas células de carga.
A primeira foi situada entre a placa de protensão e o atuador hidráulico medindo a carga
aplicada enquanto a segunda foi localizada entre a placa de protensão e a extremidade da
coluna medindo por diferença com a primeira célula a protensão aplicada. Apesar disto,
notou-se que os cabos e as barras, à medida que os testes desenvolviam-se possuíam cargas
diferentes. Isto gerou a necessidade do desenvolvimento de células de carga individuais para
cada cabo ou barra para sua monitoração individual. Estas células tiveram um desempenho
adequado e possibilitaram a detecção de possíveis desbalanceamentos entre os estais, para a
correta aplicação da protensão e para determinar o desempenho individual de cada cabo, ou
barra, durante os ensaios.

e. Avaliação de ligações semirrígidas com cantoneiras no eixo de maior inércia

O programa experimental consistiu de três ensaios de ligação efetuados para elucidar


seu comportamento estrutural e identificar suas curvas momento versus rotação, [33], [34]. A
configuração de um teste típico da ligação é representada na Figura 2.81. As vigas e colunas
testadas usaram perfis tipo I 10"x 37,7 x 1500 mm e WWF-300 x 56,5 x 1700 mm,
respectivamente. O primeiro teste usou cantoneiras de 127 x 127 x 9.5 mm e 127 x 89 x 9.5
mm, enquanto o segundo e terceiro teste usaram cantoneiras de 127 x 127 x 12,7 mm. As
colunas (fy = 371 MPa, Fu = 494 MPa), vigas, (fy = 309 MPa, fu = 419 MPa) e cantoneiras, (fy
= 327 MPa, fu = 506 MPa) usaram aços ASTM A36 grau. Todas as ligações testadas usaram
parafusos de alta resistência, ASTM A325 com 19.05 mm de diâmetro. A primeira ligação
testada adotou 15 parafusos enquanto o segundo e terceiros testes usaram apenas 10
parafusos. Uma placa de reforço de 6,35 mm de espessura foi usada no terceiro teste soldada
no topo das cantoneiras de alma. As amostras foram testadas até o seu colapso ou estado
limite de utilização com incrementos de carga estática monotônicos.
O término do primeiro ensaio ocorreu para a carga de 35,5 kN, quando as cantoneiras
não suportaram mais a ação da aplicação de cargas e plastificaram-se, Figura 2.82. O término
do segundo ensaio ocorreu para o valor de carga de 38,25 kN, quando os parafusos
localizados na ligação da cantoneira de apoio com a mesa inferior da viga não suportaram
mais a ação da aplicação de cargas e romperam-se por corte. No segundo ensaio, o
esmagamento da chapa da alma da viga, também pode ser observado. O término do terceiro
ensaio ocorreu para um valor de carga aplicada de 41.94 kN, por excesso de deformação da
viga , Figura 2.82.
63

12.5
12.5 275 12.5 Beam - I 10"x37.7kg/m
(t w = 8, b f = 118)
12.5 95 32 51 51
23
32
t w = 9.5
60
184 d = 254
h
60

12.5 32 Vd M t w =8
d

47 70
76 t s = 9.5
51 44 Angle - 127 x 89 x 9.5
120
Ls
Angle - 127 x 127 x 9.5
b f =200

Column- CVS 300x56.5kg/m


t w = 8, bf = 200

Figura 2.81 - Configuração dos ensaios da ligação.

Figura 2.82 - Configuração global deformada, ensaio 1, Modo de ruína por cisalhamento dos parafusos
inferiores ensaio 2, configuração final da ligação, ensaio 3.

Os valores dos deslocamentos foram obtidos através de LVDTs e relógios


comparadores, Figura 2.83. Para comparar e avaliar os erros envolvidos na avaliação das
rotações relativas, um sistema óptico de medição foi usada. Para o primeiro teste, um conjunto
de dispositivos de laser foi usado enquanto no segundo e terceiro testes, dois dispositivos
topográficos de medição foram adotados, Figura 2.83.
Vertical Board
2.585 m
Topography Equipment
Mirror

Topography Equipment
Mirror
2.66 m

1.15 m

1.40 m

Figura 2.83 - Layout de teste final & sistema de medição de rotação.

Curvas carga versus deslocamento típicas dos modelos testados são ilustradas na
Figura 2.84, onde é possível observar que a carga última aumentou do primeiro ao último
teste. A Figura 2.84, também apresenta as curvas momento versus rotação relativa para os
testes. As rotações apresentadas nestas curvas foram obtidas através de dois métodos. O
primeiro método usou os deslocamentos obtidos com transdutores elétricos e relógios
comparadores combinados com o uso de conceitos simples de geometria e de mecânica
estrutural. O segundo método usou o sistema ótico descrito anteriormente. Uma parte
significativa da diferença observada usando os dois sistemas ocorreu devido ao fato de que o
64

sistema ótico de medição foi operado manualmente enquanto a carga e dados dos LVDTs
foram obtidos através de um sistema automático de aquisição de dados.
60.00

40.00

Bending Moment ( kN x m )
30.00
40.00
Load ( kN )

20.00

Test 1 - LVDT 86 (+) 20.00


Test 1 - [ LVDT 86 x LVDT 83,84 (

Laser Pen (
)

10.00
Test 2 - LVDT 83

Test 3 - LVDT 83
(

(
)

)
Test 2 -
[ Dial 2 x LVDT 84,85

Theodolite x Nivel
(

(
)

Test 3 -
[ Dial 5 x LVDT 84,85

Nível
(

(
)

+)
0.00 0.00

0.00 10.00 20.00 30.00 40.00 50.00 0.00 40.00 80.00 120.00 160.00
Displacements ( mm ) Rotation ( rad/1000 )

Figura 2.84 - Carga versus deslocamento & momento versus rotação.

Na prática de engenharia é importante classificar as ligações de acordo com sua


capacidade de transmissão do momento ou, em outras palavras, se elas são rígidas,
semirrígidas ou flexíveis. Dois sistemas clássicos de classificação foram adotados o do
Eurocode 3 [19], e o proposto por Bjorhovde em 1990. Os gráficos ilustrados na Figura 2.85,
permitem concluir que as três ligações testadas são classificadas como semirrígidas.
1.00 1.00
Rigid
Test 1 - ( )
Test 1 - ( )
Test 2 - ( ) Rigid Test 2 - ( )
0.80 Test 3 - ( ) 0.80 Test 3 - ( )

0.67 ______ Unbraced


Moment ( M/Mbp )

Moment ( M/Mbp )

0.60 Semi-Rigid --------- Braced


0.60
Ductility Required

0.40
0.40
Semi-Rigid

0.20
0.20

Pinned
Pinned
0.00
0.00
0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00
r 0.00 1.00 2.00 r
__________
3.00 4.00
Rotation ( __________ ) Rotation ( )
M bp L b Mbp 5d
________ ________

E Ib E Ib

Figura 2.85 - Sistemas de classificação de ligações, Eurocode 3 e Bjorhovde.

A medida das deformações foi feita através de seis extensômetros elétricos lineares na
cantoneira de apoio e oito extensômetros elétricos lineares em cada cantoneira de alma,
Figura 2.86.

Figura 2.86 - Extensômetros lineares usados nas cantoneiras de apoio e na de alma.

A seguir apresentam-se os gráficos carga aplicada versus deformação normalizada,


/y. A Figura 2.87, mostra os resultados dos extensômetros 0 a 3. Todos os extensômetros
65

plastificaram-se para valores de carregamento de aproximadamente 25 kN, indicando o início


da formação de um mecanismo plástico.

Figura 2.87 - Carga versus deformação normalizada, cantoneira de apoio, ensaio 3.

Os extensômetros elétricos lineares da cantoneira de alma do lado esquerdo e do lado


direito, estão presentes na Figura 2.88. Os extensômetros 6 e 20, posicionados na cantoneira
de alma do lado esquerdo, praticamente atingiram a sua plastificação para a carga máxima
aplicada no ensaio. O que sugere que a placa soldada à cantoneira, diminui significativamente
as deformações por flexão por ela imposta. Todos os outros extensômetros apresentaram
resultados pouco significativos.

Figura 2.88 - Carga versus deformação normalizada, cantoneira de alma, ensaio 3.

Um programa experimental foi realizado para determinar as curvas momento versus


rotação e a capacidade de flexão de ligações aparafusadas de aço semirrígidas usando
cantoneiras de alma e de apoio. Os sistemas de medição da rotação relativa tiveram uma
resposta satisfatória. A curva momento versus rotação obtida apresentou um comportamento
não linear em todos os testes realizados. A capacidade de flexão destas ligações foi
consistente para uso em edifícios residenciais com poucos pavimentos. No que tange a carga
última, a qual no primeiro ensaio foi de 35,51kN e no segundo ensaio foi de 38,25 kN,
verificou-se um aumento da ordem de 7,7%, o que é um acréscimo razoável, porém em
relação à rigidez inicial, este acréscimo é bastante significativo o qual foi da ordem de 297%,
devido principalmente à redução das distâncias dos parafusos em relação à alma da coluna,
como também ao aumento da espessura da cantoneira.
O terceiro ensaio apresentou ganho de resistência e rigidez inicial igual a 9,7% e
16,2%, respectivamente, quando comparados com os resultados obtidos com o segundo
ensaio. Isto ocorreu devido ao uso de chapa de reforço no topo superior das cantoneiras de
alma. A chapa utilizada deslocou o centro de gravidade das forças transmitidas pela viga na
cantoneira de alma e, consequentemente, diminuiu a força por corte na cantoneira de apoio.
Este fato fez com que os parafusos fossem menos solicitados e alterou o comportamento
66

último da ligação, associado à deformação excessiva na viga, esmagamento das chapas das
cantoneiras de alma e apoio e deformações por flechas das cantoneiras.
A ligação estudada suscitou o desenvolvimento de um sistema de instrumentação para
medição da rotação relativa entre a viga e a coluna e das deformações nos seus elementos
principais. O modelo experimental adotado composto por uma coluna fixa na base e
atirantada no seu topo foi ligada a viga por duas cantoneiras de alma e uma de assento.
Ressalta-se que no terceiro ensaio, a cantoneira de assento foi enrijecida para aumentar a
rigidez à rotação. Na extremidade livre da viga foi usado um atuador hidráulico e uma caixa
de roletes e uma célula de carga para a aplicação monotônica e monitoração do carregamento.
A medição das deformações foi feita com rosetas e extensômetros lineares na viga e
nas cantoneiras possibilitando uma avaliação da evolução das distribuições de tensões nestes
elementos à medida que o carregamento era aplicado. Por outro lado, a medida da rotação
relativa entre a viga e a coluna gerou a necessidade de redundâncias para a sua correta
avaliação. Sua aferição foi feita através da diminuição entre a rotação da viga e a da coluna. A
rotação da coluna foi determinada com leituras de LVDTs e relógios comparadores
posicionados nestes elementos. Por outro lado, a rotação da viga foi feita por três métodos. O
primeiro, e mais convencional, usou leituras de LVDTs e relógios comparadores instalados
nestes elementos, sempre tendo em mente que a flecha da viga nestes pontos também deveria
ser descontada. No segundo e terceiro métodos foram utilizados sistemas com espelhos,
réguas graduadas e canetas laser (no segundo) e teodolitos (no terceiro) para aferir estas
leituras. Apesar de que, de forma qualitativa, os três métodos terem conduzido a resultados
compatíveis, a precisão dos dois últimos métodos foi prejudicada pela leitura manual que não
conseguiu acompanhar a aplicação da carga em fases avançadas do carregamento.
Este fato só veio a confirmar um dos principais requisitos de uma boa análise
experimental, ou seja, a redundância das medidas. Por outro lado, o uso do reforço da
cantoneira de assento mostrou-se bastante eficaz aumentando a rigidez e mudando o estado
limite último que controla o dimensionamento desta ligação, da deformação das cantoneiras
para o corte do parafuso presente na interface entre a mesa inferior da viga e a aba da
cantoneira de assento. Ficou também evidente que isto poderia ser substancialmente
melhorado com o uso de um calço posicionado na abertura entre a mesa da viga e a mesa da
coluna ou pelo uso de parafusos com maior diâmetro.

f. Avaliação de ligações semirrígidas com cantoneiras na menor inércia

Quando ligações viga coluna no eixo menor inércia da coluna são consideradas no
processo de dimensionamento, supõe-se que seu comportamento seja rotulado, porém, isto
não ocorre na grande maioria das ligações estruturais. O comportamento de ligações viga
coluna pode ser avaliado com a ajuda do método das componentes do Eurocode 3, [19]. Do
ponto de vista teórico, ele pode ser aplicado a qualquer tipo de ligação, desde que as
componentes básicas de força e deformação estejam devidamente identificadas e modeladas
[8]. Um modelo de componentes típico para uma ligação na menor-inércia composta por
dupla cantoneira de alma e cantoneira de apoio é ilustrado na Figura 2.89.
A ausência de uma alma central enrijecida nas ligações no eixo de menor inércia
implica que a alma da coluna deve resistir às forças de tração e compressão decorrentes das
mesas da viga em flexão, semelhante a uma placa apoiada em seus bordos verticais. Esta fonte
adicional de deformação é representada pela nova componente 21, introduzida por esta
investigação [35] - [39]. A avaliação desta componente está diretamente relacionada à largura
efetiva da alma da coluna (beff,1), apresentada na Figura 2.90. A região carregada é delimitada
pelas dimensões b e c da Figura 2.90, que contém a largura efetiva usada na componente alma
da coluna em flexão. No entanto, devido à presença do enrijecedor, esta largura efetiva (beff,2)
devem ser reavaliada. É importante observar que o comportamento desta componente não é
67

ainda considerado no Eurocode 3. A presente investigação envolveu experimentos de


fotoelasticidade por reflexão que mais tarde foram comparados com simulações numéricas.
Com estes resultados foi possível avaliar o valor correto da largura efetiva a considerar no
comportamento de componente. O programa experimental foi desenvolvido na PUC-Rio,
Brasil. Uma das contribuições mais significativas do programa experimental foi o uso de uma
placa de fotoelasticidade por reflexão na alma da coluna para auxiliar no entendimento do
comportamento global da componente alma da coluna carregada para fora do plano.

zona de tração

zona de compressão

Figura 2.89 – Caracterização das componentes de ligações viga coluna no eixo de menor inércia.
300 300
12.5 275 12.5 12.5 275 12.5

L
118
118

m m
beff1
c c
beff2 45.5
b  55.7 b
8 8
d1 D d1 D

d2 d2

70 32 44 44 32 70 70 32 44 44 32 70

120 60 120 120 60 120

96 96

Figura 2.90 – Caracterização da largura efetiva da alma da coluna carregada para fora do plano.

Muitos materiais não-cristalinos transparentes que são opticamente isotrópicos quando


livre de tensão, tornam-se opticamente anisotrópicos e exibem características semelhantes a
cristais sob tensão. Estas características persistem enquanto as cargas do material são
mantidas, mas tendem a desaparecer quando elas são removidas. Este comportamento é
conhecido como dupla refração temporária (índices diferentes de refração nos planos que
passam em qualquer ponto do modelo). A fotoelasticidade baseia-se nesta propriedade física
particular de materiais transparentes não-cristalinos, [40] - [42]. Para um material opticamente
isotrópico, os três índices de refração principais são iguais em todas as direções da luz que se
propaga através do material.
A fotoelasticidade é utilizada para a determinação qualitativa de tensões em
componentes estruturais, identificando os pontos chave (onde ocorrem concentrações de
tensões) e as direções principais para uma posterior análise com extensômetros. Dois tipos de
fotoelasticidade podem ser usados: por refração ou por reflexão. Neste trabalho, foi utilizada a
técnica de fotoelasticidade por reflexão. Esta técnica utiliza um instrumento óptico conhecido
como polariscópio que utiliza as propriedades de uma luz polarizada. Estudos de análise de
tensão experimentais frequentemente empregam polariscópios planos e circulares. A
configuração de montagem do sistema contendo o polariscópio e os filtros de polarização
estão ilustrados na Figura 2.91 e produz no modelo padrões de franja em uma escala variando
o tom entre o preto e o branco passando por níveis de cinza intermediários. A diferença entre
as tensões principais, 1 - 2 pode ser determinada em um modelo bidimensional se a ordem
68

da franja N for medida em cada ponto de modelo. Além disso, os eixos óticos do modelo
coincidem com as direções principais das tensões. Estes dois fatos podem ser efetivamente
utilizados para determinar a diferença 1 - 2 se um método para medir as propriedades
ópticas do modelo sob tensão tiver sido estabelecido.

 2pl  1pl

Slow Model Location
Fast axis axis (with photoelastic
reflection plate)
Second quarter- /4 /4
wave plate
photoelastic
reflection plate
Fast axis
Slow /4
A axis
/4
Axis of
z polarization
Analyzer First quarter-
(linear polarizer) wave plate
P
Axis of polarization

Polarizer
(linear polarizer)
light source

Figura 2.91 - Disposição dos elementos ópticos em um polariscópio circular, [41].

Quando uma luz monocromática é usada, o padrão de franja aparece no modelo como
uma série de franjas escuras pois a intensidade da luz é zero. No entanto, quando um modelo é
observado com luz branca (todos os comprimentos de onda do espectro visível presente), o
padrão de franja isocromática torna-se colorido. A intensidade da luz é zero, e uma franja
negra só aparece quando a diferença entre as tensões principais é zero. Como já foi
estabelecida uma ordem de franja em qualquer ponto do modelo, é possível calcular 1 - 2 e
2 - 1. Os valores das deformações de franja f mantém-se constantes independentemente
das deformações plásticas que estão ocorrendo no modelo, [40] - [42].
A investigação experimental contemplou três testes em uma viga em balanço sob a
ação de uma carga concentrada em sua extremidade livre, Figura 2.92. Esta Figura também
apresenta uma vista superior da deformação residual na alma da coluna no primeiro teste e as
charneiras plásticas que se desenvolveram na alma da coluna. As vigas (tipo I) e as
cantoneiras usaram perfis laminados e a coluna adotou uma seção de aço soldada (tipo CVS).

Figura 2.92 – Configuração experimental, deformação e charneiras plásticas na alma da coluna,


primeiro teste.

Os perfis de aço utilizados nos três ensaios experimentais são detalhados na Tabela
2.5. Os parafusos utilizados na ligação eram do tipo de alta resistência ASTM A325 com
19,05 mm de diâmetro. O aço das colunas teve 250 MPa de tensão de escoamento enquanto as
vigas e as cantoneiras adotaram um aço ASTM A36. As tensões de escoamento e de ruptura a
tração medidas na viga, na coluna, nas cantoneiras do primeiro teste e demais cantoneiras
foram: 364 MPa, 497 MPa, 309 MPa, 419 MPa, 325 MPa, 472 MPa, 417 MPa e 528 MPa,
respectivamente. No primeiro ensaio, devido à flexibilidade da placa de alma, grandes
69

deformações ocorreram. A máxima carga aplicada atingiu 25,3 kN (correspondente a um


momento na ligação de 38,0 kNm) quando a célula de carga soltou-se devido à grande rotação
presente no final da viga em balanço.

Tabela 2.5 – Características geométricas dos ensaios.

Teste Viga Coluna Cantoneira de apoio Dupla cantoneira de alma

1 I 254x 37,7 HEA 300  76 x 76 x 9,5   76 x 76 x 9,5

2 I 254x 37,7 HEA 300 Placa 270 x 90 x 9,5   127 x 76 x 9,5

3 I 254x 37,7 HEA 300 Placa 270 x 90 x 9,5   127x 76 x 9,5

O detalhe da primeira ligação testada é ilustrado na Figura 2.93. Nos testes da segunda
e terceira ligação, foi adotado um enrijecedor substituindo a cantoneira de assento e
cantoneiras de alma com abas desiguais (127 x 76 x 9.5 mm) para facilitar a montagem, a
Figura 2.94. No terceiro ensaio, um enrijecedor foi usado na alma da coluna perto da mesa
superior da viga.

Figura 2.93 - Detalhe da primeira ligação testada (dimensões em mm).

Figura 2.94 - Detalhe da segunda ligação testada (dimensões em mm).

Na Figura 2.95 são apresentados os deslocamentos máximos na linha de centro da


alma da coluna e as deformações nas cantoneiras de alma que atingiram a deformação de
escoamento em uma carga de aproximadamente 15,0 kN indicando a formação de uma
charneira plástica. O deslocamento da alma da coluna e as deformações nas cantoneiras de
alma para o segundo teste são mostrados na Figura 2.96. Neste teste, ao contrário do primeiro
ensaio, a deformação correspondente ao escoamento não foi alcançada. Curvas momento
versus rotação para todos os experimentos são apresentadas na Figura 2.97.
70

Figura 2.95 – Deslocamentos na alma da coluna e deformações nas cantoneiras de alma, primeiro
teste.

Figura 2.96 – Deslocamentos na alma da coluna e deformações nas cantoneiras de alma, segundo teste.

Figura 2.97 - Curvas momento versus rotação dos testes & posição dos LVDTs, 1º teste.

A investigação experimental prosseguiu com mais um teste realizado no eixo de


menor da coluna, Figuras 2.98 e 2.99. As vigas e as cantoneiras foram feitas de seções de aço
laminadas (S 10 "x37,7 e 127x76x9,5 L). A coluna usada foi uma seção de aço soldada, CVS
300x56.5. A espessura do enrijecedor foi igual a 8 mm, Figura 2.98. Uma placa fotoelástica
PS-1B 10"x 20" foi cortada e colada na face livre da alma da coluna como ilustrado na Figura
2.100. Nesta imagem pode ser observado que foram inseridos furos na placa fotoelástica para
acomodar os parafusos da ligação.

Figura 2.98 - Configuração experimental original e deformada.


71

Top Stiffener Column CVS300x56,5 300


(270x90x9,5) (similar W310x60) 12,5 275 12,5

Beam I10" x 37,7


118
5 12,5

9,5 10,5
32

184 120
229 254

32
Md
75 52
34.5
Vd 70 32 44 44 32 70

9,5 12,5
52 38 120 60 120
Double web angle (127x76x9,5)

Photoelastic
plate Bottom Stiffener
(270x90x9,5)

96 8 96

Figura 2.99 - Configuração experimental da ligação com a placa fotoelástica.


250
75.1 96.5 78.4

48.8
49.6
Ø = 50

120.3
119.5

300
130.9

130.9
77.1 95.3 77.6

Figura 2.100 - Dimensões da placa Fotoelástica.

A instrumentação usada no teste está apresentada na Figura 2.101. A carga foi


aplicada com o auxílio de atuador hidráulico enquanto os deslocamentos foram medidos com
LVDTs. A carga última do ensaio foi de 25,0kN produzindo um momento na ligação de 35,9
kNm. Curvas carga versus deslocamento e momento versus rotação para este teste são
apresentadas na Figura 2.102.

Photoelastic Plate

Polarizer &
Wave Plate

White Light
Analyser &
Wave Plate

Camera

Figura 2.101 - Instrumentação da ligação com a placa fotoelástica.

30 40
Bending Moment (kN)

25 35
30
20
Load (kN)

25
15 20
10 15
10
5
5
0 0
0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.00 20.00 40.00 60.00 80.00
Displacement (m) Rotation (mrad)

Figura 2.102 - Carga versus deslocamento e momento versus rotação para o ensaio com placa
fotoelástica.
72

Para identificar as cores que representam a mudança da ordem de franja, foi realizado
um ensaio de uma viga simplesmente apoiada com o material fotoelástico pois sua resposta
estrutural linear permitiu a calibração do padrão linear das franjas, Figura 2.103. Esta
calibração serviu como dado de entrada para identificação da distribuição de franjas
isocromáticas na imagem do modelo deformado de acordo com o padrão de cores de imagens
de pixel RGB.

N=0

N=2

N=3
N=1
Figura 2.103 - Calibração de cor para um padrão de franja conhecido.

A Figura 2.104 apresenta duas alternativas diferentes para visualizar as franjas


isocromáticas. O primeiro caso usa uma fonte de luz branca, produzindo um padrão de franja
coloridas. A segunda alternativa adota um filtro gerando um padrão de franja em escala de
cinza que produziu uma melhor visualização do padrão de franjas.

Área a ser
analisada

a) luz branca b) luz monocromática


Figura 2.104 – Padrão de franjas isocromática na carga última.

A Figura 2.105 apresenta a evolução do padrão de franja em três níveis de carga


aplicada na extremidade livre da viga, ou seja, 3, 4 e 5 kN, respectivamente.

(a) Carga = 3 kN (b) Carga = 4 kN (b) Carga = 5 kN


Figura 2.105 – Padrão de franjas isocromática em níveis de carga.
73

Quando a carga aplicada atingiu 12 kN, a identificação da ordem isocromática das


franjas só foi possível com a luz monocromática. Nesta etapa do carregamento, a ordem de
franja é igual a seis (N = 6) como foi observado junto aos parafusos, Figura 2.106. Mais uma
vez, a região superior próxima dos parafusos foi a região da alma da coluna com maior
concentração de tensões. Quando a carga aplicada atingiu o valor de 24 kN, a Figura 2.107 a
identificação de ordem de franja tornou-se difícil devido à grande proximidade entre as
franjas. Uma análise das Figuras anteriores indicou que a alma da coluna pode ser modelada
como uma placa retangular carregada pelos parafusos.

N = 6,000
N = 5,000
N = 4,000

N = 3,000

N = 1,000
N = 0,000

Figura 2.106 – Padrão de franjas isocromática em um nível de carga de 12 kN.

Figura 2.107 – Padrão de franjas isocromática em um nível de carga de 24 kN.

A presente investigação usou a fotoelasticidade por reflexão para determinar a


distribuição de tensões na alma da coluna de ligações semirrígidas no eixo de menor inércia.
Esta técnica, apesar de amplamente utilizada para a determinação de distribuições de tensões
em outras aplicações foi utilizada pela primeira vez nesta investigação em ligações
semirrígidas. A fotoelasticidade por reflexão determina qualitativamente a distribuição de
tensões em qualquer componente estrutural. Ele pode ser muito útil para estabelecer os pontos
críticos onde extensômetros poderão ser posicionados permitindo uma melhor avaliação das
tensões estruturais e deformações. Por outro lado, a utilização da técnica de fotoelasticidade
por reflexão pode fornecer, em cada fase de carga, uma fotografia instantânea da distribuição
de tensões na alma.
A ligação testada teve uma configuração semelhante ao modelo apresentado no item
anterior somente com a mudança do eixo da coluna da maior para a menor inércia. Esta
ligação também suscitou o desenvolvimento de um sistema de instrumentação para medição
da rotação relativa entre a viga e a coluna e das deformações nos seus elementos principais. O
modelo experimental adotado foi, mais uma vez, composto por uma coluna fixa na base e
atirantada no seu topo e foi ligada a viga por duas cantoneiras de alma e uma de assento.
Ressalta-se que no segundo e terceiro ensaios a cantoneira de assento foi substituída por um
enrijecedor soldado às mesas e a alma da coluna para aumentar a rigidez à rotação. Na
extremidade livre da viga foi usado um atuador hidráulico e uma caixa de roletes e uma célula
de carga para a aplicação monotônica e monitoração do carregamento.
74

A medição das deformações foi feita com rosetas e extensômetros lineares na viga e
nas cantoneiras possibilitando uma avaliação da evolução das distribuições de tensões nestes
elementos à medida que o carregamento era aplicado. Um sistema inovador de monitoração
da distribuição de tensões na alma da coluna foi usado em um quarto ensaio subsequente
baseado em técnicas de fotoelasticidade por reflexão. Este sistema permitiu acessar de forma
qualitativa a evolução das tensões na alma da coluna e, em conjunto com os resultados dos
extensômetros, permitiu determinar os pontos onde as maiores tensões concentravam-se.
A aferição da rotação relativa entre a viga e a coluna foi feita através da diminuição
entre a rotação da viga e a da coluna. A rotação da coluna foi determinada através de leituras
de LVDTs e relógios comparadores posicionados nestes elementos. Nestes ensaios, a rotação
da viga foi feita de modo convencional com leituras de LVDTs e relógios comparadores
instalados nestes elementos, sempre tendo em mente que a flecha da viga nestes pontos
também deveria ser descontada. O uso do enrijecedor ao invés da cantoneira de assento
mostrou-se bastante eficaz aumentando a rigidez da ligação.

g. Avaliação de ligações semirrígidas com placas de extremidade na menor inércia

Foram efetuados ensaios estáticos monotônicos sobre nós segundo o eixo de menor
inércia, em que a viga I é conectada por uma placa de extremidade à alma da coluna com a
geometria indicada na Figura 2.108. Na zona superior da ligação existem duas linhas de
parafusos, [43] - [46].

Figura 2.108 – Configuração l: Ligação viga coluna no eixo de menor inércia entre perfis laminados.

Os ensaios foram divididos em séries: Série 1 – Ensaios estáticos monotônicos de


configurações do tipo da Figura 2.108 – tipo 1, para momento positivo e para momento
negativo, num total de cinco ensaios; Série 2 – Ensaios estáticos monotônicos das
configurações da série 1, mas com colunas mistas, ou seja, pilares em aço revestidos com
concreto armado. Os ensaios foram realizados para momento positivo e negativo, totalizando
quatro ensaios. A Tabela 2.6 resume o programa de ensaios, indicando os perfis das viga e das
coluna, o carregamento e a série a que pertencem. O momento negativo corresponde a um
carregamento de cima para baixo na Figura 2.109, tracionando a mesa superior da viga.

Tabela 2.6 – Programa de ensaios.

ENSAIO COLUNA VIGA TIPO CARREGAMENTO SÉRIE


E0 HEA 220 IPE 200 METÁLICO M- 1
E1 M- 1
HEA 220 IPE 200 METÁLICO
E2 M+ 1
E4 M- 1
IPE 330 IPE 240 METÁLICO
E5 M+ 1
E7 M- 2
HEA 220 IPE 200 MISTO
E8 M+ 2
E 10 M- 2
IPE 330 IPE 240 MISTO
E 11 M+ 2
75

Os materiais especificados no projeto foram o aço S275 para todos os perfis I ou H, e


para as chapas. Nos perfis ocos foi especificado o aço S355, e nos parafusos e barras
rosqueadas, a classe 10.9. Os parafusos foram protendidos com uma chave dinamométrica,
com um momento de aperto de 150 Nm. Os ensaios foram efetuados como ilustrado na Figura
2.109. Utilizou-se um pórtico de carga (cujas vigas e colunas são perfis HEB300) suportando
o topo da coluna, e uma parede de reação servindo de apoio ao sistema de aplicação de carga.
Para traduzir a situação real de restrição à rotação das mesas numa estrutura tridimensional,
tornou-se necessário prever a existência de vigas IPE 200 na direção da maior inércia da
coluna. Para corrigir a assimetria do eixo da parede relativamente ao centro do pórtico, criou-
se um trecho da viga de maior inércia mais rígido - HEA240.
2

LEGENDA HEA 800

6 UPN 140

1 - Modelo PÓRTICO DE CARGA


2

2 - Pórtico de carga
9
1
4 - Vigas de eixo forte 6
8
LEGENDA
1,2 4 1,2
5 - Base do pilar HEA 240 IPE 200 IPE 200 IPE 200 IPE 200 1 - Modelo

6 - Suporte superior do pilar 2 - Pórtico de carga


1
3 - Sistema de aplicação de carga
IPE 200

5 - Base do pilar
HEA 220

6 - Suporte superior do pilar

7 - Suporte do actuador
5
8 - Actuador hidráulico
5
9 - Parede de reacção

Figura 2.109 – Pórtico de carga e esquema dos ensaios na direção Y e X.

Na direção perpendicular (direção X) ,existe a viga carregada, ligada à alma da coluna


na configuração 1 ou a uma das faces do perfil retangular oco na configuração 2. O
carregamento foi aplicado através de um atuador hidráulico com capacidade de 200 kN e
curso de 200 mm. Este curso do atuador é uma condicionante muito importante, pois o tipo de
nó ensaiado pode sofrer grandes rotações na fase pós-plástica. No presente trabalho foi
possível atingir rotações no nó da ordem de 200 mrad em ensaios monotônicos. O apoio do
atuador foi idealizado recorrendo a uma viga em balanço de grande rigidez, fixa por protensão
a uma parede de reação por de 12 barras DYWIDAG,  36 mm. Este atuador tem nas duas
extremidades peças em aço articuladas em torno do eixo de direção Y. Fica assim constituído
um sistema capaz de acomodar não apenas o deslocamento vertical da extremidade da viga,
mas também, a componente horizontal não desprezável do deslocamento em fases avançadas
do ensaio. A coluna é suportada na base por um sistema articulado - Figura 2.110(a) - fixo em
uma sapata em concreto armado.
Na extremidade superior a coluna é ligada ao pórtico de carga através de uma peça
bipartida - Figura 2.110(b) - idealizada de forma a facilitar a montagem das estruturas,
permitir a rotação da seção do topo da coluna e ainda alojar, se necessário, uma célula de
carga. O pórtico de carga, a parede de reação e a sapata antes da concretagem podem ser
vistos na Figura 2.110(c). Nesta pode-se ver, nos detalhes inseridos, a ancoragem da rótula no
concreto e um aspecto da montagem de uma coluna.
A aplicação de carga é habitualmente efetuada de acordo com um procedimento de
controle de carga ou de deslocamento. O primeiro usa-se quando se pretende impor uma força
de valor previamente conhecido, avaliar a carga máxima suportada por um modelo, ou quando
os modelos têm um comportamento de rigidez sempre positiva e pouco variável, em fase
elástica ou não. O segundo procedimento permite acompanhar o comportamento de um
material com fases de comportamento de rigidez pequena, nula ou mesmo amortecimento. É,
portanto o mais indicado em fases de comportamento plástico de estruturas. Com o
equipamento disponível, a aplicação da solicitação sobre os modelos pode ser feita por
qualquer um dos dois processos acima indicados, ou por combinação de ambos.
A Figura 2.111 mostra a história de carregamento utilizada nos ensaios. Em todos os
ensaios começou por se aplicar uma carga de 5 kN (fase elástica) seguida de descarga total,
76

para que se processassem todos os ajustes no modelo, e sempre com controle de carga (trecho
A e B). Em seguida, aplicavam-se sucessivas cargas (sempre com controle de deslocamento) e
descargas até cerca de 5 kN (sempre com controle de carga), até que a última carga
conduzisse à ruptura ou ao limite do curso do atuador (correspondente a uma rotação na
ligação de 200 mrad) – trecho G. O número de descargas variou com o desempenho do
modelo e foi de pelo menos uma. É importante notar que estas cargas e descargas permitem
medir a rigidez inicial do nó.

(a) – Rótula da base (b) – Peça de apoio no topo

(c) – Vista geral do pórtico de carga


Figura 2.110 – Pórtico de carga, parede de reação e sapata de concreto armado.

As amplitudes de rotações correspondentes às descargas consideradas foram da ordem


de 90 mrad (para os ensaios de menor inércia metálicos). As medições tiveram como objetivo
avaliar as principais propriedades mecânicas dos nós: a resistência, a rigidez, os níveis de
tensão e a deformabilidade de cada componente, de forma a estabelecer a sua contribuição
para o comportamento global do nó. Foram usados os seguintes equipamentos de medida:
células de carga TML de 200 kN para medição da força transmitida pelo atuador, colocadas
na direção deste e nas faces inferior e superior da viga; transdutores de deslocamentos
(LVDTs) de cursos variando entre 10 e 200 mm, para avaliar os deslocamentos e rotações da
77

viga e da coluna e a deformação da face da coluna carregada para fora do plano, conforme
será apresentado adiante em detalhe.

G
Velocidades:
E Troços A e B: 0,01 kN/s
Troços C, E e G: 0,025 a 0,05 mm/s
F Troços D e F: 0,04 a 0,2kN/s
G
Mpl
C D
S j,ini
A S j,ini
B
Ø

Figura 2.111 – História de carregamento em ensaios monotônicos.

Para medição das deformações foram usados extensômetros lineares FLK-6-11 para
medição da deformação segundo uma dada direção em elementos metálicos planos e nas
armaduras das estruturas mistas; rosetas de extensômetros FRA-5-11 para avaliação do estado
de tensão nos pontos mais relevantes da alma da coluna ou da face carregada nos perfis
tubulares; extensômetros lineares PFL-10-11 para medição da deformação segundo uma dada
direção na face dos elementos de concreto armado; extensômetros de parafusos BTM-6-C
para avaliação da tensão instalada em cada parafuso e, consequentemente, da força em cada
linha de parafusos.
A Figura 2.112 mostra o posicionamento das células de carga e dos LVDTs para os
modelos desta configuração. O LVDT 61 mede o deslocamento da viga diretamente sob o
ponto de aplicação da carga, e o LVDT 62 sob um ponto intermediário da viga. Os LVDTs 63
e 64 medem (por diferença de leituras) a rotação da viga na seção junto ao nó. Igual resultado
pode ser obtido através da leitura do LVDT 61 ou 62, a menos da deformação da viga. Os
LVDTs 65 e 68 medem o eventual deslocamento da coluna nas extremidades, permitindo
assim corrigir as leituras do par 66/67, que por diferença de leituras entre si, permitem obter a
rotação da coluna na seção do nó. A diferença entre as rotações da viga e da coluna permite
obter a rotação do nó.
Como é fundamental avaliar cada uma destas parcelas de deformabilidade (sobretudo
a deformação da alma da coluna), instrumentou-se exaustivamente esta componente do nó
através da colocação de extensômetros lineares, rosetas de extensômetros e LVDTs. A Figura
2.112 mostra a instrumentação da viga, da placa de extremidade segundo o eixo de menor
inércia, dos parafusos, da placa de extremidade na menor inércia e das mesas da coluna.
230

307
65

257 22
1120

2 51 3
A 20
21
70

A
120

Z-Z
25 70
41

4 52 5 23
B
31 29

6 53
B 54 7 24
+/- P
8 55 9 26
C 66
76

27 1
10 C 11 28
56 57
31 IPE 240
230

30
12 58 13 D 29
38 37
22

14 59
15 67 0 45 46
16 63 64 62 42
76

D 17
32
137

200 61
115

E 41
E 33 280 Y-Y 47 48
18 19 34
40 35
25 128.5 60 500 500

Banzos
1110

IPE 330 39
36
49 50
44
Y-Y
Alma do pilar
43

68

LEGENDA:
- Extensómetro linear - LVDT - planta
- Roseta de extensómetros - Célula de carga Y-Y X-X
- Transdutor de deslocamentos (LVDT) Chapa de topo e viga Chapa de topo eixo forte e
banzos do pilar

Figura 2.112 – Localização dos LVDTs, células de carga e extensômetros na alma da coluna e
extensômetros na viga, placa de extremidade e mesas da coluna.
78

A viga carregada é instrumentada na seção junto ao nó com quatro extensômetros


lineares, que permitem detectar plastificação da viga nos pontos de tensões mais elevadas
(mesas). Na placa de extremidade da ligação no eixo de menor inércia foram colocados três
extensômetros, para permitir detectar o nível de solicitação a partir do qual se verificam
plastificações nesta componente. Na direção do eixo forte, uma das chapas de topo das vigas
tem um extensômetro linear, que como se verá posteriormente, permitiu concluir que esta
zona do nó está sempre em regime elástico. As mesas da coluna têm dois extensômetros para
aferir o seu nível de solicitação.
Em todos os parafusos foram abertos furos e colocados extensômetros, como referido -
Figura 2.113. É de realçar que segundo os procedimentos do fabricante, a cola usada necessita
de cura a 140 ºC durante 2 horas, para o que foi usada uma estufa.

36
6 11 5  mm

Figura 2.113 - Instrumentação dos parafusos.

A Figura 2.114 mostra alguns aspectos da instrumentação destes modelos,


nomeadamente o detalhe dos extensômetros e LVDTs colocados na alma da coluna.

(b)
Instrumentação da viga

(a) Instrumentação da alma da coluna (c) Placa de extremidade e parafusos


Figura 2.114 – Vista de detalhes da estrutura instrumentada.
79

Nos ensaios mistos, a instrumentação foi muito semelhante à anteriormente


apresentada, com algumas variantes impostas pela nova geometria. Para avaliar as tensões nas
armaduras e no concreto, foram posicionados extensômetros na zona do nó nas barras
longitudinais, nos estribos, e nas quatro faces da superfície de concreto aos níveis das zonas
de tração e de compressão, indicados e numerados na Figura 2.115. A presença do concreto
impede a colocação dos LVDTs na alma da coluna. Com esta condicionante, a avaliação dos
deslocamentos da alma da coluna foi realizada com o auxílio de barras metálicas lisas
(armaduras) saindo da seção de concreto armado, e isolados do concreto por poliestireno
expandido - Figura 2.115. Foram soldados à alma da coluna, nos pontos a medir, e nas suas
extremidades exteriores, foram soldadas chapas para receber o LVDT correspondente.

(a) Aplicação da proteção (b) Estrutura instrumentada (c) Proteção das extensões

(d) Vista geral durante a montagem da forma. (e) Reparação


Figura 2.115 – Vistas das fases de instrumentação nas estruturas mistas.

Os extensômetros no interior do pilar de concreto requerem sempre cuidados especiais


para a sua proteção. Para além da proteção usada nos ensaios sem concreto (TML-N1), os
extensômetros colados nos perfis e chapas foram ainda protegidos com uma cera (TML-W1),
e os extensômetros posicionados nas armaduras foram envolvidos por uma fita (VM da 3M).
Esta preparação da instrumentação pode também ser visualizada na Figura 2.115,
evidenciando-se a aplicação da proteção dos extensômetros, a estrutura instrumentada antes
da concretagem, e um aspecto geral da montagem da forma antes da concretagem simultânea
dos seis ensaios da série mista. Para vedar as formas nas uniões, usou-se uma espuma
expansiva que teve o efeito prejudicial de provocar alguns vazios na superfície do concreto.
Estas imperfeições foram posteriormente tapadas com uma argamassa, Figura 2.115.
80

Finalmente, as seis colunas foram pintadas com cal branca para melhor visualizar a fissuração
aquando dos ensaios. A Figura 2.116 mostra um aspecto geral das estruturas metálicas e
mistas prontas a ensaiar.
Como indica a Tabela 2.6, os ensaios efetuados nestas condições são os ensaios da
série 1: E1, E2, E4 e E5, correspondentes a duas geometrias diferentes, cada uma com
momento positivo e negativo. Todas as curvas momento versus rotação devem ser corrigidas
para se considerar a deformação da coluna e do pórtico de carga. Em consequência da
flexibilidade do nó, esta correção é muito pequena, mas assim não será no caso das estruturas
mistas, de muito maior rigidez e resistência. A Figura 2.117 mostra para o primeiro ensaio, as
curvas M- obtidas da leitura do par 63-64, do deslocamento da coluna por deformação do
pórtico, e a curva M- assim corrigida, que é praticamente coincidente com a não corrigida. É
possível através deste resultado aferir a importância relativa da deformação do nó e do pórtico
de carga e coluna, sendo nestes ensaios metálicos, desprezível a correção a efetuar.

Figura 2.116 – Vista global dos modelos metálicos e mistos prontos para ensaio.

60
rot pilar
50
rot 63-64
Momento (kN.m)

40 rot 63-64 corr

30

20

10

0
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 0,14 0,16 0,18 0,20

Rotação (rad)

a) Curvas momento versus rotação b) Vista da estrutura deformada


Figura 2.117 – Ensaio E1: Correção da curva M- pela deformabilidade da coluna e pórtico de carga e
estrutura deformada.

A análise dos resultados dos ensaios permitiu concluir que em todos os casos, a alma
da coluna é a componente dominante, sendo a primeira a plastificar e contribuindo com a
81

maior parte da deformabilidade do nó. É interessante constatar que existe um “cotovelo” das
curvas M- relativas à flexão da alma da coluna coincidente com uma rotação do nó de cerca
de 20 mrad, valor aceite por muitos autores como correspondente ao estado limite último do
nó, e em particular, desta componente. A rigidez elástica (ou inicial) do nó de menor inércia é
quase totalmente condicionada pela rigidez em flexão da alma da coluna. Esta inclinação
deverá ser medida nos trechos de descarga com subsequente carga, pois na parte inicial da
curva M-, os diversos ajustes e as plastificações prematuras na alma da coluna não permitem
uma avaliação correta dessa rigidez.
Torna-se claro que a alma da coluna em flexão funciona predominantemente como
uma banda (funcionamento unidirecional) entre mesas. De fato, as tensões na direção x são
muito superiores às tensões na direção y. Nesta direção, por efeito de Poisson, surgem tensões
de sinal contrário às tensões dominantes perpendiculares. É igualmente possível concluir da
análise das tensões que, à medida que se avança na direção y, e a partir da cota de aplicação
da força (de tração ou de compressão) as tensões horizontais vão diminuindo, o que indica
uma dimensão limitada da zona de funcionamento unidirecional da alma da coluna.
O eixo neutro não sofre variações significativas de posição ao longo do ensaio,
mantendo-se a uma cota de aproximadamente 120 mm. O centro de compressão situa-se
aproximadamente na linha média da mesa comprimida da viga. As placas de extremidade dos
ensaios foram dimensionadas para permanecer em regime elástico aquando da plastificação da
alma da coluna (momento plástico), que nestes ensaios, foi sempre a componente crítica. Os
estudos experimentais realizados em nós de menor inércia fazendo variar a espessura da placa
de extremidade permitiram concluir que esta componente tem um efeito muito pequeno sobre
o comportamento global do nó, e que a interação do seu comportamento com o da alma fletida
é também reduzida. Nos presentes ensaios, o efeito de membrana na alma da coluna pode
fazer com que o momento suportado por esta componente seja da ordem de grandeza de três
vezes o seu momento plástico. Apesar de a placa de extremidade estar instrumentada com
extensômetros, p posicionamento utilizado não permitiu detectar as plastificações da forma
mais adequada. O posicionamento horizontal do extensômetro na parte prolongada da chapa
permitiu apenas detectar as tensões naquela direção, e não a formação do mecanismo
observado nos ensaios de momento positivo. O extensômetro na placa de extremidade de
maior inércia confirma a existência de tensões neste elemento e a restrição por ele oferecida à
rotação das mesas da coluna. A análise das tensões na placa de extremidade de maior inércia
para os diversos ensaios mostra que esta permanece claramente em regime elástico em todos
os ensaios.
Todos os parafusos foram protendidos com um momento de aperto de cerca de 100
Nm, correspondendo a uma deformação medida no parafuso entre 800 e 1100 (tensões da
ordem de 200 MPa). A medição das deformações nos parafusos permite medir as tensões
neles atuantes e determinar a força em cada parafuso, em cada linha de parafusos, e no
conjunto de linhas a tração (no caso de momento negativo aplicado). Embora os parafusos
tenham uma solicitação relativamente baixa ao nível de plastificação teórico da componente
crítica (alma da coluna), o desenvolvimento nessa componente das tensões de membrana faz
com que o nível de solicitação das outras componentes aumente acima do valor previsto.
Verificou-se que as duas primeiras linhas de parafusos estão submetidas a forças de
tração significativas, enquanto que na zona da terceira linha, a influência da deformação da
alma na zona de compressão tem como efeito a perda de protensão nos parafusos. As tensões
nos pontos de medição das vigas mostram que na realidade, houve algumas plastificações das
mesas nesses pontos Teoricamente, porém, as vigas deveriam permanecer sempre em regime
elástico, Tabela 2.7, onde são comparados os valores máximos ocorridos durante os ensaios
com o momento elástico e plástico das seções.
82

Tabela 2.7 – Momento elástico, plástico e máximo instalado para os perfis utilizados.

Mel (kNm) Mpl (kNm) Mmáx (kNm) Mmáx / Mel

E1 – 48,8 65 % (E1)
IPE 200 75,0 85,2
E2 – 49,5 66 % (E2)

E4 – 48,9 40,6 % (E4)


IPE 240 120,3 136,0
E5 – 53,7 44,6 % (E5)

Nos ensaios metálicos, a rigidez e a resistência da alma eram condicionantes. Nos


ensaios mistos, embora a alma possa também ser determinante, a presença do concreto
funciona como um reforço muito eficaz fazendo com que a ruptura possa acontecer por
outras componentes. A deformação do nó pode inclusive não ser exclusivamente resultado da
deformação da alma, tendo-se detectado igualmente deformações e plastificações nas vigas e
placas de extremidade, bem como extensa fissuração com plastificação das armaduras no
concreto armado. Em todos os casos, a ruína foi dúctil, pois foi acompanhada de grandes
deformações, como mostra a Figura 2.118.

a) Vista da estrutura deformada – Ensaio E8 b) Vista da estrutura deformada – Ensaio E10


Figura 2.118 –Estruturas deformadas – E8 e E10.

A ruína ocorreu com a identificação clara de um “cotovelo” nas curvas M- com
grande aumento de rotação a momento constante, não característica do comportamento
isolado da alma da coluna, com plastificação extensa e grandes rotações, mas antes do
resultado do envolvimento de outras componentes. A resistência e a rigidez são muito
superiores às dos nós metálicos e o andamento da curva muito diferente, com a quebra brusca
de rigidez no referido “cotovelo”.
Reportando ao ensaio misto, as primeiras plastificações surgem para um nível de
momento fletor da ordem dos 80 kN.m, correspondente a cerca de 90% do momento último
do nó. Desta forma, não ocorreu a este nível de carga, plastificação generalizada da alma
concluindo-se que a ruína foi provocada por outras componentes. O baixo nível de solicitação
da alma justifica igualmente a sua pequena deformação e a inexistência de efeito de
membrana perceptível. Repara-se que no ensaio metálico homólogo, a alma estava submetida
a tensões elevadas com plastificações para apenas cerca de 10 kN.m, onde havia plastificação
generalizada acompanhada de grandes deformações e consequente efeito de membrana.
Também nesta estrutura mista, a alma em flexão está submetida a tensões na direção x
muito superiores às tensões na direção y, onde por efeito de Poisson, as tensões
83

perpendiculares são de sinal contrário. A alma funciona ainda de forma unidirecional entre
mesas, e à medida que se avança na direção y, a partir da cota de aplicação da força, as
tensões horizontais vão diminuindo. Mesmo para o máximo momento suportado pelo nó, a
plastificação não se desenvolve totalmente ao longo da vertical nos pontos medidos. Há assim
uma forte limitação à propagação da plastificação que no ensaio metálico não existia.
O nível de momento correspondente à plastificação nos ensaios mistos é muito
superior ao dos ensaios metálicos, e ao contrário daqueles, não existe a tendência generalizada
para funcionamento da alma em tração nas duas direções, pois as deformações não são
suficientemente elevadas para desenvolver efeito de membrana considerável. O concreto
armado comporta-se como um reforço eficaz da alma, fazendo com que na zona de
compressão, a deformação desta seja praticamente nula, e com que o centro de rotação esteja
próximo da mesa comprimida da viga. Para uma melhor ilustração da eficácia da estrutura
mista, a Figura 2.119 compara os perfis deformados longitudinalmente e transversalmente das
duas estruturas – metálica (E1) e mista (E7).

Perfil deformado - alma


400

350

300

250

Posição LVDT (mm)


Nível de Momento 200
10
(KN.m)
Deslocamento (mm)

39,48 150
0
48,34
0 50 100 150
35,03
-10 48,83 100

50 Nível de Momento
-20
Posição na alma (mm) (kN.m)
24,99
0
25,13
Metálicos Rot. Misto
-50
Mistos 45,59
45,18
-100
-30 -20 -10 0 10 20 30
Deslocamento (mm)

Figura 2.119 – Perfis da alma deformada – Ensaios E7 e E1.

São apresentados dois níveis de momento aplicado, sendo o maior deles o máximo
alcançado na estrutura metálica. Para este nível, verificava-se na alma da estrutura metálica,
deformações máximas da ordem de grandeza de três vezes a espessura, o que implicava um
forte efeito de membrana. Na estrutura mista e para o mesmo nível de momento aplicado, a
deformação máxima da alma é muito baixa (da ordem de 5% da espessura), e quando é
atingido o máximo momento no nó. A partir deste momento máximo existe um aumento de
deformação do nó a momento constante, mantendo-se a parte inferior da alma sem
deslocamentos consideráveis. Na parte superior, à medida que a deformação do nó progride a
momento constante, também a alma vai se deformando cada vez mais. Nesta fase, o nó misto
incorpora já o efeito de membrana proveniente da alma da coluna. Por meio da existência do
concreto e seu confinamento, esta componente está submetida no ensaio misto, e para o
mesmo nível de solicitação, a tensões bastante menores do que no ensaio metálico. Nota-se
um funcionamento mais vasto da placa de extremidade, já que a alma, ao não plastificar
imediatamente, e a baixos níveis de solicitação, deixa de constituir o ponto fraco de todas as
outras componentes.
Nos ensaios mistos, certamente, a transmissão de esforços entre a viga e a coluna não
se dará exclusivamente pelos parafusos, mas também pelo concreto armado, onde se formará
um mecanismo resistente. Desta forma, não é possível estabelecer qualquer comparação entre
as curvas M- globais com o momento obtido através das medições das células de carga e
entre as mesmas curvas com o momento obtido das forças nos parafusos. Naturalmente que, e
à semelhança do que se observa nas restantes componentes, após o colapso do concreto
84

armado, a estrutura mista reduz-se à estrutura metálica de base, e nessa fase, a quase
totalidade dos esforços será transmitida pelos parafusos.
Nos ensaios mistos e para o mesmo nível de momento dos ensaios metálicos, a força
absorvida pelos parafusos é muito menor, pois a transmissão dos esforços entre a viga e a
coluna não depende exclusivamente desta componente, mas também do mecanismo resistente
que se forma no concreto armado. Quando este degrada-se, e à medida que a rotação do nó
aumenta, a transmissão de momento passa cada vez mais a depender dos parafusos. Verifica-
se então uma aproximação da estrutura mista à estrutura metálica com diminuição da
diferença de forças instaladas nos parafusos das duas estruturas.
Nos ensaios metálicos houve plastificações nas mesas das colunas junto à placa de
extremidade, devido a concentrações de tensões já que, teoricamente, o momento instalado
nesses nós era inferior ao momento elástico das vigas. Nos ensaios mistos correspondentes, os
momentos alcançados foram muito superiores e a Tabela 2.8 resume os valores do momento
elástico e do momento plástico das vigas (calculados com os valores nominais das dimensões
e com os valores médios das tensões de escoamento das mesas), e compara-os com os valores
máximos alcançados nos ensaios. Os ensaios E7 e E8 (em que a coluna é um perfil HEA 220)
atingiram claramente o momento de plastificação da viga, e os ensaios E10 e E11 (em que a
coluna é um perfil IPE 330) não atingiram aquele valor.

Tabela 2.8 – Momento elástico, plástico e máximo para os perfis utilizados.

Mel (kNm) Mpl (kNm) Mmáx (kNm) Mmáx / Mel Mmáx / Mpl
E7 – 87,7 123 % (E7) 108 % (E7)
IPE 200 71,5 81,2
E8 – 90,7 127 % (E8) 117 % (E8)
E10 – 109,4 100 % (E10) 88 % (E10)
IPE 240 109,6 123,9
E11 – 94,5 86 % (E11) 76 % (E11)

A ultrapassagem do momento plástico teórico da alma, verificada na Tabela 2.8 pode


acontecer pelo encruamento do aço, mas o que certamente ocorreu, foi um deslocamento da
seção crítica dessa interface para a face da seção de concreto armado. A viga teve um apoio
nesse ponto e, quer na zona de tração (face superior), quer na zona de compressão (face
inferior), a deformação plástica foi nítida. Na zona de compressão verifica-se a instabilidade
da mesa em regime plástico, que faz parte da materialização da rótula plástica (o perfil é da
classe I segundo a classificação do Eurocode 3 [19]).
Os resultados anteriores evidenciaram o papel do concreto armado no reforço de todas
as outras componentes, alterando totalmente o comportamento dos nós. O colapso desta
componente (conjunto de barras de armaduras e concreto) vai catalisar a ruína do nó, porque
as restantes componentes ficam submetidas a esforços muito importantes. Após extensa
fissuração, o estribo junto à parte prolongada da placa de extremidade acabou por ser
arrancado da amarração, com a armadura submetida a tensões significativas. A Figura 2.120
mostra os pontos notáveis no sétimo ensaio misto.
O ponto (1) corresponde ao início da fissuração do concreto, que passa do estado I ao
estado II, provocando a primeira perda de rigidez do nó, e um aumento bem marcado da taxa
de variação de tensões nas armaduras. O ponto (2), a cerca de 30 kNm, pode ser associado às
primeiras plastificações da viga, e a partir deste ponto, há uma divergência crescente entre as
curvas da alma e do nó, em virtude da plastificação da viga. O ponto (3) corresponde às
primeiras plastificações da alma possibilitadas pela deformação do concreto armado. No
ponto (4), os estribos passaram a ter uma curva M- horizontal, e consequentemente, este
nível corresponde à sua plastificação, permitindo maior abertura de fendas. A seta com a letra
“F” corresponde, de forma aproximada, à abertura de fendas, claramente visíveis e a uma
85

rotação do nó de 15 mrad. A partir deste ponto a contribuição do concreto armado torna-se


cada vez menos efetiva.

100 (F) Desenvolvimento de rótula plástica na viga

(4) E7 Mb,pl
80
(3) (5)
Mb,el

Momento (kN.m)
60

40
(2)
(1) rot alma
20
rot nó

0
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10
Rotação (rad)

Figura 2.120 – Pontos notáveis na curva momento rotação– Ensaio E7.

Assinalam-se os níveis dos momentos elástico e plástico da viga. Após o momento


plástico, a viga experimenta grandes rotações na rótula plástica, principais responsáveis pela
muito maior rotação do nó comparativamente à da alma. Na parte final da curva, a
instabilidade plástica da mesa comprimida da viga provoca a diminuição do momento
suportado pelo nó – ponto (5). Apresentam-se agora as mesmas características para os ensaios
mistos, e estabelecem-se comparações entre estes e os ensaios metálicos correspondentes.
Apesar de existirem nos ensaios mistos diferenças entre as curvas as curvas M- do nó
e da alma, que nos ensaios metálicos se confundiam, estas diferenças ocorrem sobretudo em
fase plástica. Portanto, na comparação da rigidez inicial, é também sensivelmente indiferente
considerar a curva referente à alma ou ao nó, exceto o caso do ensaio E7 onde a rigidez da
alma é cerca de 50 % superior à rigidez do nó, com medições realizadas na recarga em uma
fase antes do cotovelo da curva. Após este cotovelo, a diferença na rigidez de recarga tende a
se atenuar. Repara-se que as plastificações na componente viga surgiram aproximadamente na
fase em que começou a descarga.
Verifica-se a existência de maior resistência e menores escorregamentos nos ensaios
de momento negativo do que nos ensaios de momento positivo. Este resultado é certamente
um efeito do maior confinamento do concreto no caso de momento negativo, em virtude da
presença de um estribo diretamente sobre a placa de extremidade e os parafusos colocados na
sua parte prolongada, onde se transmite parte considerável da força de tração. Todos os
ensaios mistos tiveram grande ductilidade pois sua ruína envolveu diversas componentes,
todas com comportamento dúctil, que contribuíram para a deformabilidade do nó. O ensaio
E7 é o que permite uma menor rotação global, pois sua ruína envolveu sobretudo, a
plastificação da viga.
A comparação da curva M- de cada ensaio misto com a curva correspondente do
ensaio metálico homólogo, Figura 2.121, resume de uma forma clara, os resultados
anteriormente apresentados para as componentes. A resposta global de um ensaio misto
caracteriza-se, e em comparação com o mesmo nó metálico, por: rigidez elástica muito
superior (da ordem média de cinco vezes nos ensaios com colunas HEA e de dez vezes nos
ensaios com colunas IPE); momento resistente muito superior (da ordem média de cinco
vezes nos ensaios com colunas HEA e de oito vezes nos ensaios com colunas IPE); diferentes
modos de ruína, envolvendo outras componentes para além da alma da coluna, com menores
deformações desta fora do seu plano; existência de um “cotovelo” muito bem definido na
curva M-, que faz a transição de um troço de rigidez próxima da elástica com um patamar
tendencialmente horizontal. Este patamar surge por oposição ao comportamento de membrana
observado nos ensaios metálicos pela predominância da componente alma da coluna,
86

fortemente deformada. Nos ensaios metálicos a razão média Mrot/Mpl foi de 3,3 e nos ensaios
mistos foi de 0,97.

100
E1 y = 3274x - 160,52

E7 y = 11585x - 49,708
80
SiE1

Mom. (kN.m)
60 SiE7

Linear (
SiE7)
40 Linear (
SiE1)

20

0
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 0,14 0,16
rot (rad)

Figura 2.121 - Comparação das curvas M- - Ensaio metálico E1 e misto E7.

Nos nós ensaiados, as componentes que influenciaram na ruína possuíam de fato uma
ductilidade elevada, mas não é legítimo generalizar a conclusão de que um nó misto de menor
inércia é necessariamente dúctil. Como exemplo, se em um determinado nó a ruína estiver
associada à plastificação da viga (o que aliás aconteceu em alguns dos nós aqui estudados), e
se a viga não for de classe I (segundo a classificação do EC3), o nó não terá a ductilidade
suficiente para proceder a uma análise plástica da estrutura.
A análise de resultados dos ensaios metálicos demonstrou que a componente alma da
coluna tem um efeito predominante sobre o seu comportamento, sendo responsável pela quase
totalidade da deformabilidade destes nós. A análise das tensões na alma da coluna em
domínio elástico permitiu concluir experimentalmente que existe uma predominância de
funcionamento da componente numa só direção entre as duas mesas. As direções principais
das tensões na face da alma junto às mesas, coincidem com a direção vertical e com a
horizontal, e as tensões na direção paralela às mesas são muito menores do que as
perpendiculares, e de sinal contrário, por efeito de Poisson.
As restantes componentes do nó, por via deste comportamento da alma, passaram a
estar submetidas a esforços e tensões muito mais importantes do que aqueles a que uma
simples análise plástica do nó poderia fazer prever. A instrumentação da placa de
extremidade, componente sempre com uma resistência plástica superior à da alma, permitiu
detectar plastificações e mesmo formação de um mecanismo de ruína. Nota-se que se o
esforço adicional de uma componente dúctil como a placa de extremidade não afeta a
ductilidade do nó, este fenômeno em componentes não dúcteis pode ser a causa de uma
ruprtura frágil.
Enquanto que nos ensaios metálicos o modo de ruína envolvia quase sempre só a alma
da coluna, com grandes deformações e desenvolvimento de grande resistência pós-limite por
efeito de membrana, nos ensaios mistos correspondentes, o comportamento mudou
radicalmente. A componente concreto armado revelou-se de importância fundamental, já que
o modo de ruína não envolveu apenas a alma da coluna, mas outras componentes como a
placa de extremidade, o próprio concreto armado ou a viga. Estas componentes
condicionavam então o comportamento global, quer em termos de rigidez, quer em termos de
resistência.
Em todos os casos as curvas M- caracterizaram-se pela existência de um “cotovelo”
bem definido, a uma rotação não distante de 20 mrad (valor aceite por muitos autores como
correspondente à ruína de um nó), que não existia nos ensaios metálicos. Este cotovelo
corresponde à degradação da armadura do concreto armado, e provoca um aumento
relativamente brusco das tensões nas restantes componentes. A deformação das componentes
do nó, interiores ao concreto armado (como a alma da coluna ou a placa de extremidade) foi
nos ensaios mistos muito mais reduzida do que nos ensaios metálicos. Sobretudo na zona de
tração, esta deformação mostrou uma forte dependência da cintagem do concreto.
87

Comparativamente com os correspondentes ensaios metálicos, a rigidez e a resistência


aumentaram no mínimo cinco vezes, e a ductilidade, agora dependente da componente que
domina o colapso do nó, mostrou-se muito satisfatória nos ensaios realizados.
A instrumentação projetada para uso neste programa de ensaios contribuiu
substancialmente para seu sucesso. O comportamento real das ligações somente pode ser
entendido com profundidade a partir das diversas análises das distribuições de tensões,
esforços, deslocamentos e rotações. O uso dos extensômetros dentro dos parafusos foi de
fundamental importância para a monitoração dos esforços transmitidos pela ligação e serviu
também para comparar e validar aspectos como a curva momento rotação, efeito de alavanca
entre outros mais. A reversão no sentido da aplicação da carga em alguns ensaios serviu
também para mobilização de outras componentes da ligação que podem vir a ser acionadas
nos caso onde possa haver reversão do carregamento tais como eventos sísmicos, colapso
progressivo entre outros.
A avaliação individual de cada componente da ligação não foi uma tarefa simples e
teve que ser muitas vezes aferida por meios distintos para sua validação. Além de contribuir
para o entendimento global do comportamento da ligação em termos de rigidez inicial,
esforço de flexão transmitido e capacidade de rotação. O comportamento individual de cada
componente contribuiu para que pudesse ser montada uma sequência de colapso ou falha de
cada uma componente à medida que os esforços externos são aplicados a estrutura
investigada. Isto possibilita que as ligações estudadas sejam reprojetadas de forma otimizada
sem exageros em alguns pontos que poderão, a partir de um certo valor, não contribuir mais
para melhora do desempenho da ligação pois, outras componentes antes menos mobilizadas,
passarão a controlar o seu dimensionamento
O efeito do confinamento das mesas sobre a alma da coluna também foi investigada
através de um ensaio especialmente projetado para este fim gerando e esclarecendo pontos
fundamentais para o seu entendimento. Por fim destaca-se o engenhoso procedimento
montado para leitura dos deslocamentos da alma da coluna nos perfis mistos. Sem este
aparato experimental valiosas comparações de desempenho entre os ensaios em aço e mistos
não seriam possíveis de serem efetuadas.

h. Ligações semirrígidas com placas de extremidade e interação flexão e esforço


normal

Ligações viga coluna são muitas vezes submetidas a uma combinação de flexão e
cargas axiais. Embora em muitos pórticos regulares o nível de força axial proveniente da viga
seja baixo, este esforço pode atingir, em muitos casos, valores significativos. Uma descrição
de um programa experimental de ligações viga coluna, realizado na Universidade de Coimbra,
incluiu dezesseis protótipos, sendo nove com placa de extremidade ajustada e sete com placa
de extremidade estendida, Figura 2.122.
Em todos os testes, as colunas eram simplesmente apoiadas nas duas extremidades
fabricadas com perfis HEB240, e as vigas com perfis IPE240; a placa de extremidade tinha 15
mm de espessura, todos fabricados com um aço S275. Os parafusos usados foram M20, classe
10,9. Conforme mencionado anteriormente, nove ensaios experimentais foram executados
para a configuração de placa de extremidade ajustada, contemplando várias combinações de
flexão e nível de força axial. A aplicação de carregamentos nos ensaios consistiu de um nível
fixo de força axial de tração ou compressão e a aplicação subsequente de um momento fletor
negativo até o colapso da ligação.
No primeiro ensaio com placa de extremidade ajustada à altura da viga, FE1, só com
flexão, o momento foi aplicado por meio de um atuador hidráulico, localizado a um metro da
mesa da coluna. Nos testes seguintes - FE3, FE4, FE5, FE6, FE7, FE8 e FE9 - forças axiais
constantes de, respectivamente, -4%, -8%, -20%, -27%, -20%, + 10% e + 20% da resistência
88

plástica da viga foram aplicadas à viga. A configuração do ensaio experimental é ilustrada nas
Figuras 2.123 e 2.124, onde o momento de fletor está sendo aplicado com um atuador
hidráulico como uma carga concentrada agindo em uma viga em balanço.

a) placa de extremidade ajustada

62 96 62

30
62

74
74

M20 cl10.9
= 15 mm
314

314
240
156

156

IPE240
N
tp
54

54
HEB240

M 32 96 32
12

160

b) placa de extremidade estendida

Figura 2.122 - Configuração global dos ensaios.

Figura 2.123 – Configuração dos experimentos.

O sistema escolhido para a aplicação da força de compressão axial consiste de um


atuador hidráulico, Figura 2.124, que aplica uma força de tração em quatro cabos de protensão
de diâmetro  = 15,2 mm, ancorados em uma parede de reação. A transferência desta força
para a ligação foi realizada através de uma célula de carga central com capacidade de 950kN
(TML). Estes cabos passam por um desviador (HEM100) para garantir que a força axial
estivesse sempre paralela ao eixo da viga. Células de carga TML com capacidade de 200kN
foram instaladas em cada cabo para medir individualmente a força instalada. As forças de
reação horizontais em ambas as extremidades da coluna foram transmitidas para a parede de
89

reação por (i) uma viga de aço, na parte superior e (ii) um bloco de concreto armado
protendido à laje de reação com barras de DYWIDAG e ligado a um perfil HEB 200 HEB, na
parte inferior – Figura 2.124.

desviador

(b)

(a) (c)

Figura 2.124 – (a) Pórtico dos ensaios (b) layout para aplicação de carga axial de compressão, (c)
célula de carga central

O sistema de aplicação de força axial de tração é mostrado na Figura 2.125. Quatro


atuadores hidráulicos colocados em cada uma das extremidades de um perfil de seção circular
tubular transmitem a força de tração axial. Estes perfis tubulares são simplesmente apoiados
na outra extremidade para permitir a livre rotação e para garantir que a força axial aplicada
esteja sempre paralela ao eixo da viga.

Figura 2.125 – (a) layout para aplicação de carga axial de tração; (b) atuador hidráulico.
90

Todos os testes foram instrumentados conforme mostrado na Figura 2.126, com


extensômetros lineares, rosetas e extensômetros para parafusos e LVDTs.

Figura 2.126 – Disposição dos extensômetros e LVDTs usados nos ensaios.

Em todos os testes, uma força axial constante foi primeiro aplicada e mantida
constante durante todo o ensaio, com aplicação subsequente monotônica de um momento
fletor até o colapso da ligação. Duas descargas foram realizadas, a primeira para um momento
de 25 kNm (até 5KN.m, para eliminar uma possível folga) e a segunda para uma rotação de
20 mrad. O controle de força foi usado na primeira parte de cada teste, posteriormente
alterado para controle de deslocamento. Tendo em conta a necessidade de assegurar o
controle preciso da aplicação da força axial, um teste inicial foi executado (FE2) na faixa
elástica para calibrar a aplicação da força axial. Verificou-se que a aplicação da carga axial
com os cabos foi transmitida pela célula de carga central para a ligação, conforme mostrado
na Figura 2.127. Neste gráfico, pode-se observar que a força axial aplicada na ligação, medida
por meio de (i) extensômetros localizados na alma e mesa da viga, (ii) célula de carga central
ou (iii) pela superposição das células individuais produz resultados semelhantes.

Figura 2.127 – Calibração da força axial aplicada.

Para níveis mais elevados de flexão, verificou-se que a rotação da viga causou uma
redução da força nos cabos inferiores e um incremento de carga dos cabos superiores. Por
conseguinte, atuadores hidráulicos foram colocados nos cabos inferiores para corrigir a força
axial à medida que a flexão foi aumentada. Ilustra-se na Figura 2.128, a variação da força
axial em cada um dos cabos para todos os testes. A diferença clara entre os testes FE3, FE4 e
FE5, FE6 reflete o fato de que apenas nos últimos quatro, os atuadores individuais foram
usados para corrigir o desequilíbrio de carga causado pela deformação da viga, levando assim,
a uma força axial aplicada praticamente constante.
As curvas momento versus rotação para os oito testes são apresentadas na Figura
2.129, onde pode ser observado que, mesmo para um nível de força axial de 27% da
resistência plástica da viga, o momento fletor ainda excede o resultado da flexão pura (FE1).
Além disso, o momento máximo foi obtido para um nível de carga axial de 20% da resistência
plástica da viga. Por outro lado, a aplicação de uma força de tração na viga resulta em uma
redução acentuada na resistência a flexão da ligação.
91

A Figura 2.130 mostra que, para todos os testes, a mesa de coluna em flexão apresenta
deformações gerando a plastificação completa da mesa.
-60 -140 -300
(5)
-50 -120 (5) -250 (5)
Axial Force (kN)

Axial Force (kN)

Axial Force (kN)


-100 y = -0,0277x - 264,95
-40 y = 0,0005x - 52,679 -200
-80 y = -0,0033x - 105,19
-30 -150
-60 (1) e (2)
(1) e (2) (1) e (2) -100
-20
-40
(3) e (4)
-10 (3) e (4) -20 -50
(3) e (4)

0 0 0
0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100
Bending Moment (kN) Bending Moment (kN) Bending Moment (kN)

(a) Teste FE3 (b) Teste FE4 (c) Teste FE5

-400 -300 -160


(5)
(5)
-250 -140 S

Axial Force (kN)

Axial Force (kN)


Axial Force (kN)

-300 y = 0,0079x - 344,58 y = -0,0178x - 257,38 -120


-200 y = -0,0345x - 128,32
-100
-200 -150 -80
-100 -60
-100 -40
-50 (1), (2), (3) e (4)
(1), (2), (3) e (4)
(1), (2), (3) e (4) -20
0
0 0
0 20 40 60 80 100
0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100
Bending Moment (kN)
Bending Moment (kN) Bending Moment (kN)

(d) Teste FE6 (e) Teste FE7 (f) Teste FE8

-300

-250 (S)
1 2
Axial Force (kN)

y = -0,0496x - 250,03
-200

-150

-100

-50 (1), (2), (3) e (4)


5
0
0 20 40 60 80 100
Bending Moment (kN)
3 4

(g) Teste FE9

Figura 2.128 - Curvas flexão versus força axial.

Figura 2.129 - Curvas momento versus rotação dos testes.

A influência do nível de força axial pode ser avaliada na Figura 2.131, comparando,
por exemplo, os testes FE1 e FE5. Para o teste FE1, a deformação de escoamento é atingida
com um momento de, aproximadamente 45 kNm. Para este nível de flexão a carga de tração
na primeira linha de parafusos, avaliada usando os extensômetros localizados na mesa da
viga, é igual a 333,4 kN. No entanto, no teste FE5, devido à contribuição da força axial
aplicada, a placa de extremidade atingiu a deformação de escoamento em um nível mais
elevado de momento aplicado.
92

Finalmente, curvas momento versus deformação para a componente dos parafusos à


tração são apresentados na Figura 2.132, onde nota-se que, com a aplicação da força axial de
compressão, esta componente é aliviada, tendo inicialmente negativas deformações, para os
testes FE4, FE5 e FE6.

Figura 2.130 - Curvas momento versus deformação, componente mesa da coluna em flexão.

Figura 2.131 - Curvas momento versus deformação, componente placa de extremidade em flexão.

Figura 2.132 - Curvas momento versus deformação, componente parafusos em tração.

O programa experimental para ligações viga coluna com placa de extremidade


estendida, Figura 2.133, consistiu de sete testes com várias combinações de flexão e força
axial. Em todos os testes, a configuração foi idêntica a dos testes anteriores com placa de
extremidade ajustada mencionada anteriormente.
93

Figura 2.133 – Configuração dos ensaios das ligações com placa de extremidade estendida.

Os sete testes foram executados primeiramente aplicando-se um nível fixo de carga


axial de tração ou compressão e posteriormente, impondo um momento negativo,
incrementado até o colapso da ligação. No primeiro ensaio, EE1, somente momento fletor foi
aplicado. Nos testes seguintes: EE2, EE3, EE4, EE5, EE6 e EE7 forças axiais constantes de,
respectivamente, -10% -20%, -27%, -15%, + 10% e + 20% da resistência plástica da viga
foram aplicadas. Todos os testes foram instrumentados conforme apresentado na Figura
2.134, com extensômetros lineares, rosetas, extensômetros de parafuso e LVDTs.

Figura 2.134 – Disposição dos extensômetros e LVDTs usados nos ensaios.

Curvas momento versus rotação de todos os testes são ilustradas na Figura 2.135, onde
pode-se observar que a presença da força axial influencia o comportamento global das
ligações.

160

140
Bending Moment (kN.m)

120 EE1 (only M)

100 EE2 (N = - 10% Npl)

EE5 (N = - 15% Npl)


80
EE3 (N = - 20% Npl)
60 EE4 (N = - 27% Npl)

40 EE6 (N = + 10% Npl)

EE7 (N = + 20% Npl)


20
EUROCODE 3
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Rotation (mrad)

Figura 2.135 - Curvas momento versus rotação dos testes.


94

A máxima resistência à flexão foi obtida no teste EE2, cujo nível de força axial de
compressão correspondeu a 10% da resistência de plástica da viga, gerando um valor 6%
maior do que o teste EE1 sem cargas axiais. Para todos os outros níveis de forças axiais de
compressão, os momentos resistentes máximos das ligações foram menores do que o atingido
no teste EE2. Para os dois testes com força axial de tração, EE6 e EE7, a resistência à flexão
foi menor do que o teste EE1 devido à mobilização prematura de componentes na zona
tracionada da ligação.
Na componente referente ao painel da alma da coluna em cisalhamento, grandes
deformações foram esperadas, uma vez que a ligação é de extremidade. Um exame da Figura
2.136, que apresenta as tensões principais medidas com auxílio da Roseta "B", localizada no
centro do painel de alma coluna em cisalhamento, mostra que esta componente atingiu o
limite de escoamento em todos os testes. Analisando os resultados das tensões de von Mises
obtidas neste mesmo ponto, observou-se que para o primeiro teste, EE1, o limite de
escoamento foi atingido para um momento igual a 98 kNm, sendo o menor nível de flexão em
que esta componente atingiu o limite de escoamento. Por outro lado, a resistência mais alta foi
verificada no segundo ensaio, EE2, 121 kNm, associado ao teste que apresentou a maior
resistência à flexão.

160 160

140 140

120 120
Moment (kN.m)
Moment (kN.m)

100 100

80 80

60 60

40 40

20 20
2 (MPa) 1 (MPa)
0 0
-1500 -1000 -500 0 500 1000 1500 0 250 500 750 1000

Principal Stresses (MPa) Von Mises Stresses (MPa)

(a) 1 e 2 (b) VM


Figura 2.136 - Curvas momento versus Tensão, componente alma da coluna em cisalhamento.

A Figura 2.137 ilustra as curvas momento versus deformação para a componente placa
de extremidade em flexão, obtidos com extensômetros lineares. Esta componente controla o
comportamento da ligação na zona tracionada. Para os testes com força axial de compressão,
foi observado um aumento da resistência desta componente, em contraste com os testes com
força axial de tração.
160
160

140
140

120
120
Moment (kN.m)

100
Moment (kN.m)

100

80
80

60
60

40
40

20
20
0
-12000 -9000 -6000 -3000 0 3000 0
Strain () -12000 -9000 -6000 -3000 0 3000
Strain ()

Figura 2.137 - Curvas momento versus tensão, componente placa de extremidade em flexão.
95

A Figura 2.138 sintetiza, para cada teste, a sequência de escoamento para todas as
componentes. Verifica-se claramente que, como mencionado anteriormente, com o aumento
da força axial de compressão, a componente relativa à mesa da viga em compressão torna-se
progressivamente mais crítica. Analogamente, com o aumento da força axial de tração, a
componente relativa à placa de extremidade em flexão torna-se a componente crítica.
As curvas momento versus rotação de todos os testes indicam que a presença da força
axial afeta significativamente o comportamento estrutural da ligação. A máxima resistência à
flexão foi obtida no teste EE2 cujo nível de força axial de compressão correspondeu a 10% da
resistência plástica da viga, um valor 6% maior do que o teste EE1 (sem qualquer carga
axial). Em contraste, nos dois testes com forças axiais de tração, EE6 e EE7, a resistência à
flexão foi menor do que no teste EE1 devido à mobilização prematura das componentes na
zona tracionada da ligação. Também foi verificado que a componente crítica da zona de
compressão da ligação foi a mesa da viga em compressão enquanto para a zona de tração, a
componente crítica foi a placa de extremidade em flexão, resultados já previstos usando as
especificações da parte 1.8 do Eurocode 3.
160 160

120

Moment (kN.m)
120
Moment (kN.m)

80 80

40 40 EE2 (N = - 10% Npl)


EE1 (somente M)
0 0
0 10 20 30 40 50 60 0 20 40 60 80 100
Rotation (mrad) Rotation (mrad)

160 160

120
Moment (kN.m)
Moment (kN.m)

120

80 80

40 EE5 (N = - 15% Npl) 40 EE3 (N = - 20% Npl)

0 0
0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100
Rotation (mrad) Rotation (mrad)

160 160

120 120
Moment (kN.m)
Moment (kN.m)

80 80

40 EE4 (N = - 27% Npl) 40 EE6 (N = + 10% Npl)

0 0
0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100
Rotation (mrad) Rotation (mrad)

140 160
120
Momento (kN.m)

100
120
Moment (kN.m)

80
60
80
40
20
0
40 EE7 (N = + 20% Npl)
0 5 10 15 20 25 30 35

0 Rotação (mrad)

0 20 40 60 80 100
Rotation (mrad)

Experimental Column web in shear (1)


Column web in tension (3) Column flange in bending (4)
Endplate in bending (5) Beam flange in compression (7)
Beam web in tension (8) Bolts in tension (10)

Figura 2.138 – Sequência de escoamento das componentes.


96

Na ligação com placa de extremidade estendida estudada, um aumento da resistência à


flexão foi observado para forças axiais de compressão inferiores a 20% da resistência plástica
da viga, revelando claramente a assimetria da resposta, enquanto a mesma ligação sob tração
apresentou uma redução da sua resistência à flexão.
Uma das maiores contribuições em termos de desenvolvimento destes ensaios
consistiu no projeto do sistema de aplicação de carga axial que acompanha a extremidade
livre da viga medida que o esforço transversal é monotonicamente incrementado. Dois tipos
de sistema tiveram que ser desenvolvidos para manter o equilíbrio de esforços axiais de tração
e compressão nos cabos. O engenhoso uso de cabos de protensão, se por um lado facilitaram o
movimento da extremidade livre da viga, por outro lado, criaram um desbalanço na força nos
cabos à medida que a viga deformava-se. Isto fez com que fosse desenvolvido um sistema
individual de controle das forças nos cabos mantendo uma distribuição uniforme de esforços
mesmo com o deslocamento vertical do extremo da viga.
O sistema e as condições de apoio adotadas procuraram simular de forma o mais fiel
possível, o desempenho destas ligações quando sujeitas à interação flexão versus esforço
axial. A instrumentação projetada para este programa de ensaios também contemplou o uso de
extensômetros dentro dos parafusos para monitoração dos esforços transmitidos pela ligação e
para também comparar e validar aspectos como a curva momento rotação, efeito de alavanca
dentre outros. A avaliação individual de cada componente da ligação também foi executada
contribuindo para o entendimento global do comportamento da ligação em termos de rigidez
inicial, esforço de flexão transmitido e capacidade de rotação. O comportamento individual de
cada componente serviu para a montagem da sequência de colapso ou falha de cada uma
destas à medida que os esforços externos são aplicados a estrutura investigada.

i. Comportamento de ligações semirrígidas mistas com cantoneiras

Embora o uso da ação mista esteja se tornando cada vez mais frequente no
dimensionamento de ligações semirrígidas, sua aplicação em áreas de momento negativo em
colunas de borda e canto presentes em pórticos ainda não é devidamente explorada. As
soluções para ligações semirrígidas mistas sob a ação de momento negativo baseiam-se em
duas condições. A primeira é que a armadura negativa, presente na largura efetiva da laje,
deve ter o comprimento de ancoragem necessário nas regiões de momento positivo. A
segunda condição realça a necessidade de um número mínimo de conectores de cisalhamento
para serem usados em regiões de momento negativo.
Estes conectores são necessários apesar do concreto não ser efetivo devido à
fissuração. Os conectores de cisalhamento podem transferir gradualmente a ação proveniente
das barras de armadura para a viga de aço. Esta transferência gradual de carga não ocorreria
se fosse feita apenas através de comprimento de ancoragem das barras. As soluções
estruturais mistas habituais empregam conectores tipo pino e barras de armadura negativas
devidamente ancoradas nas regiões de momento positivo.
Estas ideias motivaram o desenvolvimento do sistema de pórticos mistos que usa
conectores de cisalhamento Perfobond, [52] - [55]. Este conector, inicialmente adotado em
vigas mistas de pontes por Leonhardt foi usado pela primeira vez em edificações. Sua escolha
foi determinada devido ao fato de que além de garantir a aderência aço-concreto, ele também
permite uma melhor ancoragem das armaduras negativas nas colunas internas. Estas barras
podem ser ancoradas passando através dos furos do conector Perfobond ou simplesmente
serem sobrepostas à sua armadura transversal geralmente neles presentes.
As soluções usuais de dimensionamento para colunas externas usam barras de
armadura enlaçando a coluna. Este detalhe estrutural não é muito bem aceito por arquitetos
devido à dificuldade extra de adaptar as soluções de projeto arquitetônico para as fachadas do
edifício. A necessidade de enlaçar as colunas com armadura necessariamente produz o
97

alongamento da laje de piso criando uma saliência. Este detalhe complica a construção da laje
e o uso de painéis contínuos para fachadas. A solução proposta para ligações semirrígidas
mistas introduz um novo elemento da ligação, chamado conector TPerfobond, Figura 2.139.
Este conector tem o objetivo de transferir as forças das barras da armadura, localizadas na
região de momento negativo, diretamente para a mesa da coluna. Os outros elementos
presentes nas ligações internas e externas foram cantoneiras de alma e assento.

Figura 2.139 - Geometria de conector TPerfobond.

Para validar o sistema estrutural semi-rígido misto proposto, realizou-se um programa


experimental composto de: testes de tipo push-out e pull-out do conector Perfobond e ensaios
em escala real do pórtico semi-rígido misto proposto para investigar seu desempenho
estrutural global.
O conector de cisalhamento Perfobond é feito a partir de uma placa retangular com
furos conforme indicado na Figura 2.140. Seu comportamento mecânico é dependente da laje
de concreto em que está inserido. Durante o processo de cura da laje de concreto, cones são
formados em uma região perto de furos do Perfobond. Estes cones contribuem para a
resistência ao cisalhamento, para evitar o deslizamento e a separação vertical entre a viga e a
laje de concreto. O desempenho estrutural deste conector de cisalhamento pode ser
substancialmente melhorado pelo uso de barras de armadura passando por seus furos.
7
51
1
2
,
5 1
1
2
,
575
7
51
1
2
,
511
2
,
575
5
7
14
1
2
7 8
0
5
0 52

2
0 1
4
3
7
5 3
7
5
di
mens õ
di
m en
Figura 2.140 - Conectorsõe
desem m m
cisalhamento Perfobond original ee
s
emm m
modificado.

O conector Perfobond apresenta uma vantagem extra quando comparado com


conectores de cisalhamento tipo stud. O Perfobond requer equipamentos simples para seu uso,
fato corroborado pelos ensaios em escala real. Testes tipo Push-out em que o número de furos
e a altura da chapa variaram em relação à espessura da laje serviram para determinar a forma
ideal para o Perfobond. O conector Perfobond adotado usou estas dimensões ótimas com uma
única alteração na altura da placa para estar de acordo com a espessura da laje a ser usada.
Para comparar com os resultados de Oguejiofor, [56], em Perfobonds 375 x1 27 x1 3
mm, (EB e ED) um programa experimental, constituído por oito testes Push-out (PB) foi
conduzido. Os Perfobonds com 375 x 80 x 12.7 mm, foram soldados para seções tipo I 203 x
27.4, com 720 mm de comprimento, Figura 2.141 e depois imersos em duas lajes de concreto
720 x 720 x 100 mm. Uma malha quadrada de armadura (4.76 mm @ 172 mm) foi usada em
todos os testes. Os testes PB1 e PB2 foram feitos de forma semelhante aos anteriores ED3 e
EB3 enquanto os testes PB4, PB6 e PB7 foram semelhantes aos ED7 e EB7. A única
diferença foi a ausência nos testes EB3 e EB7 de uma armadura de distribuição com barras
muito finas próximas a face externa da laje. Os detalhes geométricos da laje, conectores
98

Perfobond e localização das barras de armadura dos testes são apresentados em Ferreira, [52],
[55].

Figura 2.141 - Geometria do conector Perfobond e configuração do teste push out.

A Figura 2.142 apresenta as curvas de carga versus deslizamento para todos os testes
executados onde é possível observar que a influência da malha da armadura sobre a
resistência ao cisalhamento do conector é menos significativa para os espécimes com barras
de armadura passando pelos furos do conector Perfobond. Espécimes sem barras de armadura
dentro dos furos Perfobond, PB 01 e 02 tiveram um aumento de 40% na carga experimental
quando comparadas com os valores previstos. Isto foi causado pela resistência adicional
fornecida por uma malha de armadura usada nestes espécimes.

Figura 2.142 - Curvas carga versus deslizamento de todos os ensaios.

O detalhe do conector TPerfobond deve minimizar o efeito de alavanca, caso


contrário, uma perda prematura de rigidez na ligação é esperada. A altura do conector foi
definida em 80 mm devido à espessura de laje (100 mm) em que o conector está imerso
enquanto espessuras de 12,7 mm e 9,5 mm foram usadas na mesa e alma do conector. Os
conectores TPerfobond são feitos facilmente com sobras de seções laminadas evitando
trabalhos de soldagem adicionais e reduzindo os custos. A Figura 2.143 mostra as quatro
etapas do processo de fabricação do conector TPerfobond: perfil inicial, furos na alma, furos
na mesa (c), corte da mesa de baixo.

Figura 2.143 - Processo de fabricação de conector TPerfobond.


99

O pórtico de dois andares foi feito com três colunas, formando dois vãos de 4,5 e 6 m
com uma altura total de 3,6 m. O primeiro nível foi composto de uma viga mista com uma
laje de concreto moldada no local com 120 mm de espessura e 1,5 m de largura. Esta viga
mista continha todos os componentes do sistema construtivo, isto é, o conector de
cisalhamento Perfobond, o conector TPerfobond, cantoneiras de alma e assento e barras de
armadura. As vigas do segundo nível foram feitas por seções de aço laminadas, sem a laje de
concreto. As três colunas usaram seções soldadas de aço WWF300x56.5 (bf = 200 mm, tf =
12,7 mm, tw = 8 mm, h = 300 mm) com solda de filete com pernas de 5 mm. Todas as vigas
foram feitas com seções laminadas de aço I 10" x 37.7 (bf = 118 mm, tf = 12,7 mm, tw = 8
mm, h = 254 mm). As Figuras 2.144 a 2.146 ilustram a configuração de ensaio adotada para o
pórtico misto estudado, bem como a localização dos extensômetros usados na viga, laje e
armaduras.

Figura 2.144 - Configuração do pórtico semi-rígido misto ensaiado.

Figura 2.145 - Extensômetros usados na mesa superior da viga e laje de concreto.

Figura 2.146 - Armaduras da laje de concreto e localização do extensômetros usados.


100

A Figura 2.147 ilustra os detalhes da ligação interna e externa do primeiro nível onde
as ligações usaram cantoneiras de assento 127 x 127 x 9.5 mm, dupla cantoneira de alma 127
x 89 x 9.5 mm e parafusos A325 com 19 mm de diâmetro. As ligações mistas das colunas
externas usaram o conector TPerfobond. As ligações do segundo nível foram feitas com
cantoneiras 76 x 76 x 9.5 mm onde as cantoneiras da alma adotaram parafusos A325 de 19
mm e 16 mm de diâmetro, nas abas ligadas a alma da viga e a mesa da coluna,
respectivamente. As cantoneiras de assento usaram parafusos A325 com 16 mm de diâmetro.
As Figuras 2.147 e 2.148 mostram os detalhes das ligações do segundo nível.

Figura 2.147 - Ligações internas e externas: localização de extensômetros, 1º nível.

Figura 2.148 - Ligações internas e externas, 2º nível.

As barras de armadura adotadas foram:  = 4.76 mm nas barras de distribuição


longitudinais e estribos, = 10 mm nas armaduras negativas das colunas internas e externas e
= 12,7 mm dentro dos furos do conector Perfobond. Extensômetros foram usados nas barras
de armadura em duas regiões de momento negativo para monitorar as deformações da seção
mista. A Figura 2.149 ilustra os detalhes das ligações do primeiro nível antes da concretagem.
A laje moldada no local necessitou de formas e escoramento assim como o posicionamento
correto das armaduras. Somente três e cinco conectores Perfobond foram usados no menor e
maior vão da viga mista, respectivamente. Quando estes valores são comparados com os
números equivalentes para o conector stud de 19 mm (fu = 415 MPa), algumas conclusões
101

interessantes podem ser tiradas. Usando os valores previstos usualmente para os conectores
Perfobond e pino foi possível determinar que, para a viga mista investigada, cada conector
Perfobond é equivalente a 4,7 conectores tipo pino. Este número, descartando a contribuição
dos conectores TPerfobond das colunas externas, totaliza 15 e 24 conectores tipo pino para
serem usados no menor e maior vão da viga mista.

Figura 2.149 – Detalhes da laje de concreto e armadura.

A resistência a compressão nominal do concreto (fc') foi estimada em 20MPa. Um


ciclo de quatro carregamentos verticais foi realizado. A configuração de carga usada teve três
atuadores hidráulicos ligados em série de 500 kN (350 mm de curso) e três células de carga
(duas de 200 kN e uma de 500 kN). Um atuador foi posicionado no centro da viga de menor
vão, enquanto os outros foram posicionados na viga com maior vão (Figura 2.150).
Deslocamentos laterais e verticais foram monitorados com dez relógios comparadores e dez
LVDTs.

Figura 2.150 – Configuração dos Atuadores, LVDTs e relógios comparadores.

A Figura 2.151 mostra curvas carga versus deslocamento em pontos centrais do menor
e maior vãos, primeiro nível. Os deslocamentos verticais máximos foram de 7,5 e 46 mm,
respectivamente.
Quando a carga chegou a 160kN por macaco, uma configuração significativamente
deformada foi alcançada no pórtico ultrapassando substancialmente seu estado de limite de
utilizaçao (uma flecha de 45 mm foi medida no centro do maior vão). Em torno deste nível de
carga, a laje apresentou uma configuração de fissuras distribuídas perto do local de
ancoragem do TPerfobond na coluna externa. Apesar deste fato, nenhum colapso de
componente ou membro foi atingido.
102

160 160
(LVDT[4]+LVDT[5])/2
140 140
120 120

Load (kN)
Load (kN)

100 LVDT 09 – Test 7


100
(LVDT[4]+LVDT[5])/2
80 80
LVDT 09 - Test 6
60 LVDT 09 – Test 8
60
LVDT 09 - (LVDT[4]+LVDT[5])/2
40 Test 5 40
20 20 (LVDT[4]+LVDT[5])/2

0 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Vertical displacement (mm) Vertical displacement (mm)

Figura 2.151 - Curvas carga versus deslocamento no centro dos vãos menor e maior.

Uma vez que o colapso não foi atingido, dois ensaios adicionais foram realizados para
induzir o seu colapso. Para atingir este objetivo, antes de realizar os novos ensaios todas as
cantoneiras de assento foram removidas e os parafusos da ligação do TPerfobond à coluna
externa foram afrouxados. Com estas medidas, os únicos componentes ativos das ligações
foram as duplas cantoneiras de alma visando simular ligações simplesmente apoiadas. Por
outro lado, as ligações internas ainda poderiam mobilizar as barras de armadura de momento
negativo e duplas cantoneiras de alma. O pórtico foi carregado uma vez mais até 160kN por
atuador, mas novamente, nenhuma falha foi atingida.
Curvas carga versus rotação para ligações internas e externas mistas foram obtidas
através de curvas carga versus deslocamento. Apesar do pórtico misto ter sido contraventado
na sua parte superior e inferior por cabos de aço, a estrutura deslocou-se longitudinalmente
afetando as rotações da ligação. As correções das rotações foram feitas a partir da rotação da
coluna com a qual a ligação foi conectada.
A rotação da ligação mista externa foi avaliada em duas etapas: primeiro a rotação
global da ligação foi avaliada descartando os deslocamentos laterais da coluna. Esta
inclinação foi determinada com o auxílio de um LVDT posicionado sobre a mesa inferior da
viga perto da aba externa da cantoneira de assento. O ângulo de rotação da coluna foi avaliado
usando um LVDT posicionado na mesa externa da primeira coluna. A Figura 2.152 mostra as
curvas carga versus rotação da ligação externa com e sem a correção do deslocamento lateral
da coluna onde sua influência pode ser facilmente observada.

180
Connection 1 – experimental
160 rotation without correction
140
120
Load (kN)

100
80
60
Connection 1 – experimental
40 rotation corrected with
column 1
20
0
0 5 10 15 20 25 30 35
Rotation (mrad)
Figura 2.152 - Curvas de carga versus rotação da ligação externa.

Um LVDT e um relógio comparador foram usados para medir os deslocamentos


verticais da viga perto da ligação interna mista. O ângulo de rotação foi determinado da
mesma forma como no caso das ligações externas. Para melhor representar este ângulo, duas
alternativas foram avaliadas: na primeira alternativa, as leituras do relógio comparador foram
usadas para os testes 5 e 6 enquanto as leituras do LVDT foram usadas no teste subsequente
180
Connection 2 – dial gauge 5 – TEST 5
160
140 Connection 2 – dial gauge 5 – TEST 6
103

Load (kN)
120
Connection 2 – LVDT
100 7 – TEST 8
(Figura 2.153). Na segunda alternativa, a curva80foi construída considerando apenas os
Connection 2 – LVDT
60
resultados dos testes 7 e 8 medidos a partir do LVDT.
40
Quando duas curvas
7 – TEST 7 são comparadas, é
possível observar que quando apenas as leituras do20LVDT são consideradas, a rigidez inicial
da ligação não muda, mas a rotação máxima registrada0
0
é reduzida
5 10
de
15
33,420
para
25
31,4
30
mrad.
35
Rotation (mrad)

180 180
Connection 2 – dial gauge 5 – TEST 5 Connection 2 – experimental rotation obtained with
160 160
LVDT 07 disregarding TESTS 5 & 6
140 Connection 2 – dial gauge 5 – TEST 6 140

Load (kN)
Load (kN)

120 120
Connection 2 – LVDT
100 7 – TEST 8 100
80 80
Connection 2 – LVDT
60 60
7 – TEST 7
Connection 2 – experimental
40 40 rotation obtained with dial
20 gauge 5 and LVDT 07
20
0 0
0 5 10 15 20 25 30 35
0 5 10 15 20 25 30 35
Rotation (mrad) Rotation (mrad)

Figura 2.153
180 - Curvas carga versus rotação da ligação interna sem correção da coluna: DG5; LVDT7;
160 Connection 2 – experimental rotation obtained with 180
LVDT7TESTS
LVDT 07 disregarding (apenas
5&6 testes 7 & 8) e combinados
160
DG5
Connection + LVDT7.
2 – experimental rotation
140 obtained with dial gauge 5 and LVDT
07 – corrected with column 1
Load (kN)

120 140

Infelizmente,
100 devido a um problema, as leituras 120 dos deslocamentos laterais da coluna

Load (kN)
80 100 Connection 2 – experimental rotation
interna não60 puderam ser usadas. Duas opções para 80 avaliar a rotação da coluna foram obtained with dial gauge 5 and LVDT
07 – without correction
Connection 2 – experimental
consideradas40 levando em conta os deslocamentos
rotation obtained with dial 60laterais da primeira e terceira colunas
gauge 5 and LVDT 07
externas. A20Figura 2.154 apresenta duas alternativas40 para
20
esta correção: com o LVDT ou com Connection 2 – experimental rotation
obtained with dial gauge 5 and LVDT
0 07 – corrected with column 3
o relógio comparador.
0 5 10 15 20 25 30 35 0
0 20 5 10 15 25 30 35
Rotation (mrad)
Rotation (mrad)
180 180
Connection 2 – experimental rotation Connection 2 – experimental rotation
160 obtained with dial gauge 5 and LVDT 160 obtained with LVDT 07 corrected with
07 – corrected with column 1 column 3, disregarding TESTS 5 & 6
140 140
120 120
Load (kN)

Load (kN)

Connection 2 – experimental rotation


100 Connection 2 – experimental rotation 100 obtained with LVDT 07 disregarding
obtained with dial gauge 5 and LVDT TESTS 5 & 6
80 07 – without correction 80
60 60
40 Connection 2 – experimental rotation 40 Connection 2 – experimental rotation
obtained with dial gauge 5 and LVDT obtained with dial gauge 5 and LVDT
20 07 – corrected with column 3 20 07 corrected with column 3
0 0
0 5 10 15 20 25 30 35 5 10 15 20 25 30 35
Rotation (mrad) Rotation (mrad)
180
Figura 2.154
Connection - Curvas
2 – experimental rotation carga versus rotação da ligação interna medidas e corrigidas.
160 obtained with LVDT 07 corrected with
column 3, disregarding TESTS 5 & 6
140
Um
120 dos principais objetivos deste programa experimental foi aferir o processo de
Load (kN)

Connection 2 – experimental rotation


transmissão
100
80
dos esforços nas ligações semirrígidas mistas investigadas. Dois grandes grupos
obtained with LVDT 07 disregarding
TESTS 5 & 6

de ligação,
60 as de extremidade e as internas, foram estudados incorporando barras de armadura
negativas em quantidade suficiente para não gerar um engastamento perfeito e sim, um
40 Connection 2 – experimental rotation
obtained with dial gauge 5 and LVDT
20
engastamento
0
parcial otimizando as parcelas resistentes à compressão e a tração.
07 corrected with column 3

Conectores
5 de
10 cisalhamento
15 20 25 Perfobond
30 35 foram usados nos trechos de momento positivo
Rotation (mrad)
para garantir a ação mista e ancorar parte das barras negativas nas ligações externas. Foi
concebida também uma variação do conector Perfobond chamado TPerfobond para
ancoragem das barras negativas em colunas de extremidades sem a necessidade de estender a
laje além da face externa das colunas.
O programa experimental gerou uma série de desafios no sistema de instrumentação
concebido pois o valor do momento de engastamento parcial nas ligações externas e internas
só pode ser aferido de forma indireta. Uma das alternativas para sua determinação usou
LVDTs e relógios comparadores posicionados ao longo da viga e da coluna. Este processo
mostrou-se eficiente no trecho linear elástico onde fórmulas clássicas para as rotações e
flechas das vigas podem ser obtidas. Porém, esta correlação mostrou-se ineficiente à medida
que a plastificação da viga começou a ocorrer. Outra alternativa usada partiu da distribuição
de tensões medidas em pontos ao longo da mesma seção transversal da viga, mas também não
se mostraram eficientes.
104

O programa experimental partiu de ensaios tipo push-out e pull-out para os conectores


já mencionados e culminou com um ensaio em escala real de um pórtico misto com dois vãos.
A instrumentação adotada nesses ensaios contemplou LVDTs, relógios comparadores, células
de carga, e extensômetros (lineares e rosetas) distribuídos ao longo de pontos chaves da
estrutura. Uma variação inovadora do ensaio push-out foi concebida para isolar o efeito do
contato da face do conector com a laje de concreto a partir da construção de protótipos de
lajes com rasgos antes da face do conector. A diferença de comportamento e carga entre os
ensaios com e sem o rasgo fornecem a princípio, o valor desta parcela resistente. O ensaio
pull-out também foi concebido para determinar a eficiência e a capacidade resistente do
conector TPerfobond em transmitir e ancorar as barras negativas da laje de concreto.
O programa experimental também possibilitou a averiguação da eficiência da
avaliação da rotação nas ligações através de métodos usando leituras de LVDTs e relógios
comparadores, avaliação do efeito do deslocamento da coluna e da deformada da viga sob
flexão sobre estas rotações. O mais importante aspecto foi a percepção de que as curvas de
comportamento mais fiéis para estas ligações foram as relativas à carga versus deslocamentos
onde menos aproximações e hipóteses tem que ser feitas. Comprovou-se mais uma vez com
este programa de ensaios que a redundância das medidas é a chave do sucesso, e até mesmo
para futuras reavaliações e comparações com novos ensaios.

j. Avaliação de ligações semirrígidas mistas com placas de extremidade

A região dos apoios onde ocorrem momentos negativos, especialmente em vigas


contínuas é um tópico de intermináveis discussões, devido ao grande número de variáveis
envolvidas neste mecanismo de transmissão de esforços, o qual é constantemente utilizado em
projetos. Assim, com a finalidade de analisar o verdadeiro comportamento desta região de
momentos negativos, propõem-se dividir este sistema em diferentes componentes de maior
influência. As principais componentes, que podem ser observadas na Figura 2.155, são: a laje
de concreto, as barras da armadura e os conectores de cisalhamento, componentes ainda
pouco estudadas na região de momento negativo. A trajetória de transmissão dos esforços
inicia-se na mesa da viga e fixa-se através da solda do conector de cisalhamento, passando
para o concreto, onde ocorre a interação entre estes dois componentes. Esta trajetória
prossegue do concreto para as barras de armadura, ocorrendo novamente interação entre estes
últimos componentes. Por fim, passa-se a atuação propriamente dita das barras da armadura.

Flexão no conector de Confinamento do concreto Ancoragem


cisalhamento junto ao conector da armadura

Figura 2.155 - Componentes da região de momento negativo.

Cada uma das componentes, ou variáveis que são representadas na Figura 2.155,
possui inúmeros possíveis níveis de variações que influenciam direta ou indiretamente no seu
comportamento. A combinação de todas variáveis e seus níveis gera uma quantidade de
ensaios desproporcional, de forma que é necessária a redução destes elementos para que se
105

alcance uma quantidade coerente de ensaios. Uma nova organização para os ensaios gera uma
tabela com as principais componentes mais significativas, Tabela 2.9.
O comprimento da armadura é calculado através da combinação do espaçamento dos
conectores, representados pela distância da face externa da mesa da coluna até o primeiro
conector, d1, e do espaçamento entre os próprios conectores, d2. De forma a criar uma série de
experimentos com uma quantidade reduzida de ensaios apresenta-se um método conhecido
como Projeto Robusto, desenvolvido por Taguchi [57]. Da década de 1950 em diante,
Taguchi desenvolveu uma metodologia que utilizou a aplicação de métodos estatísticos
objetivando melhorar a qualidade dos produtos manufaturados, que realiza uma distribuição
coerente das variáveis dentro de seus níveis, através de arranjos de combinação, representados
por matrizes. Fazendo a conversão para forma das variáveis e seus níveis reais, é obtida a
Tabela 2.10, apresentada a seguir.

Tabela 2.9 – Descrição final das componentes e as suas características mais comuns.

Armadura Concreto Resistência Conector


Comprimento Quantidade Diâmetro Fck d1 d2 Quantidade
[mm] [und] [mm] [MPa] [mm] [mm] [und]
d1 + d2 +d2 2 16 20 100 100 3
d1 + d2 +d2 4 20 30 200 250 2

Tabela 2.10 – Matriz de combinações resultante com as variáveis e níveis.

Armadura Concreto Conector


Comb. Comprimento Quantidade Diâmetro Fck Espaço 1 Espaço 2 Quantidade
[mm] [und] [mm] [MPa] [mm] [mm] [und]
1 650 2 16 30 200 250 2
2 500 4 20 30 200 100 3
3 450 4 20 20 100 250 2
4 300 2 16 20 100 100 3
5 650 4 16 20 200 250 3
6 500 2 20 20 200 100 2
7 450 2 20 30 100 250 3
8 300 4 16 30 100 100 2

A partir desta combinação de variáveis podem ser realizadas variações desta tabela,
onde alguns modelos de confinamento da laje são propostos, [58], [59], [60]. Estes modelos
de confinamento buscam representar a continuidade da laje de concreto como ocorre em
estruturas tradicionais, mas aplicada em elementos de escala reduzida, através de contenções
em torno de todo o seu contorno ou parcialmente. São propostos quatro níveis de
confinamento para estes ensaios. Inicia-se com o confinamento total, e partir daí, apresenta-se
o confinamento parcial, sem confinamento e avaliação do comprimento de ancoragem da
armadura, que serão explicados detalhadamente a seguir. O ensaio busca simular, ou
reproduzir, a região de momentos negativos, onde ocorrem fissuras, devido à tração no
concreto da seção mista. Desta forma, transforma-se o ensaio push-out criando um ensaio de
arrancamento, ou pull-out usando as barras de armadura, de modo que o concreto das lajes
seja tracionado. Os modelos de pull-out subdivididos pelos modos de confinamento serão
comentados e apresentados de acordo com o nível de confinamento, Figura 2.156. Os modos
de contensão ou confinamento do concreto são de dois tipos, os laterais e os longitudinais, ou
uma combinação destes.
106

Figura 2.156 – Sistemas e tipos de confinamento.

Nas Figuras 2.157 a 2.160, são representados de modo real, o travamento ou


contensão, que é simbolizado na Figura 2.156 por meio de setas e textos. Esta representação
faz-se através das placas de cor verde, as quais representam a forma de conter a expansão do
concreto, buscando através de suas combinações, a forma mais próxima do comportamento da
laje contínua. O primeiro ensaio propõe o confinamento total, onde existirá uma contenção ou
confinamento da laje de concreto na direção da ação do esforço de tração e lateralmente, já
que em uma laje de concreto em situação real, este efeito é muito maior que o modelo aqui
proposto na Figura 2.157.

Figura 2.157 – Modelo pull-out – confinamento total.

O confinamento total, constituído pelas placas de cor verde em torno das lajes de
concreto, apresentado na Figura 2.157, busca representar a continuidade da laje, a qual simula
a existência de uma laje de largura e comprimento de modo a representar a continuidade em
todas as direções laterais, situação encontrada na condição real. A Figura 2.158, enfoca a
continuidade da laje na direção longitudinal do elemento, ou seja, na direção da ação de
tração, e, diferentemente do modelo anterior, não possuirá mais a contenção lateral, gerando
confinamento parcial.
107

Figura 2.158 – Modelo pull-out – confinamento parcial.

No ensaio sem confinamento, o modelo considera que a continuidade da laje não


influencia no comportamento deste ensaio experimental, Figura 2.159. Sendo assim, o modelo
é aberto em todas as direções laterais e longitudinais, livre de qualquer tipo de confinamento
ou contenção.

Figura 2.159 – Modelo pull-out – sem confinamento.

O último modelo parte do princípio do não confinamento como descrito no modelo


anterior. No entanto, ele tem o objetivo de calibrar a formulação para a resistência de
ancoragem sem a solicitação dos conectores de cisalhamento. Na Figura 2.160 é apresentado
o ensaio de ancoragem da armadura, onde se faz a aplicação de carga através do atuador
hidráulico em toda a extensão da extremidade do perfil metálico, junto com a laje de concreto,
os quais são empurrados, determinando assim, a ancoragem da armadura e a resistência do
conector.
108

Figura 2.160 – Modelo pull-out – sem confinamento, ancoragem e tração.

A última configuração visa avaliar a componente do confinamento do concreto,


buscando analisar a sua contribuição dentro deste conjunto de componentes. Focando na
contribuição da ancoragem da armadura submetida à tração, juntamente com o conector,
avaliando sua resistência à flexão, cisalhamento e a resistência ao arrancamento caracterizado
pelo ponto onde ocorre o deslizamento da armadura.
Os pré-ensaios tiveram por objetivo testar e definir os ensaios principais e também
contribuir para a definição da quantidade e da qualidade de resultados, PO 0.1 e PO 0.2. Os
ensaios nesta fase preparatória utilizaram formas metálicas, Figura 2.161, para
reaproveitamento e posterior agilidade na montagem das próximas séries de ensaios
planejados.

Figura 2.161 – Forma metálica.

Um sistema de vigas metálicas foi criado para prender o ensaio na laje de reação, de
forma que as barras de armadura fossem tracionadas pela aplicação de carga através de um
atuador hidráulico, Figura 2.162.
109

Figura 2.162 – Sistema de travamento com vigas metálicas.

O ensaio inicial, PO 0.1, teve por objetivo obter os primeiros dados de resposta da
estrutura, buscando calibrar os valores das cargas aplicadas, e o modo de colapso da barra de
armadura. Seu principal objetivo foi preparar uma estrutura de ensaio que resistisse às
solicitações de modo a apresentar resultados confiáveis, sem comprometer a segurança. No
segundo ensaio, PO 0.2, não ocorreram problemas na estrutura de travamento, de forma que
foram realizados todos os procedimentos necessários para iniciar e finalizar com o seu
colapso, ocorrendo somente um colapso diferente do modo previsto. O modo previsto era
inicialmente romper a barra da armadura, e na verdade, ocorreu a ruptura do conector por
cisalhamento.
O concreto foi produzido em laboratório, e seu traço foi gerado a partir de um estudo
de dosagem experimental. A armadura foi dividida em três diferentes tipos, cada tipo com sua
respectiva função. O primeiro tipo de armadura teve a função de medir a deformação do
concreto, através da colocação de extensômetros ao longo do seu comprimento, com os
extensômetros posicionados próximos a linha dos conectores de cisalhamento. Neste ponto
usou-se a hipótese que esta região, que iria cruzar a linha de fissuras na laje de concreto, teria
uma deformação nesta barra de diâmetro igual a 5 mm, semelhante à deformação do concreto
na sua vizinhança. O segundo tipo de armadura foi caracterizado pelos estribos, os quais
seguiram as recomendações do EC4 [64]. Estas barras tinham o objetivo de controlar a
fissuração da laje, e foram dispostas nas direções longitudinais e transversais distribuídas ao
longo do comprimento da laje. O último tipo de armadura teve um diâmetro de 16 mm. Ela
foi fixada na outra extremidade por placas de aço, através de um corte nesta placa, onde se
encaixa a barra de armadura, local onde a mesma foi soldada. As armaduras foram
posicionadas próximas ao ponto correspondente a um terço da largura da laje. Um par de
extensômetros foi colocado em cada ponto onde se desejava medir estas deformações. Outro
par de extensômetros foi posicionado em cada barra externamente a laje de concreto e os
restantes nas proximidades dos intervalos entre os conectores de cisalhamento, Figura 2.163.
110

Figura 2.163 – Armadura principal.

A viga deste ensaio foi constituída pelo perfil W410x46,1 da AÇOMINAS de aço tipo
ASTM A-572, com dimensões 410 x 140 x 6,7 x 11,2, sendo altura, largura da mesa,
espessura da alma e espessura da mesa, respectivamente, Figura 2.164. O comprimento deste
perfil foi de 1000 mm. Neste ensaio também foram usados perfis de travamento longitudinal
da estrutura mista constituídos dos perfis U 6”x 12,5 laminados em aço tipo ASTM A-36,
sendo considerados perfis de travamento do primeiro nível. Para o travamento transversal,
também chamado de perfil de travamento do segundo nível foram utilizados perfis I3”x10 em
aço tipo ASTM A-36. Os conectores de cisalhamento, soldados na mesa do perfil metálico
possuíam a função de impedir o deslizamento da laje de concreto em relação ao perfil
metálico, utilizando no ensaio de pull-out PO 0.1, três conectores e no pull-out PO 0.2, dois
conectores de 19,1 mm, com comprimento de 120 mm. Os dois pré-ensaios PO 0.1 e PO 0.2
utilizaram o mesmo perfil metálico principal, Açominas, W 410 x 46,1, de aço tipo ASTM A-
572 Gr. 50. O pré-ensaio PO 0.1 utilizou três conectores de cisalhamento, posicionados no
centro da largura da mesa e longitudinalmente espaçados de 250 mm da extremidade até o
primeiro conector e entre conectores distanciados de 200 mm. O pré-ensaio PO 0.2, usou dois
conectores de cisalhamento soldados em cada uma das mesas, espaçados da extremidade do
perfil da viga 250 mm e 200 mm entre os mesmos.

250 200 550

PLL-0.1WC

250 200 200 350


19.1

PLL-0.2WC

Figura 2.164 – Posicionamento dos conectores de cisalhamento.

A laje de concreto foi composta por duas partes iguais, de dimensões 120 x 600 x 100
mm, sendo cada parte ligada a uma das mesas da viga de aço. Para a armadura principal dos
ensaios utilizou-se o mesmo comprimento de 650 mm de ancoragem e comprimento total de
1050 mm, Figura 2.165, sendo que cada laje contém duas barras. As armaduras dos estribos
foram compostas por armadura longitudinal e transversal. A armadura longitudinal
posicionada na maior dimensão da laje, paralela a viga metálica mede 960 mm, com um
111

diâmetro igual a 10 mm, possuindo 4 estribos distribuídos proporcionalmente em cada laje. A


armadura transversal posicionada transversalmente a viga de aço possuiu comprimento de 560
mm e um diâmetro de 10 mm, totalizando seis estribos em cada uma das lajes.

Estribos
960

560
130 200 200 215 215

Estribo longitudinal Estribo transversal


960 560

77

95
Figura 2.165 – Armaduras.

Uma série de extensômetros, dois a cada ponto da barra, colados na parte externa ao
concreto, mediram deformações sem a influência do concreto e outros dois pares posicionados
internamente, mediram as deformações com relação ao conjunto aço-concreto sob tração. O
par de extensômetros foi posicionado bem próximo da laje de concreto, pressupondo-se ser o
ponto externo com maior nível de tensão na barra. Os pares internos foram posicionados de
forma a obter o comportamento nas barras na região entre os conectores de cisalhamento,
Figura 2.166.

PO - 0.2 PO - 0.1
350
Lado 1 350 200
55 55

250 200 250 200 200

350
Lado 2 350 200
55 55

250 200 250 200 200

112

Figura 2.166 – Extensômetros nas armaduras principais.

Foi necessária a utilização de um transdutor de pressão para a centralização da célula


de carga, que nos testes iniciais deslizava à medida que a aplicação de carga atingia uma força
considerável. A Figura 2.167, mostra o posicionamento de cada grupo de LVDTs
posicionados na parte inferior do ensaio e que mediram o deslocamento relativo entre o perfil
metálico e as lajes de concreto. Em todo perímetro horizontal do pull-out, os LVDTs mediram
os deslocamentos laterais, de forma a identificar algum desequilíbrio da estrutura para
qualquer direção no plano horizontal. Os LVDTs superiores mediram deslocamentos verticais
do pull-out, onde os de número 7 e 8 realizaram as medições relativas entre aço e concreto. Os
LVDTs 1 e 2, no outro extremo do pull-out, identificariam um comportamento diferenciado
entre as duas extremidades. Finalmente, os LVDTs 9 e 10 acompanharam o deslocamento do
ensaio em relação ao solo, e foram posicionados nas extremidades das lajes de concreto,
verificando também qualquer desequilíbrio da estrutura.
112

7 10 9 7 10
5 6 3 4
5 6
3 5

6 5

vista lateral vista frontal vista superior vista inferior


Figura 2.167 – Locação e identificação dos LVDTs.

O modo de ruptura previsto para o pull-out PO 0.1 foi a ruptura da barra de armadura
com uma carga aplicada de 402,0 kN, sendo seguida pela ruptura da ancoragem com 569,4
kN, não ultrapassando a capacidade de aplicação da carga do atuador hidráulico que era de
1000 kN. O ensaio PO 0.1, iniciou-se com uma série de pré-ensaios que serviram para obter
resultados preliminares e principalmente, preparar a estrutura de ensaios ou estrutura de
travamento resistente e eficiente o suficiente para realizar outros ensaios finais.
Previamente foi realizado um ensaio de pré-carga na estrutura, buscando alcançar em
torno de 20% da sua carga de ruptura, o qual ocorreu sem nenhum problema. No dia seguinte
foi realizado o ensaio definitivo do PO 0.1, conforme recomendações do EC4 [64], iniciando
com o processo de carregamento e descarregamento, consistindo na aplicação de uma carga
de 20% da carga de ruptura prevista e descarregá-la, realizando este processo 25 vezes. Após
esta etapa realizada iniciou-se a aplicação de carga numa velocidade moderada até seu
colapso. Sendo assim, o atuador hidráulico logo que ultrapassou os 30% da carga prevista
deslocou-se interrompendo o ensaio. O deslocamento do atuador hidráulico ocorreu devido à
cabeça do seu curso ser rotulada. Duas outras tentativas foram realizadas e por fim, optou-se
pela retirada deste elemento rotulado, Figura 2.168, deixando somente o curso do atuador
hidráulico fixo, por medida de segurança. A ruptura da barra da armadura principal com uma
carga aplicada de 513 kN foi o estado limite último do ensaio.

Figura 2.168 –Atuador hidráulico sem a cabeça rotulada.

O ensaio PO 0.2, ocorreu normalmente como previsto, desde o início com a aplicação
do carregamento e descarregamento até o colapso. O ensaio PO 0.2 é diferenciado do PO 0.1,
pois somente dois conectores de cisalhamento em cada mesa da viga são usados enquanto o
PO 0.1 possui três em cada mesa. A previsão de ruptura também é igual ao PO 0.1, rompendo
a barra da armadura com uma força aplicada de 402 kN, porém, sua ruptura ocorreu no
conector de cisalhamento com uma carga de 473 kN, Figura 2.169.
Os ensaios realizados após os pré-ensaios denominados como definitivos possuíram
dimensões idênticas as dos pré-ensaios. As diferenças destes ensaios para os ensaios
anteriores, estão nas suas fôrmas, já que foram confeccionadas com chapas de compensado
naval, as varetas para medição da deformação não foram empregadas e a utilização de um
perfil metálico mais compacto, porém mantendo a altura anterior. Nesta série foram realizadas
4 diferentes configurações de ensaios, PO1X, PO2X, PO7X e PO8X com um modo específico
de ruptura, onde cada uma das séries possui três repetições, totalizando doze ensaios.
113

Figura 2.169 – Ruptura do Pull-out PO 0.2.

Nos ensaios definitivos, os perfis que unem as lajes de concreto foram modificados,
porém, manteve-se a altura, utilizando o W410x60 juntamente com as barras de armadura
principal e as placas de travamento soldadas em suas extremidades. A estrutura que compõe
todo o travamento foi mantida, uma nova placa de distribuição da força aplicada pelo atuador
hidráulico foi utilizada. O concreto utilizado foi usinado, devido à grande quantidade de
espécimes a serem concretados. O fck requerido foi de 30 MPa, sendo que nos ensaios de
ruptura dos corpos de prova deste concreto obteve-se uma média de resistência a compressão
de 28 MPa. As armaduras utilizadas nestes ensaios foram as mesmas dos pré-ensaios,
variando somente seus comprimentos de ancoragem, de acordo com cada modelo e modo de
ruptura. No entanto, devido à ineficiência das varetas para medição da deformação do
concreto, estas foram dispensadas. Os conectores de cisalhamento foram os mesmos
utilizados dos pré-ensaios, sendo que a solda foi realizada com equipamento específico de
solda para conectores de cisalhamento. Os doze ensaios utilizaram o mesmo perfil metálico
principal, Açominas, W410x60, de aço tipo ASTM A-572 Gr. 50. Os elementos de
travamento utilizados foram os mesmos dos pré-ensaios juntamente com o mesmo sistema
estrutural de travamento. A distribuição dos conectores variou de acordo com cada série,
sendo utilizadas quatro diferentes distribuições, Figuras 2.170 e 2.171.
A laje de concreto foi mantida com as mesmas dimensões, no entanto, a geometria
mista foi alterada devido ao aumento da altura da viga metálica, Figura 2.172. Em cada série
de ensaios variou-se o comprimento das suas armaduras principais, Figura 2.172, de modo a
obter um respectivo modo de ruptura.
A série de ensaios PO-1X possui duas barras principais com 1150 mm, sendo que 650
mm estão embutidos no concreto com diâmetro de 16 mm. A série de ensaios PO-2X possui
quatro barras principais de diâmetro 20 mm e com 1000 mm de comprimento, sendo que 500
mm estão embutidos no concreto. A série de ensaios PO-7X possui duas barras principais de
diâmetro 20 mm e com 950 mm de comprimento, sendo que 450 mm estão embutidos no
concreto. A série de ensaios PO-8X possui quatro barras principais de diâmetro 16 mm e com
800 mm de comprimento, sendo que 300 mm estão embutidos no concreto.
114

250 200 550 100 200 200 500


1000
1000

PO - 1X PO - 2X

Figura 2.170 – Distribuição dos conectores PO-11, PO-12 e PO-13 e PO-21, PO-22 e PO-23.

250 100 100 550 100 100 800


1000 1000

PO - 7X PO - 8X

Figura 2.171 – Distribuição dos conectores do PO-71, PO-72 e PO-73 e PO-81, PO-82 e PO-83.

PO-1X PO-7X
1150 950

500 450

600
1000
120

PO-2X
1000
407

647

500
120

Figura 2.172 – Seção mista e armaduras principais da segunda etapa dos ensaios.

A instrumentação utilizada para medição das deformações e deslocamentos foi


constituída de extensômetros e LVDTs, sendo os mesmos dos pré-ensaios, mas com alguns
posicionamentos diferentes entre cada uma das séries de ensaios. Os extensômetros utilizados
nas barras de 5 mm foram descartados devido a não alcançar os resultados ou
comportamentos esperados. Para cada uma das séries de ensaios foram criados diferentes
posicionamentos para os extensômetros de acordo com a distribuição dos conectores de
cisalhamento. Nas séries de ensaios PO-1X e PO-8X, Figura 2.173 pode ser observada a
utilização de 4 extensômetros por barra, com um par em cada ponto de medição por barra,
sendo que um par posicionado na porção externa e outro na interna, mais precisamente entre
as duas linhas de conectores de cisalhamento.
Nas séries de ensaios PO-2X e PO-7X, Figura 2.174, pode ser notado o emprego de 4
extensômetros, com um par em cada ponto de medição por barra, sendo que um par disposto
na porção externa e outro na interna, na linha do conector central.
As posições dos LVDTs distribuíram-se de uma forma mais simplificada que as dos
pré-ensaios de forma a aproveitar melhor os resultados, Figura 2.175.
O valor de carga previsto para ruptura da série PO 1X foi de 402,12 kN, rompendo a
seção transversal da barra da armadura. No entanto, a ruptura nos ensaios PO-11 e PO-12
ocorreu de maneira diferente do previsto teoricamente, sendo que no ensaio PO-13, de modo a
obter o modo de ruptura esperado, fez-se uma modificação na estrutura garantindo que a
ruptura seja igual à prevista com um valor de carga acima do esperado, com um valor de
115

516,21 kN. Os problemas ocorridos foram com relação à fabricação dos elementos dos
ensaios, mais especificamente a solda entre o conector de cisalhamento e a viga de aço. Este
modo de ruptura não foi previsto nos ensaios, pois se considerava que esta solda garantiria a
ancoragem dos conectores de cisalhamento diante de todas as solicitações impostas durante os
ensaios. Na Figura 2.176, pode ser visto com mais detalhe, a base do conector de
cisalhamento praticamente intacta, confirmando a hipótese de baixa amperagem no
equipamento de solda, gerando uma fusão insuficiente entre os materiais, tornando a
resistência da solda inferior à resistência dos outros elementos do ensaio.

1150
460 390 300

310
460 40 350
550

PO - 1X PO - 8X

Figura 2.173 - Posicionamentos dos extensômetros na série de ensaios PO 1X e PO 8X.

950
1000
460 390 100
460 340 200

310
310 460 40 350
460 40 300 550
550

PO - 2X PO - 7X

Figura 2.174 - Posicionamentos dos extensômetros na série de ensaios PO 2X e PO 7X.

7 8 8 7
5 6
5 6 3 4

3 5

6 5

vista lateral vista superior


vista frontal vista inferior
Figura 2.175 – Locação e identificação dos LVDTs dos ensaios.
116

Figura 2.176 - Detalhe das rupturas das soldas dos conectores.

Podem ser observadas na Figura 2.177, as modificações realizadas de modo a impedir


a ruptura na solda dos conectores. Foram colocados perfis metálicos entre as barras de
armadura, travados nas lajes de concreto e no perfil metálico, fazendo com que a carga fosse
totalmente voltada para as barras de armadura, evitando a solicitação dos conectores e sua
inesperada ruptura.

Figura 2.177 - Modificação da estrutura do ensaios PO-13.

O ensaio PO-13 obteve êxito na determinação do modo de ruptura, Figura 2.178,


devido à modificação da sua estrutura, tendo uma previsão de ruptura com carga 402,12 kN,
sendo que o colapso deveria ocorrer na barra de armadura, e a ruptura ocorreu com uma carga
última de 516,21 kN.
Na série de ensaios PO-2X, nos ensaios PO-21 e PO-23 ocorreu a ruptura pela
fragilidade da solda dos conectores. No ensaio PO-22, ocorreu flambagem na alma do perfil
metálico, Figura 2.179, devido à modificação da placa de distribuição de carga, que se
localizava entre o atuador hidráulico e a base de aplicação de carga do perfil metálico
principal, chegando a uma carga de 522,02 kN.
Na série de ensaios PO-7X, nos ensaios PO-71 e PO-73 ocorreu a ruptura pela
fragilidade da solda dos conectores. No ensaio PO-72, ocorreu o arrancamento da barra de
armadura, Figura 2.180, devido à ruptura da ancoragem entre a barra e o concreto, modo de
ruptura previsto, atingindo uma carga última de 448,56 kN, sendo que a carga de ruptura
prevista era de 480,95 kN.
Na série de ensaios PO-8X, no ensaio PO-81 ocorreu a ruptura pela fragilidade da
solda dos conectores. Os ensaios PO-82, PO-83 foram modificados de forma que não
ocorresse a ruptura na solda do conector de cisalhamento. Ocorreu o arrancamento da barra de
armadura, devido à ruptura da ancoragem entre a barra e o concreto, modo de ruptura
117

previsto, atingindo uma carga última de 474,28 kN para o PO-82, 445,91 kN para o PO-83,
sendo que a carga de ruptura prevista era de 475,63 kN.

Figura 2.178 – Ruptura na barra do ensaio PO-13.

Figura 2.179 – Colapso na alma do perfil do ensaio PO-22.

O ensaio PO-11 usou duas barras de armadura principais de 16 mm com um


comprimento de ancoragem de 650 mm em cada um dos lados da laje, lado I e lado II, sendo
lado I representado pelos grupos g3 e g4, e o lado II pelos grupos g5 e g6, com dois
conectores de cisalhamento soldados em cada uma das vigas. O colapso ocorreu com a
ruptura da solda dos conectores de cisalhamento, mais precisamente no lado I. Os
extensômetros dos grupos g3 e g4 apresentam o comportamento da ruptura desta solda, com
uma carga igual a 319 kN. No gráfico apresentado na Figura 2.181 pode ser observado o
comportamento carga versus deformação do grupo de extensômetros g3, que se localizam na
barra vertical número 1 que está imersa na laje de concreto.
118

Figura 2.180 - Ruptura da ancoragem da barra de armadura do ensaio PO-72.

Carga x Deformação: PO-11, g3


350,00

2439,02
300,00

250,00
Carga [kN]

200,00

GAGE 0
150,00
GAGE 1

100,00 GAGE 4

GAGE 5
50,00
limite de
escoamento

0,00 2439,02
-500 0 500 1000 1500 2000 2500 3000
Deformação []

Figura 2.181 – Carga versus deformação do grupo g3.

É comum observar o desenvolvimento da carga aplicada e seus estágios de


comportamento, onde ocorrem claras evidências do escoamento do aço, e início da ruptura.
Na Figura 2.181 pode ser notado que os extensômetros 0 e 1 apresentam o início do
escoamento entre o período de carga de 200 e 250 kN, onde ocorre um aumento na
deformação com relação ao trecho inicial. Este gráfico apresenta visivelmente as
características apresentadas pela Figura 2.182, onde são comparados os comportamentos sob
tração de barras de aço envolvidas e não envolvidas por concreto. A Figura 2.182, apresenta o
comportamento carga versus deformação do grupo de extensômetros g4.

Carga x Deformação: PO-11, g4


350,00

2439,02
300,00

250,00
Carga [kN]

200,00
GAGE 2

GAGE 3
150,00
GAGE 6

GAGE 7
100,00
limite de
escoamento
50,00

0,00 2439,02
0 500 1000 1500 2000 2500 3000
Deformação []

Figura 2.182 - Carga versus deformação do grupo g4.

A Figura 2.183 apresenta as curvas carga versus deslocamento dos LVDTs 1 e 2 da


parte inferior que mediram o deslocamento relativo entre perfil metálico e a base inferior da
laje de concreto. Os LVDTs 7 e 8 apresentam os deslocamentos verticais do pull-out, sendo
119

medidos na porção superior das lajes de concreto. O comportamento do LVDT 8 demonstra


claramente o lado onde ocorreu a ruptura, devido ao seu deslocamento relativamente maior
que o do LVDT 7. O comportamento dos LVDTs combinam os resultados obtidos das leituras
dos deslocamentos verticais, medidos na parte inferior da laje de concreto pelos LVDTs 1 e 2,
e na parte superior pelos LVDTs 7 e 8.

Carga x Deslocamento: PO-11, LVDT 1, 2, 7 E 8


350,00

300,00

250,00

Carga [kN]
200,00

150,00

100,00
LVDT 1 [mm]
LVDT 2 [mm]
50,00
LVDT 7 [mm]
LVDT 8 [mm]

0,00
-6,00 -4,00 -2,00 0,00 2,00 4,00 6,00

Deslocamento [mm]

Figura 2.183 - Carga versus deslocamento dos LVDTs .1, 2, 7 e 8.

O ensaio PO-12 usou duas barras de armadura principais de 16 mm com um


comprimento de ancoragem de 650,0 mm em cada um dos lados da laje, com dois conectores
de cisalhamento soldados em cada uma das vigas. O colapso ocorreu com a ruptura da solda
dos conectores de cisalhamento, mais precisamente no lado II com uma carga igual a 384 kN.
O ensaio PO-13 adotou duas barras de armadura principais de 16 mm com um comprimento
de ancoragem de 650 mm em cada um dos lados da laje, sendo eles lado I e lado II, sendo o
lado I representado pelos grupos g3 e g4, e o lado II pelos grupos g5 e g6, com dois
conectores de cisalhamento soldados em cada uma das vigas. Para evitar a constante falha na
solda do conector de cisalhamento, neste ensaio buscou-se uma alternativa estrutural de modo
a obter novos resultados no sentido de determinar novos modos de ruptura possíveis. Estas
modificações foram comentadas anteriormente, na qual consistia em modificar o ponto de
aplicação da carga através da utilização de perfis metálicos apoiados sobre as lajes de
concreto, evitando a ruptura da solda dos conectores de cisalhamento. O colapso ocorreu com
a ruptura à tração da barra número 4 da armadura, mais precisamente no lado II. Os grupos g1
e g5 apresentam o comportamento da ruptura desta barra, com uma carga igual a 516 kN,
Figura 2.184.

Carga x Deformação: PO-13, g5


600,00

2439,02
500,00

400,00
GAGE 10
Carga [kN]

GAGE 11
300,00
GAGE 14

GAGE 15

200,00 limite de
escoamento

100,00

0,00 2439,02
-1000,00 0,00 1000,00 2000,00 3000,00 4000,00 5000,00 6000,00

Deformação []

Figura 2.184 – Carga versus deformação do grupo g5.

A Figura 2.185 apresenta as curvas carga versus deslocamento dos LVDTs 1 e 2 da


parte inferior que medem o deslocamento relativo entre o perfil metálico e a base inferior da
laje de concreto, indicando que não ocorreu deslizamento relativo entre a laje de concreto e o
perfil metálico, de forma que somente a ancoragem e a resistência da barra de armadura
120

resistiram às solicitações, ocorrendo a ruptura prevista, por tração da barra de armadura.


Também apresentam-se as curvas carga versus deslocamento dos LVDTs 7 e 8 onde os
deslocamentos verticais do pull-out estão sendo medidos na porção superior das lajes de
concreto. Nota-se que após atingir 400 kN, as curvas apresentam o patamar de escoamento.

Carga x Deslocamento: PO-13, LVDT 1, 2, 7 E 8


600,00

500,00

400,00
Carga [kN]

300,00

200,00

LVDT 1 [mm]
LVDT 2 [mm]
100,00
LVDT 7 [mm]
LVDT 8 [mm]

0,00
-25,00 -20,00 -15,00 -10,00 -5,00 0,00 5,00
Deslocamento [mm]

Figura 2.185 - Carga versus deslocamento dos LVDTs .1, 2, 7 e 8.

O ensaio PO-21, usou quatro barras de armadura principais de 20 mm com um


comprimento de ancoragem de 500 mm em cada um dos lados da laje, com três conectores de
cisalhamento soldados em cada uma das vigas. O colapso ocorreu com a ruptura da solda de
um dos conectores, mais precisamente no lado I, com uma carga igual a 437,90 kN, sendo
aplicada de forma convencional. O ensaio PO-22 adotou quatro barras de armadura principais
de 20,0mm com um comprimento de ancoragem de 500 mm em cada um dos lados da laje,
sendo eles lado I e lado II, sendo o lado I representado pelos grupos g3, g4, g5 e g6 e o lado II
pelos grupos g7, g8, g9 e g10, com três conectores de cisalhamento soldados em cada uma das
vigas. O colapso ocorreu com a flambagem da alma do perfil principal com uma carga de
colapso de 522,02 kN, sendo aplicada de forma convencional. O ensaio PO-23 usou quatro
barras de armadura principais de 20,0mm com um comprimento de ancoragem de 500 mm em
cada um dos lados da laje, com três conectores de cisalhamento soldados em cada uma das
vigas. O colapso ocorreu com a ruptura da solda de um dos conectores, mais precisamente no
lado II, com uma carga igual a 413,00 kN, sendo aplicada de forma convencional.
O ensaio PO-71 usou duas barras de armadura principais de 20 mm com um
comprimento de ancoragem de 450 mm em cada um dos lados da laje, com três conectores de
cisalhamento soldados em cada uma das vigas. O colapso ocorreu com a ruptura da solda dos
conectores de cisalhamento, mais precisamente no lado II, com uma carga igual a 415 kN,
sendo aplicada de forma convencional. O ensaio PO-72 utilizou duas barras de armadura
principais de 20 mm com um comprimento de ancoragem de 450 mm em cada um dos lados
da laje, lado I e lado II, sendo lado I representado pelos grupos g3 e g4 e o lado II pelos
grupos g5 e g6, com três conectores de cisalhamento soldados em cada uma das vigas. O
colapso ocorreu com a ruptura da ancoragem em uma de suas barras de armadura, no lado I na
barra de número 2 com o modo de ruptura previsto, o grupo g4 apresenta o comportamento da
ruptura por ancoragem desta barra, com uma carga igual a 448,56 kN, sendo aplicada de
forma convencional. No gráfico apresentado na Figura 2.186 pode ser observado o
comportamento carga versus deformação do grupo de extensômetros g4, que se localizam na
barra vertical número 2 que está imersa na laje de concreto.
O ensaio PO-73 usou duas barras de armadura principais de 20 mm com um
comprimento de ancoragem de 450 mm em cada um dos lados da laje, lado I e lado II, sendo
lado I representado pelos grupos g3 e g4, e o lado II pelos grupos g5 e g6, com três conectores
de cisalhamento soldados em cada uma das vigas. O colapso ocorreu com a ruptura da solda
dos conectores de cisalhamento, no lado II com uma carga igual a 435 kN.
121

Carga x Deformação: PO-72, g4


500

450 2439,02

400

350

300

Carga [kN]
250

200

150 GAGE 2

GAGE 3
100
GAGE 7

50 limite de escoamento

0 2439,02
0,00 500,00 1000,00 1500,00 2000,00 2500,00 3000,00
Deformação []

Figura 2.186 – Carga versus deformação do grupo g4.

O ensaio PO-81 adotou quatro barras de armadura principais de 16 mm com um


comprimento de ancoragem de 300 mm em cada um dos lados da laje, com três conectores de
cisalhamento soldados em cada uma das vigas. O colapso ocorreu com a ruptura da solda de
um dos conectores, mais precisamente no lado I, com uma carga igual a 268,34 kN. O ensaio
PO-82 utilizou quatro barras de armadura principais de 16,0mm com um comprimento de
ancoragem de 300 mm em cada um dos lados da laje, lado I e lado II, sendo lado I
representado pelos grupos g3, g4, g5 e g6 e o lado II pelos grupos g7, g8, g9 e g10, com três
conectores de cisalhamento soldados em cada uma das vigas. Para obter um melhor
aproveitamento deste ensaio, evitando a falha na solda do conector de cisalhamento, buscou-
se uma alternativa estrutural de modo a obter outros possíveis modos de ruptura. O colapso
ocorreu com a ruptura da ancoragem da barra de armadura, mais precisamente no lado I,
instrumentados pelo grupo de extensômetros g3, g4, g5 e g6 com uma carga igual a 474,28
kN. Nos gráficos das Figuras 2.187 e 2.188 são observados os comportamentos carga versus
deformação dos grupos de extensômetros g3, g4, g5, e g6 localizados nas barras imersas na
laje de concreto.

Carga x Deformação: PO-82, g3


500,00
2439,02 Carga x Deformação: PO-82, g4
450,00 500,00
2439,02
400,00 450,00

350,00 400,00
GAGE0

300,00 350,00
GAGE1
Carga [kN]

GAGE8 300,00
Carga [kN]

250,00 GAGE2
GAGE9 250,00
GAGE3
200,00
limitede 200,00 GAGE10
150,00 escoamento
GAGE11
150,00
100,00 limitede escoamento
100,00
50,00
50,00

0,00 2439,02 0,00 2439,02


-1500,00 -1000,00 -500,00 0,00 500,00 1000,00 1500,00 2000,00 2500,00 3000,00 -4000,00 -3000,00 -2000,00 -1000,00 0,00 1000,00 2000,00 3000,00 4000,00
Deformação [] Deformação []

Figura 2.187 – Carga versus deformação dos grupos g3 e g4.

Carga x Deformação: PO-82, g5 Carga x Deformação: PO-82, g6


500,00 500,00
2439,02 2439,02
450,00 450,00

400,00 400,00

350,00 350,00

300,00 300,00 GAGE6


Carga [kN]

Carga [kN]

GAGE4

250,00 250,00 GAGE7


GAGE5

GAGE14
200,00 GAGE12 200,00
GAGE15
150,00 GAGE13
150,00
limitede
limitede escoamento
100,00 escoamento 100,00

50,00 50,00

0,00 2439,02 0,00 2439,02


-2500,00 -2000,00 -1500,00 -1000,00 -500,00 0,00 500,00 1000,00 1500,00 2000,00 2500,00 3000,00 -500,00 0,00 500,00 1000,00 1500,00 2000,00 2500,00 3000,00
Deformação [] Deformação []

Figura 2.188 – Carga versus deformação dos grupos g5 e g6.

O ensaio PO-83 adotou quatro barras de armadura principais de 16 mm com um


comprimento de ancoragem de 300 mm em cada um dos lados da laje, com três conectores de
cisalhamento soldados em cada uma das vigas. Para obter um melhor aproveitamento deste
ensaio, evitando a falha na solda do conector de cisalhamento, buscou-se uma alternativa
122

estrutural de modo a obter modos alternativos de ruptura. O colapso ocorreu com a ruptura da
ancoragem da barra de armadura, mais precisamente no lado II, instrumentados pelo grupo de
extensômetros g7 e g8, com uma carga igual a 445,91 kN.
O ensaio PO-0.1 usou duas barras de armadura principais de 16,0mm com um
comprimento de ancoragem de 650 mm em cada um dos lados da laje, lado I e lado II, sendo
o lado I representado pelos grupos g3, g4, g5 e g6 e o lado II pelos grupos g7, g8, g9 e g10,
com três conectores de cisalhamento soldados em cada uma das vigas. O colapso ocorreu com
a ruptura da barra de armadura de número 1, com o modo de ruptura previsto com uma carga
igual a 530 kN. No gráfico apresentado na Figura 2.189 pode ser observado o comportamento
carga versus deformação do grupo de extensômetros g2B, que se encontra fora da laje de
concreto no lado II ou lado B. Pode ser observado que os extensômetros 35 e 36 da Figura
2.189 ultrapassam o limite de escoamento. No gráfico apresentado na Figura 2.189 pode ser
observado o comportamento carga versus deformação do grupo de extensômetros g3, que se
localizam na barra vertical número 1, lado I, que estão imersos na laje de concreto.

Carga x Deformação: PO-0.1, 2B Carga x Deformação: PO-0.1, g3


GAGE 1
600,0000 600,0000
GAGE 2
GAGE 3
GAGE 4
500,0000 500,0000 GAGE 5
limite de escoamento

400,0000 400,0000
GAGE 21
Carga [kN]
Carga [kN]

GAGE 22

300,0000 GAGE 35
300,0000

GAGE 36

limite de escoamento
200,0000 200,0000

100,0000 100,0000

0,0000 0,0000
-500,00 0,00 500,00 1000,00 1500,00 2000,00 2500,00 3000,00 -500,00 0,00 500,00 1000,00 1500,00 2000,00 2500,00 3000,00
Deformação [e] Deformação [e]

Figura 2.189 - Carga versus deformação dos grupos g2B e g3.

A Figura 2.190 apresenta as curvas carga versus deslocamento dos LVDTs 1 e 2 da


parte inferior que medem o deslocamento relativo entre o perfil metálico e a base inferior da
laje de concreto. O LVDT 1 apresenta uma horizontalização no seu comportamento,
aumentando os deslocamentos sem acréscimo de carga, mostrando uma aproximação rápida
da ruptura. Os LVDTs 8, 9 e 10 apresentam os deslocamentos verticais do pull-out, sendo
medida na porção superior das lajes de concreto.

Carga x Deslocamento: PO-0.1, LVDT 1, 2, 8, 9 e 10


600

500

400
Carga [kN]

300

LVDT 1

LVDT 2 200
LVDT 8

LVDT 9
100
LVDT 10

0
-25,00 -20,00 -15,00 -10,00 -5,00 0,00 5,00 10,00
Deslocamento [mm]

Figura 2.190 - Carga versus deslocamento dos LVDTs .1, 2, 7, 8, 9 e 10.

O ensaio PO-0.2 usou duas barras de armadura principais de 16,0mm com um


comprimento de ancoragem de 650 mm em cada um dos lados da laje, lado I e lado II, sendo
lado I representado pelos grupos g3, g4, g5 e g6, e o lado II pelos grupos g7, g8, g9 e g10,
com dois conectores de cisalhamento soldados em cada uma das vigas. O colapso ocorreu
com a ruptura de um dos conectores de cisalhamento do lado 2, diferente do modo de ruptura
previsto, com uma carga 385 kN. No gráfico apresentado na Figura 2.191 pode ser observado
123

o comportamento carga versus deformação do grupo de extensômetros g2, que se localizam


externos a laje de concreto.

Carga x Deformação: PO-0.2, g2


450,0000

400,0000

350,0000

300,0000

GAGE 3
250,0000

Carga [kN]
GAGE 4
GAGE 11
200,0000
GAGE 12
GAGE 15
150,0000
GAGE 16
GAGE 23
100,0000
GAGE 24

50,0000 limite de escoamento

0,0000
-2000,00 0,00 2000,00 4000,00 6000,00 8000,00 10000,00

Deformação [e]

Figura 2.191 - Carga versus deformação do grupo g2.

A Figura 2.192 apresenta a curva carga versus deslocamento dos LVDTs 1 e 2 da parte
inferior que medem o deslocamento relativo entre o perfil metálico e a base inferior da laje de
concreto. Na mesma Figura 2.192 são apresentadas as curvas carga versus deslocamento dos
LVDTs 8, 9 e 10 correspondentes aos deslocamentos laterais do pull-out, na direção da
largura das lajes de concreto, e os LVDTs 3, 6 e 7 apresentam os deslocamentos verticais do
pull-out, sendo medidos na porção superior das lajes de concreto, Figura 2.192.

Carga x Deslocamento: PO-0.2, LVDT 1, 2, 3, 6 E 7


450,0000

400,0000
LVDT 1
LVDT 2
350,0000
LVDT 3

300,0000 LVDT 4
LVDT 5
Carga [kN]

250,0000 LVDT 6
LVDT 7

200,0000 LVDT 8
LVDT 9

150,0000 LVDT 10
LVDT 11

100,0000 LVDT 12
LVDT 13

50,0000

0,0000
-12,00 -10,00 -8,00 -6,00 -4,00 -2,00 0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00
Deslocamento [mm]

Figura 2.192 - Carga versus deslocamento dos LVDTs .1, 2, 3, 6 e 7.

O desenvolvimento de um ensaio de pull-out modificado, inédito nas pesquisas, foi


realizado com sucesso apesar de surpresas ocorrerem com relação à resistência da solda entre
os conectores de cisalhamento e as mesas da viga. A criação de um sistema de travamento
para este ensaio pull-out foi uma tarefa árdua, devido aos vários fatores limitantes que
ocorreram durante todo o caminho. Entretanto, o resultado foi um eficiente sistema de
travamento que possibilitou, após várias tentativas, diversos ensaios, alcançando solicitações
de mais de 500 kN. O sistema de montagem e desmontagem tornou-se muito simples,
podendo realizar ensaios rapidamente. Sendo assim, os estudos realizados para este ensaio
foram satisfatórios e possibilitaram que todos fossem realizados com sucesso.
O pré-ensaio 0.1 obteve sucesso na determinação do modo de colapso, ou seja, ruptura
da barra da armadura por tração. No entanto, o valor de ruptura previsto foi mais baixo que o
valor de ruptura do ensaio, mostrando ineficiência no modo de determinação desta resistência.
O pré-ensaio pull-out 0.2 não obteve o mesmo sucesso na determinação do modo de colapso
que o pull-out 0.1, pois era previsto que ocorresse a ruptura da barra de armadura e, na
realidade, o que ocorreu foi o colapso dos conectores de cisalhamento. Isto foi previsto pois
após a análise dos resultados do ensaio do pull-out 0.1 já havia uma provável alteração no seu
124

modo de ruptura devido à obtenção de uma maior resistência nas barras de armadura, tendo os
conectores de cisalhamento como elementos de menor resistência nesse conjunto, rompendo
com uma carga bem próxima a da previsão teórica. Pode-se concluir que a resistência do
conector de cisalhamento não foi alterada pela região de momentos negativos, onde a laje de
concreto encontra-se fissurada.
Na Tabela 2.11 apresenta-se uma comparação entre os comportamentos de um
extensômetro imerso e outro externo à laje de concreto, do ensaio PO-11. Através da Tabela
2.11 observa-se com clareza a influência do concreto que envolve a barra de armadura e a
contribuição de rigidez e resistência para esta barra de armadura.

Tabela 2.11 – Comparação entre extensômetro (GAGE 2) envolvido pelo concreto e extensômetro
(GAGE 6) externo a laje de concreto. PO-11.

Carga Deformação []


[kN] GAGE 2 GAGE 6
50,59 28 359
2 3 100,81 44 790
151, 0 58 1214
200,19 87 1618
6 7 249,96 201 2046
I II 300,74 402 2501

Os conectores de cisalhamento foram colocados perfeitamente como utilizados nas


ligações, desempenhando com eficiência a resistência ao esforço cortante, solicitado pelo
deslizamento entre a laje de concreto e o perfil metálico, levando em consideração a solda dos
conectores executada perfeitamente. A laje de concreto desenvolveu um comportamento
previsto, formando fissuras na direção perpendicular ao comprimento do perfil e barras de
armadura, com maior concentração onde se encontram os conectores de cisalhamento. Sendo
assim, o resultado do comportamento da laje de concreto é satisfatório. As barras de armadura
desempenharam um comportamento satisfatório quando comparado ao comportamento de
uma ligação, pois a resistência à ancoragem ocorreu de forma eficiente, aumentando a rigidez
e resistência da mesma, resistindo às altas solicitações.
A continuação natural do presente trabalho consiste de um ensaio em dimensões reais,
que gere resultados ou comportamentos semelhantes aos de uma estrutura do cotidiano da
construção civil. Pode-se descrever este ensaio observando a Figura 2.193 da seguinte forma:
em um lado da viga está ligada a uma coluna, e no outro lado está apoiada. Desta forma,
facilmente podem ser determinados seus esforços, reações e deslocamentos.

Figura 2.193 - Estrutura ideal de ensaio.

O modelo prático/experimental é descrito observando na Figura 2.194, onde nota-se


no apoio simples, uma célula de carga, a qual mantém atualizado o valor da reação, devido à
carga aplicada num ponto ao longo do vão da viga. Dessa forma, podem ser determinados os
esforços atuantes na região da ligação da viga com a coluna.
125

Figura 2.194 – Ensaio em escala real com apoio em célula de carga.

A Figura 195 apresenta a configuração do ensaio final, onde o efeito da largura efetiva
da laje também pode ser investigado.

Figura 2.195 – Pórtico espacial do ensaio em escala real.

O programa de ensaios concebido parte de modelos simples para o entendimento de


trajetórias de esforços em ligações semirrígidas mistas com placa de extremidade, em
particular na zona das componentes sob tração que compreendem desde a mesa superior da
viga até as barras de armadura passando pelos conectores de cisalhamento e pelo concreto
fissurado sob tração. O programa implementado gerou possibilidades de aferição de aspectos
como a avaliação da resistência da ancoragem das barras, efeitos de confinamento nulos,
totais e parciais.
A evolução natural deste processo passa pelo sistema simétrico com uma coluna e
duas vigas com extremidades apoiadas sujeitas a cargas concentradas nos seus vãos. Neste
sistema uma correta especificação entre a distância da carga ao apoio e a coluna pode
propiciar um modelo semelhante ao que ocorre em um pórtico misto completo. Porém, uma
vantagem substancial é gerada com a sua adoção pois uma simples célula de carga usada em
cada apoio determina diretamente o momento nas ligações semirrígidas mistas avaliadas. Por
fim, se mais do que um deste conjunto de elementos for usado (3 colunas com duas vigas
cada) efeitos como a largura efetiva na região de momentos negativos e até mesmo um melhor
entendimento da interação parcial nesta região poderão vir a ser estudados.
A instrumentação adotada nos ensaios possibilitou o isolamento dos efeitos de
algumas de suas componentes e o uso do método de Taguchi para escolha dos ensaios a serem
executados reduziu substancialmente o número total de ensaios. O comportamento do
conector nesta região fissurada ainda merece uma melhor avaliação pois no presente
programa, uma ênfase maior foi inicialmente dada ao comportamento das barras de armadura
em termos de avaliação dos efeitos do uso de diferentes diâmetros, número e comprimentos
126

de ancoragem. Outro aspecto que deve ser melhor investigado diz respeito ao efeito benéfico
da área comprimida do concreto confinando a área tracionada.

k. Resistência de vigas com perfis formados a frio preenchidos com concreto


armado

Esta seção apresenta os resultados experimentais em termos de: deslocamentos,


deformações e distribuições de tensões para duas vigas mistas testadas. As vigas foram
testadas com quatro atuadores hidráulicos, Figura 2.196, para simular as forças internas
equivalentes a um carregamento uniformemente distribuído. Para garantir as condições de
contorno desejadas usou-se uma configuração com uma rótula, uma célula de carga e uma
caixa com cilindros de aço, entre a cabeça dos atuadores e a mesa superior da viga, Figura
2.196.

Figura 2.196 - Configuração do ensaio e detalhe da aplicação da carga.

Foram realizadas três pré-cargas para ajustar os atuadores hidráulicos, apoios e


instrumentação usadas para medir cargas, deformações, deslocamentos e deslizamentos,
Tabela 2.12.

Tabela 2.12 - Resultados dos testes.

Teste Carga máxima (kN) Flecha máxima (mm) Flecha Residual (mm)
a
1 1 Pré-carga 57,6 37,8 3,7
1 2a Pré-carga 100,8 69,7 5,3
1 3a Pré-carga 139,2 99,5 20,3
1 Teste final 240,0 225,1 ----------------------
2 1a Pré-carga 28,0 15,2 1,9
2 Teste final 284,6 452,6 ----------------------

As primeiras três pré-cargas foram realizadas quando o concreto tinha 53 dias. As


cargas máximas corresponderam a 57,6 kN, 100,8 kN e 139,2 kN com um deslocamento
máximo de 37,8 mm, 69,7 mm e 99,5 mm no centro da viga e permaneceu com um
deslocamento residual de 3,7 mm, 5,3 mm e 20,3 mm, Figura 2.197.
Os deslocamentos foram medidos nos quartos e meio do vão da viga através de três
LVDTs localizados na mesa superior. Os deslocamentos no centro do vão são apresentados na
Figura 2.197 até o seu colapso que ocorreu devido a uma ruptura da solda na mesa inferior no
centro do vão. A carga e o deslocamento máximo foram de 240,2 kN e 225,1 mm, maiores do
que o máximo usualmente permitido de l/360, ou seja, 32,5 mm, conforme mostrado na
Figura 2.198.
127

Figura 2.197 - Esquema geral dos experimentos e curva carga versus deslocamento vertical do ponto
central da viga, 1º teste.

Figura 2.198 - Ruptura da solda da mesa inferior, 1º teste.

A Figura 2.199 apresenta curvas carga versus deformações, medidas por dois
extensômetros localizados na mesa inferior, a 200 mm do centro da viga. Um comportamento
não-linear inicia-se para valores de carga superiores a 120 kN. O escoamento do aço, ocorreu
com valores de carga iguais a 176,8 kN e 187,5 kN, respectivamente, ou seja uma diferença
de 6%. Na carga última, as deformações atingiram 1,9 e 1,6 vezes a deformação de
escoamento, y.

Mesa inferior Barras de armadura inferiores

 
y y
Figura 2.199 - Carga versus deformação normalizada, 1º teste.

Curvas carga versus deformações normalizadas para duas barras de armadura


inferiores também estão mostradas na Figura 2.199. As deformações foram obtidas por dois
extensômetros posicionados em cada barra, a 200 mm da seção central da viga. As curvas são
muito semelhantes, mostrando um comportamento simétrico. O escoamento das barras de aço
foi alcançado em um valor de carga de 253,0 kN.
Na segunda viga testada quando o concreto atingiu 44 dias, uma única pré-carga foi
realizada correspondendo a 28 kN com um deslocamento vertical máximo no centro da viga
de 15,2 mm e com um deslocamento residual de 1,9 mm, Tabela 2.12. No teste final, feito no
mesmo dia do teste de pré-carga e com uma de 210 kN, atingiu-se o final de curso dos
atuadores. Isto gerou a necessidade de ancorar a estrutura à laje de reação, para reposicionar
128

os atuadores e reiniciar o ensaio. A Figura 2.200 mostra uma configuração deformada da


segunda viga durante a fase de carregamento. Quando o valor da carga aproximou-se de 284,6
kN, uma ruptura da solda no perfil U dobrado a frio que forma a mesa inferior da viga
ocorreu, no centro do vão e levou ao colapso da estrutura.
A Figura 2.200 também apresenta a curva carga versus deslocamento vertical medido
por um LVDT instalado no centro do vão. Um comportamento não-linear foi notado para
valores de carga superiores a 122,2 kN. A partir deste ponto, que correspondia a um valor de
flecha de 89,9 mm, os deslocamentos aumentaram consideravelmente. A carga máxima
registrada foi de 284,6 kN, muito perto da carga teórica de 284,3 kN. A flecha máxima
registrada no meio do vão foi 452,6 mm, que está bem acima do limite de utilização do vão
dividido por 360.

Figura 2.200 – Configuração deformada e curva carga versus deslocamento vertical do ponto central
da viga, 2º teste.

A Figura 2.201 apresenta curvas carga versus deformação para dois pontos localizados
na mesa superior da seção formada a frio a 150 mm do centro da viga. As curvas são quase
idênticas, apresentando um comportamento linear para cargas inferiores a 109 kN. A
deformação de escoamento ocorreu para valores de carga correspondentes a 196,4 kN e 193,5
kN. Quando a carga aplicada atingiu o seu valor máximo, as deformações foram cinco vezes
os valores de escoamento. A Figura 2.201 também mostra curvas carga versus deformações
para duas barras de armadura posicionadas a 150 mm do centro da viga. Os gráficos são quase
idênticos, e o escoamento ocorreu com uma carga de 220 kN.

Mesa inferior Barras de armadura inferiores

 
y y
Figura 2.201 - Carga versus deformação normalizada, 2 teste.

A presença do concreto armado aumentou a inércia da viga tornando a estrutura mais


rígida e, consequentemente, levando a deslocamentos menores do que uma solução não-mista.
Os valores teórico e experimental dos deslocamentos foram superiores aos limites máximos
usualmente adotados em normas estruturais. Com esta restrição em mente é possível calcular
129

novamente o vão máximo permitido para a seção transversal formada à frio testada, que para
cargas usuais de edifícios de andares múltiplos, seria adequada para vãos de até 7,5 m.
Os testes não apresentaram deslizamento na interface aço versus concreto confirmando
que conectores de cisalhamento soldados na alma da seção de aço, geralmente usados em
vigas laminadas de aço tipo WWF, não são necessários para as seções formadas a frio
testadas. Isto ocorreu principalmente devido à resistência adicional gerada pelo confinamento
do concreto.
Um dos aspectos mais interessantes deste trabalho experimental consistiu no processo
construtivo destes elementos e foi executado em três etapas. A primeira englobou a dobra dos
perfis para sua conformação mecânica. Em seguida, efetuou-se a solda destes elementos
isolados até a formação da seção I. Por fim, foi feita a concretagem que foi executada em dois
dias, ou seja, um para cada lado do perfil. O confinamento do concreto mostrou-se
extremamente efetivo dispensando o uso de conectores soldados à alma da viga, comuns e
necessários quando perfis de aço laminados ou soldados são usados ao invés dos perfis
formados a frio adotados.
A instrumentação adotada usou extensômetros, LVDTs e relógios comparadores, onde
o ponto chave foi a medição do deslizamento na interface aço-concreto. Isto foi feito com
LVDTs posicionados no perfil de aço medindo o deslocamento relativo do concreto nesta
região e contribuindo para o entendimento do alto confinamento do concreto dentro do perfil
adotado. Flechas e possíveis movimentos de corpo rígido também foram monitorados no
sistema de laje proposto com LVDTs e relógios comparadores. Extensômetros foram usados
para determinar a distribuição de deformações no perfil de aço de modo a avaliar o seu real
desempenho estrutural. Rótulas universais e caixas de roletes foram utilizadas nos apoios e
pontos de aplicação de carga para garantir seu desempenho adequado dentro do modelo
estrutural concebido como biapoiado sob a ação de cargas concentradas.

l. Sistemas de lajes mistas com perfis formados a frio, placas de isopor e


parafusos autobrocantes

O uso de lajes pré-moldadas em concreto armado e protendido em construções de


baixo custo está se difundindo cada vez mais no Brasil. Estes sistemas estruturais são muito
eficientes do ponto de vista econômico, mas ainda tem desvantagens associadas a sua
disponibilidade para pronta entrega e para seu transporte quando usadas em locais remotos.
Para superar estas dificuldades, e para melhorar a sua resposta estrutural em vãos maiores, um
sistema de laje mista feito com uma seção de aço e uma placa de isopor, lado a lado, e depois
preenchido com concreto foi concebido, Figura 2.202.

Figura 2.202 - Sistema de laje misto proposto.

A seção de aço é responsável por fornecer a resistência necessária para o sistema de


laje, descartando a necessidade de escoramentos temporários durante a fase de construção.
Quando a ação mista é desenvolvida, a seção de aço sustenta o componente principal de
tração enquanto a laje de concreto trabalha principalmente em compressão. Para minimizar a
fissuração da laje uma malha de aço foi usada na laje à meia altura, Figura 2.203.
130

Figura 2.203 - Sistema de laje mista antes e depois da concretagem.

É de conhecimento geral que a geometria e o tipo dos conectores de cisalhamento,


associado com a resistência ao cisalhamento na interface aço versus concreto influencia
diretamente na capacidade de carga do sistema estrutural. Neste programa de testes, parafusos
autobrocantes com 1/4" x 3/4" (diâmetro x comprimento), instalados com uma furadeira
portátil simples, representado na Figura 2.204, foram adotados como conectores de
cisalhamento. O programa experimental consistiu de cinco ensaios em lajes mistas biapoiadas
com configurações de conectores de cisalhamento apresentados na Tabela 2.13.

Figura 2.204 - Perfil formado à frio testado e parafusos autobrocantes usados como conectores de
cisalhamento.

Tabela 2.13 - Descrição da série de testes experimentais.

Teste Vão (m) Configuração de Conectores de cisalhamento

1 4.3 Sem conectores de cisalhamento


2 3 Sem conectores de cisalhamento
3 4.3 Conectores de cisalhamento espaçados a cada 100 mm
4 3 Conectores de cisalhamento espaçados a cada 100 mm
5 3 Conectores de cisalhamento espaçados a cada 200 mm

O sistema de laje mista testado teve 4,5 metros de comprimento e 950 mm de largura,
Figura 2.205. Dois vãos foram testados 3,0 m e m 4.3 e o concreto adotado teve apresentadas
uma resistência à compressão de 44 MPa enquanto o limite de elasticidade do aço perfil foi de
320MPa.
131

Figura 2.205 – Configuração experimental.

Deslocamentos verticais (R3, L2, L3, L4) e laterais (R1, R5) assim como o
deslizamento entre o perfil de aço e concreto nas extremidades lajes (R2, R4, L1, L5) foram
monitorados com cinco LVDTs e cinco relógios comparadores, como mostrado na Figura
2.206. Deformações foram obtidas com o dez extensômetros ao longo da laje, Figura 2.206.

Figura 2.206 - Distribuição de LVDT & Extensômetros para lajes com vão: 4,3 m & 3.0 m.

O primeiro e segundo espécimes tiveram vãos de 4,3 m e 3 m sem conectores de


cisalhamento. Uma curva carga versus deslocamento no meio do vão é representada na Figura
2.207, onde a influência do vão adotado é óbvia e se caracteriza por uma maior rigidez no
teste com vão de 3 m. Ambos os testes tiveram seu colapso associado ao deslizamento na
interface aço versus concreto, Figura 2.207. Isto não foi surpresa já que a ligação química
entre o perfil de aço e o concreto não é suficiente para garantir o fluxo de cisalhamento na
interface em níveis elevados de carga. A deformação máxima medida no perfil de aço atingiu
60% da deformação de escoamento.

60.0

50.0

40.0
Total Load (kN)

30.0

20.0

10.0

0.0
0.0 5.0 10.0 15.0 20.0

Centre Span Vertical Deflection (mm)

4,3m Span
3,0m Span

Figura 2.207 - Carga versus deslocamento vertical, lajes sem conectores & colapso, 2º teste.

O terceiro e quarto testes tiveram vãos de 4,3 m e 3 m com conectores de cisalhamento


espaçados à cada 100 mm. Uma curva carga versus deslocamento no meio do vão é mostrada
na Figura 2.208, onde embora os parafusos autobrocantes aumentaram substancialmente a
resistência ao cisalhamento na interface aço versus concreto, o colapso foi novamente
relacionado ao deslizamento na interface, Figura 2.208.
132

120.0

100.0

Total Load (kN)


80.0

60.0

40.0

20.0

0.0
0.0 5.0 10.0 15.0 20.0 25.0 30.0 35.0 40.0 45.0 50.0
Centre Span Vertical Deflection (mm)
4,5m Span
3,0m Span

Figura 2.208 - Carga versus deslocamento vertical, conectores espaçados à 100 mm & lajes aço /
colapso por deslizamento na interface, 3º e 4º testes.

A Figura 2.209 apresenta uma comparação entre as lajes com vão de 4,3 m sem e com
conectores de cisalhamento espaçados à 100 mm. Deve-se enfatizar que, apesar do fato de que
a rigidez inicial da laje foi semelhante para ambos os casos, a carga última da laje com
conectores de cisalhamento espaçados à 100 mm foi 86% maior que a do teste sem conectores
de cisalhamento. Também é interessante observar que as deformações atingidas no teste com
conectores de cisalhamento foi substancialmente menor do que a do teste sem conectores de
cisalhamento indicando que a ação mista total só foi alcançada no terceiro ensaio.

80.0 80.0
70.0 70.0
60.0
60.0
Total Load (kN)
Total Load (kN)

50.0
50.0
40.0
30.0
40.0
20.0 30.0
10.0 20.0
0.0 10.0
0.0 10.0 20.0 30.0 40.0 50.0 60.0
Centre Span Vertical Deflection (mm) 0.0
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6
100mm spaced shear connectors Normalized (/y) Deformation
100mm spaced shear connectors
Without shear connectors 100mm spaced Without shear
Without shear connectors
shear connectors connectors
Figura 2.209 - Carga versus deslocamento vertical & carga versus deformação normalizada.

O teste final foi feito com uma laje com vão de 3 m e com conectores de cisalhamento
espaçados a cada 200 mm. O objetivo deste modelo foi investigar a influência do
espaçamento dos conectores de cisalhamento. Este efeito é evidente na Figura 2.210 onde
curvas carga versus deslocamento no centro do vão para lajes com vão de 3 m são
apresentadas. Tal como se esperava, a laje com conectores de cisalhamento menos espaçados
teve a maior carga de colapso. Outro ponto interessante foi que todas as lajes tiveram quase a
mesma rigidez inicial.

Figura 2.210 - Carga versus deformação normalizada para lajes com vãos de 3m.
133

Os resultados confirmaram a hipótese de que a carga máxima da laje mista aumenta


com uma redução do espaçamento entre os conectores de cisalhamento. A utilização de
parafusos autobrocantes também foi investigada e provou ser muito eficiente.
O sistema de laje desenvolvido com uso de chapas de aço, placas de isopor e parafusos
autobrocantes na interface teve um desempenho promissor em estruturas voltadas para
habitação popular. O projeto dos testes baseou-se em ensaios já consagrados para lajes mistas
desenvolvidos para aferir o seu desempenho estrutural em termos de rigidez, resistência,
modos de colapso e ductilidade.
A instrumentação adotada usou extensômetros, LVDTs e relógios comparadores, onde
a medição do deslizamento na interface aço concreto foi uma vez mais executada com LVDTs
posicionados no perfil de aço medindo o deslocamento relativo do concreto nesta região.
Flechas e possíveis movimentos de corpo rígido também foram monitorados no sistema de
laje proposto com LVDTs e relógios comparadores. Extensômetros foram usados para
determinar a distribuição de deformações no perfil de aço de modo a avaliar o seu real
desempenho estrutural. Rótulas universais e caixas de roletes foram utilizadas nos apoios e
pontos de aplicação de carga para garantir seu desempenho adequado dentro do modelo
estrutural concebido como biapoiado sob a ação de cargas concentradas.

m. Resistência de um sistema de lajes mistas com perfis formados a frio

Este trabalho propôs o desenvolvimento de um sistema de laje de piso com fôrma de


aço incorporada utilizando perfis indentados de chapa dobrada com mossas (corrugações) na
alma, [70], [63]. Com a intenção de se desenvolver um novo perfil metálico que apresentasse
uma boa aderência mecânica entre o aço e o concreto e com características de comportamento
dúctil, foram avaliadas várias formas da seção transversal. Variáveis como peso, altura,
espessura, tensão de escoamento, vão máximo, e capacidade de apoio de carga foram
consideradas. O sistema estrutural analisado consistiu em uma laje de concreto com dois
perfis metálicos e blocos de poliestireno expandido (EPS - isopor) preenchendo os espaços
entre os perfis. A Figura 2.211 apresenta uma comparação entre os dois sistemas estruturais
estudados: o que foi alvo desta investigação, com perfis de chapa dobrada com espessura de
1,20 mm, 120 mm de altura e um fck do concreto igual a 25 MPa e o sistema proposto por
Takey [65], o qual utilizou perfis com espessura de 2 mm, com 75 mm de altura e fck da
ordem de 40 MPa.

a) mista com perfil metálico e EPS, Vianna 2005 b) pré-moldada com perfis e EPS, Takey 2004
Figura 2.211 - Sistemas de lajes estudadas.

A armadura de pele utilizada na laje mista para evitar fissurações na superfície foi
confeccionada com vergalhões de bitola 6,3mm dispostos a cada 200 mm na largura e no
comprimento. Esta armadura foi disposta a aproximadamente 25 mm da face da mesa superior
do perfil metálico. A utilização desta armadura de pele proporcionou um pequeno ganho de
resistência na estrutura. O sistema estrutural utilizado foi biapoiado. Foram adotados apoios
com roletes para simular esta configuração. A resistência do concreto esperada para os
ensaios foi de 25 MPa. Após os 28 dias obteve-se uma resistência média de 27,61 MPa dos 9
corpos de prova ensaiados. O traço utilizado foi de 1:2,6:1,8 (cimento, areia e brita) com um
fator água/cimento de 0,52.
134

Foram utilizados como equipamentos de medição de deslocamentos verticais, laterais


e deslizamento da laje, cinco relógios comparadores para consulta analógica e cinco LVDTs
para medição eletrônica. Foram posicionados um relógio e um LVDT em cada extremidade
da laje com a base sendo fixada no perfil metálico e o marcador no concreto. Esses
instrumentos serviram para medir o deslizamento entre o concreto e o aço. Para verificar a
rotação/deslocamento lateral ocorrida na laje durante o ensaio, foram posicionados dois
relógios analógicos, sendo um em cada extremidade lateral oposta da laje com base fixa fora
da laje e marcador no concreto. Para medir o deslocamento vertical da laje para cada carga
aplicada, foram posicionados um relógio analógico no meio do vão e um LVDT a 60 mm de
distância do relógio. Os outros dois LVDTs foram posicionados a 900 mm aproximadamente
de cada extremidade.
Para medir a deformação do perfil metálico da laje mista durante o ensaio, foram
instalados seis extensômetros elétricos na face inferior da mesa superior do perfil, sendo três
em cada perfil. Um extensômetro foi instalado no meio do vão e os outros dois a 775 mm da
extremidade do perfil. A Figura 2.212 apresenta a configuração global dos relógios
comparadores, LVDTs, e extensômetros usados no ensaio e os pontos de aplicação de carga.

Figura 2.212 – Instrumentação do ensaio da laje mista.

No programa de ensaios foi testada uma laje de 1,45 m x 3,0 m, sendo o vão livre de
2,91 m de comprimento, com dois perfis de chapa dobrada com mossas estampadas na alma a
cada 100 mm, e na mesa superior a cada 310 mm conforme apresentado na Figura 2.213. As
cargas foram aplicadas igualmente em dois pontos através de uma viga de distribuição de
cargas, a uma distância dos apoios de 1/4 do comprimento do vão, Figura 2.214. Foram
realizados três ensaios de pré-carga para aferir a instrumentação e mobilizar a estrutura de
forma gradativa. Para todos os ensaios de pré-carga foram aguardados 15 minutos antes do
descarregamento para a acomodação da estrutura.
A Figura 2.215(a) apresenta o gráfico carga versus deslocamento vertical no meio do
vão medido pelo LVDT 84 nos ensaios de pré-carga (20 kN, 40 kN e 60 kN) e no ensaio final.
A Figura 2.215(b) apresenta o gráfico de carga versus deslizamento aço/concreto medidos
pelos LVDTs 86 e 87 localizados nas extremidades opostas da laje durante o ensaio final.
135

Figura 2.213 - Detalhe das mossas na alma do perfil.

Figura 2.214 - Esquema de apoios e aplicação de carga.

a) Deslocamento vertical no meio do vão b) deslizamento aço-concreto na extremidade da laje


Figura 2.215 – Curvas carga versus deslocamento.

As deformações do perfil metálico na estrutura da laje mista foram obtidas através de


extensômetros posicionados na face inferior da mesa superior do perfil metálico. A Figura
2.216 apresenta as curvas carga versus deformação no ensaio final dos pares de
extensômetros. Nota-se que o escoamento não foi atingido durante o ensaio. A aceleração das
deformações observadas na Figura 2.216 ocorreu devido ao início do deslizamento na
interface aço concreto.
136

Figura 2.216 - Gráfico de deformação do perfil metálico.

A Figura 2.217(a) apresenta a configuração inicial e a Figura 2.217(b), a configuração


final do deslizamento ocorrido entre o concreto e o aço na extremidade da laje. A Figura
2.217(c) apresenta as fissuras no concreto que ocorreram próximas a um dos pontos de
aplicação de carga da estrutura.

fissuras

a) deslizamento inicial b) deslizamento final c) fissuras no concreto


Figura 2.217 - Deslizamentos entre o concreto e o aço e fissuras no concreto.

Para analisar os resultados obtidos neste ensaio, fez-se uma comparação entre esses
resultados e os resultados dos trabalhos desenvolvidos por Takey [65] e Beltrão [69]. A
Figura 2.218 apresenta as curvas carga versus deslocamento vertical no meio do vão de todos
os ensaios acima referidos, cujos vãos foram de 3 m. Este gráfico apresenta os valores de
carga de serviço de Beltrão [69] corrigidos para mais 50%, além de uma correção deste
trabalho com o de Beltrão [69] para a resistência do concreto, já que o valor adotado no
trabalho de Takey [65] foi de 40 MPa, diferentemente dos 25 MPa adotados nos outros
trabalhos. No trabalho desenvolvido por Takey [65] foram executados três ensaios com perfil
de chapa dobrada com espessura de 2 mm, variando-se o espaçamento entre os conectores de
cisalhamento do tipo parafusos autobrocantes ¼”x ¾”. O primeiro ensaio foi realizado com
perfil liso, sem conector, o segundo com conectores na mesa superior a cada 200 mm e o
terceiro ensaio com conectores a cada 100 mm. No trabalho de Beltrão [69] foram executados
três ensaios com lajes de 3 m de vão e com perfis com mesma seção transversal utilizada por
Takey [65], apresentando corrugações na alma do perfil a cada 50 mm no primeiro e segundo
ensaio, e a cada 100 mm no terceiro ensaio.
O sistema de laje mista estudado neste trabalho apresentou a maior rigidez entre todos
os ensaios. Este aumento de rigidez deve-se à utilização de uma laje com espessura maior em
relação aos outros ensaios, além do perfil metálico possuir corrugações na alma do perfil e
dois enrijecedores intermediários na mesa superior (substituindo os conectores de
cisalhamento), possuindo uma inércia consideravelmente maior em relação aos outros
ensaios. Segundo o Eurocode 4 [64], o comportamento dúctil de uma laje mista é
caracterizado quando a carga última alcançada pelo sistema supera em pelo menos 10% o
137

valor da carga no momento em que o escorregamento entre o aço e o concreto atingir 0,5 mm.
Caso contrário, o sistema é considerado frágil. Como pode ser visto no gráfico da Figura 5(b),
a carga de 40 kN referente ao deslocamento de 0,5 mm corresponde a 55,5% da carga última
(72 kN). Portanto, o sistema estudado apresentou um comportamento dúctil.

Figura 2.218 - Comparação com redução de 21% da carga do trabalho de Takey (2004).

O objetivo principal deste trabalho de pesquisa foi o de apresentar uma contribuição


associada a uma nova alternativa de um perfil metálico. Para tal, foi feita uma variação da
seção transversal do mesmo, de modo a avaliar teórica e experimentalmente o comportamento
estrutural do perfil, bem como o sistema estrutural de laje mista.
Os ensaios experimentais comprovaram a resistência adequada do novo sistema
estrutural como também a viabilidade da solução técnica, suposta economicamente viável
para emprego na construção civil. O ensaio em escala real da laje mista apresentou um
comportamento dúctil e comprovou o tipo de colapso mais usual, que ocorreu por
cisalhamento longitudinal, não sendo atingida a resistência última ao momento fletor do
sistema estrutural.
Este trabalho foi uma primeira evolução do sistema anteriormente apresentado onde as
placas de isopor e os parafusos autobrocantes foram substituídos por placas de aço adicionais
contendo mossas para aumentar a resistência na interface aço concreto. Os testes foram
semelhantes a configuração usada na etapa anterior e mais uma vez tiveram como objetivo
aferir o seu desempenho estrutural em termos de rigidez, resistência, modos de colapso e
ductilidade. A instrumentação adotada também usou extensômetros, LVDTs e relógios
comparadores, onde a medição do deslizamento na interface aço concreto foi uma vez mais
executada feita com LVDTs posicionados no perfil de aço medindo o deslocamento relativo
do concreto nesta região.
LVDTs e relógios comparadores monitoraram Flechas e possíveis movimentos de
corpo rígido no sistema de laje proposto. Extensômetros também foram uma vez mais
utilizados para determinar a distribuição de deformações no perfil de aço de modo a avaliar o
seu real desempenho estrutural. Por fim rótulas universais e caixas de roletes foram utilizadas
nos apoios e pontos de aplicação de carga para garantir seu desempenho adequado no modelo
estrutural biapoiado sob a ação de cargas concentradas desenvolvido.

n. Comportamento de um sistema de lajes mistas com perfis formados a frio

Um sistema de laje típica usa vigas de concreto pré-fabricadas e placas de isopor, ou


blocos cerâmicos, cobertos por uma camada de concreto com uma malha de armadura mínima
para evitar a fissuração. A partir deste conceito, um sistema de laje mista foi concebido e
desenvolvido, Figura 2.219, [65]. Este sistema apresenta desvantagens associadas à utilização
de placas de isopor e parafusos autobrocantes como conectores de cisalhamento, aumentando
seu custo operacional, motivando o desenvolvimento de novas soluções estruturais.
138

Figura 2.219 - Laje mista com placas de isopor e de aço lado a lado.

A ligação na interface entre o concreto e aço em qualquer solução mista é fundamental


para uma resposta estrutural adequada. Logo, espera-se que novas soluções envolvam os
materiais de acordo com sua capacidade estrutural ótima. A falta da ligação na interface cria
um deslizamento indesejável que inibe a ação combinada mista, induzindo os diferentes
materiais à respostas estruturais individuais. Vários dispositivos e técnicas podem ser usados
para garantir um bom desempenho na interface entre o aço e o concreto. Uma das estratégias
mais comuns consiste na utilização de mossas e/ou endentações na chapa de aço. Esta solução
foi utilizada na presente investigação, [69], para substituir os parafusos autobrocantes antes
adotados, [65].
A chapa de aço deve ser capaz de transferir o cisalhamento na interface dos diferentes
materiais, permitindo o desenvolvimento da ação conjunta mista. É de amplo conhecimento
que na interface a ligação química natural em concreto e a chapa de aço não é suficiente para
fornecer e transmitir adequadamente o cisalhamento, portanto demandando o uso de
dispositivos mecânicos adicionais. A transferência do cisalhamento é obtida por duas formas
distintas: através de uma ligação mecânica decorrente do concreto imerso nas corrugações da
chapa de aço e uma resistência ao deslizamento adicional devido à um confinamento no
concreto que ocorre com uma escolha adequada de geometria da chapa de aço. As
corrugações e mossas produzidas na chapa de aço durante seu processo de conformação
mecânica são geralmente de pequena profundidade, pois caso contrário podem induzir uma
fratura local na chapa de aço. O uso de uma geometria que favoreça o confinamento nas
chapas de aço adotadas também serve para impedir a separação entre o concreto e a forma de
aço. A presente investigação usou um perfil de aço com dimensões indicadas na Figura 2.220
e substituiu os parafusos autobrocantes por uma chapa com corrugações circulares espaçadas
entre 50 mm e 100 mm. A Figura 2.220 ilustra estes dois sistemas de laje mista.

Figura 2.220 - Sistemas de laje mista usando: placas de isopor e de aço.

Quatro lajes com vãos de três metros foram construídas a partir da nova solução e
posteriormente ensaiadas. As mossas e corrugações foram estampadas na chapa de aço com
uma ferramenta feita a partir de uma barra circular com diâmetro de 50,8 mm. A profundidade
inicial das corrugações foi de 10 mm, fato que induziu a fratura na chapa e fez que a
profundidade fosse reduzida para 5 mm. Para substituir as placas de isopor do sistema anterior
foram usadas chapas de aço laterais simples cujo uso foi aferido com testes de carga
139

perpendicular ao seu plano simples conduzidos em chapas de 1000 mm x 240 mm com 0,65
mm de espessura. Estas placas laterais adotaram um metro de comprimento devido à largura
padrão da bobina galvanizada da chapa para reduzir a perda, Figura 2.221. Estas placas são
suportadas por perfis formados a frio através de suas bordas enrijecidas que foram
dimensionadas para serem compatíveis com as dimensões das chapas laterais. As placas
laterais junto com os perfis de aço criam um sistema que é suficientemente robusto para
sustentar as cargas típicas de construção sem a necessidade de escoramentos temporários.

Figura 2.221 - Perfil de aço formado a frio adotado e detalhe da placa corrugada.

O programa experimental consistiu em três testes de lajes mistas completos medindo


0,46 m x 3.1 m. Duas lajes adotaram perfis com corrugações de alma espaçadas a cada 50 mm
enquanto a terceira usou corrugações espaçadas a cada 100 mm. Todos os testes em escala
real das lajes mistas foram simplesmente apoiados sob a ação de duas cargas pontuais,
localizadas no quartos do vão, simultaneamente aplicadas através de um atuador hidráulico e
uma viga de distribuição. Uma célula de carga de 50 kN localizada entre a cabeça do atuador
e a viga de distribuição monitorou a carga aplicada, Figura 2.222.

Figura 2.222 – Configuração dos testes.

Apesar da laje não necessitar de qualquer escoramento, uma forma para o concreto foi
utilizada, Figura 2.223. Uma malha de armadura com 6.3 mm de diâmetro com espaçamentos
de 200 mm e 300 mm nos sentido do vão, foi usada 25 mm acima da mesa superior do perfil
de aço para reduzir a fissuração.

Figura 2.223 - Malha de armadura mínima da laje mista.


140

Vinte e oito dias depois da concretagem os espécimes foram testados, atingindo uma
resistência média à compressão de 25 MPa. O tipo de aço adotado foi o aço A-36 com 250
MPa tensão de escoamento. A Figura 2.224 ilustra a configuração de relógios comparadores e
LVDTs adotadas. Um LVDT (L1, L3) e um relógio comparador (DG1, DG2) foram usados,
em cada uma das extremidades da laje mista, para medir o deslizamento interface aço versus
concreto. Os deslocamentos verticais laje foram monitorados por meio de um LVDT (L3) e
um relógio comparador (DG4) no centro do vão e dois LVDTs (L2) situados a 700 mm das
extremidades da laje. As tensões no meio do vão foram medidas por dois extensômetros
lineares posicionados na face da mesa inferior do perfil de aço.

Figura 2.224 – Configuração da instrumentação da laje mista.

A Figura 2.225 apresenta uma comparação entre o referido programa experimental e


testes anteriores sob a forma de curvas de carga versus deslocamento vertical. Os resultados
de Takey foram significativamente mais rígidos que os presentes ensaios devido ao uso de
dois perfis formados à frio de aço, resultando em uma laje com um metro de largura e um
concreto com maior resistência à compressão (40 MPa). Para comparar as duas séries
experimentais um primeiro fator de correção igual a 0,5 foi usado nos resultados de Takey,
para considerar que estes testes possuíam dois perfis de aço, lado a lado. Um segundo fator de
correção foi também usado para considerar a diferença da resistência à compressão dos
concretos usados, ou seja, 25 MPa e 40 MPa de acordo com a conhecida razão os módulos de
elasticidade elásticos:
0.9 x600 25  3.5
f corr   0.81
0.9 x600 40  3.5

Figura 2.225 - Comparações Takey [65] nas configurações originais e reduzidas.

O trabalho prosseguiu com um três testes tipo push-out modificado medindo 210 mm
por 650 mm, Figura 2.7.14.8, [70]. Estes testes foram conduzidos usando atuadores
hidráulicos, localizados no centro destes espécimes para simular uma placa confinada usando
o mesmo perfil formado a frio adotado nas lajes mistas anteriores. O objetivo destes testes foi
avaliar se houve aumento da resistência ao cisalhamento na interface aço versus concreto
devido ao uso das corrugações na alma do perfil. Dois atuadores de 50 kN foram adotados
pois a carga de colapso prevista foi igual a 60 kN. Estes dois atuadores foram posicionados no
centro das lajes como mostra a Figura 2.226. Uma forma simples de madeira foi concebida e
141

construída para separar os perfis de aço e posicionar os atuadores. Corpos de prova foram
tirados do concreto e testados nos dias dos testes atingindo uma resistência à compressão de
27 MPa.

Figura 2.226 - Configuração dos testes tipo push-out modificados.

Um relógio comparador e um LVDT foram usados no centro da face superior


enquanto quatro LVDTs foram utilizados em cada canto da face superior para monitorar o
deslizamento na interface aço versus concreto. Um LVDT adicional foi usado na extremidade
da face lateral do espécime para aferir possíveis movimentos de corpo rígido. Os testes finais
tiveram o mesmo tipo de colapso, esmagamento do concreto, gerando um valor médio para a
carga máxima de 45 kN. Infelizmente, a instrumentação adotada não foi capaz de determinar
o valor exato onde o deslizamento ocorreu devido à natureza abrupta do fenômeno. Apesar
deste fato cargas e tensões de cisalhamento máximas estão apresentadas na Tabela 2.14.

Tabela 2.14 - Carga e tensão de cisalhamento últimas dos testes Push-out.

Espécime Carga última (kN) Tensão de cisalhamento última (MPa)


1 51 0,24
2 44 0,21
2 41 0,19
média 45,33 0,21
Desvio padrão 5,13 0,025

A Figura 2.227 ilustra uma configuração típica de colapso para os espécimes com
corrugações na alma espaçadas a cada 50 mm onde a ruptura do concreto e a total separação
entre da chapa de aço é perceptível. Também é possível observar que, da mesma forma que os
testes da laje mista em escala real, um plano de deslizamento foi formado perto da alma/mesa
inferior do perfil próximo das corrugações da alma.

Figura 2.227 - Colapso típico do teste push-out.

O estado limite final associado ao sistema de laje mista investigado foi o deslizamento
na interface aço versus concreto. Quando estes testes foram comparados foi possível observar
que a laje mista investigada foi mais eficiente do que as lajes sem conectores de cisalhamento
142

e equivalente a com parafusos autobrocantes espaçados a cada 200 mm. A capacidade de


carga da laje com parafusos autobrocantes espaçados a cada 100 mm foi maior do que a do
sistema com corrugações na alma espaçados a cada 50 mm. Os testes push-out confirmaram
que a resistência ao deslizamento na interface aço versus concreto foi fundamental para um
comportamento estrutural adequado da laje mista. Com base nestes resultados também foi
possível concluir que os perfis com corrugações na alma teve uma resistência adequada na
interface aço versus concreto.
Este trabalho foi uma segunda evolução dos sistemas anteriormente apresentados onde
o perfil de aço conteve indentações e mossas para aumentar a resistência na interface aço
concreto. Os testes iniciais foram semelhantes a configuração usada nas etapas anteriores e
mais uma vez tiveram como objetivo aferir o seu desempenho estrutural em termos de rigidez,
resistência, modos de colapso e ductilidade. A instrumentação adotada também usou
extensômetros, LVDTs e relógios comparadores, onde a medição do deslizamento na
interface aço concreto foi uma vez mais executada feita com LVDTs posicionados no perfil
de aço medindo o deslocamento relativo do concreto nesta região. LVDTs e relógios
comparadores monitoraram Flechas e possíveis movimentos de corpo rígido no sistema de
laje proposto. Extensômetros também foram uma vez mais utilizados para determinar a
distribuição de deformações no perfil de aço de modo a avaliar o seu real desempenho
estrutural. Por fim rótulas universais e caixas de roletes foram utilizadas nos apoios e pontos
de aplicação de carga para garantir seu desempenho adequado no modelo estrutural biapoiado
sob a ação de cargas concentradas desenvolvido.
Um segundo tipo de teste para aferir a resistência da interface foi também executado
baseado em um teste tipo push-out modificado. Estes testes foram conduzidos usando
atuadores hidráulicos, localizados no centro destes espécimes para simular uma placa
confinada usando o mesmo perfil formado a frio adotado nas lajes mistas anteriores. O
objetivo destes testes foi avaliar se houve aumento da resistência ao cisalhamento na interface
aço versus concreto devido ao uso das corrugações na alma do perfil. Dois atuadores foram
posicionados no centro das lajes e uma forma simples de madeira foi concebida e construída
para separar os perfis de aço e posicionar os atuadores.
No segundo tipo de ensaio realizado relógios comparadores e LVDTs foram usados
para monitorar o deslizamento na interface aço versus concreto. Um LVDT extra foi usado na
extremidade da face lateral do espécime para aferir possíveis movimentos de corpo rígido. Os
testes finais tiveram o mesmo tipo de colapso, esmagamento do concreto. Infelizmente, a
instrumentação adotada não determinou o valor exato onde o deslizamento ocorreu devido à
natureza abrupta do fenômeno.

o. Avaliação estrutural de conectores de cisalhamento Perfobond e T-Perfobond

A motivação para o desenvolvimento de novos produtos para a transferência de


cisalhamento em estruturas mistas é relacionada a assuntos que envolvem particular
tecnologia, necessidades econômicas ou estruturais. Neste contexto, alguns outros conectores
de cisalhamento alternativos são propostos para estruturas mistas, o T-Perfobond (Figura
2.228). Este conector deriva do conector Perfobond acrescentando a componente da mesa ao
conector, trabalhando como um bloco. A motivação por desenvolver este conector T-
Perfobond é combinar a alta resistência do conector tipo bloco com alguma ductilidade e
resistência ao levantamento que surge dos furos do Perfobond.
O conector T-Perfobond foi projetado com o objetivo de melhorar algumas
características da ligação mista, como aumentar a capacidade de carga e de deslizamento do
conector. O T-Perfobond é a combinação do conector Perfobond com o conector T do
EUROCODE 4 [64], Figura 2.229. O conector Perfobond é formado por uma placa de aço
retangular com furos soldada à viga de aço sendo imersa na laje de concreto. Após a cura do
concreto uma resistência ao corte longitudinal e o impedimento da separação vertical entre a
143

viga de aço e a laje de concreto são atingidos. Isto deve-se a contribuição de cilindros de
concreto que se formam nos furos do Perfobond podendo ser ainda mais significativa com o
uso de uma armadura adicional passando pelos furos do conector.

a) IPN 340 – Universidade de Coimbra b) HP 200x53 – PUC-Rio

Figura 2.228 – Conectores TPerfobond.

+ =

Figura 2.229 – Concepção do conector TPerfobond.

A primeira parte do estudo envolveu testes tipo push-out em conectores Perfobond


realizados na universidade de Coimbra. As variáveis investigadas foram a presença e o
número de furos e a quantidade de armadura transversal localizada nos furos do conector. Um
total de oito tipos de configurações com repetição foram analisados, Figura 2.230. Os
conectores Perfobond foram fabricados sem furos, com dois ou quatro furos, respectivamente,
em uma ou duas linhas na direção da transmissão da carga, para lajes com espessura de 120
mm e 200 mm. Em todos os testes desta série o concreto teve a mesma resistência à
compressão correspondente a uma classe C50/60. Espessuras de laje de 120 mm e 200 mm
foram adotadas. A atual série de testes foi comparada com testes anteriormente realizados e
referidos como primeira série, onde uma classe de concreto C20/25 foi utilizada.

P-SF-120 P-2F-120 P-2F-AR-120

P-SF-200 P-2F-200 P-2F-AR-200 P-4F-200 P-4F-AR-200


Figura 2.230 - Figura 2.7.15.3 - Configurações de conector TPerfobond testado.

O programa experimental da segunda série, [71]-[78], foi composto por dezesseis


testes push-out (oito diferentes testes com uma repetição: espécimes A e B). A Figura 2.231
apresenta uma visão geral das modelos testados. As dimensões dos conectores tipo Perfobond
144

foram estabelecidas em função da espessura da laje espaçamento entre os furos necessários,


respeitando a distância mínima de 2,25 D. Conectores com 76,2 mm e 150 mm de altura
foram usados para lajes com 120 mm e 200 mm de espessura. Os conectores Perfobond foram
fabricados com placas com 12,5 mm de espessura em aço grau S355 (tensão de escoamento
nominal de 355 MPa).

Figura 2.231 - Configurações do conector Perfobond testado.

A Figura 2.232 apresenta a instrumentação dos espécimes. Transdutores de


deslocamento (LVDTs) foram usados para medir o deslizamento entre o aço e o concreto e
um LVDT vertical foi posicionado na parte superior espécime, perto de atuador hidráulico
para efeito de controle. Nos testes 2F-120-A, P-2F-200-A e P-4F-AR-200-A foram instalados
extensômetros (lineares e roseta) para avaliar as distribuições de tensão nos conectores e na
mesa de do perfil aço. Além destes um extensômetro linear foi usado na barra de armadura
usada dentro do furo do conector.

Figura 2.232 – Instrumentação do teste: P-4F-AR-200-A.

A armadura utilizada na laje de concreto e as barras que passam por furos do conector
foram feitas com 10 mm de diâmetro em aço S500 (tensão de escoamento de 500 MPa). Para
o modelo P-2F-AR-200-A, os resultados das distribuições de tensão estão ilustrados na Figura
2.233, onde os resultados dos extensômetros lineares indicaram que infelizmente o
extensômetro posicionado junto ao furo do conector (na posição central) parou de funcionar
antes que a carga última de conector tivesse sido atingida (549 kN). Os extensômetros
restantes no conector e na armadura funcionaram até a carga máxima do ensaio, indicando
que o conector e as barras de armadura escoaram. Os resultados da roseta mostraram um
comportamento mais ou menos simétrico para as direções 1 e 2, mas com a direção 1
indicando uma deformação ligeiramente maior. O escoamento da placa do conector foi
atingido bem antes da carga máxima do ensaio contribuindo para a sua ductilidade.
145

600 600
Central e1
550 Rosette External 550
e2
500 500

Load per connector(kN)

Load per connector(kN)


S355 limit
450 450
400 400
350 350
300 300
250 250
Rosette_v
200 200
Central
150 External 150
100 Reinf bar 100
S355 limit
50 50
S500 limit
0 0
-2000 -1000 0 1000 2000 3000 -3000 -2000 -1000 0 1000 2000 3000
Strain ( ) Strain ( )

lineares Rosetas
Figura 2.233 – Deformações no conector P-2F-AR-200-a.

As distribuições de tensões no modelo P-4F-AR-200-A são apresentadas nas Figuras


2.234 e 2.235. Neste espécime foram usados seis extensômetros lineares (quatro na placa) e
um em cada uma das duas barras de armadura passando pelos furos do conector e uma roseta.
A Figura 2.234 indica que a distribuição de tensões ao longo da altura do conector segue um
padrão crescente de cima para baixo, com o máximo junto a solda. Este fato é confirmado por
uma deformação maior na barra de armadura junto à parte inferior do furo do conector,
quando comparada com a que ocorreu na barra armadura junto à parte superior do furo do
conector. A Figura 2.235 ilustra que a barra 5 (na parte inferior do furo) tem uma maior
deformação que a barra 6 (na parte superior do furo), e que ambas atingem o escoamento
durante o teste, antes da carga máxima atingida de 562 kN. Finalmente, o fato de que o
extensômetro 4 indica compressão revela que esta é a região onde a ancoragem de sistema é
efetiva.

Figura 2.234 – Deformações no conector P-4F-AR-200-a.

A Figura 2.236 apresenta as curvas carga versus deslizamento dos conectores


Perfobond de 120 mm e 200 mm. A laje com espessura de 120 mm, usou conectores e com
uma altura de 76,2 mm sem furos, com dois furos e com dois furos e armadura de passando
por seus furos. A Figura 2.236 também mostra os resultados equivalentes, para a laje de 200
mm, que usou conectores com uma altura de 150 mm. Conclui-se que uso de cada furo leva a
um aumento de 8% da resistência do conector para a laje com 120 mm de espessura de. As
barras de armadura com 12 mm dentro dos furos conduz a um aumento de resistência de 28%
e de 9% para as lajes com espessuras de 120 mm e de 200 mm. Resumindo, o ganho de
resistência devido à presença dos furos ou da armadura mostrou-se maior para os conectores
146

menores integrados em lajes de 120 mm, do que para os conectores maiores, incorporados à
lajes de 200 mm.

Figura 2.235 - Deformações no conector P-4F-AR-200-a e detalhe das barras de armadura.

Figura 2.236 – Resultados dos Perfobond com chapas grossas de 120 & 200 mm, 2ª série.

No que diz respeito à capacidade de deslizamento, um ganho de 17% foi observado


quando barras de armadura são usadas no conector com dois furos em uma laje 120 mm de
espessura, ou seja, do teste P-2F-120 ao teste P-2F-AR-120. Os conectores sem furos
apresentaram uma boa ductilidade, mas também foi notada uma acentuada separação vertical
entre a laje e o perfil, uma vez que os furos são o único mecanismo que se opõe a este
deslocamento. Por último, notou-se que todas as amostras testadas apresentaram uma
ductilidade de pelo menos 6 mm, indicando assim a sua classificação como dúctil segundo o
Eurocode 4, [64]. Da mesma forma que os primeiros testes, o início do colapso envolveu, e
envolvidas, em todos os testes, a formação de uma fissura longitudinal na laje que progrediu e
se abriu com o incremento da carga. Isto foi seguido do esmagamento do concreto junto à face
frontal do conector. Novamente, o escoamento do conector foi, como já mencionado, atingido
em estágios avançados de carga.
Isto se seguiu dos ensaios experimentais realizados para avaliar o desempenho do
conector T-Perfobond. A primeira etapa foi realizada no Departamento de Engenharia Civil
da Universidade de Coimbra e a segunda na PUC-Rio. Na primeira etapa, o conector T-
Perfobond foi fabricado a partir do perfil laminado IPN 340, Fig. 1a, composta pelo aço S275.
Na segunda, o conector T-Perfobond apresentou uma nova geometria, fabricado a partir de
um perfil HP 200 x 53, equivalente ao perfil americano HP 8 x 36, Fig. 1b, em aço ASTM
A572 Grau 50, equivalente ao S355. Esta nova proposta surgiu da ideia de avaliar um
147

conector que possuísse mesma espessura de alma e mesa, Figura 2.237. Os conectores T-
Perfobond foram fabricados para lajes de 120 mm de espessura, com resistência à compressão
correspondente a um concreto classe C30/37.

Figura 2.237 – Geometria dos conectores TPerfobond.

O programa experimental dividido em duas etapas consistiu em dois ensaios na


primeira etapa, seguido de mais três ensaios na segunda. Todos os conectores possuíam dois
furos, altura de 76,2 mm, e comprimento 170 mm, conforme apresentado na Figura 2.237.
Para que os resultados não fossem afetados pela aderência química entre o perfil de aço e o
concreto, toda a superfície de aço, exceto nos conectores, foi previamente tratada com óleo
desmoldante. A diferença dos protótipos da primeira e segunda etapa foi na composição dos
perfis “I” do ensaio push-out. Na primeira etapa o perfil “I” foi mista pelo perfil HEB 200 em
aço S275. Na segunda etapa este foi mista pelo perfil HP 200 x 53 em aço ASTM A572 Grau
50, o mesmo perfil adotado para a fabricação do conector. Foram utilizados transdutores de
deslocamento verticais e horizontais nas duas lajes de forma a medir o deslizamento relativo
entre o perfil metálico e a laje, bem como a separação vertical, Figura 2.238.

Figura 2.238 – Instrumentação dos modelos.

Na segunda etapa, nos ensaios realizados na PUC-Rio, o sistema do ensaio foi


adaptado ao um pórtico com dois atuadores hidráulicos com capacidade de 1000 kN cada um
usando uma viga de transição de carga, para que o carregamento do ensaio atuasse centrado
em um só ponto, Figura 2.239. Para garantir um carregamento pontual, usou-se uma rótula
entre a viga de transição e o perfil “I” do push-out.
A partir das curvas do gráfico da Figura 2.240, conclui-se que os conectores
TPerfobond fabricados a partir do perfil HP 200 x 53, com espessura de mesa e alma iguais,
apresentaram uma melhor capacidade de deslizamento sendo, portanto, conectores mais
dúcteis. O conector que apresentou a melhor capacidade de carga foi o conector fabricado a
partir do HP 200 x 53, que utilizou armaduras de 12 mm nos estribos e de 16 mm nos furos,
148

TP-2F-AR-120-A-IN-12-16. Em relação ao conector TP-2F-AR-120-A-IN-10, da primeira


etapa, este apresentou um ganho de 13% na resistência característica e 137% na capacidade de
deslizamento. Os conectores fabricados a partir do IPN 340 apresentaram maior capacidade
de carga, quando comparado aos outros dois ensaios da segunda etapa, porém com pouca
ductilidade.

Figura 2.239 – Estrutura de reação e instrumentação para o ensaio tipo push-out, e rótula.

A Figura 2.240 apresenta a primeira e segunda etapa de ensaios avaliando a contribuição


do conector mais flexível da segunda etapa que teve espessuras da alma e mesa iguais.

Figura 2.240 – Comparação do T-Perfobond IPN 340 versus HP 200x53.

Nos ensaios da primeira etapa a ruptura dos protótipos inicia-se com o surgimento de
uma fissura longitudinal na laje na parte frontal do conector, estendendo-se gradualmente na
laje, seguida do esmagamento do concreto. Nos ensaios da segunda etapa, não houve
surgimento de fissuras longitudinais na laje. Conforme aumentava-se a aplicação da carga,
surgia a separação horizontal entre o perfil metálico e a laje de concreto. Em seguida, as
fissuras surgiram na parte interna da laje, estendendo-se gradualmente, seguida do
esmagamento do concreto. Na Figura 2.241 é apresentada a configuração do protótipo TP-2F-
AR-IN10-12-C após a retirada do concreto. Observou-se que o concreto confinado na região
em torno ao conector permaneceu ligado a este, quase em forma de cone, como ocorreu na
primeira etapa. Após a retirada deste concreto, percebeu-se também a permanência do
concreto nos furos juntamente com a armadura passante, e a deformação das mesmas. As
149

armaduras dos estribos permaneceram intactas, não apresentando deformações. Neste ensaio
foi observado a plastificação do conector tanto na alma como na mesa. O modo de ruptura
observado nestes ensaios está associado a ruptura do concreto e a plastificação do próprio
conector.

Figura 2.241 – Modos de ruína, TP-2F-AR-IN-10-12-C.

Após a análise dos resultados dos ensaios push-out, foi escolhido o ensaio que apresentou
melhor comportamento quanto a ductilidade e a capacidade de carga, para que sua
configuração fosse adotada no ensaio em escala real. O ensaio selecionado foi o TP-2F-AR-
IN-12-16-B, que utilizou armaduras passantes de 16 mm nos furos e estribo de 12 mm. Os
ensaios de push-out simulam o comportamento do aço e concreto da viga mista. No entanto, a
distribuição de carga ao longo da viga mista não é a mesma que ocorre nos ensaios de push-
out, que é de forma direta. Em uma viga mista, o fluxo de cisalhamento na interface aço-
concreto varia ao longo da viga e depende da distribuição da carga. Além disso, em uma viga
mista, as deformações dos conectores alteram o fluxo da força de cisalhamento, havendo uma
diminuição da força máxima de cisalhamento e redistribuição da mesma. Portanto, é
importante verificar se os resultados obtidos dos ensaios de push-out são adequados para
serem utilizados em análises da viga mista.
Pela primeira vez no país, um ensaio em escala real foi realizado para verificar o
comportamento do conector TPerfobond em uma simulação de uma estrutura real, verificando
sua capacidade de deformação, sua ductilidade e sua capacidade de carga. O ensaio, cujas
dimensões foram 9 m de vão, com laje de 2,3 m de largura e 0,12 m de espessura, foi
realizado no Laboratório de Estruturas da PUC-Rio, com carregamento distribuído. O perfil
W 410 x 60, equivalente ao W 16 x 40, foi utilizado para compor a viga metálica, e o perfil
HP 200 x 53 foi usado para fabricação do conector, o mesmo utilizado para os ensaios de
push-out. Estes perfis foram em aço ASTM A572 grau 50 da Açominas. O espaçamento
adotado entre os conectores foi de 1600 mm, Figura 2.242. Entre os conectores TPerfobond
foram soldados espaçadores tipo gancho em armadura de 6,3 mm. A função dos espaçadores
foi para evitar à flambagem a compressão da laje de concreto.

Figura 2.242 – Espaçamento entre os conectores.


150

Os conectores foram soldados no LEM com solda em filete de 18 mm, com material
E70XX. O comprimento adotado para o ensaio foi de 9 m de comprimento. As dimensões da
laje de concreto foram de 2,25 m de largura e 120 mm de espessura. A espessura da laje foi a
mesma utilizada no ensaio de push-out. Antes do posicionamento da viga no local de ensaio,
foram posicionados e montados o sistema de apoio. A viga foi apoiada em dois apoios, sendo
um fixo e outro móvel. Para garantir a estabilidade da viga mista nos apoios, estes foram
montados em pares, conforme a Figura 2.243. Uma viga “I” foi apoiada sobre estes apoios
servindo de apoio para a viga principal. O vão resultante entre os apoios foi de 8,8 m. Em
torno dos conectores foram adotadas as mesmas armaduras do ensaio de push-out. Nos
estribos foram utilizados vergalhões de 12,5 mm de diâmetro e nos furos 16 mm em aço Grau
50 (limite de escoamento de 500 MPa). Adotou-se uma distribuição em forma de cone, com
ângulo de espraiamento em torno de 60°, em função das bielas de compressão e das possíveis
fissuras de rasgamento que poderiam ocorrer no ensaio. As armaduras na laje foram
distribuídas a cada 320 mm no eixo longitudinal e a cada 200 mm na direção transversal.
Adotou-se uma armadura de 6,3 mm de diâmetro a fim de evitar a fissuração superficial.

Figura 2.243 – Sistema de apoios: fixo e móvel – vão de 8,8m.

A Figura 2.244 apresenta a configuração global do ensaio em escala real, [71]. Utilizou-
se um sistema de aplicação de carga distribuída em quatro pontos através da viga de
distribuição. Foram utilizados dois atuadores hidráulicos com capacidade de 50 kN cada. Para
controlar a carga aplicada, sob cada atuador, foi utilizada uma célula de carga de 500 kN. Esta
célula foi instalada entre uma rótula universal e um apoio móvel (primeiro gênero).

Figura 2.244 – Instrumentação e aplicação do carregamento.


151

Para medir o deslizamento na interface entre o perfil e a laje, foram instalados dois
LVDTs de 50 mm em cada uma das extremidades da laje (1 e 2). Os LVDTs 3 e 4 de 50 mm
foram instalados nas laterais da laje para controlar a translação horizontal da laje. Para medir
o deslocamento vertical foram utilizadas quatro LVDTs. Para medir as deformações dos
conectores e do perfil, foram usados extensômetros elétricos unidirecionais. Nos conectores
posicionados nas extremidades da laje, foram usados quatro extensômetros. Nos conectores
intermediários e centrais foram usados dois extensômetros, na alma e na mesa, Figura 2.245.

Conector de extremidade Conector intermediário e central


Figura 2.245 – Extensômetros no conector TPerfobond.

Baseado no estudo da viga mista foi considerado que a estrutura deveria suportar uma
tensão de 21,25 kPa. A área da laje ensaiada correspondeu a 20,7 m2. Este carregamento
equivale a duas cargas aplicadas na viga de 220 kN igualmente espaçadas. Foram realizados
três ensaios de pré-carga para aferir a instrumentação e mobilizar a estrutura de forma
gradativa. Nos ensaios de pré-carga, aplicou-se a carga até atingir 100 kN, 155 kN e 200 kN.
Para os primeiro, segundo e terceiro ensaios de pré-carga foram aguardados 15, 30 e 30
minutos para o descarregamento. Após a realização do último ensaio de pré-carga realizou-se
o ensaio final da estrutura. Os valores de carga mencionados anteriormente correspondem as
cargas aplicadas em cada atuador hidráulico, que será referida como carga 2P, Fig. 15. A viga
mista foi dimensionada para interação parcial, para um momento máximo de 664,82 kNm.
No gráfico da Figura 2.246 são apresentadas as curvas momento total versus
deslocamento vertical dos três ensaios de pré-carga e do ensaio final. O momento total
corresponde a soma do momento devido ao peso próprio com o momento da carga aplicada.
O momento calculado devido ao peso próprio foi de 83,2 kNm. O peso próprio da viga,
considerando o peso da laje, o peso do perfil, o peso das armaduras, do conector, do concreto
e das vigas de distribuição de carga, foi de 8,59 kN/m. O ensaio da viga mista apresentou um
comportamento praticamente linear até o nível de carga de 2P = 100 kN (imposta em cada
atuador, sendo a carga total na viga de 200 kN) permanecendo assim no regime elástico. A
partir desse ponto, começou a perder rigidez e apresentar um comportamento não linear. No
segundo ensaio da pré-carga de 155 kN, a viga atingiu a fase plástica, e deslocamento vertical
residual foi de 12 mm. No terceiro ensaio, 2P = 200 kN, o deslocamento vertical residual foi
de 35 mm. Até esta fase de carregamento, não foi observada nenhuma fissura aparente
significativa.
A Figura 2.247 apresenta o deslizamento relativo na interface entre a viga de aço e a laje
de concreto dos LVDTs 1 e 2 instaladas nas extremidades da viga. Nesta Figura, são
apresentados os deslizamentos referentes aos pré-ensaios e ao ensaio final. Notou-se que o
LVDT 1, apresentou maiores valores para o deslizamento, significando que um lado da viga
mista deslizou mais que o outro. O ensaio final, foi conduzido até a carga máxima de 220 kN
em função do deslizamento ter alcançado acima de 4 mm, valor este suficiente para a
comparação com o ensaio de push-out.
152

720

640

560

Momento total (kNm)


480

400

320 100kN
155kN
240
200kN
160 220kN

80
0 -10 -20 -30 -40 -50 -60 -70 -80 -90 -100 -110 -120

Deslocamento vertical meio do vão (mm)

Figura 2.246 – Momento máximo versus deslocamento vertical no meio do vão.

720 720
640 640
Momento total (kNm)

560 Momento total (kNm) 560

480 480

400 400

320 100kN 320


155kN 100kN
240 240
200kN 200kN
160 160
220kN 220kN
80 80
0,0 -0,5 -1,0 -1,5 -2,0 -2,5 -3,0 -3,5 -4,0 -4,5 0,0 -0,5 -1,0 -1,5 -2,0 -2,5 -3,0 -3,5 -4,0 -4,5

Deslizamento - RDL1 (mm) Deslizamento - RDL2 (mm)

LVDTs 1 & 2 - Deslizamento


Figura 2.247 – Momento máximo versus deslizamento no meio do vão.

A Figura 2.248 apresenta o valor de deformação dos extensômetros instalados nas mesas
dos conectores em função da sua posição na viga a fim de se avaliar a capacidade de
deformação da viga mista. Percebe-se que os conectores das extremidades são os mais
solicitados.
Deformação (e)

400

200

Mesa
-200

-400
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 5500 6000 6500 7000 7500 8000 8500 9000

Posição da viga (mm)

Figura 2.248 – Deformação da mesa dos conectores em função da posição na viga.


153

No ensaio final da viga mista em escala real ocorreu uma falha por cisalhamento entre a
laje de concreto e a viga de aço. Esta falha do conector ocorreu e foi associada com a perda da
capacidade de carga da estrutura. Um deslizamento significativo entre a seção de aço e a laje
de concreto foi verificado durante o ensaio, provocando finalmente o colapso da viga. Esta
falha ocorreu essencialmente em um dos lados da viga e a separação vertical entre a seção de
aço e de concreto foi visível próximo ao apoio, Figura 2.249. As fissuras no concreto
ocorreram no meio do vão e se apresentaram de formas verticais.

a) RDL 1 - Deslizamento b) Deslizamento e separação vertical

Figura 2.249 – Colapso por cisalhamento.

Os resultados da campanha experimental dos ensaios de push-out serviram para avaliar as


diferenças do comportamento estrutural entre os conectores Perfobond, T-Perfobond e T em
termos de suas capacidades de carga e deformação, bem como quanto ao modo de ruína. Os
conectores tipo T-Perfobond possuem maior capacidade de carga e maior rigidez do que os
conectores Perfobond. A vantagem de se utilizar este tipo de conector é este ser produzido a
partir de perfis laminados, não sendo necessário produzir um novo elemento de ligação
específico. Os conectores T-Perfobond produzidos em Portugal, a partir do perfil IPN 340, ao
contrário dos restantes tipos de conectores, não apresentram um comportamento dúctil, sendo
por isso necessário proceder a um dimensionamento elástico, logo menos econômico. Já os
conectores TPerfobond, produzidos no Brasil, a partir de um perfil HP 200 x 53, adotando
armaduras nos furos, apresentaram comportamento dúctil, permitindo portanto, um
dimensionamento plástico.
Com o ensaio em escala real foi possível avaliar o comportamento do conector T-
Perfobond num ensaio de flexão. O projeto da viga mista adotou um dimensionamento para
interação parcial. No ensaio, como era previsto, a falha foi condicionada pelo deslizamento na
interface aço-concreto, em um dos lados da viga, e esta apresentou grande capacidade de
deformação vertical. O deslizamento na interface mostrou ter grande influência na rigidez da
viga mista, conforme há um aumento no deslizamento, há perda de rigidez do sistema.
Através do ensaio, comprovou-se que as maiores concentrações de tensões ocorrem nas
extremidades das vigas, portanto os conectores instalados nas extremidades apresentam
maiores deformações. Em relação às vigas mistas, observou-se que o momento resistente
experimental foi praticamente igual ao previsto no dimensionamento pela análise plástica.
Com isso, foi possível concluir que o modelo de plastificação total foi considerado satisfatório
para dimensionamento da viga mista com conectores tipo T-Perfobond.
O presente programa experimental inicialmente contemplou uma serie de ensaios
push-out executados em conectores Perfobond e T-Perfobond. Em uma primeira fase
desenvolvida na Universidade de Coimbra, o controle foi feito por meio de deslocamentos
possibilitando a monitoração das cargas e deformações últimas e no trecho de carga
descendente para determinação de sua ductilidade de acordo com o critério do Eurocode 4
154

[64]. A segunda série de ensaios deste tipo executada na PUC-Rio teve controle de carga
dificultando a monitoração das cargas e deformações últimas e o comportamento estrutural no
trecho de carga descendente.
A partir destes ensaios foi possível determinar a influência no número e disposição dos
furos em uma e duas linhas e uma aferição dos efeitos individuais das parcelas resistentes
presentes nas fórmulas de dimensionamento destes conectores. Também foi possível melhorar
o desempenho dos conectores T-Perfobond em termos de ductilidade a partir da redução da
espessura de sua mesa e seu uso com as mesas dos conectores posicionadas sempre voltadas
para o lado do apoio da viga mais próximo. Esta evolução contribuiu para seu uso nas vigas
mistas com espaçamento uniforme de acordo com um dimensionamento plástico permitido
para conectores de cisalhamento com comportamento dúctil. A instrumentação adotada nestes
ensaios já foi comentada em casos anteriores e contemplou LVDTs e extensômetros usados na
laje, perfil e conector de modo a determinar deslocamentos, movimentos de corpo rígido,
deslizamentos e distribuições de tensão nos conectores de cisalhamento.
Em uma última fase foi também executado uma ensaio em escala real usando
conectores T-Perfobond dimensionados com interação parcial. Estes ensaios possibilitaram
determinar a distribuição real dos esforços nos conectores assim como o efeito de um
espaçamento entre conectores elevado em uma viga mista. O ensaio teve um comportamento
compatível com o esperado apresentando uma ductilidade considerável e tendo seu
desempenho condicionado pelo estado limite de utilização associado a flechas excessivas.
Este ensaio comprovou a capacidade de redistribuição dos esforços dos conectores
TPerfobond servindo também para indicar que as esperadas concentrações de tensão nas
regiões próximas aos conectores devido ao seu número reduzido não reduziram a capacidade
resistente do sistema estrutural misto avaliado.

2.7. Considerações Finais

O presente capítulo teve por objetivo apresentar de forma objetiva as etapas


necessárias para a correta concepção, execução e interpretação dos resultados de modelos
experimentais de estruturas de aço e mistas. Naturalmente a cada minuto novos sistemas para
aquisição e monitoração em tempo real com fibra ótica, medições a laser ou com materiais
piezoelétricos são criados facilitando parte deste processo. Por outro lado, nada substitui a
experiência dos técnicos e pesquisadores que vem lidando com estes tipos de modelagem há
muito tempo e, mesmo com limitações de espaço, tempo, equipamento e recursos financeiros,
têm produzido excelentes modelos experimentais que vem contribuindo para uma melhor
compreensão de complexos problemas de engenharia estrutural.
O próximo capítulo contém uma descrição semelhante a que foi feita neste capítulo
para modelos de simulação numérica. Desta forma, são apresentadas e discutidas
detalhadamente, as suas principais etapas de concepção, identificação de falhas, correções de
rumo, superação de problemas de convergência e por fim, de um correto tratamento e
interpretação dos resultados obtidos.
Capítulo 3 - Modelagem Numérica com o
Método dos Elementos Finitos

3.1. Considerações Iniciais

Este capítulo tem como objetivo apresentar as etapas necessárias para a concepção e
interpretação dos resultados de modelos numéricos para simulação de estruturas de aço e
mistas. Deve-se uma vez mais enfatizar que este livro foi concebido a partir de uma ideia
onde os aspectos mais importantes da modelagem numérica são apresentados à medida que
simulações computacionais de casos práticos de ensaios experimentais são apresentadas.
Apesar disto, incialmente, alguns aspectos e questões gerais serão inicialmente abordados
para elucidar pontos chaves do planejamento das modelagens numéricas a serem executadas
de modo a garantir a validade e a confiabilidade das simulações computacionais propostas.
Uma ideia muito simples, mas extremamente eficiente, geralmente apresenta-se como
a chave mestra para a concepção de um modelo numérico consistente para simulação de
estruturas de aço e mistas. Esta ideia fundamenta-se no conceito de que o modelo deve ser
continuamente desenvolvido, partindo de um modelo inicial simples, porém, representativo
do problema estudado. A partir do entendimento deste modelo inicial, refinamentos e
estratégias de modelagens mais complexas podem ser gradualmente introduzidas, e
calibradas, para garantir sua confiabilidade. Este contínuo desenvolvimento permite uma
tomada de decisão mais fundamentada e possibilita que várias estratégias de modelagem
possam ser adotadas de forma consistente até que a precisão requerida para o modelo
estudado seja atingida. Apesar de inicialmente parecer que este pode ser um processo mais
demorado a médio e longo prazo, este procedimento mostra-se fundamental para superar
dificuldades em modelos complexos onde facilmente pode-se perder o foco ou simplesmente
não se saber qual rumo tomar quando se encontram incongruências, erros, falta de coerência
ou mesmo calibrações indevidas. Modelos iniciais muito complexos geralmente são também
de difícil avaliação e calibragem pois muitas variáveis e fatores interagem entre si
dificultando a identificação de quais passos devem ser tomados para corrigir rumos ou
melhorar a eficiência do modelo estrutural investigado.
As modelagens numéricas descritas neste capítulo serão sempre baseadas no método
dos elementos finitos, tradicionalmente usadas por engenheiros estruturais para simular
problemas complexos que geralmente não podem ser resolvidos com a precisão necessária
com modelos mecânicos ou analíticos simples. O primeiro passo para uma modelagem
numérica eficiente consiste em estabelecer as condições de apoio, imperfeições, tipo do
material e de carregamento compatíveis com o problema avaliado. A seguir, apresenta-se um
estudo do refinamento da malha necessário para garantir o correto desempenho estrutural do
modelo, normalmente avaliado em termos de seus estados limites últimos e de utilização.
Outro ponto fundamental a ser entendido diz respeito a calibração dos modelos
numéricos. Ao executar estas simulações deve-se ter consciência que sempre se chega a um
resultado e que, por exemplo, numa condição de apoio indevida, uma simetria mal
estabelecida, um material mal definido, entre vários outros aspectos, pode-se inutilizar os
resultados dos modelos que muitas vezes demandaram semanas ou meses de trabalho com
inúmeras horas de processamento. A confiabilidade dos resultados só passa a ser garantida
com calibrações dos modelos com experimentos e, quando estes não forem disponíveis, com
os resultados de formulações teóricas clássicas não questionáveis. Na literatura, muitos
modelos são, de forma equivocada, somente calibrados com outras simulações numéricas,
gerando um ciclo vicioso onde não se pode garantir com a clareza e precisão necessárias que
156

os modelos representem a realidade das estruturas de aço e mistas modeladas e, nem mesmo,
que se saiba os limites de validade e precisão dos modelos numéricos concebidos.

3.2. Tipos de Análise Estrutural

3.2.1. Introdução

Em uma modelagem com o método dos elementos finitos, diversos tipos de análises
podem ser executados, por exemplo, análises estáticas ou dinâmicas, sendo que estas últimas
podem ter caráter modal ou envolver vibrações forçadas. No presente capítulo, por questões
de escopo e de limitação de espaço, o foco será somente nas análises estáticas. Dentro desta
perspectiva, as análises estáticas lineares elásticas configuram-se como o caso mais simples e
padrão, porém com aplicação e uso limitado devido ao seu escopo restrito.
Isto faz com que se tenha que incorporar alternativas para considerar a possibilidade
da ocorrência de instabilidades estruturais, mais conhecidas como flambagem global que
podem ser inicialmente estudadas com base em processos de solução da equação diferencial
que controla este fenômeno através de análises de autovalores e autovetores. Este tipo de
análise também é muito usado para determinação da forma crítica das imperfeições que
devem ser adotadas no modelo para representar com maior fidelidade o comportamento real
das estruturas, superando, por exemplo, possíveis pontos de bifurcação na trajetória de
equilíbrio das estruturas analisadas. Todavia, quando flambagens locais, laterais, tensões
residuais ou mesmo fenômenos envolvendo plastificação surgem nas estruturas avaliadas,
outros tipos de análises mais refinadas passam a ser necessárias. A próxima seção apresenta
de forma detalhada, os principais tipos de análises estáticas incluindo não linearidades para
subsidiar o leitor a respeito de seu escopo e correta aplicação a problemas de modelagem de
estruturas de aço e mistas.

3.2.2. Análise Não-Linear

Análises estruturais com diferentes níveis e graus de refinamento podem ser usadas,
devido ao fato de que o comportamento da estrutura, normalmente apresenta-se como não
linear. Estas técnicas de análise requerem diferentes graus de complexidade e só poderão ser
simuladas com programas computacionais devido ao grande trabalho envolvido. Os métodos
são resumidos, na Figura 3.1, tendo como base curvas carga versus deslocamento de uma
estrutura.

Figura 3.1 – Tipos de análises de pórticos estruturais, Paulino, et al [79].

A análise linear é, ainda hoje, o método mais usado na prática. Nesta análise, assume-
se que o deslocamento é proporcional à força aplicada e de magnitude reduzida o que leva que
os efeitos de segunda ordem devido à mudança na geometria da estrutura possam ser
157

desprezados. Também assume-se que a rigidez dos membros estruturais é constante e


independente da presença de forças axiais, o que implica na não consideração dos efeitos P–δ
e P–Δ, bem como a não linearidade dos materiais. Uma alternativa nestes casos, para levar em
conta os efeitos de algumas não linearidades, usa um fator de amplificação para magnificar os
momentos fletores atuantes na estrutura.
Uma avaliação mais real e precisa da estrutura deve ser executada com análises que
considerem os vários efeitos não-lineares que usualmente nela ocorrem. Duas classes de não-
linearidades são normalmente identificadas. A primeira classe consiste na não-linearidade do
material, que se origina das mudanças na resposta física de um material às tensões e surge sob
a forma de leis constitutivas variáveis e dependentes da trajetória. A segunda classe consiste
na não-linearidade geométrica que é produzida por deformações finitas acompanhadas de
modificações na rigidez de uma estrutura sob um certo carregamento.
Quando a não linearidade do material é considerada na análise, normalmente, isto é
feito na matriz constitutiva do material. Nos casos estudados neste capítulo, ou seja, para os
aços estruturais e o concreto armado, diversas formulações podem ser usadas para modelar o
seu comportamento. De modo geral, os aços são modelados com um critério de escoamento
de von Mises com lei de encruamento isotrópica. Desta forma, a curva tensão versus
deformação é linear elástica até o escoamento, e perfeitamente plástica entre o limite elástico
e o início do encruamento. Este procedimento baseia-se na verificação do comportamento de
cada ponto da estrutura de modo que este esteja contido dentro de uma superfície de
escoamento com crescimento isotrópico. Quando esta condição é violada, geralmente usa-se
um procedimento de retorno radial a superfície de modo a garantir que o comportamento do
material incialmente estabelecido continue a ser válido durante a análise. Mais detalhes sobre
a não linearidade do material podem ser encontrados em Crisfield, [89].
Por outro lado, uma modelagem adequada para o concreto usa uma lei multilinear
isotrópica descrita por segmentos lineares na curva tensão versus deformação total,
começando na origem, com valores positivos de tensão e deformação, considerando a
resistência à compressão do concreto (fc) correspondente a uma deformação à compressão de
0,2%. A curva tensão versus deformação também pressupõe um aumento total de 0,05 N/mm2
na resistência à compressão do concreto até uma deformação de 0,35% para evitar problemas
numéricos devido a um fluxo de escoamento sem restrições. Normalmente, a resistência à
compressão do concreto é assumida como igual aos valores obtidos em teste de resistência à
compressão cilíndrica e a resistência à tração do concreto é dada como 1/10 da sua resistência
à compressão. A seção de exemplos contida no fim deste capítulo apresentará para cada caso,
se pertinente, uma detalhada descrição de como as não linearidades do material serão
incorporada nos modelos numéricos desenvolvidos.
Em uma análise linear de uma estrutura, a força é assumida linearmente proporcional
ao deslocamento e o princípio da superposição dos efeitos pode ser aplicado para obter os
diagramas de esforços finais na estrutura. Para problemas geometricamente não lineares, dois
tipos de não linearidades são considerados: o efeito P–Δ e P–δ. O efeito P–Δ ocorre devido à
mudança da geometria da estrutura e o efeito P–δ é resultado da mudança na rigidez do
membro na presença da força axial e da deformada da barra ao longo do seu comprimento.
Nestes casos, o método de análise de Newton-Raphson fornece a resposta estrutural exata até
o nível de carga, tomado como a carga de projeto última ou de serviço. Por outro lado, a
modelagem exata do comportamento de uma estrutura incluindo todas as fontes de não
linearidades não é um processo simples. Mesmo quando só os efeitos da flambagem são
considerados, as trajetórias carga versus deslocamento associadas aos diversos modos de
flambagem como a flambagem global de Euler, flambagem local, flambagem lateral e
flambagem torsional não são de fácil construção.
Por outro lado, o método de análise elástica de segunda ordem inclui automaticamente
efeitos de segunda ordem devido à mudança na geometria e a variação da rigidez de elemento
na presença de força axial. Com o seu uso de métodos empíricos de amplificação do momento
158

na presença de força axial usados em várias normas, avaliações de comprimento efetivo de


flambagem de elementos em pórticos deslocáveis tornam-se desnecessários.
No contexto da análise da flambagem, algumas suposições são normalmente feitas
para incluir o efeito da flambagem. Uma coluna perfeitamente reta sob a ação de uma força
axial puramente concêntrica não deformará lateralmente até que a carga de bifurcação seja
alcançada, ponto onde a coluna deflete lateralmente infinitamente sem nenhum aumento de
carga. Neste instante, a rigidez da estrutura torna-se nula devido ao cancelamento da matriz de
rigidez linear pela matriz de rigidez geométrica. Estas aproximações para a análise incluindo
bifurcações são frequentemente encontradas na prática, porém representam uma simplificação
e idealização do fenômeno de flambagem.
Em uma segunda aproximação permite-se a mudança da geometria, ou seja, a
geometria estrutural é continuamente atualizada possibilitando a geração das trajetórias de
carga versus deslocamento da estrutura. Este método reflete melhor o comportamento
estrutural sendo denominado de análise da carga versus deslocamento sendo usualmente
adotado para avaliação de inúmeros problemas não lineares incluindo as não linearidades
geométricas e do material. A análise da bifurcação é baseada na idealização matemática de
que a estrutura deforma-se unicamente na direção do carregamento até atingir a carga de
bifurcação. Com isto, a matriz de rigidez do elemento é unicamente uma função da força nos
membros estruturais, do material e das propriedades geométricas antes do carregamento. A
matriz de rigidez tangente que relaciona os deslocamentos incrementais com o carregamento
incremental será independente do deslocamento e a estrutura é assumida com uma
deformação unicamente na direção do carregamento o que faz com que o efeito da mudança
da sua geometria seja insignificante. Sob estas hipóteses, a estrutura será dita como perfeita e
o carregamento continuará perfeitamente centrado sem componentes em outras direções.
A validade da solução para a carga de flambagem da estrutura é baseada na hipótese
de que a estrutura é perfeita, ou seja, a coluna é perfeitamente reta e a força axial é idealmente
centrada. Estritamente, esta estratégia é uma idealização matemática que dificilmente ocorre
na prática, pois as estruturas contem imperfeições iniciais e as cargas atuantes não são
geralmente centradas. Por outro lado, as deflexões geradas na estrutura, apesar de pequenas,
podem ocorrer em direções fora do plano de carregamento. Em geral, o resultado da análise
da bifurcação não deveria ser usado diretamente no projeto prático e unicamente prover um
limite superior para a carga de flambagem da estrutura. As vantagens desta aproximação são o
curto tempo computacional e a sua simples formulação.
Para obter uma resposta mais exata da estrutura, análises de curvas carga versus
deslocamento fazem-se necessárias. Nesta aproximação, o caminho de equilíbrio para a
estrutura é traçado e as tensões e deflexões são continuamente atualizadas e monitoradas. A
maior diferença entre a formulação da análise de curvas carga versus deslocamento e a análise
da bifurcação está na inclusão do efeito de grandes deslocamentos na equação da rigidez. As
influências de tensões residuais e da geometria deformada da estrutura também podem ser
incorporadas na equação da rigidez.
Em geral, a dificuldade para uma análise não linear é resultado da interdependência da
rigidez, da carga e do deslocamento. Em contraste com a análise linear, a matriz de rigidez em
uma análise não linear depende do deslocamento bem como das forças. A força aplicada irá
criar deslocamentos que alterarão a geometria e assim, a resistência estrutural contra as cargas
externas. Usando a força e uma matriz de rigidez inicial para cálculo, o deslocamento é obtido
e, junto com a força aplicada, alteram a matriz de rigidez e invalidam o resultado para uma
análise prévia. Para alcançar a solução que satisfaça a equação anterior uma aproximação
incremental linearizada, um processo de tentativa e erro ou um esquema incremental-iterativo,
faz-se necessário. Genericamente falando, um método direto iterativo, um método incremental
ou um procedimento preditor-corretor podem ser usados na solução da equação anterior.
Desta forma, nos próximos itens desta seção será feita uma breve abordagem de alguns destes
159

métodos como o Método Iterativo Direto, Método Incremental Puro, Método Incremental-
Iterativo e Método de Newton-Raphson.
No método iterativo direto, a matriz de rigidez é adotada sendo baseada na força
aplicada, o deslocamento é calculado sendo então usado para recalcular a nova rigidez e o
novo deslocamento. Este processo continua até que os dados de entrada estejam muito
próximos aos resultados de saída, caso onde a convergência é alcançada. A representação
gráfica deste processo é mostrada na Figura 3.2. O processo é repetido até que o próximo e
último deslocamento sejam iguais ou muito perto um do outro, caracterizando o caso onde a
rigidez adotada e os deslocamentos e as forças resistentes terem sido corretamente calculadas,
Figura 3.2. Este esquema requer unicamente o estabelecimento de sucessivas relações da
rigidez secante relacionando as forças totais e os deslocamentos totais para a solução, porém
sua convergência é geralmente lenta. Entretanto, o método tem uma vantagem da
simplicidade do uso unicamente da rigidez secante o que faz com que a complexa formulação
da matriz de rigidez tangente não seja necessária.

Figura 3.2 – Métodos iterativo direto secante e puro incremental - incrementos constantes [79].

No método incremental puro, usualmente, aproxima-se uma curva por uma série de
segmentos. Quanto menores os tamanhos destes segmentos, melhor será a aproximação, mas
um maior esforço computacional será também necessário. O método incremental puro é
baseado em um conceito similar de dividir a carga total em uma série de pequenos
incrementos de carga, como mostra a Figura 3.2. Em contraste com o método iterativo direto,
este procedimento requer unicamente a rigidez tangente sendo a rigidez secante não mais
necessária. A rigidez tangente deve ser capaz de relacionar com exatidão, o deslocamento
incremental com o incremento de força e a precisão do método depende da exatidão da rigidez
tangente e do tamanho dos passos de carga. Este procedimento, em princípio, pode traçar o
caminho de equilíbrio no trecho pré e pós-flambagem. O incremento ou decremento de carga
pode ser monitorado pelo sinal do determinante da matriz de rigidez tangente. Este método
requer passos de carregamentos suficientemente pequenos para uma solução exata de
problemas altamente não lineares e o erro numérico é desconhecido.
No método de Newton-Raphson, a rigidez tangente é usada para estimativa do
incremento de deslocamento devido a uma força pequena, mas finita. A rigidez secante é
então usada para impor o equilíbrio. Se o erro gerado é inaceitável, uma outra iteração é
executada. No método de Newton-Raphson completo, a rigidez tangente é corrigida a cada
iteração (Figura 3.3) enquanto no método modificado, a rigidez tangente é corrigida somente
na primeira iteração (Figura 3.3).
O método de controle de carga de Newton-Raphson é usado na análise da estrutura
para avaliar as forças e momentos nos elementos e para determinar os deslocamentos da
estrutura até a carga de projeto última e de serviço. Se o comportamento estrutural é linear, ou
muito perto disso, o primeiro prognóstico será suficiente e pode então ser usado para avaliar
forças, deslocamentos, momentos e tensões. Para problemas com pequenos deslocamentos, as
forças e momentos na estrutura depois da transformação balancearão as forças aplicadas de
modo que o equilíbrio possa ser satisfeito. Entretanto, quando a estrutura comportar-se de
forma não linear, as forças e os momentos resistentes calculados a partir dos deslocamentos
não poderão equilibrar as cargas aplicadas. Por isto, os deslocamentos da estrutura completa
160

devem ser calculados. O incremento nodal do deslocamento do elemento será então calculado
extraindo o correspondente deslocamento no grau de liberdade e transformando o eixo local
do elemento. As forças e momentos no elemento serão então determinados pela equação de
rigidez do elemento. As forças totais ou acumuladas para o elemento podem ser atualizadas.
Transformando as forças e momentos no elemento do eixo local para o eixo global, a
resistência da estrutura completa pode ser montada e calculada. Comparando a resistência
contra o carregamento aplicado, a equação de equilíbrio para forças desbalanceadas, é gerada.
Após esta etapa, efetua-se o cálculo e a atualização dos deslocamentos totais.

Figura 3.3 –Método de Newton-Raphson. (a) Completo; (b) Modificado, Paulino [79].

Graficamente, o erro é ilustrado na Figura 3.3 como [ΔF]i. Para eliminar o erro, é
necessário revisar os deslocamentos da estrutura e verificar novamente as condições de
equilíbrio. No método de Newton-Raphson, o erro na força [ΔF] é calculado e então,
substituído de volta na análise para determinação do incremento de deslocamento. O
desbalanceamento dos deslocamentos, [Δu]i+1, neste instante, será então adicionado no
último deslocamento total para obter a atualização do deslocamento [u]i+1. Como mostrado
na Figura 3.3, este método assume um pequeno incremento de carga paralelo à carga aplicada
e o correspondente incremento de deslocamento é então calculado e acumulado no
deslocamento total e atualizada a geometria. Baseado na atualização e na nova geometria e
nas forças, a resistência da estrutura é então determinada e comparada com a carga aplicada.
Quando está força desbalanceada ou erro no equilíbrio é grande, este será substituído de volta
no equilíbrio incremental para cálculo de outro incremento de deslocamento e o processo é
repetido até que o erro no equilíbrio seja suficientemente pequeno. Depois de satisfazer o
equilíbrio, um novo incremento de carga é imposto à estrutura e uma nova configuração é
calculada repetindo os processos anteriores.
A ideia básica do método de controle de deslocamento (DCM) é usar um componente
de deslocamento fixo como um parâmetro de controle para traçar a trajetória de equilíbrio.
Usualmente, o parâmetro de controle é selecionado intuitivamente ou de forma empírica
permanecendo fixo durante todo o processo para traçar a trajetória de equilíbrio. Por esta
razão, o método de controle de deslocamento é muito adequado em regiões próximas a pontos
limites de carga (comportamento snap-through), mas pode falhar perto dos pontos limites de
deslocamento (comportamento snap-back). A Figura 3.4 mostra o comportamento do método
de controle de deslocamento perto de pontos limites com snap-through e snap-back.

Figura 3.4 – Método de controle de deslocamento (DCM): (a) snap-through e (b) snap-back [79].
161

O método de controle de trabalho (WCM) é um método potencialmente poderoso para


resolver problemas não lineares. Ele foi proposto independentemente por Bathe e Dvorkin
[87] e Yang [88]. Em vez de usar incrementos de carga (como no método de Newton-
Raphson) ou incrementos de deslocamento (como no método de Controle de Deslocamento),
este método usa incrementos de trabalho, ou seja, incrementos de carga e deslocamento
simultaneamente. O bom desempenho deste método para os pontos limites e comportamento
snap-through é amplamente documentado por Yang [87]. Contudo, algumas dificuldades do
método de controle de trabalho com os pontos de bifurcação e comportamento snap-back
ainda vem sendo apontados.
O Método do Comprimento de Arco (ALM) considera simultaneamente iterações das
variáveis carga e deslocamento. Ele foi proposto originalmente por Wempner [91] e Ricks
[92] para estruturas geometricamente não lineares. Subsequentes modificações realizadas por
Crisfield [90] e Ramm [93] tornaram o método mais simples para ser introduzido em
programas de elementos finitos. A ideia básica do ALM consiste na introdução de uma
equação de restrição tal que o incremento, medido na iteração j do incremento i (calculado,
por exemplo, na norma Euclidiana) mantenha a norma (ou o comprimento). Existem vários
métodos para definir as equações de restrição e inúmeras possibilidades para estabelecer a
sequência de valores iterativos, que originam as várias versões do ALM. A Figura 3.5 ilustra
o processo incremental-iterativo adotado no ALM.

Figura 3.5 – Método do Comprimento de Arco [79].

Outra variação importante do ALM, devido a Wempner [91] e Ricks [92], é a versão
linearizada do ALM. A característica principal desta versão é que as iterações são processadas
em um plano. Quando os vetores iterativos forem ortogonais ao vetor incremental inicial, o
método é conhecido como Plano Normal Fixo. Além disso, quando o vetor iterativo é
ortogonal ao vetor incremental imediatamente anterior, o método é conhecido como Plano
Normal Atualizado. Embora estas versões linearizadas sejam fáceis de implementar, elas não
são tão robustas quanto a versão original do ALM.
O Método de Controle de Deslocamento Generalizado (GDCM) foi proposto por Yang
e Shieh [94] e baseia-se em um parâmetro chamado GSP (General Stiffness Parameter),
expresso por:
u I 11  u I 11
GSP  , (3.1)
u I 1i 1  u I 1i

i 1
onde u I 1 , u I 1 e u I 1 são as primeiras componentes do vetor de deslocamentos, calculados
1 i

na primeira iteração do passo 1, i – 1 e i, respectivamente. O parâmetro GSP é a ideia


fundamental por trás do GDCM, pois seu uso permite e prevê a troca de sinal da direção do
carregamento nos pontos limites e nos pontos de snap-back, como ilustra a Figura 3.6,
tornando este método muito eficiente computacionalmente.
162

Figura 3.6 – Parâmetro GSP, Paulino, et al [79].

Um novo esquema de solução de sistemas não lineares foi proposto por Krenk [80]
sendo usualmente denominado de Procedimento do Residual Ortogonal (ORP). A ideia básica
deste método baseia-se na condição de ortogonalidade entre as variáveis conjugadas, isto é, o
vetor residual (cargas desequilibradas) e o vetor de deslocamentos incrementais, como ilustra
a Figura 3.7. Esta é a interpretação matemática da condição física de que a carga residual
ortogonal não diminuirá ou aumentará a magnitude do vetor de deslocamentos incrementais
corrente.

Figura 3.7 – Condição de ortogonalidade [79].

3.3. Análise dos Modelos

Como já foi comentado anteriormente, a calibração dos modelos numéricos constitui-


se como uma etapa fundamental para garantir a confiabilidade das análises executadas.
Espera-se que a calibração seja feita através de comparações com resultados experimentais,
ou na falta destes, com modelos analíticos clássicos. Estas comparações, por sua vez, não
podem ignorar os possíveis erros numéricos e erros experimentais que podem estar presentes
em ambos os lados do problema gerando sempre a necessidade de um olhar crítico de modo a
balizar possíveis discordâncias entre os diversos tipos de análise comparados.
Como um exemplo simples pode-se citar o caso onde espessuras de chapa muito finas
são usadas em almas de vigas sob a ação de cargas concentradas. Experimentos de vigas com
almas menores que 1 mm podem gerar dúvidas a respeito de imperfeições e da qualidade de
suas soldas, o que leva a uma não confiança em seus resultados. Quando estes testes fazem
parte de um banco de dados maior contendo inúmeras simulações com vários testes
experimentais com as mais diversas características, cabe ao engenheiro estrutural avaliar e
separar os testes com caráter discutível do banco de dados para gerar uma maior
confiabilidade dos resultados.
Muitos dos exemplos que serão apresentados posteriormente apresentaram os mais
diversos problemas de convergência durante o processo de solução. A superação destes
problemas não tem uma solução única, variando de caso a caso, e é diretamente relacionada
com a experiência e habilidade do engenheiro estrutural que os modela. Estes problemas não
lineares demandam diversos processos para superá-los passando por inúmeros recomeços das
163

análises, diminuições dos tamanhos dos passos de carregamento, alteração dos tipos e
magnitudes dos critérios de convergência durante a análise entre outros. Maiores detalhes
sobre estratégias eficientes para superar estes problemas de convergência serão apresentados
posteriormente ao longo dos exemplos de aplicação.

3.4. Análises Paramétricas e Apresentação dos Resultados

Um dos principais objetivos de uma modelagem numérica de estruturas de aço


consiste em, depois de devidamente calibradas, expandir o banco de dados referente a um
dado comportamento estrutural. Esta expansão é feita através de uma análise paramétrica que
possibilita uma redução substancial do tempo e custo de solução quando comparados com
ensaios de laboratório convencionais.
Apesar disto, alguns cuidados devem ser tomados na especificação do escopo destas
análises, pois se elas foram calibradas para uma dada faixa de variação de suas principais
variáveis controladoras, análises paramétricas fora destes limites, e com isto extrapolando sua
validade, serão sempre questionadas e muitas vezes invalidarão futuros desenvolvimentos de
fórmulas de dimensionamento nelas baseadas.
Uma consistente análise dos resultados com uso de técnicas estatísticas consagradas é
recomendada para aferir a confiabilidade das análises paramétricas desenvolvidas. Estas
análises paramétricas por sua vez, apresentam-se como uma valiosa ferramenta a ser usada
para avaliação da relevância das principais variáveis que norteiam o comportamento estrutural
investigado. Esta etapa é extremamente importante para a correta e confiável geração de
procedimentos, modelos e equações de projeto que futuramente serão incorporadas em
normas de dimensionamento estrutural.
A próxima seção deste capítulo apresentará quatorze exemplos de modelos numéricos
de estruturas de aço e mistas assim como detalhes referentes à sua concepção, análise,
estratégias de modelagem e de superação de problemas de convergência bem como sua
calibração e correta intepretação de seus principais resultados.

3.5. Exemplos de Aplicação

a. Flambagem local da alma de vigas mistas com inércia variável

Uma análise paramétrica foi executada através de análises elasto-plásticas não-lineares


com o método dos elementos finitos no programa FINAS desenvolvido no Imperial College.
Este estudo cobriu uma gama prática de variáveis significativas para o problema estudado tais
como área da mesa tracionada e posição da linha neutra plástica. Simulações de um painel de
alma com altura variável foram feitas, [90], [12] e validadas com resultados experimentais,
[10], [11], [12], assim como foram feitas simulações adicionais visando isolar o efeito de
parâmetros que influenciem o fenômeno de instabilidade investigado.
O objetivo das simulações numéricas foi a geração de uma gama abrangente de
resultados cobrindo os valores práticos de diversas variáveis significativas, ou seja, uma
análise paramétrica. Estes resultados poderão ser utilizados em dimensionamentos futuros ou
para validar procedimentos de dimensionamento simplificados. Algumas simulações foram
executadas antes dos resultados experimentais estarem disponíveis de modo a desenvolver
ideias com respeito ao melhor modo de fisicamente modelar o fenômeno de instabilidade
estudado, assim como gerar ideias sobre o dimensionamento e para a previsão dos resultados
dos experimentos.
Os métodos incrementais de Newton-Raphson completo e modificado foram usados
para lidar com as características não-lineares da solução, e estratégias de convergência
164

incluindo controles de carga, de deslocamento e o processo do comprimento de arco foram


também utilizados. O elemento finito adotado foi um elemento de casca com dupla curvatura
com oito nós e seis graus de liberdade por nó. As não-linearidades geométrica e do material
foram consideradas através do uso de um sistema Lagrangeano atualizado e com a aplicação
do critério de von Mises em dois níveis ao longo da espessura da casca. Um sistema de
integração numérica de Gauss 2 x 2 foi usado e se mostrou eficiente para superar problemas
relacionados com o travamento por cisalhamento. Devido à simetria do problema foi possível
modelar somente metade do comprimento da viga original que foi mista de 112 elementos de
casca distribuídos ao longo da viga, Figura 3.8. Os comprimentos dos modelos e total foram
iguais a 1,3 e 1,95m, respectivamente.

Figura 3.8 – Malha de elementos finitos adotada.

A viga foi sujeita a flexão pura através do uso de três cargas pontuais distribuídas ao
longo de sua mesa superior e resistidas por três apoios do primeiro gênero distribuídos em sua
mesa inferior, Figura 3.8 onde a força aplicada diretamente sobre a alma foi igual a 50% da
carga total. Nos experimentos, a laje de concreto foi simulada através do aumento da
espessura da mesa superior da viga. A flambagem lateral foi impedida com restrições do
movimento para fora do plano, no eixo Z, em todos os nós na linha onde coincidem os nós da
mesa superior e da alma. Enrijecedores verticais com espessura tst igual a 50mm foram usados
sob os pontos de aplicação de carga e sob os apoios. Sua função foi impedir a flambagem
local da alma nestes pontos, contribuindo para que o sistema de carregamento usado tornasse-
se bastante eficiente. A mesa e a alma, entre estes enrijecedores, utilizaram tensões de
escoamento e espessuras elevadas para evitar influências adversas na capacidade de carga dos
painéis de alma com altura variável investigados.
De modo a padronizar as análises, um modo de imperfeição com forma de meia onda
de seno nas direções horizontal e vertical foi adotado com uma amplitude máxima de 2,5 mm,
correspondente a aproximadamente h/250. Uma tensão de escoamento igual a 265 MPa foi
assumida para as mesas e a alma em consonância com os resultados do aço grau 43. Em um
estágio posterior, outras análises foram executadas usando os valores desta tensão obtidos
experimentalmente assim como com as imperfeições que foram medidas nos modelos de
modo a calibrar os valores anteriormente assumidos.
O número de passos de carregamento necessários para atingir e ultrapassar a carga
última variou de caso para caso. Devido a enorme não-linearidade associada a este problema,
o método de Newton-Raphson completo, em alguns casos, teve que ser adotado desde os
estágios preliminares das análises e o número de incrementos atingiu até 400 tornando o
processo de solução muito demorado. Estudos preliminares já mencionados identificaram a
área da mesa tracionada e a posição da linha neutra plástica como variáveis significativas para
o fenômeno de flambagem vertical da alma investigado.
Todos os modelos tiveram um vão de 4;8 m, um braço de alavanca de 800 mm, largura
de mesa de 250 mm e espessuras de mesa superior e inferior de 25 e 12 mm, respectivamente.
165

A maior altura da alma no centro do vão foi igual a 800 mm e as tensões de escoamento da
alma, mesa superior e inferior foram adotadas como 420, 391 e 398 MPa, respectivamente.
Todos estes valores foram escolhidos de forma a induzir a condição mais crítica para
flambagem local da alma. Quatro espessuras de alma foram adotadas: 3, 5, 7 e 10 mm,
respectivamente. O ângulo de mudança da altura da alma variaram de 0° a 14,84° ( = 0 a
1/4). Os casos com ângulo igual a zero, ou seja, vigas com mesas paralelas, também, foram
consideradas pois eles representam um limite inferior para o problema investigado.
Na primeira série, todas as vigas com 10 e 7 mm de espessura de alma tiveram seu
colapso associado a formação de uma rótula plástica. A posição exata da rótula plástica variou
de viga para viga, movendo-se na direção do enrijecedor à medida que o ângulo de mudança
da altura da alma aumentava. A conclusão principal para almas de 7 mm é que somente o
maior ângulo 14,84° ( = 1/4) apresentou uma ligeira tendência a flambagem local da alma
no ponto de mudança de direção das mesas.
Na viga com mesas paralelas e 5 mm de alma, o colapso foi associado a formação de
uma rótula plástica próximo ao enrijecedor. Já a viga com ângulo de 1,15° ( = 1/50) teve sua
ruína associada a flambagem vertical da alma no regime plástico, como mostrado na Figura
3.9(a) no ponto de carga máxima onde muito pouca deformação na alma pode ser observada.
Por outro lado, na região de descarregamento, a alma mostra-se bastante deformada como
pode ser visto na Figura 3.9(b). O mesmo tipo de flambagem ocorreu para vigas com ângulos
de 1,43° e 2,86° ( = 1/30 e 1/40). Os três modelos com ângulos maiores produziram ruínas
elastoplásticas enquanto o ângulo de 14,84° ( = 1/4) gerou tensões e uma forma de
flambagem mais concentrada na mesa inferior.

Figura 3.9 - Deformadas de vigas com  = 1,15°(1/50) na carga máxima e no último passo de carga.

Na viga com mesas paralelas e 3 mm de alma, a alma flambou na direção longitudinal


devido às elevadas tensões longitudinais de compressão advindas da flexão presentes na alma
como pode ser visto na Figura 3.10. A viga com ângulo de 1,43° ( = 1/40) teve sua ruína
associada à flambagem da alma combinada nos sentidos vertical e longitudinal. Uma
flambagem vertical plástica da alma foi a causa do colapso da viga com ângulo de 2,86° ( =
1/20). Os outros modelos com ângulos maiores produziram ruínas associadas a flambagem
vertical elástica da alma. Nas vigas com 3 mm de alma torna-se evidente que enrijecedores
verticais são necessários no centro da alma para todos os ângulos estudados.
Na segunda série de simulações, os modelos foram muito semelhantes a série anterior
tendo o mesmo carregamento, apoios, imperfeições iniciais e propriedades dos materiais. As
espessuras de alma estudadas foram novamente iguais a 3, 5, 7 e 10 mm, mas o ângulo de
mudança da altura da alma foi fixo e igual a 5,71° ( = 1/10). A outra mudança em relação a
série anterior foi relativa as espessuras das mesas superior e inferior que aumentaram de 25 e
12 mm para 50 e 25 mm, respectivamente. A espessura da mesa inferior foi alterada de modo
166

a aumentar a área da mesa inferior de 300 para 6250 mm2. A mesa superior também foi
alterada para evitar a flambagem local da mesa.

Figura 3.10 – Deformadas de vigas com  = 0° e 2.86° (1/20).

Na viga com alma de 10 mm o colapso foi associado à formação de uma rótula


plástica, próxima ao enrijecedor. Já a viga com alma de 7 mm teve sua ruína associada a
flambagem vertical da alma no regime plástico, como mostrado na Figura 3.11(a) no ponto de
carga máxima onde muito pouca deformação na alma pode ser observada. Por outro lado, na
região de descarregamento, a alma mostra-se bastante deformada como pode ser visto na
Figura 3.11(b). Neste caso, o uso de um enrijecedor vertical neste ponto em particular irá
melhorar substancialmente o desempenho da viga estudada. Nestes casos, o uso de um
enrijecedor vertical nestes pontos também melhorará significativamente o desempenho da
viga estudada. O mesmo tipo de flambagem local de alma, mas no regime elástico, ocorreu
para vigas com espessuras de 5 e 3 mm. É interessante observar que a porcentagem de
momento resistente foi substancialmente reduzida com o aumento da área da mesa inferior
devido, naturalmente, ao aumento da força aplicada pela mesa inferior na alma devido a
mudança de direção referida.

Figura 3.11 – Deformadas de vigas com tw = 7mm no penúltimo e último passos de carga.

Os resultados permitiram concluir que os enrijecedores verticais serão necessários para


vigas com espessura menor que 5 mm no caso de área de mesa inferior igual a 3000 mm2 e 3
mm no caso das áreas de mesa inferior igual a 6520 mm2. A influência da espessura da alma e
do ângulo de mudança da altura da alma pode ser visualizada na Figura 3.12. Nestes gráficos
torna-se evidente que a resistência a flexão de vigas com diferentes espessuras de alma, e o
mesmo ângulo de mudança da altura da alma, aumentam à medida que este ângulo cresce,
confirmando que este ângulo tem uma influência significativa na capacidade portante das
vigas analisadas. A flambagem vertical da alma somente ocorreu em um caso dentro das
mesas estudadas para um índice de esbeltez da alma, h/tw, menor que 155 (no modelo com 7
mm de alma e um ângulo de 14,84° ( = 1/4). Casos com estes valores elevados de índice de
esbeltez são raramente encontrados na prática.
167

Figura 3.12 – Influência do ângulo de inclinação da variação de altura da alma e da espessura da alma
na carga última e influência da área da mesa inferior na carga última.

A influência da área da mesa tracionada na resistência a flexão das vigas está ilustrada
na Figura 3.12(b). Nota-se nesta Figura que quando se dobra a área da mesa tracionada, a
resistência plástica a flexão das vigas diminui 45%, fato que corrobora a importância deste
parâmetro no fenômeno de instabilidade estudado. O modelo numérico desenvolvido
conseguiu representar de forma satisfatória os experimentos já mencionados, prevendo a
deformada final, a carga última e o tipo de colapso, assim como a distribuição de tensões na
alma. Os resultados possibilitaram o desenvolvimento de um modelo de dimensionamento
simples, Figura 3.13, baseado na teoria elástica de placas que foi devidamente comparado
com os resultados numéricos e experimentais, [9], [11], [12], [90].

Figura 3.13 – Modelo e deformada da alma medida nos experimentos.

Um pequeno aumento da espessura da alma aparenta ser a solução mais efetiva e


menos dispendiosa para evitar este tipo de colapso. Se a espessura da alma não puder ser
aumentada deve-se usar um enrijecedor vertical nas duas faces da alma com
aproximadamente um terço da sua altura e devem ser dimensionados como enrijecedores de
apoio segundo procedimentos padrão usualmente encontrados em normas de
dimensionamento estrutural.
A modelagem numérica envolveu estados limites últimos relacionados com
flambagem local, enrugamento e plastificação além de todas as possíveis iterações entre estes
fenômenos. O colapso muita vezes foi associado às iterações propriamente ditas e gerou a
necessidade de uma modelagem precisa das condições de apoio e como as cargas foram
aplicadas ao modelo. Os apoios foram estabelecidos de forma a evitar movimentos de corpo
rígido, simular a flexão simples com apoios do segundo e primeiro gêneros e contraventar
lateralmente a mesa superior da viga. Esta última condição aliada a uma espessura maior da
mesa superior serviu para simular a presença da laje de concreto que além de gerar uma
componente adicional de resistência relacionada com a força de compressão desenvolvida no
concreto também evita a ocorrência de flambagem lateral.
Assim como no modelo experimental já comentado no capítulo anterior, a aplicação
da carga foi feita em uma região mais resistente para evitar colapsos indesejados. Nos pontos
onde as cargas e apoios foram considerados, enrijecedores transversais foram inseridos para
evitar a flambagem local e melhor distribuir as cargas entre as mesas e a alma. A simetria foi
168

utilizada para reduzir o número de graus de liberdade do modelo e facilitar sua convergência.
As imperfeições máximas permitidas nas normas de fabricação e aferidas com as presentes
nos modelos utilizados foram incorporadas nos modelos investigados.
A convergência e a determinação das cargas últimas assim como o comportamento
destes nos trechos de descarga variaram de caso a caso. Muitos modelos exigiram um alto
esforço computacional demandando mais que 200 passos de cargas com vários recomeços
com o uso de passos menores e mudanças nas estratégias de convergência. Os critérios de
convergência adotados foram baseados na variação do quadrado da norma do deslocamento e
tiveram que ter um controle muito fino e preciso para superar a carga limite e atingir a fase de
descarga. Outro fato extremamente relevante diz respeito à questão central da flambagem
local da alma quando na transição elastoplástica. Muitos modelos no ponto de carga última,
somente apresentaram uma quase imperceptível flambagem vertical da alma. Nestes modelos,
este tipo de flambagem somente foi visível em passos subsequentes do trecho de descarga
evidenciando a necessidade de atingir esta fase do carregamento.
Neste ponto também é imperativo observar que muitas investigações numéricas
encontradas na literatura não atingem a carga última parando antes por falta de convergência
sendo definido este ponto de parada como a carga limite. Naturalmente, esta carga não é a
carga última do sistema sendo necessário o uso de muitas tentativas de superação destes
problemas de convergência. Esta falta de convergência pode estar relacionada a passos de
carregamento iniciais ou durante o processo, muito grandes, uso inadequado de critérios de
convergência muito apertados ou muito frouxos entre muitas outras possibilidades que só um
pesquisador experiente na modelagem de estruturas com fenômenos de flambagem
elastoplásticas poderá identificar e tomar as medidas necessárias para a sua superação.

b. Modelagem numérica de pórticos com ligações semirrígidas

Apesar do aumento substancial do conhecimento associado ao dimensionamento


estrutural, o dimensionamento de ligações semirrígidas ainda enfrenta resistência por parte
dos engenheiros estruturais. Isto é parcialmente explicado pela falta de informações
detalhadas das vantagens da filosofia de dimensionamento de ligações semirrígidas, fato que
motivou a presente investigação que foi centrada em uma análise paramétrica realizada em
um edifício residencial padrão de quatro andares que contemplou todos os passos necessários
para este dimensionamento, [91], [92]. A análise considerou parâmetros como: rigidez e
resistência da ligação viga coluna, o tipo de sistema estrutural (aço ou mista) e a estabilidade
lateral do pórtico (deslocável e indeslocável). A análise paramétrica foi baseada nos
procedimentos prescritos no Eurocode 3, [19], [20], [21], para dimensionamento de ligações
semirrígidas. Baseado nesta metodologia, um modelo de dimensionamento simples foi
proposto e testado no programa de elementos finitos ANSYS [32].
O edifício de aço avaliado baseou-se em edifícios residenciais de baixo custo
desenvolvidos pela Usiminas, [93]. O edifício tinha quatro pavimentos totalizando dezesseis
unidades residenciais individuais. Cada unidade tinha uma área de 46.69 m2 com uma altura
livre de 2,8 m. O edifício possuía pavimentos tipos, um piso térreo e um pavimento de
cobertura contendo um reservatório de água. O projeto arquitetônico especificou dois blocos
de estruturas moduladas com colunas distribuídas em uma grade ortogonal de 6,70 m x 12,80
m. As vigas com vão de 6,30 m fazem a interligação do bloco com o núcleo de escadas. A
estrutura que contém doze colunas, seis por bloco, é ilustrada na Figura 3.14.
As vigas com vãos entre 6,30 m a 6.70 m, estavam ligadas às colunas ou às vigas
primárias. As ligações da viga coluna consideraram três possibilidades: rígida, rotulada e
semirrígidas de acordo com o sistema estrutural adotado. As ligações viga versus viga foram
consideradas rotuladas. O carregamento de vento foi resistido por pórticos rígidos, semi-
contínuos ou contraventados. O disposição das seções das colunas foi escolhida para otimizar
169

a resistência lateral do pórtico deslocável. Usando esta filosofia, as estruturas dos pórticos
adotados tiveram duas, três ou quatro colunas, Figura 3.15.

Figura 3.14 – Edificação típica estudada.

PORTAL FRAME
FRAME 1 1 PORTAL
FRAMEFRAME
2 2

FRAME
PORTAL 3 3
FRAME
PORTAL FRAME 6

PORTAL FRAME 9
PORTAL FRAME 8
PORTAL FRAME 7

FRAME
PORTAL 4 4
FRAME FRAME
PORTAL 5 5
FRAME

1=2=4=5 3

6=9 7=8
Figura 3.15 – Esquema de pórticos e contraventamentos adotados.

Sempre que o uso de contraventamentos foi exigido, dois diferentes sistemas foram
usados. Um sistema tipo "X" foi adotado na parede sem aberturas. Como alternativa,
contraventamentos tipo "K" modificados foram adotados em todos os outros casos, Figura
3.15. O dimensionamento considerou soluções em aço e mistas para avaliar a resistência à
flexão das vigas. As vigas suportam lajes unidirecionais pré-moldadas com espessuras de 120
mm. As seções de aço foram feitas de um aço com tensão de escoamento 250 MPa
170

(semelhante ao A36). A resistência à compressão do concreto adotado foi igual a 20 MPa (e


densidade igual a 16,65 kN/m3) para lajes e 15 MPa (25 kN/m3) para as fundações. Os
parafusos utilizados foram de aço A325 e as barras de aço circulares usaram aços A36.
O peso próprio das lajes e revestimentos foi estimado em 2,5 kN/m2. As paredes de
alvenaria usadas na edificação impuseram uma carga distribuída de 2 kN/m2 na laje, L1,
Figura 3.14 e 1,5 kN/m2 na laje L2 do pavimento tipo. A carga das paredes foi igual a 4,5
kN/m e 2,52 kN/m nos pavimentos tipo e de cobertura, respectivamente. O peso próprio da
estrutura foi estimado em 0,25 kN/m2. A sobrecarga usada foi igual a: 3 kN/m2 para
corredores com livre acesso público, 2 kN/m2 em áreas de serviço, lavanderia e depósitos, 0,5
kN/m2 na cobertura e 1,5 kN/m2 em todas as outras áreas. O reservatório de água impôs uma
carga de 13 kN/m2 à estrutura.
As estruturas foram analisadas como modelos de pórticos planos constituídos por
elementos lineares. Com base nas combinações de carga adequadas, o dimensionamento
contemplou todas as verificações de acordo com as recomendações do Eurocode 3, [20]. A
análise estrutural foi feita com o programa ANSYS, [32]. O modelo considerou as não-
linearidades geométricas e do material e o comportamento semirrígido das ligações. A lei
constitutiva do aço adotada é representada na Figura 3.16 e uma formulação Lagrangeana
atualizada foi usada para considerar as não-linearidades geométricas. A ligação semirrígida
utilizada na presente investigação, Figura 3.16, foi testada por Carvalho, [33].

12,5

12,5 275 12,5


Beam - I 10"x37,7kg/m
(t w= 8mm, b = 118mm)
f
12,5 76 51 gc gc
Lu
C
u
tw

Pc L
w d
h

Md t w =8mm
12,5 CL Vd ts

LL 70mm

44
76 Double Web Angle
127 x 89 x 12,7mm 120mm
Ls
Bottom Flange Angle
127 x 89 x 12,7mm
bf=200mm

Collumn- CVS 300x56,5kg/m


t w = 8mm, b = 200mm
f

Figura 3.16 – Curva tensão versus deformação do aço e ligação semirrígidas adotadas [16].

O modelo mecânico do Eurocode 3 foi adotado para definir a rigidez inicial da ligação
utilizada na análise paramétrica. Um valor de rigidez inicial da ligação Sj, ini = 50 kNm/rad foi
usado para avaliar a rigidez secante da ligação (Sj = Sj,ini/2). Este valor foi usado na
modelagem de elementos finitos elasto-plástica realizada considerando os valores ilustrados
na Tabela 3.1.
Como um elemento finito de viga simples contemplando a rigidez de rotação
necessária para simular uma ligação semirrígidas ainda não tinha sido implementado na
versão do ANSYS adotada à época, um modelo mecânico de molas simples retratado na
Figura 3.17, foi concebido, implementado e calibrado. A partir do equilíbrio gera-se:
M M. 2
F .cos 450 .x  M  F   (3.2)
x.cos 450 x

onde M é o momento atuante na ligação e F é a força gerada na mola. Usando uma


distância da ligação, x, igual a 0,30 m, leva a:
M. 2
F (3.3)
0.30
171

Tabela 3.1 - Parametrização da rigidez inicial da ligação, Sj, ini.

Tipo Secante rotação rigidez (kNm/rad) Mu (kNm) 0 (rad/1000)

1 Rígida Sj =  - 0

2 2, Sj = 50,0 60,0 1,20

3 Sj = 25,0 60,0 2,40

4 Sj/2 = 12,5 60,0 4,80

5 Sj/4 = 6,25 60,0 9,60

6 Rotulado Sj = 0 0 -

Usando conceitos de geometria simples:


 900   
L  2.x. sen  x. 2  L   (3.4)
 2 
 

onde  e  são um ângulo e uma distância definida na Figura 3.17. Usando estas duas
expressões leva a:
 
  x. 2  2.x.cos 450   (3.5)
 2

Uma simples transformação pode modificar a força versus deslocamento obtida em


curvas momento versus rotação.

HINGEHINGE
HINGE

BEAM
BEAMBEAM
COLUMN

SPRING
COLUMN
COLUMN

SPRING
SPRING

a) b) c)

Figura 3.17 - Descrição do modelo de elementos finitos semi-rígido.

A calibração do modelo foi feita com base em comparações com outros modelos
semirrígidos e experimentos encontrados na literatura. Uma modelagem de ligações
semirrígidas foi feita por Steenhuis, [94], que investigou a influência da rigidez de ligações
sobre as forças, momentos e deslocamentos de pórticos deslocáveis com ligações
semirrígidas, Figura 3.18. O vão e a altura do pórtico foram iguais a quatro e seis metros,
respectivamente. As vigas e colunas usaram perfis IPE 360 em aço A36. As cargas atuantes
consistiram em uma carga concentrada horizontal de 25 kN e uma carga uniformemente
distribuída de 40 kN/m, Figura 3.18. Esta estrutura também foi modelada com o programa
172

ANSYS, usando a rigidez de rotação sugerida para as ligações, Figura 3.18. A pequena
diferença encontrada em ambas as análises, Figura 3.19, indica que o modelo semirrígido
proposto pode ser usado em pórticos com ligações semirrígidas.

a) Geometria b) Forma deformada c) Momentos de flexão


Figura 3.18 – Geometria e esforços no pórtico 2 (PF2).
140 30

120
25
100
Bending Moment (kNm)

20
Displacement (m)
80
15
60

10
40

20 5

0 0
0 20 40 60 80 100 120 140 0 20 40 60 80 100 120 140
Stiffness Stiffness
Hogging moments in A [STEE94] Hogging moments in C [STEE94]
Sagging moments in B - ANSYS Sagging moments in B [STEE94] Vertical displacement [STEE94] Vertical displacement (this model)
Hogging moments in A - ANSYS Hogging moments in C ANSYS
Horizontal displacement, [STEE94] Horizontal displacement (this model)

Figura 3.19 - Calibração do modelo, (PF2).

As cargas nominais da análise paramétrica incluíram ações permanentes, Figura 3.20.


O dimensionamento estrutural das várias vigas e colunas foi feito de acordo com o Eurocode
3. As seções adotadas nas vigas de aço são mostradas na Figura 3.21.

1=2=4=5 3

6=9 7
Figura 3.20 - Carregamentos típicos atuantes nos pórticos.
173

Figura 3.21 – Perfis das vigas do pavimento tipo e cobertura.

Para padronizar os processos de fabricação e montagem da estrutura apenas cinco e


quatro seções de viga e coluna foram usadas. Um apoio rotulado foi inicialmente assumido na
base das colunas. Esta hipótese levou a deslocamentos horizontais maiores que a
recomendação máxima para pórticos semirrígidos com rigidez de ligação igual a Sj, Sj/2 e Sj/4
levando ao uso de uma base de coluna engastada. A variação dos momentos positivos e
negativos contra a rigidez da ligação Sj, para a combinação de carga que controlou o
dimensionamento dos pórticos deslocáveis e indeslocáveis, chamados 1, 2, 4 e 5 na Figura
3.20 são representados na Figura 3.22 (viga de pavimento padrão, V101).
90 120
110
80 100
Bending Moment (kNm)

90
Bending Moment (kNm)

70 80
70

60 60
50
50 40
30
40 20
10
30 0
Pinned Sj/4 Sj/2 Sj 2.Sj Rigid Pinned Sj/4 Sj/2 Sj 2.Sj Rigid
Stiffness (xSj)
Stiffness (xSj)
Hogging Sagging Hogging Sagging

Figura 3.22 – Viga 101: momentos, pórticos deslocáveis e indeslocáveis, 1ª e 2ª combinações.

Uma inspeção simples dos resultados da Figura 3.22 para pórticos deslocáveis mostra
que para a viga V101, uma ligação com rigidez igual a 2.Sj, Sj e Sj/2 não produziu qualquer
mudança significativa no comportamento estrutural. Quando a solução com pórticos
indeslocáveis foi investigada, a viga de V101 teve seus momentos substancialmente afetados
da resposta rígida para outros referentes valores de rigidez iguais a Sj/2. Valores mais baixos
de rigidez produziram modificações menos severas nos momentos. Nenhuma alteração
significativa do peso da estrutura poderia ser obtida para a viga V101 em um pórtico
deslocável quando a rigidez foi modificada. Quando a solução indeslocável foi estudada, para
uma redução de peso, foi possível para alguns pórticos com rigidez no intervalo Sj/4 a Sj/2.
Quando vigas mistas foram usadas em pórticos deslocáveis o peso ideal foi encontrado em um
intervalo entre a rótula e uma rigidez de Sj/4. Este ponto foi deslocado em relação à solução
não-mista devido ao fato de que a solução mista ideal está associada à vigas com maiores
momentos positivos. O mesmo intervalo foi encontrado nas estruturas mistas indeslocáveis.
Análise como estas foram feitas para todas as vigas dos vários pórticos considerados e podem
ser encontrados com mais detalhes em Brito Junior [92].
Como alterações na rigidez da ligação alteram os momentos negativos e também
podem alterar a coluna usada nos pórticos analisados, as análises adotaram uma seção padrão
de aço. Não foi necessária nenhuma mudança nas seções das colunas, pois a força que
controla o seu dimensionamento, a componente axial, apenas foi ligeiramente afetada pela
174

variação da ligação. A avaliação da variação do peso da estrutura dos pórticos, de acordo com
a rigidez da ligação usada, também foi feita. A Tabela 3.2 resume esta avaliação com base na
hipótese de que todas as ligações inicialmente adotaram uma rigidez padrão única.

Tabela 3.2 - Comparação de peso global das soluções estruturais (kN).

Solução Deslocável + Aço Deslocável + Mista Indeslocável + Aço Indeslocável + Mista


Rótula 302,48 229,64
Sj/4 262,47 209,71 265,02 211,86
Sj/2 256,66 215,51 264,21 216,57
Sj 261,15 215,51 264,21 216,57
2Sj 263,40 217,76 265,15 217,51
Engaste 257,82 231,64 257,85 229,30

As curvas ilustradas na Figura 3.23 delineiam a distribuição de peso da estrutura para


os pórticos investigados para diferentes valores de rigidez da ligação viga coluna. Duas
estruturas adicionais desenvolvidas pela Usiminas, [93], também foram incluídas neste
gráfico. A primeira solução da Usiminas usa estruturas parcialmente industrializadas onde as
212 vigas foram constituídas por perfis tipo U enrijecidos duplos formados à frio com 175
mm de altura. As 34 colunas usadas usaram seções quase três vezes maiores que as adotadas
nesta investigação, feitas com seções cartola dupla, alma com alma, formados a frio com 140
x 70 mm. A estrutura adotou uma laje moldada no local com 80 mm de espessura.
Contraventamentos foram usados em uma direção e pórticos rígidos na outra gerando um peso
de 225 kN de aço para assegurar a estabilidade lateral.
A segunda solução da Usiminas adotou uma estrutura industrializada. As vigas foram
feitas de perfis laminados "I" 350 x 130 mm, 300 x 130 mm, 250 x 150 mm e 250 x 130 mm.
As 12 colunas usaram perfis laminados "H" 220 x 180 mm. As lajes utilizaram formas de aço
incorporadas (steel deck). A estabilidade lateral da estrutura foi assegurada pelo uso de
pórticos rígidos totalizando 200kN de aço. As curvas presentes na Figura 3.23 indicam que
nenhuma alteração significativa no peso ocorreu nas estruturas deslocáveis e indeslocáveis.
Isso ocorreu principalmente devido à pequena altura do prédio, quatro andares, onde os
contraventamentos tiveram pouca influência sobre a resposta estrutural. Uma conclusão
interessante é que as estruturas com ligações rotuladas representaram as soluções mais
pesadas entre as alternativas não-mistas.

30000

28000

26000
Weight (kg)

24000

22000

20000

18000
Pinned Sj/4 Sj/2 Sj 2.Sj Rigid
Stiffness (xSj)

Sway portal frame First USIMINAS solution [13]


Non-sway composite portal frame Non-sway portal frame
Sway composite portal frame Second USIMINAS solution [13]

Figura 3.23 - Avaliação das soluções estruturais.

Até 15% de economia em termos de peso de aço foi alcançada para as estruturas
investigadas, mesmo quando comparadas com a solução tradicional mais econômica. Como
estas estruturas são usadas em construção de larga escala a redução de 15% do peso alcançado
pode gerar uma economia ainda maior. As estruturas de quatro andares investigadas no
presente trabalho indicam que as soluções com pórticos indeslocáveis são ligeiramente mais
175

leves (cerca de 2%) do que as equivalentes com pórticos deslocáveis. O uso da construção
mista e ligações semirrígidas reduziu significativamente o peso da estrutura. Algo em torno de
23%.
Um dos aspectos mais interessantes desta modelagem numérica consistiu no uso de
uma mola linear de extensão posicionada em diagonal à viga e a coluna para simular as
ligações semirrígidas. O modelo unifilar adotado comportou-se de forma satisfatória e através
do aumento de sua rigidez foi capaz de simular o efeito do concreto em vigas mistas. A
avaliação dos resultados baseou-se em comparações de resultados em termos de
deslocamentos, rotações e esforços visando a determinação da estrutura mais eficiente e
econômica. Processos completos e simplificados de análise não linear de segunda ordem
geométricos também foram comparados evidenciando a faixa de validades dos últimos
processos.

c. Avaliação de ligações semirrígidas com cantoneiras na menor inércia da coluna

O uso de ligações semirrígidas aumentou significativamente nos últimos anos. Em


uma tentativa de representar o comportamento real de ligações, muitos modelos foram
propostos, principalmente para o eixo de maior inércia. Quando o eixo de menor inércia é
considerado, o conhecimento ainda é muito limitado. Uma análise por elementos finitos não
linear de ligações do eixo de menor inércia foi executada usando o programa ANSYS. As
simulações de elementos finitos enfocam a espessura da alma da coluna e a influência do uso
de enrijecedores na alma da coluna na resposta estrutural destas ligações. O presente trabalho,
[95], [96], usou um elemento finito de casca para modelar a alma e as mesas da coluna
estudadas. Esta estratégia gerou modelos muito mais leves do que os que usam elementos
sólidos (que precisam de muito mais esforço computacional) e podem lidar com as
deformações relevantes: flexão e membrana. Os nós das mesas da coluna foram acoplados aos
nós comuns da alma de acordo com o procedimento padrão do programa ANSYS, [32]. A
malha de elementos finitos usada para modelar a primeira coluna de teste é representada na
Figura 3.24.

Figura 3.24 – Malha, pontos de aplicação de carga e condições de contorno.

As condições de contorno usadas também estão apresentadas na Figura 3.24 assim


como a carga que foi aplicada através de deslocamentos prescritos nos pontos onde se situam
os quatro parafusos presentes na alma de coluna. A não-linearidade do material foi
considerada usando um critério de escoamento de von Mises associado à uma relação trilinear
de tensão versus deformação incorporando a fase de encruamento. A não-linearidade
geométrica foi introduzida no modelo usando a formulação de Lagrange atualizado. A
176

validação do modelo de elementos finitos foi realizada através de uma comparação com os
resultados experimentais, Figura 3.25, [37]. Neste gráfico, curvas carga versus deslocamento
para três pontos (A, B e C) localizados na alma de coluna, Figura 3.24, demonstram uma boa
concordância entre as simulações em elementos finitos e os experimentos. A curva
experimental foi obtida com o auxílio de transdutores de deslocamento como pode ser
observado na Figura 3.25.

Figura 3.25 - Calibração de resultados experimentais & configuração de LVDTs usada

As tensões principais no último passo de carga, calculado por meio de um critério de


escoamento de von Mises, estão ilustradas na Figura 3.26, onde é possível observar que uma
grande parte do painel da alma escoou.

Figura 3.26 – Tensões principais de Von Mises (em MPa).

Para investigar a influência da espessura da alma da coluna, a espessura da alma da


coluna experimental, 8mm, foi alterada para 6,3 mm e 10 mm, mantendo todas as outras
dimensões do perfil (correspondentes a esbeltezas da alma de coluna de: 43,65; 34,4 e 27,5).
O modelo bilinear foi aplicado aos resultados de elementos finitos, gerando valores de rigidez
ke e kpl para as três espessuras de alma investigadas, Tabela 3.3.

Tabela 3.3 – Influência da espessura da alma da coluna sobre a rigidez da ligação.

tw (mm) h/tw ke (kN/m) kp (kN/m) k21 (m)


6,3 43,7 3715,0 2312,1 0,018
8,0 34,4 6529,4 2087,5 0,032
10,0 27,5 11933,3 1786,4 0,058

Os valores de ke e kpl foram obtidos como a inclinação das retas que melhor se
adaptam aos pontos das curvas, para as partes elástica e plástica, respectivamente. A rigidez
da alma da coluna em flexão, componente, k21, pode ser determinada dividindo a rigidez ke,
determinada nas curvas da Figura 3.27, pelo módulo de elasticidade do material.
177

Figura 3.27 - Influência da espessura da alma da coluna na resposta estrutural da ligação.

As simulações de elementos finitos continuaram focando na influência da distância


entre enrijecedores de alma no comportamento da alma da coluna em flexão. Seis posições
para o enrijecedor foram simuladas com o programa ANSYS mantendo todas as outras
dimensões, Figura 3.28. As curvas carga versus deslocamento obtidas são apresentadas na
Figura 3.28. Com o auxílio destas curvas, o valor de k21 pode ser obtido, ou seja, a rigidez
elástica da alma da coluna em flexão.

Figura 3.28 - Localização de enrijecedores na alma da coluna sua influência na resposta estrutural da
ligação.

O trabalho experimental envolvendo fotoelasticidade já comentado neste livro, [96],


também foi modelado com elementos finitos. Uma comparação entre o modelo de elementos
finitos e os resultados experimentais em termos de diferença das tensões principais (I – II) na
região junto ao parafuso superior medido ao longo da linha tracejada. Uma análise detalhada
dos resultados de elementos finitos mostrou que o modelo foi capaz de identificar os pontos
onde a diferença das tensões principais é zero, representado por uma região azul escura,
Figura 3.29. Estas regiões também são identificadas no modelo de fotoelástico por círculos
tracejados. A evolução da distribuição de tensões com o aumento da carga aplicada pode ser
observada, Figura 3.29. Uma inspeção nesta Figura mostra uma diferença entre os resultados
numéricos e experimentais. Estas diferenças ocorreram foram devido a simplificações
adotadas na modelagem numérica.
Usando o ponto onde a distribuição de tensões principais é zero, foi possível avaliar a
largura efetiva apresentada na Figura 3.30. Observando os padrões de franja numérica e
experimental - Figura 3.30, estas distâncias são aproximadamente iguais a 39,1 e 41,2 mm,
respectivamente.
Os resultados do presente investigação relativos à avaliação da largura efetiva da alma
de coluna fora do plano também demonstraram um bom acordo entre a análise experimental e
a numérica apresentando diferenças inferiores a 10%, e estando em conformidade com a
margem de erros usualmente aceita em problemas de engenharia estrutural.
A investigação concentrou-se na modelagem da componente alma da coluna em flexão
em ligações viga coluna semirrígidas na menor inércia. As simulações numéricas foram
capazes de detectar o desenvolvimento das charneiras plásticas na alma da coluna
possibilitando uma comparação com as distribuições de tensões equivalente determinadas em
análises experimentais já apresentadas no capítulo anterior. A grande não linearidade deste
178

fenômeno suscitou que um controle rígido do passo de carregamento, limites e estratégias


diversas de convergência fossem adotadas para permitir a determinação do seu real
comportamento próximo e após a carga última. Mais uma vez foram usados os métodos de
Newton-Raphson completo e modificado aliados a um controle de deslocamento. Os
carregamentos foram aplicados a alma da coluna simulando a ação dos parafusos através de
deslocamentos equivalentes para facilitar o controle da convergência na região elastoplástica.
O modelo gerado mostrou-se de acordo com os resultados experimentais e possibilitou a
geração de uma análise paramétrica complementar que permitiu uma melhor compreensão do
comportamento estrutural destas ligações.

Figura 3.29 – Distribuição de deformação (I–II) - cargas: 11,1 kN & 18,1 kN.

Numérico Experimental Analítico


Figura 3.30 – Avaliação da largura efetiva – numérica, experimental & analítica (mm).

d. Interação flexão - esforço axial em ligações semirrígidas com placas de


extremidade

Este trabalho tem como objetivo o estudo e a implementação computacional de


formulações geometricamente não-lineares de pórticos semirrígidos planos através de uma
abordagem numérica, [97] - [101]. Visando-se uma análise mais refinada de pórticos planos, a
consideração do comportamento das ligações não pode ser desprezada, visto a sua influência
no comportamento global da estrutura . A adoção de um modelo é importante pois na análise
estrutural a perda de rigidez das ligações é um fator de não linearidade que pode mostrar
179

grande influência no resultado final. Desta forma, implementou-se uma técnica que permite
atualizar a rigidez da ligação a cada passo de carga, independentemente do modelo adotado.
Uma ligação semirrígida pode ser modelada como um elemento de mola inserido no
ponto de interseção entre a viga e a coluna, tal qual exemplifica a Figura 3.31. Para a grande
maioria das estruturas em aço, os efeitos das forças axial e cisalhante na deformação da
ligação são pequenos se comparados com aqueles provocados pelo momento fletor. Por esta
razão, apenas a deformação rotacional do elemento de mola é considerada em análises
práticas. Por simplicidade de cálculo, o elemento de mola da ligação possui, por hipótese,
tamanho desprezível, como mostrado na Figura 3.31.

Figura 3.31 – Elemento de mola simulando uma ligação e Modelo do elemento de pórtico semirrígido
idealizado (Chan e Chui [102]).

Nos procedimentos apresentados por Chan e Chui, [102], a mola da ligação e o


elemento de viga-coluna são combinados de modo a formar um elemento híbrido. A Figura
3.31 mostra o elemento híbrido idealizado segundo um modelo para análise de elementos
finitos para pórticos. Um lado do elemento de mola está conectado ao elemento da viga-
coluna enquanto o outro lado está conectado ao nó global. A configuração deformada do
elemento híbrido com molas nas extremidades é mostrada na Figura 3.32. A barra está
inicialmente reta em sua configuração indeformada e, então, deforma-se para uma
configuração curvilínea por movimentos de translação e rotação. Os detalhes das forças
internas e deformações na mola da ligação são ilustrados na Figura 3.32. A rotação da ligação
é definida como a diferença entre os ângulos de rotação do lado conectado ao nó global e do
lado conectado ao elemento da viga-coluna. Na presença das molas da ligação adicionadas às
extremidades da viga-coluna, a matriz de rigidez convencional do elemento deverá ser
modificada de tal modo que leve em consideração o efeito das ligações semirrígidas na
formulação. A matriz de rigidez resultante poderá, então, ser utilizada nas análises
posteriores.
Foi proposto um elemento de mola para modelar uma ligação semirrígida que deverá
ser inserido nos pontos de interseção entre as vigas e as colunas, onde se encontram as
ligações semirrígidas. A principal motivação para a implementação deste elemento de mola
deve-se a constatação de que o elemento híbrido, proposto por Chan e Chui [102], descrito na
anteriormente, apresenta um comportamento inadequado na representação dos momentos
fletores, quando submetido a cargas distribuídas. A necessidade de se ter um elemento
independente para que se possam acoplar os efeitos das rijezas (axial, translacional e
rotacional), também foi outro fator de motivação, visto que, estes efeitos não são possíveis de
serem levados em conta no elemento híbrido de Chan e Chui [102], onde se tem apenas a
rigidez a rotação como variável e esta, está acoplada ao elemento.
180

Figura 3.32 – Elemento da viga-coluna com molas da ligação conectadas nas duas extremidades do
elemento (Chan e Chui [102]).

Muitos trabalhos vêm sendo realizados a respeito dos efeitos das forças axiais (Lima,
[47]) e cisalhantes na deformação da ligação, além daqueles provocados pelo momento fletor.
Neste elemento de mola, mesmo que nesta primeira implementação, os efeitos das rijezas
estão todos desacoplados, deixando um gancho para trabalhos futuros que venham a levar em
conta a interação entre as rijezas, apenas modificando a matriz de rigidez deste elemento. Este
novo elemento de mola comporta-se adequadamente para qualquer tipo de carregamento,
possibilitando modelar mais precisamente o comportamento da estrutura, sem a necessidade
de qualquer tipo de discretização do carregamento. Com este elemento de mola é possível
simular análises elasto plásticas das ligações, dada a curva momento versus rotação que
descreve o comportamento da ligação. E também, simular análises elasto plásticas da
estrutura, inserindo elementos de mola nos pontos onde se esperam que apareçam as rótulas
plásticas. Quanto à formulação da matriz de rigidez deste elemento de mola, esta resume-se
basicamente em uma matriz de rigidez que tenha as rijezas axiais, translacionais e rotacionais
em seu corpo. Sendo, por hipótese, o comprimento deste elemento igual a zero. Assim, a
relação de rigidez do elemento de mola é dada por:

 Pi   S A 0 0  SA 0 0   ui 
Q    
 i  0 ST 0 0  ST 0   vi 
 M i   0
(3.6)
0 SR 0 0  S R   i 
    .
 Pj   S A 0 0 SA 0 0  u j 
 Qj   0  ST 0 0 ST 0  v j 
    
M j   0 0  SR 0 0 S R   j 

onde SA, ST e SR são as componentes de rigidez tangente axial, translacional e rotacional,


respectivamente, da mola, ui, uj, vi, vj, θi e θj são as deformações axiais, translacionais e
rotacionais, respectivamente, das duas extremidades do elemento de mola e Pi, Pj, Qi, Qj, Mi e
Mj são os esforços normais, cisalhantes e o momento fletor, respectivamente. Na Figura 3.33
é apresentado o modelo do elemento de mola idealizado para simular uma ligação
semirrígida. Na Figura 3.34 também é mostrado, respectivamente, a deformação axial, a
rotação e translação de cada mola que compõe o modelo idealizado, bem como os esforços
em cada mola.
181

SA = Rigidez Axial

SR = Rigidez Rotacional
Nó i Nó j

SA
Nó i Nó j

ST = Rigidez
Translacional
ui
Pi = SA(ui-uj) uj
Pj = -Pi
Figura 3.33 – Modelo do elemento de mola idealizado & mola de rigidez axial.

Nó i
vi
SR
0j Mj
Nó i ST
0i Nó j
Mi Qi = ST(vi-vj)
Qj = -Qi vj
Mi = SR(0i-0j)
Nó j
Mj = -Mi
Figura 3.34 – Mola de rigidez rotacional & mola de rigidez translacional.

Com o objetivo de testar melhor a implementação linear do elemento híbrido e


elemento de mola, será analisado um pórtico proposto por Steenhuis et al. [94]. Os resultados
obtidos serão também comparados com Brito, [92], que propôs um modelo simplificado para
ligações semirrígidas viga-coluna utilizando o programa ANSYS, [32]. As ligações
semirrígidas, para este exemplo, são consideradas com rigidez constante. O exemplo da
Figura 3.35 foi proposto por Steenhuis et al. [94] para mostrar o efeito da ligação semirrígida
nas deformações e na distribuição de forças em uma estrutura não contraventada. Uma análise
de primeira ordem elástica foi utilizada. O pórtico possui um vão de seis metros e altura de
quatro metros. O perfil IPE360 foi utilizado para a viga e as colunas. O carregamento é
constituído de uma carga horizontal de 25 kN e uma carga vertical uniformemente distribuída
de 40 kN/m. A configuração das deformações e momentos fletores do pórtico são
apresentadas na Figura 3.35. O pórtico foi analisado, adotando a rigidez secante que é a
metade da rigidez tangente. Os valores de rigidez tangente analisados foram de 35 kNm/mrad,
60 kNm/mrad e 130 kNm/mrad. A hipótese de ligações rígidas também foi investigada
através da adoção de um valor de rigidez grande para a mola. Com o objetivo de estudar
melhor o comportamento do elemento híbrido frente a cargas distribuídas, duas discretizações
do pórtico foram feitas. Uma utilizando um elemento finito para a viga e outra utilizando dois
elementos finitos. Para a coluna usou-se apenas um elemento finito. As comparações entre os
resultados são apresentados na forma de tabelas e gráficos a seguir.

40 kN/m
MC
25 kN dh MA

dv
4m

MB

6m

Figura 3.35 – Pórtico de um pavimento, deformações e momentos fletores, [62].


182

Para melhor visualização dos resultados obtidos e magnitude do erro calculado são
mostrados três gráficos momento fletor versus rigidez, Figura 3.36, para o canto superior
esquerdo (MA), para o meio do vão (MB) e para o canto superior direito (MC),
respectivamente. Nestes gráficos pode-se notar a boa aproximação obtida com o uso de
elementos de mola.

Momento Fletor (MA) versus Rigidez


Momento Fletor (MB) versus Rigidez
45,00 Momento Fletor (MC) versus Rigidez
130,00
Steenhuis 145,00
40,00 Olavo
125,00
1 Elemento Híbrido
140,00
1 Elemento de Mola
35,00 120,00
2 Elementos Híbridos
2 Elementos de Mola 135,00
Momento Fletor (kNm)

Momento Fletor (kNm)


115,00
30,00

Momento Fletor (kNm)


130,00
110,00
25,00
125,00
105,00
20,00
Steenhuis 120,00
100,00
Olavo Steenhuis
15,00 1 Elemento Híbrido Olavo
95,00 115,00
1 Elemento de Mola 1 Elemento Híbrido
10,00 2 Elementos Híbridos 1 Elemento de Mola
90,00 110,00 2 Elementos Híbridos
2 Elementos de Mola
2 Elementos de Mola
5,00 85,00 105,00
30 45 60 75 90 105 120 135 30 45 60 75 90 105 120 135 30 45 60 75 90 105 120 135
Rigidez (kNm/mrad)
MC Rigidez (kNm/mrad) Rigidez (kNm/mrad)

Figura 3.36 – Comparação de momentos (MA, MB e MC) modelos propostos e simulados.

A Figura 3.37 apresenta a comparação entre os deslocamentos obtidos e os valores


encontrados por Steenhuis e Brito, para os casos analisados. Em geral, para todos os casos
analisados, os deslocamentos obtidos são aproximados dos valores apresentados por
Steenhuis e melhores que os obtidos por Brito. Para melhor visualização dos resultados
obtidos e magnitude do erro calculado são mostrados dois gráficos, deslocamento horizontal
versus rigidez (Figura 3.37) e deslocamento vertical versus rigidez (Figura 3.37), para o canto
superior esquerdo (dh) e para o meio do vão (dv), respectivamente. Nestes gráficos pode-se
notar a boa aproximação obtida com o uso do elemento híbrido e de mola.

Deslocamento Horizontal (d h) versus Rigidez Deslocamento Vertical (d v) versus Rigidez


26,00 14,00
Steenhuis Steenhuis
Olavo Olavo
24,00 1 Elemento Híbrido 1 Elemento Híbrido
13,00
1 Elemento de Mola 1 Elemento de Mola
2 Elementos Híbridos 2 Elementos Híbridos
22,00 2 Elementos de Mola 2 Elementos de Mola
12,00
Deslocamento (mm)

Deslocamento (mm)

20,00
11,00
18,00

10,00
16,00

9,00
14,00

12,00 8,00
30 45 60 75 90 105 120 135 30 45 60 75 90 105 120 135
Rigidez (kNm/mrad) Rigidez (kNm/mrad)

Figura 3.37 – Comparação de deslocamentos horizontais e verticais (dh) modelos propostos e


simulados.

O trabalho prosseguiu com a validação das formulações apresentadas para o elemento


de mola, e implementadas neste trabalho, para análise não-linear de pórticos planos
semirrígidos, usando curvas momento versus rotação completas. As comparações foram feitas
com as análises efetuadas por Nethercot [103], usando curvas momento versus rotação
completas e a aproximação bilinear. Esta última é uma simplificação da modelagem da
ligação e é conhecida como o método da metade da rigidez inicial secante. Um pórtico com
7,2 metros de comprimento e 3,6 metros de altura, tal como mostra a Figura 3.38 foi
estudado, [103]. Para a viga usou-se o perfil IPE360 e para a coluna o perfil HEA260. As
curvas características usadas na análise são apresentadas na Figura 3.38. A coluna e a viga são
conectadas com uma ligação com placa de extremidade ajustada aparafusada, mostrada na
Figura 3.38. A carga horizontal αF representa o carregamento imposto pelo vento, mas é
também para levar em conta as imperfeições que geram os efeitos de segunda ordem. O fator
α é tomado como 0,1; 0,15; 0,2; 0,3 e 0,5. A carga vertical w é igual a 1/6 da carga vertical F.
183

F [kN] w [kN] w [kN] F [kN] Curvas Momento-Rotação dos Elementos de Mola

225/96/20 10
aF [kN] 400,00
45 170 45
350,00 200/390/20

300,00
10

Momento [kNm]
250,00
200/390/20

3,6 m
200,00 M 20 8.8
150,00 225/96/20 IPE 360
100,00
S355
Ligação Viga-Coluna
50,00 Ligação Coluna-Base 200
Viga
10 260
0,00

7,2 m
0,000 0,002 0,004 0,006 0,008 0,010 0,012 0,014 0,016 0,018 0,020 HEA 260 HEA 260
Rotação [rad] S355 S355

Figura 3.38 – Pórtico de um pavimento, Curvas características, & Ligação viga-coluna, [60].

Os diagramas da Figura 3.39 até a Figura 3.41 ilustram os resultados de três análises.
As duas primeiras foram realizadas por Nethercot e a terceira foi realizada utilizando
elementos de mola, proposto neste trabalho. Quanto as análises realizadas por Nethercot:
Reference Analysis, foi realizada usando ANSYS, versão 5.5 [32]. Para obter a solução de
referência, uma análise de segunda-ordem elasto-plástica foi usada. As rótulas plásticas na
viga foram modeladas usando elementos de mola rotacional nos pontos onde se espera que as
rótulas plásticas ocorram. Estes elementos de mola tem características rígido-plásticas que
negligenciam a influência das forças normais e cortantes na resistência plástica a flexão. O
Half Initial Secant Stiffness Approach foi realizado usando uma curva momento versus
rotação bilinear, considerando a metade da rigidez inicial secante.

Diagrama Carga - Deformação (0.1)


Diagrama Carga - Deformação (0.15)

900
1000
800

800 700
Carga aplicada [kN]

Carga aplicada [kN]

600

600 500

400
400
300

Nethercot: Reference Analysis


200 Nethercot: Reference Analysis
200
Nethercot: Half Initial Secant Stiffness Method Nethercot: Half Initial Secant Stiffness Method
100
Del Savio: Elementos de Mola Del Savio: Elementos de Mola
0 0
0,0000 0,0100 0,0200 0,0300 0,0400 0,0500 0,0600 0,0700 0,0800 0,0000 0,0100 0,0200 0,0300 0,0400 0,0500 0,0600 0,0700 0,0800
Deformação horizontal [m] Deformação horizontal [m]

Figura 3.39 – Diagrama carga versus deformação (α = 0.1 e 0.15).

Diagrama Carga - Deformação (0.2) Diagrama Carga - Deformação (0.3)

800 600

700
500
600
Carga aplicada [kN]
Carga aplicada [kN]

400
500

400 300

300
200
200
Nethercot: Reference Analysis Nethercot: Reference Analysis
100
100 Nethercot: Half Initial Secant Stiffness Method Nethercot: Half Initial Secant Stiffness Method

Del Savio: Elementos de Mola Del Savio: Elementos de Mola


0 0
0,0000 0,0100 0,0200 0,0300 0,0400 0,0500 0,0600 0,0700 0,0800 0,0000 0,0100 0,0200 0,0300 0,0400 0,0500 0,0600 0,0700 0,0800
Deformação horizontal [m] Deformação horizontal [m]

Figura 3.40 – Diagrama carga versus deformação (α = 0.2 e 0.3).

Diagrama Carga - Deformação (0.5)

400

350

300
Carga aplicada [kN]

250

200

150

100
Nethercot: Reference Analysis

50 Nethercot: Half Initial Secant Stiffness Method

Del Savio: Elementos de Mola


0
0,0000 0,0100 0,0200 0,0300 0,0400 0,0500 0,0600 0,0700 0,0800
Deformação horizontal [m]

Figura 3.41 - Diagrama carga versus deformação (α = 0.5).

Para os valores do fator α (0,1; 0,15; 0,2; 0,3 e 0,5) analisados, pode-se observar que
os valores dos deslocamentos são praticamente equivalentes a análise de referência realizada
por Nethercot, demonstrando assim, a eficiência das formulações (elementos de mola) para a
análise não linear, bem como a eficiência das implementações computacionais.
184

Complementando a análise, um pórtico de 3 pavimentos com 7,2 metros de


comprimento e 10,8 metros de altura, tal como mostra a Figura 3.42 foi avaliado. Para as
vigas usou-se o perfil IPE 360 e para as colunas o perfil HEA260. As curvas características
usadas na análise são apresentadas na Figura 3.42. As colunas e as vigas são conectadas com
ligação aparafusada mostrada na Figura 3.42. Os diagramas da Figura 3.43 e 3.44 ilustram os
resultados de três análises. As duas primeiras foram realizadas por Nethercot e a terceira foi
realizada utilizando elementos de molas.
Quanto as análises realizadas por Nethercot: Reference Analysis, foi realizada usando
o programa de elementos finitos ANSYS. Para obter a solução de referência, uma análise de
segunda-ordem elasto-plástica foi adotada. As rótulas plásticas na viga foram modeladas
usando elementos de mola rotacional nos pontos onde se esperava que as rótulas plásticas
ocorressem. A Figura 3.42 ilustra as propriedades das molas usadas nas ligações viga-coluna,
nas ligações coluna-base e na mola da viga. Para tal, considerou-se uma curva momento
versus rotação bilinear, Figura 3.42, considerando a metade da rigidez inicial secante. Mais
uma vez a carga horizontal αF representa o carregamento imposto pelo vento. O fator α é
tomado igual a 0,15. A carga vertical w é igual a um sexto da carga vertical F.

225/96/20 10
F [kN] w [kN] w [kN] F [kN]
45 170 45

aF [kN] 200/570/20

10
210/520/8

200/570/20
M 20 8.8
225/96/20 IPE 360
3,6 m

S355

w [kN] w [kN] 225/96/20


l = 300, h = 175
aF [kN]

200
260
HEA 260 HEA 260
S355 S355
10,8 m
3,6 m

Curvas Momento-Rotação dos Elementos de Mola

w [kN] w [kN] 400,00

aF [kN] 350,00

300,00
Momento [kNm]

250,00

200,00
3,6 m

150,00

100,00
Ligação Viga-Coluna (Completa)
Ligação Viga-Coluna (Bi-Linear)
50,00 Ligação Coluna-Base
Viga
7,2 m
0,00
0,000 0,002 0,004 0,006 0,008 0,010 0,012 0,014 0,016 0,018 0,020
Rotação [rad]

Figura 3.42 – Pórtico de três pavimentos, curvas características, & ligação viga-coluna.

Diagrama Carga - Deformação (2º Pavimento) Diagrama Carga - Deformação (3º Pavimento)

500 500
450 450

400 400
350
Carga aplicada [kN]

350
Carga aplicada [kN]

300 300

250 250

200 200

150 150
Nethercot: Reference Analysis Nethercot: Reference Analysis
100 Nethercot: Half Initial Secant Stiffness Method 100 Nethercot: Half Initial Secant Stiffness Method
Del Savio: Elementos de Mola (Não-Linear) Del Savio: Elementos de Mola (Não-Linear)
50 50
Del Savio: Elementos de Mola (Bi-Linear) Del Savio: Elementos de Mola (Bi-Linear)
0 0
0,000 0,050 0,100 0,150 0,200 0,250 0,300 0,350 0,000 0,050 0,100 0,150 0,200 0,250 0,300 0,350
Deformação horizontal [m] Deformação horizontal [m]

Figura 3.43 – Diagrama carga versus deformação do 2º & 3º pavimentos.

Para os valores analisados pode-se observar que os valores dos deslocamentos são
muito semelhantes aos da análise de referência realizada por Nethercot, até o surgimento da
185

primeira rótula plástica, Figura 3.44. Após a formação da primeira rótula plástica, os valores
divergem um pouco, mas mesmo assim apresentam uma boa aproximação. A divergência
após o início da plastificação está associada principalmente a inclinação do último segmento
da curva momento versus rotação. Assim, com um pequeno aumento nessa inclinação, que a
priori é nula, faz com que os resultados dos deslocamentos aproximem-se cada vez mais dos
apresentados por Nethercot.
3
Diagrama Carga - Deformação (1º Pavimento)

500

450

400
2
350
Carga aplicada [kN]

300

250

200

150 1
Nethercot: Reference Analysis
100 Nethercot: Half Initial Secant Stiffness Method
Del Savio: Elementos de Mola (Não-Linear)
50
Del Savio: Elementos de Mola (Bi-Linear)
0
0,000 0,050 0,100 0,150 0,200 0,250 0,300 0,350
Deformação horizontal [m] 5 4

Figura 3.44 – Diagrama carga versus deformação do 1º pavimento & sequência de formação das
rótulas plásticas.

Isso demonstra a eficiência das formulações (elementos de mola) para a análise não
linear, bem como a eficiência das implementações computacionais para estruturas envolvendo
um maior grau de complexidade. Cabe ressaltar que com o elemento de mola implementado é
possível executar uma análise plástica inserindo molas nos pontos onde se esperam que as
rótulas plásticas ocorram. Devido à flexibilidade do elemento de mola, será implementado
futuramente para o caso de cargas distribuídas, onde a priori não se sabe onde se localizarão
as rótulas plásticas, a identificação e inserção automática de elementos de mola nos pontos de
plastificação, dispensando a necessidade do usuário de identificá-los previamente.
Simulações também foram feitas em vigas tipo vierendeel que possuem a grande
vantagem de que os seus elementos em pórticos planos associam o comportamento de flexo-
compressão eliminando a presença de diagonais. Desta forma, esta solução estrutural permite
uma maior flexibilidade na execução de instalações, liberando uma passagem para tubulações,
pessoas, etc. Além disso, elas podem, por exemplo, ser usadas em sistemas de edifícios com
treliças de andar inteiro alternadas a cada andar (“staggered-truss” systems) conforme
apresentado na Figura 3.45.

CLEAR SPAN TRUSS


(to support vertical loads
& transfer lateral shear)

VIERENDEEL
PANEL FLOOR SLAB
(also to transfer
lateral load
shear force)

UNINTERRUPTED FLOOR SPACE

Figura 3.45 – Sistema treliçado de andar inteiro padrão e distribuição das cargas transversais.
186

Este modelo de elementos finitos da ligação, foi formulado e implementado para


modelar as ligações semirrígidas. Este modelo foi inicialmente baseado na independência das
forças agindo sobre as ligações semirrígidas (esforços axiais, de flexão e de cisalhamento).
Isto motivou o desenvolvimento de um elemento finito de ligação semirrígido não linear
incluindo a interação entre forças axiais e momento fletor. A consideração dessa interação não
se alterou a formulação básica do elemento finito de ligação não linear. Isto só foi possível
porque a consideração da interação entre a força axial e a flexão foi feita através da curva
momento versus rotação. A ideia de considerar a interação entre a força axial pode ser
resumida no uso de um "fator de correção", que a partir da curva momento versus rotação
considera o efeito de interação já mencionado.
A base principal para a formulação do "fator de correção começa com uma
delimitação da região do diagrama momento versus força axial onde a resposta da ligação é
válida. Esta região foi construída, definindo um domínio convexo, formado por segmentos de
reta, usando os pontos gerados por Lima, [47], Figura 3.46. Tendo em conta a simetria
presente no modelo numérico, apenas a região de momentos positivos foi considerada. Esta
estratégia leva à definição da região definida por três linhas expressa por:

 0.0963N  104.380  1084.54  N  257.00



 257.00  N  105.20
(3.7)
f ( N )    0.0274N  72.477
  0.0962N  65.328  105.20  N  678.00

onde o intervalo de carga válido para cada segmento de linha é representado dentro do
parêntese e f(N) é uma função que avalia o momento fletor máximo que poderia ser usado
para uma certa força axial aplicada N. Com estes limites, o "fator de correção" pode ser
avaliado como a razão entre o momento fletor considerando e descartando a interação
momento versus carga axial, ou seja:
M M int  f ( N i )
fator de correção
Correction  int ;
Factor = (3.8)
M max M max  f (0.0)

onde Ni é o nível de carga axial presente na iteração atual. A Figura 3.46 apresenta
todas as informações necessárias para a determinação do "fator de correção". Esta Figura
também ilustra o diagrama de iteração entre o momento fletor e a força axial, definidos por
segmentos de reta, bem como seus respectivos limites de validade (realçado por linhas
pontilhadas verticais).

90
Region 1 Region 2
-0.0274N + 72.477
80 Region 2
Region 3
70
Bending Moment (kN)

60

50

40

30

20 Region 1 Region 3
0.0963N + 104.38 -0.0962N + 65.328
10
-1084.54 -257.00 -105.20 678.00
0
-1200 -800 -400 0 400 800
Axial Force (kN)

Figura 3.46 - Diagrama de interação momento versus forçar axial e dados necessários para determinar
o "fator de correção".
187

O "fator de correção" proposto pode ser incorporado à resposta estrutural da ligação


multiplicando seu valor para os valores originais do momento presentes nas curvas momento
versus de rotação. Esta estratégia desloca esta curva para cima ou para baixo em função do
nível de força axial atuante. Um curva momento versus rotação idealizada, construída a partir
de dados experimentais, pode ser representada por uma série polinomial de 6a ordem até a
máxima resistência à flexão aceitável avaliada pelo Eurocode 3, ou seja a aproximação
bilinear, ilustrada na Figura 3.47. Deste ponto em diante, a curva segue o patamar de
escoamento horizontal sugerido pelo Eurocode 3.

100
Eurocode 3 - Bi-Linear
90 FE1 - only M
Poly. (FE1 - only M)
80
Bending Moment (kN.m)

70
Limitation of Polynomial Approach
60 Bending Moment < 73.10 kNm
Rotation < 0.023 rad
50
40 Polynomial Approach of Order Six
Moment = -20959518100.25*Rot6 + 5472046345.80*Rot5
30 - 564365816.24*Rot4 + 29238238.55*Rot3
- 802619.86*Rot2 + 11527,15*Rot + 2,84
20
10
0
0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08
Rotation (rad)

Figura 3.47 - Curva momento versus rotação idealizada adotada nas análises não-lineares.

O sistema estrutural vierendeel semirrígido considerado teve um vão de doze metros,


dividido em quatro segmentos com três metros de comprimento e um metro de altura. As
vigas foram submetidas a quatro cargas concentradas de 35, 30, 10 e 20 kN, respectivamente
aplicadas para os nós 3(P3), 4(P4), 8(P1) e 9(P2). O objetivo deste carregamento não
simétrico foi gerar perturbações geométricas não-lineares na estrutura e sobrecarregar o
elemento doze, que será o foco principal das comparações entre os resultados obtidos
variando os valores de rigidez das ligações. Uma análise semelhante poderia ser feita com o
uso de cargas laterais, que são frequentemente encontradas nestas estruturas devido às forças
de vento.
A Figura 3.48 apresenta o modelo estrutural concebido para as vigas de vierendeel.
Esta figura mostra a carga aplicada, o número de nós e de elementos (inscritos em um
retângulo), as dimensões e as identificações das ligações representadas por Si (i variando de 1
a 16). Os elementos de viga (horizontais) adotaram um perfil de aço IPE240, enquanto as
colunas usaram uma seção de aço HEB240. Os elementos de viga adotaram um módulo de
elasticidade de 205000 MPa e um peso específico de 78.5 kN/m3 compatíveis com o aço
estrutural.

(a)

(b)
Figura 3.48 - Modelo idealizado, viga vierendeel com ligações: (a) rígidas e (b) rotuladas.

Todas as análises envolveram simulações incorporando não-linearidades geométricas


até a máxima capacidade de carga do sistema estrutural. As simulações foram baseadas em
uma estratégia de controle de deslocamento generalizada, com um máximo de 1000 passos de
188

carga, com um tamanho de passo igual a 0,02 e um número máximo de iterações igual a 100.
Quatro casos diferentes foram considerados usando o elemento finito de ligação descrito
anteriormente, ou seja, no primeiro adotou-se uma rigidez constante igual a 6000 kNm/rad
(rigidez inicial da curva bilinear) em todas as ligações; no segundo caso usou-se uma rigidez
atualizada através da curva bilinear, em todas as ligações; no terceiro caso utilizou-se uma
rigidez atualizada de acordo com a curva polinomial de sexto grau em todas as ligações e
finalmente, no quarto e último caso, usou-se uma rigidez atualizada de acordo com a curva
polinomial de sexto grau considerando efeitos da interação momento fletor versus força axial
em todas as ligações. Os resultados obtidos para cada um dos casos analisados são
apresentados na Figura 3.49, respectivamente, em termos de forças e momentos fletores no
elemento doze, assim como cargas limite e trajetórias de equilíbrio do nó número três.
Somente o primeiro caso, com uma rigidez constante da ligação, foi atingido o
multiplicador de carga máximo igual a 20 vezes a carga aplicada, com uma trajetória de carga
linear e não apresentou nenhum limite máximo para o valor da carga. Esta estratégia também
produziu um conjunto não confiável de distribuição de forças e momentos quando comparado
com as outras simulações. Para melhor visualizar os resultados das trajetórias de carga, para
todos os casos simulados, o deslocamento vertical máximo do nó de número três foi usado e
limitado a 0,2 m, Figura 3.49. Esta estratégia foi usada pois nos casos 2, 3 e 4 não se atingiu
multiplicadores de carga iguais a 2 e o primeiro caso apresentou uma resposta linear elástica.
Como esperado, quando a resposta das ligações semirrígidas foi considerada, por meio de sua
curva momento versus rotação associada, um valor limite para a carga aplicada foi atingida,
Figura 3.49.

5
Case 1: constant stiffness
Case 2: bi-linear curve

4 Case 3: polynomial approach


Case 4: polynomial approach with interaction
Load Multiplier

0
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20
Vertical Displacement (m)

Figura 3.49 - Trajetória de equilíbrio em termos de deslocamentos verticais do nó 3.

O segundo e terceiro casos (sem considerar a interação momento versus força axial)
apresentaram multiplicadores de carga limites iguais a 1,68 e 1,59 vezes as cargas máximas
aplicadas. Esta resposta semelhante pode ser facilmente explicada pela adoção da máxima
capacidade resistente à flexão da ligação avaliada através da aproximação bilinear do
Eurocode 3. O quarto caso, que considera a interação momento versus força axial, apresentou
uma redução substancial da carga última do sistema (0,74) quando comparado com o segundo
e terceiro casos (1,68 e 1,59). Este fato só corrobora a ideia de que desprezar a interação
momento versus força axial poderia levar a dimensionamentos estruturais errôneos e, talvez,
até mesmo, a soluções inseguras. Este fato mostrou que estes efeitos de interação não podem
ser descartados, especialmente em sistemas estruturais com forças axiais significativas. Se
esta interação não foi considerada, como por exemplo, no terceiro caso, a carga última do
sistema seria estimada em 159% das cargas originais aplicadas.
Assim, demonstrou-se a eficiência do elemento de mola, proposto por este trabalho,
para análise linear e não linear, bem como a eficiência das implementações computacionais. O
elemento híbrido, implementado somente para análise linear, apresenta uma limitação em
relação ao carregamento, ou seja, não consegue representar de forma adequada os momentos
189

fletores para o caso de carregamento distribuído. Por este motivo, não se implementou o
elemento híbrido para análise não-linear. Em relação a todos os exemplos analisados, pode-se
concluir que para pequenos deslocamentos, as considerações de rigidez linear e não-linear são
quase que equivalente. Quanto aos algoritmos de solução não lineares, o que se mostrou mais
adequado foi o Método de Controle de Deslocamento Generalizado. Este método foi utilizado
em todas as análises não lineares realizadas neste trabalho.
Uma das principais contribuições em termos de modelagem do presente trabalho foi a
implementação de um elemento finito discreto de mola contemplando de forma simples a
interação flexão versus esforço axial através da aplicação de cargas de interações entre estes
esforços. A modelagem simples unifilar do problema permite uma rápida e simples avaliação
dos efeitos desta interação apontando os casos onde cuidados devem ser tomados no
dimensionamento.
Também foi desenvolvido um modelo de molas e barras rígidas no programa Ansys
baseado no modelo relativo ao método das componentes presente no Eurocode 3. Com a
calibração deste modelo com resultados experimentais foi possível executar uma análise
paramétrica visando um melhor entendimento do papel de cada componente no desempenho
global da ligação em termos de rigidez inicial e capacidade de transmissão da flexão. A
convergência destas análises também não foi simples suscitando uma série de medidas como
diminuição do tamanho dos passos, reinícios com passos adequados, vários tipos e valores
máximos para assegurar a convergência. Muitas vezes tamanhos de passos inadequados na
análise geram um desvio da trajetória de equilíbrio que exigem que o sistema tenha que ser
recomeçado nos seus estágios iniciais. Todo este processo não é de simples entendimento e
implementação, requerendo experiência e tempo para superar estas dificuldades.

e. Comportamento de vigas de aço sob à ação de cargas concentradas

Cargas concentradas aplicadas às mesas de vigas podem gerar um fenômeno de


instabilidade. Uma das soluções para este problema é o uso de enrijecedores transversais
soldados na alma da viga. Esta solução apresenta várias desvantagens, especialmente quando
cargas de montagem ou advindas de pontes rolantes são consideradas. Outra solução, pouco
econômica, para resolver este tipo de flambagem é aumentar a espessura da alma até que ela
possa resistir à carga aplicada. Muitas investigações teóricas e experimentais foram
realizadas, mas todas as fórmulas propostas para este fenômeno tem uma margem de erro de
20% quando comparadas com casos práticos e experimentos.
A modelagem deste fenômeno foi executada através do método de elementos finitos,
Souza et al. [105] - [107], considerando as não-linearidades do material e geométrica
associado com o problema devido a possibilidade desta flambagem ocorrer no regime
plástico. Bons resultados em termos de cargas críticas, modo de colapso e distribuição de
tensões na alma foram encontrados através do uso de um programa de elementos finitos não
linear, Saloof, [108]. A geometria do modelo consistiu em uma viga simplesmente apoiada
submetida a uma carga uniformemente distribuída ao longo de um pequeno comprimento c.
Neste modelo, com 260 elementos e 290 nós, as mesas, a alma e os enrijecedores transversais
foram modelados com 40, 120 e 24 elementos. A geometria do modelo foi concluída com
enrijecedores usados na mesa para simular o comprimento de distribuição da carga, Figura
3.50.
190

Figura 3.50 - Malha de elementos finitos adotada.

O elemento finito usado, chamado Semiloof, foi desenvolvido para aplicações de


casca fina. Uma análise não-linear geométrica e do material foi executada usando o critério de
von Mises e o método de Newton Raphson completo como método iterativo de solução. Para
validar o modelo, cinco vigas testadas por Bergfelt [109] foram simuladas e comparadas com
os resultados experimentais. As condições de contorno foram estabelecidas para representar
as condições de restrição reais descritas nos resultados experimentais obtidos por Bergfelt
[109]. O material e as características geométricas destas vigas são apresentadas na Tabela 3.4.

Tabela 3.4 - Características geométricas dos materiais das vigas adotadas.

Viga b(mm) h(mm) tw (mm) bf (mm) tf (mm) c(mm) w (MPa) f (MPa)


b14 2400 400 2 100 8 180 294 294
R01 800 800 2 300 15 40 266 295
R03 800 800 2 120 5 40 266 285
b08 800 800 2 120 5 40 285 290
b83 800 800 3 250 12 40 328 298

Infelizmente não há dados relativos às imperfeições iniciais da viga documentados em


Bergfelt [109]. Isto motivou um estudo sobre a influência das imperfeições iniciais sobre a
carga de colapso das vigas sob cargas concentradas. A viga b14, descrita anteriormente, foi
simulada com diferentes amplitudes (h/1600, h/800, h/650 e h/560) para a imperfeição inicial
máxima (no nó 140, distando 0,2h da mesa superior). A influência da amplitude da
imperfeição inicial sobre o colapso de carga está presente na Figura 3.51. Observa-se que esta
influência é insignificante (valores mínimo e máximo para a carga última variaram entre
91,5% e 92,7%). O ponto de amplitude de imperfeição inicial máxima ao longo da altura da
alma foi também investigada, ou seja, nos nós 139, 140, 141 e 142 distando : 0,25h, 0,20h,
0,15h e 0,10h da mesa superior, Figura 3.51. Nestes casos, a carga de colapso variou entre 90
e 92,5% provando que, para esta viga, a influência da localização da imperfeição máxima
também foi insignificante.
1.00
0,90
P/Pexp
P/Pexp
0.90
0,80

0.80
0,70
0.70
0,60
139
0.60 140
0,50
141
0.50 142
,

0,40
0.40

0,30 0.30

0,20 0.20

0, 10
0.10
Lateral displacements (mm)
Lateral displacements (mm) 0,0
0,00
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00 22,00

Figura 3.51 - Carga versus deslocamentos laterais, viga b14 Amplitude & efeitos de posição.
191

A partir destes resultados foi adotada uma imperfeição padrão de h/500 de amplitude
aplicada em um nó distando 0,2h da mesa superior da viga. Quatro vigas foram simuladas
para calibrar o modelo, R01, R03, b08 e b83. O comportamento destas vigas em termos de
carga versus deslocamento lateral dos nós da alma: 140, 141, 142 e 143 (0,20 h, h 0,15, 0,10
h, h 0,05 longe a mesa superior) estão apresentados nas Figuras 3.52 e 3.53.
1.2
1.2
P/Pexp P/Pexp

1 1.0

0.8 0.8
140
141
140 141
142
0.6 143 0.6 142 143

0.4 0.4

0.2 0.2

Lateral displacements (mm) Lateral displacements (mm)


0 0
0 5 10 15 20 25 30 35 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Figura 3.52 - Carga versus deslocamento lateral, vigas R01 & R03.
1,2
P/Pexp 1
P/Pexp
0,9
1

0,8

0,8 0,7
140
0,6 141
140 141

0,6
142
142 143 0,5 143

0,4
0,4
0,3

0,2
0,2

0,1 Lateral displacements (mm)


Lateral displacements (mm)
0 0
0 2 4 6 8 10 12 0 2 4 6 8 10 12 14

Figura 3.53 - Carga versus deslocamento lateral, vigas b08 & b83.

A configuração de flambagem associada com a distribuição de tensões principais na


alma da viga R01 é representada na Figura 3.54 onde as fases de carregamento apresentadas
corresponderam a 83,81%; 83,85%; 105,3% e 103,3% (na trajetória de descarga após o
colapso). A Figura 3.55 contem distribuições de tensões principais similares para a viga b83
correspondendo a 40,9%; 93,6%; 93,8% e 91,9% (na trajetória de descarga após o colapso).
Uma inspeção nestas distribuições revela que o início da flambagem da alma começou em
níveis de carga correspondentes a 83% e 93% (viga R01 e b83) da carga de colapso. Todas as
outras vigas simuladas tiveram formas semelhantes de deformadas e de distribuição de
tensões principais na alma.
Bons resultados em termos de cargas finais, formas deformadas e distribuição de
tensões da alma foram encontradas com as simulações numéricas não-lineares quando
comparadas com os resultados experimentais da literatura. A influência da amplitude e da
posição das imperfeições iniciais sobre a carga de colapso foi insignificante. Estas
comparações validaram o comportamento do modelo estrutural e garantem a consistência da
solução proposta.
A modelagem de vigas sob a ação de cargas concentradas mostrou-se um processo
extremamente complexo devido à interação entre os estados limites últimos que norteiam o
seu comportamento estrutural: plastificação, enrugamento e flambagem local global da alma.
No modelo foram adotadas as condições usuais de simetria e apoio para remover movimentos
de corpo rígido e representar as reais condições encontradas na prática.
192

P/Pexp =0.8381 P/Pexp =0.8385

P/Pexp =1.053
P/Pexp =1.033

Figura 3.54 - Evolução da distribuição de tensões principais, viga R01.

P/Pexp =0.409 P/Pexp =0.936

P/Pexp =0.938
P/Pexp =0.919

Figura 3.55 - Evolução da distribuição de tensões principais, viga b83.

O controle da aplicação da carga foi feito através da aplicação de um deslocamento


equivalente possibilitando seu maior controle nas regiões próximas ao seu colapso. A
convergência mostrou-se difícil em alguns casos gerando a necessidade do uso desde o início
do método de Newton-Raphson completo e um tamanho de passo de carga reduzido. Também
foi preciso alterar os critérios de convergência adotados em termos de sua máxima tolerância
e qual variável deveria ser controlada (deslocamento, força, etc.).

f. Resistência de colunas de aço estaiadas e protendidas

Neste trabalho foi estudada a variação da imperfeição inicial, rigidez longitudinal dos
estais e diferentes níveis de protensão aplicados aos mesmos [110], [111]. A busca pela
protensão ótima, que fará com que a estrutura obtenha a maior carga crítica, é realizada tanto
193

para cada tipo de imperfeição inicial quanto para a variação de rigidez longitudinal dos estais.
Aproveitando as medições das imperfeições iniciais do modelo experimental decidiu-se fazer
três níveis de incremento de imperfeição inicial na coluna principal. Uma suposição adotada
no modelo computacional é que a imperfeição máxima ocorra no meio da coluna estaiada. As
três análises concebidas adotam amplitudes máximas de imperfeição iguais a L/1500, L/500 e
L/300 (8 mm, 24 mm e 40 mm, respectivamente). A imperfeição de L/1500 é similar à
imperfeição experimental. A de L/500 é a imperfeição máxima admitida por normas
estruturais. Nota-se que, quando a coluna experimental estava apoiada somente em suas
extremidades, ocorreu uma deformação de 115 mm, devido ao peso-próprio, gerando uma
imperfeição inicial grande. Também foram usadas três rijezas axiais diferentes para os estais,
sendo dois deles modelados com elementos de cabo e o outro como uma barra de aço (um
vergalhão típico). Os cabos têm seção transversal com área de 16,18 mm2 e 31,669 mm2
enquanto que o vergalhão tem 126,68 mm2. O cabo de 31,669 mm2 foi obtido pelo
dimensionamento pelo método de Belenya, [112]. O cabo de 16,18 mm2 foi usado no modelo
experimental.
Todas as análises foram realizadas com as extremidades apoiadas, restrição da rotação
em torno do eixo axial da coluna e o carregamento perfeitamente centrado. Para solucionar o
problema de deformação excessiva provocado pelo peso-próprio, um cabo laçando a coluna
no meio do seu comprimento e ancorado no pórtico de reação, foi usado. Para esses casos,
modelou-se um sistema estrutural com estas características para poder representar melhor o
que ocorria nos ensaios experimentais.
Os elementos adotados foram o PIPE20, para a coluna central e para as barras
perpendiculares a coluna central, e o LINK10, para representar os estais. PIPE20 é um
elemento uniaxial com características de tração-compressão, torção e flexão. Possui seis graus
de liberdade em cada nó: translações nas direções nodais x, y e z, e rotações sobre os eixos x,
y e z. O elemento tem como características: plasticidade, deformação e expansão. O LINK10
é um elemento de cabo 3D que tem a característica original de uma matriz de rigidez bilinear
resultando somente em um elemento de tração uniaxial (ou de compressão). Com a opção de
“tension-only” (somente tração), a rigidez é removida se o elemento entrar na compressão
(simulando um cabo frouxo ou uma condição de corrente frouxa).
Para a modelagem da coluna foram utilizados dois tipos de materiais. Um material
representando o elemento da coluna principal e das barras perpendiculares e um segundo
representando os estais. A coluna central foi dividida em doze elementos com 1000 mm de
comprimento (totalizando os 12 m de altura da coluna. As barras perpendiculares foram
divididas em dois elementos com 300 mm de comprimento. Os estais contém apenas um
elemento. A coluna foi modelada inicialmente como perfeita. No vão central da coluna foi
aplicada uma força até que a amplitude da imperfeição desejada fosse atingida. Os dados de
saída desta primeira análise geraram as coordenadas usadas nas análises subsequentes. A
Figura 3.56 ilustra a coluna estaiada modelada com a sua imperfeição inicial.
1
ELEMENTS
JUL 19 2005
MAT NUM 17:34:00

Y
X
Z

Figura 3.56 – Modelo computacional da coluna estaiada.


194

No modelo computacional foram aplicadas restrições nas extremidades, simulando um


sistema biapoiado. Na extremidade inferior restringiram-se os deslocamentos nos eixos
globais x, y e z, e para eliminar um movimento de corpo rígido devido à imperfeição adotada,
a rotação em torno do eixo global y na direção do eixo axial da coluna. Na extremidade
superior restringiram-se os deslocamentos nos eixos globais x e z deixando livre o
deslocamento na vertical (eixo global y. A escolha do elemento LINK10 foi bastante útil pois
uma de suas características de entrada de dados é a deformação inicial aplicada ao elemento.
Através desta deformação inicial pode-se aplicar os diferentes níveis de protensão, como já
foi comentado anteriormente.
O próximo passo foi a aplicação da carga na coluna estaiada. Para se ter um controle
do carregamento na fase não linear próximo a carga crítica, determinou-se que a carga seria
aplicada através de um deslocamento nodal na extremidade superior da coluna, ou seja com
um controle de deslocamento. Sendo assim foram feitos dois passos de carga: o inicial para a
aplicação da protensão e o segundo, como uma continuação da análise, e a aplicação do
deslocamento nodal na direção do eixo global y simulando o carregamento axial. A Figura
3.57 apresenta a relação entre a carga de protensão nos estais e a carga crítica da coluna
estaiada sem protensão. Para uma melhor compreensão dos gráficos da Figura 3.57, na
legenda, a letra “B” significa o material do tipo barra, a letra “C” o material do tipo cabo e os
números significam o nível de imperfeição na coluna. As legendas Imp 8, Imp 24 e Imp 40
fazem referência à coluna sem estais e com as respectivas imperfeições.

Figura 3.57 – Cargas críticas da coluna sem estais e com estais com e sem protensão e comparação
entre a razão da carga de protensão por sua resistência versus carga crítica da coluna sem protensão.

O gráfico da Figura 3.57 mostra que ao usar os estais na coluna esbelta há um


incremento significativo da carga crítica de flambagem. Um exemplo disso pode ser visto ao
se comparar uma coluna sem estais com uma de 8 mm de imperfeição, nota-se uma diferença
de 160% para uma coluna com cabo e de 485% para em uma com o uso de barras. Conclui-se
que, tanto para a barra quanto para o cabo, quanto maior for o nível de imperfeição da coluna,
menor é o efeito que a protensão exerce na carga crítica. O ganho que se tem na carga crítica
ótima ao substituir cabo por barra é de 83% para a imperfeição de 8 mm, 85% para a
imperfeição de 24 mm e 88% para a imperfeição de 40 mm. Percebe-se que, para as análises
com os cabos, a coluna apresenta um comportamento não linear, enquanto que a análise com
barras, o comportamento pode ser considerado linear, para a relação da carga de protensão
pela carga crítica. Outra comparação interessante pode ser vista através da relação entre as
cargas críticas do sistema estrutural global e as resistências últimas dos materiais empregados
nos cabos e barras como pode ser visto na Figura 3.57.
A resistência do cabo, obtida no catálogo da CIMAF, foi de 23,8 kN. Já a resistência
da barra de aço CA-50 de 12,7 mm (um vergalhão típico) foi de 69,7 kN. Observa-se que os
gráficos da Figura 3.58 são bastante semelhantes gerando conclusões similares. Todavia uma
diferença pode ser observada no valor da porcentagem adotada (eixos horizontais), fato que
está mais evidenciada através da curva referente ao cabo com imperfeição de 24mm. Os
195

resultados a seguir apresentam as curvas de carga externa de máximo e mínimo versus os


deslocamentos laterais ocorridos na metade da coluna e versus os deslocamentos axiais
aplicados na extremidade para controle da carga aplicada (Figura 3.58).

Figura 3.58 – Carga externa máxima e mínima versus deslocamentos horizontal e vertical na metade
da coluna estaiada. Valores de P (protensão) em kN.

A Figura 3.59 apresenta os gráficos da carga externa versus o deslocamento lateral na


metade da coluna para cada nível de imperfeição onde nota-se que quanto maior a rigidez dos
estais maior também é a carga crítica e os deslocamentos a ela correspondentes. Também
nota-se que quanto maior a imperfeição inicial maior será o deslocamento correspondente à
carga última e menos abrupta parece ser o colapso.

Figura 3.59 – Carga externa versus deslocamento horizontal na metade da coluna (imp: 8, 24 e
40mm).

A Figura 3.60 mostra os gráficos da carga externa versus o deslocamento axial na


extremidade superior da coluna para cada nível de imperfeição estudado. Nota-se claramente
o ganho de carga crítica gerado ao se usar estais em relação à coluna sem estes, assim como
um acréscimo subsequente de resistência ao se usar protensão nestes. Vale ressaltar que isto
ocorre até certo nível de protensão aplicado depois do qual a resistência do sistema global
começa a diminuir.

Figura 3.60 – Carga externa versus desl. vertical na metade da coluna (imp: 8, 24 e 40mm).

A Figura 3.61 apresenta os gráficos da carga aplicada versus carga na barra e no cabo
mais tracionado (que está na direção da imperfeição) para cada nível de imperfeição. Um
comportamento bem distinto pode ser observado entre os casos com barras ou cabos. Nos
196

casos com barras nota-se que as cargas nos estais permanecem constantes até um valor onde
passam a crescer até o colapso da estrutura. Já nas barras, a carga inicialmente decresce para
depois voltar a crescer. Estas observações são mais evidentes para colunas com menos
imperfeições sendo atenuadas com o aumento destas. Isto implica nos cabos aumentarem sua
carga mais cedo e a redução das cargas nas barras na fase inicial de carregamento ser menor.
Carga aplicada x Carga no estai mais tracionado (8mm)

90

80

70

60
Carga aplicada (kN)

50

40

B P=0 B P=0,17
30 B P=1,66 B P=3,31
B P=4,97 B P=5,80
B P=6,63 B P=7,46
20 B P=7,79 B P=8,29
B P=9,95 C P=0,03
C P=0,30 C P=2,97
10 C P=4,46 C P=5,06
C P=5,35 C P=5,95
C P=7,44 C P=8,93
C P=0
0
0 5 10 15 20 25
Carga no estai mais tracionado (kN)

Figura 3.61 – Carga externa versus carga no estai mais tracionado (imp: 8, 24 e 40mm).

Também foi possível observar que apesar das análises possibilitarem que a não
linearidade do material pudesse ser levada em conta (relacionada com a plastificação dos
cabos e barras e tubos adotados) os casos investigados apresentaram-se no regime elástico.
Naturalmente, isto se explica devido ao grande índice de esbeltez adotado na coluna
protendida (aproximadamente 400 considerando o comprimento de 12 metros e
aproximadamente 200 somente a metade deste). A Figura 3.62 apresenta a deformada típica
encontrada no ANSYS. No modelo analisado com cabos, a deformada ocorreu no primeiro
modo de flambagem e no modelo com barras (maior rigidez) ocorreu o segundo modo de
flambagem representado por duas ondas na coluna estaiada.
Após um extenso estudo do comportamento de colunas estaiadas pelo programa de
elementos finitos ANSYS concluiu-se que ao se colocar os estais na coluna, um incremento
significativo da carga crítica é determinado, e quanto mais rígido axialmente forem os estais,
maior é a sua influência no incremento da carga crítica. Para os níveis de rigidez axial dos
estais estudados, pode-se concluir que quanto maior for a imperfeição, menor é o efeito que a
protensão exerce na carga crítica. A rigidez axial dos estais também influencia o
comportamento da coluna estaiada. Tendo uma rigidez baixa, a coluna comporta-se de forma
não linear, enquanto que aumentando esta rigidez, o comportamento passa a ser linear. É
interessante observar que para as colunas avaliadas, a simples utilização de cabos sem
protensão aumenta a carga última do sistema em 100% e quando se usa o nível correto de
protensão este ganho pode subir para níveis da ordem de 200%. Também foi possível
observar que a carga ótima de protensão foi maior que 1% do valor da carga de projeto da
coluna para cada estai, como sugerido por E. Belenya [112].

Modo 1 Modo 2

Figura 3.62 – Primeiro e segundo modos de flambagem.

Duas alternativas foram criadas para avaliar a carga ótima para o sistema estrutural
sendo outra contribuição deste trabalho. A primeira faz-se através de uma relação da carga de
197

protensão pela carga crítica da coluna estaiada sem protensão. Esta alternativa depende do
sistema estrutural adotado sendo particular para um tipo de configuração estrutural. Já a
segunda baseia-se em uma relação da carga de protensão pela resistência individual do estai
sendo independente do sistema estrutural e de mais fácil compreensão para uso na construção
civil.
A modelagem com os estais foi fundamental para aferir sua influência sobre o
comportamento estrutural do sistema protendido estudado. A aplicação da protensão foi feita
por tentativas através de reduções dos comprimentos dos estais até que a força neles gerada
tivesse a magnitude da protensão desejada. Um estudo preliminar indicou que o uso do cabo
para redução dos deslocamentos iniciais do sistema devido ao efeito do peso próprio na
configuração horizontal adequada não influiu no comportamento estrutural do modelo. Isto
pode ser comprovado pelo comportamento estrutural muito similar entre os modelos
numéricos contendo ou não este cabo.
A modelagem não linear adotada não foi trivial demandando recomeços, mudanças do
tamanho dos passos, estratégias e critérios de convergência. Os apoios foram adotados para
simular as condições presentes nos experimentos restringindo movimentos de corpo rígido e
simulando um sistema biapoiado. O carregamento foi feito por meio de um deslocamento
axial no topo da coluna para um melhor controle da convergência em fases próximas ao
colapso estrutural.
As imperfeições presentes nos modelos experimentais foram incorporadas nas
simulações numéricas em termos de forma e amplitude sempre respeitando as tolerâncias de
fabricação usualmente adotadas nas normas. Algumas amplitudes de imperfeição máxima
foram investigadas demonstrando sua influência sobre o comportamento estrutural de colunas
estaiadas investigadas. Os modelos numéricos também se mostraram úteis para simulação do
esgastamento parcial em uma das extremidades da coluna presentes nos ensaios preliminares.
Casos limites considerando engaste e rótula foram avaliados servindo como limites para o
engastamento parcial presente.
Simulações numéricas também foram feitas nas células de cargas usadas nos estais de
modo a investigar possíveis desvios de suas leituras em virtude de excentricidades inevitáveis
devido ao diâmetro dos furos serem maiores do que as barras de aplicação da protensão. Estas
simulações mostraram que estas excentricidades tem um efeito desprezível sobre a
distribuição de tensões ao longo dos pontos onde são medidas as tensões para futuro cálculo
da força nos estais.
O efeito da protensão sobre o comportamento estrutural possibilitou distinguir dois
comportamentos distintos entre os sistemas com cabos e barras. Enquanto os sistemas com
cabos tiveram um ponto de protensão ótima a partir do qual a carga de colapso do sistema se
reduz, o mesmo não ocorreu nos sistemas com barras onde um aumento contínuo da carga do
sistema ocorreu até o ponto em que somente a protensão já conduzia ao colapso estrutural.

g. Modelagem de torres eólicas

A energia dos ventos é uma abundante fonte de energia renovável, limpa e disponível
amplamente. A utilização desta fonte energética para a geração de eletricidade, em escala
comercial, teve início há pouco mais de 30 anos e através da aplicação de conhecimentos da
indústria aeronáutica. Os equipamentos para geração de energia eólica evoluíram rapidamente
em termos de ideias e conceitos preliminares para produtos de alta tecnologia. Este trabalho
desenvolveu um modelo computacional que representa de forma satisfatória o comportamento
estrutural da torre eólica modelo MM92 da Repower. Para tanto, algumas simplificações do
modelo estrutural foram consideradas de forma a permitir uma satisfatória avaliação da
resposta estática e dinâmica para a torre eólica em estudo. Os efeitos da não linearidade do
material e geométrica, peso próprio da torre e dos equipamentos necessários para a sua
198

funcionalidade, e, bem como, a ação do vento sobre as pás da torre são consideradas na
metodologia de análise desenvolvida neste estudo, [113]- [115].
Um dos carregamentos mais importantes a ser considerado na análise das torres
eólicas em aço tem como origem o vento. A NBR 6123 cita que a obtenção da ação do vento
pode ser interpretada como um efeito dinâmico devido à turbulência atmosférica. A Figura
3.63 representa de forma simplificada a ação do vento empregada neste trabalho. A ação do
vento sobre as pás da hélice pode ser vista como um carregamento distribuído ao longo da
área de atuação - ver Figura 3.63. Para simplificar, porém mantendo coerência nos resultados,
adota-se uma força resultante equivalente ao carregamento distribuído, conforme a Figura
3.63. Nesta Figura, apresenta-se também a consideração do peso próprio.

Figura 3.63 – Representação da ação do vento sobre uma torre eólica.

A torre eólica de aço estudada neste trabalho refere-se ao modelo MM92 da Repower,
presente em diversos países como Espanha, Portugal e Alemanha possuindo uma capacidade
de gerar 2 MW de energia elétrica. A produção de energia elétrica está diretamente vinculada
à velocidade do vento na região onde as torres estão instaladas. O modelo MM92 começa a
produzir energia a partir de uma velocidade de 3 m/s e interrompe sua produção quando
atinge uma velocidade de 24 m/s.
O modelo MM92 possui um formato de um tronco cônico vazado divido em três
partes com a finalidade de facilitar o transporte e a montagem. A primeira possui uma altura
de 21,77 m, diâmetro na base de 4,30 m e no topo de 3,917 m, a segunda uma altura de 26,62
m, diâmetro na base de 3,917 m e no topo de 3,45 m e, finalmente, uma terceira com altura de
2,78 m com diâmetro na base de 3,45 m e no topo de 2,96 m, totalizando uma altura de 76,20
m. A Figura 3.64 ilustra as divisões da torre e um modelo da torre MM92 possuindo um
diâmetro externo máximo de 4300 mm localizado na base e 2955 mm no topo da torre. A
espessura da parede da torre varia ao longo de sua altura entre 30 mm na base e 12 mm no
topo. Na Figura 3.64 pode-se observar uma igualdade na medida dos diâmetros, para se ter na
superfície externa da torre uma continuidade, ou seja, uma superfície plana.
O sistema da ligação com parafusos é utilizado para conectar as partes da torre. Na
torre investigada emprega-se um total de 464 parafusos com diâmetro de 45 mm para ligação
da primeira parte com a fundação e com a segunda, de 39 mm ligando a segunda com a
terceira parte e de 30 mm ligando a terceira parte com o topo. Na ligação das partes da torre
surgem os enrijecedores, em virtude da espessura das mesas da ligação ser superior ao da
parede da torre. A Figura 3.64 ilustra uma das mesas da ligação utilizada na torre e o
enrijecedor criado pela ligação, partes da torre são conectadas por meio de mesas e por
possuírem espessuras maiores em relação à torre passam a existir nesta região, os
enrijecedores. A Figura 3.64 representa de forma esquemática um enrijecedor utilizado na
torre. Existem duas aberturas na torre, uma para acesso interno (maior) e outra para ventilação
(menor), ambas têm o formato de uma elipse com enrijecedor perpendicular a abertura ver
Figura 3.64.
199

Figura 3.64 - Torre MM92, Repower e esquema da ligação e do enrijecedor.

A parte superior da torre é composta por três pás de hélice medindo cada uma 45,20 m
fabricadas com resina plástica reforçadas com fibra de vidro e pesando cada uma 800 kg. As
pás são transportadas separadamente e engastadas ao rotor através de parafusos criando,
quando em funcionamento, uma superfície variada de 6.720 m2. O rotor da torre é responsável
em fazer girar a turbina e consequentemente, produzir a energia elétrica. A nacelle é o
conjunto de todos os equipamentos mecânicos e elétricos locados na parte superior da torre,
pesando 6900 kg.
Os modelos numéricos foram elaborados com base no método dos elementos finitos
utilizando-se elementos de casca SHELL181 presente na biblioteca de elementos finitos do
programa Ansys, versão 10.0. Este elemento é adequado para a análise de estruturas
compostas por cascas que apresentem espessuras finas e médias. O elemento SHELL181 tem
quatro nós com seis graus de liberdade por nó: translações nas direções X, Y e Z e rotações
em relação aos eixos X, Y e Z. Trata-se de um elemento adequado para a modelagem de
problemas estruturais que envolvam análise linear e não-linear física e geométrica.
Não-linearidades físicas e geométricas foram incorporadas aos modelos em elementos
finitos, a fim de se mobilizar totalmente a capacidade de resistência da torre a esforços
normais, de cisalhamento e de flexão, devido à ação de esforços globais. Adicionalmente, a
utilização da não linearidade geométrica permite a previsão de grandes deformações,
considerando a redistribuição de carregamento na torre após o escoamento inicial.
As condições de contorno da torre eólica de aço foram simuladas nos modelos
numéricos pela restrição do grau de liberdade apropriado, sendo considerado o impedimento
da rotação e translação dos eixos x, y e z, ou seja, uma base engastada. As malhas dos
modelos de elementos finitos foram definidas através de testes de validação de modelagem,
isto é, as análises modais dos modelos foram realizadas com diversas densidades de malhas e
à medida que as malhas iam sendo refinadas, as repostas das análises iam variando. Quando
os resultados convergiram para os resultados experimentais, ou seja, não apresentaram
variações significativas nos resultados, as malhas foram consideradas como aceitáveis. O
modelo final adotado foi constituído por 17094 elementos e 17124 nós, conforme apresentado
na Figura 3.65. Na modelagem das aberturas das portas foram consideradas todas as suas
características geométricas e também os enrijecedores. As pás das hélices, o rotor e a nacelle
foram representados por um elemento de casca, conforme Figura 3.65, com densidade
equivalente aos respectivos pesos.
200

Figura 3.65 - Detalhe estrutural e modelo em elementos finitos.

Os efeitos de empenamento e distorção das seções não foram considerados nesta


modelagem; considera-se que as tensões impostas não causam plastificação na seção
transversal dos elementos. Todavia, efeitos de segunda ordem foram levados em conta na
análise; considera-se que a ligação das partes da torre não sofre o efeito de cisalhamento. o
material da nacelle, rotor e hélice foram considerados como possuindo um comportamento
linear-elástico e isotrópico. Na parede da torre, na mesa e no enrijecedor da abertura das
portas, o modelo numérico tem um comportamento elasto-plástico bilinear com um
encruamento de 5%.
O objetivo da análise estática foi determinar o máximo deslocamento ocorrido na torre
eólica provocada por uma carga concentrada aplicada no centro do rotor, representando a
força resultante do vento atuando nas pás da hélice, conforme descrito anteriormente. A
Figura 3.66 ilustra a distribuição das tensões de von Mises ao longo da torre, pela ação do
vento de velocidade média de 36 m/s provocando um carregamento de 308,45 kN aplicado no
centro do rotor. Nesta análise, observa-se que a maior tensão de von Mises (97,2 MPa) foi
obtida junto à abertura da porta da torre e esta não excede o valor da tensão de escoamento do
aço de 355 MPa. O maior deslocamento ocorre no ponto de aplicação do carregamento, ou
seja, no centro do rotor, com valor de 510 mm. A Figura 3.66 ilustra também a distribuição
das tensões von Mises nos enrijecedores onde se encontram os menores das tensões de von
Mises. As maiores tensões de von Mises foram localizadas na região da abertura da porta e as
menores no topo da torre. Este fato justifica-se pela diferença na rigidez do material adotado
para a nacelle em relação ao da parede da torre. Também verificam-se valores menores nos
enrijecedores, evidenciando-se sua necessidade. Para uma verificação do estado limite de
utilização em torres metálicas correntes segundo o Eurocode 3, parte 3-2, o deslocamento
máximo permitido no topo destas estruturas é dado por h/50 onde h representa a altura da
torre. Utilizando-se os dados da torre eólica modelo MM92 da Repower encontra-se um valor
de 1,53 m superior aos 0,51 m provocados pelo vento.

Figura 3.66 – Distribuição das tensões de Von Mises devido ao carregamento de 308,45 kN e
possíveis posições para aplicação de carregamento.
201

Visando a obtenção do comportamento global da torre eólica mais próximo da


realidade, efetuou-se uma análise não-linear da mesma. A análise não-linear completa foi
executada no modelo estrutural que usa a não-linearidade do material e a geométrica. A carga
foi aplicada em termos de deslocamento no centro da nacelle da torre. O princípio para o
estudo da análise não-linear consiste em provocar um deslocamento no centro do rotor da
torre. Na análise numérica estática não-linear realizada, a não-linearidade do material foi
considerada através do critério de plastificação de von Mises por meio de uma lei constitutiva
tensão versus deformação bilinear de forma a exibir um comportamento elasto-plástico com
um encruamento de 5%. Adotou-se um módulo de elasticidade para o aço de 205 GPa e uma
tensão de escoamento de 355 MPa. A não-linearidade geométrica foi introduzida no modelo
através da Formulação de Lagrange atualizado. O programa Ansys 10.0 utiliza o método de
Newton-Raphson para resolução do sistema de equações não lineares. Este método baseia-se
na divisão da carga em uma série de incrementos, sendo aplicados em vários passos de carga.
Em cada passo de carga uma configuração de equilíbrio é gerada e um novo incremento é
aplicado e uma nova configuração de equilíbrio até se concluir o número total de incrementos.
A análise não linear foi executada a partir da aplicação de deslocamento no centro do rotor da
torre na direção do eixo x (vento a 0o), na direção do eixo z (vento a 90o) e a 45o graus da
direção entre os eixos x e z (vento a 45o). A Figura 3.67 ilustra as três diferentes posições da
nacelle adotada para a aplicação de carregamento. Isto se justifica pelo fato da nacelle da torre
ter a mesma direção do vento. As análises consideraram para as três posições estudadas
tensões de compressão nas áreas de abertura. Na Figura 3.67 apresentam-se os gráficos
referentes aos carregamentos a 0º, 90º e 45º agindo no centro do rotor da torre versus o
deslocamento no ponto de aplicação da carga resultante da ação do vento sobre as pás da
hélice.

1800 1800 1800


3 3
1600 1600 1600 3
2 2 2
1400 1400 1400
1 1
1200
Força (kN)

1200 1 1200
4
Força (kN)
Força (kN)

1000 1000 1000


4 800 800 4
800
600 600
600
400
400 400
200
200 200
0
0 0
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3
Deslocamento no topo (m) Deslocamento no Topo (m) Deslocamento no topo (m)

Figura 3.67 – Curvas carregamento do vento versus deslocamento. vento: 0o, 90o e 45º.

A Figura 3.68 ilustra para o caso de vento a 0o a distribuição das tensões de von Mises
correspondente aos pontos 1, 2, 3 e 4 da Figura 3.67, onde observa-se o início do surgimento
de valores destas tensões próximos da tensão de escoamento entre os enrijecedores e na região
próxima a abertura da porta, correspondendo a um carregamento aplicado de 1327,65 kN. O
ponto 2 corresponde a um carregamento aplicado de 1491,00 kN e deslocamento de 2,56 m e
pode-se observar que há um aumento de regiões com valores de tensões de von Mises iguais a
tensão de escoamento do material indicando o início de plastificação da seção crítica da torre,
porém ainda não comprometendo a estrutura da mesma. A ocorrência de flambagem local
pode ser observada para um deslocamento aplicado de 2,703 m correspondente a um
carregamento de 1559,92 kN referente ao ponto 3. A plastificação ao redor da abertura da
porta continua a aumentar no ponto 4 com o deslocamento máximo de 2,80 m e carregamento
de 832,38 kN, a região onde a flambagem local ocorreu apresenta uma deformação elevada e
surge uma nova distribuição para as tensões de von Mises o que causa um alívio nas regiões
onde havia grandes concentrações de tensões. Observa-se pelo detalhe na abertura da porta,
uma região em compressão devido à direção do vento utilizada, ou seja, 0o, coincidindo com a
direção paralela ao eixo x.
202

Figura 3.68 – Distribuição de tensões de Von Mises - casos com vento a 0o - pontos 1, 2, 3 e 4.

Na Figura 3.69, para o caso vento 90o, o nível de carga aplicado foi de 1497,06 kN
com deslocamento correspondente de 2,50m referindo-se ao ponto 2 da Figura 3.67, onde
pode-se constatar que a torre nas mesmas regiões descritas anteriormente, apresenta um
aumento de regiões com ocorrência de plastificação. Posteriormente, quando o deslocamento
aplicado atinge o valor de 2,79m correspondente ao ponto 3 da Figura 3.67, ocorre a
flambagem local na região entre os enrijecedores. Aplicando um deslocamento máximo de
2,85 m, ver Figura 25, correspondente a um carregamento de 1245,33 kN a região onde a
flambagem local se iniciou apresenta valores significativos da tensão de von Mises, criando
uma nova distribuição para as tensões em outras regiões causando um alívio nas outras partes
da torre, como por exemplo, na abertura de ventilação.
Na Figura 3.70 são apresentadas as distribuições das tensões de von Mises para o caso
de vento a 45o ao longo da torre para níveis de carregamento correspondentes aos pontos em
destaque no gráfico da Figura 3.67. No ponto 1 da Figura 3.67, ocorre o aparecimento de
tensões de von Mises elevadas entre os enrijecedores da torre, para um carregamento de
1217,30 kN com deslocamento de 2,02 m. Analisando-se o ponto 2 da Figura 3.67 com
carregamento de 1419,93 kN para um deslocamento de 2,37 m, percebe-se que há um
aumento na distribuição das tensões de von Mises entre os enrijecedores da torre. No ponto 3
da Figura 3.67 observa-se o aparecimento de uma flambagem local com carregamento
máximo de 1542,73 kN e com deslocamento correspondente a 2,66 m. Por fim, no ponto 4 da
Figura 3.67, observa-se a deformação da seção devido a flambagem local e também a
redistribuição das tensões ao longo da torre, para um carregamento de 738,28 kN com
deslocamento de 2,74 m. Nos detalhes da abertura da porta e da ventilação não há uma
concentração intensa de tensões como ocorrida anteriormente, devido a direção do vento.
203

Figura 3.69 – Distribuição de tensões de Von Mises caso vento 90o pontos 1, 2, 3, 4.

Da observação da Figura 3.67 pode-se notar que a ação do vento a 90o representou a
maior carga última, seguida da ação do vento a 0o e finalmente, do carregamento para vento a
45o. A diferença entre a resistência máxima e mínima é de 3,52%. Uma sugestão para
solucionar o aparecimento da flambagem local na torre eólica modelo MM92 da Repower
poderia ser a adoção de enrijecedores nos locais e/ou o aumento na espessura da parede da
torre onde ocorreu a flambagem local. As aberturas da torre foram os locais onde se iniciou o
escoamento na torre. Para resolver este problema, uma nova configuração de enrijecedores ou
o aumento da espessura da parede próximo das aberturas deve ser efetuado.
Este trabalho teve como objetivo o estudo do comportamento estático de uma torre
eólica modelo MM92 da Repower. Esta avaliação foi executada, por meio do emprego de
técnicas usuais de discretização, via método dos elementos finitos. Os comportamentos
estáticos não lineares foram analisados através da aplicação de carregamentos que simulam a
ação do vento sobre as pás da hélice da torre analisada. O método numérico dos elementos
finitos demonstrou-se bastante útil e preciso na avaliação do comportamento estrutural da
torre eólica estudada. Sua utilização mostrou-se eficaz na previsão das análises estática linear
e não linear quando comparada com resultados experimentais. Foi verificado que o
carregamento resultante avaliado não gerou uma tensão maior que a tensão de escoamento
fato que a princípio, garante a sua segurança estrutural. Todavia, esta afirmação deve ser
tomada com cuidado dado a aproximação feita dos carregamentos de vento atuante. Mostrou-
se que a torre eólica em uma análise não-linear apresentou seu colapso associado a
flambagem local. Os valores de tensão máxima mostraram ter pouca variação quando a
direção do carregamento aplicado foi variado, simulando as possíveis direções do vento
incidente na torre eólica.
204

Figura 3.70 - Distribuição de tensões de Von Mises caso vento 45o pontos 1, 2, 3, 4.

A modelagem da torre primeiro envolveu a determinação das imperfeições a serem


incorporadas no modelo. Para tal usou-se a referente à primeira carga de flambagem em uma
análise de autovalores e autovetores. Neste caso específico, apesar de se saber que nem
sempre esta é a imperfeição que leva ao pior desempenho estrutural, pois isto nem sempre é
verdade fora do regime elástico, não havia nenhuma outra forma evidente que motivasse sua
adoção. A amplitude máxima de imperfeição adotada foi estabelecida de forma a estar de
acordo com os limites de tolerância máximos presentes nas normas de fabricação de estruturas
de aço. Uma análise de sensibilidade do refinamento da malha foi executada e os tipos de
apoio adotados usaram os mesmos princípios descritos nos exemplos anteriores.
Como a direção do vento é desconhecida, casos de carregamento associados a direções
de 0 e 90 o foram adotadas. Mais uma vez o carregamento foi simulado por um deslocamento
o

equivalente para facilitar o controle da convergência. Um dos aspectos mais interessantes foi
a avaliação da influência das aberturas sobre possíveis concentrações de tensão em seu
entorno. Mais uma vez a convergência próxima ao colapso foi complexa suscitando as
estratégias de solução já comentadas anteriormente.
Uma vez mais o controle da aplicação da carga foi feito através da aplicação de um
deslocamento equivalente possibilitando seu maior controle nas regiões próximas ao seu
colapso. A convergência também mostrou-se difícil em alguns casos levando ao uso de um
tamanho de passo de carga reduzido. Também foi preciso alterar os critérios de convergência
adotados em termos de sua máxima tolerância e qual variável deveria ser controlada
(deslocamento, força, momento, rotação, energia, etc.).

h. Comportamento a tração de placas de aço inoxidável com parafusos defasados

Este trabalho apresenta o desenvolvimento de um modelo de elementos finitos para


investigar a resistência a tração de placas de cobrejunta com o programa Ansys [32]. O
modelo numérico adotou elementos sólidos (SOLID45), com oito nós e três graus de
liberdade por nó. A malha foi escolhida para que os elementos tivessem uma proporção e
205

tamanho para evitar problemas numéricos. Elementos de contato (CONTA174 e TARGE170)


da biblioteca do Ansys foram usados entre as placas e entre os furos e o corpo dos parafusos.
A carga foi aplicada por meio de deslocamentos axiais na placa de carga, como apresentado
na Figura 3.71. Nesta Figura, também é possível observar que a cabeça do parafuso e as
porcas foram simulados com restrições nos deslocamentos no eixo Z na área adjacente ao
furo.

Figura 3.71 – Modelo de elementos finitos típico e elementos de contato.

Em Kim & Kuwamura, [116], é apresentada uma modelagem de uma ligação


aparafusada em aço inoxidável austenítico SUS304, simulando elementos de contato. Os
resultados obtidos neste trabalho foram comparados com resultados experimentais obtidos por
Kim & Kuwamura, [116]. O trabalho experimental realizado por Kim & Kuwamura, [116]
considerou três diferentes configurações de furos, como ilustrado na Figura 3.72,
caracterizado por apenas um plano de cisalhamento, constituído de chapas de aço inoxidável
austenítico SUS304, com 1,5 mm e 3 mm de espessura, utilizando parafusos com diâmetro de
12 mm (A2-50; SUS parafuso comum ou 10T-SUS, parafusos de alta resistência). As duas
extremidades das amostras foram fixadas através de garras em uma máquina universal de
ensaios - Amsler, através da qual uma força foi aplicada gradualmente na amostra do ensaio.

Serie SA Serie SB Serie SC


Figura 3.72 - Geometria das ligações [116].

A curva tensão versus deformação nominal dos ensaios e usada nesta modelagem para
o aço inoxidável SUS304 está ilustrada na Figura 3.73, junto com a curva tensão versus
deformação verdadeira.

1600

1400

1200
Stress (MPa)

1000

800

600

400
nominal stress
200
true stress
0
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
Strain

Figura 3.73 - Curvas tensão vs Deformação para o aço inoxidável A304.


206

Para fazer uma avaliação entre os resultados experimentais e numéricos foi escolhido
o ensaio SA2-2, que apresentou uma carga última experimental no valor de 48,05 kN, e a
melhor carga última obtida no modelo numérico do Kim & Kuwamura, [116] que foi de 44,85
kN, Figura 3.74. Este trabalho mostra que não há influência do comprimento da chapa quando
se adota um valor igual ou acima a 150 mm para a análise, visto que a carga última e o modo
de ruína da ligação aparafusada não se modificam com a mudança do comprimento. Desta
forma, para o presente modelo, o comprimento adotado foi de 150 mm. A carga foi aplicada a
partir de incrementos de deslocamento, sendo estes, divididos em sub-passos, e para o
parâmetro de convergência de descolamento foi utilizado o valor de tolerância de 0,01.

Figura 3.74 - Carga versus deslocamento - modelo numérico SA2-2.

Ao analisar o gráfico da Figura 3.74, nota-se que os modelos 2 e 3 possuem


comportamentos bem próximos. O modelo 1 apresentou um comportamento semelhante aos
outros dois modelos até um deslocamento de aproximadamente 5 mm. A partir deste ponto, o
primeiro modelo apresentou um comportamento diferente, resultando em uma carga última
bem maior que o ensaio experimental. Após análise dos resultados, observa-se que o modelo
que apresentou uma carga última mais próxima do ensaio experimental foi o modelo 3,
ressaltando também que o modo de falha observado para este modelo foi idêntico aos
resultados experimentais e numéricos citados por Kim & Kuwamura, [116].
Para a análise dos resultados experimentais e numéricos com a ligação apresentando
dois furos foi escolhido o ensaio SB2-4, que apresentou como carga última experimental o
valor de 85,62 kN, sendo que a melhor carga última obtida no modelo numérico do Kim &
Kuwamura, [116] foi de 86,81 kN, Figura 3.75. Novamente, o trabalho do Kim & Kuwamura,
[116] mostra que não há influência do comprimento da chapa quando se adota um valor acima
de 150 mm para a análise, visto que a carga última e o modo de ruína da ligação aparafusada
não se modificam com a mudança do comprimento. Desta forma, para o presente modelo, o
comprimento adotado foi de 230 mm.
Ao analisar o gráfico da Figura 3.75, nota-se que as curvas dos três modelos
apresentaram comportamentos similares até um deslocamento igual a 30 mm, porém para o
modelo 1, houve um deslocamento maior para atingir a carga última. Vale ainda ressaltar que
o modelo 3 apresentou o menor deslocamento. O resultado encontrado pode ter sido
influenciado pelos elementos que formam a malha de elementos finitos do modelo 1, pois
estes elementos são maiores do que os outros modelos, resultando assim, uma identificação
menos precisa das zonas de grande concentração de tensão. Para a análise da ligação com
quatro furos foi escolhido o ensaio SC2-4, que apresentou como carga última experimental de
162,32 kN, sendo o valor de carga última obtida no modelo numérico do Kim e Kim &
Kuwamura, [116] de 152,79 kN, Figura 3.75. Assim, como nos dois modelos anteriores, foi
utilizado um comprimento de 240 mm para a chapa, visto que no trabalho do Kim &
Kuwamura, [116] este valor não invalida os resultados.
207

Figura 3.75 - Carga versus deslocamento - modelos numéricos SB2-4 e SC2-4.

Pode-se observar na Figura 3.75, que os três modelos apresentaram comportamentos


similares até um deslocamento de 10 mm, porém o modelo malha 2 apresentou resultados
mais satisfatórios que os modelos com as malhas 1 e 3, respectivamente. Ao analisar o gráfico
da Figura 3.75 e a deformada da chapa, também se verificou o chamado efeito “curling”, que
é uma deformação da borda da chapa para fora do plano. Este efeito ocorre quando a distância
entre o furo e a borda da chapa é muito grande. Analisando a carga última, observa-se que a
mesma não foi afetada, pois o valor obtido ocorreu após o efeito “curling”. Observa-se que o
modelo proposto conseguiu reproduzir o modo de falha do trabalho do Kim & Kuwamura,
[116] e encontrar uma carga última bem próxima a obtida no ensaio experimental
Um programa experimental inovador foi usado para avaliar a capacidade resistente à
tração de placas de aço carbono e inoxidável com parafusos defasados [22]. Os experimentos
envolveram ligações aparafusadas feitas de aço inoxidável A304 e carbono. As ligações foram
feitas com duas placas de 3 mm de espessura em aço inox e carbono e duas chapas de aço
carbono com 15 mm de espessura usadas para transferir as cargas para a chapa de 3 mm com
uma folga de 5 mm. A distancia horizontal entre os parafusos, s, foi modificado em cada teste
e a distancia vertical entre os parafusos, p, foi igual a 55 milímetros.
As curvas obtidas nos ensaios de tração apresentaram um comportamento para o aço
inoxidável não-linear. A tensão de escoamento do aço inoxidável foi determinada utilizando
uma linha reta paralela à rigidez inicial em uma deformação de 0,2%, gerando um valor igual
a 350,6 MPa enquanto a tensão de ruptura a tração foi 710,7 MPa. Para o aço carbono, estes
valores foram iguais a 386,8MPa e 478.7 Mpa, respectivamente. As curvas tensão versus
deformação verdadeiras foram utilizadas na modelagem de elementos finitos devido às
grandes deformações e tensões associadas ao problema investigado onde t, t, fy, e ,n
representam as tensões e deformações verdadeiras, a tensão de escoamento e a deformação
medida original, respectivamente.

 t  f y (1   n )  t  ln( 1   n )

A Figura 3.76 apresenta uma malha típica do modelo que simula estes ensaios onde
apenas a metade da ligação foi considerada usando condições de contorno relativas à simetria
suficientes para caracterizar os estados limites últimos da ligação. As propriedades dos
materiais consideradas foram: módulo de elasticidade igual a 210 GPa e coeficiente de
Poisson igual a 0,3. Como mencionado anteriormente, curvas tensão versus deformação
verdadeiras para o aço inoxidável com um comportamento não-linear foram adotadas usando
resultados de corpos de prova [22].
208

Figura 3.76 - Modelo de elementos finitos e elementos de contato.

Uma análise não-linear completa foi realizada para o modelo numérico desenvolvido.
A não-linearidade do material foi considerada usando um critério de escoamento de von
Mises associado a uma relação multilinear tensão versus deformação e uma lei de
encruamento isotrópica. A não linearidade geométrica foi introduzida no modelo usando uma
formulação Lagrangeana atualizada. Este procedimento representa a avaliação estrutural
completa das ligações estudadas e pode ser avaliada com distribuições de tensão (que
detectam, entre outros dados, o primeiro escoamento), ou com curvas força versus
deslocamento para qualquer nó da ligação. Na Figura 3.77 são apresentadas as curvas carga
versus deslocamento para a placa individualmente em cada ensaio, onde se pode verificar que
as cargas últimas encontradas nos ensaios E5_INOX_S50, E7_INOX_S30 e E9_INOX_S23
foram 389 kN, 389 kN e 385 kN, respectivamente. Observa-se que em todos os modelos
numéricos, a carga máxima encontrada está compreendida entre a carga preconizada pelo
Eurocode 3, [21], e a carga experimental.

Ensaios E5_INOX_S50, E5_INOX_S30 e E5_INOX_S23


Figura 3.77 - Carga versus deslocamento da curva Experimental.

Verifica-se na Figura 3.78 a distribuição de tensões de von Mises para os três modelos
reproduzidos, nos quais, existem tensões elevadas entre a borda da placa e o furo para todos
os modelos. No modelo correspondente ao ensaio E5_INOX_S50 há, pela distribuição de
tensões, ruptura da seção líquida da chapa de aço inoxidável passando por dois furos. Este
modo de ruína foi o mesmo ocorrido no ensaio experimental. No modelo numérico referente
ao ensaio E7_INOX_S30, observa-se que não é claramente identificada a seção de ruptura da
seção líquida, ou seja, ela poderá ocorrer passando por dois ou três furos. No caso do modelo
E9_INOX_S23, a ruptura ocorre na seção líquida da chapa, passando por três furos, fato
constatado também no ensaio experimental.
209

Figura 3.78 – Distribuições de tensões de von Mises (MPa) – carga última.

De modo a analisar o modo de ruína, no que diz respeito a ruptura da área líquida da
seção, a Figura 3.79 mostra as curvas carga versus deformação para um ponto situado na
seção com dois furos no eixo de simetria horizontal. Verifica-se que quanto maior for a
distância horizontal entre furos, parâmetro s, menor é a solicitação no parafuso da seção
adjacente. Por exemplo, para um nível de carga aplicada de 250 kN, tem-se a curva mais a
esquerda com um nível de deformação inferior aos demais evidenciando a ruptura na seção
com 3 furos. Por outro lado, para este nível de carga aplicada, o modelo do ensaio
E5_INOX_S50, evidencia que a ruína ocorre na seção com 2 furos.

Figura 3.79 - Carga versus deformação – todos os modelos numéricos.

O presente trabalho teve como objetivo avaliar a resistência a tração de elementos


estruturais com furação defasada em aço inoxidável. A metodologia empregada consistiu no
desenvolvimento de um modelo numérico, baseado no método dos elementos finitos. Os
valores de carga última para todos os modelos foram menores que os obtidos nos ensaios
experimentais. Pode-se atribuir ao fato de que os modelos numéricos são uma forma
idealizada de representar as ligações, sem imperfeições.
A modelagem do aço inoxidável demandou que o material fosse simulado através das
curvas tensão versus deformação verdadeiras já discutidas anteriormente. Isto se deve ao fato
de que o aço austenítico atinge grandes deformações com limites de ruptura em torno de 60%.
As condições de contorno tiveram que ser implementadas com cuidado de forma a não gerar
tensões adicionais nos modelos sob tração mascarando o seu comportamento real. O contato
entre os elementos também foi implementado assumindo um coeficiente de atrito da ordem de
0,25 para simular a transmissão dos esforços entre as placas e entre as placas e os parafusos.
Na interface, os graus de liberdade livre restringiram-se a direção do carregamento axial de
modo a não gerar assimetrias e deslocamentos entre as diversas placas. Também é
interessante observar que o efeito de confinamento das regiões da placa sob a cabeça dos
parafusos e sob as porcas foi simulada com restrições dos nós das placas nestas regiões a
deslocamentos para fora do plano. Esta estratégia foi usada para evitar abaulamentos das
placas nestas regiões que não ocorrem nos experimentos devido ao confinamento dado pelos
parafusos.
A aplicação do carregamento foi feita por meio de um único deslocamento de um nó
externo à placa ligado a todos os nós da placa na face externa. Isto possibilitou um melhor
210

controle da aplicação do carregamento nas fases próximas ao colapso estrutural. A


convergência dos modelos não foi simples em fases avançadas do carregamento gerando a
necessidade de recomeços, reduções nos tamanhos dos passos de carregamento e mudanças
nos critérios de convergência adotados (deslocamentos, rotações, forças, momentos e
energia). A estratégia de solução não linear adotada foi o método de Newton Raphson
completo e modificado dependendo do estágio de carregamento.
Os vários tipos de colapso associados à ruptura a tração na seção líquida efetiva
passando por dois ou três furos foi identificada através da distribuição de tensões nestas
regiões. Nos modelos estudados não houve colapso associado ao esmagamento da placa,
escoamento da seção bruta ou mesmo ruptura dos parafusos por corte. Todavia, a modelagem
adotada mostrou-se capaz de identificar estes estados limites últimos quando estes
controlarem o dimensionamento estrutural.

i. Avaliação estrutural de vigas de aço com aberturas na alma

Modelos de elementos finitos foram desenvolvidos para simular o comportamento


estrutural de vigas de aço com aberturas de alma, [120], [121]. Estes modelos foram
calibrados com investigações numéricas feitas por Chung et al. [122] - [124] e por resultados
experimentais realizados por Redwood & Mccutcheon, [125]. Não linearidades físicas e
geométricas foram incorporadas no modelo de elementos finitos para simular os fenômenos
de colapso e permitir o desenvolvimento de tensões elevadas na alma da viga de aço devido à
redistribuição de esforços que ocorre ao longo da abertura na alma após o primeiro
aparecimento do escoamento. Esta estratégia permite uma avaliação detalhada do colapso tipo
Vierendeel representado pela formação sucessiva de rótulas plásticas.
Os modelos numéricos adotaram elementos finitos de casca (SHELL181) presentes no
programa ANSYS [32], que apresentam quatro nós com seis graus de liberdade por nó. As
cargas e apoios presentes nas vigas foram simulados usando restrições sobre nós adequados
no modelo numérico. Uma análise de sensibilidade de malhas de elementos finitos foi
realizada para garantir que o modelo estava devidamente refinado para representar
adequadamente o fenômeno investigado. A não linearidade do material foi considerada no
modelo por meio de um comportamento elasto plástico bilinear com um encruamento de 5%.
As tensões de ruptura e escoamento, bem como as propriedades geométricas de vigas de aço
simuladas com uma única abertura adotaram os valores presentes nos experimentos, Redwood
& Mccutcheon [125]. Todas as vigas modeladas foram consideradas biapoiadas e, para
garantir que o colapso do modelo não ocorresse por uma flambagem lateral, ou local no ponto
de aplicação de carga ou apoios, todos os deslocamentos laterais da mesa superior da viga
foram impedidos e enrijecedores transversais foram usados no ponto de aplicação de carga e
nos apoios.
Os resultados numéricos aqui apresentados foram elaborados com o material e
geometria usados por Chung et al. [122] - [124]. Uma comparação direta dos resultados do
presente trabalho com os resultados de Chung et al. [122] - [124] confirma a precisão do
modelo de elementos finitos proposto que também foi usado em uma análise paramétrica
subsequente de vigas de aço com aberturas de alma. Os modelos adotados no âmbito do
presente investigação estão representados na Figura 3.80.

Figura 3.80 - Modelos de elementos finitos das vigas 2A e 3A.


211

Os modelos de elementos finitos desenvolvidos são semelhantes aos modelos


desenvolvidos por Chung et al. [122] - [124]. A malha foi refinada perto da abertura da alma
para permitir que o modelo representasse fielmente os efeitos relacionados com a
concentração de tensões, o início do escoamento na alma e nas mesas e a formação de rótulas
plásticas que caracteriza o mecanismo de colapso tipo Vierendeel. Os apoios das vigas foram
criados para reproduzir as condições biapoiadas assim como os apoios laterais que foram
impostos a mesa superior da viga para impedir a ocorrência de flambagem lateral. Uma
comparação dos resultados presentes com os de Chung et al. [122] - [124] em termos de
distribuições de escoamento na alma viga perto das aberturas com um aumento da carga
aplicada pode ser visto na Figura 3.81. Os modelos de Chung et al. [122] - [124] para viga 2A
são muito semelhantes aos resultados da presente investigação. Ambas as distribuições
numéricas estão também de acordo com os experimentos de Redwood & Mccutcheon, [125],
validando o modelo numérico proposto.

Figura 3.81 - Distribuições de tensão de von Mises na seção perfurada (MPa) viga 2A.

A calibração dos modelos desenvolvidos também foi feita através de gráficos


comparativos contendo os resultados experimentais de Redwood & Mccutcheon, [125]. A
Figura 3.82 retrata curvas de momento no centro da abertura na alma versus deslocamento
vertical no centro do vão para as vigas 2A e 3A. As curvas indicam que o modelo conseguiu
representar razoavelmente os testes, especialmente na faixa elástica. Na fase plástica,
observou-se uma ligeira diferença entre os resultados numéricos e experimentais. Esta
diferença pode ser atribuída ao encruamento de 5% e/ou ao módulo de elasticidade adotado
(205000MPa) nos modelos numéricos. Outra razão para esta diferença pode estar relacionada
com as tensões residuais induzidas pelos processos de soldagem/laminação ou por
imperfeições geométricas que não foram incorporadas nos modelos numéricos.
Os resultados das simulações permitiram o prosseguimento destes estudos através de
uma análise paramétrica abrangente de vigas de aço com aberturas de alma. Uma visão geral
dos parâmetros investigados nas vigas com perfis IPE 500 e IPE 750 incluiram a) o tipo do
perfil de aço, b) a posição relativa no vão da abertura na alma, c) a altura da abertura frente a
altura do perfil, d) o vão da viga, e) a geometria da abertura e f) a posição relativa no vão da
carga concentrada aplicada. Deve ser observado que aberturas retangulares foram simuladas
com o comprimento da abertura igual ao dobro de sua altura.
212

80 80

70 70

Bending Moment (kN.m)

Bending Moment (kN.m)


60 60

50 50

40 40

30 30

20 Beam 2A - FEM 20 Beam 3A - FEM

10 Beam 2A - Experimental 10 Beam 3A - Experimental

0 0
0 5 10 15 20 25 0 5 10 15 20 25 30
Displacement (mm) Displacement (mm)

Figura 3.82 - Comparação de resultados experimentais e numéricos vigas 2A & 3A.

A Figura 3.83 apresenta a variação do momento no centro da abertura na alma versus


deslocamento vertical no ponto de aplicação da carga para os espécimes 1, 3 e 5. Com esta
Figura é possível concluir que os maiores momentos últimos foram associados com a viga de
abertura quadrada, seguida de perto pela viga com uma abertura circular e que uma redução
de 35% do momento último foi observada na viga com abertura retangular. As vigas com
aberturas circulares e quadradas apresentaram uma resposta estrutural semelhante e com
colapsos associados a uma interação entre o mecanismo Vierendeel e o colapso por flexão no
ponto de aplicação de carga. Por outro lado, a viga com uma abertura retangular teve um
mecanismo abrupto de colapso Vierendeel sem a presença de um patamar de escoamento.

800 I

700 H

600
Bending Moment (kN.m)

F
500 E
G
400
D

300 C
B
A
200

100

0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Displacement (mm)

Rectangular Opening Square Opening Circular opening

Figura 3.83 – Curvas momento versus deslocamento vertical.

As Figuras 3.84 a 3.86 ilustram uma evolução da distribuição de tensões de von Mises
para os modelos 1, 3 e 5. Os níveis de carga que estão representados na Figura 3.83 pelas
letras "A" até "I" indicam as magnitudes de carga associadas com deslocamentos verticais de
9 mm ("A", "B" & "C"), 18 mm ("D", "E" & "F") e o correspondente ao momento último
("G", "H" & "Eu") para vigas com aberturas quadradas, circulares e retangulares,
respectivamente.

Figura 3.84 - Distribuições de tensão de von Mises (MPa) associada a flechas de 9, 18mm & colapso
devido a uma carga concentrada (furo retangular, pontos A, D & G) (MPa).
213

Figura 3.85 - Distribuições de tensão de von Mises (MPa) associada a flechas de 9, 18mm & colapso
devido a uma carga concentrada (furo quadrado, pontos A, D & G) (MPa).

Figura 3.86 - Distribuições de tensão de von Mises (MPa) associada a flechas de 9, 18mm & colapso
devido a uma carga concentrada (furo circular, pontos A, D & G) (MPa).

As Figuras 3.84 a 3.86 indicaram que apesar do raio de concordância do canto adotado
ter sido igual a duas vezes a espessura da alma, pontos de concentração de tensão formaram-
se no canto das aberturas de vigas com aberturas quadradas e retangulares. A concentração de
tensão aumenta e é redistribuída em toda a alma com um aumento da carga aplicada até que
um ou mais rótulas plásticas são formadas. As vigas com aberturas retangulares apresentaram
um colapso associado com mecanismos Vierendeel simples. O colapso das vigas com
aberturas quadradas foi associado com uma interação entre o mecanismo de Vierendeel e os
colapsos por flexão no ponto de aplicação da carga.
A viga com uma abertura circular tendeu a apresentar um colapso associado com uma
flexão no ponto de aplicação da carga, mas também apresentou um colapso relacionado a uma
interação entre o mecanismo de Vierendeel e flexão no ponto de aplicação da carga se o ponto
de aplicação de carga fosse situado perto da abertura. A Figura 3.87 ilustra a evolução da
distribuição de tensões de Von Mises, no ponto de momento máximo para os modelos 13, 15
e 17. Com estes resultados é possível concluir que em todas as vigas o colapso foi associado
com a formação de quatro rótulas plásticas nas extremidades de abertura, claramente
caracterizando o mecanismo de colapso tipo Vierendeel.

Figura 3.87 - Distribuições de tensão de von Mises (MPa) associada no colapso devido a uma carga
concentrada (furos retangular, quadrado circular, sem enrijecedores) (MPa).
214

A Figura 3.88 apresenta a variação do momento no centro da abertura da alma versus


deslocamento vertical no ponto de aplicação da carga para os espécimes 13, 15 e 17. Com esta
Figura é possível concluir que todas as vigas apresentaram uma plastificação considerável
antes do colapso devido a uma redistribuição de tensões crescente que ocorreu no extremo da
abertura da alma da viga até a formação das rótulas plásticas. Também é possível observar
que a viga com uma abertura circular apresentou uma carga máxima cinco e duas vezes e
meia maiores que as cargas últimas associadas com vigas com aberturas retangulares e
quadradas, respectivamente. Estes resultados podem ser atribuídos a melhor redistribuição de
tensões alcançada com a configuração de abertura circular que levou a redução da
concentração de tensões na região da borda da abertura da alma. Também foi possível notar
que vigas com aberturas retangulares e quadradas foram associadas com altas concentrações
de tensão na região da borda da abertura da alma, corroborando a ideia de que um raio de
concordância igual a duas vezes a espessura da alma, como usado nestas regiões, foi
apropriado.

600

500
Bending Moment (kN.m)

400

300

200

100

0
0 10 20 30 40 50 60
Displacement (mm)
Rectangular Opening Square Opening Circular Opening

Figura 3.88 - Momento versus deslocamento vertical & detalhe do enrijecedor longitudinal.

Vigas com aberturas quadradas e retangulares e alturas iguais a 0,75h tiveram sua
capacidade estrutural severamente comprometida. Apesar disso, há situações onde não é
possível evitar a utilização destas aberturas. Para estes casos a utilização de enrijecedores
longitudinais soldados junto aos lados horizontais das aberturas são fortemente sugerida pelas
melhores práticas estruturais e normas de dimensionamento. Para verificar a eficiência
estrutural destes enrijecedores, três vigas foram simuladas com e sem enrijecedores.
Estas vigas tiveram as mesmas características de algumas das simulações numéricas
realizadas na análise paramétrica (ou seja, modelos 13, 15 & 17). Os enrijecedores
longitudinais foram modelados com as características geométricas ilustradas na Figura 3.88.
A Figura 3.89 indica que a presença de enrijecedores permite uma melhor redistribuição das
tensões ao longo das aberturas na alma (em comparação com os resultados representados na
Figura 3.87) e contribuem para um aumento da capacidade de carga das vigas. Apesar deste
efeito benéfico, o mecanismo Vierendeel ainda foi o modo de colapso destas vigas.

Figura 3.89 - Distribuições de tensão de von Mises (MPa) no colapso devido a uma carga concentrada
(furos retangular, quadrado circular, com enrijecedores) (MPa).
215

Os enrijecedores dobraram e triplicaram a capacidade de carga de vigas com aberturas


retangulares e quadradas, respectivamente. Quando foi feita uma comparação das soluções
enrijecidas e sem enrijecedores, mesmo as vigas com aberturas circulares geraram um
aumento de 20% na capacidade de carga das vigas. O uso de enrijecedores longitudinais no
lado horizontal das aberturas é altamente recomendável para vigas com alturas de abertura
superiores a 500 mm. Os enrijecedores longitudinais permitem uma melhor redistribuição de
tensão em torno da região da abertura contribuindo para um aumento da capacidade de carga
última das vigas.
A modelagem numérica inicialmente contemplou um estudo de sensibilidade da malha
e das imperfeições a serem adotadas no modelo numérico. O modelo conseguiu representar
com precisão o desenvolvimento dos mecanismos plásticos que usualmente controlam o seu
dimensionamento em termos qualitativos e quantitativos. A modelagem também contemplou
a avaliação das dimensões e forma das aberturas assim como sua posição relativa aos apoios e
ao ponto de aplicação da carga. Um estudo interessante também foi feito sobre a influência do
uso de enrijecedores próximos a estas aberturas e quais foram os ganhos de resistência obtidos
com o seu uso.

j. Modelagem de ligações semirrígidas com placas de extremidade e interação


flexão - esforço axial

Os ensaios experimentais que foram usados para calibrar o modelo numérico foram
realizados por Lima [47] - [51], e serviram de base para a comparação com os resultados
numéricos, [126] - [128]. Em relação aos esforços aplicados, foram utilizados três tipos de
carregamentos: primeiro, o ensaio foi realizado somente com a aplicação de momento fletor;
segundo, foram feitos ensaios com aplicação de momento fletor e força normal de
compressão; e o terceiro, ensaios com momento fletor e força normal de tração. Lima adotou
que a viga deveria ser tal que a sua resistência plástica não fosse muito grande, tendo em vista
que a força normal aplicada era caracterizada por um percentual deste valor e limitada pela
capacidade dos equipamentos existentes no laboratório onde foram realizados os ensaios.
Após alguns estudos preliminares, foi adotado um perfil do tipo IPE240 para as vigas,
fabricado a partir de um aço S275, ou seja, com tensão nominal de escoamento igual a 275
MPa e tensão nominal de ruptura igual 430MPa.
Para a coluna, foi escolhido o perfil que tivesse suficiente resistência ao momento
fletor provocado pela força axial imposta. Outra condicionante era que as componentes
referentes a coluna, não atingissem o escoamento antes das demais. Considerando-se estas
informações após algumas análises iniciais, foi adotado um perfil do tipo HEB240 para a
coluna, fabricado a partir do mesmo aço da viga. Nos ensaios realizados por Lima, foi
utilizada uma placa de extremidade com espessura de 15 mm produzida com o mesmo tipo de
aço da viga e da coluna. A ligação da viga com a placa de extremidade foi efetuada com solda
de entalhe com espessura de 8mm. Os parafusos eram do tipo M20, cl. 10.9, com rosca
completa. Para a realização dos ensaios experimentais, utilizou-se um pórtico de aplicação de
carga cujas colunas a vigas eram constituídas por perfis HEB300. O perfil HEB500 foi
utilizado coma viga de apoio do atuador hidráulico ligada à parede de reação através de uma
ligação com placa de extremidade estendida com 30 mm de espessura e oito barras
rosqueadas, tipo DYWIDAG. A Figura 3.90 apresenta o pórtico usado nos ensaios.
216

Figura 3.90 – Pórtico de aplicação da carga.

A Tabela 3.5 apresenta um sumário dos ensaios realizados com os respectivos


carregamentos aplicados onde o esforço axial representa uma percentagem da resistência
plástica da viga à força normal (1084 kN).

Tabela 3.5 – Descrição dos carregamentos aplicados nos ensaios.

Esforço Axial
ID
%Nplástico da viga Valor em kN
FE1 - -
FE3 -4% -52,7
FE4 -8% -105,6
FE5 -20% -265,0
FE6 -27% -345,0
FE7 -20% -265,0
FE8 +10% +130,6
FE9 +20% +264,9

As descrições cinemáticas dos elementos de casca e barra são baseadas na formulação


Lagrangeana atualizada que considera grandes deslocamentos e rotações. Nesta formulação,
as grandezas envolvidas (tensões, deformações, forças exteriores, etc.) são definidas em
relação à configuração deformada da estrutura. Esta formulação, intuitivamente pouco clara, é
mais utilizada porque independe da deformação e funciona para um número elevado de
incrementos de carga. Para este caso, a lei constitutiva do material é definida pela curva
tensão versus deformação utilizando uma definição logarítmica da deformação (  n   n ), em
vez da lei constitutiva convencional comumente utilizada (    ). Isto se deve ao fato de que
a curva real do material é obtida em um ensaio uniaxial considerando-se sempre a área inicial
do corpo de prova desconsiderando-se a estricção sofrida pelo mesmo.
Na Figura 3.91 são apresentadas as curvas das leis constitutivas dos materiais e as
correspondentes curvas nominais aplicáveis à análise física não linear, que será considerada
neste trabalho. Através desta análise é possível obter-se uma resposta global da ligação,
efetuando uma comparação coerente entre os resultados obtidos através do Eurocode 3 [19],
os ensaios experimentais e os modelos numéricos em termos de estados limites da ligação.
O modelo numérico foi desenvolvido no programa de elementos finitos Ansys 11 [32].
Para a constituição do modelo, foram utilizados diferentes tipos de elementos: para a
confecção da viga, coluna, placa de extremidade e parafusos foi escolhido o elemento sólido
SOLID185, que tem oito nós com três graus de liberdade por nó e translações nas direções x,
y e z. Este elemento foi escolhido por ter compatibilização com os elementos utilizados para
representar os elementos de contato a serem descritos posteriormente. Para o enrijecedor, foi
utilizado o elemento de casca SHELL181, que possui como característica quatro nós com seis
graus de liberdade em cada nó, e translações nos eixos x, y e z Considerando-se a
217

complexidade do modelo, foi utilizada a análise da não-linearidade completa, ou seja,


geométrica e do material. A não linearidade do material foi caracterizada pelo critério de
plastificação de von Mises. Para as propriedades dos materiais utilizadas no modelo, foram
utilizados os valores apresentados na Figura 3.91, sendo que para cada elemento apresentado,
há um valor para o módulo de elasticidade. O coeficiente de Poisson é de 0,3 para todos os
tipos de materiais apresentados.
tensão (MPa)

tensão (MPa)
deformação deformação
(a) mesa da coluna (b) alma da coluna
tensão (MPa)

tensão (MPa)

deformação deformação
(c) mesa da viga (d) alma da viga
tensão (MPa)

tensão (MPa)

deformação deformação

(e) placa de extremidade (f) parafusos

Figura 3.91 – Curvas tensão-deformação dos materiais.

Foram utilizados parafusos M20, classe 10.9, constituídos de cabeça, porca e corpo
(rosca completa). O corpo do parafuso foi definido através da área da seção transversal da
zona roscada e o seu comprimento é igual a soma das espessuras dos elementos que liga:
placa de extremidade e mesa superior da coluna. O parafuso é representado na Figura 3.92 e
na Figura 3.94, respectivamente. O carregamento, para todos os casos estudados, é aplicado
através de deslocamentos, que variavam de acordo com o nível de esforço desejado. A
protensão dos parafusos foi incorporada ao modelo, através da aplicação de deslocamento na
cabeça e na porca do parafuso (Δ1 e Δ2). Este deslocamento foi aplicado no valor de 0,03mm,
em sentidos invertidos, de acordo com a região de aplicação, antes dos passos de carga para a
caracterização do esforço normal e momento fletor. No que se refere às condições de
contorno, a mesa e a alma da coluna foram restringidas nos eixos x e y. O deslocamento
vertical (eixo y) foi impedido na placa de extremidade e o eixo superior da mesa da viga está
restringido lateralmente (eixo x) - ver Figura 3.92.
Foram realizados diferentes modelos, para caracterizar as diferentes aplicações de
esforço normal aos mesmos, conforme descrito anteriormente. Para a modelagem foi
218

realizado preliminarmente o estudo da malha a ser utilizada, a fim de se manter os valores


mais coerentes nos testes, sem sobrecarregar o processamento a ser executado. A
confiabilidade dos resultados depende da discretização da malha de elementos finitos, sendo
necessário que esta malha seja apertada o suficiente, porém, ao mesmo tempo, deve ser
limitada a valores aceitáveis. A malha utilizada foi escolhida de forma que os elementos
tivessem uma proporção e tamanho de forma a evitar problemas numéricos. As Figuras 3.92 a
3.94 apresentam os detalhes das componentes do modelo desenvolvido.

Δ2 (N)

Δ (N)

Δ1 (N)

Δ (M)

Figura 3.92 - Modelo numérico – ligação viga-coluna placa de extremidade ajustada.


1 1
ELEMENTS
ELEMENTS JUL 27 2009
JUL 27 2009
TYPE NUM
TYPE NUM 10:24:27
10:26:57

(e)
(c)

(d)
Y

Z X

Z X

(a) detalhe coluna (b) detalhe placa de extremidade


Figura 3.93 – Modelo numérico – coluna e placa de extremidade.

O elemento de contato na simulação numérica é utilizado para representar o fenômeno


de interface dos elementos em uma análise de elementos finitos. A adição deste elemento
permite avaliar a penetração de um elemento sobre o outro em zonas de contato. Com o
objetivo de se considerar as zonas de contato do modelo, foi utilizado o elemento de contato
nestas regiões, através da interação entre as superfícies. A Figura 3.94 apresenta as regiões de
aplicação dos elementos de contato. Os elementos de contato foram considerados nas
seguintes regiões: placa de extremidade e mesa da coluna; cabeça do parafuso e placa de
extremidade - Figura 3.94(b); corpo do parafuso e placa de extremidade e mesa da coluna -
Figura 3.94(c); porca do parafuso e mesa da coluna.
A introdução do elemento de contato desenvolveu-se através de aplicação de um
coeficiente de atrito (μ) entre as áreas de contato definido como área de base e a área de
contato, que provocará o atrito entre as superfícies. Para a caracterização do elemento de
contato no modelo numérico, foi utilizado o coeficiente de atrito de 0,25. Os elementos de
contato utilizados foram TARGE170 e CONTA173, para as áreas de base e as áreas de
contato, respectivamente
Para a calibração do modelo foi utilizado o ensaio FE01, onde só é realizada a
aplicação de momento fletor, comparando-se os resultados encontrados no ensaio
experimental com os resultados numéricos obtidos. Com estes valores comparados é possível
verificar que a calibração foi efetuada satisfatoriamente e que se pode partir para as demais
análises, considerando-se que o modelo pode ser utilizado como base comparativa. A Figura
3.95 apresenta o gráfico comparativo, utilizado na calibração, ou seja, com a aplicação de
momento fletor somente.
219

(a) Placa de extremidade e (b) Cabeça do parafuso e


mesa da coluna placa de extremidade

(c) Corpo do parafuso com (d) Porca do parafuso


placa de extremidade e mesa e mesa da coluna
da coluna
Figura 3.94 – Área de atuação do contato.
(3)

(2)

(1)
Experimental
Numérico
Placa de extremidade à flexão
Mesa da viga à compressão
Parafusos à tração
Pontos numéricos estudados

Figura 3.95 – Gráfico momento versus rotação - numérico e experimental – FE01.

Através do gráfico é possível verificar que as duas curvas apresentam semelhança de


forma. Os pontos em destaque na curva experimental referem-se a sequência de escoamento
obtida a partir da leitura dos extensômetros: placa de extremidade à flexão, mesa da viga à
compressão e parafusos à tração, respectivamente. Os pontos marcados na curva numérica,
Figura 3.96, permitem verificar que a plastificação ocorreu na mesma sequência dos
experimentos. Para o ponto 2 (M=65,9 kNm), Figura 3.97, é possível verificar o início da
plastificação da mesa da viga à compressão. Estes valores encontrados são próximos aos
valores experimentais, conforme os pontos marcados.
A Figura 3.96 apresenta a comparação dos resultados encontrados para as três
análises: ensaio experimental, modelo numérico e Eurocode 3. O valor obtido através dos
cálculos para o momento resistente foi de 73,05 kNm, que é maior em relação ao encontrado
tanto no ensaio (Mj,Rd = 72,2 kNm) quanto no modelo numérico (Mj,Rd = 70,04 kNm), porém
próximo, mostrando que o modelo numérico fornece resultados satisfatórios. É possível
verificar-se também que a rigidez inicial calculada através do Eurocode 3 foi de 11152,17
kNm/rad, superior ao ensaio e ao modelo numérico. A Figura 3.97 apresenta as distribuições
das tensões de von Mises, em MPa, observadas na ligação, em três pontos distintos da análise,
representados na Figura 3.95. Nesta Figura têm-se as componentes para o nível de momento
220

de 49,6 kNm, que corresponde ao ponto 01, onde ocorre o início da plastificação da placa de
extremidade. Na Figura 3.97, são obtidas as componentes para o início da plastificação da
mesa da viga à compressão, para o momento de 65,9 kNm, representado na pelo ponto 02. Por
fim, na Figura 3.97, são apresentadas as componentes para um nível superior de momento
fletor, de 79,2 kNm, onde se observar a plastificação das duas componentes, conforme ponto
3. Com isto, é possível verificar que a modelagem manteve as características obtidas no
ensaio experimental.

j,Rd  72,20 kN.m


MEXP

j,Rd  70,04 kN.m


MNUM

j,Rd  73,05 kN.m


MEC 3 Experimental
Numérico
Eurocode 3

Figura 3.96 – Comparação dos resultados obtidos - FE01.

1
1

SMX =1037
SMN =.102295
DMX =5.115
TOP
SEQV
TIME=5
SUB =25
STEP=1
NODAL SOLUTION
SMX =1037
SMN =.102295
DMX =5.115
TOP
SEQV
TIME=5
SUB =25
STEP=1
NODAL SOLUTION
JUL 30 2009
19:40:03

JUL 30 2009
19:40:03
.102295
610

610
.102295

(AVG)
(AVG)

1 1
NODAL SOLUTION NODAL SOLUTION 1
1 JUL 30 2009 NODAL SOLUTION JUL 30 2009
STEP=1 STEP=1
650
370

JUL 30 2009

370
650

NODAL SOLUTION 19:40:38 STEP=1 19:48:43


SUB =50 JUL 30 2009 SUB =125 19:38:34
STEP=1 TIME=10 TIME=25 SUB =125
19:48:08
MN
SUB =50 SEQV (AVG) SEQV (AVG) TIME=25
TIME=10 MX SEQV (AVG)
MX TOP TOP
TOP
700
350

SEQV (AVG)

350
DMX =10.378
700

DMX =26.147
TOP SMN =7.323 SMN =5.195 DMX =26.147
DMX =10.378 SMX =438.728 SMX =1222 SMN =17.599 MX
SMN =.377725 SMX =525.885
MX

MX
SMX =1071
750
300
750

300
MN
MN

Y
Y
X

X
Y Y
800

Z X
Y

250
800

250
Z

Z X
Z

Z X

Z
Y

Z X
X
X
MN

MN
850
200
850

200
MX
MX

MX
MN
900
150
900

150
MN
MN
940
100
940

100
7.323 150 250 350 5.195 610 700 800 900 1300
JUL 30 2009

JUL 30 2009
NODAL SOLUTION

(AVG)

1
NODAL SOLUTION

(AVG)

100 200 300 370 650 750NODAL SOLUTION 850 17.599 940 150 250 350 610
7.311

7.311
.377725 700 1 1 800 900 1300 1 100 200 300 370
19:47:36

19:47:36
SMX =442.94

SMX =442.94
1300

1300
DMX =5.115
SMN =7.311

650 NODAL SOLUTION


750SOLUTION 850 940 AUG 6 2009
DMX =5.115
SMN =7.311

NODAL NODAL SOLUTION


STEP=1
AUG AUG 6 2009
6 2009 AUG 18:26:55
6 2009
SUB =25

STEP=1 STEP=1 SUB =125


SUB =25

STEP=1
STEP=1

TIME=5

18:26:02 18:26:28
STEP=1

TIME=5

18:26:02
SUB =25 SUB =50 SUB =25TIME=25
SEQV

SEQV

TIME=5 SEQV (AVG)


TOP

TIME=10
TOP

TIME=5
SEQV (a)
SEQVParafusos
(AVG) (AVG) (b) Placa de Extremidade (a) Parafusos
SEQV TOP(AVG) (b) Placa de Extremidade
1

TOP TOP TOP DMX =26.147


DMX =10.378
DMX =5.115 SMN =.772463
DMX =5.115
SMN =.693915
SMN =.554807 SMX
SMN =.554807=418.671
SMX =385.799
SMX =419.438 MX SMX =419.438
Y
M  65,9 kN.m Y Y M  79,2 kN.m Y
Z X
Z X Z X Z X

MN MN MN
MN

MX
MX MX

.772463 150 200 275 540


.554807 .693915 150 150 200 200 275 275 540 540 .554807 100150 175200 225275 315540
100 100 175 175 225 225 315 315 100 175 225 315

Figura 3.97 – Distribuição de tensões de von Mises, MPa - FE01 – Pontos 2 e 3.

A Figura 3.98 apresenta a comparação da deformação ocorrida para o ensaio


experimental e o modelo numérico, verificando-se semelhança entre os deslocamentos
observados.
1
DISPLACEMENT
JUL 31 2009
STEP=1
23:40:50
SUB =125
TIME=25
RSYS=0
DMX =26.147

Z X

Experimental Numérico
Figura 3.98 – Comparação de deformações – experimental e numérico.
221

O comportamento da componente mesa da coluna à flexão foi avaliado através do


extensômetro 10, localizado logo abaixo da linha superior de parafusos – ver Figura 3.99 -
não sendo suficiente para uma análise mais profunda desta componente, até porque, esta não
era a mais relevante no dimensionamento das ligações estudadas.

10

(a) (b)
Figura 3.99 – Localização do extensômetro 10.

Apresentam-se as curvas momento versus rotação comparativas entre os ensaios


experimentais e o modelo proposto para cada um dos níveis de esforço normal aplicado. A
fim de que se possa analisar comparativamente os resultados obtidos, serão apresentadas as
distribuições de tensões para os ensaios para o mesmo nível de momento fletor atuante, em
cada um dos ensaios estudados, para que se obtenha a viabilidade da comparação esperada.
Este nível foi escolhido, levando-se em consideração os pontos obtidos comparativamente ao
experimental para o modelo FE1, representando os pontos de plastificação das componentes.
Assim, pode-se ocorrer de não ser o ponto onde ocorra o escoamento para o modelo proposto,
porém, para estudo comparativo dos casos, torna-se viável para a análise.
Para ilustrar a comparação apresentam-se os resultados do ensaio FE03 (N=-4%Npl).
A Figura 3.100 apresenta a comparação dos gráficos de momento versus rotação, obtidos do
ensaio experimental e da modelagem numérica proposta. É possível verificar que a curva se
assemelha a curva experimental, porém o modelo apresentou rigidez inicial superior ao
ensaio, sendo 14% maior. São representados os pontos correspondentes ao escoamento das
componentes para o ensaio experimental, que ocorreu na seguinte ordem: placa de
extremidade à flexão, mesa inferior à compressão e parafusos à tração. Os pontos numerados
correspondem aos pontos que serão verificados para o modelo numérico.

(3)
(2)

Experimental
(1)
Numérico
Placa de extremidade à flexão
Mesa da viga à compressão
Parafusos à tração
Pontos numéricos estudados

Figura 3.100 – Gráfico momento versus rotação - numérico e experimental – FE03.

Na Figura 3.101 apresenta-se a evolução das tensões de von Mises, em MPa, para três
níveis de carregamento distintos indicados na Figura 3.100. Na Figura 3.101 é apresentada a
distribuição de tensões de von Mises das três componentes preponderantes no
dimensionamento deste tipo da ligação para o ponto 2, com momento fletor de 65 kNm, pode-
se notar o início da formação de regiões plastificadas para a mesa inferior da viga. Na Figura
222

3.101 estão as componentes para um nível superior de momento fletor, 80 kNm, onde a placa
de extremidade e a mesa já se encontram plastificadas.
Na Figura 3.102 apresentam-se todas as curvas obtidas nos ensaios experimentais e as
obtidas no modelo numérico. É possível verificar-se que mesmo para um nível de esforço
axial de compressão equivalente a 20% da resistência plástica da viga, o momento resistente
ainda é superior ao obtido para o ensaio sem aplicação de esforço normal (FE01),
acontecendo tanto para o numérico quanto para o experimental. Isto se deve ao fato de que as
componentes da zona comprimida, mesmo tendo um acréscimo de força aplicada, não
atingem seus valores limites de resistência e, consequentemente, as componentes em tração
são aliviadas pelo esforço normal de compressão. Vale ressaltar que a rotação medida foi a
rotação da ligação, obtida pelos transdutores de deslocamento localizados na viga, conforme
apresentado por Lima. Pode-se verificar também que com o aumento do esforço normal de
compressão aplicado à ligação, obtém-se um aumento na resistência à flexão da mesma,
mesmo fato que acontece nos ensaios experimentais, conforme Figura 3.102.

1
1

SMX =1217
SMN =3.846
DMX =20.032
TOP
SEQV
TIME=24.2
SUB =48
STEP=2
NODAL SOLUTION
SMX =1022
SMN =9.674
DMX =8.345
TOP
SEQV
TIME=13
SUB =20
STEP=2
NODAL SOLUTION

5 2009
06:25:21
5 2009
06:26:07

610
610

3.846
9.674

(AVG)
AUG
(AVG)

1
AUG

NODAL SOLUTION

370
1 AUG 5 2009
1 1 STEP=2
370

650
NODAL SOLUTION 06:25:21
NODAL SOLUTION NODAL SOLUTION SUB =48
650

AUG 5 2009 MN
AUG 5 2009 STEP=2 AUG 5 2009 TIME=24.2
STEP=2 STEP=2 06:30:33
06:30:05 SUB =48 06:26:07 SEQV (AVG)
SUB =20 MX SUB =20 MN MX

350
TIME=24.2 TOP
TIME=13 TIME=13
350

700 DMX =20.032


SEQV (AVG)
SEQV (AVG) SEQV (AVG)
700

TOP SMN =16.1


TOP TOP

MX
DMX =20.032 SMX =488.994
DMX =8.345 DMX =8.345
SMN =3.846
MX

300
SMN =9.674 SMN =5.984 MX
SMX =1217
300

SMX =1022
750

SMX =413.344

X
750

Y
Y

Z
MX Y

250
Y Z X

MN
Z

Y
250

800

MX
Z X
800

Z X
MX

MN
Z X
MN

200
Z

Y
200

850
Y

X
850

MN
X

150
MN

150

900
900

MN

100
100

940
940

NODAL SOLUTION

(AVG)

16.1 150 250 350 610

AUG
SMX =488.994
NODAL SOLUTION

(AVG)

100 200 300 370

16.1
DMX =20.032
5.984
AUG
SMX =413.344

3.846 700 800 900 1300

06:30:33
TIME=24.2

SMN =16.1

9.674 700 800 900 1300


1300

5.984 150 250 350 610650 750 850 940


DMX =8.345
SMN =5.984

06:30:05

5 2009
SUB =48

650 750 850 940


100 200 300 370
1300

1
STEP=2

1
5 2009

1 NODAL SOLUTION
SUB =20
TIME=13

SEQV

NODAL NODAL SOLUTION


STEP=2

SOLUTION
TOP

NODAL SOLUTION AUG 6 2009


SEQV

AUG 6AUG
20096 2009 STEP=2
TOP

STEP=2STEP=2 AUG 18:36:23


6 2009
STEP=2SUB =48
1

18:35:59
18:35:33
SUB =20
SUB =12 (a) Parafusos
TIME=24.2
SUB =12 (b) Placa de Extremidade
18:35:33
1

TIME=9.8(a) Parafusos
TIME=13 (b) Placa de Extremidade TIME=9.8
SEQV (AVG)
SEQV SEQV(AVG) (AVG) SEQV TOP (AVG)
TOP TOP TOP DMX =20.032
DMX =8.345 MX
DMX =4.974 DMX =4.974
SMN =11.722
SMN =7.604
SMN =6.76 MX SMN =6.76
SMX =395.988
M  65 kN.m
SMX =371.762
SMX =407.801 SMX =407.801
MX

MX Y
Y
Y
M  80 kN.m Y
Z X
Z XZ X Z X

MN
MN
MN MN

11.722 150 200 275 540


6.76 7.604 150 150 175 200 200 225 275 275315 540 540 6.76 100 150 175 200 225 275 315 540
100 100 175 225 315
100 175 225 315

Figura 3.101 – Distribuições de tensões de von Mises, MPa – FE03 – Pontos 2 e 3.

100 100
Momento Fletor (kN.m)

Momento Fletor (kN.m)

80 80

60 60

40 40 FE01 (M) FE06


FE01 (M) FE06
FE03 FE07
FE03 FE07
20 FE05 FE08 20 FE05 FE08

0 0
0 20 40 60 80 0 20 40 60 80
Rotação (mrad) Rotação (mrad)

Figura 3.102 – Curvas momento versus rotação – experimental e numérico.

Para o ensaio realizado com esforço normal à tração é possível verificar-se o efeito
contrário. Há um decréscimo de nível para o momento obtido, diminuindo assim a resistência
à flexão da ligação. Observa-se que, para o ensaio FE1, utilizado como calibração, a curva
223

momento versus rotação apresenta boa concordância entre o resultado numérico e o


experimental. Na curva numérica, observa-se que a partir do momento fletor igual a 49,60
kNm, a curva deixa de ser linear; pois se formam zonas plastificadas na placa de extremidade,
apresentadas pelo acréscimo das tensões aplicadas na componente, ao nível da primeira linha
de parafusos. A mesa da viga em compressão começa a plastificar para um nível de momento
fletor de 65,90 kNm. Observa-se que a partir de 79,20 kNm, os parafusos apresentam tensões
superiores à sua tensão nominal de ruptura, em alguns pontos de sua extensão.
Em relação ao cálculo com o Eurocode 3, pode-se verificar que a Norma apresenta
resultados mais conservadores se comparados com o ensaio e o modelo numérico, apesar dos
valores obtidos serem próximos para os três estudos verificados. Em relação ao ensaio com
aplicação de esforço normal, pode-se verificar que o modelo numérico apresentou rigidez
superior ao ensaio experimental, porém para a resistência à flexão, foram obtidos resultados
bem próximos do experimental. Pode-se verificar que com o aumento do esforço normal
aplicado na ligação, a componente placa de extremidade à flexão deixa de ser a mais
solicitada, passando a controlar o dimensionamento, a mesa inferior da viga à compressão.
Estes resultados foram bem observados experimentalmente, porém, devido as condições de
contorno impostas ao modelo, não foi possível verificar-se com tanta intensidade no modelo
numérico.
Para os modelos desenvolvidos com a presença de esforço normal na ligação,
relativamente à rigidez inicial da ligação, os resultados numéricos mostraram-se mais rígidos
que os obtidos experimentalmente; no entanto, as diferenças encontradas (na ordem de 15%)
não invalidam os resultados obtidos. Os resultados numéricos e experimentais evidenciaram
que, quando as ligações estão sujeitas a momento fletor e esforço normal, este último pode ser
favorável ao aumento da resistência à flexão da ligação e, consequentemente, permitir a
utilização de configurações de ligações mais econômicas. Pode-se verificar também, que com
o aumento da aplicação do esforço normal de compressão, a tendência é a componente da
mesa inferior da viga passar a controlar o dimensionamento da mesma.
Os valores encontrados, tanto numéricos quanto experimentais, foram superiores aos
obtidos através dos cálculos realizados pelo Eurocode 3. Isto significa que os valores
apresentados na Norma são mais conservadores, ou seja, a favor da segurança, que os obtidos
nos ensaios realizados e nos modelos desenvolvidos. Para as curvas momento versus
deformações avaliadas, é possível verificar-se claramente o decréscimo ocorrido para a curva
FE6 para a componente placa de extremidade em relação aos demais ensaios realizados com
esforço de compressão, significando que a mesa inferior da viga passa a controlar o
dimensionamento.
O modelo numérico implementado usou elementos de contato para simular as várias
interfaces presentes entre os diversos elementos que compõe a ligação. Uma vez mais
cuidados tiveram que ser tomados nas especificações das condições de apoio e de
carregamento no modelo para não gerar imprecisões ou até mesmo incorreções. O material
mais uma vez teve que ser modelado com o uso das curvas tensão versus deformação
verdadeiras devido as grandes deformações que ocorrem a medida que o colapso estrutural é
atingido. A malha teve que ser muito bem definida e refinada para poder representar as
ligações estudadas com a precisão necessária. Cuidados com convergência já mencionados
anteriormente, mais uma vez, fizeram-se necessários assim como a correta especificação dos
apoios e o controle do carregamento por meio de deslocamentos equivalentes.
A individualização de cada componente da ligação foi extremamente útil para
possibilitar uma comparação com os resultados do programa experimental. Isto possibilitou a
avaliação da real contribuição de cada componente para o comportamento global da ligação e
qual foi sua mudança de comportamento e importância à medida que cargas simultâneas de
compressão ou tração são aplicadas a ligação.
224

k. Modelagem de ligações tubulares T e KT

As ligações tubulares podem ser de variados tipos segundo as principais normas


mundiais, no entanto, o principal tipo da ligação utilizada é a soldada, sendo que sua
vantagem está na eficiência em geral, no processo de produção industrial. As ligações podem
ser de diversos tipos como, por exemplo: as ligações do tipo “T”, “K”, “KT”, “N”, “X”, “Y”
dentre outras. O objetivo fundamental da presente investigação foi estudar o comportamento
de alguns tipos de ligações entre perfis tubulares comparando-se os resultados obtidos com
experimentos presentes na literatura e com recomendações do Eurocode 3, [19].
Todos os modelos desenvolvidos neste trabalho foram modelados no programa de
elementos finitos Ansys, [32]. As ligações soldadas do tipo “T” representam o tipo da ligação
mais simples na execução de estruturas com perfis tubulares, [132] - [132]. Buscando-se
analisar o comportamento da ligação através de uma modelagem numérica, procurou-se em
diversas literaturas informações referentes a este tipo da ligação. Lie et al., [133], desenvolveu
uma análise experimental de uma ligação “T” soldada com perfis quadrados (SHS). A Figura
3.103 apresenta a configuração utilizada para a execução da análise experimental da ligação.
O ensaio realizado por Lie et al., [133], compreendeu um banzo SHS 350 x 15 com 3,0 m de
comprimento, sendo considerado biapoiado. A distância entre os apoios foi de 2,75 m. O
montante foi caracterizado através de um perfil SHS 200 x 16, ambos com tensão de
escoamento de 380,3 MPa e tensão última de 529 MPa. A solda considerada possui espessura
de 12 mm com tensão última de 600 MPa. Todavia, o ensaio considerou solda com fissuras
não sendo este o objetivo do presente trabalho. No entanto, o modelo numérico desenvolvido
pelos autores contemplou uma análise das ligações com e sem fissuras na solda e os
resultados utilizados neste trabalho consideram o segundo caso.

a) foto do ensaio experimental b) modelo estrutural do ensaio


Figura 3.103 – Modelo experimental e modelo estrutural do ensaio [133].

A Figura 3.104 apresenta estes resultados onde pode-se observar que o modelo
numérico considerando-se a fissura na solda não reproduz integralmente o resultado
experimental, principalmente em termos de rigidez inicial e carga última. Todavia, para o
trecho compreendido entre deslocamentos de 7,5 mm e 17,5 mm, as curvas apresentam uma
boa concordância, estando dentro deste intervalo, o limite de deformação para a ligação em
estudo, correspondente a um deslocamento de 3% da largura da mesa, ou seja, 10,5mm, a ser
usado na obtenção da resistência da ligação.
Foram feitas análises da solda com elemento de casca utilizando o elemento
SHELL181 e com elemento sólido utilizando-se o elemento SOLID45 no Ansys. O formato
do fluxo de carga considerando o elemento de casca pode ser observado na Figura 3.104 em
que a superfície média do tubo bem como a superfície média da solda representam a
geometria a ser utilizada na caracterização da ligação “T” com elementos de casca. O
elemento de casca SHELL181 possui quatro nós com seis graus de liberdade em cada nó e
225

considera também o efeito de membrana sendo indicado para grandes deslocamentos e


rotações em análises não-lineares.
1400

1200

1000

Carga (kN)
800

600
Solda sem Dano
400
Solda com Dano

200 Experimental

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Deslocamento (mm)

Figura 3.104 – Resultados de Lie et al. [133] e modelagem da solda com elemento de casca.

Não-linearidades físicas e geométricas foram incorporadas aos modelos em elementos


finitos, a fim de se mobilizar totalmente a capacidade de resistência da ligação para esforços
normais e de flexão. Adicionalmente, a utilização da não linearidade geométrica permite
previsão de grandes deformações, considerando a redistribuição de carregamento no modelo
após o escoamento inicial. Na análise numérica realizada, a não linearidade do material foi
considerada através do critério de plastificação de von Mises através de uma lei constitutiva
tensão versus deformação bilinear de forma a exibir um comportamento elasto plástico com
um encruamento de 10%. Adotou-se um módulo de elasticidade de 210 GPa e uma tensão de
escoamento de 380,5 MPa. A não linearidade geométrica foi introduzida no modelo através da
formulação de Lagrangeana atualizada. Utilizando os mesmos dados do modelo desenvolvido
por Lie et al., [133], obteve-se a configuração da malha em elementos finitos para análise do
modelo com os dados geométricos para calibração do mesmo, Figura 3.105. Vale ressaltar
que as condições de apoio foram mantidas na modelagem estudada, onde foi considerada uma
estrutura biapoiada. Além disso, para o modelo adotado, foi utilizado o controle de força.
A solda modelada com elemento de casca SHELL181 mostrou-se coerente com o
resultado numérico obtido por Lie et al., [133], como mostra a Figura 3.106. Vale ressaltar
que a modelagem realizada por Lie et al., [133], foi feita com elementos sólidos tanto para os
perfis quanto para a solda, uma vez que a análise experimental foi feita considerando-se uma
solda com fissura o que pode ocasionar uma falha. Observando-se a Figura 3.106, verificou-se
uma boa concordância entre o modelo numérico desenvolvido com o proposto por Lie et al.
[133].

‘y

z
apoio
x
apoio
2750

a) Propriedades geométricas b) Malha em Elementos Finitos

Figura 3.105 - Figura 3.5.10.3 – Caracterização da Ligação “T” .


226

1400

1200

1000

Carga (kN)
800

600

400
Lie et al.

200 Elemento SHELL181

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Deslocamento (mm)

Figura 3.106 – Resultados comparativos entre o artigo [133] e o elemento SHELL181 [132].

Mantendo-se o modelo e alterando-se apenas o elemento a ser utilizado na


caracterização da solda, buscaram-se melhores resultados para o modelo considerando-se a
solda como elemento sólido SOLID45. Este elemento possui oito nós com três graus de
liberdade em cada nó (translação nos eixos x, y e z). O elemento tem incorporado na sua
formulação a capacidade de considerar plasticidade, fluência, aumento de rigidez, grandes
deformações e grandes deslocamentos. O elemento também apresenta uma opção para
integração reduzida. A malha de elementos finitos formada considerando-se a solda com o
elemento SOLID45 foi muito semelhante a do modelo com elemento SHELL181, pois
somente os elementos na região da solda foram modificados. Inicialmente, imaginou-se que a
formação da malha do modelo ficaria prejudicada por se tratar de dois elementos diferentes,
com diferenças em nós e em graus de liberdade, o que não ocorreu tendo em vista que foi
considerado o acoplamento dos mesmos na região da solda, Figura 3.107. Os resultados
obtidos considerando-se a solda com o elemento SOLID45 foram satisfatórios, no entanto
percebeu-se um afastamento da curva do modelo com elemento sólido para o apresentado por
Lie et al., [133], em relação aos resultados obtidos com o modelo com elemento de casca
como mostra o gráfico da Figura 3.107.
Partindo-se do princípio de que o elemento de casca consegue representar com
satisfação o comportamento de ligações em estruturas soldadas, como foi visto na avaliação
do modelo anterior, foi reproduzido um modelo de uma ligação soldada entre perfis com
tubos circulares do tipo “K”. Para tal modelagem, utilizou-se novamente o elemento
SHELL181. Sabendo-se que o modelo numérico desenvolvido para a ligação “T” satisfez as
premissas, inclusive ressaltando-se que tal modelo foi calibrado com resultados existentes na
literatura, optou-se por utilizar a mesma metodologia para a análise da ligação do tipo “K”. A
geometria do modelo numérico a ser desenvolvido pode ser vista na Figura 3.108.

1400

1200

1000
Carga (kN)

800

600
Lie et al.

400 Elemento SHELL181


Elemento SOLID45
200 Experimental

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Deslocamento (mm)

Figura 3.107 – Solda com SOLID45 e comparação de soldas: casca versus sólido.
227

Figura 3.108 – Modelo da ligação “K” analisada.

Para se desenvolver tal modelo numérico inicialmente foram necessárias diversas


análises de modelos estruturais que satisfizessem o comportamento da ligação baseando-se
em Choo et al., [135], que realizou diversas análises para diferentes tipos de condições de
apoio para uma estrutura com perfil tubular circular e ligações soldadas. Para a ligação em
questão foram considerados três tipos de modelos estruturais para serem analisados a fim de
se obter um modelo mais coerente com o modelo real. O primeiro modelo escolhido
corresponde ao modelo estrutural da Figura 3.109 em que se considera no banzo, apenas
restrições verticais e nas diagonais restringindo-se os deslocamentos na vertical e na
horizontal. Com relação às cargas no modelo, considerou-se o carregamento horizontal na
mesa e um momento fletor aplicado na ligação dos membros. Os diagramas de esforços
normais e de momento fletor do primeiro modelo estrutural avaliado podem ser observados na
Figura 3.109 onde se verifica que o nível de momento fletor nas barras é pequeno permitindo
que as mesmas sejam consideradas como estando submetidas apenas a esforço normal.

Figura 3.109 – Primeiro modelo estrutural, diagramas de esforço normal e momento fletor.

Observando-se o diagrama da deformada do primeiro modelo analisado (Figura


3.110), o nó da ligação deslocou-se apenas na horizontal, sendo mais coerente com o
esperado. Sabendo-se dos resultados obtidos para uma análise prévia de modelo estrutural, o
primeiro modelo avaliado correspondeu às expectativas.

Figura 3.110 – Deformada do primeiro modelo estrutural avaliado.

O segundo modelo estrutural avaliado corresponde ao modelo representado na Figura


3.111, onde, na mesa, foram consideradas restrições apenas verticais e nas diagonais,
restringiram-se os deslocamentos na vertical e na horizontal. O carregamento na estrutura
corresponde apenas a uma carga aplicada na mesa horizontalmente. Considerando-se o
modelo estrutural da Figura 3.111, foram obtidos os diagramas de esforços normais e de
228

momento fletor apresentados na Figura 3.111 e, mais uma vez, o comportamento do modelo
estrutural adotado foi coerente com o real, visto que o momento fletor acrescido foi muito
pequeno podendo ser desconsiderado para efeitos de dimensionamento.

Figura 3.111 – Segundo modelo estrutural, diagramas de esforço normal e momento fletor.

Observando-se o diagrama da deformada do modelo estrutural para o segundo modelo


avaliado conclui-se que o modelo estrutural considerado é válido para o comportamento a ser
estudado como mostra a Figura 3.112, sendo esta semelhante a deformada da Figura 3.110.

Figura 3.112 – Deformada do segundo modelo estrutural avaliado.

O terceiro modelo estrutural avaliado corresponde ao modelo apresentado na Figura


3.113, onde foram aplicadas na mesa, restrições horizontais e verticais no apoio da esquerda e
restrição apenas vertical no apoio da direita não havendo restrição nas diagonais. As cargas no
modelo foram aplicadas nas extremidades livres das diagonais. Considerando este modelo
estrutural, foram obtidos os diagramas de esforço normal e de momento fletor. Tais diagramas
evidenciam o surgimento de momentos fletores no nó da ligação, descartando a utilização
deste modelo, pois faria com que os nós da estrutura não estivessem se comportando como em
uma treliça. Além disso, percebe-se que a deformada do terceiro modelo estrutural (Figura
3.114) também não se apresenta coerente com o desejado, uma vez que somente as diagonais
sofreram deformação.

Figura 3.113 – Terceiro modelo estrutural, diagramas de esforço normal e momento fletor.

Figura 3.114 – Deformada do terceiro modelo estrutural avaliado.


229

Após tais verificações optou-se por utilizar o segundo modelo estrutural uma vez que
todos os modelos obtidos foram semelhantes, mas este modelo mostra-se mais simples de se
modelar facilitando a realização da análise paramétrica. Observando-se a Figura 3.115,
verifica-se que com este modelo estrutural, obtém-se tração na parte do banzo abaixo da
diagonal da direita e na diagonal da esquerda e compressão na diagonal da direita. Pode-se
verificar também que o carregamento utilizado neste modelo foi na forma de deslocamentos
de forma a facilitar a convergência da análise não-linear.

T C

NULO T

Figura 3.115 – Modelo estrutural adotado para ligação do tipo “K”.

Para a formação da malha do modelo, novamente foi adotado o sistema de controle de


divisões das linhas do modelo objetivando obterem-se dados mais efetivos. A configuração do
modelo final após a geração da malha e os pontos considerados para medição do
deslocamento em cada elemento estão representados na Figura 3.116. A análise numérica para
o modelo da ligação “K” utilizou as mesmas considerações da ligação “T” para as não
linearidades física e geométrica.

x CHS 139,7 x 4,5


z Medição do
deslocamento

CHS 291,1 x 7,1

Figura 3.116 - Figura 3.5.10.14 – Modelo da ligação “K” após aplicação da malha.

Com o modelo finalizado, realizou-se a análise não linear de forma a se obter as


curvas carga versus deslocamento para cada um dos elementos envolvidos na ligação, ou seja,
mesa, diagonal direita e diagonal esquerda. Os gráficos obtidos das duas diagonais (esquerda
e direita) estão representados na Figura 3.117 e como pode ser observado na curva referente à
diagonal direita (compressão) ocorreu o fenômeno de flambagem, determinando a redução de
resistência do elemento após a plastificação da mesa. Nesta Figura, pode-se observar que para
os limites de deformação propostos por Lu et al., [134], de Δs=2,9mm (0,01d0) e Δu=8,7mm
(0,03d0), foram obtidos os valores de resistências para a ligação de Ns = 439,1 kN e Nu =
247,9 kN, respectivamente. Calculando-se esta ligação com as recomendações do Eurocode 3
chega-se a um valor de N1,Rd = 362,4 kN.
Para os pontos marcados no gráfico da Figura 3.117, através da análise não linear
realizada, foi obtida a distribuição das tensões de von Mises. Vale ressaltar que a solda foi
retirada para obtenção das tensões de von Mises uma vez que a falha ocorre na face superior
da mesa e, caso fosse considerada a solda, a escala utilizada dificultaria a análise devido a
diferença elevada do valor da tensão de escoamento dos materiais. Para o caso analisado, a
230

tensão de escoamento considerada na escala será a da mesa, pois sua tensão de escoamento
(355 MPa) é superior a tensão de escoamento das diagonais (275 MPa).
A Figura 3.118 mostra a distribuição de tensões de von Mises para as diagonais no
ponto 1 da curva carga versus deslocamento para a diagonal direita (comprimida) onde se
percebe o início de plastificação das mesmas, como também observado na Figura 3.118 onde
a mesa para o mesmo ponto da curva apresenta-se com alguns pontos com plastificação,
sendo esta apenas na região no entorno da solda.
700

600

500
3
2
Carga (kN)

400
N1,Rd = 350,7kN
1
300

4 5
200
Diagonal Direita (Comprimida)
Diagonal Esquerda (Tracionada)
100 Limite 0,01d0
Limite 0,03d0
2,9 8,7 Eurocode 3
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Deslocamento (mm)

Figura 3.117 – Carga versus deslocamento das diagonais do modelo.

Figura 3.118 – Distribuição da tensão de von Mises para as diagonais e a mesa no ponto 1 do gráfico
da Figura 3.117.

A Figura 3.118 representa a distribuição das tensões de von Mises para o ponto 2 da
curva carga versus deslocamento da diagonal comprimida correspondente ao limite de
deformação equivalente a 1% do diâmetro da mesa conforme proposto por Lu et al., [134],
que corresponde ao estado limite de serviço. Verifica-se que a diagonal comprimida encontra-
se quase totalmente plastificada diferentemente do banzo, como visto na Figura 3.118. A
Figura 3.120 refere-se a distribuição das tensões de von Mises para as diagonais no ponto 3
em que tal ponto corresponde à carga máxima obtida na análise. Pode-se perceber ainda para
o banzo que houve pouca evolução na solicitação do mesmo. A Figura 3.121 mostra a
distribuição das tensões de von Mises para as diagonais no ponto 4 em que tal ponto
corresponde ao estado limite último segundo Lu et al., [134], onde se percebe uma perda de
tensões na diagonal comprimida, fato que comprova a queda brusca de carga. Ainda com a
falha ocorrida na diagonal, a Figura 3.122 mostra que o banzo não foi muito solicitado mesmo
para o estado limite último. Na Figura 3.122 apresenta-se a distribuição das tensões de von
Mises para as diagonais, que corresponde ao ponto 5 da diagonal direita (comprimida) na
curva carga versus deslocamento que mostra que a diagonal comprimida possui uma
231

concentração de tensões na extremidade da diagonal em compressão, mostrando que a perda


de tensão deu-se pelo fenômeno de flambagem local.

Figura 3.119 – Distribuição da tensão de Von Mises para as diagonais a mesa no ponto 2 do gráfico da
Figura 3.117.

Figura 3.120 – Distribuição da tensão de Von Mises para as diagonais a mesa no ponto 3 do gráfico da
Figura 3.117.

Figura 3.121 – Distribuição da tensão de Von Mises para as diagonais a mesa no ponto 4 do gráfico da
Figura 3.117.
232

Figura 3.122 – Distribuição da tensão de Von Mises para as diagonais a mesa no ponto 5 do gráfico da
Figura 3.117.

A análise paramétrica da ligação do tipo “K” baseou-se no modelo obtido


anteriormente com uma pequena alteração. Tal modificação foi feita somente na direção do
carregamento aplicado, ressaltando mais uma vez que o carregamento foi aplicado na forma
de deslocamento. O modelo estrutural adotado é representado na Figura 3.123. Tal
modificação no modelo estrutural teve como objetivo não gerar tensões na mesa na projeção
da diagonal em compressão. Os dados de material também permaneceram os mesmos, sendo
355 MPa e 275 MPa para a tensão de escoamento do banzo e do montante, respectivamente, e
600 MPa para tensão última da solda. Além disto, deve-se ressaltar que a espessura da solda
utilizada foi a mesma da análise para calibração do modelo que é igual a 4,5 mm

C T


NULO C
Figura 3.123 – Modelo estrutural adotado na análise paramétrica da ligação “K”

A Tabela 3.6 mostra os dados geométricos dos elementos utilizados na análise


paramétrica da ligação tipo “K”. Vale ressaltar que a solda utilizada para todos os modelos
analisados tinha uma espessura de 4,5mm segundo as recomendações do Eurocode 3.

Tabela 3.6 – Dados geométricos do modelo da ligação “K”

Elementos  (mm) t (mm)


Banzo 219,1 7,1
Diagonal Direita (Comprimida) 139,7 4,5
Diagonal Esquerda (Tracionada) 139,7 4,5
Ângulo entre a diagonal e a mesa 38,7º

O parâmetro a ser avaliado nesta análise paramétrica foi a excentricidade (e) da


ligação, uma vez que, como visto anteriormente, utilizando-se uma excentricidade negativa
para a ligação, verifica-se um aumento de resistência da mesma. Tal excentricidade provoca
também um momento fletor na ligação que não afeta de forma significativa o comportamento
da mesma. Uma vez adotado tal modelo, o parâmetro kp passa a ser sempre 1, segundo o
Eurocode 3, ou seja, a carga proveniente das diagonais passa a ser exclusivamente
responsável pela resistência global da ligação sem influência das tensões normais no banzo
conforme comentado anteriormente. Para a análise das excentricidades adotou-se a convenção
233

de excentricidade nula para o ponto de convergência dos eixos das diagonais coincidente com
o eixo do banzo, excentricidade negativa caso tal encontro dos montantes ocorra acima do
ponto médio do banzo e positiva para o caso oposto, ou seja, o ponto de encontro das
diagonais ocorrer abaixo do eixo do ponto médio do banzo. Foram feitas três análises para o
modelo proposto sendo uma delas com excentricidade nula, uma com excentricidade negativa
de 10 mm e outra com excentricidade positiva de 10 mm. Na Figura 3.124 apresenta-se a
curva carga versus deslocamento para a mesa da ligação “K” sem excentricidade, onde se
pode perceber que a máxima carga desenvolvida na mesa foi de aproximadamente 820 kN.
900

800

700

600
Carga (kN)

500

400

300

200

100

0
0 5 10 15 20 25
Deslocamento (mm)

Figura 3.124 – Curva carga versus deslocamento da mesa para excentricidade nula.

Os gráficos obtidos das duas diagonais (esquerda e direita) estão representados na


Figura 3.125 e para o nível de carregamento máximo desenvolvido na diagonal esquerda,
correspondente ao ponto 2 da Figura 3.125, observou-se o início do fenômeno de flambagem
local nesta diagonal na extremidade superior. Nesta Figura, pode-se observar que para os
limites de deformação propostos por Lu et al., [134], de Δs = 2,19 mm (0,01 d0) e Δu = 6,57
mm (0,03 d0), obteve-se os valores das resistências para a ligação de Ns = 501,5 kN e Nu =
306,2 kN, respectivamente. Calculando-se esta ligação pela equação do Eurocode 3 chega-se
a um valor de N1,Rd = 437,2 kN, sendo esta inferior a resistência do membro da diagonal em
compressão Nb,Rd que é igual a 446,7 kN, considerando que o coeficiente de comprimento
efetivo de flambagem, sendo 1,0 ou 0,75 não alteraria a resistência à compressão do elemento.

700

600
Ns = 501,5kN

500 2
1

N1,Rd = 437,16kN
Carga (kN)

400
NU = 306,2kN
300

200 Diagonal Esquerda (Comprimida)


Diagonal Direita (Tracionada)
Limite 0,01d 0
100
Limite 0,03d 0
2,19 6,57 Eurocode 3
0
0 5 10 15 20 25
Deslocamento (mm)

Figura 3.125 – Curva carga versus deslocamento das diagonais para excentricidade e nula.

Para os pontos marcados no gráfico da Figura 3.125, através da análise não linear
realizada, foi obtida a distribuição das tensões de von Mises. Vale ressaltar que a solda foi
retirada para obtenção das tensões de von Mises uma vez que a falha ocorre no banzo e, caso
fosse considerada a solda, a escala utilizada dificultaria a análise devido a diferença de tensão
de escoamento dos materiais. Para o caso analisado, a tensão de escoamento considerada na
escala do banzo será igual a 355 MPa e para diagonal, uma de 275 MPa.
234

Para o ponto 1 indicado na Figura 3.125 correspondente a uma carga atuante nas
diagonais de 456,1kN, foi tirada a distribuição de tensões de von Mises para as diagonais e
para o banzo. Na Figura 3.126 onde é apresentada a distribuição das tensões de von Mises
para o ponto 1 da curva carga versus deslocamento para a diagonal comprimida, percebe-se
um início da plastificação nas diagonais, sendo que o diagrama de distribuição de tensões é
equivalente para ambas as diagonais. A Figura 3.126 apresenta a distribuição das tensões de
von Mises para a mesa no ponto 1 da curva da diagonal em compressão como citado
anteriormente. Os elementos foram apresentados separadamente uma vez que as tensões de
escoamento da mesa e das diagonais são diferentes. Observando-se a distribuição de tensões
de von Mises ao lado do banzo, verifica-se também um início de plastificação no mesmo na
região da próxima das soldas. Neste ponto a carga correspondente nas diagonais é de 456,1
kN, próximo da resistência da ligação (437,16 kN) e da diagonal (446,7 kN).

Figura 3.126 – Distribuição das tensões de Von Mises das diagonais e a mesa no ponto 1 indicado na
curva da diagonal comprimida na Figura 3.125.

A Figura 3.127 representa a distribuição das tensões de von Mises para as diagonais
do ponto 2. Tal ponto representa a máxima carga obtida na análise para a diagonal em
compressão sendo este valor de 509,1 kN. Observando-se esta distribuição de tensões para as
diagonais, percebe-se que ambas tem suas seções quase totalmente plastificadas.
A Figura 3.128 representa a distribuição das tensões de von Mises para o banzo no
ponto 2 onde se percebe que a região plastificada do mesmo não se apresenta tão evidente
quanto nas diagonais. Com os resultados obtidos para as análises paramétricas em questão,
foram feitas mais duas análises com valores intermediários a fim de se obter uma curva com
dados mais coerentes. A Figura 3.129 apresenta as curvas carga versus deslocamento das
diagonais a direita (tração) onde se pode perceber que os resultados obtidos mostram que uma
excentricidade dita negativa, segundo a convenção adotada.
A Figura 3.128 representa as curvas carga versus deslocamento para as diagonais a
esquerda obtidas a partir da análise paramétrica realizada. Tais curvas mostram que para
excentricidades negativas, a resistência da ligação passa a ser maior, uma vez visto que o fator
que controla o dimensionamento é a falha na diagonal em compressão. Tal falha, como visto
nas distribuições das tensões de von Mises na análise paramétrica, acabam provocando
também uma plastificação da face da mesa na região da ligação que era o objetivo do presente
trabalho, uma vez que no dimensionamento da ligação segundo o Eurocode 3 as variáveis
mais importantes estão ligadas aos dados geométricos da mesa ou aos parâmetros onde tal
elemento está envolvido.
235

Figura 3.127 - Distribuição das tensões de von Mises das diagonais e do banzo no ponto 2 indicado na
curva da diagonal comprimida na Figura 3.125.

800
800

700
700

600 600

500 500
Carga (kN)

Carga (kN)
400 400

300 Diagonal Direita e = -10mm 300 Diagonal Esquerda e = -10mm


Diagonal Direita e = -5mm
Diagonal Esquerda e = -5mm
200 Diagonal Direita e = 0
200 Diagonal Esquerda e = 0
Diagonal Direita e = 5mm
Diagonal Esquerda e = 5mm
Diagonal Direita e = 10mm
100 Diagonal Esquerda e = 10mm
Limite 0,01d0 100
Limite 0,01d0
2,19 6,57 Limite 0,03d0 6,57
2,19 Limite 0,03d0
0 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 0 2 4 6 8 10 12 14 16
Deslocamento (mm) Deslocamento (mm)

Figura 3.128 – Curva carga versus deslocamento para as diagonais direita (tracionada) e esquerda
(comprimida) das ligações “K” utilizadas na análise paramétrica.

A Figura 3.129 representa a variação da resistência da ligação com a excentricidade


nos modelos considerados na análise paramétrica. Tais resultados sugerem que o Eurocode 3
mostra-se conservador segundo o cálculo da resistência da ligação do tipo “K”. No entanto,
para os resultados obtidos em Lu et al. [134] para o limite de deformação de 1% do diâmetro
da mesa, os resultados mostraram-se mais coerentes uma vez que acompanharam a mesma
tendência do Eurocode 3 onde as ligações com excentricidade negativa, apresentam maior
resistência. Deve-se ressaltar que para o estado limite último de deformação de 3% do
diâmetro do banzo segundo Lu et al., [134], para uma excentricidade negativa igual a -10mm,
ocorreu o fenômeno de flambagem local antes de se atingir este limite de 3% ocasionando a
queda brusca observada na curva pertinente na Figura 3.129.

650

600

550
N1,Rd (kN)

Eurocode 3
500 Limite 0,01d 0
Limite 0,03d 0
Carga Máxima
450

400
-15 -10 -5 0 5 10 15
e (mm)

Figura 3.129 – Gráfico excentricidade versus N1,Rd para as diferentes análises

Na ligação do tipo “K”, a partir das considerações feitas para o modelo da ligação do
tipo “T”, optou-se por adotar novamente o elemento de casca SHELL181 uma vez que o
modelo da ligação do tipo “T” gerou resultados satisfatórios. Para o desenvolvimento do
236

modelo, foi considerado o exemplo numérico proposto no capítulo dois com apenas algumas
diferenças. Com os resultados obtidos na análise numérica do modelo utilizando-se os
critérios estabelecidos por Lu et al., [134], e comparando-se com os resultados obtidos a partir
do Eurocode 3 pode-se afirmar que o dimensionamento desta norma para este tipo da ligação
fornece valores a favor da segurança. A análise paramétrica da ligação tipo “K” efetuada no
presente trabalho evidenciou que a consideração de uma excentricidade negativa na ligação,
ou seja, aproximação das diagonais, proporciona um aumento de resistência da ligação
conforme preconizado pelo Eurocode 3.
O modelo de ligação tubular estudado demandou uma avaliação das condições de
apoio e de aplicação do carregamento que permitissem um controle mais eficiente da
convergência do sistema especialmente em níveis de carga próximos ao estado limite último
da ligação. Como já ressaltado em itens anteriores, neste caso, o controle de deslocamento
mostra-se como sendo o processo mais adequado a ser usado. Por outro lado, se este controle
é muito eficaz quando um único deslocamento é aplicado a estrutura, casos onde mais do que
um deslocamento fazem-se necessários, sua correta especificação torna-se um processo
complexo e muitas vezes inviável.
O modelo das ligações tubulares “K” estudado possui um banzo e duas diagonais.
Normalmente as cargas são aplicadas nas diagonais e são suportadas por apoios posicionados
nos banzos. As três cargas impostas ao sistema gerariam a necessidade de três deslocamentos
equivalentes de difícil correlação prévia. Como alternativa, uma série de modelos unifilares
foi concebida variando a posição dos apoios e dos carregamentos impostos até que uma
configuração semelhante a obtida dentro do sistema treliçado original da estrutura fosse
obtida. Uma alternativa interessante que possui um controle de convergência eficiente é
aquela onde os apoios são usados nas diagonais e um deslocamento equivalente é imposto em
uma das extremidades dos banzos.
A modelagem da região da solda também foi feita com elementos de casca e
elementos sólidos de modo a determinar qual seria a estratégia mais eficiente. Para os casos
modelados, a modelagem da solda como casca mostrou-se mais adequada gerando resultados
compatíveis com os valores equivalentes experimentais adotados na sua calibração. Uma
investigação detalhada dos tipos de ruína associados a estas ligações também foi feita
indicando uma complexa interação entre os estados limites últimos referentes à flambagem
global do elemento, flambagem local e plastificação.

l. Modelagem de vigas mistas com interação total e parcial

A presente investigação concentra-se na modelagem de vigas mistas com interação


total e parcial com o programa ANSYS [32]. Para tal é proposto um modelo tridimensional,
em que os principais parâmetros estruturais e todas as não linearidades associadas são
incluídas (laje de concreto, viga de aço e conectores de cisalhamento) [137], [138].
Experimentos e modelos numéricos disponíveis na literatura foram usados para validar o
modelo, que é capaz de lidar com sistemas simplesmente apoiados compostos de vigas I e
lajes planas sólidas.
Uma extensa análise paramétrica de vigas mistas foi executada com base no modelo
validado, e avaliou o comportamento do sistema global estrutural quando diferentes
resistências à compressão são usadas na laje de concreto e nos testes tipo push-out associados.
Este estudo também contemplou a influência dos efeitos da interação parcial não só sobre o
comportamento global à flexão das vigas mistas (representado pela curva carga versus
deslocamento), mas também sobre os modos de colapso associados, ou seja: esmagamento da
laje ou do conector pino e sobre a distribuição das forças nos pinos ao longo do comprimento
da viga.
Avanços em recursos computacionais e de software disponibilizaram e difundiram o
método de elementos finitos ao alcance da pesquisa acadêmica e de engenheiros onde se
237

destacam programas multitarefas não lineares como o ANSYS [32]. Os tipos de elementos
finitos considerados no modelo foram: de casca (SHELL43) e sólidos (SOLID65) para a
seção de aço e a laje de concreto, respectivamente, e molas não-lineares (COMBIN39) para
representar os conectores de cisalhamento. Nestes elementos sólidos há uma opção de
modelar as barras de armadura longitudinais e transversais como distribuídas em seus
volumes. A simetria das vigas mistas foi considerada com a modelagem de apenas metade do
vão da viga. Uma malha típica para a viga mista é mostrada na Figura 3.130.

Figura 3.130 - Malha típica da viga mista.

O critério de escoamento de von Mises com lei de encruamento isotrópica foi usado
para representar o comportamento da viga de aço (mesas e alma). A relação tensão versus
deformação é linear elástica até o escoamento, e perfeitamente plástica entre o limite elástico
e o início do encruamento seguindo a lei constitutiva usada por Gattesco, [139], para a
deformação no trecho de encruamento:

  h 
  f y  E h (   h )1  E h  (3.9)
 4( f u  f y ) 

onde fy e fu são as tensões de escoamento e últimas do aço, respectivamente; Eh e h são o


módulo de encruamento (ou seja, 3500 N/mm2) e a deformação de encruamento do aço. O
critério de escoamento de von Mises com lei encruamento isotrópico também foi usado para a
armadura que adotou um módulo tangente igual a 1/10000 do módulo elástico, de modo a
evitar problemas numéricos. Os valores medidos nos testes experimentais para as
propriedades dos materiais do aço (viga de aço e barras de armadura) foram usados na análise
de elementos finitos.
O comportamento da laje de concreto foi modelado por uma lei multilinear de
isotrópica descrita por segmentos lineares na curva de tensão versus deformação total,
começando na origem, com valores positivos de tensão e deformação, considerando a
resistência a compressão do concreto (fc) correspondente a uma deformação a compressão de
0,2%. A curva de tensão versus deformação também pressupõe um aumento total de
0,05N/mm2 na resistência a compressão do concreto até uma deformação de 0,35% para evitar
problemas numéricos devido a um fluxo de escoamento sem restrições. Os coeficientes de
transferência de cisalhamento nos elementos de concreto considerados são: 0,2 (fissura
aberta) e 0,6 (fissura fechada). Valores típicos variam de 0 a 1, onde 0 representa uma fissura
suave (perda total da transferência de cisalhamento) e 1, uma fissura não suave (sem perda de
cisalhamento transferência). O valor padrão de 0,6 foi usado como o coeficiente de
relaxamento da tensão. A capacidade de esmagamento do elemento de concreto também foi
desativada para melhorar a convergência. A resistência a compressão da laje de concreto foi
assumida como igual aos valores obtidos em teste de resistência a compressão cilíndrica. A
resistência a tração do concreto e o coeficiente de Poisson foram assumidos como 1/10 da sua
resistência a compressão e 0,2, respectivamente. O módulo de elasticidade do concreto foi
calculado de acordo com Eurocode 4 [64], ou seja:
238

c 
1/ 2

E c  9500( f c  8) 1/ 3
  (3.10)
 24 

onde: c é igual a 24 kN/m3. O modelo permite o uso de qualquer padrão de distribuição de


conectores pino, por exemplo: o arranjo uniforme convencional e um tipo de espaçamento
triangular onde a distribuição dos pinos segue o diagrama de esforço cortante nominal. Em
todas as análises, foi utilizado o número/espaçamento de conectores tipo pino adotado no
programa experimental. O comportamento do conector de cisalhamento foi definido em
termos de curvas carga versus deslizamento para os pinos (obtidas com os testes push-out
disponíveis), definindo uma tabela de valores de força e deslocamentos relativos
(deslizamento) como dados de entrada para as molas não-lineares.
Cargas concentradas foram aplicadas ao modelo por meio de incrementos de
deslocamentos equivalentes para superar problemas de convergência (controle de
deslocamento). O critério de convergência usado adotou a norma L2- (raiz quadrada da soma
dos quadrados) de deslocamentos. Cargas uniformemente distribuídas foram representadas
por meio de cargas pontuais aplicadas em todos os nós da seção média do concreto. Estas
cargas concentradas também são aplicadas no modelo em incrementos usando a estratégia de
controle de carga e a norma L2. A tolerância associada a este critério de convergência e o
incremento de carga variou para superar potenciais problemas numéricos.
A estratégia de controle de carga foi adotada devido ao fato de que, em problemas
estruturais em que efeitos não-lineares significativos ocorrem, é difícil determinar uma
relação entre cargas e deslocamentos associados para o caso de cargas distribuídas,
principalmente no regime plástico. No caso em que apenas uma carga concentrada é aplicada
ao sistema, há uma relação direta entre força e deslocamento, tornando mais fácil de ser
utilizado o método de controle de deslocamento. No entanto, o método de controle de carga é
menos eficiente do que o método de controle de deslocamento em análises não-lineares. Este
fato é observado especialmente quando a carga aplicada aproxima-se da carga última do
sistema, à medida que um aumento incremental da carga leva a um aumento significativo dos
deslocamentos correspondentes, causando dificuldades de convergência numérica.
Tentativas preliminares para superar os problemas de convergência decorrentes da
utilização do método de controle de carga incluíram a especificação dos diferentes tipos de
métodos de solução de sistemas de equações. A melhor abordagem em termos de desempenho
numérico foi a opção que usou um método baseado na física do problema. O método de
comprimento de arco também foi testado mas provou não ser a melhor opção para este tipo de
análise. Dois limites (superior e inferior) foram estabelecidos para definir a carga última das
análises e corresponderam às deformações de compressão no concreto de 0,2% e de 0,35%,
respectivamente. Estes dois limites definem um intervalo em que a carga de colapso da viga
mista está localizada. Uma terceira condição limite para esta carga última também foi usada
nos casos de ruptura do conector pino mais solicitado da viga mista sendo definida a partir de
ensaios push-out.
Se a resistência do conector pino situa-se antes do limite inferior do concreto (ou seja,
a carga correspondente à resistência do conector pino é menor do que o limite inferior do
concreto), então o modo de falha da viga mista é considerado como sendo a falha do conector
pino. Por outro lado, se a resistência do conector pino situa-se após o limite superior do
concreto, o modo de falha é assumido como sendo o esmagamento do concreto. Para o caso
intermediário, onde o ponto de falha do conector pino situa-se entre os limites inferior e
superior do concreto, que o modo de falha poderia ser qualquer um deles. Portanto, o modelo
de elementos finitos proposto é capaz de prever os modos de falha associados a qualquer falha
de esmagamento da laje ou do conector pino.
239

O modelo proposto foi validado por comparações com testes de Chapman e


Balakrishnan, [140]. Estes testes ilustram o comportamento do sistema misto que está sendo
investigado. As vigas tiveram um vão de 5490 mm e um perfil de aço tipo I com 305 mm de
altura (12” x 6”x 44 lb/ft BSB) e uma laje de concreto com 152 mm espessura e 1220 mm de
largura. O número e tipo de conectores pino, bem como as resistências do aço e do concreto,
variaram de acordo com a viga mista testada. A laje adotou armaduras longitudinais positivas
e negativas com quatro barras de 8 mm. A armadura transversal das lajes usou barras
negativas e positivas de 12,7 mm a cada 152 mm e 12,7 mm a cada 305 mm, respectivamente.
A resistência à tração, módulo de elasticidade e coeficiente de Poisson das barras de armadura
foram: 320 N/mm2, 205000 N/mm2 e 0,3. Uma descrição completa das propriedades dos
materiais das vigas é dada em [140] onde uma destas vigas é ilustrada na Figura 3.131.

280 5490 2 1220

12.7@152mm
stud connectors in pairs 12.7@305mm
152
12"x6"x44lb ft B.S.B. Ø 8mm 305
152

Figura 3.131 - Configuração das vigas simplesmente apoiada.

Com base nas resistências das componentes da seção mista: laje de concreto, perfil de
aço e conectores de cisalhamento, foi possível determinar o nível de interação ao
cisalhamento. Este valor é definido como a razão entre a resistência ao cisalhamento dos
conectores e a capacidade de elemento mais fraco (laje de concreto ou viga de aço). A Tabela
3.7 resume o nível de interação ao cisalhamento ligação para todas as vigas mistas estudadas,
considerando duas diferentes abordagens. Na primeira usou-se os valores nominais
apresentados por [140] para a resistência do conector pino e tensão de escoamento do aço. Na
segunda, as propriedades dos materiais usaram os valores medidos [140]. Diferenças
consideráveis entre os níveis de interação ao cisalhamento das vigas de acordo com estas duas
abordagens foram notadas, levando à conclusão de que, para calcular o nível de interação ao
cisalhamento de sistemas mistos, as propriedades reais dos materiais das componentes
estruturais, relacionados a cada programa experimental, devem ser usadas.

Tabela 3.7 – Número de conectores de cisalhamento das vigas mistas (%).

Viga AA2 AA3 AA4 AA5 AA6 BB1 CC1 DD1 EE1 UU1 UU3 UU4
Valores
238 213 175 138 101 138 138 313 313 175 175 101
nominais
Valores
231 186 137 123 95 116 114 136 148 155 177 90
medidos

Para todas as vigas mistas mostradas na Tabela 3.7, as curvas carga versus
deslocamento vertical no meio do vão foram comparadas com os resultados dos testes. As
Figuras 3.132 a 3.135 apresentam comparações entre os resultados do modelo numérico e os
experimentos referentes às vigas sob a ação de carga concentradas (A2, A3, A4, A5, A6, B1,
C1, D1. E1) e distribuídas (U1, U3, U4). Os pontos limite para o concreto são representados
por um triângulo (limite inferior) e por um quadrado (limite superior), e o colapso do conector
pino é representado por um círculo. Nota-se que uma boa concordância foi obtida entre os
testes e os resultados numéricos.
240

500 600

500
400

Applied load (kN)


Applied load (kN) 400
Chapman: A4
300 Chapman: A2
Chapman: A5
Chapman: A3
300 Ansys: A4
Ansys: A2
Ansys: A3 Ansys: A5
200
Lower bound: A2 200 Lower bound: A4
Upper bound: A2 Upper bound: A4
Lower bound: A3 Lower bound: A5
100 Upper bound: A3 100 Upper bound: A5

0
0
0 20 40 60 80 100
0 20 40 60 80 100 120
Midspan deflection (mm) Midspan deflection (mm)

Figura 3.132 - Carga versus deslocamento vertical, meio do vão, A2 e A3 & A4 e A5.

600 600

500 500

Applied load (kN)


400
Applied load (kN)

400
Chapman: C1
Chapman: A6
300 Ansys: C1
300 Ansys: A6
Lower bound: C1
Stud failure: A6
Upper bound: C1
Chapman: B1 200
200 Chapman: D1
Ansys: B1
Ansys: D1
Lower bound: B1
100 Lower bound: D1
100 Upper bound: B1
Upper bound: D1
Stud failure: B1
0
0 0 20 40 60 80 100
0 20 40 60 80 100 120
Midspan deflection (mm)
Midspan deflection (mm)

Figura 3.133 - Carga versus deslocamento vertical, meio do vão, A6 e B1 & C1 e D1.

600 250

500
200
Applied load (kN/m)
Applied load (kN)

400
150
300 Chapman: E1
Ansys: E1 Chapman: U1
Lower bound: E1 100 Ansys: U1
200
Upper bound: E1 Lower bound: U1
50 Upper bound: U1
100

0 0
0 20 40 60 80 100 120
0 20 40 60 80 100 120
Midspan deflection (mm) Midspan deflection (mm)

Figura 3.134 - Carga versus deslocamento vertical, meio do vão, E1 & U1.

200 200

150 150
Applied load (kN/m)

Applied load (kN/m)

Chapman: U3 Chapman: U4
100 100
Ansys: U3 Ansys: U4
Lower bound: U3 Stud failure: U4
Upper bound: U3
50 50

0 0
0 50 100 150 200 250 0 20 40 60 80 100 120 140 160
Midspan deflection (mm) Midspan deflection (mm)

Figura 3.135 - Carga versus deslocamento vertical, meio do vão, U3 & U4.

Valores dos modelos numéricos e dos testes para o deslizamento na interface do aço
versus concreto ao longo do eixo da viga para os testes E1 e U4 são plotados na Figura 3.136.
Os gráficos mostram que o modelo proposto pode prever a distribuição de deslizamento com
boa precisão. Pode ser notado que o deslizamento não é uniforme ao longo do comprimento
da viga, mesmo no caso em que a força de cisalhamento externamente aplicada é uniforme
(no meio do vão no caso de carga concentrada). O valor máximo do deslizamento tende a
ocorrer quando X/L é igual a 0,4 (caso de carga concentrada) e X/L é igual a 0,3 (caso de
carga uniformemente distribuída UDL). De acordo com [140], o grande deslizamento que
ocorre perto do meio do vão deve-se ao alto cisalhamento na interface no regime plástico.
241

1.0

0.8
4

(ultimate load)
0.6

(load=448.5kN)

slip [mm]
3

slip [mm]
0.4 2 Chapman

Chapman Ansys: U4
Ansys: E1 1
0.2

0
0.0 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 X/L (X/L=0.5, plane of symmetry)
X/L (X/L=0.5, plane of symmetry)
X=Position ; L=Total beam length
X=Position ; L=Total beam length

Figura 3.136 - Distribuição de deslizamento ao longo do vão, E1 & U4.

Os resultados completos para todas as vigas padrão são apresentadas e discutidas em


Queiroz et al., [137], incluindo um estudo pormenorizado em termos de força absoluta atuante
nos conectores pino para três comprimentos globais diferentes dos pinos (para um diâmetro e
espaçamento fixos) e a força absoluta atuante nos conectores pino para cinco valores de
espaçamentos entre conectores diferentes (para um diâmetro e comprimento fixos). O modelo
de elementos finitos proposto também foi usado para avaliar a influência dos efeitos da
interação parcial não só sobre o comportamento global à flexão do sistema estrutural
(representado pela curva carga versus deslocamento), mas também sobre os modos de colapso
associados tanto ao esmagamento da laje ou colapso do conector pino e sobre a distribuição
das forças atuantes nos pinos ao longo do comprimento da viga.
Para isolar o efeito do nível da interação ao cisalhamento, as propriedades dos
materiais (aço, concreto e conectores de cisalhamento) e as dimensões da viga E1 foram
usadas em todas as análises. Dois casos de carga foram considerados: carga concentrada no
meio do vão e carga uniformemente distribuída. Os níveis de interação ao cisalhamento foram
calculados com as propriedades dos materiais reais medidas nos experimentos. No presente
estudo, níveis variando entre 47% e 136% foram analisados utilizando o modelo padrão de
elementos finitos.
Curvas para variação da carga versus deslocamento no meio do vão para todos os
casos estudados (cada um com um nível diferente de interação ao cisalhamento) estão
mostradas nas Figuras 3.137 e 3.138 onde se apresenta somente o trecho inicial destas curvas
para melhor ilustrar as diferenças de rigidez inicial entre as curvas. Pode-se observar que,
como esperado, diminuindo o nível de interação o sistema tornou-se mais flexível, com
reduzida resistência e rigidez. No entanto, a diminuição da rigidez não parece ser tão
significativa como a diminuição da carga última.

600

500
Applied load (kN)

Ansys - 136%
400
Ansys - 130%
Ansys - 118%
300 Ansys - 100%
Ansys - 89%
Ansys - 71%
200
Ansys - 47%
Lower bound
100 Upper bound
Stud failure

0
0 20 40 60 80 100 120 140
Midspan deflection (mm)

Figura 3.137 - Carga versus deslocamento vertical, meio do vão, carga concentrada.

300 1.2

250 1.0
Fconnector/Fconnector,max
Applied load (kN)

Ansys - 136% 0.8 Low er bound - 136%


200
Ansys - 130% Upper bound - 136%
Ansys -118% Low er bound - 130%
0.6
150 Ansys - 100% Upper bound - 130%
Ansys - 89% Low er bound - 118%
Ansys - 71% 0.4 Upper bound - 118%
100 Ansys - 47% Low er bound - 100%
Lower bound Stud failure- 89%
0.2 Stud failure- 71%
50 Upper bound
Stud failure Stud failure- 47%

0.0
0 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5
0 5 10 15 20 X/L (X/L=0.5, plane of symmetry)
Midspan deflection (mm) X=Position ; L=Total beam length

Figura 3.138 - Carga versus deslocamento vertical, meio do vão, – rigidez inicial & razão entre as
forças versus posição relativas dos pinos.
242

Os três níveis mais elevados de interação (118%, 130% e 136%) resultaram em curvas
muito semelhantes, em termos de rigidez e carga última, representadas por valores limite
superior e inferior, com o modo de colapso associado ao esmagamento da laje no meio do vão
da viga (momento de fletor máximo). No nível 100%, o modo de falha não foi claro podendo
estar associado ao conector ou ao esmagamento da laje. Os três níveis (47%, 71% e 89%)
resultaram em colapso do pino. A razão entre a carga última e a carga no final do
comportamento elástico não foi muito afetada pelos níveis distintos de interação ao
cisalhamento, sendo situadas no intervalo de 1,5 a 2 em todos os casos, que são valores
comuns para vigas mistas.
A distribuição das forças no conector pino para a viga mista na carga última foi
plotada em função da razão da força/posição dos pinos como pode ser visto na Figura 3.138.
Pode-se considerar que a variação da relação de força nos pinos de todas as curvas é
aproximadamente 10%. Além disso, se o nível de 136% não for considerado, esta variação se
torna igual a apenas 5%. Isto significa que, na carga última, e independentemente do nível de
interação ao cisalhamento, os conectores foram capazes de redistribuir quase uniformemente a
carga entre eles.
Os resultados demonstram que, os efeitos de interação parcial podem ser desprezados
para níveis de interação ao cisalhamento maiores que 100%, pois não foi observada nenhuma
melhoria significativa em termos de força ou rigidez da viga. As curvas de carga versus
deslocamento vertical no meio do vão para todos os casos são mostradas na Figura 3.139.
Pode-se observar que, como ocorreu no caso de carga concentrada no meio do vão,
diminuindo o nível de interação ao cisalhamento faz com que o sistema torne-se mais flexível,
com reduzida resistência e rigidez.

200

150
Applied load (kN/m)

Ansys - 136%
Ansys - 130%
Ansys - 118%
100 Ansys - 100%
Ansys - 89%
Ansys - 71%
Ansys - 47%
50 Lower bound
Upper bound
Stud failure

0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
Midspan deflection (mm)

Figura 3.139 - Carga versus deslocamento vertical, meio do vão, carga unif. distribuída.

Nas vigas sob a ação de cargas distribuídas mais uma vez, a diminuição da rigidez não
parece ser tão significativa como a diminuição da carga última (Figura 3.140). Os dois níveis
mais elevados (130% e 136%) resultaram em curvas muito semelhantes, em termos de rigidez
e carga última, representado por valores limites superior e inferior, com o modo de colapso
associado ao esmagamento da laje no meio do vão da viga. Já no nível 118%, seu modo de
colapso pode estar associado tanto a ruptura do pino como ao esmagamento do concreto. Os
outros quatro níveis (47%, 71%, 89% e 100%) resultaram em colapso do pino. A razão entre a
carga última e a carga no final do comportamento elástico foi semelhante ao observado no
caso de carga concentrada no meio do (de 1,5 a 2 em todos os casos).

100 1.2

1.0
80
Fconnector/Fconnector,max
Applied load (kN/m)

Ansys - 136% 0.8 Lower bound - 136%


Ansys - 130% Upper bound - 136%
60
Ansys - 118% Lower bound - 130%
Ansys - 100% 0.6
Upper bound - 130%
Ansys - 89% Lower bound - 118%
40
Ansys - 71% 0.4 Stud failure - 100%
Ansys - 47% Stud failure- 89%
Lower bound Stud failure- 71%
20 Upper bound 0.2 Stud failure- 47%
Stud failure

0.0
0
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5
0 5 10 15 20 25
X/L (X/L=0.5, plane of symmetry)
Midspan deflection (mm) X=Position ; L=Total beam length

Figura 3.140 - Carga versus deslocamento vertical, meio do vão, – rigidez inicial & razão entre as
forças versus posição relativas dos pinos, carga uniformemente distribuída.
243

O gráfico de distribuição de força no conector pino (Figura 3.140) é plotado em


função da razão da força/posição do pino. Pode ser notado que os conectores foram capazes
de plastificar e redistribuir a carga quase uniformemente entre eles para um comprimento de
aproximadamente 30% do vão a partir dos apoios (0, X, L, 0,3). Na região central da viga
(0,3/X/L/0,5), os conectores foram menos sobrecarregados, comportamento que ocorreu para
todos os níveis de interação ao cisalhamento, exceto nos casos (130% e 136%), onde o
comprimento da região central aumentou 10%. Os resultados mostram que, para o caso com
cargas uniformemente distribuídas, os efeitos da interação parcial podem ser importantes para
níveis superiores à 100%. Observou-se que os conectores não foram uniformemente
carregados ao longo do comprimento da viga (Figura 3.140), com as forças nos pinos
diminuindo na direção do centro viga. Isto faz com que mais conectores de cisalhamento
sejam necessários para obter um nível de interação total, para o qual os efeitos da interação
parcial podem ser negligenciados. Apesar do fato de que as normas de dimensionamento
atuais assumam a mesma força em todos os conectores, bem como uma distribuição uniforme
da carga entre eles para o estado de limite último, uma diferença de 18% entre os níveis de
interação total para a carga concentrada (100%) e de (118%) para cargas uniformemente
distribuídas foi obtida. No entanto, esta diferença não é suficientemente significativa para
propor modificações nos métodos de dimensionamento correntes.
A estratégia de modelagem das vigas mistas usou elementos de interface de mola
calibrados com os resultados dos testes tipo push out de conectores de cisalhamento e
possibilitaram avaliar entre outros aspectos os efeitos de seu espaçamento e de sua
distribuição ao longo da viga mista. Além disto, o modelo permitiu uma avaliação da
distribuição das forças nos conectores de modo a avaliar o seu real desempenho ao longo da
viga mista.
O controle de parada adotado baseou-se na comparação com as cargas últimas do
conector, se este controlava o desempenho da viga mista, ou de acordo com uma faixa de
variação mínima e máxima de deformação de compressão no concreto. Isto foi feito pois a
capacidade de esmagamento e fissuração do elemento sólido de concreto tiveram que ser
suprimidos para superar problemas sérios de convergência em regiões próximas da carga
última do sistema estrutural investigado. Ressalta-se neste ponto que muitos trabalhos ainda
vem usando de forma equivocada cargas últimas baseadas no ponto onde o sistema não mais
converge. Se por um lado quando se tem resultados experimentais disponíveis algum tipo de
controle e calibração pode ser feito, quando se efetuam análises paramétricas posteriores este
critério de parada não é confiável.
Cargas concentradas e distribuídas foram simuladas onde no primeiro caso, usou-se
um controle de deslocamento e, no segundo, teve-se que adotar um penoso e custoso controle
de carga. Isto suscitou inúmeros recomeços mudanças de tolerâncias e de critérios de
convergência para gerar resultados confiáveis, variando de caso a caso e sendo extremamente
dependente da experiência do usuário em lidar com este tipo particular de problema de
convergência.

m. Comportamento estrutural de conectores de cisalhamento Perfobond e T-


Perfobond

Esta investigação contemplou uma modelagem numérica da mesa de um conector de


cisalhamento com o objetivo de determinar a sua melhor geometria de modo a aumentar sua
ductilidade, [141]- [143]. Esta modelagem teve por base uma série de experimentos onde o
primeiro programa experimental foi realizado no departamento de Engenharia Civil,
Universidade de Coimbra, enquanto o segundo foi realizado na PUC-Rio, [141]- [143]. No
primeiro programa, o conector de T-Perfobond foi feito com perfis IPN 340, Figura 3.141,
244

com aço S275 (espessura de alma igual a 12,2 mm e espessura de mesa média igual a 18,3
mm). Este conector apresentou um comportamento similar ao de um bloco rígido durante os
testes tipo push-out realizados. Para melhorar a ductilidade do conector, uma nova geometria
foi investigada reduzindo a espessura da mesa para 11.3 mm, e mantendo a espessura da alma
original para permitir uma comparação com o primeiro conjunto de testes. Esta investigação
prosseguiu com um estudo numérico da capacidade de deformação da mesa do conector que
foi feita antes do segundo programa experimental. A nova geometria de conector de T -
Perfobond adotada no segundo programa experimental é apresentada na Figura 3.141 e 3.142.
O conector foi feito de um perfil HP 200 x 53 equivalente a um perfil HP 8 x 36, em aço
A572 grau 50, equivalente ao de um aço S355. Os conectores T-Perfobond foram usados em
lajes de concreto de 120 mm de espessura projetados com uma classe de resistência à
compressão do concreto C30/37.

IPN 340 – Univ Coimbra HP 200x53 – PUC-Rio


Figura 3.141 - Conectores TPerfobond ensaiados.

Figura 3.142 - Geometria dos conectores TPerfobond, segunda fase.

Os modelos numéricos propostos foram desenvolvidos usando elementos de casca


SHELL63, disponíveis na biblioteca do programa ANSYS, [32], para representar a mesa do
conector TPerfobond. Para verificar a capacidade de deformação da mesa do conector um
modelo simplificado considerando as condições de simetria foi adotado. Os nós
correspondentes aos apoios, que representam a parte do conector soldada na mesa da viga e os
nós ao longo do eixo de simetria da mesa, tiveram todos os graus de liberdade impedidos.
A carga foi aplicada de forma distribuída (cerca de 48,85 MPa) em toda área da mesa
para simular as transferências das forças no teste push-out que ocorrem entre a laje de
concreto e a mesa do conector. O modelo é ilustrado na Figura 3.143. Uma análise linear
elástica foi feita assumindo um comportamento isotrópico com um módulo de Young de
205000 MPa e um coeficiente de Poisson igual a 0,3.

Y
X
Z

welding
Figura 3.143 - Conector T-Perfobond & mesa de conector: malha & condições de contorno.
245

A Tabela 3.8 apresenta os resultados da capacidade de deformação elástica e


deslocamentos associados ao nó 9, mostrado na Figura 3.144. A mesa com 18,3 mm de
espessura foi adotada nos conectores T-Perfobond dos primeiros testes push-out. A espessura
de 12 mm foi escolhida como uma tentativa inicial para aumentar quase 3 vezes a capacidade
de deformação em relação a do conector com 18,3 mm de espessura. A espessura de mesa de
11,3 mm corresponde a espessura da mesa e da alma do perfil HP 200 x 53 adotado no
segundo conjunto de testes push-out. A Figura 3.144 apresenta graficamente as deformações e
distribuição de deslocamentos junto à mesa com espessura de 11,3 mm.

Tabela 3.8 - Resultados da modelagem numérica.

Espessura da chapa Deslocamento, eixo Z Deformação elástica,


(mm) (mm) eixo Z ()
18,3 0,49 203
12,0 1,74 574
11,3 2,09 657

Distribuição de deslocamento, eixo Z(mm) Distribuição de deformações, eixo Z ( )


Figura 3.144 - Resultados do conector feito com perfil HP200x53 (11,3 mm de espessura).

Este modelo simples das mesas do conector T-Perfobond indicou que se uma redução
da espessura da mesa do conector de 18,3 mm para 12 mm for feita, um ganho significativo
conseguido na capacidade de deformação de conector será obtido. Esta foi a direção principal
para a escolha do perfil HP 200 x 53, que apresenta uma espessura de mesa e alma iguais à
11,3 mm para o segundo conjunto de testes push-out. A investigação também confirmou que
o T-Perfobond têm elevados valores de carga última e de rigidez. Como este conector de
cisalhamento pode ser fabricado com sobras de perfis laminados uma significativa economia
pode ser obtida quando comparado a outros conectores de cisalhamento usualmente adotados
como os conectores tipo pino.
Os conectores T-Perfobond produzidos em Portugal, a partir do perfil IPN 340 não
apresentaram um comportamento dúctil nas lajes com 120 mm de espessura indicando a
adoção de uma distribuição elástica de cisalhamento ao longo do comprimento da viga para o
dimensionamento da viga mista. Como alternativa os conectores T-Perfobond, produzidos no
Brasil, com um perfil HP 200 x 53, e com barras de armadura adequadas nas lajes com 120
mm de espessura mostraram possuir um comportamento dúctil, permitindo assim o uso de um
dimensionamento plástico. Os testes feitos com o perfil de espessura de 11,3 mm foram
capazes de atender o limite mínimo de deslizamento de 6 mm exigido pelo Eurocode 4 [64],
que garante o comportamento do conector como dúctil. Este tipo de comportamento pode ser
confirmado com o auxílio dos resultados modelo numérico simples que foram apresentados.
A investigação numérica prosseguiu com o desenvolvimento de um modelo de
estrutural de vigas mistas com o auxílio do programa ANSYS, [32]. Os elementos finitos
adotados no modelo foram: de casca (SHELL43) e elementos sólidos (SOLID65) para a seção
de aço e a laje de concreto, respectivamente e molas não-lineares (COMBIN39) para
246

representar os conectores de cisalhamento. Nos elementos sólidos há uma opção de modelar


as barras de armadura longitudinais e transversais como distribuídas em seus volumes. A
simetria das vigas mistas foi considerada com a modelagem de apenas metade do vão da viga.
Uma malha típica para a viga mista é mostrada na Figura 3.145.

Figura 3.145 – Malha típica & modelagem dos conectores de cisalhamento, Queiroz [137].

O critério de escoamento de von Mises com lei de encruamento isotrópica foi usado
para representar o comportamento da viga de aço (mesas e alma). A relação tensão versus
deformação é linear elástica até o escoamento, e perfeitamente plástica entre o limite elástico
e o início do encruamento seguindo a lei constitutiva usada por Gattesco, [139], para a
deformação no trecho de encruamento, Queiroz et al. [137],. O critério de escoamento de von
Mises com lei encruamento isotrópico também foi usado para a armadura que adotou um
módulo tangente igual a 1/10000 do módulo elástico, de modo a evitar problemas numéricos.
Os valores medidos nos testes experimentais realizados por Chapman e Balakrishnan, [140],
para as propriedades dos materiais do aço (viga de aço e barras de armadura) foram usados na
análise de elementos finitos.
O comportamento da laje de concreto foi modelado por uma lei multilinear de
isotrópica descrita por segmentos lineares na curva de tensão versus deformação total,
começando na origem, com valores positivos de tensão e deformação, considerando a
resistência à compressão do concreto (fc) correspondente a uma deformação à compressão de
0,2%. A curva de tensão versus deformação também pressupõe um aumento total de 0,05
N/mm2 na resistência à compressão do concreto acima até uma deformação de 0,35% para
evitar problemas numéricos devido a um fluxo de escoamento sem restrições. Os coeficientes
de transferência de cisalhamento nos elementos de concreto considerados são: 0,2 (fissura
aberta) e 0,6 (fissura fechada). Valores típicos variam de 0 a 1, onde 0 representa uma fissura
suave (perda total da transferência de cisalhamento) e 1, uma fissura não suave (sem perda de
cisalhamento transferência). O valor padrão de 0,6 foi usado como o coeficiente de
relaxamento da tensão. A capacidade de esmagamento do elemento de concreto também foi
desativada para melhorar a convergência. A resistência à compressão de laje de concreto foi
assumida como igual aos valores obtidos em teste de resistência à compressão cilíndrica. A
resistência à tração do concreto e o coeficiente de Poisson foram assumidos como 1/10 da sua
resistência à compressão e 0.2, respectivamente. O módulo de elasticidade do concreto foi
calculado de acordo com Eurocode 4 [64]. O modelo permite o uso de qualquer padrão de
distribuição de conectores pino, por exemplo: o arranjo uniforme convencional e um tipo de
espaçamento triangular onde a distribuição dos pinos segue o diagrama de esforço cortante
nominal. Em todas as análises, foi utilizado o número/espaçamento de conectores tipo stud
adotado no programa experimental. O comportamento do conector de cisalhamento foi
definido em termos de curvas carga versus deslizamento para os studs (obtidas com os testes
push-out disponíveis), definindo uma tabela de valores de força e deslocamentos relativos
(deslizamento) como dados de entrada para as molas não-lineares.
Cargas concentradas foram aplicadas ao modelo por meio de incrementos de
deslocamentos equivalentes para superar problemas de convergência (controle de
deslocamento). O critério de convergência usado adotou a norma L2- (raiz quadrada da soma
247

dos quadrados) de deslocamentos. Cargas uniformemente distribuídas foram representadas


por meio de cargas pontuais aplicadas em todos os nós da seção média do concreto. Estas
cargas concentradas também são aplicadas no modelo em incrementos usando a estratégia de
controle de carga e a norma L2. A tolerância associada a este critério de convergência e o
incremento de carga variou para superar potenciais problemas numéricos, Queiroz et al. [137].
Dois limites (superior e inferior) foram estabelecidos para definir a carga última das
análises e corresponderam à deformações de compressão no concreto de 0,2% e de 0,35%,
respectivamente. Estes dois limites definem um intervalo em que a carga de colapso da viga
mista está localizada. Uma terceira condição limite para esta carga última também foi usada
nos casos de ruptura do conector stud mais solicitado da viga mista sendo definida a partir de
ensaios push-out. Se a resistência do conector pino situa-se antes do limite inferior do
concreto (ou seja, a carga correspondente à resistência do conector pino é menor do que o
limite inferior do concreto), então o modo de falha da viga mista é considerado como sendo
falha do conector pino. Por outro lado, se a resistência do conector pino situa-se após o limite
superior do concreto, o modo de falha é assumido como sendo o esmagamento do concreto.
Para o caso de intermediário, onde o ponto de falha do conector pino situa-se entre os limites
inferior e superior do concreto, que o modo de falha poderia ser qualquer um deles. Portanto,
o modelo de elementos finitos proposto é capaz de prever os modos de falha associados a
qualquer falha de esmagamento da laje ou do conector pino.
O modelo foi calibrado através de comparações com o trabalho de Queiroz et al. [137].
Os testes numéricos realizados com êxito por Queiroz et al. [137], ilustraram o
comportamento do sistema misto que está sendo investigado. As vigas tiveram um vão de
5490 mm e um perfil de aço tipo I com 305 mm de altura (12” x 6”x 44 lb/ft BSB) e uma laje
de concreto com 152 mm espessura e 1220 mm de largura. O número e tipo de conectores
pino, bem como as resistências do aço e do concreto, variaram de acordo com a viga mista
testada. A laje adotou armaduras longitudinais positivas e negativas com quatro barras de 8
mm. A armadura transversal das lajes usou barras negativas e positivas de 12,7 mm a cada
152 mm e 12,7 mm a cada 305 mm, respectivamente. A resistência a tração, módulo de
Young e coeficiente de Poisson das barras de armadura foram: 320 N/mm2, 205000 N/mm2 e
0.3. Uma destas vigas é apresentada na Figura 3.146.

Figura 3.146 – Configuração da viga simplesmente apoiada, Queiroz et al. [137].

O modelo usou inicialmente 25 pares de conectores de cisalhamento pino com um


diâmetro de 19 mm, espaçados a cada 114,4 mm de, totalizando 50 conectores. A Tabela 3.9
apresenta as características geométricas e do material do modelo deste estudo assim como
suas respectivas cargas últimas correspondentes ao colapso por esmagamento do concreto.
A Figura 3.147 apresenta uma típica curva carga versus deslocamento vertical das
configurações investigadas, bem como os limites já referidos para o esmagamento da laje de
concreto correspondentes a deformações de 0,2% e 0,35%. A Figura 3.147 também mostra
uma comparação com resultados de outros tipos de conectores de cisalhamento adotados. De
todas as configurações estudadas a maior rigidez inicial foi associada à viga com nove
conectores Perfobond, simulando a interação total. As outras configurações com 5 e 3
conectores Perfobond foram usadas para representar a interação parcial. Por fim a Figura
3.147 mostra um outro conjunto de resultados comparando os diferentes tipos de conectores
TPerfobond. Observou-se que as simulações utilizando cinco T-Perfobonds (T-Perf-120-IN-
248

12) e três T-Perfobonds (T-Perf-120-IN-12-16) apresentaram quase os mesmos valores de


rigidez inicial apesar de usar diferentes números de conectores de cisalhamento.

Tabela 3.9 – Configurações dos testes e resultados.

Carga (kN)
Tipo de conector Número de conectores s (mm)
0,20% 0,35%
9 343,2 100,01 121,27
Perfobond 5 686,25 56,88 64,42
3 1372,5 35,43 39,92
TPerfobond 5 686,25 63,14 66,90
(IPN 340) 3 1372,5 39,97 44,51
TPerfobond
3 1372,5 34,11 39,04
(W200x46,1)
Pino 50 114,4 67,29 98,39
140 140
80

120 120
70

9 Perf 120-2F
100 100 60
Applied load (kN)
Applied load (kN)

9 Perf 120-2F

Applied load (kN)


5 Perf 120-2F
50
80 5 Perf 120-2F 80
3 Perf 120-2F 3 Perf 120-2F 40
60 Studs 60
3 T-Perf-120-IN-12
0,20% 3 T-Perf-120-IN-12 30
5 T-Perf-120-IN-12
40 0,35% 40
5 T-Perf-120-IN-12 20 3 T-Perf-120-IN-12-16
3 T-Perf-120-IN-12
20 20 0,20%
5 T-Perf-120-IN-12 3 T-Perf-120-IN-12-16 10
0,35%
3 T-Perf-120-IN-12-16
0 0 0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 0 5 10 15 20 0 2 4 6 8 10

Midspan deflection (mm) Midspan deflection (mm) Midspan deflection (mm)

Figura 3.147 - Carga versus deslocamento vertical no meio do vão.

Os resultados também indicam que o Perfobond e os T-Perfobond apresentaram cargas


últimas semelhantes, embora suas curvas nos testes push-out terem sido bastante diferentes,
como pode ser visto na Figura 3.148. Uma inspeção simples destas curvas indica que a carga
de colapso do conector TPerfobond é duas vezes maior que a do conector de cisalhamento
Perfobond equivalente. Uma possível explicação para o comportamento estrutural semelhante
destes dois conectores diferentes pode estar relacionada ao fato de que em vigas mistas que o
comportamento à flexão prevalece em vez do cisalhamento direto presente nos testes tipo
push-out. Outra razão para esta tendência semelhante pode ser explicada pelo fato de que em
todas as simulações a ruptura por esmagamento da laje de concreto foi diretamente
responsável pela falha da viga mista, inibindo o conector de cisalhamento de atingir sua
capacidade final. As Figuras 3.148 a 3.151 apresentam a distribuição de tensões totais nas
lajes mistas para os vários modelos investigados próximo à última fase de carregamento.

Figura 3.148 - Deformações na laje de concreto 3 & 9 Perfobonds.


249

Figura 3.149 - Deformações na laje, detalhe da região mais solicitada nos modelos Perfobond &
TPerfobond.

Figura 3.150 – Deformação na laje de concreto – 3 TPerfobonds (IPN 340 & W200x46,1).

Figura 3.151 – Deformação na laje de concreto – 50 Studs.

O modelo de elementos finitos tridimensional desenvolvido provou ser eficaz na


previsão da resposta carga versus deslocamento vertical para vigas mistas submetidas às
cargas concentradas ou uniformemente distribuídas, assim como para prever o deslizamento
longitudinal na interface aço versus concreto, forças atuantes nos conectores e o modo de
colapso (conector ou esmagamento do concreto). Este modelo também é capaz de investigar
vigas com interação total ou parcial. O modelo tridimensional oferece a oportunidade de
desenvolver ideias que seriam praticamente impossíveis usando testes experimentais, devido
aos custos e, especialmente, a dispersão das propriedades do material que inevitavelmente
ocorrem no laboratório. A vantagem dos conectores Perfobond e TPerfobond está diretamente
ligada ao seu comportamento à fadiga, e como seu detalhe é muito mais conveniente do que o
dos studs, leva a vantagens adicionais na sua utilização em estruturas sob a ação de cargas
móveis ou carregamentos sísmicos.
A estratégia de modelagem das vigas mistas usou assim, como na modelagem
anteriormente apresentada, elementos de interface de mola calibrados com os resultados dos
testes tipo push out de conectores de cisalhamento. Isto possibilitou avaliar entre outros
aspectos os efeitos de seu espaçamento e de sua distribuição ao longo da viga mista. Além
disto, o modelo permitiu uma avaliação da distribuição das forças nos conectores de modo a
avaliar o seu real desempenho ao longo da viga mista.
O controle de parada adotado baseou-se uma vez mais na comparação com as cargas
últimas do conector, se este controlava o desempenho da viga mista, ou de acordo com uma
faixa de variação mínima e máxima de deformação de compressão no concreto. Isto foi feito
250

pois a capacidade de esmagamento e fissuração do elemento sólido de concreto tiveram que


ser suprimidos para superar problemas sérios de convergência em regiões próximas da carga
última do sistema estrutural investigado. Cargas concentradas foram simuladas com um
controle de deslocamento e demandaram mudanças de tolerâncias e de critérios de
convergência para gerar resultados confiáveis, variando de caso a caso. Pela primeira vez
conectores Perfobond e TPerfobond foram investigados para determinar se concentrações de
tensões muito elevadas não ocorreriam nas vigas mistas devido ao seu número reduzido ao
longo do vão quando comparado com os conectores tipo pino com cabeça.
O trabalho também contemplou uma modelagem elástica muito simples da mesa do
conector TPerfobond para aumentar a sua flexibilidade sem diminuir a sua capacidade
resistente. Esta modelagem contribuiu efetivamente para a especificação da espessura da mesa
do conector TPerfobond usada na segunda fase de ensaios experimentais levando a
desempenhos compatíveis com conectores que atendem ao critério de ductilidade do
Eurocode 4 sendo desta forma, dimensionados no regime plástico com admissão de um
espaçamento uniforme ao longo da viga mista.

n. Modelagem de ensaios push-out com conectores de cisalhamento tipo pino com


cabeça (stud) e Perfobond

O comportamento de conectores de cisalhamento têm sido extensivamente estudados


pois sua resistência é influenciada por vários fatores, como por exemplo: resistência do
concreto, geometria do conector, geometria da região do concreto perto do conector, etc.
Considerando estes fatores, testes em escala real são recomendados para avaliar as
capacidades última e ductilidade de conectores entre eles o pinos com cabeça, comumente
conhecidos como conectores tipo pino. Além disso, testes tipo push-out continuam a ser uma
opção útil porém, como todos os testes experimentais, é uma opção cara e demorada. Desta
forma, o principal desta investigação foi o desenvolvimento de um modelo não-linear de
elementos finitos tridimensional com o programa Ansys, [32], para avaliar a resistência última
final de conectores tipo pino, [144]. Os resultados numéricos foram calibrados contra
resultados experimentais e numéricos por Lam, [145], e Vianna, [71], e formulações analíticas
fornecidas no Eurocode 4, [64].
Testes tipo push-out caracterizam-se por uma viga de aço de pequeno comprimento
ligado à duas lajes de concretos através de conectores de cisalhamento, Figura 3.152. A
presente investigação usou os resultados deste tipo de testes conduzidos por Lam, [145]. Estes
testes usaram um perfil de aço laminado UC73 (254 x 254 equivalente a uma seção W 10 x
49) e duas lajes de concretos com dimensões de 619 mm (largura), 469 mm (altura) e 150 mm
(espessura) em cada laje. Estas lajes foram conectadas às mesas da viga de aço por conectores
pino com diâmetro do fuste de 19 mm e 100 mm de altura em que a distância entre o conector
e a borda da laje foi de 200 mm, Figura 3.152. Os procedimentos de teste adotaram as
recomendações padrão do Eurocode 4, [64]. O trabalho inicia-se com um modelo com a
geometria completa do conector, utilizando o elemento SOLID45, Figura 3.152.

Figura 3.152 – Ensaio Push-Out, Lam, [145], modelo completo e metade do modelo.
251

1
ELEMENTS
1 JUL 29 2011
ELEMENTS 11:49:54
JUL 29 2011
11:50:31

Z X

Z X

Figura 3.153 – Laje de concreto. perfil de Aço, conector tipo pino.

A Figura 3.154 apresenta as condições de contorno adotadas no modelo em elementos


finitos: na base da laje de concreto e do ensaio push-out, interface concreto-laje de reação
foram aplicadas em todos os nós, restrições no sentido do carregamento, eixo Y, para se
impedir o deslocamento da estrutura. Além disto, em alguns nós com coordenadas distintas
foram aplicadas restrições no sentido de X e Z, comprimento e largura da laje de concreto
respectivamente, evitando-se a rotação da base. A restrição no sentido X e Y não foi aplicada
em todos os nós da base tendo sido somente adotado para evitar deslocamentos de corpo
rígido; acima do topo do perfil de aço foi inserido um elemento da ligação o qual teve seus
deslocamentos associados ao topo do perfil, topo do ensaio push-out, o que possibilitou a
aplicação do deslocamento em um único ponto facilitando a interpretação dos resultados.
1
NODES 1
NODES
U JUL 16 2011
17:15:06 U JUL 16 2011
CP 17:16:20
CE CP
CE

Z X

Figura 3.154 – Condições de contorno adotadas no Modelo em Elementos Finitos: Restrições da Base
da laje de concreto; Ligação do topo do perfil de aço.

No perfil de aço na região entre a mesa e a alma foram aplicadas na mesa as restrições
provenientes na existência da alma. A modelagem da alma, a qual se encontra no mesmo
plano do conector, obrigaria o uso de elementos muito pequenos o que aumentaria o esforço
computacional. Na região entre o perfil de aço e a laje de concreto foi aplicado um
acoplamento nos eixos X e Z, eixos diferentes ao da aplicação do esforço (Y), dado a
impossibilidade da laje de concreto e o perfil de aço ocuparem o mesmo espaço físico. O
ensaio push-out determinado no Eurocode 4, [64], possui inicialmente uma série de
carregamentos e descarregamentos o que evita o escorregamento inicial entre o conector e o
concreto durante as medições do ensaio. Nesta modelagem tal efeito foi simulado com a
aplicação do acoplamento na interface inferior entre o conector e o concreto, Figura 3.155. Na
interface entre o perfil e o conector foi aplicado o acoplamento para simular a solda ali
presente.
252

1
1 NODES
NODES JUL 16 2011
CP
JUL 16 2011 17:20:10
U CE
CP 17:17:56
CE

Y
Y
Z X
Z X

Figura 3.155 – Condições de contorno adotadas no Modelo em Elementos Finitos Restrições entre a
mesa e a alma do perfil; acoplamento entre a mesa do perfil e a laje.

A superfície de contato foi aplicada apenas na região superior do conector. Esta


abordagem teve como justificativa a impossibilidade de se aplicar o acoplamento nesta região,
pois tal medida acarretaria em esforços de tração inexistentes no concreto. As propriedades
dos materiais foram adotadas conforme o trabalho de Lam, [145], usando as equações abaixo
na determinação das propriedades do concreto, ou seja:

 yc  0.00024 f cu f yc  0.8  f cu Ec  f yc /  yc (3.11)

O aço adotado para a mesa do perfil foi o S275, já para o conector foi adotado o
módulo de Young de 200 GPa e tensão de escoamento de 470,8 MPa, conforme Lam, [145].
As barras de aço foram aplicadas no modelo como taxas de armadura, conforme os ângulos e
os dados permitidos pelo elemento SOLID65, sendo utilizada para tanto, a descrição de Lam,
[145], na qual o mesmo indica que utilizou barras de 10 mm com taxa de seis barras na
horizontal e seis na vertical por camada. Nota-se que em seu ensaio, Lam, [145], subdividiu
cada laje de concreto em duas camadas. Ao longo da espessura foi adotada a taxa de armadura
necessária à amarração destes elementos. Na calibragem do modelo foram adotados quatro
ensaios, SP1, SP2, SP3 e SP4, e em todos os ensaios, foi utilizado um conector de
cisalhamento tipo pino de 19 mm de diâmetro e 100mm de altura, sendo a variável o fck do
concreto, adotando-se para tanto os valores de 50 MPa, 20 MPa, 30 MPa e 35 MPa,
respectivamente. Na Tabela 3.10 são demonstrados os resultados obtidos por Lam, [145], nos
modelos experimentais e numéricos, os resultados do Eurocode 4, [64], e os obtidos no
modelo de elemento finitos.

Tabela 3.10 – Comparação dos resultados modelo desenvolvido com o Eurocode 4, [64], e os
resultados experimentais e numéricos de Lam, [145].

Ensaio fck (MPa) Experimentos Lam (kN) FE (kN) Lam EC4 (kN) FE Ansys (kN)
SP1 50 130,4 116,6 106,8 114,43
SP2 20 71,6 74,4 60,4 73,22
SP3 30 93 91,8 81,9 87,47
SP4 35 102 97,3 91,9 90,02
253

Os resultados obtidos foram considerados satisfatórios tendo em vista a pouca


diferença entre os mesmos e os obtidos por Lam, [145], em seu experimento e análise e os
apresentados pelo Eurocode 4, [64], Figura 3.156.

140

120

Resistencia do Conector (KN)


100

80

60

40
15 20 25 30 35 40 45 50 55
Fck do Concreto (Mpa)

Experiments (kN) [1] FE (kN) [1] EC4 (kN) FE Ansys (kN)

Figura 3.156 – Comparação dos resultados modelo desenvolvido com o Eurocode 4, [64], e os
resultados experimentais e numéricos de Lam, [145].

A sequência de figuras a seguir apresenta os resultados obtidos no modelo em


elementos finitos, seguindo-se em ordem crescente do menor ao maior fck, sendo ilustrado o
gráfico comparativo, a distribuição de tensão de Von Misses presente no conector e no perfil e
a deformação plástica no concreto, no momento da ruptura. Nota-se que nas figuras seguintes
onde serão apresentadas as tensões de von Mises no conector também é representada a forma
original do mesmo, representada pelas linhas cheias de coloração preta. Esta representação
procura facilitar a visualização da deformação no conector.

100

90

80 1
NODAL SOLUTION 1
NODAL SOLUTION
STEP=1 JUL 29 2011
STEP=1 JUL 29 2011
70 SUB =25 15:26:04
SUB =25 17:29:57
TIME=2.002
TIME=2.002
SEQV (AVG)
EPPLY (AVG)
60 DMX =1.989
Carga (KN)

RSYS=0
SMN =19.194
DMX =2.27
SMX =469.615
SMN =-.091762
50 SMX =.107959
MX
40

30
MN MN
20

10 MX

0
0 1 2 3 4 5 6 7
Deslocamento (mm)

FE MODEL 20 Mpa Lam 20 MPa RUPTURA FE 19.194 119.287 219.381 319.474 419.568 -.091762 -.04738 -.002997 .041385 .085767
69.241 169.334 269.428 369.521 469.615 -.069571 -.025189 .019194 .063576 .107959
Ruptura Eurocode Ruptura Experimental

Figura 3.157 – Carga versus deslocamento, tensão de Von misses no conector e deformação plástica
na região de concreto no entorno do Conector, ensaio SP2, Fck=20 MPa.

120

100

1
1 NODAL SOLUTION
NODAL SOLUTION
STEP=1 JUL 29 2011
STEP=1 JUL 29 2011
80 SUB =30 16:06:21 SUB =29 17:22:18
TIME=2.701
TIME=2.801
EPPLY (AVG)
SEQV (AVG)
RSYS=0
Carga (kN)

DMX =2.827
DMX =2.719
SMN =22.609
SMN =-.122401
SMX =470.537
60 SMX =.145237

MX MX

40

MN

20 MN

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Deslocamento (mm) 22.609 122.149 221.688 321.228 420.767 -.122401 -.062926 -.003451 .056024 .115499
72.379 171.919 271.458 370.998 470.537 -.092663 -.033188 .026287 .085762 .145237

FE Model 30 Mpa LAM 30 MPa Ruptura FE Ruptura Eurocode Ruptura Experimental

Figura 3.158 – Carga versus deslocamento, tensão de Von misses no conector e deformação plástica
na região de concreto no entorno do Conector, ensaio SP3, fck=30 MPa.
254

120

100

1
1 NODAL SOLUTION
NODAL SOLUTION
80 JUL 29 2011 STEP=1 JUL 29 2011
STEP=1 17:09:33
16:23:54 SUB =15
SUB =15
TIME=1.5
TIME=1.5
EPPLY (AVG)
Carga (KN)

SEQV (AVG)
RSYS=0
DMX =1.508
DMX =1.436
SMN =17.266
60 SMX =470.631 SMN =-.042108
SMX =.073965

MX
MX

40

MN

20 MN

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Deslocamento (mm) 17.266 118.014 218.762 319.509 420.257 -.042108 -.016314 .00948 .035274 .061068
67.64 168.388 269.135 369.883 470.631 -.029211 -.003417 .022377 .048171 .073965

FE model 35 Mpa Lam 35 Mpa Ruptura Fe Ruptura Eurocode Ruptura Experimental

Figura 3.159 – Carga versus deslocamento, tensão de Von misses no conector e deformação plástica
na região de concreto no entorno do Conector, ensaio SP4, fck=35 MPa.

140

120

1
1 NODAL SOLUTION
100 NODAL SOLUTION JUL 29 2011
STEP=1
JUL 29 2011 SUB =32 17:04:44
STEP=1
SUB =32 17:00:57 TIME=3.2
TIME=3.2 EPPLY (AVG)
RSYS=0
Carga (KN)

80 SEQV (AVG)
DMX =3.259 DMX =3.168
SMN =13.055 SMN =-.13338
SMX =470.684 SMX =.16416

MX MX
60

40
MN

MN
20

0
0 1 2 3 4 5 6 7
Deslocamento (mm) -.13338 -.06726 -.00114 .06498 .1311
13.055 114.75 216.445 318.141 419.836 -.10032 -.0342 .03192 .09804 .16416
63.903 165.598 267.293 368.988 470.684
FE MODEL 50MPa Lam 50MPa Ruptura Fe Ruptura Eurocode Ruptura Experimental

Figura 3.160 – Carga versus deslocamento, tensão de Von misses no conector e deformação plástica
na região de concreto no entorno do Conector, ensaio SP1, fck=50 MPa.

Em todos os casos, regiões do concreto ultrapassaram a deformação limite, 0,2% a


0,35%, tendo-se especial atenção ao ensaio SP1 em que esta região é pequena sendo o modo
de ruptura caracterizado pela falha no conector. Assim como nos ensaios representados por
Lam, [145], os modelos para os ensaios SP3 e SP4 apresentam uma falha conjunta com
ruptura do concreto e escoamento do conector. O ensaio SP2 possui uma grande região de
deformação excessiva do concreto, sendo então a falha caracterizada pela ruptura do concreto.
Os modos de ruptura demonstrados pelas fórmulas do Eurocode 4, [64], também são
próximos aos encontrados pois a carga suportada pelo conector é de 106,8 kN. Apesar do fato
de o Eurocode 4, [64], prever ruptura do conector apenas para o fck de 50 MPa, Lam [145]
constata em seus ensaios, resultados que comprovam o escoamento do conector. Assim, a
calibração do modelo fora considerada adequada, pois todos os modos de ruptura são
condizentes com os encontrados por Lam, [145], em seus ensaios e os valores obtidos nos
resultados também encontram-se próximos aos experimentais.
Com os resultados considerados satisfatórios e as variáveis de estudo apresentadas no
trabalho de Lam, [145], consideradas esgotadas, foi realizado um estudo adicional
considerando a existência de uma barra extra de armadura abaixo do conector, excetuando-se
as barras normais da taxa de armadura do concreto. Neste estudo foram usados os resultados
do modelo do conector tipo pino com 16 mm de diâmetro 75 mm de altura e fck de 25 MPa.
Inicialmente, a simulação da barra foi feita através do aumento na taxa de armadura nos
elementos inferiores ao conector e próximo ao mesmo, conforme indicado na Figura 3.161.
Esta estratégia surtiu pouco efeito em termos de resistência a falha da ligação, pois se
notou um acréscimo de apenas 2,24 kN menos de 4% da resistência obtida na primeira
modelagem desta ligação, 63,49 kN, resultando num total de 65,73 kN de capacidade de
carga. A Figura 3.162 apresenta o gráfico carga versus deslocamento onde é ainda mais
notório a pouca alteração entre as simulações. A Figura 3.163 apresenta os conectores de
cisalhamento no momento da falha para os dois modelos onde nota-se uma distribuição
distinta das tensões de von Misses no conector. A Figura 3.164 contém a deformação plástica
na laje no momento da falha sendo notório que a mesma tem um avanço menor ao se alterar a
taxa de armadura.
255

Figura 3.161 –Modelo com taxa de armadura simulando a barra de armadura extra.

90

80

70

60
Carga (KN)

50

40

30

20

10

0
0 1 2 3 4 5 6
Deslocamento (mm)
FE Model Ruptura FE MODEL Nova taxa de armadura Ruptura nova taxa

Figura 3.162 – Carga versus deslocamento para ensaios com taxa de armadura alterada.

1 1
NODAL SOLUTION NODAL SOLUTION
STEP=1 JUL 30 2011 JUL 31 2011
MN STEP=1
SUB =17 12:21:05 22:06:30
SUB =21
TIME=1.501 TIME=1.901
SEQV (AVG) SEQV (AVG) MX
DMX =1.497 DMX =1.907
SMN =41.343 SMN =42.126
SMX =542.207 MX SMX =592.542 MN

41.343 152.646 263.949 375.253 486.556 42.126 164.44 286.755 409.07 531.385
96.995 208.298 319.601 430.904 542.207 103.283 225.598 347.913 470.227 592.542

Figura 3.163 –Tensão de Von misses no conector, modelo original (Stud 16 mm x 75 mm, Fck = 25
MPa) e modelo com taxa de armadura alterada.

1
NODAL SOLUTION 1
JUL 30 2011 NODAL SOLUTION
STEP=1
12:22:54 STEP=1 JUL 31 2011
SUB =17
SUB =21 22:07:33
TIME=1.501
EPPLY (AVG) TIME=1.901
RSYS=0 EPPLY (AVG)
DMX =1.61 RSYS=0
SMN =-.074706 DMX =2.09
SMX =.085111 SMN =-.108291
SMX =.111125

MX
MX

MN

MN

-.074706 -.039191 -.003676 .031839 .067353 -.108291 -.059532 -.010773 .037986 .086745
-.056948 -.021433 .014081 .049596 .085111 -.083912 -.035152 .013607 .062366 .111125

Figura 3.164 – Deformação plástica na região de concreto no entorno do Conector, modelo original
(Stud 16 mm x 75 mm, Fck = 25 MPa) e modelo com taxa de armadura alterada.

Uma segunda estratégia usada incluiu uma barra de armadura de 10 mm através do


elemento PIPE59, esta barra possui um diâmetro de 10 mm, Figura 3.165.
256
1
ELEMENTS
JUL 31 2011
22:35:30

Figura 3.165 – Elementos da laje de concreto e localização da barra extra de armadura indicada em
vermelho e detalhe da malha da barra de armadura.

Ao contrário do caso anterior e uma nova taxa de armadura nos elementos, a


implementação de uma barra nesta região apresentou alterações de resistência com um
acréscimo de 6,78 kN acima dos 10% da carga obtida na primeira modelagem desta ligação,
63,49 kN, resultado num total de 70,27 kN de capacidade de carga. A Figura 3.166 apresenta
o gráfico carga versus deslocamento onde é visto o ganho de resistência nesta simulação. A
modelagem de um conector de cisalhamento possui três elementos cruciais para o seu
resultado, a mesa do perfil, o próprio conector e a laje de concreto, este último torna-se ainda
mais crítico quando possui resistência característica baixa. Nota-se neste caso que a
deformação plástica no concreto possui uma distribuição das tensões similar ao modelo inicial
para o conector tipo pino de 16 x 75 com resistência da laje de concreto de 25 MPa.

100

90

80 1 1
NODAL SOLUTION NODAL SOLUTION

STEP=1 JUL 31 2011 STEP=1 JUL 31 2011


70 SUB =15
MN
22:55:40 SUB =15 22:51:12
TIME=1.5 TIME=1.5
SEQV (AVG) EPPLY (AVG)
Carga (KN)

60 DMX =1.495
MX
RSYS=0
DMX =1.827
SMN =37.597
SMX =566.378 SMN =-.07357
SMX =.137379
50 MX

40
MN
30

20

10

0
0 1 2 3 4 5 6
37.597 155.104 272.611 390.118 507.624 -.07357 -.026693 .020185 .067062 .11394
Deslocamento (mm) 96.35 213.857 331.364 448.871 566.378
-.050131 -.003254 .043624 .090501 .137379

FE Model Ruptura FE MODEL


Nova taxa de armadura Ruptura nova taxa
Com Barra de 10mm Ruptura com barra de 10mm

Figura 3.166 – Carga versus deslocamento, tensão de Von misses no conector e deformação plástica
na região de concreto no entorno do Conector, ensaio SP1, fck=50 MPa.

Uma segunda etapa da investigação contemplou a modelagem de outros tipos de


conectores. Com base nos resultados experimentais presentes no trabalho apresentado por
Vianna, [71], foram modelados ensaios Push-Out com conectores de cisalhamento tipo
Perfobond. O modelo em questão foi confeccionado tendo como perfil o HEA 200 em aço
S275 (fy = 275 MPa; fu = 430 MPa), para os conectores Perfobond foram utilizadas chapas de
aço de 13 milímetros de espessura, Figura 3.167 e aço S355 (fy=355 MPa; fu=510 MPa). As
barras de armadura foram de aço S500 (fy=500 MPa) com 10mm de diâmetro, Figura 3.167,
que também apresenta a geometria da laje de concreto a qual possui 120 milímetros de
espessura, 650 milímetros de altura e 600 milímetros de comprimento.
257

Figura 3.167 – Geometria do conector Perfobond e detalhe das dimensões do ensaio push-out, com
localização das armaduras.

As propriedades do concreto necessitaram de uma análise mais aguçada, pois como o


fck adotado fora de 28 MPa e por experiências anteriores tinha-se que quanto menor a
resistência do concreto, mais complexo seria o modelo. Assim para a curva característica do
concreto foi adotada a fórmula do Eurocode 2, [146], sendo a mesma aplicada no modelo
conforme a Figura 3.168.
FCK 28

30

25

20
Tensão (MPa)

15

10

0
0 0.001 0.002 0.003 0.004 0.005 0.006 0.007 0.008
Deformação

Figura 3.168 - Curva característica para um concreto de fck= 28 MPa.

A Figura 3.169 apresenta os volumes presentes no modelo de elementos finitos e a


Figura 3.170 ilustra os elementos finitos de cada parte do modelo, laje, conector e perfil.
1
VOLUMES
1
TYPE NUM VOLUMES AUG 1 2011
22:18:41 AUG 1 2011
TYPE NUM
22:19:17

Z X
Y

Z X

Figura 3.169 – Modelo completo detalhe do conector dentro da laje do modelo.


258
1
ELEMENTS
AUG 1 2011
22:21:21

1
ELEMENTS 1
ELEMENTS AUG 1 2011
22:22:26 AUG 1 2011
22:21:50

Z X

Figura 3.170 – Laje de concreto, detalhes do conector Perfobond e do perfil de aço.Z


Y

As condições de contorno adotadas nas análises do presente trabalho foram adotadas


tendo-se por base as condições presentes no ensaio experimental e as condições de simetria
presentes no mesmo, sendo em parte semelhantes ao modelo com conectores tipo pino. Na
base da laje de concreto e do ensaio push-out, interface concreto-laje de reação foram
aplicadas em todos os nós, restrições no sentido do carregamento, eixo Y, para se impedir o
deslocamento da estrutura. Além disto, em alguns nós com coordenadas distintas foram
aplicadas restrições no sentido de X e Z, comprimento e largura da laje de concreto
respectivamente, evitando-se a rotação da base. A restrição no sentido X e Y não foi aplicada
em todos os nós da base tendo sido somente adotada para evitar deslocamentos de corpo
rígido. Acima do topo do perfil de aço foi inserido um elemento de ligação o qual teve seus
deslocamentos associados ao topo do perfil, topo do ensaio push-out, o que possibilitou a
aplicação do deslocamento em um único ponto facilitando a interpretação dos resultados. No
perfil de aço na região entre a mesa e a alma, foram aplicadas na mesa, restrições no sentido
do plano ortogonal a carga. Na região entre o perfil de aço e a laje de concreto foi aplicado
um acoplamento nos eixos X e Z, eixos diferentes ao da aplicação do esforço (Y), dado a
impossibilidade da laje de concreto e o perfil de aço ocuparem o mesmo espaço físico. Na
interface entre o perfil e o conector foi aplicado o acoplamento em todos os sentidos de
deslocamento para simular a solda ali presente.
Nota-se na Tabela 3.11 que a variação entre o valor obtido no ensaio experimental e o
apresentado no modelo em elementos finitos apresenta 17,34kN de diferença o que representa
um valor pequeno frente a capacidade da ligação, 5,35%, pois tal valor é inferior ao
deslocamento aceitável no Eurocode 4, [64]. A nomenclatura utilizada na coluna tipo segue a
utilizada por Vianna, [71], em seu trabalho, conforme pode ser visto na Figura 3.171, que
também apresenta o gráfico tensão versus deformação do modelo e do experimento realizado
por Vianna, [71], interessante notar neste gráfico a redução da capacidade de carga no modelo
após a falha da ligação.

Tabela 3.11 – Valor do carregamento no instante do colapso estrutural.

fck (MPa) Tipo Vianna, [71], Modelo de Elementos Finitos

28 P-2F-120 324,10 KN 341,44


259

Figura 3.171 - Parte dos conectores Perfobond da segunda série, Vianna, [71], e Carga versus
deslocamento para os ensaios com conectores Perfobond.

As Figuras a seguir apresentam as tensões de von Misses no conector e no perfil no


momento da falha e a deformação plástica da laje de concreto.
1
NODAL SOLUTION
1
STEP=1 AUG 1 2011
NODAL SOLUTION
SUB =6 23:59:26
STEP=1 AUG 2 2011
TIME=.535
00:00:14
SUB =6
TIME=.535 MN EPPLY (AVG)
SEQV (AVG) RSYS=0
DMX =.396117 DMX =.214676
SMN =14.041 SMN =-.007667
SMX =357.88 SMX =.002084

MX
MX
MN

14.041 90.45 166.859 243.267 319.676


52.246 128.654 205.063 281.472 357.88 -.007667 -.0055 -.003333 -.001166 .001001
-.006584 -.004417 -.00225 -.825E-04 .002084

Figura 3.172 – Tensões de von Mises no conector Perfobond e deformação plástica no concreto no
colapso, fck=28 MPa.

1
1 NODAL SOLUTION
NODAL SOLUTION AUG 2 2011
STEP=1
STEP=1 AUG 2 2011 SUB =6 00:01:54
SUB =6 00:02:09 TIME=.535
TIME=.535 SEQV (AVG)
SEQV (AVG) DMX =.535261
DMX =.535261 SMN =.47912
SMN =.47912 SMX =181.081
SMX =181.081
MX
MX

MN MN

.47912 40.613 80.747 120.88 161.014 .47912 40.613 80.747 120.88 161.014
20.546 60.68 100.813 140.947 181.081 20.546 60.68 100.813 140.947 181.081

Figura 3.173 – Tensões de Von Mises no Perfil na interface com o conector e no Perfil na região
posterior a interface com o conector no colapso, fck=28 MPa.

O trabalho apresentado por Vianna, [71], apresenta alterações na utilização do


conector tipo Perfobond, tornando-se natural que fossem realizadas análises com modelos
com estas características. As Figuras a seguir demonstram as alterações no conector que se
fizeram necessárias para adequação ao modelo nomeado por Vianna, [71], como P-SF-120.
Ressalta-se que tais alterações foram apenas de ordem geométrica mantendo-se as
características e condições de contorno antes apresentadas. A Figura 3.174 apresenta um
gráfico com alguns aspectos interessantes, visto que inicialmente o modelo com o conector
260

sem furos apresenta uma maior resistência e constância nos resultados apesar da sua
capacidade de carga antes da falha ser inferior, 326,66 kN, frente ao modelo com dois furos,
341,44 kN. A explicação para este resultado pode estar no fato da dificuldade em se modelar
formas circulares com nós coordenados adequadamente às formas retangulares, o que em
termos de modelo em elementos finitos, pode acarretar em perda de energia nestas regiões
principalmente se algum elemento está sendo solicitado acima da sua capacidade.

FCK 28
400

350

300

250
Carga (KN)

200

150

100

50

0
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6
Deslocamento (mm)

P-2F-120 P-SF-120 RUPTURA P-SF-120 RUPTURA P-2F-120

Figura 3.174 - Carga versus deslocamento, conectores Perfobond com dois furos e sem furos.

A seguir são ilustradas as tensões de von Misses, no perfil e no conector, no momento


da falha e a deformação plástica no sentido da força no concreto neste mesmo nível da carga. 1
NODAL SOLUTION
STEP=1 AUG 2 2011
1 22:59:29
NODAL SOLUTION MN SUB =7
STEP=1 AUG 2 2011TIME=.50125
SUB =7 22:57:15EPPLY (AVG)
TIME=.50125
RSYS=0
SEQV (AVG) DMX =.280807
DMX =.361709 SMN =-.008279
SMN =10.93 SMX =.004295
SMX =355.001

MX
Y
Y MNX
MX Z
Z X

10.93 87.39 163.85 240.31 316.77 -.008279 -.005485 -.00269 .104E-03 .002898
49.16 125.62 202.08 278.54 355.001 -.006882 -.004088 -.001293 .001501 .004295

Figura 3.175 – Tensões de von Mises no conector Perfobond sem furos e deformação plástica no
concreto no colapso, fck=28 MPa.
1 1
NODAL SOLUTION NODAL SOLUTION
STEP=1 AUG 2 2011 STEP=1 AUG 2 2011
SUB =7 22:58:04 SUB =7 22:57:48
TIME=.50125 TIME=.50125
SEQV (AVG) SEQV (AVG)
DMX =.501568 DMX =.501568
SMN =.510279 SMN =.510279
SMX =177.626 SMX =177.626

MX MX

Y Y

X Z Z X

MN MN

.510279 39.869 79.228 118.587 157.946 .510279 39.869 79.228 118.587 157.946
20.19 59.549 98.908 138.267 177.626 20.19 59.549 98.908 138.267 177.626

Figura 3.176 – Tensões de von Mises no Perfil na interface com o conector Perfobond sem furos e na
região posterior a interface com o conector no colapso, fck=28 MPa.

O próximo modelo estudado incluiu uma barra de armadura com diâmetro de 10


milímetros em cada furo do Perfobond conforme mostra a Figura 3.177.
261
1
ELEMENTS
AUG 2 2011
23:57:17

Figura 3.177 - Barras de armadura adicionadas ao modelo e detalhe do conector Perfobond com as
barras de armadura nos furos.

A Figura 3.178 faz uma comparação entre os modelos investigados. Destaca-se nesta
que o ganho com a inclusão das barras de armadura só foi notado em termos de carga no
momento da falha, 400,26 kN, contra o resultado no modelo sem as barras, 341,44 kN.
FCK 28
450

400

350

300
Carga (KN)

250

200

150

100

50

0
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8
Deslocamento (mm)

P-2F-120 P-2F-AR-120 RUPTURA P-2F-120 RUPTURA P-2F-AR-120

Figura 3.178 - Carga versus deslocamento, conectores Perfobond com armaduras nos furos.

A seguir são ilustradas as tensões de von Misses, no perfil e no conector, no momento


da falha e a deformação plástica no sentido da força no concreto no mesmo instante. 1
NODAL SOLUTION
STEP=1 AUG 3 2011
SUB =8 00:23:21
1 TIME=.6225
NODAL SOLUTION EPPLY (AVG) MX
STEP=1 AUG 3 2011 RSYS=0
SUB =8 00:21:55 DMX =.276115
TIME=.6225 SMN =-.010363
EPTOEQV (AVG) SMX =.002745
DMX =.459731
SMN =.101E-03
SMX =.002946

MX
MN

MN

.101E-03 .733E-03 .001365 .001998 .00263 -.010363 -.00745 -.004538 -.001625 .001288
.417E-03 .001049 .001682 .002314 .002946 -.008907 -.005994 -.003081 -.168E-03 .002745

Figura 3.179 – Tensões de von Mises no conector Perfobond sem furos e deformação plástica no
concreto no colapso, fck=28 MPa.
1
1 NODAL SOLUTION
NODAL SOLUTION AUG 3 2011
STEP=1
STEP=1 AUG 3 2011 00:21:20
SUB =8
SUB =8 00:21:29
TIME=.6225
TIME=.6225 EPTOEQV (AVG)
EPTOEQV (AVG) DMX =.622823
DMX =.622823 SMN =.261E-05
SMN =.261E-05 SMX =.001029
SMX =.001029

MX
MX

MN MN

.261E-05 .231E-03 .459E-03 .687E-03 .915E-03 .261E-05 .231E-03 .459E-03 .687E-03 .915E-03
.117E-03 .345E-03 .573E-03 .801E-03 .001029 .117E-03 .345E-03 .573E-03 .801E-03 .001029

Figura 3.180 – Tensões de von Mises no perfil na interface com o conector Perfobond sem furos e na
região posterior a interface com o conector no colapso, fck=28 MPa.

A Tabela 3.12 apresenta os resultados obtidos nos modelos em elementos finitos onde
o modelo nomeado como P-SF-120 é o modelo com o conector tipo Perfobond sem furos, o
modelo P-2F-120 corresponde ao Perfobond com dois furos utilizado para a validação dos
262

resultados, e o modelo P-2F-AR-120 que possui as barras de armadura de armadura extra nos
furos do conector. A variação apresentada em termos percentuais na última coluna foi obtida
através da razão entre o valor do modelo e o valor do modelo referência, o qual foi utilizado
na validação dos resultados sendo nomeado como P-2F-120. Apesar de não se possuir
resultados experimentais para todas as características adotadas nos modelos, os resultados
indicam uma relação proporcional interessante, visto que, com base nos resultados presentes
na Figura 3.180, a média de variação entre os modelos com furos e sem é de 92,38% com o
valor de menor resultado sendo 89,35% e o de maior 96,12%. Ao se comparar os valores da
variação para o conector de dois furos com e sem barra tem-se o valor médio de 114,07% com
o menor resultado de 99,98% e o maior 128,47%.

Tabela 3.12 - Valores das cargas no momento da falha da ligação nos modelos.

Modelo fck (MPa) Carga (kN) Variação (%)


P-SF-120 28 326,66 95,67
P-2F-120 28 341,44 100
P-2F-AR-120 28 400,26 117,23

O modelo do ensaio push-out foi executado para conectores de cisalhamento tipo pino
com cabeça e para conectores Perfobond. A modelagem adotou um controle de deslocamento
e condições de apoio necessárias para simular o efeito da alma do perfil de aço e as simetrias
existentes assim como restringir possíveis movimentos de corpo rígido. A cabeça do conector
stud inicialmente não foi incluída contribuindo para uma substancial redução do confinamento
do concreto nesta região alterando o seu real desempenho quando comparado com os
resultados experimentais usados para sua calibração.
O contato entre as regiões do concreto e do conector e entre a mesa do perfil e o
concreto tiveram que ser estabelecidas com cuidado. A modelagem das barras de armadura
adicionais foi feita de acordo com duas estratégias. A primeira considerou as distribuídas em
uma região do concreto enquanto a segunda, que obteve os melhores resultados, considerou as
barras como elementos de barra discretos inseridos no concreto armado.
A convergência mais uma vez foi um processo demorado e complexo, variando de
caso a caso, e demandando diversos recomeços e mudanças de critérios e tolerâncias para
atingir a carga última dos testes investigados. O controle de parada adotado baseou-se, mais
uma vez, na comparação com uma faixa de variação mínima e máxima de deformação de
compressão no concreto. Isto foi feito pois a capacidade de esmagamento e fissuração do
elemento sólido de concreto tiveram que ser suprimidas para superar problemas sérios de
convergência em regiões próximas da carga última do sistema estrutural investigado.

3.6. Considerações Finais

O presente capítulo teve por objetivo apresentar as etapas necessárias para a correta
concepção, execução e interpretação dos resultados de modelos numéricos com o uso do
método dos elementos finitos de estruturas de aço e mistas. Outros tipos de modelagem
incluindo, por exemplo, análises não lineares dinâmicas modais e transientes, interação solo
estrutura e mesmo análises térmicas e mecânicas acopladas podem e já são objetos de muita
pesquisa e desenvolvimento mas por questões relativas a limitação do escopo não foram
apresentadas neste capítulo. Mais uma vez deve-se enfatizar que nada substitui a experiência
dos engenheiros e pesquisadores que vem lidando com estes tipos de modelagem há muito
tempo e, mesmo com limitações de equipamento e recursos financeiros tem produzido
excelentes modelos numéricos que vem contribuindo para uma melhor compreensão de
complexos problemas de engenharia estrutural.
263

O próximo capítulo contém uma descrição semelhante a que foi feita neste capítulo
para modelos incluindo técnicas de inteligência computacional. Desta forma, são apresentadas
e discutidas detalhadamente as principais características destas técnicas, escopo e um correto
tratamento e interpretação dos resultados obtidos.
Capítulo 4 - Modelagem com Técnicas
de Inteligência Computacional

4.1. Considerações Iniciais

Engenheiros estruturais vem há muito tempo buscando a concepção de estruturas que


possam exprimir sua habilidade para resistir às cargas a ela impostas não só com leveza e
economia, mas também com o objetivo de se tornarem marcos estéticos e estarem em
conformidade com as exigências atuais de sustentabilidade. Vários exemplos destas
tentativas, ao longo dos anos, podem ser encontrados em todo o mundo como a Torre Eiffel, a
Tower Bridge, a Sidney Opera House, o Museu Guggenheim de Bilbao, entre vários outros.
Com o desenvolvimento de novos materiais e processos computacionais mais rápidos, uma
nova fronteira foi aberta para a concepção e desenvolvimento de novos processos e técnicas
de dimensionamentos mais ousados que irão definir a tendência para as futuras estruturas do
século XXI. Inúmeros métodos, técnicas e ferramentas têm sido e ainda estão sendo, usados
para melhorar o dimensionamento destas estruturas como processos de otimização, sistemas
numéricos de modelagem envolvendo análises de elementos finitos não lineares entre outros.
Ao mesmo tempo, a última década do século XX tem sido associada a uma substancial
melhoria e desenvolvimento das denominadas técnicas computacionais inteligentes, que são
sistemas computacionais que tentam imitar o comportamento humano, tais como percepção,
raciocínio, aprendizagem, evolução e adaptação. Estas técnicas abrangem redes neurais,
algoritmos genéticos, lógica nebulosa e sistemas inteligentes híbridos, tais como modelos
Neuro nebulosos, Neuro genéticos & Genético nebulosos.
Sistemas inteligentes tem sido aplicados com êxito na previsão, otimização, análise,
controle, inferência, modelagem e detecção de risco de falhas, em uma grande variedade de
campos de conhecimento. Estes sistemas oferecem uma solução abrangente para os gestores e
tomadores de decisão para um grande número de aplicações complexas e abrangentes que são
consideradas difíceis, totalmente limitadas ou mesmo impossíveis por empresas em diversas
áreas: economia e finanças, comércio, engenharia, energia, transporte, logística, propaganda,
meio ambiente, medicina, etc. Portanto, ferramentas numéricas baseadas nestas ideias foram
amplamente desenvolvidas e foram aplicadas com êxito não só para casos na engenharia, mas
também, a uma ampla variedade de problemas.
O presente trabalho destaca algumas das primeiras tentativas de usar métodos
computacionais inteligentes para previsão, dimensionamento e otimização do comportamento
estrutural. Os autores não pretendem esgotar todas as tentativas de utilizar técnicas de
inteligência computacional para resolver problemas de engenharia estrutural.
Alternativamente, a ideia deste capítulo foi concentrar em alguns destes métodos para permitir
uma visão mais profunda da vasta gama de aplicações da engenharia estrutural que poderão
vir a ser abrangidas e melhoradas com o seu uso adequado.
Para melhor apresentar os aspectos acima mencionados, este capítulo foi dividido em
seções, onde inicialmente é apresentada uma breve descrição do método de inteligência
computacional adotado, seguido por algumas de suas aplicações. Dois modelos básicos de
rede neural artificiais: as redes tipo Perceptron multicamadas com algoritmo de treinamento
Back Propagation e as redes Bayesianas. Isto se segue da descrição dos algoritmos genéticos,
da programação genética e suas aplicações. Finalmente será fornecida uma breve visão geral
dos sistemas Neuro nebulosos, bem como algumas das suas aplicações na engenharia
estrutural.
265

4.2. Redes Neurais

Redes Neurais são modelos computacionais não lineares, inspirados na estrutura e


operação do cérebro humano, que procuram reproduzir características humanas, tais como:
aprendizado, associação, generalização e abstração. As Redes Neurais são compostas por
diversos elementos processadores (neurônios artificiais), altamente interconectados, que
efetuam operações simples, transmitindo seus resultados aos processadores vizinhos. A
habilidade das Redes Neurais em realizar mapeamentos não-lineares entre suas entradas e
saídas as tem tornado prósperas no reconhecimento de padrões e na modelagem de sistemas
complexos. Devido à sua estrutura, as Redes Neurais são bastante eficazes no aprendizado de
padrões a partir de dados não-lineares, incompletos com ruído ou compostos por exemplos
contraditórios. Três conceitos básicos caracterizam os diversos tipos de Redes Neurais: o
modelo do neurônio artificial, a sua estrutura de interconexão (topologia) e a regra de
aprendizado.
O neurônio artificial j, tipicamente denominado elemento processador, é inspirado no
neurônio biológico, possuindo um conjunto de entradas si (dendritos) e uma saída sj (axônio).
As entradas são ponderadas por pesos sinápticos wij (sinapses), que determinam o efeito da
entrada si sobre o processador j. Estas entradas ponderadas são somadas, fornecendo o
potencial interno do processador (netj). A saída ou estado de ativação sj do elemento
processador j é finalmente calculada através de uma função de ativação f, tipicamente uma
função sigmoidal. O estado de ativação pode então ser definido pela seguinte equação:

 N 
s j  f   si   ji   j  (4.1)
 i 1 

onde N é o número de entradas do neurônio j e j é um termo de polarização do neurônio


(bias). Os elementos processadores podem ser divididos em três tipos: entrada, saída e
escondidos. Os neurônios de entrada são aqueles que estão conectados às entradas globais da
rede. Os neurônios de saída apresentam as saídas da rede neural ao ambiente externo. O
terceiro grupo é composto de neurônios cujas entradas e saídas estão conectadas somente a
outros neurônios, não havendo interação com o ambiente externo à rede.
A topologia de uma rede neural define a forma como os vários neurônios estão
interconectados. Estes neurônios são geralmente dispostos em camadas, podendo ser
classificadas, de acordo com o tipo de neurônio, em camada de entrada, camada de saída e
camada escondida. Pode-se considerar dois tipos básicos de topologias: Redes Feed-Forward
e Redes Recorrentes.
Redes Feed-Forward são compostas por uma camada de entrada, uma camada de
saída e uma ou mais camadas escondidas. Neste tipo de rede o fluxo de dados é sempre em
uma única direção, isto é, não existe realimentação (Figura 4.1). Redes Recorrentes possuem
conexões entre processadores da mesma camada e/ou com processadores das camadas
anteriores (realimentação). As redes recorrentes, devido à sua estrutura realimentada, são mais
adequadas para o processamento de padrões dinâmicos.
Entradas

Saídas

Figura 4.1 - Rede Feed-Forward.


266

O processamento de uma Rede Neural pode ser dividido em duas fases: Recuperação
da Informação (recall) e Aprendizado (learning). A recuperação da Informação é o processo
de cálculo da saída da rede, dado um certo padrão de entrada. O Aprendizado é o processo de
atualização dos pesos sinápticos para a aquisição do conhecimento. Existem três tipos básico
de aprendizado: treinamento supervisionado, treinamento Não-Supervisionado e treinamento
em “Batch”.
No treinamento supervisionado a rede é treinada através do fornecimento dos valores
de entrada e seus respectivos valores desejados na saída (“training pair”). O treinamento não-
supervisionado (“Self-Organization”) não requer o valor desejado de saída da rede. O sistema
extrai as características do conjunto de padrões, agrupando-os em classes inerentes aos dados
(“clustering”). No sistema de treinamento em Batch os valores dos pesos sinápticos são
estabelecidos a priori, em um único passo, também chamado de Gravação (“Recording”).
Devido à aplicação específica de classificação de expressões faciais, este trabalho
concentrou-se nas redes feed-forward, uma vez que o mapeamento de entrada-saída é estático,
com treinamento supervisionado.

4.2.1. Algoritmo de treinamento Back Propagation

Redes neurais Back-Propagation (BP) (Haykins, [148]. Wassermann, [149]) são redes
feed-forward de uma ou mais camadas escondidas. Este algoritmo define uma maneira
sistemática de atualização dos pesos das diversas camadas baseada na ideia que os erros dos
neurônios das camadas escondidas são determinados pela retropropagação reversa dos erros
dos neurônios da camada de saída.
O treinamento, supervisionado, é baseado no método do gradiente descendente
(gradient descent), buscando minimizar o erro global da camada de saída. Deste modo, a
atualização do peso (wij) é proporcional ao negativo da derivada parcial do erro com relação
ao próprio peso:

ESSE
 ji   (4.2)
 ji

onde  é a taxa de aprendizado e E é a função erro definida como:

 t 
N N0
1 p

2
ESSE  p
j  s jp (4.3)
2 p 1 i 1

onde No é o número de processadores da camada de saída e tj é o valor esperado na


saída do processador j. Derivando a equação (4.2), chega-se a seguinte fórmula:

w ji    si  e j
t j  s j  f net j  if j  output layer
 (4.4)
ej  
net j  jk ek if j  hidden layer
N

 f
k 1

onde  é a taxa de aprendizado; si é a entrada associada ao peso wij; ej é o erro do


j-ésimo processador; tj é o valor desejado de saída do processador j; sj é o seu estado de
ativação; netj é o seu potencial interno; f’ é a derivada da função de ativação; e N é o número
de processadores na camada seguinte à camada do processador j.
267

Como pode-se verificar da equação anterior, o algoritmo de aprendizado do Back


Propagation tem duas fases, para cada padrão apresentado: Feed-Forward e Feed-Backward.
Na primeira etapa as entradas se propagam pela rede, da camada de entrada até a camada de
saída, gerando a saída da rede em resposta ao padrão apresentado. Na segunda etapa, os erros
se propagam na direção contrária ao fluxo de dados, indo da camada de saída até a primeira
camada escondida, atualizando os pesos sinápticos. Este procedimento de aprendizado é
repetido diversas vezes, até que, para todos os processadores da camada de saída e para todos
os padrões de treinamento, o erro seja menor do que o especificado.
Foi demonstrado que o algoritmo Back Propagation é um aproximador universal
(Hornik, [147]), sendo capaz de aprender qualquer mapeamento de entrada-saída. Entretanto,
apesar do grande sucesso do Back Propagation nas mais diferentes aplicações, existem alguns
problemas básicos: a definição do tamanho da rede, o longo processo de treinamento, e
fenômenos como paralisia da rede (contornado diminuindo o valor de ) e mínimo local (que
pode ser solucionado utilizando-se métodos estatísticos).
A definição do tamanho da rede, isto é, o número de camadas escondidas e número de
processadores em cada uma dessas camadas, é um compromisso entre convergência e
generalização. Convergência é a capacidade da Rede Neural de aprender todos os padrões do
conjunto de treinamento. Generalização é a capacidade de responder corretamente aos
padrões nunca vistos (conjunto de teste). O objetivo é utilizar a menor rede possível, de forma
a se obter uma boa generalização, que seja capaz de aprender todos os padrões.
A taxa de aprendizado  é um parâmetro importante a ser definido no aprendizado.
Esta não deve ser nem muito pequena, causando um treinamento muito lento, nem muito
grande, gerando oscilações. Quando a taxa de aprendizado é pequena, e dependendo da
inicialização dos pesos (feita de forma aleatória), a Rede Neural pode ficar presa em um
mínimo local. Quando a taxa de aprendizado é grande, a Rede Neural pode nunca conseguir
chegar ao mínimo global pois os valores dos pesos são grandes. A solução para este problema
é utilizar uma taxa de aprendizado adaptativa. Além deste parâmetro, pode-se também utilizar
um termo  de momento (Haykin, [148]), proporcional à variação no valor do peso sináptico
no passo anterior. Deste modo, a equação de atualização do peso sináptico wij é modificada da
seguinte forma:

 ij t  1    si  e j   ij t  (4.5)

A utilização do termo de momento tem a função de acelerar a convergência da rede,


sem causar oscilações.

4.2.2. Redes Neurais Bayesianas

As redes neurais Bayesianas são inspiradas na estatística Bayesiana (em contraste com
a estatística clássica), a qual trata com densidades de probabilidade ao invés de frequências.
Assumem um modelo em particular para as densidades de probabilidade dos dados e dos
pesos sinápticos da rede, e utiliza a regra de Bayes para inferir o conjunto ótimo de pesos,
dados os valores disponíveis das variáveis. Um dos algoritmos de aprendizado mais comuns
nas redes neurais bayesianas é o método da aproximação Gaussiana [150], explicado a seguir.
Considere uma rede neural multi-layer perceptron a ser treinada, com um total de W
parâmetros ajustáveis (pesos e bias), armazenados no vetor w = {w1,w2, ..., wW}, e que os
dados de treinamento D compreendem Ny pares (xj, yj), onde yj = y(tj) e xj é um vetor
k-dimensional que corresponde a uma linha da matriz de entrada Xn. Isto é,

   
D  x1 , y1 , x 2 , y2 ,  , x Ny , y Ny  (4.6)
268

O método Bayesiano objetiva inferir a densidade de probabilidade a posteriori dos


pesos, conhecidos os dados, por meio da regra de Bayes, isto é

pD w  pw 
pw D   (4.7)
p D 

onde p(w) é a densidade de probabilidade a priori dos parâmetros da rede e p(D|w) é a


verossimilhança (likelihood), dados os parâmetros da rede. Assume-se que ambas as
densidades de probabilidade têm distribuição Gaussiana, da forma:

pw   exp  EW 


1
Z W  
(4.8)
pD w   exp  E D 
1
Z D  

onde e são chamados hiperparâmetros que definem, respectivamente, o espalhamento dos
parâmetros e o ruído na saída da rede. ZW e ZD são fatores de normalização que asseguram que
as integrais dessas densidades são iguais à unidade. Das definições de erro quadrático e
weight decay dos algoritmos convencionais de backpropagation, vêm as expressões a seguir:

1 Ny
ED  
 oj  yj
2 j 1
2

(4.9)
1 1 W
EW  w   w j
2

2 2 j 1

Pode-se mostrar [10] que, neste caso, os fatores de normalização são dados por:

W Ny
 2  2  2 
Z W      ; Z D    
2
 (4.10)
    

Agora, substituindo (4.9) em (4.8) tem-se que:

pw D   exp  EW  E D 


1 1
pD  Z W  Z D  
(4.11)

Esta é a quantidade a ser maximizada no processo de treinamento. Contudo,


maximizar p(w|D) é equivalente a minimizar o negativo de seu logaritmo. Isto é, define-se a
seguinte função de erro a ser minimizada

E   ln p w D   EW  E D  ln pD Z W  Z D   (4.12)

Como o terceiro termo da equação acima não depende dos parâmetros da rede, dados
 e , a rede neural é treinada minimizando-se

E  EW  E D (4.13)
269

Esta última equação é equivalente ao algoritmo de backpropagation com decaimento


de pesos. Uma vez que seja encontrada a densidade de probabilidade a posteriori p(w|D), o
vetor de pesos é escolhido como a moda da distribuição de probabilidades, correspondendo ao
vetor wMP mais provável. O esquema Bayesiano considera um segundo nível de otimização,
correspondendo a ajustar os hiperparâmetros  e  [151]. A rede é treinada iterativamente em
ciclos de otimização dos pesos da rede wMP, para valores fixos de  e  seguidos por uma
reestimação desses parâmetros.

4.2.3. Exemplos de Aplicação

a. Vigas sob a ação de cargas concentradas

Cargas concentradas agindo sobre vigas de aço são frequentemente encontradas na


prática da engenharia civil. Este tipo de carregamento pode ser encontrado em vigas de pontes
rolantes, reações de vigas secundárias agindo sobre o sistema de vigamento principal entre
outros problemas estruturais. Muitos estudos já foram efetuados com os dados experimentais
disponíveis. No entanto, um erro de 20% ainda está presente nas fórmulas de
dimensionamento atuais. Uma única fórmula de dimensionamento para este problema de
engenharia estrutural provou ser difícil de ser obtida, devido à influência de vários parâmetros
interdependentes. Por outro lado, a criação de novos dados experimentais em laboratório é um
processo caro e demorado.
Como solução alternativa, métodos numéricos, como o dos elementos finitos, também
têm sido usados para modelar o problema mas ainda apresentam diferenças significativas
quando comparadas aos resultados experimentais. Estas dificuldades e somada a capacidade
de generalizar o conhecimento adquirido a partir de dados experimentais levaram ao uso de
redes neurais para prever a resistência de vigas de aço submetidos a cargas concentradas,
[152] - [160]. O uso de redes neurais permitiu o desenvolvimento de uma análise paramétrica
abrangente de vigas submetidos este tipo de carregamento [161].
A resistência de uma viga de aço submetida a cargas concentradas depende de muitos
parâmetros geométricos e do material. A Figura 4.2 apresenta um exemplo de uma viga de
aço sujeito a uma carga concentrada assim como os seus parâmetros geométricos
fundamentais. O problema de cargas concentradas tem sido estudado desde as primeiras
investigações experimentais desenvolvidas por Lyse Godfrey & [157]. Uma série abrangente
de referências relacionadas a este tema pode ser encontrado em Vellasco [160].

Figura 4.2 - Parâmetros geométricos e do material para avaliação do efeito da carga concentrada.

A grande maioria das investigações indicou que a carga última é proporcional ao


quadrado da espessura da alma, enquanto todos os outros parâmetros foram considerados
menos significativos. Uma das primeiras tentativas para prever este fenômeno estrutural,
ainda presente em várias normas atuais de dimensionamento de estruturas de aço, foi proposta
por Lyse e Godfrey [157]. Estudos anteriores [161] demonstraram que novos dados podem ser
obtidos com o uso de rede neurais. Nestas investigações um sistema de rede neurais que prevê
270

a resistência de vigas de aço submetidas à cargas concentradas foi desenvolvido. O sistema de


rede neural foi treinado com um conjunto de resultados experimentais obtidos por Roberts
[159] e Kennedy [162]. Nestas experiências, os dados de treinamento incluíram oito
parâmetros geométricos e do material e tiveram como saída, a carga última experimental.
Redes neurais artificiais geralmente têm suas saídas limitadas a valores que variam de 0 a 1.
Por outro lado, o intervalo de cargas últimas possíveis é muito extenso para ser normalizada
no intervalo (0, 1) e ainda produzir resultados suficientemente precisos. A partir desta
constatação foi implementada uma estratégia inicial dividindo os dados experimentais
disponíveis em três classes de acordo com sua capacidade de carga. O modelo adotado
consistiu em três redes neurais de previsão e uma rede de classificação, como apresentado na
Figura 4.3.
Esta divisão gerou uma melhor normalização para ser usada no processo de
treinamento. O algoritmo Back Propagation foi usado para treinar todas as redes neurais. As
redes de previsão foram treinadas com três intervalos de carga última. A arquitetura da rede
de classificação foi composta por 14 parâmetros de entrada e três saídas. O primeiro grupo
variou de 30kN a 120kN, a segundo de 80kN a 250kN e o terceiro de 150kN a 4010kN. A
rede neural de classificação dividiu o conjunto de dados de 30kN a 100kN, de 100kN a 200kN
e de 200kN a 4010kN. A superposição das redes de previsão foi utilizada para aumentar o
conjunto de dados de cada grupo e para garantir que a gama completa de experimentos
poderia ser usada e testada sem qualquer descontinuidade.
O Software adotado Predict [163] tem a capacidade de determinar novas entradas a
partir de uma combinação dos parâmetros de entrada originais. O sistema foi utilizado para
realizar um estudo paramétrico. A presente investigação usou as redes neurais treinadas para
prever a capacidade de vigas sob a ação de carga concentradas de várias situações em que não
há dados experimentais disponíveis. A rede neural de classificação foi usada em seguida para
avaliar qual foi a rede mais adequada para ser usado neste caso específico, levando sem
qualquer dúvida, a melhor solução para o problema.
80,00

155
155dados experimentais
experimental data 60,00

40,00
Rede de classificação
Classifying Network
error %

20,00

82
82dados
data 45dados
45 data 28
28 dados
data
00toa 100
100kN
kN 100
100toa 200
200kN
kN 200toa 4010
200 4010 kN
kN 0,00
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180

-20,00

Prediction Network
Rede de previsão Prediction Network
Rede de previsão Prediction Network
Rede de previsão
Class
Classe 1 Class
Classe 2 Class
Classe 33 -40,00
Experiments

Roberts Bergfelt eurocode Tests Validation

Figura 4.3 - Modelo de classificação & Previsão. Figura 4.4 - Modelo de rede neural para
previsão da capacidade de carga de vigas sob
ação de cargas concentradas.

Apesar dos bons resultados alcançados, o método usado para dividir corretamente os
três grupos não considerou a diferença no comportamento de vigas esbeltas, intermediárias e
compactas. A divisão das classes foi puramente calculada com base na magnitude da carga e
não no comportamento estrutural da viga. A nova estratégia adotada usou uma única rede
neural contendo todos os 155 resultados experimentais com uma técnica de normalização de
carga última diferente. Neste processo o valor da carga última foi dividido pela capacidade
plástica da alma da viga com base em Lyse & Godfrey [157]. O algoritmo Back Propagation
foi usado para treinar a rede neural usando 15 parâmetros como entradas e a resistência da
viga normalizada como saída.
271

Os dados experimentais foram posteriormente divididos em três grupos distintos: 70%


para treinamento, 20%para teste e 10% para validação das redes neurais. O último grupo é
muito significativo porque durante a fase de treinamento o programa adotado informa
continuamente ao usuário os valores de erro de teste. Isto pode influenciar o usuário, mesmo
de forma indireta, à uma seleção não arbitrária da melhor rede neural. Os dados da validação
podem ser usados para comparar diferentes redes neurais para acessar a melhor solução
através de um processo independente. Várias configurações de rede neural foram treinadas e
comparadas, variando o número de processadores na camada escondida onde os melhores
resultados foram obtidos com 15 processadores nesta camada.
Uma nova comparação, em termos de valores de erro percentual, para as previsões da
rede neural (treinamento, testes e validação) é apresentada na Figura 4.4. Nesta Figura é
possível observar que o desempenho da rede neural única foi tão bom quanto o desempenho
apresentado pelo sistema de redes neurais com três classe e que os resultados destas são
significativamente mais precisos do que Bergfelt [158], Roberts [159] & Eurocode 3 [20]. A
divisão dos dados da rede neural de treinamento em três classes de carga gerou um melhor
treinamento e adequação às características distintas do problema.
Os erros percentuais das redes vis-à-vis as os resultados experimentais se mostraram
menores do que os erros percentuais associados à fórmulas de previsão existentes nas normas
de dimensionamento, qualificando, assim, as redes neurais para gerar novos dados confiáveis.
A principal razão para a diferença encontrada entre as redes neurais e as fórmulas de
dimensionamento está relacionada com a inclusão da razão entre o fator de forma do painel de
alma versus a altura da viga, a/h, nos dados de treinamento das redes neurais. Em outras
palavras, uma parte dos erros encontrados nestas fórmulas é devido à ausência deste
parâmetro.

b. Efeito do cisalhamento em bloco

Parafusos de alta resistência são amplamente usados para ligar perfis de aço estruturais
em uma grande variedade de aplicações. A resistência da ligação é geralmente alcançada,
devido à elevada resistência dos parafusos, usados em número reduzido e usualmente são
concentrados em uma pequena região da placa de aço. Este fato induz as ligações
aparafusadas sejam frequentemente associadas à um modo de colapso conhecido como
cisalhamento em bloco onde uma porção ou “bloco” de área do elemento ligado é separado
das partes restantes. O colapso caracteriza-se pelo desenvolvimento de dois planos de ruptura.
O primeiro é um plano de ruptura ao cisalhamento, paralelo à direção de carga, passando pela
linha de parafusos. O segundo é um plano de ruptura à tração, perpendicular à direção da
carga, passando através do parafuso localizado mais afastado da borda da placa, Figura 4.5.
Muitos modelos têm sido propostos para evitar o colapso por cisalhamento em bloco. Estes
modelos incorporam uma combinação das várias hipóteses que controlam a ruptura estrutural.
Várias fórmula de dimensionamento para este problema de engenharia estrutural já foram
propostas mas uma solução definitiva para este problema ainda não foi alcançada devido à
influência de vários parâmetros independentes.
O principal objetivo deste estudo foi apresentar uma avaliação do fenômeno do
cisalhamento em bloco através de redes neurais, [164], [165]. Os principais parâmetros de
entrada da rede neural foram as variáveis geométricas e mecânicas que controlam o
dimensionamento do cisalhamento em bloco. O parâmetro de saída da rede neural foi a
capacidade de carga associada ao cisalhamento em bloco. A rede neural de treinamento
baseou-se em resultados experimentais presentes na literatura e adotou técnicas de validação
cruzada para evitar o erros de overfitting. A presente investigação foi realizada com o auxílio
do software MATLAB, [166], o estudo foi centrado na determinação do melhor desempenho
para a rede neural com 10 entradas, 5 neurônios na camada escondida e uma saída. A Figura
272

4.6 mostra os resultados obtidos em termos de erros MAPE e RMS para a conjunto de teste da
rede neural.
P

7 12.00

6 10.00

Gross Tension 5 8.00


Plane

RMS
4

MAPE
6.00
Net Tension
3
Plane 4.00
Block

2
2.00
1
0.00
0
Net Shear 1 2 3 4
1 2 3 4
Plane
Adopted Neural Network Training Adopted Neural Network Training
Gross Shear
Plane

Figura 4.5 - Cisalhamento em bloco. Figura 4.6 - Desempenho da rede neural.

Embora os erros das redes neurais Back Propagation estivessem dentro dos limites
aceitáveis para a engenharia estrutural, o banco de dados reduzido indicou o uso de redes
neurais Bayesianas. A primeira estratégia para o treinamento das redes neurais Bayesianas foi
realizado sem o uso de dados ruidosos. O banco de dados foi dividido em conjuntos de
treinamento (75% do banco de dados) e testes (25% do banco de dados). Várias arquiteturas
de rede foram avaliadas, variando o número de neurônios na camada escondida (de 1 a 5).
Mais uma vez as métricas de erro MAPE e RMS foram usadas para investigar o desempenho
das redes neurais, como pode ser visto na Figura 4.7. O melhor desempenho foi obtido com
uma rede com cinco neurônios na camada escondida (MAPE = 1,62, RMS = 2.15).

16 6 6
14 MAPE MAPE MAPE
5 5
12 RMS RMS RMS
10 4 4
error %

error %

error %

8 3 3
6
2 2
4
2 1 1

0 0 0
0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6
neurons neurons neurons

Figura 4.7 - Desempenho da Figura 4.8 - Desempenho da rede Figura 4.9 - Desempenho da rede
rede Bayesiana sem ruído. Bayesiana com ruído na entrada. neural Bayesiana com ruído na
entrada & saída.

Dados de entrada ruidosos foram então introduzidos em uma segunda estratégia para
aumentar o conjunto de dados disponível e melhorar o desempenho das redes. O banco de
dados foi aumentado para 2, 3 e 4 vezes o seu tamanho original. Mais uma vez, 75% e 25%
do banco de dados foram utilizados nas fases de treinamento e teste. Várias arquiteturas de
rede foram avaliadas variando o número de neurônios na camada escondida de 1 a 5. Métricas
de erro MAPE e RMS foram novamente usadas para avaliar o desempenho da rede. A Figura
4.8 apresenta os resultados obtidos por uma rede Neural Bayesiana com um banco de dados
igual a quatro vezes o seu tamanho original. O melhor desempenho foi obtido com uma rede
com quatro neurônios na camada escondida (MAPE = 0.74, RMS = 1,38) e com o banco de
dados igual a quatro vezes o seu tamanho original. O desempenho desta rede particular nas
fases de treinamento e teste de pode ser visto na Figura 4.9 onde nota-se que o uso de dados
ruidosos melhoraram significativamente o desempenho da rede Bayesiana.
O melhor desempenho foi obtido com uma rede com três neurônios na camada
escondida (MAPE = 1.34, RMS = 1,95) e com o banco de dados igual a quatro vezes o seu
tamanho original. A terceira estratégia adotou redes neurais Bayesianas com dados ruidosos
273

na entrada e saída. O banco de dados foi novamente aumentado em 2, 3 e 4 vezes o seu


tamanho original e, mais uma vez, 75% e 25% do banco de dados foram utilizados nas fases
de treinamento e teste. O número de neurônios na camada escondida também variou de 1 a 5.
Métricas de erro MAPE e RMS foram usadas para investigar o desempenho da rede Neural. O
dados ruidosos melhoraram significativamente o desempenho da rede Bayesiana quando
comparados com o banco de dados original, mas o melhor desempenho foi alcançado com a
rede Bayesiana com apenas dados ruidosos nas entradas.
As redes neurais Bayesianas usadas para avaliar a resistência associada ao
cisalhamento em bloco provaram ser mais precisas e eficientes do que as redes neurais Back
Propagation. Os erros das redes neurais Bayesianas foram ainda menores quando dados
ruidosos na entrada foi usados para aumentar o banco de dados original para quatro vezes o
seu tamanho original. Os erros de rede Neural se mostraram pequenos (em comparação com
as habituais margens de segurança da engenharia estrutural) confirmando a possibilidade de
utilizar este método para criar novos dados. Também é importante ter em mente que estes
novos dados poderiam ser facilmente criados pela rede treinada, reduzindo o custo e o tempo
gasto com inúmeros testes laboratoriais ou simulações numéricas.

c. Resistência de conectores de cisalhamento Perfobond

Conectores de cisalhamento são usados em estruturas mistas para permitir a ação


combinada da laje de concreto e do perfil aço. O conector de cisalhamento Perfobond foi
desenvolvido por Leonhardt para melhorar a resistência à fadiga de uma ponte mista na
Venezuela. O conector de cisalhamento Perfobond é feito com uma chapa de aço retangular,
com furos, soldada na mesa superior da viga de aço. Posteriormente os furos do Perfobond
são preenchidos com concreto formando cones que melhoraram a transmissão da força de
cisalhamento do conector e inibem a separação vertical na interface concreto versus aço. A
resistência ao cisalhamento do Perfobond pode ser melhorada com a utilização de barras de
armadura passando através dos seus furos, Figura 4.10. Inúmeros testes tipo push-out foram
feitos para avaliar a resposta estrutural do conector Perfobond, Figura 4.11. O layout de teste
inclui o perfil aço apoiado em duas lajes de concreto adjacentes. A ação mista é garantida pelo
uso de conectores de cisalhamento soldados em ambas as mesas da viga. A estrutura é
submetida a uma carga que introduz um cisalhamento direto nas interfaces mencionadas nas
duas lajes de concreto.

Figura 4.10 - Barras usadas no Perfobond. Figura 4.11 - Configuração dos push-outs.

Este tipo específico de conector de cisalhamento tem sido investigado por autores
como: Oguejiofor & Hosain [169], [170], Ferreira Cruz & Valente [171], entre outros. Vários
parâmetros afetam significativamente o teste. No entanto, devido ao grande número de
parâmetros envolvidos, a utilização de redes neurais para a previsão da resistência ao
cisalhamento dos conectores Perfobond, calibrada com os dados experimentais existentes, se
274

mostrou uma das alternativas mais viáveis. Esta foi sua principal motivação para o uso de
redes neurais para prever a resistência ao cisalhamento dos conectores Perfobond. Os dados
de entrada de rede utilizaram dados experimentais presentes na literatura.
Um algoritmo Bayesiano de treinamento (redes bayesianas) foi adotado uma vez que
este modelo híbrido tem a capacidade de melhorar a convergência e o overfitting de redes
com um pequeno conjunto de dados de entrada. Basicamente as redes Bayesianas usam o
mecanismo de inferência Bayesiana para avaliar os parâmetros do modelo neural (pesos).
Dados de entrada ruidosos foram introduzidos para aumentar o conjunto de dados e melhorar
o desempenho da rede neural. O desempenho original foi comprometido devido ao pequeno
conjunto de dados experimentais disponível, [167]. As entradas e saídas da rede neural foram
normalizadas com o intervalo máximo/mínimo dos valores originais.
A rede não produziu resultados confiáveis com os 41 dados experimentais originais.
Quando os vários erros de generalização da rede neural treinada foram comparados a melhor
solução foi atingida pela rede com 123 entradas, (41 originais e 82 ruidosos) com as seguintes
características topológicas: nove entradas, uma camada escondida com cinco processadores e
uma saída, [168]. O erro médio absoluto das soluções analíticos, em função dos dados
experimentais, foi 1,27. Esta diferença significativa pode ser explicada pela dificuldade
natural envolvida em medir os parâmetros estruturais do conector cisalhamento que
influenciam diretamente nos resultados de laboratório.
O erro médio absoluto comparando-se resultados experimentais com resultados
obtidos através das redes neurais foi significativamente melhor do que das soluções analíticas,
em função dos dados experimentais, 1,27. As Figuras 4.12 e 4.13 retratam os menores erros
MAPE e RMSE para as configurações de rede investigadas: sem dados ruidosos e a segunda
configuração de rede com dados ruidosos. Com estes gráficos é evidente que os melhores
resultados em termos de erros MAPE e RMSE foram obtidos para a segunda configuração
(com dados ruidosos) para a rede com 41 dados de entrada originais e 82 ruidosos, onde 80 e
43 foram usados para treinamento e teste (123 x 80 x 43) com três processadores na camada
escondida.

MAPE RMSE
25,00%
50,00% 41x30x11 -
41x30x11 -
20,00% Without Noisy
Without Noisy 40,00%
15,00% 30,00% 123x80x43 -
123x80x43 -
With Noisy
10,00% With Noisy 20,00%
164x123x41 -
5,00% 164x123x41 - 10,00%
With Noisy
With Noisy
0,00%
0,00%
2 3 4 5 6
2 3 4 5 6
Num ber of Processors
Num ber of Processors

Figura 4.12 - Menor erro MAPE. Figura 4.13 - Menor erro RMSE.

Uma melhoria significativa do desempenho das redes é ilustrada nas Figuras 4.14 e
4.15, para os resultados de treinamento e testes da segunda configuração de rede (com dados
ruidosos nas entradas & saídas e estratégia de normalização) com 41 originais & 82, ruidosos
onde 80 e 43 foram usados para treinamento e teste com três processadores na camada
escondida.
275

Training Test
1 1

0,8 0,8

0,6 0,6

0,4 0,4

0,2 0,2

0 0
1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57 61 65 69 73 77 1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43

Input Output Input Output

Figura 4.14 - Resultados do treinamento da rede Figura 4.15 - Resultados do teste da rede
Bayesiana com 3 neurônios na camada escondida, Bayesiana com 3 neurônios na camada escondida,
82 dados com ruído (entrada & saída). 82 dados com ruído (entrada & saída).

Algumas das vantagens de algoritmos de aprendizagem Bayesianos podem ser


destacadas: redução de problemas de overfitting, controle da complexidade do modelo,
alcance de uma boa generalização, permitindo um uso eficiente de dados de treinamento, uma
vez que os parâmetros e hiperparâmetros são calculados a partir os dados de treinamento, não
exigindo um conjunto separado de valores para validação cruzada de hiperparâmetros, e
finalmente o uso da técnica weight decay que penaliza parâmetros com altos valores
associados e permite que a rede neural gerasse valores suaves para as aproximações das
funções de saída. Os erros das redes neurais foram pequenos (em comparação com os
habituais coeficientes de segurança da engenharia estrutural) confirmando, mais uma vez, a
possibilidade de utilizar este método para criar novos dados.

d. Resistência de colunas estaiadas protendidas

Colunas de aço esbeltas geralmente têm sua resistência controlada principalmente pelo
estado limite último de flambagem global. Estes membros estruturais podem ser otimizados
com o uso de um sistema de cabos ou barras protendidas e são soluções estruturais muito
eficientes para vários problemas complexos da engenharia estrutural, [173]. A utilização do
sistema protendido reduz comprimento de flambagem da coluna em pelo menos a metade do
seu tamanho original e melhora substancialmente a sua capacidade de carga. Um caso
particular destes sistemas estruturais é composto por uma coluna central esbelta, quatro barras
perpendicularmente posicionadas em relação ao eixo da coluna central e quatro cabos (ou
barras) de aço, como mostrado na Figura 4.16. Esta estrutura foi investigado através de um
programa experimental e numérico por Araújo [174], envolvendo um número reduzido de
variáveis.

Figura 4.16 - Teste em escala real da coluna de aço estaiada e protendida.


276

O método habitual de avaliação da resposta estrutural de colunas de aço estaiadas e


protendidas envolve análises não-lineares com o método dos elementos finitos. Uma análise
paramétrica anterior foi realizada, Araújo [175], e investigou a influência da magnitude da
força de protensão, a rigidez axial do cabo (barra de aço) e as imperfeições iniciais da coluna
tubular principal sobre sua capacidade de carga. A análise paramétrica provou para ser
custosa e demorada devido às intrínsecas características não-lineares das análises de
elementos finitos.
No entanto, o grande número de análises necessárias para representar completamente
seus efeitos levou ao uso de redes neurais para reduzir o número necessário de simulações.
Desta forma, redes neurais foram usadas para estender a análise paramétrica das colunas de
aço estaiadas e protendidas para determinar sua capacidade de carga. Os dados de treinamento
e teste utilizados pelas redes neurais foram obtidos com simulações não-lineares. Devido ao
pequeno número de dados de treinamento disponíveis, redes neurais Bayesianas, foram
empregadas, [173].
O desempenho da rede sem dados ruidosos, com 41 dados de entrada, onde 30 e 11
foram usados para treinamento e teste (41 x 30 x 11), é ilustrado na Figura 4.17 em termos de
erros MAPE e RMS, variando o número de processadores na camada escondida. Em termos
de erros MSPE, o melhor desempenho foi alcançado com três processadores na camada
escondida, enquanto em termos de erros RMS, o melhor desempenho foi obtido com um
processador na camada escondida, [172], [173]. O desempenho da rede é também ilustrado na
Figura 4.18 para a segunda configuração de rede com dados ruidosos nas entradas & saídas da
rede e com a primeira estratégia de normalização. Os resultados indicaram que o melhor
desempenho foi obtido com 41 entradas originais & 41 dados ruidosos, onde 61 & 21 dados
foram usados para treinamento & teste (82 x 61 x 21) com 5 processadores na camada
escondida.
As redes neurais Bayesianas foram muito úteis para estender a análise paramétrica da
capacidade de carga das colunas de aço protendidas. Apesar do pequeno banco de dados
inicial, foi possível determinar a melhor configuração topológica da rede Neural que
apresentou erros menores que os inicialmente esperados. É importante salientar que a
utilização de dados ruidosos foi essencial para obter estes níveis de erro. Quando as redes com
dados ruidosos foram usadas, uma melhoria significativa no desempenho foi claramente
visível. O melhor desempenho foi alcançado com uma configuração que contém um número
de dados ruidosos (na entrada & saída) iguais ao dobro dos dados originais de entrada, com
cinco processadores na camada escondida e a estratégia de normalização padrão. Um número
maior de processadores tornou o desempenho d a rede instável. Também é importante
observar que os níveis de erro alcançados são bem menores que os erros aceitáveis na
engenharia estruturais comumente usados em normas de dimensionamento e prática diária.
Without Noise Data - 41x30x11 Input & Output Noisy Data

14% 35%
MAPE 3 Nh MAPE
RMSE 4 Nh MAPE
12% 30% 5 Nh MAPE
3 Nh RMSE
10%
25% 4 Nh RMSE
5 Nh RMSE
8%
20%

6%
15%

4%
10%

2%
5%

0%
1 2 3 0%
Hidden Layer Processors 82x61x21 123x82x31 164x123x41

Figura 4.17 - Erros MAPE & RMS da Figura 4.18 - Erros MAPE & RMS da rede
rede Bayesiana com 5 neurônios na camada Bayesiana com 5 neurônios na camada escondida e
escondida e sem dados ruidosos. 41 dados ruidosos (entrada & saída).

Finalmente, as redes neurais Bayesianas provaram ser uma ferramenta muito útil da
inteligência computacional para ampliar este tipo de análise paramétrica sem a necessidade de
277

centenas de análise de elementos finitos não-lineares demoradas que nem sempre convergem.
Redes adequadamente treinadas provaram ser muito eficientes para melhorar a análise
paramétrica da capacidade de carga de colunas de aço protendias através de uma forma fácil e
simples.

e. Avaliação estrutural de ligações viga coluna

Poucas investigações usando redes neurais artificiais para prever o comportamento de


ligações foram encontradas na literatura. Abdalla e Stavroulakis [177] e Stavroulakis e
Abdalla [178] usaram redes neurais para prever a curva momento versus de rotação de
ligações viga coluna com uma cantoneira de alma. Anderson et al. [179] descreveu o uso de
redes neurais para prever uma aproximação bilinear de curvas momento versus rotação de
ligações viga coluna no eixo de menor inércia da coluna.
Este trabalho propõe a utilização de redes neurais artificiais para prever a resistência à
flexão e rigidez inicial de ligações da viga coluna semirrígidas. Este problema de engenharia
estrutural é caracterizado pela influência de vários parâmetros físicos e geométricos e pela
grande dificuldade gerar novos dados de laboratório com base em testes experimentais.
Na presente investigação três tipos diferentes de ligações foram avaliados com redes
neurais, [180], [181], [182]. Com as ligações estudadas foi possível identificar uma das
ligações mais adotadas: a ligações com placa de extremidade aparafusada, Figura 4.19. Eles
são amplamente utilizados no dimensionamento estrutural em aço pois atendem a uma vasta
gama de soluções estruturais, de engastadas à rotuladas, com pequenas modificações
geométricas. As outras ligações investigadas foram: ligações soldadas e com cantoneiras
aparafusadas como mostrada nas Figuras 4.20 e 4.21, respectivamente.

Hta
pt

tta tfb
Lta

twb
bolts (db)
twa pwa Lwa hb

Lta tta

Hta
hc

Figura 4.19 – Ligação com placa Figura 4.20 - Ligação soldada. Figura 4.21 - Ligação com
de extremidade estendida. cantoneiras.

O comportamento das ligações viga coluna também pode ser avaliada com a ajuda do
método das componentes do Eurocode 3 [19]. As componentes da ligação viga coluna são
introduzidas em um modelo mecânico simples que prevê curvas momento versus rotação. O
modelo mecânico é composto de barras rígidas e molas, criadas para representar cada
componente relevante da ligação. Uma descrição detalhada das componentes das ligações é
apresentada por Silva e Coelho [183].
O modelo mecânico pode ser simplificado, substituindo cada série de molas por uma mola
elasto-plástica equivalente, que mantém todas as características relevantes. Usando este
procedimento, um modelo equivalente não-linear geral para a análise de ligações da viga
coluna pode também ser obtido Simões [184]. Quando o modelo elástico equivalente é
definido, o processo de dimensionamento continua com uma análise de estabilidade pós-
flambagem usando uma formulação baseada em energia. Detalhes completos desta derivação
matemática podem ser encontrados em Silva [183].
Neste trabalho foi utilizado o algoritmo de aprendizagem Back Propagation (BP), onde
a rede é apresentada com um conjunto de vetores de entrada e seus vetores respectivos de
saída desejados. Duas redes neurais foram usadas para cada tipo de ligação. O primeiro foi
278

usado para prever a resistência à flexão, enquanto a segunda foi utilizada para prever a rigidez
inicial da ligação. Os parâmetros de entrada representaram as características geométricas e
mecânicas de todos os testes experimentais. O Software de modelagem de NeuralWorks
(QNet para Windows, [185]) foi usado para treinar e testar todas as redes neurais. Várias
configurações de rede foram testadas variando o número de processadores na camada
escondida (2, 3, 4, 5 e 6).
A taxa de aprendizagem foi adaptativa, com um valor inicial igual a 0,2 enquanto o fator
de momento variou entre 0,4 e 0,8. A rede neural ótima foi obtida através de uma comparação
entre os erros de generalização obtidos com o conjunto de validação. Para as ligações
aparafusadas foram utilizados 26 resultados de testes experimentais (21 para treinamento) e 5
para teste, produzindo resultados satisfatórios para a previsão da resistência à flexão onde o
erro percentual absoluto médio foi 8,4%. Os erros percentuais mínimo e máximo foram –
15.5% e 18%.
A Figura 4.22 ilustra uma comparação da razão entre os valores previstos por redes
neurais, as fórmulas do Eurocode 3 e os valores experimentais. A Figura 4.23 mostra a
comparação dos resultados obtidos com as redes neurais e as fórmulas do Eurocode 3 para a
resistência à flexão de ligações soldadas. Neste gráfico é possível concluir que os resultados
da rede neural estiveram de acordo com os experimentais mas os valores de previsão do
Eurocode 3 conduziram a resultados enganosos. O erro médio de rede neural foi 8,9% –5.4%
e 12,4% dos valores de erro percentual mínimo e máximo, respectivamente. A Figura 4.24
apresenta os resultados obtidos para juntas com ângulos. Para resultados de resistência à
flexão, o erro médio foi 11,6% com valores de erros percentuais mínimo e máximo de 18.3%
e 4,7%, respectivamente.

Figura 4.22 – Resistência a Figura 4.23 - Resistência a Figura 4.24 - Resistência a


flexão, placa de extremidade flexão, soldada. flexão, cantoneiras.
estendida.

O potencial das redes neurais para prever o momento resistente e a rigidez inicial de
ligações foi confirmado por estes gráficos. Embora alguns dos valores de rigidez inicial da
rede neural diferirem em até 59% dos experimentos, isto pode ser explicado pelas
dificuldades de medição no laboratório e erros associados aos experimentos. Os erros médios
obtidos nesta investigação foram 8,4%, 8,9% e 11,6% na previsão da resistência à flexão,
demonstrando um acordo razoável entre as redes neurais e os valores experimentais. Estes
erros são aceitáveis quando comparados ao nível dos fatores de segurança usados em
engenharia estrutural e aos erros intrínsecos associados com os dados experimentais usados.

4.3. Computação Evolucionária

4.3.1. Algoritmos Genéticos

Essencialmente, Algoritmos Genéticos são métodos de busca e otimização [186] -


[190], que têm sua inspiração nos conceitos da teoria de seleção natural das espécies proposta
por Darwin. Os sistemas desenvolvidos a partir deste princípio são utilizados para procurar
soluções de problemas complexos ou com espaço de soluções (espaço de busca) muito
279

grande, o que os tornam problemas de difícil modelagem e solução quando se aplicam


métodos de otimização convencionais.
Estes algoritmos são baseados nos processos genéticos de organismos biológicos para
procurar soluções ótimas ou subótimas. Para tanto, procede-se da seguinte maneira: codifica-
se cada possível solução de um problema em uma estrutura chamada de "cromossomo", que é
composta por uma cadeia de bits ou caracteres. Estes cromossomos representam indivíduos,
que são evoluídos ao longo de várias gerações, de forma similar aos seres vivos, de acordo
com os princípios de seleção natural e sobrevivência dos mais aptos, descritos pela primeira
vez por Charles Darwin em seu livro "A Origem das Espécies". Emulando estes processos, os
Algoritmos Genéticos são capazes de "evoluir" soluções de problemas do mundo real.
Os cromossomos são então submetidos a um processo evolucionário que envolve
avaliação, seleção, cruzamento e mutação. Após vários ciclos de evolução a população deverá
conter indivíduos mais aptos. Os AG’s utilizam uma analogia direta deste fenômeno de
evolução na natureza, onde cada indivíduo representa uma possível solução para um problema
dado. A cada indivíduo atribui-se um valor de adaptação: sua aptidão, que indica o quanto a
solução representada por este indivíduo é boa em relação às outras soluções da população.
Desta maneira o termo População refere-se ao conjunto de todas as soluções com as quais
trabalha o sistema. Aos indivíduos mais adaptados é dada a oportunidade de se reproduzir
mediante cruzamentos com outros indivíduos da população, produzindo descendentes com
características de ambas as partes. A mutação também tem um papel significativo, ao
introduzir na população novos indivíduos gerados de maneira aleatória.
O processo de evolução começa com a criação aleatória dos indivíduos que formarão a
população inicial. A partir de um processo de seleção baseado na aptidão de cada indivíduo,
são escolhidos indivíduos para a fase de reprodução, que cria novas soluções utilizando-se
para isto um conjunto de operadores genéticos. Deste modo, a aptidão do indivíduo determina
o seu grau de sobrevivência e, assim, a possibilidade de que o cromossomo possa fazer parte
das gerações seguintes. O procedimento básico de um algoritmo genético é resumido na
Figura 4.25.

Inicio
t1
inicializar população P(t)
avaliar população P(t)
enquanto (não condição_de_fim) faça
tt+1
selecionar população P(t) a partir de P(t-1)
aplicar operadores genéticos
avaliar população P(t)
fim enquanto
fim

Figura 4.25 – Procedimento Básico do Algoritmo Genético.

Determinar o final da evolução pode-se fixar o número de gerações, o número de


indivíduos criados, ou ainda condicionar o algoritmo à obtenção de uma solução satisfatória,
isto é, quando se atingir um ponto ótimo. Outras condições para a parada incluem o tempo de
processamento e o grau de similaridade entre os elementos numa população (convergência).
As seções seguintes apresentam em mais detalhes cada um dos componentes de um algoritmo
genético.
280

- Representação

A solução de um problema pode ser representada por um conjunto de parâmetros


(genes), unidos para formar uma cadeia de valores (cromossomo); a este processo chama-se
codificação. As soluções (cromossomos) são codificadas através de uma sequência formada
por caracteres de um sistema alfabético. Originalmente, utilizou-se o alfabeto binário {0, 1}
porém, novos modelos de AG’s codificam as soluções com outros alfabetos, como por
exemplo, com números reais [191].
Assim a representação é um aspecto fundamental na modelagem de um AG para a
solução de um problema. Ela define a estrutura do cromossomo, com os respectivos genes que
o compõem, de maneira que este seja capaz de descrever todo o espaço de busca relevante do
problema.
A decodificação do cromossomo consiste basicamente na construção da solução real
do problema a partir do cromossomo. Isto é, o processo de decodificação constrói a solução
para que esta seja avaliada pelo problema.

- Avaliação

A avaliação é a ligação entre o AG e o problema a ser solucionado. Ela é feita através


de uma função que melhor representa o problema e tem por objetivo oferecer uma medida de
aptidão de cada indivíduo na população corrente, que irá dirigir o processo de busca. Dado um
cromossomo, a função de avaliação consiste em associar-se um valor numérico, o qual se
supõe proporcional a "utilidade" ou "habilidade" do indivíduo representado em solucionar o
problema em questão.

- Operadores Genéticos

Os operadores mais conhecidos nos AG’s são os de Reprodução, Crossover


(cruzamento) e Mutação.

A Reprodução: Refere-se ao processo de selecionar e copiar um determinado


cromossomo para a população seguinte de acordo com sua aptidão. Isto significa que os
cromossomos mais aptos (valor de aptidão maior) têm maior probabilidade de contribuir para
a formação de um ou mais indivíduos da população seguinte. Existem basicamente os
seguintes métodos: troca de toda população, troca de toda população com elitismo, onde todos
os cromossomos são substituídos sendo o cromossomo mais apto da população corrente
copiado para população seguinte, e troca parcial da população (steady state), onde os M
melhores indivíduos da população corrente são copiados para população seguinte [187],
[188].
O Crossover: É um operador baseado na troca de partes dos cromossomos (pais),
formando-se duas novas soluções (filhos). Este processo pode ser observado na Figura 4.26,
onde a solução está codificada com alfabeto binário.

Indivíduos antes do Crossover Resultado após o Crossover

Indivíduo 1 1 0 0 0 0 1 1 1 Filho 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Indivíduo 2 1 1 1 1 1 0 1 1 Filho 2 1 0 0 0 0 0 1 1

Ponto de corte

Figura 4.26 – Crossover de um ponto.


281

Para realizar o crossover, primeiro é necessária a escolha, por sorteio, dos


cromossomos “pais”. Em seguida ocorre a realização ou não do crossover segundo um
parâmetro, denominado taxa de crossover. Deste modo, de acordo com a taxa de crossover,
pode ocorrer que os cromossomos “pais” sejam repassados sem modificação para a geração
seguinte, criando “filhos” idênticos a eles. O ponto onde ocorre o corte para a realização do
cruzamento é escolhido aleatoriamente; no exemplo da Figura 4.3.1.2 utilizou-se um único
ponto, mas podem ser realizados cortes em mais de um ponto, caracterizando o multipoint
crossover, [188], [191], [192]. A ideia do operador Crossover é tirar vantagem (exploit) do
material genético presente na população.

A Mutação: É a troca aleatória do valor contido nos genes de um cromossomo por


outro valor válido do alfabeto. No caso de alfabeto binário troca-se de 0 para 1 e vice-versa.
Da mesma forma que para o crossover, utiliza-se uma taxa de mutação que, para cada bit da
sequência de caracteres, sorteia se ocorrerá ou não a mutação; no caso de ocorrência, o bit
será trocado por outro valor válido pertencente ao alfabeto (Figura 4.27).

Indivíduo 1 0 0 0 0 1 1 1

Bit alterado

Indivíduo resultante
após a mutação 1 1 0 0 0 1 1 1

Figura 4.27 – Mutação.

A mutação garante a diversidade das características dos indivíduos da população e


permite que sejam introduzidas informações que não estiveram presentes em nenhum dos
indivíduos. Além disto, proporciona uma busca aleatória (exploration) no AG, oferecendo
oportunidade para que mais pontos do espaço de busca sejam avaliados.

- Parâmetros da Evolução

Os parâmetros que mais influenciam o desempenho do AG são:

Tamanho da População: o tamanho da população afeta o desempenho global e a


eficiência dos AG’s. Uma população muito pequena oferece uma pequena cobertura do
espaço de busca, causando uma queda no desempenho. Uma população suficientemente
grande fornece uma melhor cobertura do domínio do problema e previne a convergência
prematura para soluções locais. Entretanto, com uma grande população tornam-se necessários
mais recursos computacionais, ou um tempo maior de processamento do problema. Logo,
deve-se buscar um ponto de equilíbrio no que diz respeito ao tamanho escolhido para a
população.
Taxa de Crossover: probabilidade de um indivíduo ser recombinado com outro.
Quanto maior for esta taxa, mais rapidamente novas estruturas serão introduzidas na
população. Entretanto, isto pode gerar um efeito indesejável pois a maior parte da população
será substituída, ocorrendo assim perda de variedade genética, podendo ocorrer perda de
estruturas de alta aptidão e convergência a uma população com indivíduos extremamente
parecidos, indivíduos estes de solução boa ou não. Com um valor baixo, o algoritmo pode
tornar-se muito lento para oferecer uma resposta aceitável.
Taxa de Mutação: probabilidade do conteúdo de um gene do cromossomo ser
alterado. A taxa de mutação previne que uma dada população fique estagnada em um valor,
além de possibilitar que se chegue em qualquer ponto do espaço de busca. Porém deve-se
282

evitar uma taxa de mutação muito alta, uma vez que pode tornar a busca essencialmente
aleatória, prejudicando fortemente a convergência para uma solução ótima.
Intervalo de Geração: controla a porcentagem da população que será substituída
durante a próxima geração (substituição total, substituição com elitismo, substituição dos
piores indivíduos da população atual, substituição parcial da população sem duplicatas). Esse
número de indivíduos substituídos também é conhecido como gap.
Número de Gerações: representa o número total de ciclos de evolução do Algoritmo
Genético, sendo este um dos critérios de parada do AG. Um número de gerações muito
pequeno causa uma queda no desempenho, pois não se consegue cobrir todo o espaço de
busca. Um valor grande faz necessário um tempo maior de processamento, mas fornece uma
melhor cobertura do domínio do problema evitando a convergência para soluções locais.

4.3.2. Programação Genética

Um outro paradigma importante da Computação Evolucionária é a Programação


Genética. Analogamente à evolução dos seres vivos, a PG visa a evoluir programas de
computador para solucionar problemas do mundo real. Estes programas são submetidos a um
processo evolucionário que envolve avaliação, seleção e operações genéticas como crossover
e mutação. Após vários ciclos de evolução a população deverá conter indivíduos mais aptos.
A cada indivíduo atribui-se um valor de adaptação conhecido como aptidão, que indica o
quanto a solução representada por este indivíduo é boa em relação às outras soluções da
população.
1. Estruturas em PG são programas de computador que representam os indivíduos em
uma população. Estes indivíduos são estruturas em forma de árvore compostas por
nós e folhas. Os nós representam funções ou operações matemáticas que interligam
uma ou mais folhas representando os terminais. Os terminais podem ser variáveis
ou constantes.
2. Em geral, a PG gera programas de computador para resolver problemas executando os
três passos a seguir:
 Gera-se uma população inicial formada aleatoriamente pela composição de
funções e terminais do problema (programas de computador).
 Iterativamente processa-se os seguintes subpassos até o critério de terminação
ser satisfeito:
3. A seguir é feita uma breve descrição da representação dos indivíduos em PG. As
estruturas da PG são essenciais ao conhecimento do processo evolucionário e da
compreensão das operações genéticas sobre os indivíduos. c

Executa-se cada programa na população e associa uma aptidão de acordo com o quão
bem foi resolvido o problema.
1. Cria-se uma nova população de programas de computador aplicando-se os operadores
genéticos. As operações são aplicadas aos programas de computador selecionados
probabilisticamente pela sua aptidão.
2. O melhor programa de computador que apareceu em qualquer geração (o “melhor até
agora”) é designado como resultado da PG. Este resultado pode ser a solução (ou a
solução aproximada) para o problema.

- Representação

Na PG, o Indivíduo representa um programa de computador composto por funções e


terminais. As funções são compostas de parâmetros para entrada de valores e retornam uma
283

ou mais saídas. Os terminais são parâmetros que recebem um valor de entrada. A combinação
de todas as soluções possíveis definidas por estas funções e terminais é denominada espaço de
busca.
A estrutura de cada indivíduo na PG é representada em forma de árvore. Os terminais
são folhas da árvore situados nas extremidades. As funções conectam um ou mais terminais
situando-se nos vértices (nós) das árvores como mostra a Figura 4.3.2.1.
Koza em [187]e [193] utiliza o termo S-expression (Symbolic Expression) para
designar a representação de um indivíduo em PG representado sob a forma de uma expressão
linear. Esta forma é a interpretação para uma estrutura representada por meio de uma árvore.
Como exemplo, a representação de um indivíduo identificado pela expressão x2+y é
representado pela sua forma linear (+ y (* x x) ) e por sua estrutura em árvore na Figura 4.28:

Figura 4.28 – Representação em árvore para indivíduo de Programação Genética.

Pode-se, de acordo com [187] e [193], separar os elementos da estrutura arbórea em:

Funções: Aparecem nos vértices da árvore:

1. operação aritmética (+, -, *, /, %, etc.);


2. função matemática (log, exp, sen, cos, etc.);
3. operação “lógica” (and, not, or);
4. operadores condicionais (se-então-senão);
5. operadores iterativos (enquanto (condição) faça);
6. funções recursivas;
7. funções específicas do domínio do problema;

Terminais: Aparecem nas folhas das árvores:

1. Variáveis;
2. Constantes.

O indivíduo representado na Figura 4.29 tem suas funções (no caso adição e
multiplicação) e seus terminais (x e y) representados por pontos numericamente ordenados da
direita para a esquerda. A ordenação destes pontos é mostrado na Figura 4.29. A interpretação
do indivíduo se dá de acordo com esta ordenação, caminhando da raiz ou topo para o
elemento mais à esquerda. A partir deste elemento caminha-se ponto a ponto até o elemento
mais à direita.

Figura 4.29 – Numeração dos pontos de um indivíduo.


284

Com os conjuntos de Terminais e de Funções definidos, a evolução por PG já possui a


matéria-prima necessária para criar um indivíduo. Para que os indivíduos sejam válidos,
devem atender a propriedade de clausura que estabelece que “funções devem aceitar como
argumento qualquer valor ou tipo de dado que seja retornado pelo conjunto de funções e
qualquer valor e tipo de dado que possa ser assumido por qualquer terminal”, [187], [193].

4.3.3. Exemplos de Aplicação

a. Vigas sob a ação de cargas concentradas

Esta investigação usou os algoritmos genéticos para determinar à resistência última de


vigas de aço submetidas à cargas concentradas. O objetivo principal dos algoritmos genéticos
foi otimizar os coeficientes utilizados na equação de previsão da carga de colapso destas
vigas. As investigações de Roberts [159] e Bergfelt [158] geraram algumas das fórmulas de
previsão mais precisas para o efeito de carga concentradas enquanto estudos anteriores [152],
envolvendo redes neurais também obtiveram resultados significativos. Os erros máximo e
médio das redes neurais foi menor que 15% e 4%, respectivamente. Usando a equação de
Roberts e os parâmetros mais importantes da equação Bergfelt avaliados através de uma
análise paramétrica [152] a concepção de uma estrutura de equação de dimensionamento foi
feita para que seus coeficientes associados fossem então calibrados ou seja:

t  
K 5  K 6c  
K1 K4 K 13
K3  f  t 
 
t
Pcr   W  t wK 2 E w   

k7 K8 K9
t t d wk10 bwK 11   K12 W 
 tW  w c  K14t f (4.14)
 d w   
W f
 tw    dw 

A ideia principal da presente investigação, [197], foi a concepção de uma única


fórmula para ser usada em qualquer viga de aço sob a ação de cargas concentradas. A equação
foi dividida em dois termos: o primeiro está relacionado ao fenômeno de instabilidade do
painel alma enquanto a segundo está relacionado com o colapso da alma por escoamento. Esta
calibração foi feita utilizando os coeficientes K1 e K13. O programa Evolver foi usado para
executar a evolução de algoritmos genéticos. A calibração de coeficientes foi feita com uma
minimização do erro máximo percentual entre todos os 155 experimentos e valores calculados
utilizando a fórmula de previsão. Também foi feita uma comparação adicional entre as
fórmulas de dimensionamento atuais e a equação desenvolvida com os algoritmos genéticos
para todos os 155 dados existentes. Embora o método baseado nos algoritmos genéticos
tivesse reduzido os erros da equação formulada outra estratégia foi empregada usando apenas,
no processo de otimização, os dados de vigas de aço esbeltas. O banco de dados foi reduzido
de 155 para 127 levando a uma malha de desempenho, Tabela 4. 1, da equação proposta:

t 
0.015
 t 
0.39
 t 
0.56

Pcr   W  t  
t w2 E w 0.5  f  0.78  0.57ce4.62tW 2.21t 2f .20d w1.19bw 5.8  
  1.72 W  tW  w c  3.05t f
d   (4.15)
 dw    w   w
 

Tabela 4.1 - Calibração da equação gerada com algoritmos genéticos para previsão da capacidade de
carga de vigas sob a ação de cargas concentradas.

GA Equação Roberts [159] Bergfelt [198] Lyse & Godfrey [157]


Erro máximo 28,49 44,19 125,04 117,01
Erro médio 11,43 12,20 23,86 44,05
285

Apesar das restrições formais a equação desenvolvida gerou resultados satisfatórios,


confirmando as vantagens do uso de uma fórmula de dimensionamento única. Embora a
equação proposta contivesse maiores erros que os resultados das redes neurais estes ainda são
menores que os erros associados as fórmulas tradicionais de dimensionamento. Este fato
revela-se mais relevante quando uma equação única é considerada. O erro máximo
relacionado com a equação proposta foi menor do que o erro de todas as outras fórmulas,
permitindo que no futuro uma redução dos fatores de segurança da engenharia estrutural
associados a este estado de limite último.

b. Dimensionamento de ligações com placa de extremidade semirrígidas em aço


e mistas

Um dos objetivos mais buscados da engenharia está relacionado com o


desenvolvimento de uma produção rentável de elementos estruturais gerados com a
implementação de novas filosofias e procedimentos de dimensionamento. Quando a busca de
ligações estruturais ideais é considerada neste contexto os algoritmos genéticos (GA)
revelam-se como uma valiosa ferramenta para otimizar ligações semirrígidas em aço e mistas.
Concentrando-se no objetivo de minimizar o esforço gasto no dimensionamento estrutural,
esta investigação apresenta um processo de otimização implementado para determinar
ligações otimizadas [200], [201]. Este ligação ótima tem a resistência à flexão e rigidez inicial
necessárias de modo a gerar o menor custo de fabricação.
O programa desenvolvido no presente estudo, inicia o processo de dimensionamento
executando uma análise elástica para determinar a primeira estimativa da resposta estrutural.
Estes dados preliminares são usados no sistema de algoritmo genético com suas operações
básicas para obter uma nova estimativa que posteriormente é comparada com os objetivos
pretendidos. Este processo iterativo é repetido até que os valores ideais sejam atingidos, ou
seja, minimizando o custo da ligação para a resistência à flexão desejada. Este procedimento
baseia-se na utilização de um programa que usam algoritmos genéticos, Evolver [199], e
produziu resultados confiáveis em termos de economia e eficiência, com um esforço
computacional reduzido. Esta investigação usou um modelo de dimensionamento baseado no
o método do componente proposto no Eurocodes 3 [19] e 4 [64], bem como recomendações
propostas por Ahmed & Nethercot [202] e Ramires [203] em ligações viga coluna com placa
de extremidade de aço e mistas
Para avaliar a resposta global das ligações devem usadas as propriedades geométricas
e mecânicas reais. Com estes resultados pode-se caracterizar o modelo mecânico das ligações
de acordo com o seu tipo. Finalmente, as resistências das componentes são avaliadas e a curva
momento versus rotação da ligação pode ser obtida. As variáveis utilizadas no processo de
otimização são propriedades geométricas como distâncias, espessura, etc. e são manipuladas
por algoritmos genéticos. Os autores descreveram um processo desenvolvido para reduzir o
custo de ligações com placa de extremidade semirrígidas de aço e mistas. O processo
desenvolvido foi baseado em uma seleção adequada das variáveis mais significativas que
controlam o desempenho estrutural das ligações para obter soluções com baixos custos mas
com resistência à flexão e rigidez inicial necessárias. Este processo foi centrado na busca de
uma ligação com custo ótimo tendo como restrições os estados limites últimos e de utilização
que controlam seu dimensionamento estrutural.
Todos os exemplos apresentados foram limitados à dois tipos de ligações estruturais,
ou seja, placas de extremidade ajustadas e estendidas e se iniciaram a partir de uma
configuração básica inicial de ligação, como pode ser observado na Figura 4.30. O primeiro
exemplo envolve inicialmente ligações com placa de extremidade ajustadas e estendidas com
o objetivo de transmitir momento fletores em torno de 120kNm e 423kNm. Os resultados da
otimização apresentaram uma grande dispersão de rigidez inicial para as ligações com placa
de extremidade estendidas, pois nenhuma restrição foi aplicada para esta variável. Uma
286

tendência diferente foi observada nas ligações com placa de extremidade ajustadas que
mostraram um aumento de rigidez significativo quando comparado com o modelo inicial de
ligação de aço. Ligações com placa de extremidade ajustadas e estendidas mistas também
foram otimizadas para transmitir momentos fletores em torno de 120kNm e 423kNm, onde,
em ambos os casos um aumento abrupto da rigidez inicial foi observado quando comparado
aos modelos de ligação de aço equivalentes, demonstrando as vantagens das ligações mistas.
307
60 187 60
37,5
HE 340 B 37,5
8
HE 300 B 8 225
8 8 22,4 22,4
35 155 35
60
120
15 80
135

90

150
90
IPE 500 IPE 500 500 530
750 90
IPE 600 IPE 600 600 150
100

150 15 80

12,5 200 12,5


105
30
ASTM A325 1" (25.40mm) ASTM A325 1" (25.40mm)
ASTM A325 1" (25.40mm) ASTM A325 1" (25.40mm)

b)
27,5 252 27,5

a)
Ø 12.5mm
300 300

60 187 60 Ø 12.5mm

225
60 35 155 35
120 120
135
15 80

90
150

90
750
IPE 600 HE 340 B IPE 600 600 150
IPE 500 IPE 500 500 530
90

8 8 100
150
8 8 80
15
105 22,4 22,4 12,5 200 12,5
30
37,5 37,5
27,5 252 27,5 HE 300 B
ASTM A325 1" (25.40mm) ASTM A325 1" (25.40mm)

ASTM A325 1" (25.40mm)

2200
2200

c) d)

Figura 4.30 - Ligações: (a) placa de extremidade estendida, (b) placa de extremidade ajustada, (c)
placa de extremidade estendida mista (d) placa de extremidade ajustada mista.

O último exemplo comparou ligações com placa de extremidade ajustadas mistas e


ligações com placa de extremidade estendidas de aço capazes de transmitir momentos
correspondentes a 60%, 80% e 100% da capacidade plástica dos perfis IPE de aço IPA
adotados nas vigas, com o objetivo de minimizar os custos de fabricação globais. A Figura
4.31 mostra uma comparação entre as ligações mistas e de aço em termos de uma razão entre
suas capacidades à flexão e seus custos globais. A ligação mista foi associado à maiores
resistências à flexão e a menores custos quando comparadas com suas homólogas de aço.

Extended Steel Joint X Flush Composite Joint Extended Steel Joint X Flush Composite Joint
Mpl/Cost & Sj - IPE 600 Mpl/Cost & Sj - IPE 550
250,00
250,00
216,81 Mpl/Cost [kN.m/$] Sj [kNm/rad]
Mpl/Cost [kN.m/$] Sj [kNm/rad]
197,14 192,93 205,41
200,00
200,00 181,40
173,49 173,55
168,61
Mpl/Cost & Sj

161,35
Mpl/Cost & Sj

150,00 150,00 139,85

100,00 100,00

50,00 50,00

8,49 10,33 7,60 11,67 7,40 8,71 9,37 10,89 7,51 10,40
0,000,00 0,000,00
0,00 0,00
60% 60% 80% 80% 100% 100% 60% 60% 80% 80% 100% 100%
Target Mpl [kN.m] Target Mpl [kN.m]
Steel Profile Bending Plastic Capacity (% ) Steel Profile Bending Plastic Capacity (% )

Extended Steel Joint X Flush Composite Joint Extended Steel Joint X Flush Composite Joint
Mpl/Cost & Sj - IPE 450 Mpl/Cost & Sj - IPE 400
140,00 130,33 120,00
108,24 Mpl/Cost [kN.m/$] Sj [kNm/rad]
118,73 Mpl/Cost [kN.m/$] Sj [kNm/rad] 121,96
120,00 94,76
105,58 100,00 91,21
100,00 89,70 78,37
Mpl/Cost & Sj

Mpl/Cost & Sj

80,00
80,00 66,64
60,00
60,00
40,00
40,00

20,00 20,00
7,62 8,05 8,59 9,60 10,06 6,77 7,43 7,47 8,43 9,50
0,000,00 0,000,00
0,00 0,00
60% 60% 80% 80% 100% 100% 60% 60% 80% 80% 100% 100%
Target Mpl [kN.m] Target Mpl [kN.m]
Steel Profile Bending Plastic Capacity (% ) Steel Profile Bending Plastic Capacity (% )

Figura 4.31 - Custo & desempenho estrutural dos modelos mistos & de aço.
287

O principal objetivo da otimização foi reduzir o custo global da ligação garantindo que
à resistência à flexão e a rigidez inicial não atendessem os estados limites últimos e de
utilização necessários. Também pode ser observado que o desempenho das ligações mistas foi
ainda melhor quando seções mais pesadas de aço foram usadas. Os exemplos realizados
validaram e provaram a viabilidade do uso de algoritmos genéticos para otimizar ligações
semirrígidas de aço e mistas.

c. Avaliação da rigidez pós-limite de ligações semirrígidas

Esta investigação utilizou algoritmos genéticos para calibrar a rigidez pós-limite de as


várias componentes das ligações propostas no modelo de componentes do Eurocode 3 [19],.
O programa NASCon, foi desenvolvido para a análise das ligações de aço, foi usado para
calibrar a rigidez pós-limite de cada componente individual da ligação. Um processo iterativo
automático foi implementado e combinou o programa de cálculo segundo o método das
componentes (NASCon) com o software de algoritmo genético, Evolver, para produzir
estimativas confiáveis de rigidez pós-limite de cada componente com base em uma calibração
com os resultados experimentais disponível para o comportamento global da ligação.
As ligações da viga coluna com placa de extremidade investigadas foram
dimensionadas de acordo com a filosofia do método das componente proposta no Eurocode 3
[19]. A resposta global da ligação pode ser determinada com base nas propriedades de força
versus deformação de suas componentes. Posteriormente, os componentes são montadas em
um modelo mecânico com molas e barras rígidas. Em geral, cada componente é caracterizada
por uma curva força versus deslocamento não-linear, devidamente representada por uma
aproximação bilinear quando apenas a resistência e rigidez inicial da ligação são necessárias
[19]. A rigidez pós-limite das componentes é ignorada pois um comportamento elástico
perfeitamente plástico é assumido [19].
O software d NASCon (análise não-linear de ligações de aço) [205] foi desenvolvido
para de modo a gerar uma ferramenta de fácil uso para ajudar investigadores e engenheiros
civis a implementar facilmente os procedimentos relativos ao método das componente. Este
software simula o comportamento da ligação calculando numericamente sua resposta força
versus deformação generalizada a partir da completa caracterização das componentes
relevantes. Ele permite a comparação com os resultados experimentais e a avaliação dos erros
correspondentes. O NASCon avalia a curva momento versus rotação por sucessiva
comparações com a curva experimental.
A adequação da solução é avaliada de acordo com a distância entre os valores idealizados e
as curvas experimentais. O processo continua com o algoritmo genético operando as
alterações no cromossomo e uma nova iteração é executada. Este procedimento interativo foi
implementado com a ajuda do programa de algoritmo genético, Evolver [199]. Várias
configurações dos parâmetros dos algoritmos genéticos foram realizadas, como taxa de
crossover, taxa de mutação e tamanho da população, [204], [205], [206]. Os melhores
resultados foram alcançados com: taxa de cruzamento: 0,30, taxa de mutação: 0,008 e
tamanho da população: 50.
O primeiro teste, uma ligação viga coluna com placa de extremidade ajustada, foi
testada no departamento de Engenharia Civil da Universidade de Coimbra [47]. Neste teste, a
coluna foi simplesmente suportada em ambas as extremidades e consistia em um perfil
HEB240, enquanto as vigas foram feitas de um IPE240 e uma placa de extremidade com 15
mm espessura fabricada com um aço S275 foi adotada. Os parafusos foram M20, classe 10,9.
Os outros testes de ligações viga a coluna com placa de extremidade estendidas (Humer,
109.005 e 109.006) e ligações soldadas (Klein, 105.018) foram obtidas a partir do banco de
dados SERICON II [208]. As resistências das componentes para todos os testes foram
avaliadas de acordo com EUROCODE 3 usando as propriedades dos materiais medidos.
288

No teste FE1, a inclinação da curva pós-limite obtida do modelo mecânico se encontrava


bem perto dos experimentos, Figura 4.32. Para as ligações com placa de extremidade
estendidas, os resultados da optimização com algoritmos genéticos apresentaram um bom
acordo com os experimentos Figura 4.33. Os resultados para as ligações soldadas, Figura
4.34, também apresentou uma boa concordância com as curvas experimentai onde o reduzido
número de componentes, obviamente, tornou mais rápido o processo de convergência.

100 500 400

Bending Moment (kN.m)


Bending Moment (kN.m)
Bending Moment (kN.m)

80 400 300
60
300
200
40
200
100 Experimental
20 Experimental
100 Experimental
Numerical Numerical
0
Numerical 0
0 20 40 60 80 100
0 0 10 20 30 40
Rotation (mrad) 0 20 40 60 80 Rotation (mrad)
Rotation (mrad)

Figura 4.32 - Momento versus Figura 4.33 - Momento versus Figura 4.34 - Momento versus
rotação, FE1, [47]. rotação, 109.005, [208]. rotação, 105.018, [208].

O potencial uso de técnicas computacionais evolutivas para a avaliação de problemas


estruturais e de engenharia civil foi cumprido pelos resultados confiáveis obtidos com as
ligações semi-rígido. A utilização dos algoritmo genético simplificou substancialmente a
calibração das componentes com os dados experimentais. A contribuição principal deste
trabalho foi apresentar o uso do algoritmo genético como uma ferramenta de auxílio do
dimensionamento para prever a resposta global das ligações viga coluna considerando quando
apropriado, as componentes de rigidez pós-limite.
Também é importante mencionar que, antes da aplicação dos algoritmos genéticos
determinação da rigidez pós-limite das componentes só foi possível por meio de um processo
manual demorado dependente do usuário. Os melhores resultados foram obtidos para as
ligações soldadas, embora todos os resultados tivessem sido confiáveis quando comparados
com os testes disponíveis. Apesar disso, os resultados indicaram que os algoritmos genéticos
podem ser usados com segurança para avaliar a rigidez pós-limite das componentes das
ligações.

d. Dimensionamento de ligações viga-coluna na menor inércia

As ligações investigadas neste trabalho com algoritmos genéticos foram duplas


cantoneiras de alma, uma cantoneira de mesa ou um enrijecedor transversal soldado na alma
de coluna. Um modelo mecânico simples, [19], foi usado para avaliar o comportamento
estrutural da ligação onde cada componente da ligação contribui para a sua rigidez global.
Neste modelo quando comportamento no eixo de menor inércia é considerado, uma
componente extra, a rigidez da alma da coluna em flexão, não é considerada produz
resultados enganosos. A modelagem de cromossomo adotado foi feita em um formato de
árvore. No final da evolução, os valores de rigidez da alma da coluna em flexão (quando
comparadas com simulações de elementos finitos) apresentaram um erro médio de 9%, [211].
Quando as ligações viga coluna no eixo de menor inércia da coluna são consideradas,
o processo de dimensionamento adotado geralmente assume tais ligações como rotuladas.
Como explicado anteriormente, isto não é verdade para a grande maioria das ligações
estruturais. Este fato motivou o desenvolvimento de um modelo mecânico, baseado no
Eurocode 3, [19], para avaliar o comportamento estrutural destas ligações. O modelo
estabelece todas as componentes das ligações investigadas: duplas cantoneiras de alma, uma
cantoneira de mesa ou um enrijecedor transversal soldado na alma de coluna, exceto a
componente k14 (alma da coluna em flexão) que ainda não foi incorporada a norma estrutural
avaliada.
289

Embora cada componente seja caracterizado por uma curva força versus deslocamento
não-linear, sua resposta pode ser aproximada por modelos simples multilineares ou
polinomiais. Uma validação, [209], do modelo proposto foi realizada por meio de
comparações com os resultados experimentais e simulações de elementos finitos usando o
programa ANSYS, [32]. A investigação experimental, [37], compreendeu três testes
realizados em ligações no eixo de menor inércia da coluna usando um sistema estrutural
composto de uma viga engastada e livre sob a ação de uma carga concentrada em sua
extremidade livre. As vigas e as cantoneiras foram feitos com perfis de aço laminadas (tipo S
10" x 37.7, cantoneiras 76 x 76 x 9.5 mm (primeiro teste), cantoneiras 127 x 76 x 9.5 mm
(outros testes)). A coluna usada foi um perfil soldado equivalente a um W 310 x 60. No
primeiro ensaio, devido à flexibilidade de placa de alma, ocorreram grandes deformações. O
momento máximo alcançado na ligação foi igual a 38 kNm.
Neste trabalho, algoritmos genéticos (GA) foram usados para identificar, por meio de
regressão simbólica, a equação que relaciona as propriedades geométricas da ligação
resistência da alma da coluna em flexão. Os dados de entrada incluíram a espessura da alma
da coluna (tw) e a altura de coluna (d) e a saída desejada era a rigidez da alma da coluna em
flexão (k14). O programa usado para executar o treinamento foi Evolver 4.0, [199], e os
parâmetros de configuração foram: taxa de Crossover: 0,65 e taxa de mutação: 0,008. Os
dados de entrada, o valor teórico de k14, e os resultados obtidos a partir dos algoritmos
genéticos assim como os erros a estes associados são descritos na Tabela 4.2. A equação final
obtida a partir da evolução, para k14 é:

t 2, 6
 f y4, 2 
k14 
E  d t 2 .f 
w
(4.16)
 E d3
3 tw
w y

Tabela 4.2 - Dados entrada de e resultados dos algoritmos genéticos.

tw (mm) d (mm) k14 Teoria (m) k14 GA (m) Erro (%)


6,3 300 0,01769 0,01769 0,00
8,0 300 0,03109 0,03290 5,83
10,0 300 0,05425 0,05419 0,12
6,3 600 0,00810 0,00642 20,76
8,0 600 0,01286 0,01218 5,27
10,0 600 0,02810 0,02166 22,89
6,3 800 0,00381 0,00424 11,17
8,0 800 0,00667 0,00812 21,74
10,0 800 0,01476 0,01477 0,07
MAPE 9,76

Uma inspeção dos resultados indicou que o uso potencial da programação genética
para avaliar problemas estruturais e de engenharia civil foi cumprido com as ligações
semirrígidas investigadas.

e. Otimização de ligações semirrígidas viga coluna

O principal objetivo da presente investigação foi otimizar a resistência à flexão de


estruturas de aço, variando a rigidez e resistência de suas ligações semirrígidas associadas.
Este processo de optimização foi feito usando um algoritmo genético desenvolvido e
290

implementado em um programa de análise estrutural, FTOOL/SRC, [211]. Este algoritmo foi


inspirado no algoritmo de uso ideal, incorporando no domínio do problema. Os exemplos
adotaram: dez experimentos com 50 gerações cada, uma população de 50 indivíduos, uma
técnica de seleção incluindo uma avaliação relativa acumulada, reprodução tipo steady-state
com um valor de GAP igual a 50 e a técnica de busca aleatória do operador. Os limites do
domínio de busca para a variável do problema foram, para o exemplo da viga Vierendeel,
usada zero como o limite inferior e dois limites máximos de 1.0 E + 16 e 1.0 E + 08.
Um sistema estrutural Vierendel com 12 metros de vão e um metro de altura foi
otimizado, [211]. As colunas (elementos verticais) a vigas (elementos horizontais) usaram
perfis de aço laminados, HEB 240 e IPE 240, respectivamente. A Figura 4.35 apresenta a
modelagem inicial com ligações rígidas usada e as sementes dos algoritmos genéticos assim
como a distribuição de momentos fletores no pórtico.

(a)

(b)
Figura 4.35 - (a) rigidez inicial da ligação, (b) distribuição de momentos de fletores.

A Figura 4.36 ilustra o desempenho dos algoritmos genéticos em termos de uma curva
média das melhores avaliações em dez experimentos e das melhores avaliações em 100
indivíduos associados a um experimento. Quando a modelagem inicial rígida é comparada
com os resultados finais dos algoritmos genéticos é evidente que este método levou ao uso de
ligações semirrígidas com rigidez associada a valores significativamente menores que os
referentes às ligações rígidas. A nova rigidez das ligações conduziu a uma melhoria
considerável na distribuição de momentos fletores. Uma inspeção atenta da Figura 4.36 indica
que a busca da melhor avaliação média é influenciada pelos limites de espaço de busca das
variáveis. Quando o espaço de busca foi limitado entre zero e 1,0 E + 16, o método dos
algoritmos genéticos levou a uma avaliação média de 3,539. Alternativamente, quando o
espaço de busca foi limitado entre 0 e 1,0 E + 8, o método dos algoritmos genéticos gerou uma
avaliação média de 0,668.
Nas comparações feitas na Figura 4.36 a os algoritmos genéticos demonstraram um
desempenho superior ao procedimento de busca aleatória. Quando a melhor avaliação
alcançada com o uso do procedimento de busca aleatória (2,364) foi comparado com o
método dos algoritmos genéticos (0,113), uma diferença de 2,251 foi observada. Se este
processo for repetido para os resultados da Figura 4.36, foram encontradas diferenças de
2,042 e 0,969 para o espaço de busca com limites superiores de 1,0 E + 08 e 1,0 E + 16. Estes
resultados validam a implementação dos algoritmos genéticos e a metodologia adotada na
função de avaliação do problema.
A presente investigação foi centrado em um processo de optimização não
convencional da rigidez de ligações semirrígidas onde os indivíduos foram avaliados para
gerar uma melhor distribuição de momento fletores em uma estrutura. Esta metodologia de
pesquisa, variando os valores de rigidez das ligações, foi aplicada a dois exemplos. A melhor
291

solução sempre foi associada aos algoritmos genéticos quando comparado a um procedimento
de busca aleatória. A diferença entre estes dois métodos é amplificada quando o espaço de
busca variável é aumentado. Esta diferença também foi ampliada quando se aumenta a
complexidade do problema estrutural avaliado. Uma distribuição significativamente melhor
do momentos fletores foi atingido quando a função objetivo adotada globalmente foi aplicada
aos problemas abrangidos pela investigação.

The Best Fitness Average (10 Experiments) The Best Fitness (1 Experiment)
for a Population of 100 Individuals

4,500 4,500
4,000 4,000 Random Search
3,500 3,500 Genetic Algorithms
3,000 3,000
Fitness

Fitness
2,500 2,500
Random Search (1e+16)
2,000 Genetic Algorithms (1e+16) 2,000
1,500 Random Search (1e+8) 1,500
Genetic Algorithms (1e+8)
1,000 1,000
0,500 0,500
0,000 0,000
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Number of Generations Number of Generations

(dez experimentos) (um experimento, população de 100 indivíduos)


Figura 4.36 - Comparação entre algoritmos genéticos e busca aleatória.

O exemplo de sistema estrutural Vierendel indicou que o desempenho da solução


semirrígida, encontrada com o método dos algoritmos genéticos foi melhor do que a solução
rígida normalmente adotada. As ligações semirrígidas criaram uma distribuição equilibrada de
momentos com uma transição suave entre as regiões de momentos positivos e negativos. Uma
melhor distribuição de momentos fletores foi uma consequência direta de uma escolha
adequada da rigidez das ligações da estrutura. Isto geralmente é um procedimento complexo
quando feito manualmente devido à quantidade significativa de trabalho necessário para
definir uma combinação de rigidez das ligações que possa levar a uma distribuição
equilibrada de momentos fletores.
O uso de algoritmos genéticos simplificou consideravelmente este processo, levando a
determinação de distribuições de momentos fletores que poderiam gerar estruturas de aço
eficientes e econômicas. Os resultados aqui apresentados indicaram que os algoritmos
genéticos implementados assim como os procedimentos e metodologia associados são
eficientes, e representam um importante contribuição para o desenvolvimento do
dimensionamento de pórticos estruturais de aço com ligações semirrígidas.

4.4. Redes Neuro-Nebulosas

Os sistemas Neuro-nebulosos, [212], estão entre os sistemas híbridos mais pesquisados


na atualidade, por associarem as vantagens de duas técnicas de modelagem muito populares
como as Redes Neurais, [148], e a Lógica Nebulosa, [213]. Estes sistemas combinam a
capacidade de aprendizado das Redes Neurais com o poder de interpretação linguístico dos
sistemas que utilizam Lógica Nebulosa.
Uma das principais restrições dos modelos neuro-nebulosa convencionais, entretanto,
é a sua restrição em trabalhar com um número reduzido de entradas. Esta limitação está
relacionada ao problema de “curse of dimensionality” gerado pela explosão do número de
regras resultante do particionamento do espaço de entrada na forma de grid. Por exemplo,
suponha que um determinado sistema neuro-nebulosa tenha cinco variáveis de entrada e cada
uma delas tenha seu universo de discurso subdividido em quatro conjuntos fuzzy. Com esse
sistema, pode-se chegar a um total de 1024 (45) regras. Suponha agora que se tenha 20
entradas. Usando-se a mesma divisão nos universos de discurso para cada variável de entrada,
292

A maioria dos sistemas neuro-nebulosa existentes, e.g., NEFPROX [214], NEFCLASS


[215] e ANFIS [216], fazem uso do particionamento em grid, o que significativamente reduz
o número total de variáveis que o modelo pode tratar. Uma forma de minimizar este problema
é fazer uso de particionamentos recursivos, tais como Quadtree [217] e BSP (Binary Space
Partitioning) [218], os quais empregam processo recursivo na sua geração. Através da
preservação da independência das variáveis de entrada, estes tipos de particionamento
mantêm a interpretabilidade do modelo em um formato de regras fuzzy. O particionamento
BSP foi portanto utilizado para criar uma nova classe de sistemas Neuro-nebulosa,
denominados Hierarchical Neuro-nebulosa Binary Space Partitioning models (HNFB) [219].
Esta classe de modelos supera as duas principais limitações dos modelos neuro-nebulosos
atuais: a sua estrutura fixa e o reduzido número de entradas. Uma versão particular dessa
classe de modelos é o HNFB-Class - Hierarchical Neuro-Fuzzy BSP Model for Classification
[220], o qual será apresentado na seção a seguir.

4.4.1. Hierarchical neuro-fuzzy BSP model para classificação

O modelo Hierarchical Neuro-Fuzzy BSP dedicado à classificação de padrões e à


extração de regras, denominado HNFB-Class, foi desenvolvido para extrair automaticamente
regras fuzzy de classificação, tais como: If x is A and y is B then input-pattern belongs to class
Z. O modelo HNFB-Class é composto de uma ou mais células padrão NFB-Class cells. Estas
células são organizadas em uma estrutura hierárquica na forma de uma árvore binária. As
saídas das células de mais baixo nível são os consequentes das células de maior hierarquia. As
seções a seguir descrevem a célula básica, a estrutura hierárquica e o algoritmo de
aprendizado.

- Basic NFB-Class Cell

Uma célula NFB-Class é um mini sistema neuro-nebuloso que realiza um


particionamento fuzzy binário em um determinado espaço de entrada, de acordo com as
funções de pertinência (x) e (x) descritas pelas equações (4.17) e (4.18).

 x  
1
1  exp[ (ax  b)]
(4.17)

 x   1   x  (4.18)

onde b é o ponto de inflexão da função sigmoid e a é a inclinação da função no ponto x=b. A


Figura 4.37(a) apresenta a representação básica da célula NFB-Class cell e a Figura 4.37(b)
ilustra seu interior. Nesta célula, xi representa a variável de entrada, enquanto (x) e (x) são
as funções de pertinência baixo e alto, respectivamente.

xi

xi = input  

y2 y2
 *
y1  y1
*
(a) (b)
Figura 4.37 - (a) Representação simplificada da célula NFB-Class. (b) Representação interna da célula
NFB-Class.
293

As saídas (crisp) de uma célula NFB-Class são dadas pelas equações (4.17) e (4.18),
onde o fato das funções de pertinência (x) e (x) serem complementares já foi considerado:

y1     x  (4.19)

y 2     x  (4.20)

onde  corresponde a um dos dois casos possíveis abaixo:


 à entrada da primeira célula: caso em que  = 1, onde o valor ‘1’ na entrada da
primeira célula representa todo o espaço de entrada, ou seja, todo o universo de
discurso da variável xi que está sendo utilizada como entrada da célula.
 à saída de um estágio de nível anterior: caso em que  = yj, onde yj representa
uma das duas saídas de uma célula genérica ‘j’, cujo valor é calculado também
pelas equações (4.19) ou (4.20).

- HNFB-Class Architecture

A arquitetura do modelo HNFB-Class é formado pela interconexão de células básicas


NFB-Class em uma estrutura de árvore binária. A arquitetura é dividida em dois módulos
básicos: o decision-tree module; e o classification module (see Figure 37).
O módulo decision-tree contém a estrutura do particionamento do espaço de entrada
automaticamente criado pelo algoritmo de aprendizado baseado no método de otimização
gradiente decrescente. Já o módulo de classificação (classification module) é composto por n
neurônios T-conorm (OR fuzzy operator) que representam as n classes presentes na base de
dados. A célula T-conorm com o maior valor de saída define a classe à qual o padrão de
entrada pertence.
A Figura 4.38(a) ilustra o módulo decision-tree composto de três níveis, obtido
durante a fase de treinamento de uma base de dados particular com três classes, e a Figura
4.38(b) apresenta seu respectivo particionamento do espaço de entrada. Este particionamento
específico contém 5 células folha, denominadas di, onde i{1, ..., 5}. O valor de saída de cada
célula folha di é calculado através das seguintes equações (considerando o uso de funções de
pertinência complementares ( +  = 1)):

d 1   0 . 1 (4.21)

d 2   0 .1 .12 (4.22)

d 3   0 .1 .12 (4.23)

d 4   0 . 2 (4.24)

d 5   0 . 2 (4.25)

onde:
 di são as saídas da estrutura de particionamento do espaço de entrada;
  e  são os graus de pertinência do padrão de entrada na função de
pertinência low das partições 0, 1, 2 e 12, respectivamente;
  e  são os graus de pertinência do padrão de entrada na função de
pertinência high das partições 0, 1, 2 e 12, respectivamente.
294

Inputs

Class 1 Bi- partitions


X2

Class 2
121 122
22
Class 3

11
21
Decision-Tree Classification
Module Module X1

(a) (b)
Figura 4.38 - (a) arquitetura de uma classe HNFB, (b) particionamento do espaço de entrada referente
ao módulo de árvore de decisão.

Cada di é conectado a todos os neurônios T-conorms (Ti) do Classification Module,


com um peso associado a cada link. Estes pesos são determinados pelo método de
aprendizado baseado no Least Mean Squares, [148]. Cada saída do neurônio T-conorm é
então calculada utilizando o operador T-conorm Limited Sum [220], [213], sobre as entradas
ponderadas di. No exemplo da Fig. 4.38(a), as saídas dos três neurônios T-conorm são
calculadas de acordo com as equações abaixo:

T-conorm class 1 = y1 * w11  y 2 * w21  y3 * w31  y 4 * w41  y5 * w51 (4.26)

T-conorm class 2 = y1 * w12  y 2 * w22  y3 * w32  y 4 * w42  y5 * w52 (4.27)

T-conorm class 3 = y1 * w13  y * w23  y3 * w33  y 4 * w43  y5 * w53 (4.28)

Onde:
 yi, i {1,2,3,4,5}, são as saídas das células folha;
 Wij, i {1,2,3,4,5} e j{1,2,3}, é o peso do link entre a célula folha i e o
neurônio T-conorm j;
  é o operador T-conorm Limited Sum.

Conforme mencionado, a saída do sistema HNFB-Class é calculada quando a maior


saída obtida dentre todos os neurônios T-conorm é usada para determinar a classe à qual o
padrão de entrada pertence.
O algoritmo de treinamento é baseado no método de gradiente decrescente para o
aprendizado da estrutura do modelo e, consequentemente, de suas regras linguísticas. Os
parâmetros que definem o perfil das funções de pertinência dos antecedentes das regras são
considerados como os pesos fuzzy do sistema neuro-nebuloso, também determinados pelo
método de gradiente decrescente.
Um parâmetro de ajuste δ, denominado decomposition rate, previne que a estrutura
cresça indefinidamente, prejudicando a generalização do modelo. Uma descrição mais
detalhada do modelo Hierarchical Neuro-Fuzzy BSP – Class e seu algoritmo de aprendizado
pode ser encontrada em [220], [221], [222], [223].
295

4.4.2. Exemplo de Aplicação

a. Vigas sob a ação de cargas concentradas

Bergfelt [158] descreveu o processo de colapso de uma viga de submetida à cargas


concentradas em três fases principais. A primeira etapa dura o ponto onde o escoamento é
detectado na superfície da alma. A segunda fase parte deste ponto até que pequenas dobras
podem ser detectadas na alma. A última fase vai até o colapso que, por sua vez, foi
classificado em três casos diferentes: escoamento, flambagem local global da alma e uma
flambagem mais localizada da alma junto ao ponto de introdução da carga (comumente
conhecido como enrugamento da alma). Estudos anteriores [152] - [156], [161] têm
demonstrado que novos dados podem ser obtidos a partir de modelos de redes neurais.
A resistência última das vigas foi prevista através de um conjunto de dados com 155
resultados experimentais onde as cargas ultimas variaram entre 30 kN e 4010 kN. Os
resultados das redes neurais foram comparados com dados experimentais e fórmulas
existentes de dimensionamento, mostrando uma boa precisão. Investigações posteriores
dividiram os dados experimentais disponíveis em três classes de acordo com a magnitude da
carga última. Estudos adicionais usando uma única rede neural que contém todos os 155
resultados experimentais, adotaram uma técnica de normalização da carga última diferente.
Neste processo o valor da carga última foi dividido pela capacidade plástica da alma da viga.
O algoritmo Back Propagation foi usado para treinar a rede neural composta por 15
parâmetros da viga como entradas e a resistência da viga normalizada como saída.
Os dados experimentais foram divididos em três grupos distintos: 70% para a
treinamento, 20%para teste e 10% para validação das redes neurais. Várias configurações de
redes neurais foram treinadas e comparadas, variando os números de processadores na
camada escondida. No entanto, apesar da precisão dos resultados obtidos, a arquitetura do
sistema não considerou explicitamente a diferença fundamental dos estados limites últimos da
viga associados com o colapso estrutural (escoamento da alma e mesa, flambagem da alma e
enrugamento da alma).
Esta foi a principal motivação para a presente investigação que apresentou uma
aplicação prática de um sistema neuro- nebuloso concebido para prever a resistência última de
vigas sob à ação de cargas concentradas de acordo com os fenômenos físicos associados ao
colapso (escoamento da alma e mesa, flambagem da alma e enrugamento da alma), [224] -
[228]. Uma rede neuro- nebulosa previamente treinada foi usada para classificar as vigas
avaliadas de acordo com sua pertinência segundo uma resposta estrutural específica. Com os
valores de pertinência estabelecidos pela rede neuro- nebulosa de classificação uma rede
neural foi usada para prever a resistência última de vigas sob a ação de cargas concentradas
(Figura 4.39) e posteriormente executar uma análise paramétrica.
Os dados utilizados nas fases de treinamento e validação do sistema de classificação
Neuro-nebulosa usou propriedades geométricas e mecânicas como entradas e o fenômeno
físico associado como a saída. Esta abordagem requer que todos os dados disponíveis no
banco de dados estejam corretamente classificados, de acordo com o fenômeno físico. O
sistema Neuro-nebuloso foi treinado com os dados apresentados e detalhados em Fonseca et
al [224] - [228] e com 50 dados adicionais com perfis laminados (dados 162-211). Estes
dados adicionais foram necessários para aumentar o número de casos no banco de dados
associados ao escoamento da alma, terceira classe. O banco de dados foi dividido em três
grupos: 70% para a treinamento, 10% para validação e 20% teste do modelo.
Depois de vários procedimentos de treinamento terem sido realizados utilizando os
dados acima mencionados, os erros de classificação obtidos para treinamento e validação
foram: 5,75% e 7,41%, respectivamente. O número de regras gerado foi igual a 377 com uma
taxa de decomposição de 0,0015. Todos os dados de teste foram corretamente classificados.
Apesar da precisão dos resultados, ainda havia um número excessivo de regras quando
296

comparado com o tamanho do conjunto de dados, ou seja mais de uma regra para cada dado
experimental. Assim, a taxa de decomposição foi aumentada para restringir este número de
regras. Adotando uma taxa de decomposição 0,01, apenas 85% dos dados foi classificada
corretamente. Os primeiros conjuntos de treinamento adotaram os níveis de ativação
fornecidos pelo sistema neuro-nebuloso inicial, com 377 regras, gerou erros máximos de 70%.

Parâmetros de entrada
Input Parameters
(físicosand
(Physical e geométricos)
Geometrical)

Sistema neuro-nebuloso
Neuro-Fuzzy
de classificação
Classification System

Grau de pertinência
Membership degree Grau de pertinência
Membership degree Grau de pertinência
Membership degree
flambagem
Webda alma
Buckling enrugamento da alma
Web Crippling plastificação
Web Yielding da alma

Prediction
Redes neuras de previsão
Neural-Networks

Saida
Output
Carga última
(Patch Load)

Figura 4.39 - Sistema neuro-nebuloso.

Os resultados de rede Neuro-nebulosa de classificação levaram a algumas conclusões


interessantes. Como a espessura de mesa é reduzida, o colapso por enrugamento da alma
torna-se mais frequente, enquanto vigas com mesas mais espessas apresentaram um colapso
por flambagem global da alma, conforme Figura 4.40. Outra conclusão interessante está
relacionada com o parâmetro espessura da alma. Como esperado, o grau de pertinência
relacionado com o escoamento da alma foi quase zero em vigas com almas finas enquanto os
graus de pertinência relacionados com a flambagem global da alma e especialmente o
enrugamento da alma foram muito significativas, Figura 4.41. Uma situação inversa ocorreu
para a viga de alma mais espessas que tiveram graus de pertinência elevados associados ao
escoamento da alma. Os resultados obtidos pela rede neural se mostraram compatíveis com a
margem aceitável de erros associado à dados experimentais.

1.6

1.6
1.4
1.4
Activation level

1.2
Activation level

1.2
1
1
0.8 0.8

0.6 0.6

0.4 0.4

0.2
0.2
0
0
-0.2
-0.2
-0.4
-0.4 -0.6
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
-0.6
0 5 10 15 20 25 30 35 tw

tf
Buckling Crippling Yelding

Buckling Crippling Yelding

Figura 4.40 - Influência da espessura da Figura 4.41 - Influência da espessura da


mesa na resistência de vigas sob cargas alma na resistência de vigas sob cargas
concentradas. concentradas.

A presente investigação concentrou-se em perfis de aço com dimensões iguais ou


semelhantes aos perfis WWF (soldados com aba larga) de aço comerciais. As espessuras das
mesas variaram entre 6,3 mm e 31,5 mm, enquanto as espessuras das almas variaram de 4 mm
a 12,5 mm de acordo com os valores habituais presentes nos perfis WWF comerciais. A
297

tensão de escoamento da viga foi igual a 345 MPa enquanto o fator de foram do painel de
alma foi geralmente igual a três quando não mencionado em contrário. A metodologia
adotada baseou-se numa avaliação dos níveis de ativação dos fenômenos físicos em termos
das variáveis físicas e geométricas mais relevantes para a viga. Estes níveis de ativação
indicaram a relevância de cada tipo de colapso estrutural na resposta estrutural da viga.
O fator de forma do painel da alma geralmente quase não foi condicionante para o tipo
de fenômeno físico associado ao colapso estrutural. No entanto esta influência tende a
aumentar em vigas com mesas mais finas e menores comprimentos de carga, Figura 4.42.
Nestes casos níveis de ativação de escoamento da alma são reduzidos com um aumento do
espaçamento dos enrijecedores transversais. Da mesma forma, os níveis de ativação relativos
à flambagem global da alma e o enrugamento da alma aumentam linearmente quando a
eficiência dos enrijecedores transversais é reduzida.

0.8
Activation degree

0.4

h tw c

h tw c  1450 12,5 145

1.0 1450 12,5 725


2.0
3.0
0.4 1.0 2.0
3.0

0.2

Figura 4.42 - Variação dos graus de ativação, para as três classes estudadas, em termos do fator de
forma do painel de0.0alma e espessura da mesa.

0.0 Algumas das conclusões mais interessantes do estudo paramétrico vão ser aqui

reproduzidas. O estado limite do enrugamento da alma é mais frequente em vigas com mesas
mais finas enquanto a espessura de mesa tem uma influência significativa sobre o tipo de
colapso, especialmente quando são considerados menores comprimentos de carregamento. A
influência da espessura da mesa sobre a magnitude do efeito das cargas concentradas foi mais
significativa em vigas de alma mais espessas e a resistência de vigas com almas finas e
esbeltas foi influenciada pela espessura da mesa. Vários destes parâmetros estão interligados.
Foi fácil de observar que um aumento da altura da viga também implica um aumento da
esbeltes da alma reduzindo o fator de forma do painel da alma e a razão entre o comprimento
carregado e a altura da viga. O aumento de altura da viga provou gerou uma redução na
magnitude da carga última e conduziu a substancial uma não-linearidade nos fenômenos
físicos que a controlam.
Este investigação demonstrou a eficácia da utilização de técnicas de inteligência
computacional para resolver um problema complexo de dimensionamento estrutural. É
importante salientar que a confiabilidade dos resultados será melhorada como o aumento da
proporção entre as evidências experimentais e o número de variáveis envolvidas. Se um
número maior de experimentos não poder vir a ser incorporado no sistema neuro-nebuloso a
geração de novos dados deve ser feita respeitando os limites impostos pela faixa de variação
dos parâmetros usados para treinar o sistema.
298

4.5. Considerações Finais

Com o desenvolvimento de novos materiais, processos e métodos computacionais


mais rápidos, uma nova fronteira foi aberta para a concepção e desenvolvimento de
dimensionamentos mais ousados que irão definir a tendência para as futuras estruturas do
século XXI. Vários métodos, técnicas e ferramentas têm sido e ainda estão sendo, usadas para
melhorar e desenvolver estas estruturas como processos de otimização, sistemas de
modelagem numérica envolvendo análises de elementos finitos não-lineares entre outros. Ao
mesmo tempo, a última década do século XX tem sido associada a uma substancial melhora e
desenvolvimento de métodos computacionais inteligentes. Sistemas de apoio à decisão com
base nestes modelos de inteligência computacional foram amplamente desenvolvidos e usados
com êxito em uma vasta gama de aplicações.
Este capítulo apresenta uma breve introdução de redes neurais, algoritmos genéticos e
sistemas híbridos neuro-nebulosos, que foram usados para prever, conceber e otimizar o
comportamento estrutural. Como mencionado anteriormente, não se teve a intenção de
fornecer uma lista esgotando todas aplicações do uso de técnicas de inteligência
computacional para resolver problemas de engenharia estrutural. A ideia principal foi a
concentrar-se em alguns destes métodos para permitir uma visão mais profunda dos
problemas estruturais de engenharia que podem ser modelados com seu uso adequado.
Depois de apresentar os conceitos básicos de redes neurais, algoritmos genéticos e um
modelo especial híbrido neuro-nebuloso baseado em um particionamento hierárquico classe
HNFB-– modelo BSP Neuro-nebuloso hierárquico para problemas de classificação), este
capítulo detalha alguns estudos de casos dentro da engenharia estrutural. Os exemplos destes
estudos de casos envolvem: previsão de resistência de vigas sob à ação de cargas
concentradas, dimensionamento do cisalhamento em bloco, conectores de cisalhamento
Perfobond, colunas de aço estaiadas e protendidas, dimensionamento e comportamento de
estruturas de aço e mistas, entre outras. Todos estes estudos de casos corroboraram o grande
potencial do uso de técnicas de inteligência computacional na resolução de problemas que
foram considerados difíceis, limitados ou mesmo impossível por muitos pesquisadores em
diferentes campos. Todos os estudos de casos tiveram um desempenho, em alguns casos, além
do esperado sugerindo que estas técnicas podem ser uma boa solução para muitas outras
aplicações.
Capítulo 5 - Considerações
Finais

5.1. Síntese

Este livro teve como objetivo descrever, através de uma série de exemplos, os métodos
e técnicas usados para modelagem de estruturas de aço e mistas. Inicialmente foram
apresentados os principais modelos usados na representação do comportamento estrutural
destes elementos. Isto se seguiu de uma apresentação detalhada dos modelos experimentais,
assim como os principais requisitos e cuidados que devem ser tomados nos ensaios de uma
estrutura de aço ou mista no laboratório.
O trabalho procede com foco nos modelos numéricos, desenvolvidos com base no
método dos elementos finitos. Diversas simulações apresentando comportamentos não
lineares são apresentadas assim como seus principais detalhes e restrições em termos de
condições de contorno, principais dificuldades, estratégias de solução e métodos para superar
dificuldades de convergência. Por fim são também apresentados exemplos de uso de técnicas
de inteligência computacional na simulação do comportamento de estruturas de aço e mistas.
Para tal redes neurais, redes neuro-nebulosas e algoritmos genéticos são descritas e aplicadas
com foco em suas principais vantagens, escopo e limitações.
De forma concisa, a principal contribuição deste livro consistiu em reunir em uma
única fonte de forma clara, objetiva e sintética, as principais técnicas de modelagem de
estruturas de aço e mistas. Desta forma, inicialmente, apresentou-se os experimentos de
laboratório assim como suas principais etapas visando seu entendimento concepção,
desenvolvimento de procedimentos, instrumentação e a interpretação dos resultados obtidos.
Também foram geradas contribuições no sentido do entendimento das diversas etapas
relacionadas com os modelos numéricos, baseados no método dos elementos finitos, assim
como seus aspectos mais relevantes relacionados com sua concepção desenvolvimento,
superação de problemas de convergência e a interpretação de seus resultados. Contribuições
adicionais também foram dadas no sentido do entendimento do correto uso de modelos de
inteligência computacional na simulação do comportamento estrutural focadas nos passos
mais significativos para seu entendimento, escopo e a aplicação a problemas de estruturas de
aço e mistas.

5.2. Considerações Adicionais

A modelagem experimental vem passando por uma constante evolução e


aprimoramento com o desenvolvimento e aprimoração de novos sistemas para aquisição e
monitoração em tempo real com fibra ótica, medições a laser ou com materiais piezoelétricos.
Apesar desta enorme evolução e inovação deve-se ressaltar uma vez mais que nada substitui a
experiência dos técnicos e pesquisadores que vem lidando com estes tipos de modelagem há
muito tempo e, mesmo com limitações de espaço, tempo, equipamento e recursos financeiros
tem produzido excelentes modelos experimentais.
De modo equivalente na modelagem numérica com o método dos elementos finitos, os
sistemas tem evoluído para possibilitar soluções cada vez mais complexas envolvendo
análises não lineares dinâmicas, modais e transientes, interação solo estrutura e mesmo
analises térmicas e mecânicas acopladas. Contudo, ressalta-se que nada substitui a experiência
300

dos engenheiros e pesquisadores que vem lidando com estes tipos de modelagem há muito
tempo e, mesmo com limitações de equipamento e recursos financeiros, tem produzido
modelos numéricos com um excelente desempenho e precisão.
Adicionalmente, nota-se que a última década do século XX tem sido associada a uma
substancial melhora e desenvolvimento de métodos computacionais inteligentes. Sistemas de
apoio à decisão com base nestes modelos de inteligência computacional foram amplamente
desenvolvidos e usados com êxito em uma vasta gama de aplicações. Sua aplicação na
solução de problemas da engenharia estrutural corroborou o grande potencial do uso de
técnicas de inteligência computacional na resolução de problemas que foram considerados
difíceis, limitados ou mesmo impossível por muitos pesquisadores em diferentes campos.
Todos os estudos de casos tiveram um desempenho, em alguns casos, além do esperado
sugerindo que estas técnicas podem ser uma boa solução para muitas outras aplicações.
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Connections”, Eng. Struct., v. 16(1), pg. 25-31.
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