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Sistema de Ensino Equipe

Anna Júlia Ferreira


Dâmaris Gama
Deborah Albuquerque
Iury Souza
Júlia Ribeiro
Manuele Aranha

NEUROAPRENDIZAGEM
Pesquisa e Análise da Esquizofrenia

Ananindeua – PA

2022
Anna Júlia Ferreira

Dâmaris Gama
Deborah Albuquerque
Iury Souza
Júlia Ribeiro
Manuele Aranha

NEUROAPRENDIZAGEM
Pesquisa e Análise da Esquizofrenia

Trabalho Acadêmico, apresentado ao


Prof. João Carvalho, com vistas à 4º
avaliação do 1º ano do Ensino Médio.

Ananindeua – PA
2022
1 HISTÓRICO

O termo esquizofrenia, segundo D’Agord, é um conceito relativamente novo


que havia sido criado para determinar a fragmentação ou dissolução dos processos
psíquicos próprios de uma maneira de psicose, acabou sendo generalizado para
indicar todos os processos de separação, seja no ambiente familiar, da comunicação
ou da vida em sociedade.

As primeiras referências na literatura que descrevem perturbações mentais


semelhantes à esquizofrenia remontam ao tempo de Hipócrates (460-370 AC),
permanecendo um conceito estagnado até aos séculos XIX e XX quando os
psiquiatras franceses e alemães poliram as suas impurezas. De facto, até ao século
XIX, a psicose era considerada uma mera forma de loucura e os psiquiatras, então
referidos como alienistas, pouco respeitados na comunidade médica.

O histórico conceitual da esquizofrenia data do final do século XIX e da


descrição da demência precoce por Emil Kraepelin, que a chamava assim, porque
sua atividade começava no início da vida e quase invariavelmente levava a
problemas psíquicos. Seus sintomas incluíam alucinações, perturbações em
atenção, compreensão e fluxo de pensamento, sintomas catatônicos etc. Kraepelin
distinguiu três formas do transtorno: hebefrênica, catatônica e paranóide.

No entanto, no início do século XX, o psiquiatra suíço Eugen Bleuler criou o


termo “esquizofrenia”, na qual tem origem nas raízes gregas schizo (cindir, dividir) e
phren (mente),que substituiu o termo demência precoce, no sentido de que suas
funções mentais se encontrariam divididas nesses pacientes. Bleuler descreveu
sintomas fundamentais específicos da esquizofrenia que se tornaram conhecidos
como os quatro “As”: associação frouxa de ideias, ambivalência, autismo e
alterações de afeto. Também descreveu os sintomas acessórios, que incluíam
alucinações e delírios.

2 CARACTERIZAÇÃO CLÍNICA

A esquizofrenia é um transtorno psiquiátrico grave e crônico que acarreta uma


alteração no funcionamento do cérebro, afetando a forma como a pessoa pensa, se
comporta e sente. Ela surge geralmente na adolescência ou no início da idade
adulta, no entanto podendo também manifestar-se mais tarde, após os 40 anos, ou
durante a infância (o que é extremamente raro).

Ela pode tornar-se incapacitante se não tratada precocemente, além de afetar


de modo significativo suas relações interpessoais, pois é aos poucos que o indivíduo
abandona suas atividades rotineiras, se isola e para de demonstrar sentimentos
compatíveis com os acontecimentos da sua vida.

Existem os chamados “sintomas precoces” que podem aparecer meses ou


anos antes da doença se exteriorizar, mas muitas das vezes são confundidos com
depressão ou outros transtornos semelhantes.

2.1 SINTOMAS

Os sintomas podem variar a depender do agravamento do quadro do paciente


e dos tipos de esquizofrenia. São divididos em três categorias: positiva, negativa e
cognitiva. Os Sintomas positivos da esquizofrenia incluem. As pessoas podem
“perder contato” com alguns aspectos da realidade. Os sintomas incluem:

 Alucinações (como ouvir vozes ou ver coisas que não estão realmente lá).
 Delírios (convicções ilusórias que recusam negar, como quando acham que são
outras pessoas).
 Pensamentos desordenados (modos de pensar incomuns ou disfuncionais).
 Distúrbios do movimento (movimentos do corpo agitado).

2.2 SINTOMAS NEGATIVOS DA ESQUIZOFRENIA

Estão relacionados a défices, a algo que está em falta, como:

 Redução e dificuldade de expressar afeto, emoções e sentimentos


 Redução de fala
 Ausência de energia e motivação para execução de atividades cotidianas.
2.3 SINTOMAS COGNITIVOS

Está relacionado a mudanças na memória ou outros aspectos do


pensamento:

 Baixo funcionamento intelectual


 Dificuldades para manter-se focado ou prestar atenção em atividades cotidianas

2.4 TIPOS

Existem alguns tipos de Esquizofrenia, que se diferenciam pela natureza e


pela intensidade dos seus sintomas. São eles:

 Esquizofrenia simples: Ocorrem mudanças de personalidade. O paciente prefere


ficar mais isolado socialmente, com baixa sensibilidade afetiva e sem desejo de
convívio social.
 Esquizofrenia paranoide: O portador da doença enfrenta sintomas psicóticos,
como alucinações, delírios, e tende a achar que está sendo perseguido por
pessoas ou espíritos. Além disso também pode apresentar fala e escrita confusas,
mudanças de humor e personalidade, e o isolamento.
 Esquizofrenia desorganizada ou hebefrênica: É caracterizado por um
comportamento mais infantil, sendo emocionalmente instáveis, tendo reações
inapropriadas em diversas situações e tendo pensamentos desorganizados (sem
nexo). Isso acaba prejudicando a realização de tarefas diárias e relações com
outras pessoas.
 Esquizofrenia catatônica: O paciente pode ficar parado na mesma posição por
horas, causando também a redução da atividade motora, além de desnutrição e
desidratação. Mas também pode acontecer o contrário, quando os movimentos
aumentam drasticamente, podendo ter o hábito de repetir as falas de outras
pessoas ou imitar seus movimentos.
 Esquizofrenia residual: Se dá quando uma pessoa preenchia os critérios de
diagnóstico ou foi diagnosticada com esquizofrenia anteriormente, porém, hoje
não possui mais sintomas ou não os apresenta de forma acentuada.
 Esquizofrenia indiferenciada: Quando um paciente tem sintomas de Esquizofrenia
que ainda não estão completamente formados ou não são suficientemente
específicos para serem classificados como nenhum dos outros tipos da doença.

A combinação de alguns fatores genéticos, cerebrais e do ambiente podem


desencadear a doença. Alguns dos fatores hereditários a serem citados são que
normalmente parentes de primeiro grau de um esquizofrênico têm mais chances de
desenvolver a doença do que as pessoas em geral. Eles apresentam perda de
memória e baixa concentração, o que dificulta a realização de tarefas ou o
aprendizado de novas informações.

O indivíduo esquizofrênico apresenta uma diminuição dos impulsos e da


vontade para fazer algo, além de certa indiferença em relação ao que ocorre em sua
vida. Quando esses sentimentos se manifestam e não recebem um tratamento
adequado, a doença evolui, gerando déficits cognitivos que trazem consequências
graves consequências para o raciocínio e a memória. Por serem mais discretos
esses tipos de sintomas podem ser facilmente confundidos com outras doenças. Por
conta disso, são realizados testes para detectar suas interligações com a
esquizofrenia.

Os sintomas cognitivos podem ser:

 Dificuldades de aprendizado;
 Dificuldades de memória;
 Dificuldades de tomar decisões.

Para o indivíduo com esquizofrenia, as atividades que exigem maior


concentração e disposição, como se planejar para uma viagem ou realizar
determinadas tarefas, tornam-se algo muito mais complicado. Muitas vezes isso
acaba por torna ao sofrimento emocional e dificuldades para levar uma vida normal.

TRATAMENTOS PARA ESQUIZOFRENIA

Atualmente existem diversos tratamentos para a esquizofrenia, eles têm a


finalidade de melhorar os sintomas e prevenir recaídas, pois ela não possui cura.
Uma forma de tratamento frequentemente utilizada é a psicoterapia, que pode
ser individual ou em grupo. Ela auxilia o individuo a melhorar suas relações sociais,
sua comunicação e entre outros benefícios ela ajuda o paciente a lidar com a
esquizofrenia.

Alguns dos principais benefícios da psicoterapia, segundo a Profª. e Drª.


Wilze Laura Bruscato, são:

1. Restaurar a capacidade de cuidar de si e de administrar a própria vida

2. Conscientizar e reduzir a natureza ameaçadora dos eventos da vida, para


aqueles que possuem uma maior sensibilidade.

3. Diminuir o isolamento

4. Promover ou recuperar a autoestima

5. Interromper a perda da capacidade mental

6. Controlar o estresse

A psicoterapia individual prioriza o apoio, visto que o portador de


esquizofrenia que geralmente recorre a essa forma de tratamento necessita de um
suporte que o capacite a obter uma melhora em sua qualidade de vida, para que ele
depois possa ter um melhor convívio social. Essa forma de tratamento é
contraindicada em casos onde a psicoterapia é baseada em interpretações, com
varias sessões por semana e durante anos.

Na psicoterapia em grupo o grupo operativo (GO) é ministrado por um


terapeuta que organiza e conduz a discussão em torno de assuntos escolhidos pelos
próprios participantes. O grupo operativo tem uma função psicopedagógica que visa
instruir o portador da doença a conhecer suas limitações, para a melhor adaptação
social.

TERAPIA OCUPACIONAL

É uma terapia que é centrada na realização de atividades. A atividade não


deve ser encarada apenas com fins recreativos, visto que sua finalidade principal é
recuperar a capacidade do individuo fazer atividades cotidianas. Ela é indicada em
casos em que a pessoa se encontra em um estado de desorganização, isoladas e
com a vontade comprometida. Esse tipo de atividade estimula a criatividade e o
contato do doente com outras pessoas, fazendo assim que aos poucos ele retorne a
sua vida cotidiana. Ela geralmente pode ser combinada com o tratamento que exige
um acompanhante terapêutico.

ORIENTAÇÃO FAMILIAR

A esquizofrenia pode, entre diversas consequências, causar o afastamento


familiar pois se por um lado é importante a conscientização e a aceitação do
portador da doença, por outro lado a compreensão da família é tão importante
quanto. O auxilio familiar pode ajudar consideravelmente o tratamento, pois ela pode
informar se está havendo resposta ao tratamento, pode informar a um profissional
uma possível recaída e principalmente encorajar o portador a se tornar
independente.

HOSPITALIZAÇÃO

A hospitalização é recomendada em casos extremos em que o paciente


apresenta sintomas severos que comprometem sua capacidade de julgamento,
higiene, segurança, etc ou quando as possibilidades de tratamento extra-hospitalar
se mostram esgotadas ou ineficazes. A hospitalização é realizada conforme a Lei
Federal 10.216/2001 sobre Tratamentos com Medicamentos. Os medicamentos
podem acompanhar o paciente tanto em casos considerados mais leves, quanto em
casos mais severos, somente um psiquiatra pode recomendar medicamentos nesse
caso.

Quando há a predominância de sintomas positivos e de agitação psicomotora


deve-se recomendar um antipsicótico de alta potencia, a dose ideal deve ser
definida por um medico e ela pode variar de acordo com o caso, é importante
lembrar que a melhora é lenta e gradual sendo possível o aumento ou a diminuição
do medicamento. Estudos recentes apontam que a dose do antipsicótico devem
variar entre 10mg e 20mg de haloperidol ou doses equivalentes. No primeiro surto a
dose deve ser pequena, entorno de 2mg a 5mg ou equivalentes, e a dose deve ser o
mais baixa possível para pacientes idosos.

Para o controle da agitação é possível associar o lorazepam ou clonazepan ao


tratamento, suas doses devem ser de 2mg/dia a 6mg/dia, e devem ser retirados do
tratamento assim que haja uma melhora nos sintomas. Antialérgicos também são
frequentemente associados ao tratamento para uma melhor adesão e para a
prevenção de distonias agudas.Quando há a predominância de sintomas negativos,
a escolha de medicamentos mais leves como a risperidona é mais recomendada.Por
fim, o uso de medicamentos tem a finalidade de melhorar a qualidade de vida do
paciente fazendo com que ele tenha uma qualidade de vida, pois eles auxiliam o
doente a diminuir a frequência de crises psicóticas e evitar recaídas.

CORRELAÇÃO DA CONDIÇÃO COM O SISTEMA NERVOSA E AREA DO


CÉREBRO AFETADA

o cérebro de uma pessoa com esquizofrenia apresenta várias diferenças estruturais,


incluindo na substância branca, onde reduz a substância branca e muda sua
densidade, além de estreitar a massa cinzenta em diferentes partes do córtex. A
substância branca constitui as vias de comunicação entre o sistema nervoso central
e os locais externos ao sistema nervoso central, a substância cinzenta é o local de
recepção e de integração de informações e respostas. Essas mudanças, por sua
vez, estão ligadas a alterações nas funções cognitivas e motoras. Tais funções
incluem armazenar e recuperar informações verbais.

Os neurotransmissores são a química do cérebro, basicamente. Trata-se da maneira


com a qual os neurônios se comunicam. Segundo estudos, pessoas com
esquizofrenia têm um nível elevado de dopamina (relacionada com a questão
motora e com o processamento de recompensa), especialmente no subcórtex do
cérebro. Por outro lado, especialistas ressaltam que a liberação de muita serotonina
(diretamente relacionada com o humor), por sua vez, pode levar a sintomas
psicóticos. A existência de alterações cerebrais subjacentes aos sintomas da
esquizofrenia já era admitida desde as propostas de classificação clássicas para
esse transtorno. Entre as várias estratégias de pesquisa biológica utilizadas, as
técnicas neuropatológicas e de neuroimagem estão entre as que mais têm
contribuído para o conhecimento dos mecanismos cerebrais alterados na
esquizofrenia.

Desde a década de 80, estudos morfométicos quantitativos têm mostrado


anormalidades nos cérebros de alguns pacientes esquizofrênicos, incluindo
diminuições globais de volume/peso e reduções localizadas em áreas temporais e
frontais. Há achados histológicos de anormalidades de citoarquitetura nessas áreas,
incluindo alterações no número, tamanho e distribuição dos neurônios em camadas.
Um aspecto importante dos estudos histopatológicos é a ausência de um excesso
de células gliais, indicando que as alterações observadas não são decorrentes de
processos degenerativos.

Recentemente, estudos neuroquímicos mais sofisticados têm usado a biologia


molecular para investigar alterações na expressão de genes e proteínas específicos
em cérebros de pacientes esquizofrênicos. Nessa área, há achados consistentes
envolvendo outros neurotransmissores relevantes para a esquizofrenia, incluindo
diminuições na expressão de genes para receptores de glutamato e ácido gama-
aminobutírico (GABA).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GAMA, D. Esquizofrenia: o que é, sintomas, tratamentos e causas. Disponível


em: https://www.minhavida.com.br/saude/temas/esquizofrenia. Acesso em:
GAMA, D. Conceitualização e Histórica da Esquizofrenia. Disponível em:
https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/50150/2/Conceptualizao Histrica da
Esquizofrenia.pdf. Acesso em:
SOUZA, I. Esquizofrenia: conheça os tipos, sintomas e tratamentos. Disponível
em: https://www.vittude.com/blog/esquizofrenia-tipos-sintomas-tratamentos/. Acesso
em:
SOUZA, I. Quais são os sintomas da Esquizofrenia? Disponível em:
https://www.cuf.pt/mais-saude/quais-sao-os-sintomas-da-esquizofrenia. Acesso em:
SOUZA, I. O que é Esquizofrenia: sintomas, diagnostico e tratamento.
Disponível em: https://saude.abril.com.br/mente-saudavel/o-que-e-esquizofrenia-
sintomas-diagnostico-e-tratamento/. Acesso em:
SOUZA, I. Conheça os principais sintomas de Esquizofrenia e seu tratamento.
Disponível em: https://www.gruporecanto.com.br/blog/sintomas-de-esquizofrenia/.
Acesso em:
SOUZA, I. Tipos de Esquizofrenia e como são classificados. Disponível em:
https://hospitalsantamonica.com.br/tipos-de-esquizofrenia/. Acesso em:
ARANHA, M. A anatomia estrutural e funcional da Esquizofrenia: achados de
neuropatologia e neuroimagem. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rbp/a/D6DzXDjmsrszXH57xxHKJcF/?lang=pt. Acesso em:

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