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Olá!

Esse material foi produzido para que você possa aprender mais sobre a
Esquizofrenia e como ela é trabalhada na terapia. É muito importante que você tenha
consciência do seu processo como um todo e, para isso, a psicoeducação é
indispensável. Leia o material, anote suas dúvidas e no próximo atendimento
discutiremos…

O que é a esquizofrenia?

A esquizofrenia é um transtorno mental crônico, com início mais comum no final da


adolescência ou início da idade adulta. Apresenta como principais características
alterações dos pensamentos, dos sentimentos e das relações com o mundo exterior.
Apresentam-se como sintomas característicos da esquizofrenia as alucinações e os
delírios, os quais são chamados de sintomas positivos. As alucinações mais frequentes
são as auditivas e as visuais, nas quais o indivíduo uve e vê coisas que as demais
pessoas não percebem. Já os delírios são caracterizados por uma confusão mental, onde
a pessoa apresenta pensamentos ou idéias com conteúdos que não correspondem com a
realidade, como exemplo podem ser citados os delírios persecutórios, no qual o indivíduo
acredita que está sendo seguido, monitorado e vigiado.
Há também a segunda classe de sintomas, os chamados sintomas negativos, os
quais apresentam como principal característica “a falta de algo”, pode-se entender que
alguma coisa é “retirada”, como a falta de prazer e vontade, incapacidade de expressar
emoções e dificuldade de concentração.
Os sintomas positivos são menos duradouros e respondem bem à medicação
específica a esse tipo de transtorno, os antipsicóticos. Entretanto, os sintomas negativos
costumam ser estáveis ao longo do tempo e têm uma menor resposta a esse tratamento.
Quando não tratadas corretamente (ou quando o tratamento não atinge o efeito
desejado), as pessoas com o diagnóstico de esquizofrenia podem ter prejuízos na
qualidade das funções do cérebro (p. ex.: memória, atenção, capacidade de planejar,
dentre outras), além de passarem a ter mais dificuldades para interagir socialmente.
Apesar do tratamento medicamentoso ser fundamental nesse tipo de transtorno
mental, parte dos clientes têm dificuldades em seguir esse tratamento de forma contínua.
Muitas vezes deixam de tomar os remédios aconselhados por seus psiquiatras ou
negligenciam o manejo do problema. É comum diminuírem por conta própria a dosagem
da medicação, esquecer os horários estabelecidos, beber ou fazer uso de substâncias
psicoativas, como álcool e drogas. Esses tipos de comportamentos contribuem não só
para um atraso no tratamento, como também proporcionam o aparecimento de prejuízos
como dificuldade no pensamento, atenção e, até mesmo, funcionamento social os quais
se associam a níveis elevados de sofrimento crônico e incapacidade funcional e social, ou
seja, a pessoa cada vez mais encontra dificuldades para interagir e torna-se menos capaz
para desempenhar tarefas do dia a dia.
Caso você tenha sido diagnosticado com esquizofrenia, ou se identificou com o que
foi descrito, provavelmente percebe que algumas situações cotidianas, e até mesmo seus
próprios pensamentos, podem estar confusos, sua concentração pode não ser a mesma,
você pode se perder nas conversas, pode ter alguns comportamentos considerados
estranhos em público ou achar que as pessoas vão perceber você como alguém “fora da
ordem”. No entanto, se você foi diagnosticado com esse transtorno, é importante saber
que há tratamento eficiente e que, quando seguidas as devidas recomendações, tanto do
psiquiatra quanto do terapeuta, o indivíduo poderá ter menos prejuízos no seu cotidiano.

Como os meus pensamentos influenciam na esquizofrenia?

Caso você tenha recebido o diagnóstico de esquizofrenia, é possível que se sinta


confuso com os seus próprios pensamentos. Eles podem lhe “roubar” a atenção em boa
parte do tempo. Às vezes eles podem surgir como vozes que dizem coisas sobre si, e que
você não gosta de ouvir ou teme serem verdadeiras. Elas podem surgir na primeira ou
terceira pessoa. Por exemplo: “Eu sou esquisito demais” ou “Ele é burro” (como se
alguém estivesse dizendo algo a seu respeito). Esses pensamentos, por serem
percepções reais para você, são bastante perturbadores e podem acabar aumentando
bastante seu nível de estresse, o que o deixa mais vulnerável a crises, ou seja,
apresentar as alucinações e/ou delírios. Assim sendo, é de grande importância que,
aliada à medicação, você também tenha a ajuda de uma psicoterapia, pois, assim, poderá
identificar e modificar seus pensamentos, identificando o que é “real” e o que tem relação
com a esquizofrenia. Terapia Cognitivo-Comportamental, uma abordagem que trabalha
com os pensamentos e a sua relação com os sentimentos e comportamentos, pode ser
útil nesse processo. A seguir há um esquema que pode facilitar uma melhor compreensão
dessa relação mencionada.
Como o meu problema pode estar sendo mantido?

A esquizofrenia é um transtorno mental que requer tratamento continuado pelo resto


da vida. Nesse sentido, é de extrema importância a correta utilização da medicação
prescrita pelo seu psiquiatra. Qualquer reação desagradável a esta medicação deve ser
relatada ao médico, e nunca deve ocorrer a suspensão da medicação por conta própria.
Além disso, algumas medidas podem ser tomadas para que o impacto do transtorno seja
menor, entre elas, a psicoterapia. Alguns fatores podem interferir na piora do quadro ou
não na melhora, como: 1) interrupção do tratamento ou não segui-lo conforme
recomendação; 2) estressores familiares; 3) má alimentação; 4) uso de drogas; 5) não
engajamento em hobbies e atividades de lazer, dentre outros.

Como posso lidar com a esquizofrenia?

Por muito tempo, a principal forma de tratamento para pacientes gravemente


comprometidos por transtornos mentais como a esquizofrenia estava relacionada ao uso
de medicação, os antipsicóticos. Entretanto, apesar do tratamento medicamentoso
adequado, muitos clientes permaneciam com dificuldades. Isto revelou a necessidade de
acrescentar ao tratamento farmacológico as intervenções psicossociais (como a
psicoterapia). Dentre elas, destaca-se a Terapia Cognitivo-Comportamental, considerada
uma das abordagens psicoterápicas com boa eficácia utilizada no tratamento desse
transtorno mental (Barreto & Elkis, 2007).

A terapia permite que o cliente possa encontrar novas alternativas para seu modo de
pensar, não levando tanto em conta o conteúdo das alucinações e dos delírios,
diminuindo, assim, o impacto deles em sua vida. Para uma melhor compreensão, serão
citadas a seguir algumas estratégias utilizadas em psicoterapia.

● Psicoeducação: O terapeuta irá informar ao cliente e/ou aos seus familiares tudo
a respeito da esquizofrenia, ou seja, suas características específicas, como é
realizado o tratamento e as demais dificuldades associadas à mesma. Através de
um melhor conhecimento a respeito do transtorno, é possível que tanto o cliente
quanto os seus familiares possam se sentir mais motivados para contribuir no
tratamento.
● Adesão medicamentosa: O tratamento farmacológico tem papel decisivo no
controle dos sintomas da esquizofrenia. Assim, o terapeuta explica que uma
administração bem-sucedida dos remédios é essencial para a eficácia do
tratamento, deixando evidente que não há a possibilidade de haver nenhum tipo de
manejo por conta do cliente (pausas, atrasos, diminuição ou aumento de
dosagens), uma vez que estas modificações inadequadas podem influenciar no
aparecimento e na gravidade de sintomas psicóticos.
● Identificação de pensamentos: Durante o tratamento, o terapeuta
cognitivo-comportamental dará um enfoque nos seus pensamentos, fazendo uma
conexão com os seus sentimentos e as suas reações fisiológicas e
comportamentais. Os pensamentos podem se manifestar por meio do conteúdo
delirante ou das alucinações. Algumas explicações alternativas podem ser
sugeridas e talvez elas façam você ver a situação de outro modo, contribuindo para
que se sinta melhor.
● Treino em habilidades sociais: Nessa parte do tratamento, o terapeuta
desenvolve com você formas de auxiliá-lo em situações sociais diversas,
principalmente aquelas de maior estresse, como problemas cotidianos em seu
âmbito familiar e a sua reinserção social em sua comunidade. Um dos principais
objetivos é possibilitar sua maior autonomia para que seja capaz de gerir a sua
vida com os menores danos possíveis. Assim, formas de intervenções que
procurem preservar o seu contato com a realidade por meio da criação e/ou
manutenção de vínculos afetivos, tanto com a família e amigos, devem ser
trabalhadas.
● Resolução de problemas: Tem como finalidade a criação de estratégias que
visem resolver problemas específicos pelos quais o cliente possa passar. O
terapeuta elabora, em conjunto com o cliente, uma lista de problemas atuais. Para
cada problema, listam soluções possíveis, avaliam os prós e contras de cada
solução, e avaliam juntos aquela que parecer mais viável para ser colocada em
prática no momento.

Será que eu posso conseguir?

Devido aos prejuízos físicos, sociais e psicológicos que a esquizofrenia causa, é


comum que pessoas com esse diagnóstico possam se perguntar se podem conseguir
enfrentar todos os desafios que esse transtorno pode gerar. A associação do tratamento
farmacológico à psicoterapia (individual e/ou familiar) auxilia de forma bastante eficaz na
diminuição dos sintomas desse transtorno.

Além de auxiliar no manejo dos sintomas, a psicoterapia poderá possibilitar o


desenvolvimento de habilidades necessárias para que você possa lidar com situações
conflituosas em seu cotidiano de forma autônoma, enfrentando problemas, sendo capaz
de restabelecer laços sociais, aumentando, assim, sua qualidade de vida nas esferas
social, familiar e profissional.

Por último, vale a pena destacar a importância de aprender a conviver com esse
transtorno, de forma a compreender suas características e saber como lidar com cada
uma delas, já que compreendemos que a melhor forma de lidar com o problema é
conhecendo-o.
O que eu aprendi e como posso passar para a ação?

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Referências Bibliográficas:

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eficácia da terapia cognitiva comportamental


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Aline Parente

CRP 12/17787

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