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15/02/2023 07:22 Teorias e técnicas em Terapia Cognitivo-Comportamental

Teorias e técnicas
em Terapia
Cognitivo-
Comportamental
Prof. Lincoln Nunes Poubel

Descrição

Principais conceitos, princípios, parâmetros e procedimentos terapêuticos cognitivo-comportamentais.

Propósito

Conhecimentos sobre os processos cognitivos, emotivos e comportamentais e as possibilidades de


intervenções são importantes para profissionais da Psicologia e Psiquiatria estruturarem programas
eficazes para reabilitação dos transtornos psicológicos de seus clientes.

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Objetivos

Módulo 1

Princípios básicos e principais modelos da TCC


Identificar os conceitos e diretrizes orientadores da prática clínica cognitivo-comportamental.

Módulo 2

A relação terapêutica e hipóteses diagnósticas


Reconhecer a relação terapêutica e o mapeamento das variáveis clínicas.

Módulo 3

Estabelecimento de metas e o processo terapêutico


Reconhecer a importância do estabelecimento de metas que orientam os programas terapêuticos.

Módulo 4

Intervenções, indicações e limites da TCC


Identificar as principais intervenções de modificação cognitivo-comportamental.

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meeting_room
Introdução
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) não tem em sua origem um marco principal, autor inicial ou
único. A TCC surgiu após o movimento de vários pesquisadores descontentes com o conhecimento que já
existia. Contudo, pode ser atribuído ao psiquiatra norte-americano Aaron T. Beck (1921-2021) o modelo que
ganhou maior proeminência, por sua sistematização conceitual e metodológica.

A Terapia Cognitiva, como foi primeiramente chamada, surgiu na década de 1960. Professor na
Universidade da Pensilvânia, Beck praticava a psicanálise. Por muito tempo, conduziu suas pesquisas para
testar os conceitos psicanalíticos sobre a depressão. Ele não conseguiu demonstrar esse modelo e
descobriu uma nova explicação para os sentimentos e comportamentos dos seus pacientes.

Percebeu que pacientes deprimidos experienciavam correntes de pensamentos negativos que lhes ocorriam
espontaneamente, surgindo aí o conceito de Pensamentos Automáticos (PA). Observou que esses
pensamentos giravam em torno de quatro categorias: si mesmo, o mundo, as pessoas e o futuro; e quatro
temáticas: desamor, desvalor, desamparo e desregramento, todos contendo distorções. Ele começou então
a ajudar seus pacientes a avaliarem seus PA e percebeu que, fazendo isso, eles aprendiam a pensar de
maneira mais realista. Como resultado, sentiam-se melhor emocionalmente e se comportavam de modo
mais funcional. No longo prazo, pacientes que conseguiam desafiar suas crenças subjacentes aos
pensamentos obtinham melhora duradoura e com rara recaída.

Conforme Beck foi se comunicando com outros estudiosos, clínicos e pesquisadores pioneiros e
independentes, e estudando ainda mais sobre a filosofia do behaviorismo, a ciência da Análise do
Comportamento e as terapias comportamentais vigentes e eficientes até então, viu que os treinos de
habilidades, os experimentos comportamentais, as exposições e dessensibilizações eram elementos muito
valiosos para a melhora de vários transtornos, em especial os de ansiedade. Assim, agregou essas técnicas
à sua forma de terapia, que passou a se chamar de Terapia Cognitivo-Comportamental.

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1 - Princípios básicos e principais modelos da TCC


Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de identificar os conceitos e diretrizes
orientadores da prática clínica cognitivo-comportamental.

Modelo Cognitivo-Comportamental
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) valoriza e capacita o indivíduo a assumir o controle de sua vida
por meio da psicoeducação e do questionamento socrático, com uma vasta gama de técnicas específicas
para o diagnóstico individual. O objetivo da TCC é permitir que o cliente assuma o controle de seus
problemas e gerencie a vida de maneira adaptativa e saudável.

Na perspectiva da TCC, a correção das distorções cognitivas não é possível sem o envolvimento do
comportamento e a correção de comportamentos disfuncionais não é possível sem o envolvimento da
cognição.

O modelo cognitivo pressupõe que os pensamentos e sentimentos das pessoas não são
determinados por uma situação, mas por sua interpretação da situação.

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Reconhecendo essa discrepância, a TCC busca modificar as crenças centrais e intermediárias disfuncionais
que resultam em pensamentos automáticos, que desencadeiam emoções em qualquer situação.

Quando falamos da definição da TCC, dizemos que ela é uma terapia que é baseada no modelo cognitivo.

Quando estamos com uma emoção negativa muito forte, como uma tristeza, ansiedade, raiva, ciúme, culpa
exagerada, ou quando temos um comportamento disfuncional, como uma reação agressiva, um isolamento
ou evitação, essas reações não são causadas pela situação ou evento que estamos vivenciando.

Apesar de termos o costume de dizer que ficamos de um modo X ou Y por causa da situação Z ou N, na
realidade, o modelo cognitivo nos mostra que o que causa nossas reações são as nossas interpretações
das situações e dos eventos que estamos vivenciando. Então, dependendo de como eu interpretar ser
ignorado por um amigo na rua, por exemplo, posso ter uma reação diferente da sua e, às vezes, bem mais
disfuncional, mesmo que você também tenha sido ignorado na rua por um amigo.

Voltando ao modelo, a TCC teoriza que todos os eventos que acontecem com o indivíduo, todas as
situações em que ele se encontra, geram uma interpretação, um pensamento, que nós chamamos de
pensamento automático. Ele aparece em nossa cabeça, nós não paramos para pensar nele, ele
simplesmente é eliciado.

Esse pensamento pode vir em um formato verbal ou de imagem. Usando o exemplo do amigo não me
cumprimentar na rua, posso verbalmente pensar que “fiz alguma coisa para ele; ele deve estar bravo
comigo; ele não gosta mais de mim ou nunca gostou”. Nas imagens, posso imaginar ele fofocando que me
acha um trouxa.

Quando esses pensamentos automáticos aparecem, eles nos geram reações, que são as seguintes:

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Emoção
Comportamento
Resposta fisiológica
Ficamos felizes, tristes, ansiosos, com medo, com raiva e temos um comportamento relacionado com
nossa emoção.

Na raiva, por exemplo, podemos ser agressivos verbalmente ou fisicamente, na ansiedade podemos evitar
situações futuras ou sair de onde estamos, na tristeza nos isolamos etc. E as respostas fisiológicas
acontecem, normalmente também relacionadas à emoção: o coração pode começar a bater mais forte,
podemos começar a suar mais, ter falta de ar ou dor de barriga.

Algumas pessoas, por suas respostas fisiológicas não serem muito relevantes, podem nem perceber
alteração.

Tudo isso que o modelo cognitivo nos mostra está presente em todas as pessoas e em todas as situações
da nossa vida, mesmo as não consideradas negativas. Não é porque sentimos uma tristeza ou uma
ansiedade que há algum problema em nossa cognição, em nossa interpretação.

Atenção!
O problema acontece quando temos reações exageradas. Sentir emoções negativas faz parte de nossa vida,
e todas as emoções possuem sua função. Mas sentir uma tristeza ou uma ansiedade muito além do
considerado normal para determinado acontecimento a ponto de você evitar situações importantes e
acabar tendo prejuízos, são reações a que temos que ficar atentos.

Identificação dos pensamentos automáticos


Quando temos reações exageradas, que nos causam um sofrimento além do normal, além do que
consideramos suportável e que nos levam a ter comportamentos de segurança, que em um primeiro

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momento achamos que nos ajuda, mas que podem nos trazer prejuízos significativos nas mais diversas
áreas da vida, é bem provável que estejamos sendo influenciados por pensamentos disfuncionais.

Em nosso dia a dia, não temos a tendência de identificar nossos pensamentos automáticos disfuncionais
facilmente, mas é bem provável que você consiga identificar quando se sente mais triste, mais ansioso,
irritado, se vê mais agitado, com a respiração superficial, suando mais, além de perceber muitos outros
sinais emocionais, comportamentais e fisiológicos.

A partir disso, nós treinamos a identificação dos pensamentos automáticos com uma simples pergunta:

O que está passando na minha cabeça nesse momento? Ou, o que poderia ter passado na
minha cabeça?

Quando treinamos isso, conseguimos começar a notar como nossos pensamentos influenciam nossas
reações, principalmente as negativas.

Um dos maiores benefícios do Modelo Cognitivo é nos ajudar a identificar nosso funcionamento frente às
mais variadas situações e eventos. Conseguimos entender que, apesar de não termos controle sobre o que
acontece no mundo externo e até mesmo conosco, em alguns momentos ainda temos controle de nossas
interpretações e atenção.

Comentário

Isso nos tira o sentimento de impotência e nos traz para o protagonismo de nossas reações. Você pode não
ter controle sobre a situação, mas pode controlar como reage a ela, melhorando suas interpretações.

O modelo cognitivo nos mostra também os ciclos de manutenção a que podemos estar submetidos e que
nos mantêm em algum transtorno ou com algum problema. Podemos nos notar em ciclos quando nossos
pensamentos ou reações se tornam novos eventos eliciadores de pensamentos automáticos disfuncionais.
Ao mesmo tempo, conseguimos perceber por que o indivíduo não consegue sair de seu problema ou
transtorno.

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Seus ciclos o mantêm sem desafiar seus pensamentos disfuncionais, sem ver que
ele está exagerando o evento ou subestimando sua capacidade. Quanto ao
tratamento, o Modelo Cognitivo vai nos mostrar em quais pensamentos temos que
nos concentrar para a melhoria dos sintomas e quais comportamentos precisamos
alterar para quebrar os ciclos de manutenção.

O primeiro passo é entender que nossos pensamentos são ideias, não fatos. Não possuem todo poder que
podemos pensar que possuem e não são verdades absolutas. Muitas vezes, podem ser absurdamente
falsos. Na TCC, com ajuda do Modelo Cognitivo, conseguimos auxiliar o paciente/cliente a identificar seus
pensamentos disfuncionais, desafiar seus pensamentos e buscar respostas alternativas mais funcionais,
que vão gerar novos modos de atuação e novos ciclos mais funcionais.

Distorções cognitivas
Quando disfuncionais, os pensamentos costumam conter erros ou distorções cognitivas, que são
tendenciosidades de raciocínio. Vamos conhecer as principais:

Catastrofização expand_more

Pensar sempre que o pior de cada situação vai acontecer, algo ruim que será insuportável. Não há
visão das situações negativas em perspectiva. Elas são vistas sempre como catástrofes intoleráveis.
Por exemplo, não viajar de avião porque ele vai cair; perder o emprego vai ser o fim da carreira; não
suportar se separar do cônjuge. É o raciocínio baseado no pior cenário, que será o fim, tudo estará
perdido.

Emocionalização expand_more

Presumir que sentimentos são fatos. Pensar que algo vai acontecer ou que é verdade porque se tem
um sentimento sobre aquilo. Ter uma sensação, uma emoção muito forte gerada por um
pensamento e considerar essa emoção uma justificativa ou prova do seu pensamento. Por exemplo:
“Sinto que minha mulher não gosta mais de mim”, “Sinto que meus colegas estão rindo pelas minhas

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costas”, ou “Sinto que estou tendo um infarto”. É a ideia de que, se eu tenho essa emoção, ela é uma
verdade.

Polarização, pensamento tudo ou nada, também chamado de dicotômico expand_more

Ver dois caminhos em cada situação, com duas possibilidades apenas, e cada uma sendo o extremo
da outra. Percebem-se eventos ou pessoas em termos absolutos. Por exemplo, “Devo sempre tirar
nota máxima ou serei um fracasso”, “Ou algo é perfeito ou não vale a pena”, “Todos me rejeitam”.

Abstração seletiva, visão em túnel, filtro mental ou filtro negativo expand_more

Ignorar aspectos relevantes de uma situação para se concentrar apenas no mais negativo. Uma
parte negativa ou mesmo neutra de toda uma situação é realçada, enquanto todo o restante positivo
não é percebido. Por exemplo, “Todas as pessoas não gostam de mim”, descartando as que gostam
e se concentrando em uma que lhe fez uma crítica. “Meu chefe me avaliou muito mal”, sendo que o
chefe elogiou o projeto, mas colocou algumas ressalvas e apontou coisas que poderiam melhorar.

Adivinhação expand_more

Antecipar problemas que talvez não aconteçam e colocar expectativas negativas sobre o futuro. Por
exemplo: “Vou viajar e já sei que não vou gostar da viagem”, “Ela vai me rejeitar se eu for falar com
ela”, “Meu chefe não vai aprovar meu trabalho”, “Não vou conseguir um emprego”, ou “Se conseguir o
emprego, logo serei demitido”.

Leitura mental expand_more

Presumir, sem evidências, sem dados concretos, que sabe o que os outros estão pensando sobre
você e as situações, desconsiderando outras hipóteses possíveis. Exemplos: “Ela não está gostando
da minha conversa” e “Meu chefe não gosta do meu trabalho”.

Rotulação expand_more
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Colocar um rótulo rígido em si mesmo ou em outra pessoa, em vez de rotular a situação ou o


comportamento específico. Por exemplo, “Sou incompetente porque não fiz nada que havia me
programado para fazer”, “Ele é uma pessoa má porque não me ajudou quando telefonei ontem”, ou
“Ela é burra, pois foi mal no vestibular”.

Personalização expand_more

Assumir a culpa ou responsabilidade por acontecimentos negativos, não conseguindo ver que outras
pessoas e fatores também podem estar envolvidos. Por exemplo, “O chefe estava emburrado porque
devo ter feito algo”, ou “Meu casamento deu errado por minha culpa”.

Vitimização expand_more

Considerar-se injustiçado ou não compreendido e atribuir responsabilidades a outros ou a


circunstâncias por eventos que estavam sob seu controle, havendo recusa em se responsabilizar
pelo próprio comportamento ou efeitos dele. Por exemplo, “A culpa da minha demissão é a
recessão”, ou “Não consigo fazer amigos porque as pessoas não me compreendem”.

Hipergeneralização expand_more

Tomar um evento esporádico e ocasional como regra e assumir que sempre será assim, não
considerando as circunstâncias e seus determinantes. Um exemplo é “Ninguém vai me querer”, após
rejeição por uma pessoa por quem se interessou.

Imperativos ou tirania dos “deveria” expand_more

Acreditar que existe uma maneira única e certa de as coisas acontecerem e as pessoas agirem, em
vez de entender e aceitar por que elas assim ocorreram. São regras para tentar evitar ou produzir
certas consequências. Exemplos: “Tenho que ter controle sobre todas as coisas”, “Devo ser perfeito
em tudo que faço”.

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Questionalização ou raciocínio “e...se...” expand_more

Concentrar-se naquilo que poderia ter sido e não foi. Culpar-se por coisas do passado e questionar-
se por escolha do futuro, sem estimar as probabilidades realistas. Por exemplo, “Se tivesse aceitado
outro emprego, estaria melhor agora”, “Mudar de emprego pode não der certo”, “Se não tivesse
viajado, isso não teria acontecido”.

Crenças
Pensamentos disfuncionais são gerados pelas nossas crenças disfuncionais sobre nós mesmos, o mundo e
o futuro. As crenças centrais ou nucleares são os entendimentos mais básicos das pessoas sobre elas
mesmas, sobre o mundo, a vida, outras pessoas e o futuro. Quando os clientes apresentam condições
psicológicas significativas como transtornos ou dificuldades frequentes em suas relações e seu
desempenho de funções, suas crenças ativas tendem a ser:

psychology
Disfuncionais

psychology
Irracionais

psychology
Negativas

psychology
Rígidas

psychology
Globais
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psychology
Generalizadas
Estas crenças se formam durante nosso desenvolvimento e se baseiam em:

Como nossos pais e familiares levam a vida, nos tratam e se relacionam


conosco e entre si;

Na educação que temos em casa;

Na cultura em que estamos inseridos;

Nas experiências na escola;

No convívio com outras pessoas, amigos e desconhecidos.

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Qualquer experiência que vivemos ou deixamos de viver, tanto positivas, quanto negativas, assim como os
traumas que vivenciamos durante nosso desenvolvimento, ajuda na formação de nossas crenças centrais.

Depois que as crenças são formadas, passamos o resto de nossas vidas reforçando ou refutando-as. Para a
TCC, temos crenças funcionais e disfuncionais sobre nós mesmos, o mundo, a vida, os outros e o futuro.
Elas podem ser divididas em 4 categorias ou esquemas:

psychology
Desamparo

psychology
Desamor

psychology
Desvalor

psychology
Desregramento
Vale ressaltar que podemos ter crenças em todas essas categorias ou predominantemente em apenas uma
ou duas.
Agora, vamos conhecer os comportamentos de cada categoria:

Crenças de desamparo expand_more

A pessoa pode pensar que é incapaz de cuidar proteger a si mesma (emocional ou fisicamente) ou
incapaz na comparação com outras pessoas. Crenças comuns desse esquema são: “Sou incapaz”,
“Não tenho jeito”, “Não faço nada direito”, “Sou vulnerável”, “Sou indefeso”, “Sou fraco”, “Não tenho
controle”, “Sou um fracasso”, “Não sou bom como os outros”.

Crenças de desamor expand_more

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A pessoa acredita que há algo em si que dificulta o recebimento de amor e de ter intimidade com as
outras pessoas. Crenças comuns desse esquema são: “Não me encaixo”, “Sou desinteressante”,
“Não sou amável”.

Crenças de desvalor expand_more

As pessoas se percebem moralmente ruins ou incompetentes. Crenças comuns desse esquema são:
“Sou mau”, “Não presto”, “Sou ruim”, “Sou tóxico”, “Sou um perigo para os outros”.

Crenças de desregramento expand_more

A pessoa acredita que é indisciplinada e incapaz de se organizar para produzir e realizar, ou


merecedora de proteção e privilégios por serem especiais. Crenças comuns desse esquema são:
“Sou desorganizado”, “Não consigo me esforçar e perseverar”, “Regras não são para mim”, “Eu
deveria obter consideração e tratamento especial”.

Enquanto as crenças centrais disfuncionais são formadas, o indivíduo que precisa sobreviver às
experiências sofríveis que as desenvolvem elabora estratégias de enfrentamento disfuncionais baseadas
em atitudes evitativas ou compensatórias daquelas experiências, formando regras ou suposições também
disfuncionais. Podem ser mais facilmente identificadas por afirmações “se..., então...” (“Se errar, então sou
burro”, ou “Se for perfeito, então serei competente”) e “tenho que/eu deveria/não posso” (“Tenho que ser
perfeito”, “Não posso falhar”, “Tenho que ser amado”).

video_library
Princípios básicos da Terapia Cognitivo-
Comportamental
Neste vídeo, a especialista fará uma reflexão sobre os princípios fundamentais da Terapia Cognitivo-
Comportamental, com exemplos de como esse processo clínico funciona para os atendimentos e de boas

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práticas da abordagem.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

As crenças centrais de alguém com transtornos psicológicos tendem a ser disfuncionais, irracionais,
negativas, rígidas, globais e generalizadas. Para a TCC, tais crenças podem ser divididas em 4
categorias ou esquemas:

A Desamparo, desamor, desvalor e desregramento

B Questionalização, personalização, desvalor e abstração seletiva

C Desamparo, personalização, desamor e desvalor

D Desamparo, personalização, desamor e abstração seletiva

E Questionalização, personalização, desamor e desvalor

Parabéns! A alternativa A está correta.

Quando a pessoa tem crenças de desamparo, ela se vê como incapaz de fazer as coisas, proteger a si
mesma (emocional ou fisicamente) ou na comparação com outras pessoas. Quando tem crenças de
desamor, acredita que há algo em si que dificulta o recebimento de amor e a intimidade com as outras
pessoas. Na crença de desvalor, acredita-se moralmente ruim, com algo dentro de si simplesmente

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terrível. Na crença de desregramento, a pessoa sente-se desorganizada, irresponsável e improdutiva, ou


merecedora de considerações e privilégios, não tendo que se submeter às regras que servem para os
demais.

Questão 2

A Terapia Cognitivo-Comportamental tem como foco dois pilares centrais: a reestruturação cognitiva e
a resolução de problemas. As intervenções são estruturalmente baseadas em

A construir uma boa relação terapêutica, de confiança, com o paciente/cliente.

utilizar uma variedade de técnicas para ajudar a modificar as distorções cognitivas e


B
comportamentais do paciente/cliente.

C focalizar no presente, no aqui e no agora.

D ensinar o paciente/cliente a ser seu próprio terapeuta.

E estruturar cada sessão de modo a se concentrar nos resultados.

Parabéns! A alternativa B está correta.

O objetivo da TCC é permitir que o cliente assuma o controle de seus problemas e gerencie a vida de
maneira adaptativa e saudável. A correção das distorções cognitivas não será possível sem o
envolvimento do comportamento e a correção de comportamentos disfuncionais também não será
possível sem o envolvimento da cognição. A TCC utiliza diversas técnicas para auxiliar os clientes a
evitarem seus comportamentos disfuncionais, desenvolvendo novos comportamentos e maneiras de
pensar, como o questionamento socrático e a resolução de problemas com metas.

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2 - A relação terapêutica e hipóteses diagnósticas


Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de reconhecer a relação terapêutica e o
mapeamento das variáveis clínicas.

Aliança de trabalho

Relação terapêutica
Mesmo que alguns clientes possam parecer não se importar com sua relação com o terapeuta e só querer
ferramentas e estratégias para lidar com suas dificuldades, muitos deles só vão conseguir isso se a
aprendizagem acontecer em uma relação de apoio e empatia. A relação terapêutica é algo essencial em
todas as linhas de terapia e, apesar dessa relação se diferenciar de uma linha para a outra, sem uma boa
aliança de trabalho, não há terapia, pelo menos não uma eficiente.

A relação terapêutica é definida como o ótimo entrosamento entre paciente e profissional. É alcançada
quando a qualidade pessoal do paciente, expressa por seu estilo interpessoal, habilidades intelectuais e de
comunicação e valores, encontra a qualidade pessoal do terapeuta.
Na TCC, ela facilita muito que o cliente se veja de uma maneira mais positiva, já que ele passa a levar mais
em consideração o que o terapeuta fala, e ajuda também na exposição dos seus conflitos e pensamentos,
se ele confia que não haverá um julgamento.
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Ele também estará mais aberto para sugestões e propostas para serem trabalhados na própria sessão
como técnica ou como exercício semanal entre as sessões.

Como a terapia cognitiva trabalha muito a colaboração, sem uma aliança terapêutica decente é difícil obter
a sinceridade do cliente e fazer com que ele entenda que seu terapeuta realmente se importa com ele, é
genuíno em suas colocações e que os dois estão buscando a melhoria como uma equipe. A relação
terapêutica ajuda também na hora do feedback, que é o momento em que o cliente se sente mais à vontade
de dizer do que não gostou, o que gostaria que fosse feito de diferente nas próximas sessões ou no
tratamento. A relação é sempre horizontal, ou seja, de igual para igual, na qual ambos possuem
conhecimentos específicos sobre o caso que o outro não possui. Utilizando o empirismo colaborativo, nós
empregamos a empatia, o calor humano e o feedback constante, o que contribui para o estabelecimento do
vínculo terapêutico.

Atenção!

Em muitos transtornos ou casos específicos, a relação terapêutica é o principal foco a ser trabalhado na
terapia. Mas, em alguns casos, pode ser necessário ser trabalhado por um longo tempo antes de qualquer
intervenção. Transtorno de personalidade, adolescentes e algumas crenças específicas precisam de uma
relação terapêutica forte para algum progresso no tratamento.

Resistência à terapia
Nos casos de alta complexidade, é possível haver resistências ao processo. Resistência na TCC é entendida
como qualquer pensamento, emoção ou comportamento que interfira negativamente no processo
terapêutico. O fracasso ou a dificuldade da terapia não depende somente do paciente, mas também do
estilo interpessoal do terapeuta e das técnicas empregadas. Assim, podemos ter um conceito de resistência
como impedimento ou flutuação na qualidade da aliança terapêutica entre paciente e terapeuta.

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Quais comportamentos do paciente sinalizam uma resistência à terapia? Quando fala pouco ou
excessivamente das emoções ou do passado dele, quando não lembra eventos importantes na vida dele. As
resistências mais comuns incluem faltas, atrasos, não pagar a sessão, desvalorização do terapeuta e da
terapia, término prematuro do tratamento.

Ao perceber a resistência do paciente, o terapeuta deve convidá-lo a explorar suas razões e fatores do
terapeuta que podem contribuir para ela e reavaliar as metas e se as mudanças necessárias são
ameaçadoras para o paciente, para avaliar as vantagens e desvantagens de mudar, corrigir pensamentos
distorcidos, ajustar o grau de dificuldade exigido ou buscar soluções para os problemas antevistos.

Por vezes, a resistência pode ser a manifestação de suas psicopatologias na relação com o profissional,
criando assim uma ótima oportunidade para trabalhá-las. Ao usar a relação terapêutica como um ambiente
de aprendizado, o terapeuta pode se valer de técnicas como:

Autorrevelações oportunas
Busca humanizar o processo ao permitir que o cliente conheça facetas da vida do clinico e dificuldades
semelhantes às do cliente pelas quais tenha passado.

Modelação
Exibe os comportamentos que o cliente precisa para atuar em alguma situação de vida.

Reparação parental ou reparentalização


Provê, nos limites éticos, as necessidades socioemocionais que o cliente quer atender com seus
comportamentos disfuncionais, porém quando este exibe comportamentos funcionais para sua obtenção.

Feedbacks corretivos empáticos


É quando o terapeuta sinaliza ao cliente comportamentos-problemas que ocorrem em sua vida e que se
manifestaram com ele, exigindo a mudança pela qual estão trabalhando.

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Formulação de hipóteses e conceituação diagnóstica

Conceituação cognitiva
A conceituação cognitiva, também chamada de conceituação de caso, conceitualização cognitiva e outras
variações, é um dos pilares que a TCC utiliza para se estruturar e conseguir enxergar o funcionamento do
sujeito, quais seus transtornos e saber com o que trabalhar durante o tratamento. Assim, a conceituação
ajuda a:

Desenvolver uma história coerente sobre a(s) queixa(s);

Entender como as crenças dos clientes se desenvolveram e se mantiveram ao


longo do tempo;

Ser uma espécie de guia para as crenças e as estratégias compensatórias em


que se precisa focar;

Permitir que o terapeuta reúna várias informações que coletou do seu cliente
durante as sessões e os registros feitos por ele entre os encontros e descubra

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os pensamentos e comportamentos mais importantes para focar durante o


tratamento.

Dois clientes com o mesmo diagnóstico podem requerer abordagens diferentes, se possuírem crenças e
estratégias compensatórias diferentes.

Diagrama da conceituação
O diagrama da conceituação é um instrumento utilizado pelo terapeuta na TCC, com várias caixas a serem
preenchidas com informações do cliente. É preenchido desde o começo do tratamento, podendo ser
alterado com base em novas informações. Começamos a preenchê-lo pela parte inferior, onde se encontram
situação, pensamento, significado do pensamento, emoção/resposta fisiológica e comportamento,
seguindo sempre esta ordem:

1. Comece pela caixa da emoção ou comportamento, que são mais fáceis de identificar, e queixas pelas
quais os clientes procuram o serviço psicológico. Peça ao paciente que se lembre de um momento em
que tenha ficado significativamente emocionado (triste, ansioso, irritado, angustiado) ou teve um
comportamento-problema (agrediu, fugiu, compeliu) – procure uma reação que é típica, não uma
situação atípica;
2. Preencha a situação e o pensamento automático. Certifique-se de que o pensamento automático é típico
(o cliente deve ser capaz de dizer com confiança “Isso é o que eu normalmente penso nesse tipo de
situação”. O diagrama da conceituação é útil apenas quando você encontra pensamentos e reações
típicas;
3. Pergunte ao cliente, então, “Se esse pensamento automático for verdadeiro, o que isso significaria? E a
seu respeito? O que há de pior nisso?” e preencha o significado do pensamento automático;
4. Repita isso para mais duas ou três situações típicas. Tente identificar o tema (esquema) relacionado com
os pensamentos;
5. Agora preencha a caixa da crença central com os significados de seus pensamentos automáticos;
6. Olhe na caixa do comportamento e se pergunte se o conteúdo dela reflete um padrão de comportamento
não saudável. Se sim, escreva esse comportamento na caixa das estratégias compensatórias;
7. Preencha as suposições. Normalmente, são pressupostos como: “Se eu fizer [minha estratégia
compensatória] eu estarei bem, se não, [minha crença central se concretizará ou ficará evidente]”.
Preencha suas suposições na caixa delas;
8. Agora identifique as necessidades que deseja atender na situação e a finalidade do comportamento.
Especifique as consequências produzidas e efeitos mantenedores das reações disfuncionais;

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9. Preencha a caixa do topo com dados relevantes da vida, perguntando ao cliente se ele consegue lembrar
de alguma(s) experiência(s) que pode(m) ter ajudado a desenvolver suas crenças e comportamentos. Se
houver a informação e for relevante, adicione informações médicas, orgânicas, genéticas ou hereditárias;
10. Por fim, preencha quais são os pontos fortes (comportamentos saudáveis) do cliente e os déficits que os
vulnerabilizam aos padrões disfuncionais e que precisarão ser desenvolvidos como objetivos
terapêuticos.

Pode ser difícil conseguir preencher o diagrama inicialmente, mas, conforme você for aplicando em você
mesmo e em seus clientes, ele ficará mais claro e fácil. Essa visualização clara permite ao cliente saber
exatamente o que precisa trabalhar em terapia e motivá-lo ao trabalho clínico. Além disso, estabelece uma
linha de base para construir objetivos, escolher as intervenções e mensurar o progresso.

Dica

Ainda é possível utilizar questionários e inventários que confirmam as hipóteses e informações obtidas nos
registros e as complementam com outras adicionais baseadas no autoinforme do cliente.

video_library
Formulação de caso cognitivo-comportamental
Neste vídeo, a especialista fará uma reflexão sobre um caso clínico a partir da compreensão do
funcionamento global do indivíduo em terapia, considerando o momento atual, bem como a sua história de
desenvolvimento.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Ao usar a relação terapêutica como ferramenta de aprendizado, o terapeuta pode exemplificar que uma
atitude reativa do paciente dentro da sessão poderia ser a mesma atitude reativa que o paciente

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costuma ter em suas relações profissionais, relatadas como uma passividade incômoda. O terapeuta
pode sinalizar ao cliente comportamentos-problemas que ocorrem em sua vida e que se manifestam
com ele, exigindo a mudança pela qual estão trabalhando. Estamos nos referindo à(ao)

A reparação parental.

B modelação.

C feedback corretivo empático.

D autorrevelação.

E psicoeducação.

Parabéns! A alternativa C está correta.

O feedback corretivo empático é uma das técnicas de que o terapeuta pode se valer quando utiliza a
relação terapêutica como ferramenta de aprendizado. É apropriada para quando identifica, em sua
relação com o cliente, manifestação de comportamentos-problemas que ocorrem na vida dele, exigindo
a mudança pela qual estão trabalhando. Técnicas como autorrevelações oportunas, modelação e
reparação parental também podem ser aplicadas para atenuar a resistência terapêutica.

Questão 2

Sobre a conceituação cognitiva, podemos dizer que

auxilia o terapeuta a desenvolver uma história coerente sobre a(s) queixa(s), para
A entender como as principais crenças dos clientes se desenvolveram e se mantiveram ao
longo do tempo.

B
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o diagrama da conceituação, preenchido no começo do tratamento, não pode ser


alterado caso surjam novas informações.

é quando o terapeuta provê, nos limites éticos, as necessidades socioemocionais que o


C
cliente quer atender com seus comportamentos disfuncionais.

é um comportamento de impedimento ou flutuação na qualidade da aliança terapêutica


D
entre paciente e terapeuta.

é algo essencial em todas as linhas de terapia para uma terapia eficiente, embora se
E
diferencie de uma linha para a outra.

Parabéns! A alternativa A está correta.

A TCC utiliza a conceituação cognitiva para enxergar o funcionamento e os transtornos do cliente,


visando saber com o que trabalhar durante o tratamento. O terapeuta reúne informações provenientes
das sessões e de registros feitos entre elas, e isso serve como guia para as crenças e as estratégias
compensatórias em que se vai focar.

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3 - Estabelecimento de metas e o processo terapêutico


Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de reconhecer a importância do
estabelecimento de metas que orientam os programas terapêuticos.

Estabelecimento de metas

O que o cliente quer alcançar?


As metas de tratamento são desenvolvidas normalmente antes de começar as sessões de intervenção para
mudanças propriamente. É necessário que sejam estabelecidas para que você saiba exatamente o que o
cliente quer alcançar. Elas podem ser orientadas pela demanda específica ou inespecífica.

No primeiro caso, o cliente traz uma queixa baseada em sofrimento, limitações ou prejuízos e,
confeccionada a conceituação diagnóstica do caso, estarão claros para o clínico e cliente os padrões
patológicos e seus impactos. De tal forma que podemos perguntar-lhe como gostaria de reagir (mais
saudavelmente) às situações registradas, para produzir que efeitos.

Elencados os repertórios colaborativamente com o terapeuta e as mudanças na vida que se pretende


promover com eles, temos as metas delineadas.

Para compor metas terapêuticas a partir de demandas inespecíficas, em que a procura terapêutica é por
autoconhecimento, vagos sentimentos de angústia, melhoria geral ou até mesmo uma declaração de não
saber o que há de errado e por que está ali, são avaliadas as diversas áreas da vida do cliente, com as
seguintes dimensões:

psychology
Pessoal
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psychology
Interpessoal

psychology
Ocupacional

psychology
Material

psychology
Recreativa

psychology
Existencial
Nós avaliamos essas áreas para determinar:

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Se existem e quais as possíveis dificuldades em cada uma delas, o que ele


gostaria de alcançar nelas, determinando as metas;

A rotina e dia típico do cliente, o que ele percebe que está fazendo demais ou
coisas que ele acha que está fazendo de menos;

Descobrimos o que ele gostaria que fosse diferente em sua vida, para alterar e
determinar as metas de tratamento.

Em vez de aceitar metas muito abrangentes, como “Quero ser feliz”, muitas vezes temos que devolver essa
pergunta questionando “Se você fosse mais feliz, o que você estaria fazendo mais e/ou o que estaria
fazendo menos? O que seria diferente nos seus comportamentos e na sua vida?”, e assim determinar metas
mais específicas, sabendo para onde estaremos caminhando e como conseguir alcançar aquilo. Além de
específicas, as metas precisam ser realistas. Aprender, por exemplo, um idioma novo em um mês é bem
específico, mas não é muito realista.

Comentário
Uma meta irrealista pode causar grande frustração e impedir ou empacar o tratamento. Então, todas as
metas precisam passar pelo critério do realismo. Depois disso, é feita uma priorização, para saber as metas
mais urgentes e os problemas para resolver e metas que podem ser alcançadas em longo prazo.

Ferramentas úteis
Os questionários e inventários utilizados na conceituação diagnóstica também podem exibir os déficits ou
excessos do cliente, permitindo mais formulações de metas a partir do que foi ali informado, e também o

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uso de ferramentas como o curto grama, que pede ao cliente para preencher os quadrantes:

psychology
Sou ou faço e gosto de ser ou fazer

psychology
Sou ou faço e não gosto de ser ou fazer

psychology
Não sou ou faço e gostaria de ser ou fazer

psychology
Não sou ou faço e não gostaria de ser ou fazer
Não adianta você saber o que quer trabalhar ou melhorar, mas não conseguir estabelecer essa meta de uma
maneira que seja possível ser realizada. Por causa disso, há um passo a passo que nós podemos seguir
para definir nossas metas, saber o que precisamos fazer e se elas são metas realistas. Precisamos
identificar os checkpoints, os pontos de paradas.

Exemplos
Se eu quero viajar mil quilômetros, para a viagem ser menos cansativa, ter combustível suficiente e me
motivar mais facilmente, haver locais de parada é essencial. Identifique as etapas: se tenho que correr 30
minutos, contar e comemorar a cada cinco minutos pode ser bem mais viável do que apenas se concentrar
nos 30 minutos.

É fácil esquecer que raramente um objetivo é alcançado com apenas uma etapa. Por causa disso, divida a
meta em partes, identificando todas as etapas necessárias para ir do ponto inicial até sua meta.

Você pode se perguntar: como podemos destrinchar isso para torná-lo mais viável?
Se possível, mantenha cada passo bem pequeno, já que pequenas ações são mais
fáceis de realizar do que grandes ações e geram um sentimento de conquista
mesmo assim, sendo mais fáceis de motivar o paciente.

Além disso, se conseguirmos ultrapassar sua meta por um pequeno passo, há uma ótima sensação por ter
ido além. Se o cliente é posto para realizar cinco tarefas diárias em vez de dez, ele pode cumprir todas as
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cinco e ainda ter tempo para algumas tarefas extras.

Estratégias para atuação clínica

Como realizar as metas?


Tendo todas as metas e submetas definidas, temos que saber a melhor ordem para realizar essas metas.
Muitas vezes uma meta depende de outra.

Se estiver trabalhando com um paciente que, por exemplo, sofra com ansiedade social, mas apresente uma
dificuldade de comunicação, antes de trabalhar de uma maneira mais estratégica com sua ansiedade,
precisaremos trabalhar com ele suas habilidades sociais, porque será fundamental tê-las desenvolvidas
quando formos trabalhar com o enfrentamento das situações de ansiedade.

Coloque as metas e submetas, suas etapas, em ordem. Pergunte qual poderia ser o primeiro passo em
direção ao objetivo e qual poderia ser o próximo passo, e assim por diante.

Considere também possíveis obstáculos, pensando sobre o que pode atrapalhar a realização das etapas
que vocês definiram, e trabalhe contornando-os da melhor maneira possível. Claro que ninguém pode prever
todos os potenciais obstáculos, mas ao considerá-los logo, você será mais capaz de contornar os
problemas conforme surjam. Não adianta vocês fazerem planos e não começar o trabalho.

Sistema SMART
Se você precisar de ajuda, poderá recorrer ao sistema SMART. O acrônimo é uma parte importante da
identificação de metas e etapas apropriadas. Cada letra é um critério que você pode utilizar para cada uma
das metas e submetas que o paciente/cliente determinou.

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Agora, vamos conhecer melhor cada uma destas metas:

O “S” vem de específica expand_more

Seja o mais específico possível, para todos saberem qual é a meta exata e quando for concluída.
Fazer mais exercícios, por exemplo, é uma meta um tanto vaga, mas dar uma volta no quarteirão três
dias por semana pode ter a realização facilmente verificada, ajudando na descoberta de possíveis
obstáculos.

O “M” vem de mensurável expand_more

Tornar metas e etapas mensuráveis significa que você pode acompanhar seu progresso ao longo do
tempo. Especificar que você vai fazer academia três dias por semana nos dá uma maneira de medir
a mudança dos hábitos de exercícios, servindo como motivador, quando nós concluímos o que
determinamos. Ao mesmo tempo, se estiver indo dois dias por semana, posso parar para identificar
o que aconteceu e se eu preciso refazer a minha meta ou se preciso resolver algum problema que
está me atrapalhando. Então, quanto mais mensurável, mais fácil de manejar essa meta e lidar com
possíveis problemas.

O “A” vem de alcançável expand_more

Não importa você ter cinquenta metas e cem submetas para cada meta, se cada uma delas não for
alcançável. Elas precisam ser realistas e possíveis de serem alcançadas. Pode ser ótimo ganhar
milhões de reais na loteria, mas é improvável que você alcance essa meta, não importa quão bom
seja o plano. Querer perder 50kg em um mês também não é uma meta realista ou saudável. Temos

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de reconhecer a realidade das coisas e a nossa verdadeira capacidade para a realização das nossas
metas.

O “R” vem de relevante expand_more

Se sua submeta não tiver nada a ver com sua meta, não vai dar muito certo. Perceber o que
realmente vai nos ajudar é essencial. Se quero perder peso como meta, colocar como submeta ir à
igreja pedir para Deus me ajudar a emagrecer talvez não tenha uma relação direta com esse objetivo.
Ir à igreja pode ajudar o paciente a se sentir seguro, menos ansioso e motivado, mas aí teria relação
com a meta de diminuir sua ansiedade e aumentar a motivação (o que pode ser uma etapa anterior
necessária do processo terapêutico), não de emagrecer diretamente. Certifique-se de que a meta
escolhida esteja de acordo com o problema que estão tentando resolver.

O “T” vem de temporal expand_more

Você e o paciente/cliente precisam avaliar se agora é um bom momento para trabalhar em direção à
sua meta e, também, em quanto tempo ele gostaria de alcançar esse resultado. Se estou me
recuperando de uma cirurgia, pode não ser o melhor momento para realizar novas atividades físicas,
por exemplo. Além disso, é bom definir se a meta é de curto, médio ou longo prazo e se o período
para a atingir é realista. Isso ajuda na priorização e no controle das expectativas.

O processo terapêutico
Ao perseguir as metas e objetivos, se você descobrir que seu paciente não é capaz de completar
determinada etapa do que vocês definiram, examine essa etapa mais de perto. É possível que o degrau
tenha sido muito alto, então não tenha medo de descer esse degrau e partir daí. Também pode ser que a
etapa não tenha sido SMART desde o início. Veja se você pode dar um passo atrás e analisar cada meta e
submeta com esses critérios, mesmo que você já tenha feito isso para torná-las passos que o paciente
cliente possa enfrentar.

Comentário
Aprender habilidades de definição de metas requer prática, mas pode ser inestimável para ajudar na
realização de coisas que o paciente tem evitado ou parece não conseguir. Ajuda também nos sentimentos

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de realização.

A TCC é um pouco diferente das outras abordagens de psicoterapia, porque ela é sempre estruturada.
Realizá-la dentro de uma estrutura de sessões permite maior aproveitamento do encontro com o cliente,
garante que o encontro fique concentrado no trabalho a ser realizado, não se desviando para tópicos
transversais, e aumenta a probabilidade de alcançar as metas. Tal estrutura organiza as sessões para que
sua produtividade seja alcançada entre cinquenta e sessenta minutos, com a frequência de uma vez por
semana.

Em cada encontro, o psicológo pode seguir a seguinte estrutura durante as sessões:

Fazer uma checagem do humor do cliente, para avaliar como ele se sentiu, se melhor ou pior,
durante aquela semana, e identificar fatores relevantes dela, caso haja, para trabalhar;

Realizar uma “ponte” com a última sessão, para uma continuidade do trabalho concentrado na
queixa original e orientado pelos objetivos dela. Isso também permite trabalhar ou esclarecer
algum ponto mal compreendido daquele encontro;

Revisar as tarefas de casa (que são trabalhos, exercícios, programação de experiências e


exposições entre as sessões) para avaliar a facilidade ou dificuldade que o cliente teve ao
realizá-la. Assim, é avaliado o que ele conseguiu fazer e o que aprendeu com aquilo, o que não
deu certo e o que seria produtivo continuar a fazer. Após, pode-se reunir todas essas
informações, dificuldades registradas pelo cliente para o encontro atual e atividades que o
terapeuta tenha programado para a sessão;

Construir uma agenda de trabalho para a sessão, que serve para estabelecer as prioridades e
organizar o tempo de tal forma que os aspectos mais importantes sejam cumpridos. Até aqui o

d ã ã d l d
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tempo da sessão não deve ultrapassar dez minutos, para que a maior parte dela seja dedicada
ao trabalho terapêutico do dia;

Os próximos trinta minutos, que compõem o meio da sessão, destinam-se ao trabalho


terapêutico propriamente dito. Aqui as intervenções e técnicas serão aplicadas. Uma
dificuldade da lista da semana do paciente, a etapa de um programa a ser continuado ou um
procedimento pré-agendado é selecionado para ser trabalhado. Uma vez concluído e havendo
tempo na sessão, mais dificuldades e outros métodos podem ser conduzidos, extraindo o
máximo proveito do encontro;

Registrar todo esse trabalho, para que o cliente tenha em seu poder o que foi feito e utilize
essas informações até o próximo encontro. E o terapeuta mantém assim o prontuário do cliente
sempre atualizado, para revisar antes da próxima sessão e continuar de onde pararam. A partir
desse trabalho, o terapeuta fará um resumo do encontro para extrair as lições terapêuticas do
dia, programando colaborativamente com o cliente uma nova tarefa de casa sempre que
possível, para exercitar e incorporar tais aprendizados em sua vida diária. Discute-se a
efetividade e importância dessa tarefa para o progresso e superação do cliente, motivando-o
para sua realização;

Solicitar do cliente um feedback sobre o encontro, com o que achou dele.

video_library

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Como estruturar uma sessão na TCC?


Neste vídeo, a especialista fará uma reflexão sobre como estruturar uma sessão na TCC, com exemplos das
técnicas utilizadas pelo psicoterapeuta.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

No acrônimo SMART, essa letra significa uma meta alcançável, realista e possível de ser realizada.
Podemos explicar tal meta para o cliente exemplificando que "pode ser ótimo começar a se exercitar e
sair do sedentarismo querendo ganhar uma maratona em um ano, mas é improvável que você alcance
essa meta, não importa quão bom seja o plano que você montar".

A S

B M

C A

D R

E T

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Parabéns! A alternativa C está correta.

O “S” vem de específico, o “M” de mensurável, o “A” de alcançável, o “R” de relevante e o “T” de tempo.
Para ser alcançável, a meta precisa ser realista, possível de concretizar. Assim, é necessário reconhecer
a própria capacidade e a realidade das coisas.

Questão 2

Sobre a abordagem da TCC, é correto afirmar que

as sessões são estruturadas para que sua produtividade seja alcançada entre sessenta
A
e cento e vinte minutos, com a frequência de duas vezes por semana.

todo o trabalho realizado durante a terapia é registrado, para que o cliente tenha em seu
B
poder o que foi feito e utilize essas informações até o próximo encontro.

as sessões da terapia ocorrem de acordo com o que o cliente emite, no dia da sessão,
C
sem priorizar as queixas mais relevantes, mas a demanda.

a relação do cliente com o terapeuta não é tão importante, uma vez que o que garante
D
uma terapia eficiente são as técnicas e as ferramentas utilizadas durante o tratamento.

o uso de uma estrutura entre as sessões não é recomendado, uma vez que a mesma se
E
altera a cada sessão, conforme a necessidade do caso.

Parabéns! A alternativa B está correta.

A TCC, diferentemente das outras abordagens de psicoterapia, é sempre estruturada. O registro do que
foi realizado durante a sessão auxilia na concentração no trabalho a ser realizado, na avaliação do

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desempenho do cliente, na construção da agenda para a próxima sessão e na realização das tarefas de
casa entre as sessões.

4 - Intervenções, indicações e limites da TCC


Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de identificar as principais intervenções de
modificação cognitivo-comportamental.

Principais intervenções

Psicoeducação
O trabalho terapêutico em TCC é permeado do início ao fim com processos de psicoeducação. É uma
técnica fundamental para conseguir a compreensão e, então, adesão e engajamento colaborativo do cliente
às propostas. A psicoeducação consiste em explicações para o cliente de pontos importantes do
tratamento, do seu transtorno, do modelo cognitivo-comportamental, da natureza, desenvolvimento e
vulnerabilidades subjacentes aos seus problemas, dos fundamentos das técnicas e de como serão
conduzidas.
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Essas explicações devem ser simples e didáticas, para que o cliente compreenda o que está vivendo e como
pode melhorar. Realizar a psicoeducação garante que cliente e terapeuta estejam no mesmo “plano de jogo”
e “falando a mesma língua”. Com uma boa psicoeducação sobre suas emoções e vivências, pode-se
diminuir significativamente suas ansiedades e aflições, além de já proporcionar conhecimentos que
reestruturem distorções, posto que muitas delas são produtos de especulações e fantasias que o cliente
mesmo cria quando ignora as informações corretas sobre algo.

Além dos esclarecimentos dados pelo clínico, podemos usar filmes, documentários, livros, artigos, palestras
e pesquisas estimuladas sobre o assunto, que o próprio cliente possa fazer.

Reestruturação cognitiva
No tratamento em TCC, nos referimos a dois pilares principais para ajudar o paciente: reestruturação
cognitiva e resolução de problemas via treinos comportamentais e programação de exposições,
experiências e atividades.

A reestruturação cognitiva é o pilar principal da TCC, que busca, como o nome diz,
reestruturar a cognição do indivíduo. O que significa conduzir reflexões produtivas
sobre as crenças, valores e outros conceitos formados pelas pessoas ao longo de
suas experiências, que, quando sofríveis, podem mal formá-los, tornando o
indivíduo suscetível a perceber e interpretar distorcidamente certas vivências.

Começamos com a identificação dos pensamentos disfuncionais que trazem a ansiedade exagerada, a
tristeza exagerada, a raiva exagerada, pensamentos que levam também o indivíduo a ter comportamentos
de fuga, evitação, isolamento, agressividade. Basicamente, comportamentos que prejudicam suas relações,
suas atividades, o alcance de seus objetivos, que mantêm seu transtorno ou dificuldade e podem até
mesmo piorá-los. Depois da identificação desses pensamentos, temos alguns caminhos:

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Avaliação dos pensamentos, buscar as evidências a favor e contra o


pensamento, para respondê-los de maneira mais funcional;

Aceitação, reconhecendo que o pensamento está ocorrendo, dura por um


tempo, mas não dura todo o tempo, sendo logo substituído por outro e que ele
não causará nenhum mal, deixando-o ir embora sozinho.

Direcionamento do terapeuta

Questionamentos socráticos
Os questionamentos socráticos são considerados as técnicas principais da terapia cognitiva e são um
direcionamento que o terapeuta faz para que o paciente consiga identificar, avaliar e responder, de certo
modo, sozinho, seus pensamentos disfuncionais. Há uma lista de questionamentos básicos que nós
podemos seguir, mas com a experiência e, dependendo do caso, podemos fazer questionamentos
diferentes.

Os questionamentos mais comuns que você pode utilizar como base para buscar evidências da validade
dos pensamentos, treino de raciocínio e reflexão que o cliente deve aprender, são os seguintes:

Exemplos

Quais evidências apoiam essa ideia?


Quais são as evidências contra essa ideia?
Depois disso, podemos reforçar ainda mais a disfuncionalidade do pensamento questionando sobre
algumas interpretações alternativas: qual seria a reação de outra pessoa que não sentisse nem pensasse
como você?
Qual conselho você daria para outra pessoa que passou ou passa pela mesma situação?

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Há outro pensamento que explique a mesma situação?


Existe uma explicação alternativa?
Que outras coisas poderiam ser pensadas sobre isso também?
Quais as evidências a favor e contra essas alternativas?

Como motivador para o cliente se desligar do seu pensamento, da sua ideia exagerada, podemos
questionar:

Qual é sua meta nessa situação?


O que você deseja atingir?
O Pensamento Disfuncional (PD) ajuda ou atrapalha na realização da sua meta?

Quando lidamos com pensamentos bem exagerados, catastróficos, quando o paciente pensa que
consequências terríveis acontecerão, podemos partir para questionamentos de descatastrofização:

Exemplos

O que de pior pode acontecer se o pensamento for verdadeiro?


Você conseguiria superar isso ou já superou algo parecido?
O que é o melhor que poderia acontecer?
Qual é o resultado mais realista?

Fazer essa descatastrofização, de trazer o pior e o melhor que pode acontecer, pode ajudar o paciente a
perceber que ele está exagerando e lembrá-lo que ele já passou por algo parecido no passado, mas que hoje
está bem.

Para descobrir crenças, os questionamentos são chamados de Flecha Descendente, porque visam
aprofundar nos significados relacionados e subjacentes aos pensamentos automáticos imediatos:

O que significa o pensamento?


O que ele quer dizer?
Se for verdadeiro, o que ele diz sobre você e sobre os outros?
O que é importante aqui e o que você mais espera e teme?

E, novamente, para reforçar as novas ideias e buscar uma mudança, podemos questionar:

Exemplos

Qual o efeito da minha crença nesse pensamento?


Qual o efeito de eu mudar meu pensamento?
O que eu deveria fazer em relação a isso?

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Qual o efeito de crer em uma interpretação alternativa?


Quais as vantagens e desvantagens de continuar crendo no pensamento?
Como posso pensar, sentir e agir diferente, caso a situação ocorra novamente?

Cartão de enfrentamento
A partir disso, podemos escrever o cartão de enfrentamento, que é o próximo passo ou técnica em
sequência. O cartão de enfrentamento é um registro das lições cognitivas extraídas dos questionamentos e
guia de condutas compatíveis com as novas concepções adquiridas, para serem tentadas entre as sessões.
Podem ser feitos de várias maneiras, no celular, em papel, em um caderno, agenda, o que o paciente achar
melhor.

Nós colocamos o pensamento ou crença disfuncional a que estamos respondendo, para que o cliente não
se perca, e, com base em todas as respostas que o cliente deu aos questionamentos, fazemos um
parágrafo, um resumo com elas.

Depois disso, colocamos esse cartão de enfrentamento como um plano de ação e combinamos com o
paciente que ele leia diariamente e, quando o pensamento disfuncional aparecer, para reforçar seu novo
pensamento e ajudá-lo a ter respostas mais funcionais. Podemos definir também um horário específico
para leitura e meditação nessas ideias.

Atenção!

Os questionamentos e o cartão de enfrentamento são técnicas importantes que, quase sempre, andam
juntas para um melhor resultado no médio e longo prazos. Somente com essas duas técnicas, já
conseguimos fazer a reestruturação cognitiva de grande parte dos pensamentos automáticos disfuncionais.
Quando isso não acontece, ou precisamos de um reforço maior, nós lançamos mão de outras técnicas
comportamentais.

Técnicas de relaxamento

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Respiração diafragmática e relaxamento muscular


progressivo
Outra intervenção muito regular, sobretudo para transtornos de ansiedade, relacionados com o estresse e
outras desregulações emocionais, frequentemente conjugadas durante as exposições, é o relaxamento. Os
métodos mais utilizados são a respiração diafragmática e o relaxamento muscular progressivo.

Muitos transtornos emocionais podem trazer grande sofrimento físico e desgastes somáticos por meio das
reações fisiológicas a eles relacionadas.

Desde falta de ar e aperto no peito à tontura e dores musculares.

Aprender técnicas de relaxamento ajuda na melhoria dos sintomas físicos, dá mais poder ao paciente
contra seu sofrimento, causa menos consequências colaterais negativas e ainda ajuda no sono.
Agora, vamos conhecer com mais detalhes as duas técnicas de relaxamento:

Técnica da respiração diafragmática

Consiste em ensinar uma inspiração profunda entre três ou cinco segundos e expiração lenta entre seis e
dez segundos. O princípio subjacente é estimular o sistema nervoso autônomo parassimpático,
recuperando a homeostase por meio do retorno dos níveis de oxigênio e dióxido de carbono ao normal. E,
com isso, a tontura, a falta de ar e o aperto no peito passam. Como o cliente é instruído a se concentrar na
contagem, a atenção é desviada dos sintomas, problemas e pensamentos distorcidos, ajudando a
regularizar a emoção.

Relaxamento muscular progressivo

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Consiste em contrair os músculos o máximo possível, mantendo a tensão por dez ou quinze segundos,
seguido pela liberação da musculatura, dissipando toda a tensão, enquanto desfruta do relaxamento. A ideia
é aprender a discriminar tensão e relaxamento, para induzir esse último estado deliberadamente tanto
quanto perceba os primeiros sinais de tensão física. É possível realizar as contrações e liberações da testa,
olhos, boca, pescoço, ombros, costas, mãos, punhos, bíceps, tríceps, abdômen, pernas, panturrilha e pés.

Exposições e Mindfulness
Exposições e enfrentamentos imaginários ou uso de imagens mentais é outra técnica muito utilizada para
ensaiar comportamentos e gerar algum grau de dessensibilização emocional do cliente para as situações
ansiogênicas, antes das exposições e enfrentamentos dessensibilizatórios ao vivo.

Saiba mais

Há muito, atletas usam essa intervenção durante os treinos ao se prepararem para as disputas.

Outra forma de utilizá-la é para buscar uma emoção mais positiva quando o paciente está angustiado,
concentrando-se em momentos de felicidade já vividos ou imaginando estar em um lugar relaxante e
seguro. Elas também podem ser utilizadas para eliciar lembranças relevantes para serem revisadas e
ressignificadas por meio da reestruturação cognitiva dos significados atribuídos à época.

Agora, vamos conhecer outras duas técnicas úteis em quase todo processo terapêutico:

Método de interpretação de papéis durante a sessão de psicoterapia em grupo.

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Dramatização, ensaios comportamentais ou role play (representação de papéis)

Surgiu como um meio de treinar habilidades sociais variadas, em especial a assertividade do paciente em
várias situações. Registrando situações sociais difíceis para o cliente, colaborativamente elaboram
scripts socialmente eficazes para os objetivos pessoais ou interpessoais pretendidos, que então são
ensaiados tanto quanto o cliente precise para sentir-se confiante e seguro de agir socialmente. Durante
esses ensaios, os expressivos faciais, corporais e vocais recebem feedbacks de aperfeiçoamento, até se
tornarem compatíveis com o conteúdo e efeitos desejados. A intervenção também pode ser utilizada para
desenvolvimento de empatia e adoção da perspectiva alheia, fazendo uma inversão de papéis. Nesse
caso, o terapeuta faz o papel do cliente e este de uma outra pessoa com quem esteve em conflito,
avaliando o que disse e fez sob a ótica dessa pessoa.

Técnica de Mindfulness.

Mindfulness ou Atenção Plena

Foi incorporada da filosofia budista de “contemplar e fluir com o momento presente sem julgamento”.
Além de responder aos pensamentos distorcidos, regular as emoções, aprender habilidades e enfrentar
situações para resolver problemas, em muitos contextos de inevitabilidade, inescapabilidade e
incontrolabilidade podemos aprender a realizar uma contemplação concentrada consciente que bloqueie
a esquiva emocional, aumentando a tolerância e aceitação.

O cliente é orientado a realizar uma meditação ativa de descrever verbalmente todas as estimulações
exteroceptivas (visuais, auditivas, odoríferas, somatossensoriais e gustativas), interoceptivas
(pensamentos, sensações e emoções) e proprioceptivas (“escaneamento” corporal e movimentos),
deixando que tudo passe por si, sem lhes dar um valor negativo e sem ter que fazer nada a respeito, a não
ser perceber as transitoriedades e inocuidades dos eventos e processos psicológicos.

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Indicações e limites da Terapia Cognitivo-


Comportamental
Qual a eficácia da TCC, para quais transtornos, comparada com o que, e por quanto tempo? Uma busca na
literatura, de 1967 a 2003, resultou no total de 16 metanálises com metodologia rigorosa incluindo mais de
9.000 sujeitos em 330 estudos. O enfoque da revisão foi nos tamanhos de efeito que contrastavam
resultados da TCC com os resultados de grupos-controle para cada transtorno, fornecendo um panorama da
sua eficácia.

Tamanhos de efeito grandes, 90%, foram encontrados para:

psychology
Depressão unipolar em adultos e em adolescentes

psychology
Transtorno de ansiedade generalizada (TAG)

psychology
Síndrome do pânico com ou sem agorafobia

psychology
Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT)

psychology
Transtornos de depressão e ansiedade em crianças
A média global ponderada do tamanho de efeito para estes transtornos, quando comparada a controles sem
tratamento, lista de espera ou placebo é de 95%. A TCC associa-se com grandes melhorias nos sintomas
para bulimia nervosa, e os tamanhos de efeito associados são significativamente maiores do que os que
foram encontrados para farmacoterapia. Quando a TCC foi comparada com controles, foram obtidos

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tamanhos de efeito moderados nos tratamentos de relação conjugal conflituosa, raiva, transtornos
somáticos na infância e diversas dores crônicas.

Verificou-se que a TCC é algo superior aos antidepressivos no tratamento da


depressão unipolar em adultos e foi igualmente efetiva à terapia comportamental
no tratamento da depressão em adultos, bem como no transtorno obsessivo-
compulsivo (TOC). A eficácia da TCC para agressores sexuais é relativamente
baixa, no entanto, em combinação com tratamentos hormonais, é o tratamento
mais efetivo para reduzir a recorrência nessa população. Finalmente, a revisão
verificou que a TCC era superior à terapia de apoio/não diretiva em duas
comparações para depressão em adolescentes (85%) e duas comparações para
TAG (71%).

A TCC também mostrou resultados promissores como coadjuvante da farmacoterapia no tratamento da


esquizofrenia quando comparada com pacientes esquizofrênicos recebendo apenas cuidados de rotina. Os
achados de outras metanálises também indicam que os protocolos de TCC são mais efetivos do término de
sintomas de pânico e ansiedade do que os tratamentos farmacológicos. A eficácia de TCC específica para a
síndrome do pânico vem sendo demonstrada por diversos estudos. Duas metanálises de TCC
demonstraram a eficácia dessas abordagens para fobia social e verificaram que uma abordagem utilizando
apenas TCC era mais eficiente do que fluoxetina.

Há evidências significativas para efetividade em longo prazo para depressão, ansiedade generalizada,
pânico, fobia social, obsessões, compulsões, agressão sexual, esquizofrenia e transtornos internalizantes
na infância. Nos casos de depressão e pânico, há evidências robustas e convergentes de metanálises de
que a TCC produz uma persistência de efeitos muito superior em longo prazo, com taxas de recorrência 50%
menores que as de farmacoterapia. Em um ensaio controlado randomizado de TCC para prevenção de
recaídas no transtorno bipolar, encontraram que os pacientes tratados com TCC tiveram resultados
significativamente melhores (por exemplo, episódios bipolares em menor número e mais curtos, menor
número de hospitalizações, menor variabilidade de sintomas maníacos etc.) no seguimento de um ano.
Algumas outras aplicações com amparo empírico da TCC incluem anorexia nervosa, transtorno dismórfico-
corporal, colecionismo patológico, jogo patológico, TEPT em crianças que sofreram abuso, TOC em crianças
e transtorno afetivo sazonal.

Ensaios controlados randomizados também fornecem forte amparo empírico para a eficácia de
intervenções cognitivo-comportamentais, muitas vezes como um adjunto à Medicina, no tratamento de uma
ampla variedade de condições médicas, incluindo doença coronariana, hipertensão, câncer, dores de
cabeça, dor crônica, dor lombar crônica, síndrome da fadiga crônica, artrite reumatoide, síndrome pré-
menstrual e síndrome do cólon irritável. Estudos de neuroimagem demonstraram os efeitos da TCC em
alterações cerebrais funcionais e fisiológicas associados para depressão.

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Atenção!

Não há dúvida de que a abordagem cognitivo-comportamental de Beck representa uma mudança teórica no
entendimento e tratamento de transtornos mentais. A TCC se tornou a abordagem psicoterápica
independente mais importante e com melhor validação científica. Com o movimento recente em direção à
prática baseada em evidências, a TCC recebeu atenção destacada. Novas indicações da TCC são
desenvolvidas para uma ampla gama de condições médicas e psicológicas. O progresso contínuo na
pesquisa e prática evidenciado na história das terapias cognitivo-comportamentais pode ser interpretado
como uma indicação de que o futuro do campo indubitavelmente presenciará avanços contínuos.

video_library
Por que a TCC não é um pacote de técnicas?
Neste vídeo, a especialista fará uma reflexão sobre a utilização de técnicas na TCC, com exemplos da
prática profissional do psicólogo.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Realizar a psicoeducação garante

que cliente e terapeuta estejam compartilhando as compreensões sobre o que o


A
paciente está vivendo e voltados aos mesmos objetivos.

o aumento significativo das ansiedades e aflições do cliente, além de já proporcionar


B
conhecimentos que reestruturem distorções.

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uma menor compreensão e, então, adesão e engajamento colaborativo do cliente às


C
propostas, visto que diminui a resistência à terapia.

que as sessões sejam estruturadas de maneira a proporcionar maior qualidade no


D processo terapêutico, que deve estar concentrado nas prioridades para identificação e
atingimento das metas.

o conhecimento acerca das técnicas e ferramentas a serem utilizadas e que garantirão o


E
sucesso terapêutico.

Parabéns! A alternativa A está correta.

Nesta técnica, o terapeuta busca garantir, com explicações simples e didáticas, que o paciente
compreenda seus problemas e os desdobramentos deles em suas emoções e vivências e também
sobre o modelo cognitivo-comportamental e a condução do tratamento. Com o entendimento de seu
problema e de como pode superá-lo, o paciente entra em sintonia com o terapeuta e se engaja em um
trabalho em conjunto.

Questão 2

Uma técnica bastante utilizada em TCC é tentar chegar a alguma dessensibilização emocional do
cliente para as situações ansiogênicas. Para isso, há o ensaio de comportamentos, antes que ele se
exponha e enfrente essas situações em contextos não controlados. Essa técnica é denominada

A exposições e enfrentamentos imaginários ou uso de imagens mentais.

B descatastrofização.

C questionamentos sociocráticos.

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D respiração diafragmática.

E resolução de problemas.

Parabéns! A alternativa A está correta.

Exposições e enfrentamentos imaginários ou uso de imagens mentais é uma técnica muito utilizada na
dessensibilização em relação a situações ansiogênicas. É usada, por exemplo, por atletas para se
preparar para as disputas, e para atores e músicos em preparação para performance de gravação ou
apresentações ao vivo.

Considerações finais
A TCC identifica um conjunto de intervenções psicoterápicas que atualmente apresenta a maior quantidade
de pesquisa dando respaldo à prática. No entanto, a TCC passou por vários momentos distintos conhecidos
como gerações ou ondas, como a terapia comportamental, a TCC clássica, e as abordagens contextuais.
Essa metáfora de uma onda sugeriu a algumas pessoas que as gerações anteriores de trabalho houvessem
passado, mas o que ocorreu foi a ampliação do repertório tecnológico do clínico, o que lhe permitiu maior
flexibilidade e adaptação das sessões às demandas caso a caso e momento a momento durante o
processo.

Ao mesmo tempo que vemos o desenvolvimento de técnicas clássicas e consolidadas, os métodos de


pesquisa empírica não param de avançar, clareando mais os componentes que medeiam e moderam a
mudança terapêutica. As pesquisas também auxiliam a identificar quais métodos funcionam melhor nas
diferentes populações, sugerindo que os profissionais que conduzem suas práticas baseadas em evidências
podem atender seus pacientes com maior sucesso conhecendo os métodos de todas as gerações da TCC.
Você agora é capaz de identificar os conceitos e diretrizes orientadores da prática clínica cognitivo-
comportamental, a importância da relação terapêutica e o mapeamento das variáveis clínicas e, ainda, de
compreender a razão do estabelecimento de metas que orientam os programas terapêuticos, conhecendo
as principais intervenções de modificação cognitivo-comportamental.

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Podcast
Neste podcast, a especialista apresentará as teorias e técnicas que são utilizadas pelo psicólogo na TCC,
bem como a eficácia da psicoterapia nessa abordagem para diferentes casos, com exemplos da clínica
psicológica.

Referências
ANGELOTTI, G (Org.). Terapia Cognitivo-Comportamental para os transtornos de ansiedade. São Paulo:
Casa do Psicólogo, 2007.

BARLOW, D. H. et al. Manual clínico dos transtornos psicológicos: tratamento passo a passo. 4. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2009. 

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BORGES, N. B.; CASSAS, F. A. (Cols.) Clínica Analítico-Comportamental: aspectos teóricos e práticos. Porto
Alegre: Artmed, 2011.

CABALLO, V. E. Manual para o tratamento cognitivo-comportamental dos transtornos psicológicos:


transtornos de ansiedade, sexuais, afetivos e psicóticos. São Paulo: Santos, 2003.

CABALLO, V. E. Manual para o tratamento cognitivo-comportamental dos transtornos psicológicos da


atualidade: intervenção em crise, transtornos da personalidade e do relacionamento e psicologia da saúde.
São Paulo: Santos, 2006.

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KHOLENBERG, R. J.; TSAI, M. Psicoterapia analítico-funcional. São Paulo: Esetec, 2001.

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KNAPP, P. Terapia Cognitivo-Comportamental na Prática Psiquiátrica. Porto Alegre: Artmed, 2004.

LEAHY, R. L. Livre de ansiedade. Porto Alegre: Artmed, 2011.

LEAHY, R. L. Técnicas de Terapia Cognitiva: manual do terapeuta. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019.

OLIVEIRA, M. S.; ANDRETTA, I. (Org.). Manual Prático de Terapia Cognitivo-Comportamental. São Paulo:
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RANGÉ, B. (Org.) Psicoterapias Cognitivo-Comportamentais: um diálogo com a psiquiatria. Porto Alegre:


Artmed, 2001.

WENZEL, A. Inovações em Terapia Cognitivo-Comportamental: Intervenções estratégicas para uma nova


prática criativa. Porto Alegre: Artmed, 2018.

WRIGHT, J. H.; BASCO, M. R.; THASE, M. E. Aprendendo a Terapia Cognitivo-Comportamental: um guia


ilustrado. Porto Alegre: Artmed, 2008.

Explore +
Cordioli, Aristides Volpato e Paulo  Knapp. A terapia cognitivo-comportamental no tratamento dos
transtornos mentais. Brazilian Journal of Psychiatry [on-line]. 2008, v. 30.

Neste trabalho, você encontrará o tratamento daqueles transtornos cuja eficácia está solidamente
estabelecida e cuja efetividade tem sido consagrada pelo uso clínico.

Luciane Gottschalk, Leila Linden, Janine Kieling Monteiro e Ilana Andretta. Coaching cognitivo-
comportamental: relato de uma intervenção breve de carreira na transição universidade-trabalho.
Psicologia em Estudo [on-line]. 2019, v. 24.

Neste trabalho, você encontrará o Coaching Cognitivo-Comportamental (CCC), que visa modificar crenças,
mapear recursos, avaliar possibilidades, favorecendo a tomada de decisão e elaboração de um plano de
ação.

Paulo Knapp e Aaron T.  Beck. Fundamentos, modelos conceituais, aplicações e pesquisa da terapia
cognitiva. Brazilian Journal of Psychiatry [on-line]. 2008, v. 30.

Neste trabalho, você encontrará as origens e os fundamentos das abordagens cognitivo-comportamentais


no tratamento dos transtornos psiquiátricos e médicos, bem como ensaios clínicos randomizados e
metanálises. Foram apontadas as evidências de eficácia dessa modalidade de tratamento psicoterápico.

https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04270/index.html# 54/55
15/02/2023 07:22 Teorias e técnicas em Terapia Cognitivo-Comportamental

Patrícia Porto et al. Evidências científicas das neurociências para a terapia cognitivo-comportamental.
Paidéia (Ribeirão Preto) [on-line]. 2008, v. 18, n. 41.

Neste trabalho, você encontrará resultados de estudos de regulação da emoção que podem ilustrar a
associação e colaboração entre a TCC e as neurociências, revelando que as intervenções de distração,
reestruturação cognitiva e exposição são eficazes para a regulação emocional.

Isabela Lamante Scotton, Janaína Bianca Barletta e Carmem Beatriz Neufeld. Competências Essenciais ao
Terapeuta Cognitivo-Comportamental. Psico-USF [on-line]. 2021, v. 26, n. 1.

Neste trabalho, você encontrará as competências essenciais para um terapeuta cognitivo-comportamental,


categorizadas em competências analíticas, sociais, instrumentais e de autoconhecimento e autorreflexão.
 A maior contribuição foi em relação às competências sociais, como uma competência inespecífica ou
geral.

https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04270/index.html# 55/55

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