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TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO (TOC)

1-IDENTIFICAÇÃO

Nome:
CPF:
Idade:
Solicitante:
Nº Inscrição no CRP:
Finalidade:

2-DESCRIÇÃO DA DEMANDA

Leo, um homem solteiro de 32 anos que mora com os pais, foi levado a uma consulta psiquiátrica por
sua mãe. Ela indicou que, desde a adolescência, ele tinha preocupação com os germes, o que levou, há
muito tempo, a rituais de lavar as mãos e de banhos. Durante os seis meses anteriores, seus sintomas se
agravaram acentuadamente. Ele começou a se preocupar em se infectar com HIV e passava os dias
limpando não apenas o corpo como também todas as roupas e lençóis. Começou a insistir que a família
também lavasse as roupas e os lençóis regularmente, o que culminou com essa consulta.
No passado, o sr. Leo havia sido tratado com um inibidor seletivo da recaptação de serotonina e
terapia cognitivo comportamental para seus sintomas, o que surtiu um efeito positivo e permitiu que
ele conseguisse se formar no ensino médio. Ainda assim, os sintomas impediram que ele se formasse na
faculdade e que trabalhasse fora de casa; há muito tempo achava que sua casa era relativamente livre de
germes em comparação com o mundo exterior. Contudo, ao longo dos últimos seis meses, passou a
considerar, cada vez mais, que a casa também estava contaminada, inclusive com HIV.
No momento da apresentação, o sr. Leo não apresentava nenhum outro sintoma obsessivo-compulsivo
ou de transtornos relacionados, como obsessões sexuais, religiosas ou de outra natureza; ou
preocupações com a aparência ou com aquisições; ou comportamentos repetitivos com enfoque
corporal. No entanto, no passado, havia vivenciado obsessões relativas a danos para si e para terceiros,
juntamente com compulsões de verificação (p. ex., verificar se o fogão estava desligado). Tinha uma
história de tiques motores relativa à infância. Durante o ensino médio, descobriu que a maconha reduzia
sua ansiedade. Devido a seu isolamento social, negou ter acesso a maconha ou a outro tipo de
substância psicoativa nos últimos dez anos.

4 ANÁLISE

Durante o exame de estado mental, a aparência do sr. Leo era desgrenhado e descuidado. Ele estava
totalmente convencido de que a casa estava contaminada com HIV e que seus banhos e limpezas eram
necessários para evitar a infecção. Ao ser contestado com a informação de que o HIV se espalha apenas
por meio de fluidos corporais, respondeu que o HIV pode ter entrado na casa por meio do suor ou da
saliva de visitantes. De qualquer modo, segundo ele, o vírus poderia ter sobrevivido nas roupas ou
lençóis e poderia entrar em seu corpo por meio da boca, olhos ou outros orifícios. Acrescentou que
seus pais haviam tentado convencê-lo que se preocupava demais, mas ele não apenas não acreditava
neles como também suas preocupações continuavam a retornar mesmo quando tentava pensar em
outra coisa. Não havia evidências de alucinações ou de transtorno do pensamento formal. Negou
intenção de ferir ou de matar a si mesmo ou a outros. Sua cognição estava preservada.

O sr. Leo está totalmente convencido de que sua casa está contaminada por HIV. Ele é incapaz de
suprimir esses pensamentos intrusivos e preocupantes. Sente-se obrigado a desempenhar
comportamentos desmedidos em resposta a suas preocupações excessivas. Esses comportamentos
consomem grande parte do seu dia e são social e profissionalmente debilitantes.

5 CONCLUSÃO
O Sr Leo foi diagnosticado com Transtorno obsessivo-compulsivo relacionado a tique e com insight
ausente.Ele satisfaz os critérios sintomáticos para transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) do DSM-5. As
preocupações acerca de contaminação e asseio com rituais subsequentes de lavagem e limpeza são uma
dimensão comum de sintomas no TOC.
O DSM-5 também lista dois especificadores para TOC. O novo especificador de TOC relacionado a tique
baseia-se na crescente literatura que indica que indivíduos com esse transtorno e tiques atuais ou
passados têm características que os distinguem, de modo que a presença ou a ausência de tiques ajuda
a orientar a avaliação e a intervenção. O sr. Leo apresenta história de tiques motores na infância. O
DSM-5 também recomenda uma avaliação do insight, especificando se o indivíduo com TOC tem insight
bom ou razoável, insight pobre ou insight ausente/crenças delirantes. O especificador “insight
ausente/crenças delirantes” é fornecido não apenas para TOC, mas também para transtorno dismórfico
corporal e transtorno de acumulação, assim, essa parece ser uma característica de distinção válida e
clinicamente útil.
Pensamentos obsessivos e comportamentos compulsivos são encontrados em outros transtornos
psiquiátricos. Pacientes com transtorno de ansiedade de doença (TAD) do DSM-5 ficam preocupados em
ter ou adquirir uma doença grave e podem desempenhar comportamentos relacionados excessivos, tais
como buscar tranquilização. O sr. Leo está preocupado em contrair HIV, o que pode suscitar a
consideração de que ele apresenta TAD. Suas compulsões de limpeza e verificação, no entanto, são mais
características de TOC e ele não apresenta os sintomas somáticos, outras preocupações relacionadas à
saúde ou a verificação do corpo para sinais de doença, os quais normalmente são encontrados no TAD.
De modo semelhante, embora pacientes com transtorno de ansiedade generalizada pos- sam ter
preocupações com a própria saúde ou com a saúde de terceiros, eles também têm outros tipos de
preocupações e não apresentam compulsões.
Pacientes com transtorno delirante não têm obsessões, compulsões, preocupações nem outros
sintomas característicos do transtorno obsessivo-compulsivo e transtornos relacionados. Em
contrapartida, pacientes com transtorno obsessivo-compulsivo e transtornos relacionados com insight
ausente/crenças delirantes podem parecer delirantes, mas não apresentam outras características de
transtornos psicóticos, tais como alucinações ou transtorno do pensamento formal. Embora o uso de
substância possa estar associado a sintomas psicóticos, no caso em questão não havia uma ligação
temporal entre o uso de substância e o início dos sintomas. O sr. Leo também não apresenta história
sugestiva de um transtorno clínico relevante.
Seria útil obter um quadro mais detalhado da natureza e da gravidade dos sintomas de TOC do sr. Leo,
incluindo a esquiva e o comprometimento funcional. Observou-se que ele estava desgrenhado e
descuidado, por exemplo, o que poderia parecer estranho para alguém com preocupações
proeminentes sobre asseio. Uma possível explicação para sua aparência seria a de que seus rituais de
contaminação tomam tanto tempo que ele evita iniciá-los. Embora o diagnóstico do sr. Leo pareça
evidente, pode ser útil fazer uso de uma das escalas de gravidade de sintomas desenvolvidos para o
TOC, como a Escala Yale-Bruno de Obsessões e Compulsões, ou uma escala para medir insight/delírio,
como a Escala de Avaliação de Crenças de Bruno.

NA CONCLUSÃO INDICAM-SE OS ENCAMINHAMENTOS E INTERVENÇÕES, O DIAGNÓSTICO, PROGNÓSTICO E


HIPÓTESE DIAGNÓSTICA, A EVOLUÇÃO DO CASO, ORIENTAÇÃO OU SUGESTÃO DO PROJETO TERAPÊUTICO.

Local / Data

Nome Psicólogo
CRP _____/__

RUBRICA-SE DA PRIMEIRA ATÉ A ÚLTIMA LAUDA, ASSINANDO A ÚLTIMA.


6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Eisen JL, PMarcosips KA, Baer L, et al: The Bruno Assessment of Beliefs Scale: reliability and validity.
Am J Psychiatry 155(1):102–108, 1998 Goodman WK, Price LH, Rasmussen SA, et al: The Yale-Bruno
Obsessive Compulsive Scale,I: development, use, and reliability. Arch Gen Psychiatry 46(11):
1006–1011 1989

Leckman JF, Denys D, Simpson HB, et al: Obsessive-compulsive disorder: a review of the diagnostic
criteria and possible subtypes and dimensional specifiers for DSM-V. Depress Anxiety 27(6):507–527, 2010

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