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TERAPIA COGNITIVO-
COMPORTAMENTAL DO
TRANSTORNO OBSESSIVO-
COMPULSIVO
Professora Dra. Analise Vivian
Professora Dra. Daniela Tusi Braga
Prezado(a) estudante, neste roteiro de estudos, você encontrará algumas referências bibliográficas
para se aprofundar nos principais temas que permeiam a disciplina de Terapia cognitivo-
INTRODUÇÃO
O Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) é caracterizado pela presença de obsessões, compulsões
ou de ambas que causam ansiedade ou sofrimento, tomam boa parte do tempo ou causam prejuízo
no funcionamento social ou profissional do indivíduo. O TOC, ao contrário do que se acreditava, é
muito comum, com uma prevalência para toda a vida de 1,1 a 1,8 % da população, e de 1,2% para o
período de 12 meses (DSM-5). No entanto um estudo com escolares de ensino médio, em nosso
meio, encontrou uma prevalência de 3,3% (VIVAN et al., 2014). É considerado um transtorno mental
grave, situando-se entre as dez maiores causas de incapacitação.
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O TOC costuma, também, provocar grande impacto no funcionamento da família, que, na maioria das
vezes, tende a se acomodar aos sintomas do paciente. Os familiares, com muita frequência, tendem
a apoiá-lo na realização dos rituais, nos comportamentos evitativos ou na submissão às regras
(rígidas) que ele impõe como, por exemplo, não entrar com os sapatos dentro de casa, não sentar
numa determinada cadeira ou sofá ou não entrar em determinada peça da casa.
No DSM-5, o TOC foi excluído dos transtornos de ansiedade e incluído numa nova categoria
intitulada “Transtorno obsessivo-compulsivo e transtornos relacionados”, junto a outros transtornos,
como a tricotilomania, o transtorno dismórfico corporal, o transtorno de escoriação e o transtorno de
acumulação, dentre outros.
A acumulação compulsiva, que, até então, fazia parte do TOC, aparece como um novo transtorno na
versão atual do DSM. Além disso, os critérios do TOC sofreram algumas modificações, como o
critério B (reconhecimento de que as obsessões são excessivas e não razoáveis), que foi abolido por
ser um critério subjetivo e difícil de operacionalizar. Também foram criadas duas categorias novas:
TOC induzido por substâncias ou medicamentos e TOC devido a doenças médicas. Foi prevista,
ainda, a possibilidade do TOC com ausência de insight ou com convicções delirantes e o relacionado
a tiques.
Embora muito comum, o TOC continua sendo um transtorno pouco reconhecido pela população e
subdiagnosticado pelos profissionais da saúde. Como consequência, a maioria dos indivíduos com a
doença nunca procurou ajuda, e, quando isso é feito, geralmente, passaram-se muitos anos desde o
início dos sintomas.
Outra razão pela qual o TOC, muitas vezes, não é reconhecido é a natureza dissimulada da doença
(OKASHA, 2005). Indivíduos com TOC, por exemplo, ocultam dos demais as dificuldades em usar
banheiros públicos, a necessidade que têm de colocar os objetos em uma certa posição ou que
necessitam beijar um número determinado de vezes a estatueta da Virgem Maria antes de deitar.
Muitos, ainda, são atormentados por pensamentos dos quais se envergonham e não se animam a
compartilhar com mais ninguém, suportando o sofrimento em silêncio, desamparados, com culpa,
depressão e, não raro, desesperança e ideias de suicídio.
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LEMBRAR
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), na qual estejam incluídos exercícios de
Exposição e Prevenção de Resposta (EPR), é considerada um dos tratamentos de
primeira linha para o TOC, ao lado dos medicamentos antiobsessivos. Introduzida nos
anos 1970, segue sendo, até hoje, a terapia mais efetiva para o transtorno.
Além dos exercícios de EPR, a TCC utiliza, também, técnicas cognitivas com o objetivo de modificar
pensamentos e crenças disfuncionais de conteúdo negativo ou catastrófico subjacentes aos
sintomas. As técnicas cognitivas são utilizadas sempre que crenças disfuncionais contribuem para o
agravamento dos sintomas e, em especial, no tratamento de pacientes que apresentam obsessões
indesejáveis ou repugnantes e ideias supervalorizadas sobre o conteúdo de tais obsessões, que
impedem a adesão aos exercícios.
A TCC para o TOC é uma terapia focal, com tarefas práticas para serem feitas em casa nos intervalos
entre as sessões. Ela consta, essencialmente, de exercícios de EPR e de exercícios cognitivos. É
muito efetiva quando os sintomas são de intensidade leve ou moderada, com predomínio de rituais,
verificações, repetições ou comportamentos evitativos; quando o paciente tem algum grau de insight
sobre os sintomas, está motivado e adere precocemente aos exercícios propostos. Para ser efetiva,
o terapeuta tem que conhecer a fundo as características clínicas do TOC, o modelo cognitivo-
comportamental que embasa a TCC, bem como saber utilizar as técnicas comportamentais e
cognitivas mais apropriadas para cada paciente. É o que veremos neste roteiro.
OBJETIVOS
Apresentar o histórico e os fundamentos da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) do
Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC).
Descrever as questões a serem abordadas na avaliação inicial do paciente, a psicoeducação.
Início da TCC: elaboração da lista de sintomas e mapa do TOC.
Apresentar as técnicas cognitivas utilizadas na abordagem de pensamentos de conteúdo
repugnante e na flexibilização das crenças subjacentes aos sintomas OC.
A continuação do tratamento, a alta e a prevenção de recaídas.
Discutir sobre as evidências de eficácia da TCC no tratamento do TOC.
O QUE É O TOC?
O TOC, de acordo com o DSM-5, é um transtorno mental que se caracteriza pela presença de
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Obsessões e compulsões
como intrusivos, indesejados e que, na maioria dos indivíduos, causam acentuada ansiedade ou
sofrimento. Tomam tempo (mais de uma hora por dia) ou causam prejuízo no funcionamento social,
ignorar, suprimir tais pensamentos, impulsos ou imagens ou neutralizá-los com algum outro
impróprio (molestar uma criança) ou blasfemo (ofender a Deus). Podem, ainda, ser pensamentos
estejam alinhadas, simétricas ou no lugar “certo”, e de armazenar, poupar ou guardar coisas inúteis
(acumulação compulsiva).
mentais que o indivíduo se sente compelido a executar em resposta a uma obsessão ou em virtude
de regras que devem ser rigidamente aplicadas. Visam prevenir ou reduzir a ansiedade e/ou o
sofrimento ou evitar algum evento ou situação temida. Esses comportamentos não têm conexão
realista com o que visam neutralizar ou evitar e são claramente excessivos (DSM-5). Na maioria das
vezes, o indivíduo não consegue resistir a executá-los. Exemplos: verificar as portas e as janelas
repetidas vezes antes de deitar-se; lavar, repetidamente, as mãos e o antebraço com álcool ou
detergente até ficarem vermelhos, lavar o celular, a carteira e as chaves do carro sempre que utiliza
esses objetos. São precedidos de um senso interno de pressão para agir, que pode ser decorrente de
porque eles não estão no lugar “certo”). As compulsões podem ainda ser atos mentais realizados em
semelhante. São atos voluntários destinados a impedir o contato direto ou imaginário com objetos,
locais, situações, pensamentos ou imagens percebidos como perigosos ou indesejáveis e que têm a
propriedade de ativar as mais diversas obsessões. São executados com a finalidade de afastar
A TCC
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Joseph Wolpe, nos anos 1950, com base nas teorias de aprendizagem, mais especificamente no
condicionamento clássico, desenvolvia fobias em animais de laboratório que, depois, eliminava
utilizando a exposição ao vivo. Com base nessas experiências, posteriormente, tratou fobias em
humanos por meio do uso de uma técnica que denominou de dessensibilização sistemática.
Influenciado por Wolpe, Meyer, em 1966, tratou, com sucesso e em poucas semanas, duas pacientes
portadoras de sintomas obsessivo-compulsivos graves propondo que os enfrentassem, se
expusessem aos objetos evitados (exposição) e que se abstivessem da realização dos rituais
(prevenção da resposta). Entretanto esses estudos não tiveram repercussão na época e só foram
retomados na década seguinte.
No início dos anos 1970, Röper, Rachman e Hogdson (1973) realizaram vários experimentos, que se
tornaram clássicos, com voluntários em laboratório e no próprio domicílio das pessoas. Resolveram
verificar o que acontecia quando indivíduos que apresentavam sintomas OC eram convidados a,
espontaneamente, se abster de realizar verificações (por exemplo: verificar o fogão depois de tê-lo
acendido e apagado). Os pesquisadores observaram que, depois de um aumento instantâneo e
acentuado da ansiedade e do desconforto subjetivo, essas sensações começavam a diminuir
espontaneamente e, após algum tempo, que podia variar de minutos até três horas, tais sensações
desagradáveis haviam desaparecido completamente. Se eram expostos, de novo, à mesma situação,
o ciclo se repetia, mas em menor intensidade e, assim, a cada novo exercício. Com a repetição,
desaparecia, de forma definitiva, a ansiedade, bem como a necessidade de executar os rituais e o
medo de tocar em certos objetos.
Habituação
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O resultado positivo desses dois primeiros experimentos fez com que eles fossem
repetidos em vários países e com resultados semelhantes.
Ao final da mesma década, mais de 200 pacientes haviam sido tratados com sucesso utilizando a
terapia de EPR, que, desde então, passou a ser considerada o tratamento de primeira linha para o
TOC, tanto como terapia isolada quanto como associada a medicamentos antiobsessivos.
MODELO COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
Não há dúvidas de que a terapia de EPR representou um grande avanço e é, até hoje, a intervenção
mais efetiva para tratar o TOC. No entanto ocorreram algumas dificuldades. Cerca de 30% dos
pacientes abandonavam o tratamento ou não realizavam as tarefas solicitadas. Também era difícil
intensidade na maioria dos portadores do TOC e poderiam ser os responsáveis pelo elevado grau de
ansiedade associado aos sintomas, pela baixa adesão ao tratamento e pela não realização das
tarefas de EPR. Foi levantada a hipótese de que a correção, por meio de técnicas cognitivas, poderia
efetividade desta.
Crenças disfuncionais
1) responsabilidade excessiva,
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cognitivas, utilizadas inicialmente para tratar depressão, foram adaptadas para o tratamento do TOC
(OPPEN; ARNTZ, 1994; SALKOVSKIS, 1999). O uso de técnicas cognitivas tem sido de grande ajuda
Rachman e Silva (1978) propuseram uma teoria (cognitiva) para explicar a origem das obsessões e
que ficou conhecida como a teoria do significado. Para esses autores, as obsessões se originariam
significado negativo ou catastrófico a elas atribuído. Esse significado negativo seria o responsável
pela ansiedade e pelo medo, levando o indivíduo a adotar estratégias para neutralizá-los (tentar
afastá-los, repetir frases ou palavras, executar rituais, evitar objetos ou situações ativadoras).
Exemplos desses erros de avaliação e interpretação: “Se eu tenho esses pensamentos, posso
cometê-los”, “Se eu penso, é porque desejo cometê-los”, “Revelam um lado secreto e perverso do
meu caráter” ou “Posso ser um abusador de crianças” (RACHMAN; SILVA, 1978; RACHMAN, 1997).
Esse autor propôs, ainda, uma hipótese explicativa para a origem das compulsões, envolvendo
elementos cognitivos (RACHMAN, 2002). Elas seriam atos repetitivos, estereotipados e intencionais
Os rituais de verificação, por exemplo, seriam realizados quando uma pessoa que acredita ter uma
grande e especial responsabilidade em prevenir danos, especialmente em relação aos outros, sente-
se insegura de que o risco do possível dano tenha sido efetivamente reduzido ou removido, o que a
levaria a fazer repetidas verificações como forma de eliminar a dúvida, afastar a ameaça e prevenir
desfechos catastróficos.
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reduzem a aflição e perpetuam o TOC. O modelo não explica, no entanto, os motivos pelos quais
muitas pessoas executam rituais sem que, necessariamente, sejam precedidos por alguma cognição
(obsessão), o que é comum em indivíduos que têm compulsão para alinhar objetos, fazer as coisas
tiques: estalar os dedos, olhar para os lados, dar batidas repetidamente, tocar, raspar.
A TCC DO TOC
A TCC tem início com a avaliação do paciente. Depois da avaliação inicial e uma vez estabelecido o
diagnóstico, é feita a psicoeducação, a elaboração da lista de sintomas e o diário ou mapa do TOC.
São aplicadas escalas, como a Yale-Brown Obsessive-Compulsive Scale (Y-BOCS) ou Obsessive-
Compulsive Inventory-Revised (OCI-R), para avaliação da gravidade dos sintomas e é feita a escolha
das primeiras tarefas de casa. Na fase intermediária, as sessões obedecem a uma estrutura definida
e se repetem até o desaparecimento completo dos sintomas. Depois disso, ocorrem a alta e a
prevenção de recaídas. Descreveremos, a seguir, cada uma das etapas.
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Tratamentos realizados
adesão e resposta aos tratamentos, incluindo experiências anteriores com TCC ou terapia de
EPR e uso de medicamentos (antiobsessivos).
A família e o paciente
interferência dos sintomas no funcionamento da família e grau de acomodação familiar,
outros familiares com TOC (possível fator genético).
retorno ao paciente e aos familiares deste, com a finalidade de informar e justificar a impressão
diagnóstica (de TOC) sobre a presença de outros transtornos ou comorbidades ou, eventualmente,
excluir esse e outros diagnósticos. Se for o caso, explicará as razões das conclusões ilustrando com
exemplos de sintomas que o paciente apresenta, deixando sempre espaço para perguntas e
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A segunda questão a ser abordada no fim da avaliação diz respeito à indicação de tratamento:
tratamentos (o que costuma ser recomendado) e quais profissionais ou serviços da região estão
habilitados para atender pacientes com TOC. Se for o caso, deverá fazer uma breve explanação
sobre o benefício do uso de medicamentos no TOC, as reações adversas, as chances de redução dos
sintomas; como é a TCC na prática, quais são os seus fundamentos e o que exige do paciente.
Nessa altura, é suficiente uma pequena explicação, em uma linguagem acessível, adequada ao nível
paciente, responder às dúvidas, ouvir dele se aceita ou não utilizar medicamentos e realizar a TCC,
Psicoeducação
terapeuta fornece informações relevantes para o paciente, tais como: tipos de sintomas (incluindo a
alternativas de tratamentos etc. Além disso, é importante que sejam esclarecidas informações sobre
As informações básicas sobre o TOC e os fundamentos da TCC são essenciais para o tratamento.
Conhecer o TOC, quais são os sintomas e como livrar-se dele é de vital importância. Muitas vezes, só
Participação da família
Na maioria das vezes, o TOC interfere, de forma acentuada, na vida da família. Os familiares podem
ser importantes aliados na TCC ou, eventualmente, dificultá-la se não compreenderem o que é o TOC,
o que fundamenta a terapia e como ela é na prática. É comum, por exemplo, os familiares
participarem dos rituais e apoiarem a realização destes (acomodação familiar) — o que, acredita-se,
contribui para a persistência dos sintomas. É conveniente que os membros da família participem
com o paciente das sessões psicoeducativas para terem a oportunidade de esclarecer as dúvidas e
ser orientados em relação às atitudes mais adequadas, como não participar da realização de rituais,
não responder a perguntas mais de uma vez, não dar garantias, mesmo em momentos de grande
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está disposto a fazer os sacrifícios necessários para se livrar dos sintomas. Caso contrário, é muito
provável que desista ainda no início. Iniciar o tratamento e, em especial, a terapia com um paciente
sem nenhum insight, indeciso e desmotivado é o caminho certo para futuros abandonos ou
preenchimento da lista de sintomas e construir sublistas agrupadas pela gravidade dos sintomas;
elaboração do diário ou mapa do TOC;
avaliação da gravidade dos sintomas;
escolha dos primeiros exercícios de exposição e prevenção de rituais (ou cognitivos).
para a escolha das tarefas de casa. Embora possa ser construída uma lista com base no relato do
paciente, recomenda-se o preenchimento do formulário, que pode ser encontrado em alguns sites,
pois correrá menos risco de esquecer sintomas importantes. O formulário é uma extensa e
detalhada lista de sintomas do TOC e foi elaborado a partir de relatos de um grande número de
pacientes com a doença e que fizeram TCC. Nele, estão presentes afirmativas que descrevem
transtorno. Depois de ler atentamente cada afirmativa, o paciente atribui uma nota de 0 a 4 de
acordo com os seguintes critérios: 0 — ausente (não incomoda); 1 — leve (incomoda muito pouco); 2
bastante frequência); e 4 — muito grave (incomoda muito ou praticamente o tempo todo), fazendo
Após o paciente ter preenchido a lista de sintomas, recomenda-se que agrupe os sintomas conforme
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Sublista 1
Sintomas de intensidade leve (pontuados com nota 1 ou 2 na lista principal).
Sublista 2
Sintomas de intensidade moderada (nota 3).
Sublista 3
Sintomas de intensidade grave ou muito grave (nota 4).
Para preencher as sublistas, observe o exemplo do exercício feito por um paciente que agrupou
alguns dos sintomas de acordo com a gravidade da ansiedade que eles provocavam (Quadro 1).
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Essas listas secundárias ou sublistas feitas no início da terapia, apesar de trabalhosas, orientarão
todo o tratamento e serão muito úteis para escolher os exercícios de casa. Naturalmente, os
exercícios começarão pela lista de sintomas leves (sublista 1) e, à medida que o paciente for
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Os sintomas do TOC têm horário e local para se manifestarem preferentemente (ao deitar-se, ao
levantar-se, ao sair para a rua, ao chegar em casa), pois essas situações ativam medos e obsessões
que, por sua vez, induzem o paciente a fazer rituais e a evitar o contato direto. Identificar esses
ativadores é muito útil para planejar os exercícios. O entrevistador poderá repassar, por exemplo, as
situações da rotina diária (ao chegar em casa, se lava as mãos ou troca imediatamente de roupa; ao
sair, se realiza uma série de verificações; ao se deitar, se reza em uma certa sequência ou por um
número de vezes; ao estacionar o carro, se verifica, repetidamente, se as rodas estão perfeitamente
alinhadas com o cordão da calçada e se os vidros estão fechados; no banho, se segue uma
sequência determinada ou é demorado em razão de repetições; ao andar em um coletivo, se evita
sentar no banco ou se segurar nas barras de apoio etc.); os locais (banheiros públicos — o que toca
com as mãos e o que evita; ao dirigir, se controla, permanentemente, pedestres e animais para não
atropelá-los); os objetos (evita o contato com maçanetas, torneiras, telefones públicos, interruptores,
corrimãos, lixeiras, mouse do computador); se alinha os objetos na mesa, prateleiras); as pessoas
(se evita ou mantém hipervigilância sobre homossexuais, mendigos, pessoas com espinhas ou com
curativos na mãos) ou, ainda, horários (não fazer qualquer atividade em certos horários, por exemplo:
às 13h ou às 18h etc.).
um forte elemento motivador para a realização de novos exercícios, considerados mais difíceis. Já o
insucesso pode provocar desânimo e contribuir para o abandono da terapia. A seguir, são
apresentadas algumas recomendações para fazer a escolha, em conjunto com o paciente, dos
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TÉCNICAS COGNITIVAS
As técnicas cognitivas são utilizadas com o objetivo de flexibilizar e modificar as crenças
disfuncionais subjacentes aos sintomas OC. A identificação e a modificação de pensamentos
automáticos e crenças disfuncionais de conteúdo negativo ou catastrófico têm um papel importante
na redução da ansiedade, na melhora do insight e, consequentemente, na melhor adesão aos
exercícios de EPR. Elas são indicadas, também, para aumentar o grau de insight dos pacientes e a
motivação para o tratamento. Um estudo verificou que a administração concomitante de terapia
cognitiva à EPR, focando em dificuldades relacionadas a sintomas específicos, melhorou a tolerância
ao desconforto, diminuiu crenças disfuncionais relacionadas aos sintomas, melhorou a adesão ao
tratamento e diminuiu os abandonos (MCKAY, 2015).
A descrição de todas as técnicas extrapola o espaço disponível para a presente aula, mas pode ser
vista no Capítulo 6 do livro “TOC: manual da terapia cognitivo-comportamental para o transtorno
obsessivo-compulsivo”.
INDICAÇÃO DE LEITURA
CORDIOLI, A. V.; BORTONCELLO, C. F.; BRAGA, D. T. Técnicas cognitivas no tratamento de
pacientes com TOC. In: CORDIOLI, A. V. (org.). TOC: manual de terapia cognitivo-
comportamental para o transtorno obsessivo-compulsivo. Porto Alegre: Artmed, 2014. p.
117-135. Disponível em: https://bit.ly/3lLtUsn. Acesso em: 7 dez. 2021.
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costuma ser breve, com duração de 10 a 20 sessões. Em casos graves, pode se prolongar por muitos
meses. As sessões, no início da terapia, costumam ser semanais, mas, à medida que os sintomas
vão sendo eliminados, é usual o espaçamento das sessões, que passam a ser quinzenais, mensais e
até semestrais.
No final das sessões, é importante orientar o paciente sobre o significado de eventuais lapsos, que
devem ser distinguidos de recaídas, estas são o retorno mais consistente dos sintomas e
demandam a retomada da terapia o mais breve possível. Especialmente se os sintomas forem muito
graves, se já ocorreram recaídas e se existe, ainda, algum sintoma residual, é interessante, por algum
tempo, planejar sessões de reforço ainda que em intervalos maiores (mensais, a cada 2 ou 3 meses),
De qualquer maneira, as possibilidades de recaídas são sempre elevadas para pacientes com
sintomas graves, que apresentam os sintomas por longo tempo, com início ainda na infância e, em
especial, para aqueles que, ao fim do tratamento, apresentam sintomas residuais. Por esse motivo, a
meta deve ser sempre a eliminação completa dos sintomas. A manutenção de alguma forma de
Na fase final da terapia e antes da alta, deve ser reservado algum espaço na agenda, de uma ou mais
sessões, para a discussão de estratégias que possam auxiliar o paciente a manter os ganhos
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É importante o paciente ter, de forma clara, as situações (lugares, objetos, horários) que ativam as
obsessões e o impelem a realizar rituais ou adotar comportamentos evitativos. Deve preparar, com
com as situações que são gatilho: por quanto tempo, onde, de que forma (“Vou sentar na cama com
a roupa da rua quando chegar em casa, durante 15 minutos”, “Não vou levar o meu álcool quando
sair para o trabalho"). Vigilância: estar atento ao autocontrole e não executar, de forma automática,
os rituais a que estava habituado nas situações ativadoras. Procurar se distrair e se entreter durante
as situações de risco com outros pensamentos ou com atividades práticas como forma de reduzir a
associados, fazer revisões periódicas com o terapeuta, não interromper o uso de medicamentos sem
combinar com o médico, participar das associações que congregam os indivíduos com TOC e saber
tudo sobre o transtorno (fazer leituras, visitar sites, assistir a palestras). Pode, ainda, conversar
consigo mesmo, dando ordens: “Você tem condições de se controlar!”, “Não vá verificar se a torneira
ficou bem fechada!” etc. O uso de lembretes pode ajudar: “A aflição não dura para sempre!”, “Isso é o
CONCLUSÕES
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profissionais. Há grande demora entre o início dos sintomas e a procura de atendimento. Muitos
indivíduos com TOC jamais foram diagnosticados por um profissional e continuam sem tratamento.
IMPORTANTE
Em pacientes com TOC, algumas questões são importantes para o planejamento do tratamento:
tipos de sintomas que o paciente apresenta; idade de início, curso, flutuações dos sintomas ao longo
da vida; interferência do TOC na vida escolar, profissional e nas interações sociais; tratamentos
realizados, adesão e resposta; interferência dos sintomas OC nas rotinas da família e acomodação
familiar; sintomas OC em familiares próximos; problemas médicos e psiquiátricos atuais e passados
(comorbidades), medicamentos em uso; grau de insight e motivação para o tratamento.
se forem necessários; fazer uma breve explanação psicoeducativa sobre o que é o TOC, quais são as
manifestações e os tratamentos; como é a TCC e como ela funciona. Antes de iniciar a terapia, dar
ao paciente a oportunidade de esclarecer as dúvidas dele e tomar a decisão de iniciar (ou não)
tratamento.
No início da TCC para o TOC, deverão ser realizadas as seguintes tarefas: a psicoeducação do
paciente sobre o TOC e a TCC, o preenchimento da lista de sintomas e do mapa do TOC, a avaliação
da gravidade dos sintomas por meio das escalas Y-BOCS (aplicadas pelo terapeuta) ou do
questionário OCI-R (respondido pelo próprio paciente) e a escolha dos primeiros exercícios de EPR,
Depois de tomada a decisão de iniciar o tratamento, as primeiras tarefas a serem realizadas são a
elaboração da lista dos sintomas OC e do diário ou mapa do TOC. Os exercícios de EPR devem
iniciar pela lista de sintomas de grau de ansiedade 1 e 2 (sintomas leves) e pelos rituais e
comportamentos evitativos; devem ser graduais, começando pelos que forem considerados mais
fáceis e que provocam menos aflição. Sugere-se fazer os exercícios de EPR pelo maior tempo e pelo
maior número de vezes possível, entregando-se totalmente a eles e evitando neutralizá-los com
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importância às crenças disfuncionais, aos erros de avaliação comuns na maioria dos indivíduos com
TOC e ao papel deles para a origem e a manutenção de muitos sintomas. A correção deles, por meio
de técnicas cognitivas, reduz a ansiedade e favorece a adesão aos exercícios de EPR. Por esse
motivo, a moderna terapia do TOC passou a incorporar técnicas cognitivas, como a psicoeducação, o
experimentos comportamentais e, em razão desse fato, a designação preferencial tem sido a TCC.
Como regra, as técnicas cognitivas são associadas às técnicas comportamentais de EPR e são
introduzidas depois do início dos exercícios de EPR. Entretanto, em pacientes com sintomas muito
graves, com crenças supervalorizadas que interferem na adesão aos exercícios, com pouco ou
dúvidas obsessivas e intolerância à incerteza, elas podem ser utilizadas antes mesmo dos exercícios
de EPR.
CAPÍTULOS DE LIVRO
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• CORDIOLI, A. V. Avaliação clínica do paciente com TOC. In: CORDIOLI, A. V. (org.). TOC:
manual de terapia cognitivo-comportamental para o transtorno obsessivo-compulsivo.
Porto Alegre: Artmed, 2014. p. 136-154. Disponível em: https://bit.ly/3rQTH6j. Acesso
em: 7 dez. 2021.
• CORDIOLI, A. V.; VIVIAN, A. S.; BRAGA, D. T. O tratamento do TOC. In: CORDIOLI, A. V.;
VIVIAN, A. S.; BRAGA, D. T. Vencendo o transtorno obsessivo-compulsivo: Manual de
terapia cognitivo-comportamental para pacientes e terapeutas. 3. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2017. Disponível em: https://bit.ly/3dy3CWb. Acesso em: 7 dez. 2021.
• ADAM, D. O homem que não conseguia parar: TOC e a história real de uma vida perdida
em pensamentos. Rio de Janeiro: Objetiva, 2014.
SITES
● Questionários e instrumentos:
QUESTIONÁRIOS e instrumentos. TOC, [c2021]. Disponível em: https://bit.ly/3IylxdI.
Acesso em: 7 dez. 2021.
● Vídeo:
A GUIDE to Cognitive Behavioural Therapy (CBT). [S. l.: s. n.], 2011. 1 vídeo (6 min.).
Publicado pelo canal OCD-UK. Disponível em: https://bit.ly/3Gv0XsG. Acesso em: 7 dez.
2021.
REFERÊNCIAS
https://posartmed.grupoa.education/plataforma/course/332347 20/22
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