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PROTOCOLO- Transtorno obsessivo compulsivo

TRANSTORNO OBSSESSIVO COMPULSIVO

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Transtorno Obsessivo-


Compulsivo está entre as 10 maiores causas de incapacitação das pessoas.

Somente no Brasil, é provável que existam entre 3 e 4 milhões de portadores do TOC. Muitas
dessas pessoas, embora tenham suas vidas gravemente afetadas, nunca foram diagnosticadas e nem
tratadas.

Com números tão relevantes precisamos desmistificar as dúvidas sobre o tema e trazer informação
para que você compreenda melhor o que o TOC representa na sua vida ou na vida de quem ama, e
como encontrar ajuda.

O que é transtorno obsessivo compulsivo?


É um transtorno de ansiedade caracterizado pela presença de pensamentos intrusivos e
desagradáveis, chamados obsessões, que levam o paciente a realizar comportamentos, conhecidos
como compulsões, para aliviar o sofrimento mental causado pelas obsessões.

O Transtorno Obsessivo-Compulsivo ou TOC é uma doença mental grave caracterizada, como o


próprio nome já diz, por ações e atitudes de personalidade obsessivas e compulsivas. O TOC está
diretamente relacionado aos distúrbios de ansiedade.

A pessoa com TOC, reflete a sua obsessão em pensamentos, imagens recorrentes e impulsos
persistentes que são vivenciados de forma intrusiva e não controlada.

Em relação à compulsão, estão os comportamentos e atos mentais repetitivos relativos a essa sua
obsessão desenvolvida.

Ou seja, a pessoa com TOC não consegue controlar esses pensamentos obsessivos e acaba por
adotar atitudes repetitivas que, de certa forma, aliviam essa necessidade e os sintomas de
ansiedade causadas pela doença.

Esses atos, considerados popularmente como rituais, acontecem várias vezes, de maneira
sistemática e podem interferir nas atividades pessoais, profissionais e na rotina comum das
pessoas.

O não cumprimento desses rituais provocam uma sensação de que algo ruim ou terrível possa
acontecer.

Causas de TOC
As causas do TOC, assim outras condições mentais como o transtorno de ansiedade generalizada,
ainda não são totalmente compreendidas, mas incluem três fatores principais:

 Biologia – TOC pode ser um resultado de alterações na química natural do seu corpo ou
funções cerebrais;

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Iohanny de Oliveira Barbosa
Psicóloga CRP 03/26944 | E-mail: psi.iohanny@gmail.com | (74) 999824550
 Genética – TOC pode ter um componente genético, mas genes específicos ainda não foram
identificados;
 Meio Ambiente – Alguns fatores ambientais, como infecções, são sugeridos como
desencadeantes do TOC, mas são necessárias mais pesquisas.

De uma maneira geral, compreende-se que o transtorno de personalidade obsessivo compulsiva é


uma manifestação de um conjunto de fatores, desde características hereditárias ao estilo de vida,
estrutura familiar e exposição a situações de estresse.

Fatores de risco
Há alguns fatores que podem aumentar o risco de desenvolver ou desencadear transtorno
obsessivo-compulsivo:

 História de família – Ter pais ou outros membros da família com o distúrbio pode
aumentar o risco de desenvolver o TOC;
 Eventos de vida estressantes – Se você passou por eventos traumáticos ou estressantes,
seu risco pode aumentar. Esta reação pode, por algum motivo, desencadear os pensamentos
intrusivos, rituais e aflição emocional característicos do TOC;
 Outros transtornos mentais – O TOC pode estar relacionado a outros transtornos
mentais, como transtornos de ansiedade, depressão, abuso de substâncias ou transtornos de
tiques.

Sinais e sintomas do Transtorno Obsessivo


Compulsivo
O TOC é um transtorno complexo e heterogêneo, pois pode se manifestar através de uma grande
variedade de sintomas.

Entre os principais sintomas obsessivos-compulsivos, temos:

Obsessões: alterações do pensamento


Obsessões são pensamentos intrusivos, ou seja, que surgem de forma repentina e sem controle
algum. Tais pensamentos causam grande ansiedade, pois exigem da pessoa que os têm que faça
algo para aliviar a angústia associada a eles. Assim, sendo a autocompaixão de quem sofre de
obsessões é afetada. Alguns exemplos de obsessões são:

 Dúvidas e a necessidade de ter certeza;


 Preocupação excessiva com sujeira, germes ou contaminação;
 Pensamentos, cenas ou impulsos indesejáveis e impróprios relacionados a sexo;
 Preocupação com simetria, exatidão, ordem, sequência ou alinhamento;
 Pensamentos supersticiosos com números especiais, cores de roupa, datas e horários que
podem causar desgraças.

Compulsões: alterações do comportamento


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Compulsão é um ato, muitas vezes de caráter ritualístico, que é feito para a pessoa no intuito de
aliviar algum sofrimento mental. As compulsões podem ser geradas por exigências mentais –
obsessões – ou até mesmo traumas do passado. Alguns exemplos de compulsões são:

 Rituais e repetições;
 Indecisão;
 Lentidão para realizar tarefas;
 Aflição;
 Medo;
 Culpa.

Classificação e tipos de TOC


De fato, o TOC é uma condição complexa que muitas vezes não é simples para se diagnosticar.

A fim de nortear os profissionais da saúde para estabelecerem um diagnóstico preciso e, por


tabela, orientar o melhor tratamento para cada caso, foram definidos 2 subtipos principais da
condição. São eles:

 Transtorno obsessivo-compulsivo subclínico: as obsessões e rituais se repetem com


frequência, mas não atrapalham a vida da pessoa;
 Transtorno obsessivo-compulsivo propriamente dito: as obsessões persistem até o
exercício da compulsão que alivia a ansiedade.

Diferente do transtorno de personalidade obsessiva-compulsiva, os subtipos de TOC podem ser


diagnosticados previamente aos 18 anos.

Além disso, o TOC pode ser classificado de acordo com os sintomas apresentados pelo paciente,
destacando-se principalmente:

1) Medo de contaminação – esse subtipo aumentou no contexto delicado de saúde que se vive
hoje por conta da pandemia da COVID-19. Embora seja importante higienizar bem as mãos, uma
pessoa que sofre dessa condição pode lavar suas mãos dezenas de vezes em poucos minutos;

2) Simetria – nesses casos, o paciente imagina que a desorganização pode ter consequências
muito negativas como a morte de um ente querido ou até mesmo danos à sua própria vida;

3) Pensamentos proibidos – abarca as obsessões relaciondas à agressão, sexo, religião e a temas


considerados tabus;

4) Compulsões de checagem – por exemplo, o medo do vazamento de gás leva a checagem


compulsiva do fogão;

5) Tiques – geralmente tem forte ligação com vivência da fase infantil, podendo ser tiques ligados
à ordem, posição ou classificação.

História real
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Conheça o relato real de uma pessoa que conviveu e superou o TOC:

“Aos 20 anos comecei a apresentar comportamentos que fugiam da normalidade. Uma


preocupação exagerada com doença e lavava muito as mãos. No início dos anos 90 se sabia
muito pouco ainda sobre o TOC. Fiz psicoterapia com psicólogos renomados e não obtive
resultado.

Na época, eu queria muito morar fora e como diminuí os rituais tive uma melhora mas não a
cura.

Anos depois, de volta ao meu país tive uma crise muito forte. Tinha medo de tudo. Ficava tendo
pensamentos que me deixavam agoniada e rituais para aliviá-los. Tinha medo de fazer planos
para a semana seguinte porque estava muito doente.

Procurei ajuda na psicoterapia e tomei remédio. Ainda me lembro da primeira vez que estive com
a Lidiane Pontes. Estava amedrontada e muito sofrida. Ela me fez compreender como era o
processo do TOC.

Eu fui melhorando, dia após dia. Me espelhei na recuperação da Luciana Vendramini. Se ela
conseguiu, eu também iria conseguir. Eu sempre agradecia a Lidiane pela minha recuperação,
mas ela dizia que 60% do sucesso do tratamento era do paciente, 40% do psicólogo.

Eu agradeço a ela por me possibilitar ter uma vida normal. É muito libertador ter uma vida sem
medos. Se ainda tenho esses pensamentos? Muito raramente [pois] identifico logo que é do TOC.
Eles passam sem me trazer sofrimento. Vida normal, trabalho, estudo, em família, esportes, lazer.
Você também vai conseguir vencer essa doença”. S, 45 anos

Medo de pedir ajuda


Como pode ver, apesar de causar grande incapacitação na vida da pessoa, procurar ajuda e
tratamento pode trazer resultados incríveis.

Mas, infelizmente, isso nem sempre acontece por inúmeras razões:

 As pessoas acham que ninguém irá compreendê-los;


 Não se dão conta de que os seus comportamentos repetitivos, popularmente considerados
“manias” são, na verdade, sintomas do TOC;
 Sentem vergonha dos seus rituais, que eles mesmos reconhecem como inapropriados;
 Medo dos seus pensamentos recorrentes e persistentes, “ruins” e invasivos;
 Sentem culpa por imaginar que podem ser pessoas más, que podem vir a por em prática as
imagens ou impulsos absurdos.

Como identificar uma pessoa com Transtorno


Obsessivo Compulsivo?
A dúvida sobre ter ou não o transtorno pode surgir quando você se vê tendo pequenas manias e

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preferências de atitude na sua rotina.

Em geral, apenas um especialista pode identificar e interferir propondo um tratamento, mas você
pode considerar alguns aspectos para se compreender como tendo ou não o TOC.

Especialistas garantem que ter pequenas manias de organização, e de escolhas por caminhos e
meios de executar uma função é normal; passa a ser um transtorno obsessivo-compulsivo quando
se transforma em um ritual, que toma tempo, gere angústia, desistência de compromissos e atrasos
constantes.

Tratamentos para Transtorno Obsessivo


Compulsivo
É possível tratar o TOC e especialistas poderão ajudá-lo com tratamentos efetivos que aliviam o
seu sofrimento e que, dependendo do caso, podem levar à remissão parcial ou total dos sintomas,
além de ensiná-lo estratégias que poderão auxiliá-lo a prevenir eventuais recaídas.

Os principais PROFISSIONAIS que tratam o TOC são:

 Clínicos-gerais;
 Neurologistas;
 Psiquiatras;
 Psicólogos;
 Pediatras, no caso do transtorno aparecer em crianças.

O conjunto dessas especialidades ou de algumas dessas categorias médicas, irão avaliar quais são
os melhores tipos de tratamento para cada caso e nível do transtorno. Por exemplo, algumas
possibilidades de tratamento específicos para o TOC estão:

Medicamentos: remédios psicotrópicos são boas opções para tratar a maior parte dos transtornos
obsessivos-compulsivos. A principal classe é a dos antidepressivos inibidores da recaptação de
serotonina, que permitem, sobretudo em doses mais elevadas, atuar diretamente na redução dos
sintomas da condição;

MANEJO COM A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL


A Terapia cognitivo-comportamental é uma abordagem bastante prática orientada por
psicólogos que faz com que o paciente reconheça os ambientes e situações que funcionam como
gatilhos para deflagrar os tiques e respostas que trazem prejuízos. Em poucas sessões, costuma-se
ter ganhos interessantes para a qualidade de vida.

O tratamento será individualizado, mas você provavelmente precisará de medicação e terapia.

A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é considerada o método mais eficaz de tratamento do

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do transtorno obsessivo compulsivo.

A TCC é um tipo de psicoterapia que aborda a relação de pensamentos, sentimentos e


comportamentos. Um terapeuta irá ajudá-lo a ajustar seus pensamentos para afetar suas ações.

A prevenção de exposição e resposta (ERP ou EX / RP) é um tipo de TCC no qual o terapeuta


gradualmente expõe você a algo que teme, a fim de melhorar suas habilidades de enfrentamento.
Com o aumento da exposição e da prática, você obterá mais controle sobre como responder.

Se você corre o risco de se machucar, tem pensamentos ilusórios ou psicose devido a outras
condições, a hospitalização pode ser benéfica.

1. Levantamento da história de vida;


2. Fazer prioritariamente E AOS POUCOS a CONCEITUAÇÃO COGNITIVA;
3. Implementar o modelo cognitivo (situação, pensamento, reação);
4. Iniciar a aplicação do RPD;
5. Identificar a crença central, através da tríade cognitiva (visão de si; visão do outro e do
meu mundo; visão do futuro);
6. Identificar os padrões de pensamentos automáticos em relação a si mesmo;
7. Refutar os pensamentos automáticos (busca de evidências);
8. Trabalhar a distorção cognitiva (comparação injusta que faz perante si e o outro – retomar
o equilíbrio).
9. Trabalhar as regras (Se eu não...)
10. Identificar suas potencialidades;
11. Criar uma autoimagem mais próxima de quem ele/ela é;
12. Propor soluções | Qual o melhor resultado pra si, qual o corpo idealizado por você;
Trabalhando a aceitação;

TÉCNICAS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL


1. Psicoeducação;
2. Questionamento socrático;
3. RPD
4. MODELO COGNITIVO;
5. EPR INTENSIVA: O programa de tratamento intensivo inclui quatro fases: coleta de
informações; EPR intensiva; visita domiciliar; manutenção e prevenção à recaída

ESCALAS

Escala Obsessivo-Compulsiva de Yale-Brown: Esta lista inclui 54 obsessões e compulsões


comuns, agrupadas por tema. Há também uma versão especificamente para crianças.

O médico classifica obsessões e compulsões em uma escala de 0 a 25, de acordo com a gravidade.
Uma pontuação total de 26 a 34 indica sintomas moderados a graves, e 35 ou acima indica
sintomas graves.

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