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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Transtorno
obsessivo -
compulsivo
e transtornos relacionados

Aline de Souza Araújo


Aline Lima Carvalho
Gabriela Rodrigues Paulino
Luciana Cecília Ferraz dos Santos
DSM-5 TR - Manual Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais
Transtorno Obsessivo- Compulsivo
e Transtornos Relacionados
● Transtorno obsessivo-compulsivo;
● Transtorno dismórfico corporal;
● Transtorno de acumulação;
● Tricotilomania;
● Transtorno de escoriação;
● Transtorno obsessivo-compulsivo e transtorno relacionado por
substância/medicamento;
● Transtorno obsessivo-compulsivo e transtorno relacionado devido a outra
condição médica;
● Outro transtorno obsessivo-compulsivo e transtorno relacionado
especificado;
● Transtorno obsessivo-compulsivo e transtorno relacionado não especificado.
TOC E DSM
● DSM-4 - Publicado em 1994
TOC estava no grupo dos transtornos ansiosos
DSM-5 - Publicado em 2013
TOC foi realocado para capítulo específico
DSM-5 TR - Publicado em 2023
Contém revisões e acréscimo de informações
Por que incluir um capítulo sobre os transtornos
obsessivo-compulsivos e transtornos relacionados
no DSM-5?
● Reflexo de crescentes evidências da relação desses
transtornos entre si em termos de uma gama de validadores
diagnósticos;
● Utilidade clínica de agrupá-los em um mesmo capítulo;
● Possíveis sobreposições existentes entre os transtornos num
mesmo indivíduo;
● Diferenças importantes nos validadores diagnósticos e nas
abordagens de tratamento entre esses transtornos.
Transtorno Obsessivo-Compulsivo
Critérios diagnósticos
● A - Presença de obsessões, compulsões ou ambas:
○ Obsessões: Pensamentos, impulsos ou imagens
recorrentes e persistentes que são vivenciados como
intrusivos e indesejados. Causa acentuada ansiedade ou
sofrimento. O indivíduo tenta ignorar ou suprimir essas
obsessões com algum outro pensamento ou ação,
executando uma compulsão.
Transtorno Obsessivo-Compulsivo
Critérios diagnósticos

○ Compulsões: Comportamentos repetitivos (lavar as mãos,


organizar, verificar) ou atos mentais (orar, contar ou
repetir palavras em silêncio) excessivos que o indivíduo se
sente compelido a executar em resposta a uma obsessão.
Eles visam a prevenir ou reduzir a ansiedade ou o
sofrimento e evitar algum evento ou situação temida.
Transtorno Obsessivo-Compulsivo
Critérios diagnósticos
● B - As obsessões ou compulsões tomam tempo (mais de uma
hora por dia) ou causam sofrimento clinicamente significativo
ou prejuízo no funcionamento social, profissional, etc.
● C - Os sintomas obsessivo-compulsivos não se devem aos
efeitos fisiológicos de uma substância (droga de abuso,
medicamentos) ou a uma condição médica.
● D - A perturbação não é mais bem explicada pelos sintomas
de outro transtorno mental.
Especificadores
Os indivíduos com TOC variam no grau de insight que têm
quanto à exatidão de suas crenças subjacentes aos seus
sintomas obsessivo-compulsivos;
O insight pode variar em um indivíduo durante o curso da
doença;
Insights mais pobres foram vinculados à pior evolução no
longo prazo;
Até 30% dos indivíduos com TOC têm um transtorno de
tique ao longo da vida.
Características associadas
Indivíduos com TOC…
● Relatam fenômenos sensoriais (até 60%);
● Experimentam ansiedade acentuada que pode incluir ataques de pânico
recorrentes;
● Sentem incompletude ou inquietação enquanto executam as
compulsões até que as coisas pareçam perfeitas;
● Evitam pessoas, lugares e coisas que desencadeiam obsessões e
compulsões;
● Possuem crenças disfuncionais, como por exemplo um senso
aumentado de responsabilidade e a tendência a superestimar ameaças.
Prevalência
A prevalência de 12 meses do TOC nos Estados
Unidos é de 1,2%;
Dados semelhantes em outros países: Canadá, Porto
Rico, Alemanha, Taiwan, Coreia e Nova Zelândia
possuem prevalência entre 1,1% e 1,8%;
Mulheres são afetadas em uma taxa ligeiramente
mais alta do que homens na idade adulta, embora os
homens sejam mais comumente afetados na
infância.
Desenvolvimento e curso
(Dados dos EUA)
● A idade média de início do TOC é de 19,5 anos, e 25% dos
casos começam por volta dos 14 anos de idade, início após os
35 anos é incomum, mas ocorre;
● Homens têm início do transtorno mais precoce do que
mulheres: cerca de 25% deles têm o TOC antes dos 10 anos;
● O início dos sintomas é tipicamente gradual, porém, um início
agudo também pode ocorrer;
Desenvolvimento e curso
(Dados dos EUA)

● Quando o TOC não é tratado, seu curso é, em geral, crônico,


com os sintomas tendo aumentos e diminuições de
intensidade;
● O início na infância ou adolescência pode fazer o TOC
permanecer durante a vida inteira.
Fatores de risco e prognóstico
Temperamentais: mais Ambientais: eventos
sintomas internalizantes, perinatais adversos,
afetividade negativa mais nascimento prematuro,
alta e inibição do mãe usar tabaco durante a
comportamento na gravidez, abuso físico e
infância são possíveis sexual na infância.
fatores de risco
temperamentais.
Fatores de risco e prognóstico
Genéticos e fisiológicos: a taxa de TOC entre parentes de
primeiro grau de adultos com o transtorno é duas vezes a de
parentes de primeiro grau daqueles sem o transtorno. No
caso de parentes de primeiro grau de indivíduos com TOC
que teve início na infância ou adolescência, essa taxa é
aumentada 10 vezes. Transmissão familiar se deve por
fatores genéticos. Disfunções no córtex orbitofrontal, córtex
cingulado anterior e corpo estriado têm sido fortemente
implicadas, assim como outras alterações no cérebro.
Questões diagnósticas relativas à cultura
TOC ocorre em todo o mundo;
Existem semelhanças substanciais entre as culturas na
distribuição por gênero, idade de início e comorbidade
do transtorno;
Em todo o globo existe uma estrutura de sintomas
similares envolvendo limpeza, simetria, acúmulo,
pensamentos tabus ou medo de danos;
Existem variações regionais na expressão dos sintomas, e
os fatores culturais podem moldar o conteúdo das
obsessões e compulsões.
Questões diagnósticas relativas ao sexo e
gênero
● Homens têm idade de início mais precoce e maior probabilidade de
ter transtornos de tique comórbidos;
● Início de tratamento em meninas é mais comum na adolescência;
● Entre adultos, o TOC é levemente mais comum em mulheres;
● Diferenças de gênero no padrão das dimensões dos sintomas
foram relatadas. Exemplo: A mulher tem mais probabilidade de
apresentar sintomas da dimensão de limpeza, enquanto homens
apresentam sintomas das dimensões de pensamentos proibidos e
simetria.
Associação com pensamentos
ou comportamentos suicidas
Revisão da literatura de múltiplos países:
● Taxa média de tentativas de suicídio ao
longo da vida: 14,2%
● Taxa média de ideação suicida ao longo
da vida: 44,1%
● Taxa média de ideação suicida atual:
25,9%
Associação com pensamentos
ou comportamentos suicidas
Estudo transversal de 582 pacientes ambulatoriais
com TOC no Brasil:
● Pensamentos suicidas ao longo da vida: 26%
● Fez planos suicidas: 20%
● Realizou tentativa de suicídio: 11%
● Apresentava pensamentos suicidas atuais: 10%
Consequências funcionais do TOC
O TOC está associado a uma qualidade de
vida reduzida, assim como a altos níveis de
prejuízo social e profissional. O prejuízo
ocorre em muitos domínios diferentes da
vida, está associado à gravidade do sintoma
e pode ser causado pelo tempo gasto em
obsessões e na execução de compulsões.
Consequências funcionais do TOC
Esquiva de situações e relações que
desencadeiam obsessões/compulsões;
Obsessões sobre simetria podem inviabilizar
a conclusão apropriada de atividades;

Preocupações com contaminações podem


gerar problemas dermatológicos.
Diagnóstico diferencial
Transtornos com características similares ao TOC:
● Transtorno de ansiedade;
● Transtorno depressivo maior;
● Transtornos alimentares;
● Tiques (no transtorno do tique) e movimentos
estereotipados;
● Transtornos psicóticos;
● Outros comportamentos do tipo compulsivo;
● Transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva.
Comorbidade
Os indivíduos com TOC frequentemente têm outra psicopatologia.
● 76% têm diagnóstico de transtorno de
ansiedade;
● 63% têm um transtorno depressivo ou
bipolar;
● 39% têm transtornos por uso de
substâncias;
● 56% têm transtorno do controle de
impulsos.
Vários transtornos
obsessivo-compulsivos e
transtornos relacionados, incluindo
transtorno dismórfico corporal,
tricotilomania e transtorno de
escoriação, também ocorrem mais
frequentemente em indivíduos
com TOC do que naqueles sem.
Um pouco mais sobre o TOC

https://www.youtube.com/watch?v=0ElWtrJ1OBc
Transtorno Dismórfico Corporal
Critérios diagnósticos
● A - Preocupação com um ou mais defeitos ou falhas percebidas na
aparência física que não são observáveis ou que parecem leves
para os outros.
● B - Em algum momento durante o curso do transtorno, o indivíduo
executou comportamentos repetitivos (p.ex. Verificar-se no
espelho, arrumar-se excessivamente, beliscar a pele, buscar
tranquilização) ou atos mentais (p.ex., comparando sua aparência
com a dos outros) em resposta às preocupações com a aparência.
Transtorno Dismórfico Corporal
Critérios diagnósticos
● C - A preocupação causa sofrimento clinicamente
significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional
ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
● D - A preocupação com a aparência não é mais bem
explicada por preocupações com a gordura ou o peso
corporal em um indivíduo cujos sintomas satisfazem os
critérios diagnósticos para um transtorno alimentar.
Características associadas
Indivíduos com transtorno dismórfico corporal…
● Acreditam que as pessoas prestam atenção e caçoam
deles devido a aparência;
● Possuem altos níveis de ansiedade, ansiedade social,
esquiva social, humor deprimido, neuroticismo e
perfeccionismo, além de baixa extroversão e autoestima;
● Possuem tendências maiores de apresentar hostilidade e
comportamento agressivo;
Características associadas
Indivíduos com transtorno dismórfico corporal…
● Envergonham-se de sua aparência e preocupam-se
excessivamente com isso, mas relutam em compartilhar
tais preocupações;
● Muitos fazem tratamentos estéticos, principalmente
dermatológicos e cirurgias, mas por vezes isso piora o
transtorno pois eles não se satisfazem com o resultado;
● Podem realizar cirurgias em si mesmos;
Características associadas
Indivíduos com transtorno dismórfico corporal…
● Apresentam anormalidade no reconhecimento de
emoções, na atenção e no funcionamento executivo;
● Interpretam de forma imprecisa e enviesada as
informações e situações sociais;
● Apresentam anormalidades no processamento visual,
analisando detalhes ao invés de aspectos holísticos ou
configuracionais dos estímulos visuais.
Prevalência
● A prevalência num estudo epidemiológico
norte-americano entre adultos foi de 2,4% (2,5% em
mulheres e 2,2% em homens);
● Fora dos EUA a prevalência pontual era de 1,7% a 2,9%,
com distribuição entre os gêneros similar à dos EUA;
● Entre adolescentes e estudantes universitários as taxas
prevalecem entre o sexo feminino;
Prevalência
● Prevalência pontual de 11 a 13% entre pacientes de
dermatologia;
● 13 a 15% entre pacientes de cirurgias cosméticas gerais;
● 20% entre pacientes de cirurgia de rinoplastia;
● 11% entre pacientes adultos de cirurgias de correção da
mandíbula;
● 5 a 10% entre adultos pacientes de ortodontia
cosmética.
Transtorno de Acumulação
Critérios diagnósticos
● A - Dificuldade persistente de descartar ou de se
desfazer de pertences, independentemente do seu
valor real.
● B - Essa dificuldade se deve a uma necessidade
percebida de guardar os itens e ao sofrimento
associado a descartá-los.
Transtorno de Acumulação
Critérios diagnósticos
● C - A dificuldade de descartar os pertences resulta na
acumulação de itens que congestionam e obstruem as
áreas em uso e compromete substancialmente o uso
pretendido. Se as áreas de estar não estão obstruídas,
é somente devido a intervenções de outras pessoas
(p.ex., membros da família, funcionários de limpeza,
autoridades).
Transtorno de Acumulação
Critérios diagnósticos
● D - A acumulação causa sofrimento significativo ou prejuízo
no funcionamento social, profissional ou em outras áreas
importantes da vida do indivíduo (incluindo a manutenção
de um ambiente seguro para si e para os outros.
● E - A acumulação não é devida a outra condição médica
(p.ex., lesão cerebral, doença cardiovascular, síndrome de
Prader-Willi).
Transtorno de Acumulação
Critérios diagnósticos
● F - A acumulação não é mais bem explicada pelos
sintomas de outro transtorno mental (p.ex., obsessões no
transtorno obsessivo-compulsivo, energia reduzida no
transtorno depressivo maior, delírios na esquizofrenia ou
outro transtorno psicótico, déficits cognitivos no
transtorno neurocognitivo maior, interesses restritos no
transtorno do espectro autista.
Características associadas
Indivíduos com transtorno de acumulação…
● Apresentam características como indecisão, perfeccionismo,
esquiva, procrastinação, dificuldade de planejar e organizar
tarefas e distraibilidade;
● Podem viver em condições insalubres em consequência dos
espaços obstruídos e da dificuldade de organização;
● Alguns apresentam um quadro de acumulação de animais,
sem oferecer cuidados básicos nem agir sobre a condição
deteriorante dos animais e do ambiente.
Prevalência
● Não há estudos nacionalmente representativos;
● Nos EUA e Europa estudos comunitários apontam
prevalência pontual de aproximadamente 1,5 a 6%;
● Metanálise de 12 estudos em países de renda alta: prevalência
de 2,5% sem diferenças entre gêneros;
● Em amostras clínicas, a predominância é em mulheres;
● Um estudo populacional nos Países Baixos aponta
prevalência 3x maior em pessoas idosas (mais de 65 anos) do
que em adultos jovens (entre 30 e 40 anos).
Tricotilomania (Transtorno de arrancar o cabelo)
Critérios diagnósticos
● A - Arrancar o próprio cabelo de forma recorrente,
resultando em perda de cabelo.
● B - Tentativas repetidas de reduzir ou parar o
comportamento de arrancar o cabelo.
● C - O ato de arrancar o cabelo causa sofrimento clinicamente
significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional
ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
Tricotilomania (Transtorno de arrancar o cabelo)
Critérios diagnósticos
● D - O ato de arrancar cabelo ou a perda de cabelo não se
deve a outra condição médica (p.ex., uma condição
dermatológica).
● E - O ato de arrancar cabelo não é mais bem explicado
pelos sintomas de outro transtorno mental (p.ex.,
tentativas de melhorar um defeito ou falha percebidos
na aparência, no transtorno dismórfico corporal).
Características associadas
● Às vezes apresentam rituais para arrancar o cabelo,
escolhendo um tipo exato de pelo para arrancar, fazê-lo de
uma forma específica e/ou manipulá-lo de certa maneira
após arrancar;
● O ato pode ser precedido ou acompanhado de sentimentos
de ansiedade, tensão, tédio, gratificação e alívio;
● Alguns arrancam o fio de forma automática e outros de
forma mais consciente, ou uma mistura de ambos;
Características associadas
● Podem experienciar a sensação de coceira ou
formigamento no couro cabeludo, aliviada pelo ato de
arrancar cabelo;
● Geralmente não sentem dor no ato;
● Podem apresentar diversos padrões de perda de
cabelos, desde regiões específicas, cílios,
sobrancelhas, nuca, até a calvície completa;
Características associadas
● Geralmente não arrancam cabelos em público,
somente na presença da família imediata;
● Tentam fazer de forma velada ou compensar
arrancando pelos de animais, materiais fibrosos, etc.;
● A maioria apresenta um ou mais comportamentos
repetitivos focados no corpo, como beliscar a pele,
roer as unhas e morder os lábios.
Prevalência
● Pesquisa online com mais de 10000 adultos com
idades entre 18 e 69 anos nos EUA;
● 1,7% tem o transtorno atualmente.
● Prevalência de 12 meses para tricotilomania em
adultos e adolescentes é de 1% e 2% em amostras
não representativas;
Prevalência
● Mulheres são mais frequentemente afetadas do que
homens, numa proporção de 10:1 ou mais em
amostras clínicas;
● Em amostras comunitárias, a proporção de gênero
pode ser mais próxima de 2:1;
● Entre crianças com tricotilomania, meninos e
meninas estão igualmente representados.
Transtorno de escoriação (skin-picking)
Critérios diagnósticos
● A - Beliscar a pele de forma recorrente, resultando em
lesões.
● B – Tentativas repetidas de reduzir ou parar o
comportamento de beliscar a pele.
● C - O ato de beliscar a pele causa sofrimento clinicamente
significativo ou prejuízo no funcionamento social,
profissional ou em outras áreas importantes da vida do
indivíduo.
Transtorno de escoriação (skin-picking)
Critérios diagnósticos
● D - O ato de beliscar a pele não se deve aos efeitos
fisiológicos de uma substância (p.ex., cocaína) ou a outra
condição médica (p.ex., escabiose).
Transtorno de escoriação (skin-picking)
Critérios diagnósticos
● E - O ato de beliscar a pele não é mais bem explicado pelos
sintomas de outro transtorno mental (p.ex.,delírios ou
alucinações táteis em um transtorno psicótico, tentativas
de melhorar um defeito ou falha percebida na aparência no
transtorno dismórfico corporal, estereotipias no transtorno
do movimento estereotipado ou intenção de causar danos
a si mesmo na autolesão não suicida).
Características associadas
● Às vezes apresentam rituais envolvendo a ferida/pele,
escolhendo um tipo particular de casca para arrancar e
manipulando a pele de diversas formas depois disso
● O ato pode ser precedido ou acompanhado de
sentimentos de ansiedade, tensão, tédio, gratificação e
alívio;
● Alguns beliscam devido a pequenas irregularidades na
pele ou para aliviar sensações corporais de desconforto;
Características associadas
● Alguns arrancam a casca de forma automática e
outros de forma mais focada, ou uma mistura de
ambos;
● Geralmente não se beliscam na presença de outros
indivíduos, somente de membros da família imediata;
● Alguns beliscam a pele de outras pessoas;
● Não relatam dores no ato de beliscar a pele.
Prevalência
● Pesquisa online com mais de 10000 adultos com
idades entre 18 e 69 anos nos EUA;
● 2,1% tem o transtorno atualmente;
● 3,1% tiveram o transtorno ao longo da vida;
● Mais de ¾ dos indivíduos afetados são do sexo
feminino.
Outros tipos de transtornos
obsessivo-compulsivos
● Transtorno obsessivo-compulsivo e transtorno
relacionado por substância/medicamento;
● Transtorno obsessivo-compulsivo e transtorno
relacionado devido a outra condição médica;
● Outro transtorno obsessivo-compulsivo e transtorno
relacionado especificado;
● Transtorno obsessivo-compulsivo e transtorno
relacionado não especificado.
Domínios neuropsicológicos alterados
no TOC
● Os resultados não são
congruentes da literatura.
● Déficits mais encontrados:
habilidades
visuoespaciais, memória
não-verbal, velocidade de
processamento, inibição
de resposta e fluência
verbal.
Metanálise: 115 estudos com 3452
pacientes adultos
Pior desempenho cognitivo em todos os domínios e
subdomínios neuropsicológicos:
Tamanhos de efeito de médio a grande: memória
episódica (verbal e visuoespacial);
Efeito médio: atenção, funções executivas e
velocidade de processamento;
Pequeno: memória de trabalho e habilidades
visuoespaciais.
Metanálise: 3070 pacientes
Pior desempenho cognitivo em:
Memória visuoespacial;
Funções executivas;
Memória;
Fluência verbal;
Capacidade de recordar estímulos visuais e
complexos (habilidade mais prejudicada).
Metanálise: 110 estudos com
3162 pacientes e 3152 controles
Apenas estudos com desfechos relacionados a
funções executivas.
Pior desempenho na maior parte das medidas;

Tamanho de efeito médio.


Hipótese na literatura para os resultados
das metanálises
Pacientes com TOC podem ter menor velocidade de
processamento, logo o desempenho em testes que
envolvem tempo estaria prejudicado.
Metanálise envolvendo as dimensões do
TOC e correlato neural
Estudos comparando domínios neuropsicológicos em
pacientes com sintomas distintos.
Desempenho cognitivo em 10 domínios
em pacientes com sintomas de
lavagem/contaminação e checagem

● Checadores não obtiveram melhor desempenho


em nenhum dos domínios;
● Não houve diferença de QI.
Comparação em pacientes com
sintomas de simetria/organização com
checagem

Piores resultados dos pacientes com sintomas de


simetria/organização nos domínios: atenção,
habilidade visuoespacial e memória operacional
verbal.
24 revisões sistemáticas e
metanálises: marcadores biológicos
ou cognitivos no TOC
● 27 marcadores com algum nível de evidência;
● Habilidades visuoespaciais (nível de evidência
1);
● Memória não-verbal, velocidade de
processamento, inibição e fluência verbal
(nível de evidência 2).
TOC e QI
● Freud e “O homem dos ratos” (1909);
● Metanálise em 2018: Menor desempenho
em QI total e verbal (efeito pequeno) e QI
de execução (efeito médio). Porém os
resultados permanecem na média entre 90
e 110.
O desempenho cognitivo é um traço do
transtorno ou está relacionado à
gravidade dos sintomas?
● Estudos com controvérsias;
● Algumas funções apresentam papéis distintos:
como traço e como estado-relacionado.
● Ambas podem existir ao mesmo tempo.
Melhoram ao longo do tempo (estado) mas
ainda apresentariam dificuldades (traço).
Intervenções sobre os déficits
cognitivos e tratamento
● Treino cognitivo pode ajudar mas não há um
protocolo de reabilitação;
● Inibidores seletivos de recaptura de
serotonina;
● Terapia cognitivo-comportamental (TCC).
Diário de sintomas ou mapa da TCC

Data Horário Local ou O que passou O que fiz ou O quanto


situação pela minha evitei me
cabeça perturbou

22/1 15h No shopping Está muito sujo, Peguei um 3


ao ir ao posso pegar uma papel para abrir
banheiro doença a torneira, lavei
excessivamente
as mãos
Formulário para registro de pensamentos
disfuncionais
Registro de pensamentos disfuncionais (RPD) ou Modelo ABC
Data A - Situação B - Pensamentos C- Crenças
ativadora automáticos Consequências disfuncionais
(o que senti e o
que fiz)

22/1 Ao sair de casa Minha casa pode Medo, aflição. Excesso de risco e
inundar Verifiquei as responsabilidade
torneiras.
22/1 Entrega do Deve ter muitas Dúvida, aflição. Perfeccionismo
trabalho de falhas Refiz o trabalho.
conclusão
Caso clínico
● Rafaela, 10 anos, 5° ano do ensino fundamental
em escola particular;
● Na escola se comporta bem e em casa é
agressiva com os pais e o irmão.
Caso clínico

Sintomas:
● Pensamentos agressivos e imagens violentas
intrusivas de corpos desmembrados, esqueletos e
sangue;
● “Just right”;
● Dificuldade escolar em matemática e se recusava
a fazer lição de casa.
Caso clínico
Rituais:
● Confessar para seus pais por horas o que
pensava;
● Pais e irmão terem que falar palavras em jeitos
específicos várias vezes.
● Pais e irmão terem que repetir atos como andar
para frente e para trás, tocar em objetos ou
entrar e sair do seu quarto.
Caso clínico
Tratamento e diagnóstico aos 5 anos
● Transtorno neuropsiquiátrico pediátrico
autoimune associado à infecções
estreptocócias;
● Tratamento medicamentoso com penicilina e
terapia TCC.
Caso clínico
Diagnóstico aos 10 anos
● TOC grave;
● TOD;
● Pior funcionamento em habilidades
visuoespaciais, memória não verbal,
planejamento, velocidade de processamento e
funções executivas (exceto organização);
Caso clínico
● Desempenho acima da média em leitura e típico
em escrita;
● Dificuldades em matemática.
Tratamento
● Terapia TCC usando técnicas ERP e manejo do
comportamento parental;
● Redução da acomodação familiar nos rituais.
Indicações

TOC TOC Tartarugas até lá embaixo


Filme da Netflix Livro escrito por John Green
Famosos com TOC

Penélope Cruz Cameron Diaz Roberto Carlos


Atriz Atriz Cantor

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