Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
TERAPIA COGNITIVO-
COMPORTAMENTAL –
ANSIEDADE SOCIAL,
ANSIEDADE GENERALIZADA E
FOBIAS
2
TEMA 1 – CRITÉRIOS, DIAGNÓSTICOS, SINTOMAS E COMORBIDADES NO
TOC
3
As obsessões ou compulsões tomam tempo (mais de uma hora por dia) ou
causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento
social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
Os sintomas obsessivo-compulsivos não se devem aos efeitos fisiológicos
de uma substância (droga de abuso, medicamento) ou outra condição
médica.
A perturbação não é mais bem explicada pelos sintomas de outro
transtorno mental (preocupações excessivas, como no transtorno de
ansiedade generalizada; preocupação com a aparência, transtorno
dismórfico corporal; dificuldade de descartar ou se desfazer de pertences,
como no transtorno de acumulação; arrancar os cabelos, como na
tricotilomania [transtorno de arrancar o cabelo; beliscar a pele, como no
transtorno de escoriação (skin-picking); estereotipias, como no transtorno
de movimento estereotipado; comportamento alimentar ritualizado como
nos transtornos alimentares; preocupação com substâncias ou jogo, como
nos transtornos relacionados a substâncias e transtornos aditivos;
preocupação com ter uma doença, como no transtorno de ansiedade de
doença; impulsos ou fantasias sexuais, como nos transtornos parafílicos;
impulsos, como nos transtornos disruptivos, do controle de impulsos e da
conduta; ruminações de culpa, como no transtorno depressivo maior;
inserção de pensamento ou preocupações delirantes, como nos
transtornos do espectro da esquizofrenia e outros transtornos psicóticos;
ou padrões repetitivos de comportamento, como no transtorno do espectro
autista (DMS-5, 2014, p. 237).
4
Em relação à especificação que o DSM-5 traz sobre desordens de tique,
deve-se relacionar se o paciente tem história atual ou passada de transtorno de
tique (DSM-5, 2014). Segundo o DSM-5 (2014, p. 238), 30% dos pacientes com
TOC passam por um transtorno de tique ao longo da vida.
5
escadas; de levar doenças para a família ao entrar em casa com sapatos
ou roupa que vieram da rua.
2. Dúvidas sobre a possibilidade de falhas e necessidades de ter certeza,
como: ter receio de ter ou não trancado a porta quando saiu de casa, se
travou o carro e fechou os vidros quando estacionou, ou se desligou o fogão
quando já estava deitado. Ou ainda: se escreveu algo inconveniente em
um trabalho para a escola ou se compreendeu bem um parágrafo de um
livro ou uma notícia do jornal que estava lendo, isso tudo leva o indivíduo a
fazer verificações repetidas.
3. Pensamentos, impulsos ou imagens indesejáveis e perturbadoras de
conteúdo violento, sexual ou blasfemo, como o pensamento de esgoelar o
filho ao brincar com ele; ter a mente invadida por imagens sexuais
indesejáveis, impróprias e inaceitáveis (como cenas de sexo com
familiares, crianças ou animais); preocupação por ter dito ou pensado algo
que possa ser considerado blasfêmia ou ofensa a Deus.
4. Pensamentos supersticiosos: preocupação de que algo de ruim possa
acontecer se fizer determinado ato certo número de vezes (3, 5, 7), ou se
usar roupas de determinadas cores (vermelho, preto); necessidade de
repetir um certo número de vezes ou de interromper o que estava fazendo
em um horário especifico.
5. Preocupação de que as coisas estejam ordenadas, alinhadas, simétricas
ou no lugar “certo”, como por exemplo: se alguma coisa não está alinhada,
algo ruim pode acontecer; desconforto pelo fato de os objetos não estarem
no lugar “certo” ou por alguém desarrumá-los ou desalinhá-los.
6. Preocupação em armazenar, poupar ou guardar objetos sem utilidade e
dificuldade em descartá-los, guardar papéis, revistas e jornais velhos, notas
fiscais sem validade, objetos estragados (como peças de brinquedos ou de
eletrodomésticos que não tem mais conserto (Cordioli, 2017, p. 11).
6
As compulsões também têm a intenção de afastar ameaças, prevenir
desastres ou possíveis danos a si próprio e a outras pessoas, atentando ao fato
de que esses atos são excessivos. Alguns exemplos de compulsões citados por
Cordioli:
8
Quadro 1 – Outras manifestações no TOC
10
depressão são as ruminações sobre o passado, em que ideias e pensamentos
são pessimistas em relação a si mesmo e ao mundo. Os pacientes depressivos
não fazem tentativas de suprimir seus pensamentos, o que já no caso do TOC,
ocorre (DSM-5, 2014, pg. 242).
A indicação clínica é que seja tratado, primeiramente, o quadro depressivo,
para depois iniciar o processo de psicoterapia para o TOC, pois pacientes
gravemente comprometidos pela comorbidades da depressão têm menos
probabilidade de responder à terapia de ERP (terapia de Exposição e Prevenção
de Rituais), e utilizar a exposição apenas nas obsessões do TOC, e não nas
ruminações depressivas.
Os transtornos de ansiedade são em 76% comórbidos com o TOC, como o
transtorno de pânico, fobia social, TAG e fobia específica (Barlow, 2016; Dms-5,
2014).
11
Alguns pacientes têm crenças sobre as próprias obsessões, e que ao expô-
las, se tornarão reais, como por exemplo: ao falarem sobre suas obsessões de
conteúdo sexual ou agressivo, os indivíduos acometidos pelo TOC ficam receosos
em serem vistos como loucos ou perigosos, outro motivo pelo qual muitos
pacientes não buscam ajuda especializada (Andretta, 2011).
O TOC apresenta os primeiros sintomas no início na adolescência,
precocemente aos 10 anos, sem indícios claros ou até quase imperceptíveis, o
início após os 40 anos é raro. Quando diagnosticado em adultos, atinge homens
e mulheres.
Outra característica sobre o curso do TOC é que, conforme a fase de vida
do indivíduo, algumas obsessões são mais comuns, por exemplo: na infância, a
simetria e o alinhamento; na adolescência, as obsessões sexuais e religiosas;
verificações ou rituais de limpeza na juventude, etc. No geral, os conteúdos das
obsessões mudam ao longo da vida dos indivíduos com TOC.
Em relação às causas responsáveis pelo desenvolvimento do transtorno
obsessivo-compulsivo, não há um único fator determinante sobre a origem do
TOC, porém, alguns fatores de risco podem explicar o surgimento do transtorno,
são eles (Cordioli, 2017, DSM-5, 2014):
12
Nessa parte do estudo sobre o TOC, entenderemos a visão integrada do
modelo da Terapia Cognitivo-Comportamental nos fatores que originam os
sintomas e quais os mecanismos cognitivos (causas psicológicas) fazem a
manutenção do quadro clínico do transtorno obsessivo-compulsivo.
13
4.1.1 Esquema do condicionamento clássico
14
Resposta (EPR), mas não explica como alguns sintomas surgem, dado a
natureza variada dos indícios nos portadores do TOC (Andretta, 2011).
15
condenável quanto cometê-lo, e que isso equivale moralmente a causar o dano,
um exemplo: se eu não verificar a porta, ela pode não ter ficado bem fechada e
se, houver um roubo, a responsabilidade será toda minha.
Intolerância à incerteza ou dificuldade de conviver com dúvidas (indivíduos
com TOC sentem dificuldade em tolerar a ocorrência ou não de eventos negativos
no futuro, e de tolerar a incerteza ou dúvida de terem cometido ou não uma falha
no passado. Alguns exemplos: Será que escrevi algo de errado no e-mail que
mandei para o meu chefe? Será que fechei bem o carro quando estacionei na
rua? Garante que se eu usar essa camiseta preta ninguém vai morrer na minha
família?
A intolerância à incerteza se manifesta em dúvidas e verificações
intermináveis, por checagens mentais como indecisões, protelações; avaliações
errôneas sobre o poder dos pensamentos e a necessidade de controlá-los (aqui a
crença é de que a presença de um simples pensamento indica que ele é
importante ou que pensar em algum evento aumenta a probabilidade de que ele
ocorra ou ainda, que pensar em algo inaceitável ou imoral é tão ruim quanto
praticá-lo, como pensar em um desastre de carro, pode fazê-lo acontecer, ou ter
o pensamento de esgoelar o filho, indica que existe risco de vir a praticá-lo.
O pensamento mágico também é característico nos indivíduos com TOC,
como achar que certas propriedades “maléficas” são transmitidas pelo contato.
Uma roupa tocada por uma pessoa “maligna” pode ficar contaminada para
sempre; perfeccionismo (essa crença está associada à existência de uma solução
perfeita para cada problema e que fazer algo de forma impecável é possível e
necessário), e o indivíduo acredita que mesmo os pequenos erros podem ter
sérias consequências, por exemplo: é possível, então deve ser perfeito; e o fato
de que cada coisa tem o seu lugar.
Essa crença distorcida leva ao comportamento de acordo com regras
rígidas, exibindo um padrão elevado de expectativas, e falhar não é opção. No
TOC, o perfeccionismo está associado à compulsão por limpeza, alinhamento e
simetria, verificações, repetições e postergações, e pela necessidade de fazer
tudo de forma completa ou sem falhas (Cordioli, 2017).
16
4.3 Pensamentos intrusivos
De alguns dias para cá, quando vou trocar as fraldas ou dar banho na
minha filha de 6 meses, passa por minha abeca a ideia de tocar e até de
acariciar seus genitais, o que tem me deixado apavorado. Estou com
muito medo de perder o controle e abusar dela! Por que me ocorre esse
pensamento? Mas como, se nunca me passou isso pela cabeça? Eu a
amo! Ela é um bebe! Estou horrorizado! Devo se uma pessoa má! Posso
ser um pedófilo. Tenho de parar com esses pensamentos, mas não
consigo! Acho que o mais seguro é sair de perto dela, pois posso perder
o controle. Já avisei à minha esposa que não vou mais dar banho e trocar
as fraldas, e ela queria saber o porquê. Preciso rezar para Deus nos
proteger. (Cordioli, 2017, p. 37)
17
Figura 3 – Modelo descritivo da terapia cognitivo-comportamental
18
Essa abordagem é comportamental, e com repetidas exposições às
situações evitadas e na abstenção (prevenção) da execução de rituais (usados
para aliviar sintomas de ansiedade medo), os pacientes aprendem a não
realizarem mais os rituais, e com isso, os medos e obsessões vão desaparecendo
gradualmente. Outro objetivo é a oportunidade, durante as exposições e as
técnicas cognitivas (reestruturar as crenças distorças), testar a realidade dos seus
medos por meio de comprovação de que não existe fundamento e de que são na
verdade, sintomas de uma doença (Cordioli, 2017).
O processo de psicoterapia para tratamento do TOC baseia-se em 8 a 20
sessões breves e focadas (podendo durar de 2 a 6 meses ou até mais),
dependendo do grau de comprometimento dos sintomas do paciente (Cordioli,
2017).
A seguir vamos apresentar uma visão geral do processo de psicoterapia
para o TOC.
As primeiras sessões são de avaliação do paciente para diagnosticar ou
não o TOC: são utilizadas entrevistas padronizadas tais como o DMS-5 e o SCID,
que pretendem identificar os sintomas obsessivo-compulsivos e comorbidades;
investiga-se a também nesse processo inicial a história de vida do paciente, aqui
podem ser aplicadas a conceitualização cognitiva ou outra entrevista para
obtenção do histórico da doença.
Após o diagnóstico, inicia-se as sessões de terapia, em que são utilizados
técnicas para identificação dos sintomas, com o objetivo de identificar como o TOC
se manifesta no perfil do paciente, são usadas as técnicas como a lista de
sintomas do transtorno obsessivo-compulsivo, o diário de sintomas ou mapa do
TOC, a escala Y-BOCS, que pode ser usada para avaliar o grau e auto monitorar
a gravidade dos sintomas no começo e ao longo da terapia (Cordioli, 2017; Rangé,
2011; Andretta, 2011).
Ao fazer a avaliação diagnóstica com os critérios do DSM-5, deve – se
lembrar da especificação do insight (Cordioli, 2017).
A segunda etapa do processo de psicoterapia após as sessões iniciais é
focada na psicoeducação do paciente sobre o TOC e a finalidade é passar
informações ao paciente sobre o transtorno e sobre a TCC. Os principais assuntos
abordados são:
20
Questionamento socrático (busca de explicações alternativas ou racionais,
questionando o pensamento ao invés de aceitá-lo como verdade absoluta;
Técnica das duas teorias (auxilia o paciente a construir e testar uma
explicação alternativa mais coerente e com menos ansiedade para as suas
obsessões);
Cartões de enfrentamento (auxiliam o paciente a ter maior controle sobre
os rituais, duvidas e ruminações obsessivas- são escritas frases em um
cartão que são levados no bolso ou deixados num local de fácil acesso,
com o intuito servir como lembrete ao tentar retomar o controle. Um
exemplo de comportamento- frase: resista aos seus rituais.
Sintomas obsessivo-compulsivos;
TOC e familiares;
Farmacoterapia e TOC;
O uso de algumas das técnicas no tratamento do TOC;
Parte de um caso clínico para exercitar alguns dos conceitos das causas e
desenvolvimento do TOC.
Saiba mais
21
REFERÊNCIAS
22