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UNIVERSIDADE NORTE DO PARANÁ - UNOPAR

DÉBORA PRISCILA DA SILVA GURA


LAÍS GABRIELLA CRUZ BALSAN
OSIAS SILVA
THIAGO BATISTA AGUIAR
VANIA ANGELINA BERNART BASTTISTI

ESTUDO DE CASO DO FILME HEREDITÁRIO COM BASE NA PERSPECTIVA DA


TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

CASCAVEL/PR
2022
INTRODUÇÃO

O estudo de caso a seguir se trata de uma atividade de carga reduzida de estágio, este
tem por objetivo complementar as horas para conclusão do estágio específico I, II e III. Essas
medidas foram aplicadas pela situação da pandemia do COVID-19 onde houve a necessidade
de fazer o distanciamento social dentre outras medidas de segurança.
Dessa forma, o estudo de caso será baseado e pautado no tratamento da TCC - Terapia
Cognitivo-Comportamental, de modo a identificar a psicopatologia e descrever como a TCC
trataria do caso das pessoas que compõem esse grupo familiar. A partir do estudo que está
sendo realizado no estágio e a avaliação do conteúdo do filme Hereditário, foi possível
estabelecer relações entre ambos, pois o filme pode ser observado tanto de uma ótica de filme
de terror quanto pelo olhar de um trabalho que apresenta uma família com um histórico de
transtornos mentais como a depressão, Esquizofrenia e Transtorno de estresse pós-traumático.
A relação de cada pessoa da família ao se deparar com a perda, morte, luto e melancolia
também é um ponto fundamental para compreender o estudo. A Annie sem ter uma boa
relação com a mãe que morre antes de conhecê-la e melhorar a relação, a morte da Charlie
antes da melhora e compreensão do luto anterior, as visões e tentativas de fazer a filha reviver
e sua relação com seu filho mais velho que era indesejado, são situações que narram a
situação familiar e seus aspectos mais complexos de reflexão sobre vida e morte.

SINOPSE
O filme Hereditário, de Ari Aster, lançado em 2018 nos traz um misto de emoções e
diante de situações sobrenaturais e transtornos psicológicos, onde cicatrizes familiares vem à
tona a todo momento da trama. Os principais acontecimentos ocorrem após a morte da avó,
quando se desenrola uma série de acontecimentos em que sua filha Annie interpretada por
Toni Collete marcada por traumas, vive o luto e, e a partir daí vários fenômenos começam a
surgir na casa onde a família mora. 
O filme é marcado por conflitos familiares e mortes, até que no fim, descobre-se que a
avó falecida fazia parte de uma seita demoníaca e o que estava por trás dos acontecimentos
ruins era o demônio Paimon.

ESTUDO DE CASO
Diagnóstico do personagem Peter (filho) - Esquizofrenia

No comportamento: agitação, agressão, automutilação, comportamento compulsivo,


excitabilidade, hiperatividade, hostilidade, isolamento social, movimentos repetitivos,
repetição de palavras sem sentido, comportamento desorganizado, falta de moderação ou
repetição persistente de palavras ou ações.
Na cognição: amnésia, confusão mental, crença de que os pensamentos não são seus,
crença de que um evento comum tem um significado especial e pessoal, delírio,
desorientação, invenção de coisas, lentidão durante atividades, transtorno de pensamento ou
falsa superioridade.
No humor: ansiedade, apatia, descontentamento geral, despersonalização, excitação,
perda de interesse ou prazer nas atividades, raiva ou resposta emocional inadequada.
Sintomas psicológicos: alucinação, delírio persecutório, delírio religioso, depressão,
medo, paranóia, desconfiança ou ouvir vozes.
Na fala: distúrbio da fala, fala circunstancial, fala incoerente ou fala rápida e frenética.

Possíveis intervenções na Terapia Cognitivo-Comportamental:

Psicoeducação:

De acordo com Dobson e Dobson (2011, p.71), ‘’a psicoeducação é algo que se define
como o ensino de princípios e conhecimentos psicológicos relevantes para o cliente’’. Assim,
no caso do personagem Peter, que apresenta uma série de características associadas à
esquizofrenia, o trabalho de psicoeducação poderia focar em explicações sobre os sintomas
presentes no transtorno e quais são os possíveis desdobramentos para o prognóstico. Além
disso, seria importante informar Peter sobre a necessidade de utilizar os medicamentos
apropriados, pois são fundamentais para atenuar os sintomas psicóticos mais graves.

Reestruturação cognitiva:
A reestruturação cognitiva consiste no procedimento de identificar, avaliar e
modificar, quando necessário, os pensamentos automáticos disfuncionais, que são
substituídos por outros padrões de pensamentos mais realistas e adaptativos (WENZEL,
2018). Desse modo, de acordo com Basco et al (2008), uma das estratégias mais utilizadas
pelo terapeuta cognitivo-comportamental para promover a reestruturação cognitiva é o
Registro de Pensamentos automáticos (RPD), que podem ser feitos por meio de folhas ou
smartphones, contendo colunas para descrever a relação entre situações, pensamentos,
emoções e comportamentos.
Como o personagem Peter sempre manifestava padrões de delírios e confusão mental,
por meio da reestruturação cognitiva, seria possível ajudar na identificação de seus
pensamentos recorrentes e apontar as possíveis falhas nesses padrões, juntamente com o
questionamento socrático, que consiste na realização de perguntas pontuais e reflexivas sobre
as afirmações que estão relacionadas com os pensamentos disfuncionais do cliente e o exame
das evidências, buscando provas a favor e contra esses pensamentos automáticos (BASCO et
al, 2008).

Role Play (interpretação de papéis):

De acordo com Beck (2022), a interpretação de papéis é uma técnica que geralmente é
realizada no setting terapêutico e que consiste na simulação de uma ou mais situações
estressantes apresentadas pelos clientes. Assim, o terapeuta pode fazer a interpretação do
papel do cliente enquanto o cliente pode interpretar um chefe de seu trabalho, um colega,
seus pais e enfrentar a situação. No caso do personagem Peter, como a relação dele com a sua
mãe parece ser distante, a técnica de interpretação de papéis poderia ser útil na simulação de
situações em que ele poderia falar aquilo que sempre quis falar para a sua mãe ou resolver
outras situações e/ou simular uma interação com a Charlie.

Tarefas de casa com estratégias comportamentais:

Como Peter apresentava ausência de autocuidado, não praticava atividade física e não
possuía uma rotina básica e adequada para a sua condição, o terapeuta cognitivo-
comportamental poderia estruturar uma série de estratégias comportamentais em forma de
tarefas de casa, como, por exemplo, a construção de um cronograma para melhorar a rotina
de Peter, atribuindo, portanto, algumas atividades físicas, horários específicos para dormir e
acordar, horários para tomar os medicamentos, separar as suas atividades da escola, as
atividades de casa e etc.
Portanto, como apontam Dobson e Dobson (2011), na Terapia Cognitivo-
Comportamental, uma das principais estratégias para desenvolver no cliente habilidades de
enfrentamento e o sentimento de autoeficácia são as tarefas de casa, que são atividades
cognitivas e/ou comportamentais repassadas pelo terapeuta para o cliente se empenhar nelas
fora do contexto clínico. No entanto, como aborda Beck (2022), as tarefas de casa devem ser
planejadas levando em consideração os objetivos e as necessidades de cada cliente, portanto,
é indispensável que estejam embasadas na conceitualização de cada caso.

Técnicas de relaxamento:

Segundo Basco et al (2008), as técnicas de relaxamento podem auxiliar os clientes no


estabelecimento do equilíbrio no estado mental e físico. Dentre algumas das possibilidades
que o terapeuta poderá estar ensinando ao seu cliente, os autores sugerem algumas técnicas
de respiração e relaxamento muscular. Dessa maneira, nos momentos em que Peter estivesse
vagando, com pensamentos acelerados e/ou respostas fisiológicas intensas relacionadas com
as alucinações, ele poderia utilizar algumas técnicas de respiração, como, por exemplo,
puxar, segurar e soltar o ar por intervalos de tempo diferentes e/ou focar na entrada e saída de
ar dos pulmões para monitorá-los.

REFERÊNCIAS
BASCO, Monica et al. Aprendendo a terapia cognitivo-comportamental: um guia
ilustrado. Porto Alegre: Artmed, 2008.

BECK, Judith. Terapia cognitivo-comportamental: teoria e prática. 3.ed. Porto Alegre:


Artmed, 2022.

DOBSON, Deborah; DOBSON, Keith. A terapia cognitivo-comportamental baseada em


evidências. Porto Alegre: Artmed, 2011.

WENZEL, Amy. Inovações em terapia cognitivo-comportamental: intervenções


estratégicas para uma prática criativa. Porto Alegre: Artmed, 2018.

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