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CENTRO DE TERAPIA COGNITIVA VEDA

EXPERIMENTOS COMPORTAMENTAIS NA TERAPIA COGNITIVA

Regulação emocional em um caso de fobia social

ALINE GERBASI BALESTRA

Giane de Souza barros

Bandeira do Sul

2022
CENTRO DE TERAPIA COGNITIVA VEDA

ALINE GERBASI BALESTRA

Giane de Souza barros

EXPERIMENTOS COMPORTAMNETAIS NA TERPIA COGNITIVA

Regulação emocional em um caso de fobia social

Trabalho de conclusão de curso de


especialização em terapia cognitiva
comportamental do Centro de Terapia
Cognitiva Veda para obtenção do título
de especialista em terapia cognitiva
comportamental.

Orientadora: Aline Gerbasi Balestra

Bandeira do Sul

2022
Folha de aprovação

Aline Gerbasi Balestra: Giane de Souza Barros

Experimentos comportamentais na terapia cognitiva: Regulação emocional em


um caso de fobia social.

Trabalho de conclusão de curso apresentado no Curso de Especialização em


Terapia Cognitiva do Centro de terapia Cognitiva Veda

Nota:_____________

Banca examinadora

_________________________________________

_________________________________________

Bandeira do Sul, ___ de _____________ de 20_____


DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho a meu filho Luiz e esposo Marcelo pela paciência e carinho,

Aos meus colegas e professores de especialização que contribuíram

Muito para meu aprendizado e também

A meus pacientes pela oportunidade de aprender com eles.


SUMÁRIO
1. Introdução.................................................................................................................................7
2. Desenvolvimento (História do caso)..........................................................................................9

A. Identificação..............................................................................................................9
B. Queixa principal.........................................................................................................9
C. Histórico da doença atual..........................................................................................9
D. História Psiquiátrica pregressa.................................................................................10
E. História Pessoal e Social...........................................................................................10
F. Histórico medico......................................................................................................11
G. Observações do estado mental................................................................................11
H. Diagnóstico DSM V....................................................................................................11

3. Formulação de caso...........................................................................................................12

A. Precipitantes.............................................................................................................12
B. Visão transversal das cognições e comportamentos atuais......................................12
C. Visão longitudinal das cognições e comportamentos...............................................13
D. Pontos fortes e recursos............................................................................................14
E. Hipóteses de trabalho................................................................................................14

4. Plano de tratamento............................................................................................................14

A. Listas de problemas..........................................................................................................14
B. Objetivos do tratamento...................................................................................................15
C. Plano de tratamento.........................................................................................................15

5. Curso do tratamento...............................................................................................................16

A. Relação terapêutica....................................................................................................16
B. Intervenções e procedimentos...................................................................................17
C. Obstáculos..................................................................................................................18
D. Resultado....................................................................................................................18

6. Discussão...................................................................................................................................18
7. Conclusão.................................................................................................................................19
8. Referencias..............................................................................................................................19
9. Anexos.....................................................................................................................................20
GIANE DE SOUZA BARROS
ALINE GERBASI BALESTRA

Experimentos comportamentais na terapia cognitivo comportamental: Regulação


emocional em um caso de fobia social.

RESUMO:
O objetivo deste trabalho é demonstrar através de um estudo de caso a importância
da regulação emocional de uma paciente do sexo feminino com hipótese diagnostica
de fobia social, no qual pode verificar as técnicas mais eficazes resultaram numa
maior redução dos sintomas ansiosos, auxiliando a paciente ao enfrentamento das
situações temidas.

Palavras – chave: Fobia social, Ansiedade social, regulação emocional, teoria


cognitivo comportamental

ABSTRACT
The objective of this work is to demonstrate through a case study the importance of
emotional regulation of a female patient with a diagnostic hypothesis of social phobia,
in which she can verify the most effective techniques resulted in a greater reduction
of anxiety symptoms, helping the patient to cope with the dhimable situations.

Keywords: Social phobia, Social anxiety, emotional regulation, cognitive behavioral


theory

Psicóloga, aluna do curso de Especialização em terapia cognitiva comportamental


do Centro de Terapia Cognitiva Veda. Email: psicbem@gmail.com

Manuscrito entregue a comissão cientifica do curso em 29/07/2022


7

Introdução:

A teoria cognitivo-comportamental(TCC), surgiu no final da década de 60 com


Aaron T. Beck, psicanalista, no qual iniciou vários estudos e experimentos com a
intenção de validar empiricamente a psicanalise, com a intuito de ser aceita pela
comunidade médica. (BECK, 2011). O que resultou no desenvolvimento de uma
nova teoria.
A TCC se caracteriza por ser um modelo de psicoterapia breve, estruturara e
direcionada para a resolução de problemas atuais, e a modificação de pensamentos
e comportamentos disfuncionais (BECK, 2011). Frequentemente, os problemas
vivenciados pelos indivíduos surgem através da interpretação de um evento,
influenciando o humor e o comportamento, como também as ações e
comportamentos interferem nos padrões de pensamentos e emoções. Sendo os
pensamentos disfuncionais comum a todos os transtornos psicológicos (BECK. J,
2022).
O modelo da TCC foi um dos primeiros mais eficientes modelos para se
trabalhar a ansiedade em geral, e a fobia social em especial. No transtorno de
ansiedade o medo é irracional, ou seja, surge de interpretações mal formadas ou
pensamentos distorcidos da realidade. O que diferencia de uma ansiedade normal a
todos os seres humanos é a frequência e intensidade, podendo se tornar patológica
(HOPE, et. Al, 2012).
Segundo o manual diagnostico estatístico de transtornos mentais (DSM5), o
transtorno de ansiedade tem características de medo e ansiedade, sendo o medo
uma resposta emocional a ameaça percebida ou real, e a ansiedade a antecipação
de ameaça futura (APA,2013).
O transtorno de ansiedade se difere em objetos e situações ou comportamento
de esquiva e também na ideação cognitiva associada ao medo real ou ansiedade,
no qual o exame detalhado dos tipos de situações temidas ou evitadas e, pelos
conteúdos de pensamentos ou crenças é possível diferenciar seus tipos e
características. (BARLOW, 2016; MULLER et al; 2015)
De acordo com o modelo cognitivo comportamental o aspecto central para o
desenvolvimento e manutenção da fobia social é o medo de apresentar um
desempenho desadequado. Isto porque existe uma vulnerabilidade e
hipersensibilidade a avaliação social, respectivo a presença de esquemas de
incompetência e inércia para as interações sociais, as quais são interpretadas como
8

ameaçadoras. (HOPE, et. Al,2012). Esses esquemas são estruturas cognitivas


básicas que influenciam no processamento da informação (VIEIRA,2012). Desse
modo ao entrar numa situação social o medo de fracassar perante os outros, origina
ansiedade e hipervigilância as pistas de rejeição e ameaça. Assim, surge um ciclo
onde as crenças de vulnerabilidade e incompetência social são confirmadas,
reforçadas e mantidas. Levando a autocritica elevada, criando assim um
comportamento de evitamento das situações sociais, como forma de proteção.
(ITTO, et. al, 2008; BURATO et. al; 2009).
No que diz respeito a FS, o indivíduo teme situações sociais que envolve a
possibilidade de ser avaliado pelo desempenho diante outras pessoas. A ideação
cognitiva associada é ficar embaraçado ou ser avaliado de maneira negativa, de ser
rejeitado ou humilhado e também o medo de ofender as outras pessoas. (APA,
2014). Tentando ser perfeito no seu modo de falar e agir, para não ser julgado ou
criticado MULLER et al; 2015)
Um indivíduo com FS, ativa o processamento emocional por meio do “esquema
de medo” gerando uma desregulação emocional, ou seja, uma dificuldade ou
inabilidade de lidar ou processar as informações, sendo incapaz de regular as
emoções e respostas verbais e não verbais, sob condições normais. E como
consequência enfrenta um sofrimento intenso em suas interações ou esquiva das
situações que geram medo (TURK, et. Al, 2008).
A capacidade de regular as emoções envolve algumas habilidades com por
exemplo, consciência, compreensão e aceitação das emoções; capacidade de
controle dos impulsos, aprender a suportar as emoções desagradáveis; capacidade
para utilizar de maneira flexível estratégias para modular a resposta emocional, de
maneira que o indivíduo consiga concretizar seus objetivos e responder as
exigências situacionais (LEONARDO, 2013). Uma deficiência ou ausência dessas
habilidades implica na dificuldade de regular as emoções, essa dificuldade encontra
–se na maioria das psicopatologias, incluído a fobia social. (HOPE, et.al, 2012;
IAOCHITE, 2022).
Nesse sentido tem sido postulado que a RE é uma ferramenta de grande
importância para o tratamento dos transtornos de ansiedade, visto que representam
em si perturbações emocionais. Sendo assim, a RE serve como termostato, capaz
de regular as emoções e mantê-las em nível controlável para que o indivíduo possa
lidar de maneira mais confortável com as situações. Permitindo que se organize
internamente para uma ação coordenada em prol de um objetivo externo, ou seja,
9

agir de maneira não dependente do humor quando necessário (WRIGHT, et.al,


2019; LEAHY,2013).
O transtorno de fobia social é o transtorno de ansiedade mais comum e o
terceiro mais prevalente na população em geral (APA,2014; ITTO, 2008; Muller,
2015). Caracterizam na como uma perturbação severamente incapacitante. Deste
modo, torna claro o trabalho por realizar ao nível de conhecimento deste quadro
clinico, por parte da populações em geral e dos profissionais de saúde, Visando que
a regulação das emoções representa uma habilidade fundamental para a interação
social, influenciando o comportamento e a expressão emocional (MOCAIBER,
2008).
O presente trabalho insere –se nesse âmbito e tem como foco principal
demostrar por intermédio de um estudo de caso, maior compreensão do fenômeno
da FS, particularmente como intervenções na RE auxiliou na redução da evitação e
sintomas de FS.

2. Desenvolvimento (história do caso)

L, 46 anos, casada, mãe de três filhos, sendo uma adotiva, mora com os filhos
marido e mãe de 85 anos sendo ela responsável pelos cuidados da mãe e da casa.
Trabalha meio período como cozinheira numa escola. Tem ensino médio completo.
Foi encaminhada pela fonoaudióloga que fazia tratamento de ATM, para diminuir
suas tensões.

A. Queixa principal:

L, procurou tratamento por sintomas ansiosos que atrapalham na realização do


exame nacional de habilitação (CNH), também por não acreditar ser capaz de se
comunicar de maneira assertiva com as pessoas em casa e no trabalho. Exemplo:
dificuldade de dizer não, de dar sua opinião e se posicionar.

B. Histórico da doença atual:

Os sintomas tiveram inicio depois de reprovar no exame da (CNH) pela terceira vez.

Sintomas Emocionais: Raiva, Tristeza, desanimo, ansiedade, medo.

Sintomas Cognitivos: Dificuldade de falar não, Privação emocional, auto conceito


muito baixo, vergonha exagerada, Se percebe incapaz de se posicionar e dar sua
opinião. Auto crítica e pessimismo. Pensamentos leitura metal e catastróficos.
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Sintomas Comportamentais: Esquiva de situações percebidas como desafiadoras


(se posicionar, pedir algo, em todas áreas da vida).

Sintomas Fisiológicos: Sudorese, incapacidade de relaxar, aumento do apetite


para o doce em exagero e tremores nas mãos.

Estressores ambientais: É cuidadora da mãe de 85 anos que mora com ela. A filha
adotiva demanda cuidados especiais.

C. História psiquiatra pregressa:

L, não tem história psiquiatra pregressa.

D. História pessoal e social:

L, é a primeira filha, tendo duas irmãs. L achava que a mãe não gostava dela,
na sua visão a mãe cuidava melhor das irmãs, por exemplo: mãe penteava o cabelo
das irmãs e o dela não, criticava a cor da pele e dizia que seu cabelo era ruim.
Julgava seus comportamentos como ruins dizendo por exemplo que L, não sabia
fazer nada direito. Por outro lado seu pai era mais apoiador, por exemplo ensinando
L a pentear seu próprio cabelo, apesar disso o pai também tinha o comportamento
de pedir para L não confrontar a mãe, e fazer tudo que ela pedisse, o que também
colaborou para se ver desvalorizada e rejeitada pela mãe.
Ao crescer, começou a perceber que desde pequena não conseguia fazer o
que desejava, sempre priorizava as pessoas em detrimento a si mesma e
seus desejos. Portanto também se criticava por não conseguir fazer o que desejava
e por exemplo quando era chamada de boba concordava. Teve poucos colegas na
escola, considerava-se tímida. Na adolescência se casou com o primeiro namorado
porque o pai disse que estava na hora de se casar, seu sonho era estudar e ir para
faculdade, porem fez como o pai queria sem questionar.
Sua família foi constituída por dois filhos, adotou uma sobrinha com déficit de
cognição leve, mesmo não sendo sua primeira opção, pois sua irmã mais nova não
tinha condições de cria-la, L foi chamada judicialmente para adota-la. Adotou a
sobrinha para não ir para fila de adoção. E hoje é cuidadora da mãe de 85 anos.
No trabalho é chefe de cozinha, porém tem dificuldades de assertividade, de
comando, timidez e ansiedade.

E. Histórico médico:
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L não apresenta quaisquer problemas que podem influenciar seu progresso de


tratamento.

F. Observações do estado mental:

No inicio do tratamento apresentava-se, com aparência de cansada,


desanimada, com estado de humor pessimista e desmotivada para o tratamento.
G. Diagnostico segundo o DSM 5:

Não foi fechada nenhum diagnostico, mas tem a hipótese diagnostica de fobia
social.
A. Medo ou ansiedade acentuada acerca de uma ou mais situações sociais em que
o indivíduo é exposto a possível avaliação por outras pessoas.
Paciente relatou ter medo e ansiedade elevada em varias situações sociais, como
por exemplo no local de trabalho, festas de aniversário.
B. individuo teme agir de forma a demonstrar sintomas de ansiedade que serão
avaliados negativamente.
L apresenta descreveu ter medo de falar com as pessoas e se avaliada
negativamente por gaguejar e tremeras mãos quando fica ansiosa.
C. As situações socias quase sempre provocam medo ou ansiedade.
L descreve ter relações sociais, porém, quando interage o medo e ansiedade
causam um sofrimento muito grande.
D. As situações sociais são evitadas ou suportadas com intenso medo ou
ansiedade.
No trabalho a paciente ralatou evitar muitas situações como reuniões, delegar
funções a seus colaboradores por sentir-se com muito medo e ansiedade.
E. O medo ou ansiedade é desproporcional á ameaça real apresentada pela
situação e o contexto sociocultural.
L descreveu que depois que a ansiedade passa percebe que o medo é muito
desproporcional a realidade.
F. o medo, ansiedade ou esquiva é persistente, geralmente durando mais de seis
meses.
A paciente explicou que sempre foi assim, desde criança tinha medo de falar com as
pessoas. E com os anos esse medo e ansiedade foram se intenssificando.
G. O medo, ansiedade ou esquiva causa sofrimento clinicamente significativo ou
prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da
vida do indivíduo.
12

L relatou que o prejizo maior é no trabalho, por não conseguir falar com seus
colaboradores, por não conseguir falar em reuniões, não conseguir delegar funções.

2. Formulação do caso:

A. Precipitantes:

Durante o ano de 2021, L teve 5 reprovações no exame de carteira nacional


de habilitação o que fortaleceu a falta de credibilidade na sua capacidade de passar
no exame. Disparando assim o padrão de funcionamento da paciente, no qual
produz sintomas de ansiedade, e corroboara para o quadro de ansiedade social.
Quando L pensa em marcar novo exame pensa que não vai conseguir novamente,
que as pessoas vão Julga-la Incapaz. Espandindo para outras areas como no
trabalho, quando precisa se posicionar, questionar um funcionário e delegar funções.
Em casa, quando precisa cuidar da mãe.
Quando precisa dizer não para filha adotiva e também quando precisa pedir algo
para o marido. De maenira geral L pensa que as pessoas vão achar que ela é mau,
e incompetente.

B. Visão transversal de cognições e comportamentos:


Uma situação problemática típica atual é que L tem dificuldades para falar o
que pensa. Quando tenta falar, ela tem os pensamentos automáticos: “Quem sou eu
para falar alguma coisa” “Não vai adiantar falar nada”. Esses pensamentos
conduzem-na a sentimento de tristeza e por fiz não fala nada, fica remoendo seus
pensamentos.
Em outra situação, enquanto está no trabalho organizando para cozinhar e sua
ajudante sugere algo ela tem os seguintes pensamentos automáticos “Acho que não
vai dá certo, mas vamos fazer” ‘Se eu falar ela pode ficar chateada”, Sei que não vai
dar certo, porém não consigo falar, sou uma boba mesmo”, e sente com raiva de si
mesma, com sintomas fisiologicos sudorese e tremor nas mãos. Ela também tem o
pensamento automático: “Eu não consigo fazer o que quero”. Ainda no trabalho fica
muito triste e irritada quando seus colegas de trabalho dizem pra ela que ela precisa
falar, que precisa se impor. L se vê como boba e reforça que realmente não
consegue.
13

Em relação a Carteira nacional de habilitação, quando pensa em marcar novo


exame o pensamento é “não vou conseguir”, “vou reprovar novamente”, “as pessoas
vão me achar burra e incompetente” o nível de ansiedade sobe e L desiste de
marcar. Sente um alivio por ter desmarcado, porem depois se culpa e se julga por
não tentar.
Quando está cansada e precisa cuidar da mãe, tem os pensamentos
automáticos “olha só você me rejeitou e hoje sou eu quem cuida de você”, “você
sempre cuidou melhor das minhas irmãs e hoje elas nem ligam pra você”, sente dó
da mãe e ao mesmo tempo com raiva de si mesma de pensar dessa maneira, e
mesmo muito cansada cuida da mãe sem pedir ajuda para irmãs.

C. Visão longitudinal de cognições e comportamentos:

L, desde criança teve uma tendência a se ver desvalorizada e não amada


pela mãe. Embora se esforçasse para ter o cuidado e amor da mãe, se via
recebendo críticas e julgamentos. O pai era mais colaborador, porem dizia para L,
não falar nada para mãe, e não se opor a ela. O que contribuiu para desenvolver
certos pressupostos: “Se eu falar, vou criar problemas, “Se eu não agradar as
pessoas elas não vão gostar de mim”, Se eu não fizer tudo que as pessoas pedem,
então não vão me querer por perto”. Seus fatores de manutenção incluem: esquiva,
não falar o que pensa, aceita as coisas sem questionar, colocar a necessidade do
outro sempre em primeiro lugar. Na maior parte do tempo suas crenças sobre as
outras pessoas eram as pessoas são egoístas e só pensam nelas. Ela também
acreditava que seu mundo era injusto e imprevisível. Para tentar aliviar o sentmento
de frustração L come em excesso doces e justifica que o que as pessoas queem é
mais importante.

D. Pontos fortes e recursos:


Os pontos fortes de L, são a dedicação para a mudança, cuida da familia, no
trabalho é muito eficiente no que faz, è inteligente, tem facilidade em aprender.

E. Hipótese de trabalho.
Diante de tais relatos, foi possível direcionar como hipótese a ser
trabalhada que L, se percebia a si mesma como uma pessoa desvalorizada e não
14

amada sem recursos internos para se posicionar frente a si e as outras pessoas,


com muita dificuldade em reconhecer e aceitar suas emoções, o que dificultava a
compreenção de seu funcionamneto. A paciente apresentava pensamentos
minimizantes em relação a si e catastróficos as situações a serem enfrentadas. O
que levava uma piora do seu quadro de ansiedade. “Se eu falar, eles vão achar que
sou uma pessoa ruim, podem não mais falar comigo”.
Somada como ela chegou ao atendimento desanimada e desmotivada, se
faz necessário, ensinar ferramentas cognitivas padrão para examinar e responder
seus pensamentos automáticos, psicoeducar e ensinar regulação emocional, para
que perceba a lógica disfncional e distorcida, assim reduzir os sintomas ansiosos,
pra que seja possível realizar experimentos comportamentais para testar seus
pressupostos, e reduzir esquiva, o aumento de assertividade e enfrentamento. Para
que possa ter comportamentos mais saudáveis, acreditando mais e aumentar o
senso de eficácia, podendo assim se colocar frente as situações que deseja de
maneira assertiva. Portanto levantar as listas de problemas e metas são de extrema
importância para motivar o paciente a aderir o tratamento.

3. Plano de tratamento

A. Listas de problemas
 Privação emocional
 Muito medo do que as pessoas vão pensar
 Evita situações consideradas ameaçadoras
 Medo excessivo de se posicionar em casa, no trabalho e na vida social
 Falta de repertório de comunicação
 Auto conceito baixo.

B. Objetivos do tratamento:

 Identificar, nomear e aceitar suas emoções

 Ter uma rotina profissional na qual consiga executar suas funções de maneira mais
assertiva, como delegar funções, dar sugestões aos seus colaboradores.

 Conseguir dizer não

 Não rir quando estiver falando


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 Quando estiver falando serio, não ficar rindo

 Falar de maneira adulta e com firmeza

 Falar mesmo que ache que não vai adiantar nada

 Conversar assuntos delicados com o maridono quarto sem interferencia da familia.

C. Plano de tratamento:

O plano de tratamento focou no inicio em reduzir os sintomas de


ansiedade, desenvolvendo ferramentas paque que L se sentisse melhor frente ao
medo de ser avaliada de maneira negativa pelos outros, utilizando principalmente a
regulação emocional como ferramenta principal. Sendo assim, ela pode ir se
percebendo mais confiante e com novos recursos que poderiam ser utilizados em
contextos diferentes, especialmente nas situações em que se sentia incapaz ou mal
avaliada pelas pessoas.

Também ao testar sas hipoteses sobre ser incapaz, passou a ter mais
consciencia de suas habilidades. Em seguida foram trabalhadas competencias de
resolução de problemas, quando decidiu que não queria mais cuidar da mãe
sozinha. Foram trabalhadas as crenças de que as pessoas iriam achar ela uma
pessoa ruim, e de que essa decisão poderia gerar problemas, e caso isso
acontecesse, ela teria recursos e habilidades para enfrentar. Foram criadas também
crenças alternativas e mais funcionais de que ela era uma pessoa com muitas
capacidades e de que ela poderia ser bem avaliada ou não pelas pessoas, que isso
não refletia quem ela era.

Curso do tratamento:

A. Relação terapêutica:
O primeiro problema encontrado foi a falta de motivação para a mudança, L
acreditava que não iria conseguir, e dizia “com a idade que estou, será que ia
adiantar querer mudar”. Num primeiro momento a relação terapeutica era de
descredito por parte da paciente e falta de animo para o tratamento. Com essa
percepção foram nescessario trabalhar a motivação da paciente para adesão ao
tratamento. Foi utilizado a ferramento da vantagem e desvantagem de mudar ou
16

continuar como estava, e também a psicoeducação do modelo cognitivo.


Quando L conseguiu se ver dentro do modelo passou a acreditar que seria
possivél, com essa percepção aderiu ao tratamento de maneira colaborativa.

B. Intervenções/procedimentos:

Realizaram-se as intervenções de psicoeducação quanto ao modelo cognitivo


da ansiedade (mecanismo luta/fuga, reações fisiológicas e comportamentos que
mantem as crenças) e sobre o ciclo do comportamento de manutenção através da
esquiva. Na figura 1, a seguir, é possível observar um exemplo desse ciclo de
manutenção de comportamento de segurança relatado pela paciente.

Se eu falar, podem achar


que sou uma pessoa ruim

Não fala, então as pessoas Ansiedade


continuam gostando dela

Esquiva Sintomas físicos

Figura 1. Exemplo do ciclo de manutenção de comportamento de segurança. Beck, (2022)


17

Buscou-se a normalização da presença dos sinais de ansiedade, identificando


os pensamentos automáticos disfuncionais e emoções e o desenvolvimento de
estratégias mais funcionais e assertivas. Para que fosse possivel aumentar o senso
de auto eficacia, foram trabalhadas habilidades de regulação emocional, em
principal a identificação, aceitação e manejo das emoçoes, sendo que as habilidades
aprendidas colaboraram para realização dos experimentos comportamentais
relacionados a ideia de que se falar ou se posicional as pessoas vão achar que ela é
ruim.
Também foram realizados análise de evidências e exposição gradual em
situações aversivas, objetivando a reestruturação de crenças disfuncionais ligadas a
essa percepção da incapacidade de falar “Eu não consigo falar, sou incapaz de me
posicionar”. Além disso, levantou-se uma lista de realizações e valores do que já
havia conseguido na vida, visando reconhecimento de suas potencialidades e
valorização pessoal, para que começasse a acreditar que poderia ser capaz de falar
e realizar o que deseja.
L passou a identificar seus erros cognitivos ligados ao maximização (“Se eu
falar, vão brigar comigo”), minimização (“se eu falar não vai adiantar”), generalização
(“se eu não agradar as pessoas, elas não vão me querer por perto”) buscando
flexibilizar estes pensamentos através da busca de evidências e de cartões de
enfrentamento, tais como:
- “Faça com medo mesmo”.
- “ A maioria das pessoas falam, e nem por isso as pessoas acham que elas são
ruins”.
- “Esquivar, só me mantem no ciclo.”
- “Nem todo mundo que eu agrado, me agrada”.
- “É normal ficar ansiosa no começo, depois que falar vou ficar orgulhosa”.
Houve um momento durante o processo terapêutico que desencadearam
pensamentos catastróficos intensos e o aumento de sintomas ansiosos no paciente.
Durante a 8ª sessão, o paciente relatou a elevação de seus sintomas de ansiedade
em uma situação em que foi tentar se posicionar na escola: “E se eu falar elas
acharem ruim”. Nesta ocasião, L, usou a esquiva como comportamento de
segurança. Nesta sessão, através de busca de evidências, houve a percepção de
seus erros cognitivos e sua flexibilização. Apesar do sofrimento da crise, nesta
sessão ficou evidente para L o ciclo de manutenção do comportamento de
segurança através da esquiva, e a partir deste momento, a busca pelo
enfrentamento começou a aumentar
18

C. Obstáculos
L, já chegou para o tratamento desacreditada e desmotivada, o que fez procurar
ajuda é que a sua dentista e fonoaudióloga sugeriram. Achava que não adiantava
querer mudar agora. Relatava isso sorrindo, porém com um olhar triste e
desanimado. Para motivar L, foi realizada na primeira sessão uma entrevista
motivacional e vantagens e desvantagens de continuar como estava. No final da
sessão L já tinha outro olhar, um olhar que poderia ser possível e que talvez daria
certo. Sendo assim, me permitiu auxilia-la e compareceu a segunda sessão.
Posteriormente foi reforçado seus pontos fortes e percebeu que já havia conquistado
muita coisa na vida. Isso motivou-a querer mudar, e entra na fase da ação.

D. Resultados:
Com o tratamento L, entende seu ciclo disfuncional e percebe quando está
ativada. Consegue flexibilizar seus pensamentos. Com a realização dos
experimentos comportamentais também está flexibilizando suas crenças e
pressupostos. Consegue se expor mais, falando o que pensa com algumas
dificuldades ainda, porém não deixa de falar nem se posicionar, consegue pedir
ajuda e falar não. No trabalho se posiciona como chefe de cozinha. Consegue
delegar funções, e quando tem algo que acha que não está bom observa, e fala.
Utilizando técnicas de relaxamento se vê hoje mais alegre e relaxada. Aprendendo a
ter auto compaixão e reconhecendo melhor seus valores e suas conquistas. Está
esperançosa para o exame nacional de habilitação que será no final do mês de
março.
O tratamento agora segue-se na fase intermediaria para reforçar o que
aprendeu e modificar as crenças, a crença que terá foco maior agora é a de
desamor.
Fazendo o relatório clinico percebo que poderia ter explorado imagem mental.

1. Discussão:
Pode se concluir que sim a teoria cognitivo comportamental é muito eficiente
para o tratamento de fobia social, como diz os estudos citados acima.
As técnicas que foram mais efetivas neste caso foram as técnicas voltada para
regulação emocional, em principal o reconhecimento, a aceitação, reestruturação
cognitiva, possibilitando assim que a paciente a exposição e ao treinamento de
habilidades sociais. Essas habilidades apreendidas auxiliaram na redução dos
sintomas e no enfrentamento das situações temidas.
O estudo sobre o fenômeno da fobia social tem ganhado relevância em razão
de ser o terceiro transtorno psicológico mais incapacitante na população atual.
Evidencia de estudos recentes dos autores citados sugerem que com a
informatização das relações humanas e com a geração pós pandêmica, tendem a
contribuir para o aumento da fobia social. Desta maneira aumenta ainda mais a
importância da habilidade de regulação emocional, em especial em transtornos
ansiosos, visto que representam em si perturbações emocionais.
19

Os estudos corroboram para a compreensão de maneira geral que a regulação


emocional é fundamental para que a paciente consiga ir para outra etapa do
tratamento. No caso de L, ficou claro que após aprender habilidades de regulação
emocional teve mais condições de enfrentar as situações temidas. O que chamou a
atenção nos estudos bibliográficos, é que apontam que a regulação emocional e
eficaz porém de maneira geral, não foram encontrados estudos demonstrando a
eficácia da (RE) em casos e ou transtornos específicos.

2. Conclusão:
Pode-se concluir que as técnicas de regulação emocional em especial
consciência, compreensão e aceitação das emoções, contribuíram de forma
significativa para a capacidade de controle dos impulsos e auxiliou no suporte das
emoções desagradáveis. Permitindo assim que L, utilizasse de maneira flexível
estratégias para modular as respostas emocionais de maneira a conseguir
concretizar seus objetivos e responder as exigências situacionais de maneira
assertiva.

2. Referencias:

(APA), American Psychiatric Association. DSM-5: Manual Diagnóstico e Estatístico


de Transtornos Mentais. Artmed Editora, v. 3, f. 496, 2013. 992 p.

BECK, Judith S.. Terapia cognitivo-comportamental - 3.ed.: teoria e


prática. Artmed Editora, f. 216, 2022. 432 p.

BRANCH, Rhena. Teoria cognitivo comportamental: para leigos. 1. ed. Rio de


janeiro: Alta Books, 2011. 340 p.
BURATO, K. R. S.; CRIPPA, J. A. S.; LOUREIRO, S. R. Transtorno de ansiedade social e
comportamentos de evitação e de segurança: uma revisão sistemática.,(2), 167-174. 2009 Doi.
https://doi.org/10.1590/S1413-294X2009000200010. Acesso em: 13 jul. 2022.

IAOCHITE, Roberto Tadeu et al. Autoeficácia para Regulação Emocional e


Autoeficácia Social: Busca de Evidências de Validade de Construtos
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