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Introdução ao curso
Car@s alun@s!
A Psicoterapia Cognitivo-Comportamental para crianças e adolescentes tem como objetivo
avaliar e modificar a maneira como as crianças e os adolescentes compreendem a si
próprios, os outros e o mundo ao seu redor.
Nessa disciplina vamos abordar as principais técnicas cognitivo comportamentais para crianças
e adolescentes , bem como os protocolos de tratamento para depressão, ansiedade, TOD, TDAH
e TOC na infância e na adolescência.
Você poderá faltar em 25% das aulas, portanto poderá ter 17 faltas. As faltas serão lançadas
semanalmente no diário da disciplina.
Ficha da disciplina:
http://www.ip.ufu.br/system/files/conteudo/gpi132_-_terapia_comportamental.pdf
Senha moodle: TCCinfantil (na terceira caixinha. TCC em maiúsculas e infantil em minúsculas)
Na Terapia comportamental pura, não se liga para a questão de diagnóstico, mas não se
abandona. Liga-se mais os processos. O nome é o que menos importa. O que importa é o que
está acontecendo com a pessoa. Na TCC, há avaliação em toda sessão: como se estava na
semana passada, como se está agora.
Não há como saber o que as pessoas estão sentindo. Dispomos de certas métricas estimativas.
Sessão de psicoterapia: não é se sentar para escutar. Beck afirma que o psicoterapeuta é ativo.
Ele não dá conselhos (psicólogo não dá conselhos), mas trabalha com a descoberta guiada. Isso
é nada mais nada menos que saber o que o adolescente faz.
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Objetivo
Objetivo Geral: Dar elementos teóricos e práticos ao aluno para que o mesmo possa realizar
uma avaliação e intervenção cognitivo comportamental nos quadros psicopatológicos mais
comuns na infância e adolescência.
Objetivos Específicos: Ser capaz de compreender os principais modelos de terapia cognitivo e
realizar os seguintes procedimentos: Conceituação cognitiva de crianças e adolescentes.
Terapia Cognitiva na primeira infância. Terapia de Reciclagem Infantil. Terapia de Regulação
Infantil. Terapia Metacognitiva na infância. Terapia do Esquema na Infância. Transtornos de
Personalidade na Infância.
PROGRAMA
Semana 1- Noções básicas de Terapia Comportamental cognitiva.
Noções básicas sobre Terapia Cognitivo- Comportamental para crianças e adolescentes.
Semana 2 - Conceituação cognitiva de crianças e adolescentes.
Semana 3- Início do tratamento cognitivo-comportamental na infância e adolescência.
Semana 4- Pensamentos automáticos na infância e Distorções Cognitivas.
Semana 5- Terapia Cognitiva na primeira infância.
Semana 6- Depressão infantil e TCC.
Semana 7- Transtornos de Ansiedade na Infância e TCC
Semana 8- Emoções na infância e influência parental na regulação emocional.
Semana 9- Transtorno de Déficit de atenção e Hiperatividade- TDAH e a TCC
Semana 10- Transtorno Opositor Desafiador (TOD) e TCC.
Semana 11- Terapia de Reciclagem Infantil
Semana 12- Terapia de Regulação Infantil
Semana 13- Terapia Metacognitiva e TOC na infância
Semana 14- Transtornos de Personalidade na Infância
Semana 15- Técnicas para Finalização de Terapia Infantil.
Semana 16- TDE- Terapia do Esquema para crianças e adolescentes
Semana 17-TDE- Terapia do Esquema para crianças e adolescentes
METODOLOGIA
As estratégias de aprendizagem serão baseadas nos seguintes elementos:
- Conhecimento dos temas por meio da leitura de textos-base e de aprofundamento indicados
pelo docente;
- Exercícios orientados à solução de casos teóricos sobre o tema estudado.
- Quanto aos recursos didáticos serão utilizados - Data Show, aparelho de som, minutas de
exercícios práticos.
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AVALIAÇÃO
As avaliações da disciplina serão efetuadas por meio das atividades listadas abaixo. O aluno
utilizará o Moodle UFU para o envio das atividades avaliativas. Após o término da atividade
será entregue a chave de correção com esclarecimentos de dúvidas no horário de atendimento
ao aluno. O aluno que não atingir 60 pontos fará uma avaliação substitutiva valendo 100 pontos
com toda a matéria do curso.
BIBLIOGRAFIA
Básica
FRIEDBERG, Robert D. A prática clínica da terapia cognitiva com crianças e adolescentes. 2.
ed. Porto Alegre: ArtMed, 2018. ISBN 9788582715482. Disponível em:
https://www.sistemas.ufu.br/bibliotecagateway/minhabiblioteca/9788582715482. (Biblioteca
Virtual UFU)
Complementar
GILLIHAN, Seth J. Terapia cognitivo-comportamental: estratégias para lidar com ansiedade, depressão,
raiva, pânico e preocupação. Barueri: Manole, 2020. ISBN 9786555764239. Disponível em:
https://www.sistemas.ufu.br/biblioteca-gateway/minhabiblioteca/9786555764239. (Biblioteca Virtual
UFU)
MADEIRA, Isabel Rey; LIBERAL, Edson Ferreira; VASCONCELOS, Marcio Moacyr (ed.). Saúde
mental da criança e do adolescente. 2. ed. Barueri: Manole, 2019. ISBN 9788520462096. Disponível
em: https://www.sistemas.ufu.br/biblioteca-gateway/minhabiblioteca/9788520462096. (Biblioteca
Virtual UFU)
McCLURE, Jessica; FRIEDMAN . TCC expressa: técnicas de 15 minutos para crianças e adolescentes.
Porto Alegre: ArtMed, 2021. ISBN 9786558820123. Disponível em: -
https://www.sistemas.ufu.br/bibliotecagateway/minhabiblioteca/9786558820123. (Biblioteca Virtual
UFU)
NELSEN, Jane. Disciplina positiva de A a Z: 1001 soluções para os desafios da parentalidade. 3. ed.
rev., atual Barueri: Manole, 2020. ISBN 9788520458754. Disponível em:
https://www.sistemas.ufu.br/bibliotecagateway/minhabiblioteca/9788520458754. (Biblioteca Virtual
UFU)
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A TCC surge mais ou menos em 1952, com Aaron T. Beck. Ele é um judeu da Pensilvânia que
faleceu em 2021 com 100 anos. Judith Becker, sua filha, ficou com seu espólio.
Bandura: não estou olhando para minhas consequências, mas para os outros (espelhamento).
Comportamento humano é mais do que tudo isso. A TCC de Beck vai introduzir os elementos
cognitivos (vulgo pensamento). A TCC é uma terapia do pensamento. Behavioristas não falam
de pensamento pois o pensamento é um processo interno. Watson vai jogar isso de lado, Skinner
vai reinterpretar isso, falar da mente como uma questão privada. Não preciso negar, mas não
preciso falar de mente.
Toda tradição dualista da psicologia vem da ideia de que a mente é uma entidade separada de
todo o resto. A mente é o corpo.
Determinismo recíproco
Às vezes, os contextos podem ter a mais poderosa influência sobre o comportamento de uma
pessoa, ao passo que, em outras ocasiões, as preferências, disposições e características pessoais
determinarão o comportamento.
Pensamentos automáticos: alguns vão se tornar conscientes. O pensamento que aparece não
será desperdiçado. Há que diz respeito o pensamento de que não quer jogar coisas foras? Tudo
tem que ser visto num quadro mais geral, dentro de um score.
Ex.
Essa escola é um tédio. Ela não tem saxofone.
Emoção: raiva. Fisiologia: agitação psicomotora
Jogar os instrumentos no chão/xingar
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Outra premissa tem como base a observação de que as distorções do pensamento, isto é, as
distorções cognitivas, são bastante prevalentes em diferentes transtornos
Distorções cognitivas são vieses sistemáticos na forma como indivíduos interpretam suas
experiências. Se a situação é avaliada erroneamente, essas distorções podem amplificar o
impacto das percepções falhas
A distorção é como um monstro interno. Uma criança não vai entender o que é tudo ou não,
distorção do pensamento, o que é uma ansiedade ou mania. Mesmo adolescentes e adultos não
vão entender. A terapia cognitiva exige um certo padrão de inteligência ou escolaridade maior?
Não necessariamente. Há outros tipos de materiais.
Por exemplo: Suzana tem uma percepção de incompetência. Ela acredita que não consegue
fazer nada direito e, por isso, sente-se ansiosa (emoção) em uma situação de desempenho.
Assim, pode alcançar uma nota na prova de matemática (situação) e acreditar que a nota não
importa, pois a prova estava muito fácil (pensamento automático). Ou seja, a criança está
depreciando o seu sucesso (distorção cognitiva)
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A informação que é discrepante de sua crença central é invalidada. Dessa forma, o esquema
cognitivo permanece intacto, consumando-se por meio do processo de distorção.
6) Pânico: medo de um perigo físico ou morte iminente / Adolescente: Vou morrer do coração.
Estou contaminada. Vou enlouquecer.
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Perfis cognitivos (Beck): Terapia cognitiva dos transtornos de personalidade. Baseado nos
conteúdos dos quadros psicopatológicos
As interações e interfaces de todos esses fatores entram em jogo na formação das crenças e dos
pressupostos idiossincráticos de si mesmo, das pessoas e do mundo, determinando quais
eventos de vida irão acionar reações mal-adaptativas.
Tríade cognitiva
Como vejo meu futuro / Como eu me vejo / Como vejo os outros
Quando uma criança está contando uma história, você pensa na tríade cognitiva. Na depressão,
usamos o inventário Beck de depressão. Usamos para ansiedade, ideação suicida
A forma como crianças interpretam suas experiências molda profundamente seu funcionamento
emocional. Suas percepções são um dos focos principais do tratamento
Níveis de cognição
A TC identifica e trabalha três níveis de cognição (figura 1.2): pensamentos automáticos (PA),
pressupostos subjacentes e crenças nucleares
Todos nós temos crenças, pressupostos e PA tanto positivos quanto negativos, mas,
normalmente, quando nós falamos nesses conceitos, estamos nos referindo aos disfuncionais
Terapia do esquema alemã: muitos recursos, inclusive fantoches. Trabalham com famílias,
gerações. Os alemães produzem muitos problemas por conta de sua natureza rigorosa.
Cristopher Luz (conferir nome)
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Ex: Imagine um jovem de 15 anos, com ansiedade social, que recorda ter sido humilhado em
um encontro de escoteiros-lobinhos quanto tinha 6 anos. Todas as vezes em que se depara com
uma nova situação social, seu esquema o leva de volta à humilhação original, dando-lhe a
sensação de estar revivenciando o evento. Talvez isso explique o fenômeno clínico em que os
clientes se mostram tão regredidos e imaturos quando estão severamente angustiados. No caso
desse menino de 15 anos, sempre que seus botões são acionados, ele olha para si e para o mundo
com os olhos de um escoteiro-lobinho de 6 anos desprezado.
Crenças centrais
Na teoria cognitiva, os esquemas podem representar um fator de vulnerabilidade que predispõe
crianças a sofrimentos emocionais (Beck, Rush, Shaw, Emory, 1979)
De modo conceitual, um estilo atributivo pessimista deve ser considerado uma diátese para a
depressão na infância.
Crenças secundárias
Estratégias de enfrentamento ou estratégias compensatórias (J. Beck, 1995) são os
comportamentos que o indivíduo utiliza na tentativa de lidar com suas crenças
Esses comportamentos de enfrentamento têm correlação direta com as regras e os pressupostos
disfuncionais e também acabam por reforçar ainda mais a crença
Os pressupostos condicionais modelam a relação entre as estratégias comportamentais e as
crenças nucleares
Para exemplificar: podemos imaginar que um indivíduo fóbico com crença nuclear “sou incapaz
de ser amado” tem o pressuposto
É muito perigoso interagir com as pessoas, pois elas não irão gostar de mi, e a regra “para não
ter problemas, eu não devo interagir com as pessoas” Sua provável estratégia de enfrentamento
será não se expor a alguma situação em que a interação social seja necessária.
Falando com a terminologia cognitiva, o paciente diria algo como “se eu me engajar em minha
estratégia compensatória, estarei bem; se não, minha crença nuclear ficará evidente ou se
mostrará verdadeira”. Portanto, se eu me afastar dos outros, eles ficarão longe e não tentarão
me fazer mal, caso contrário, eles irão me machucar”
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O estabelecimento do rapport, da confiança com o paciente e com a família, pois são crianças.
Na anamnese, a abordagem em geral é apresentada à família. Vários princípios estabelecidos
com adultos se aplicam às crianças. Crianças são capazes de fazer registros de pensamento por
meio de desenhos. Mas às vezes é preciso usar recursos mais concretos (como baralhos) para
ativar pensamentos automáticos. Com adultos, é mais fácil ativar os pensamentos automáticos
e as consequências de seu pensamento.
Embora a terapia cognitiva precise ser adaptada para adequar-se às características individuais
das crianças, vários princípios originalmente estabelecidos pelo trabalho com adultos ainda se
aplicam (Knell, 1993).
Outro ponto: empirismo colaborativo e a descoberta guiada são úteis com crianças. São os
meios pelos quais vamos trabalhar a terapia. A terapia precisa da participação do
cliente/paciente. No caso das crianças, precisa-se ainda dos familiares, o que gera problemas
adicionais, já que, não raramente, os pais terceirizam os problemas para a escola e/ou para o
psicólogo. Às vezes, os pais podem ser entrave para a adesão e engajamento na terapia. O
empirismo colaborativo diz respeito ao trabalho dialógico, colaborativo (da parte de quem foi
procurá-lo). Descoberta guiada: o terapeuta não dá a “receita”. É o processo de descoberta
juntos, entre o cliente/paciente e o terapeuta. O terapeuta é diretivo no processo, mas, por
diretividade, não quer dizer que o terapeuta diz o que a criança e pais devem fazer.
E a questão dos jogos? Depende do quadro da criança. Pense em uma criança hiperativa ou
autista. É preciso que o terapeuta recorra a algo que desperte o interesse desse público. Uma
das vantagens da TCC é a possibilidade de usar recursos em prol do reforçamento. A TCC
envolve também análise do comportamento. O que não pode ou não deve é usar coisas para
passar o tempo. A criança precisa ser reforçada de alguma maneira. Como esses materiais, essas
técnicas fazem sentido dentro desse contexto? É muito importante saber. Punição não deve ser
utilizada. Muitas coisas que ocorrem na sessão não estão programadas para acontecer.
É provável que a criança não participe da agenda, ou não queira estabelecer agenda ou ainda
sair da agenda.
O feedback: retomada do processo, diretividade (‘que tal pensarmos isso na próxima sessão?”)
É arriscado que, a partir de técnicas projetivas, se infira que, por exemplo, a criança está sendo
abusada
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Em primeiro lugar, poucas crianças vêm para a terapia por vontade própria (Leve, 1995). Em
geral, elas são trazidas para tratamento pelos responsáveis, devido a problemas que talvez elas
nem admitam que tenham. Além disso, a experiência clínica sugere que, na maioria das vezes,
as crianças são encaminhadas para terapia porque suas dificuldades psicológicas criam
problemas a algum sistema (p. ex., família, escola).
A ação na terapia é estimulante. A motivação das crianças aumentará quando elas estiverem se
divertindo.
Deve-se considerar cuidadosamente as idades das crianças, bem como suas habilidades
sociocognitivas (Kimball, Nelson, & Politano, 1993; Ronen, 1997), e adaptar o nível de
intervenção à idade e às capacidades do seu desenvolvimento.
Com crianças com menos fluência verbal, podem ser indicados desenhos, fantoches,
brinquedos, jogos, trabalho manual e outras tarefas que exigem menos mediação verbal.
Ler e contar histórias com essas crianças podem ser estratégias para conseguir aumentar sua
sofisticação verbal.
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Além disso, filmes, música são mídias que podem facilitar uma maior mediação verbal.
Adaptar as tarefas para que estejam à altura da capacidade linguística das crianças é um desafio
clínico crucial.
O reforço (social) explícito é uma parte central desse trabalho com crianças e adolescentes
(Knell, 1993). Elogios são comportamentos reforçadores. A criança se desenvolve com reforço
por desempenho. A criança precisa ser elogiada pelo que é, e não apenas pelo que tem.
A TCC tende a seguir um formato padrão, com cada sessão envolvendo todos os sete elementos
seguintes ou a maioria destes:
As sessões envolvem
Revisão geral
Atualização dos sintomas
Revisão das tarefas anteriores
Definição da agenda
Foco principal da sessão
Feedback da sessão
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Apresentando o Slide 2
Atividade prática com o baralho de histórias. O que o baralho de histórias tem a ver com a
conceitualização de caso? Trata-se de um processo científico (levantamento de hipótese por
parte do psicoterapeuta) que vai possibilitando o teste de seus pensamentos, de suas crenças etc.
O baralho é indicado para crianças acima de 5 anos, pois já consegue entender e utilizar o
baralho com a ajuda do terapeuta. Hoje vamos fazer de conta que somos as crianças. Vamos
trabalhar em cima das cartas. Nessa seleção, tem o baralho dos problemas, feito pelo Ederaldo
e Renata. Trata-se de um baralho para levantar os problemas nos casos em que as crianças não
conseguem falar. 150 cartas em diferentes categorias diagnósticas. São 15 transtornos
selecionados no DSM-V, e produziram problemas, questões que a criança não consegue
verbalizar. Esse baralho provoca o pensamento da criança, e ela vai indiciar *aquilo que ela
acha que sente*.
Carta PE (problemas escolares: tenho vergonha porque não consigo fazer o que o professor
pede).
Algumas cartas foram selecionadas e o nosso trabalho consiste em pegar as cartas conforme o
problema, e aí vamos usar o baralho de histórias, que é composto por situações, personagens e
objetos. A pessoa vai ter uma situação, a criança vai escolher uma situação, alguns personagens
(4, por exemplo) e 2 ou 3 objetos. O trabalho da gente é: somos as crianças, com o problema
na mão, vamos montar uma pequena história considerando o lugar, os personagens (que podem
ser todos ou escolher a que quiser) e os objetos. Vamos montar uma pequena história pensando
no nosso problema, que está descrito no baralho. Que tipo de história uma criança poderia
montar considerando o lugar, os personagens e os objetos. A história não tem tamanho pré-
delimitado. Teremos um protocolo de registro no qual colocaremos o nome do grupo inteiro e,
na frente, vamos colocar a história.
Escrever: quais os personagens escolhidos? Qual a situação ou local escolhido? Quais as
emoções mais predominantes? Quais os pensamentos e problemas observados?
Comportamentos não-verbais observados? Essa história é apenas o começo. Em seguida, teria
o aprofundamento daquilo que a criança relatou na história. A ideia é que a criação da história
conte sobre as crenças centrais (expressas no esquema desvalor, desamor e desamparo).
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Algumas cartas podem estar mais ligadas à situação de produzir uma história sobre a ansiedade
infantil.
Depois vamos ler o problema e o que foi produzido. Não se esqueçam de falar do lugar, das
pessoas etc.
Só tem 1 lugar para se pensar onde vai ocorrer a história. Depois tem alguns personagens e
alguns objetos de acordo com o quadro que vamos receber.
Depressão infantil
Era uma vez, um reino em que havia uma princesa que estava por receber a coroa de seu pai, o
rei. Mas existia um monstro que deixava ela com medo e triste. Então, a família da princesa se
reuniu na sala de jantar pra ver o que fazer com o monstro. Eles falaram para ela que eles tinham
uma bengala mágica. Então ela pegou a bengala e bateu no monstro que se transformou no arco-
íris. Aí ela ficou feliz e recebeu a coroa
Personagens: criança, rei, rainha e monstro
Local escolhido: sala de jantar do castelo
Emoções predominantes: Tristeza, medo, coragem, felicidade
Pensamentos:
Problemas relatados:
Na TCC, o psicólogo não sabe nada. A história não é projeção. Eu suponho que, quando a
criança diz que o personagem está triste, ele está falando dele mesmo. A hipótese pode ser feita.
É um chute, que pode ser mal-dado ou bem dado. A terapia busca a alternativa
A terapia que mexe na crença central
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Essa parte motivacional é muito importante, pois a criança precisa fornecer dados. É importante
que a criança participe, mas essa motivação está nas mãos do psicólogo. Crianças e adolescentes
podem ter sido levados (e até convencidos), mas esse público não tende a ir por conta própria.
Mesmo assim, sabe o que é se sentir mal, ansioso ou com medo.
Esse plano de trabalho deve ser atualizado conforme as informações vão chegando. Nossa vida
continua. Aparece, por exemplo, um caso de bullying previamente inexistente.
Conceitualização: combina variáveis que descreve o paciente a partir de um conjunto de
informações derivadas de diversas fontes. Fontes familiares, da escola
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A partir do momento em que você entende o quadro, você cria técnicas. Quando usar baralho?
Quando surgirem as necessidades? Quando avaliar a inteligência? Quando houver demanda.
A conceitualização permite que a gente use da flexibilidade. A introdução de uma técnica, o
redirecionamento do tratamento, essa flexibilidade só é possível à medida que você entende o
caso. Como e quando usar técnicas (maleta de truques)? Tem que haver uma razão para
introduzir técnicas.
A Conceitualização de caso precisa ser simples, abrangente e impulsionada por uma visão
imparcial.
É preciso saber usar o critério diagnóstico para entender o caso. Há que se considerar a história
de contingências positivas e punitivas. O nome do diagnóstico é o que menos importa. É
importante para comunicação entre profissionais.
Quando você se casa com o diagnóstico, essa conceitualização poderá ser tendenciosa. Em
geral, você vai buscar coisas para alimentar o rótulo, e sua conceitualização perde qualidade.
Podemos, como psicólogos, fazer da conceitualização uma visão subjetiva (ou mais subjetiva,
porque subjetiva sempre é)
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Que tipo de crença pode predominar nessa criança? Esses esquemas surgem na infância e, em
geral, são desadaptativos. É preciso conhecimento teórico, capacidade de fazer hipóteses etc.
Para fazer diagnóstico, basta aplicar testes, usar o DSM. Mas depois é preciso prosseguir com
a conceitualização. Você só entende o paciente fazendo a conceitualização de caso.
Contexto cultural: vai determinar às vezes se um comportamento é doente ou não
Você deve resumir sua experiência com a prática da semana indicando os seguintes aspectos:
2- Objetivo da técnica: Trata-se de uma técnica que está a serviço da conceitualização de caso.
Considerando as dificuldades e limitações não só cognitivas, mas também concernentes à
expressão oral por parte das crianças, o baralho de história se mostra como uma ferramenta
importante para auxiliar o psicólogo a conceitualizar o caso e para elaborar diferentes
estratégias de intervenção cognitiva. Sua finalidade é também a de suscitar, no cliente, um
ambiente adequado e acolhedor para a exteriorização de seus problemas, pensamentos e
emoções. Por outro lado, acredito, a técnica pode ser eficaz no fortalecimento de vínculos
terapêuticos.
3- Idade indicativa: O uso do baralho de história não possui restrições de idade. Embora seu
uso seja prioritariamente recomendado para crianças que ainda não atingiram o nível de
verbalização abstrata e conceitual, não há quais restrições para o uso do baralho com crianças,
adolescentes, adultos e idosos. Talvez o único requisito seja a capacidade, por parte do
cliente/paciente, de manipular histórias em nível verbal, ainda que com escassos recursos
verbais. Espera-se, portanto, que este baralho seja apropriado para usar com crianças a partir
dos 5 anos de idade.
5- Reflexão crítica da técnica (você faria adaptações, quais?) Justifique. A técnica constitui um
material lúdico muito apropriado para retirar o cenário terapêutico de um ambiente que pode
ser ineficaz para o diálogo entre o psicólogo e seu cliente, especialmente, mas não
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Baralho de histórias
O Baralho de histórias permite a formulação cognitiva em crianças
Essa forma colaborativa de conceitualização pode ser aplicada em crianças a partir de 5 anos.
Permite de forma indireta, por meio das histórias contadas e os recursos adicionais (cartas do
terapeuta) que se mapeie pensamentos automáticos , crenças centrais e a tríade cognitiva em
crianças
Permite ainda um modo interventivo que visa instalar habilidades e competências nas crianças.
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Esta é a carta dos aspectos positivos. As profissões da saúde tendem a ressaltar a doença, e a
psicologia não fica atrás. Com essa carta, podemos trabalhar aspectos positivos, recursos
internos, estratégias para a solução de problemas. Podemos sempre fazer um elogio à sua ação
para internalização dos aspectos positivos. Acima, alguns aspectos positivos que podem ser
desenvolvidos. A assertividade é a capacidade de manipular a sinceridade a partir das emoções,
a partir de sua percepção subjetiva. Tendemos a ser mais polidos que verdadeiros.
Regulação das emoções: importante aspecto positivo a ser desenvolvido.
Conforme o quadro que você tem diante de si, você pode estimular/suscitar vários pensamentos.
Com esse baralho, você dá oportunidade sempre do personagem ter uma determinada
habilidade.
Você reconta a história, mas apresenta cartas que introduzem situações nas quais as crianças
vai resolver problemas, conflitos, regular conflitos. Então, é a mesma história, mas agora a
partir de uma nova perspectiva. O terapeuta pode pedir para a criança dar conselhos aos
personagens
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Esta aula sugere vários métodos para apresentar o tratamento a crianças, adolescentes e seus
pais (cuidadores, tutores)
Crianças, pais e terapeutas necessitam de um certo consenso em relação aos problemas a serem
tratados na terapia. Aqui temos o primeiro desafio: o que a criança tem? O que os pais acham
que tem? (pais são entrevistados primeiramente)
Esse primeiro passo pode apresentar desafios. Em geral, pais, professores ou outros adultos são
os primeiros a identificar e definir os problemas das crianças para elas. Você precisa obter
informações da criança para estabelecer um acordo genuíno sobre o problema a ser trabalho. É
na infância que começa a vir os problemas comportamentais
Se as crianças não concordarem com o terapeuta sobre o problema delas, talvez não se sintam
motivadas a fazer o tratamento. Este capítulo também oferece várias recomendações para
identificar problemas com crianças e adolescentes.
Como você apresenta de maneira envolvendo e compreensível a terapia às crianças dos anos
iniciais do ensino fundamental? Obviamente, as crianças precisam receber informações
concretas e simples. Se sentirem que você está dando uma palestra, não prestarão atenção. Essa
não é uma tarefa fácil de realizar na prática clínica. Desenvolvemos algumas estratégias,
histórias, jogos e metáforas (quando o coração fica triste?) para minimizar esse problema
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Para crianças mais novas, aplicamos um formato de livro de histórias ou figuras para ilustrar a
associação entre fatos, pensamentos e sentimentos. O terapeuta faz perguntas para orientar a
narrativa da história. A criança dá respostas aos estímulos do terapeuta. Muitas vezes, a criança
será convidada a desenhar uma figura
Em geral, o modelo de tratamento apresentado aos adolescentes da mesma maneira que para
adultos (J. S. Beck, 2011; Padesky & Greenberger, 1995). De modo habitual, o modelo
cognitivo é apresentado após o processo de avaliação ter sido quase ou totalmente concluído.
A seguinte transcrição ilustra a forma como o terapeuta apresenta o modelo cognitivo a uma
adolescente deprimida
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Segundo Beck, a cognição vem em primeiro lugar. Para outros autores, você tem os sentimentos
relacionados a determinados tipos de emoções e só então você tem processos cognitivos.
Primeiro, talvez, as crianças não saibam por que estão vindo à terapia ou podem estar
ressentidas por estarem consultando um terapeuta
Muitas vezes, uma boa dose de engenhosidade é necessária para envolver os jovens no processo
de identificação do problema. Algumas delas podem achar a tarefa maçante e sem graça. Outras
podem considerá-la dolorosa.
Muitas terapeutas podem vê-la da mesma maneira. Entretanto, o processo não precisa ser
doloroso e sem graça. Os terapeutas devem se esforçar para que evitar que a identificação do
problema para uma confissão da criança.
Assim, nessa seção, sugerimos vários métodos para identificar problemas com crianças que
estejam nos primeiros anos do ensino fundamental e com adolescentes.
É possível trabalhar de forma adiagnóstica, mas também é possível associar frases a diagnóstico
HIPEARTIVIDADE: eu não presto atenção
PROBLEMAS ESCOLARES: não consigo ler como meus amigos
ANSIEDADE: tenho medo de que alguém me faça mal
DEPRESSÃO: não tenho vontade de viver
TOD: acho que as pessoas são ruins comigo
BULIMIA: faça muito exercício até eu emagrecer
ANOREXIA: quando me olho no espelho, acho que preciso emagrecer
DEPENDÊNCIA DE SMARTPHONE: não consigo me controlar na aula por vontade de pegar
o smartphone
DEPENDÊNCIA DE REDES SOCIAIS: se pudesse, ficaria o tempo todo nas redes sociais
PROBLEMAS HABILIDADES SOCIAIS: não tomo a iniciativa para brincar ou conversar com
alguém
Como é o termômetro, em uma escala de muito fraco a muito forte, passando pelo fraco, médio
e forte? Qual é a força desses sentimentos para si? Psicologia não possui instrumento de medida.
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Crianças mais novas podem estar completamente alheias a porque estão na terapia. Talvez
achem que receberão uma injeção ou remédio do terapeuta. Outas podem encarar o terapeuta
como uma espécie de diretor de escola que as castigará por terem criado um problema. Corrigir
essas suposições equivocadas é a primeira tarefa na apresentação da terapia a uma criança e na
identificação dos problemas-alvo.
As cartas para o o(a) Caro(a) Doutor(a) ou Caro(a) Terapeuta oferecem uma forma de as
crianças conseguirem falar sobre si mesmas fazendo algo familiar, ou seja, escrevendo uma
carta e identificando os seus problemas (Padesky. 1988). Escrever uma carta é o passo inicial
rumo a uma revelação de si mesmo(a) mais direta, dando à criança uma confortável sensação
de distanciamento do terapeuta. Você poderia apresentar a tarefa da seguinte maneira:
“quero conhecer você um pouquinho melhor. Uma forma de eu saber sobre você é s se me
contar mais sobre si mesmo. Já escreveu uma carta a alguém antes? Bem, é isso que eu quero
que você faça na próxima semana. Quero que me escreva uma carta contando o que quiser sobre
si mesmo. Conte-me sobre as coisas que você faz, sua família, seus sentimentos de tristeza, de
raiva ou de preocupação, as coisas que vc gosta, as coisas que lhe trazem problemas, suas
escola, e seus amigos. Realmente quero que escreva qualquer coisa que queira que eu saiba
sobre você. Escreva aquilo que o deixa feliz e aquilo que o perturba.
sobre seus problemas, um adolescente não colaborativo respondeu: “minha mãe é uma cadela
irritante”.
Conversinhas teens
SINOPSE
Conversinha Teens é um recurso para uso nas primeiras sessões de psicoterapia com
adolescentes. Útil para adolescentes que não verbalizam espontaneamente seus problemas ou
que precisam ser introduzidos à linguagem e aos assuntos de interesse da psicoterapia, como
por exemplo, falar de problemas e expressar seus pontos de vista de forma tranquila. Ofereça
os 25 cartões ao adolescente com as perguntas voltadas para baixo e peça que ele escolha "às
cegas" 10 ou 15 perguntas. Na sequência, o terapeuta faz a pergunta, ou o próprio adolescente
lê e responde. As perguntas foram formuladas para promover discussão sobre questões do
cotidiano dos adolescentes, de interesse na terapia: autoimagem, autoestima, pais, amigos,
problemas, sentimentos, estudos.
público-alvo: Pode ser utilizado com clientes de 13 a 17 anos.
Conclusão
A terapia é um mistério para a maioria das crianças e famílias. As pessoas abordam um território
desconhecido com grande ansiedade e ambivalência
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Quando estamos olhando para a esfera familiar, temos que ver a “alta demonstração de amor”
e exigências (como se lida com exigências). Vamos pensar que eu tenha uma alta demonstração
de afeto e muito baixa exigência. Exigência demanda presença, escuta, esforço, estar presente
no contexto. Hoje em dia a baixa exigência tem sido prevalente. A alta exigência (pelo menos
no autoritativo) não é exagerada. É recomendada alta exigência + alta demonstração de amor.
Pensemos, por exemplo, na adaptação à escola. A permissiva por escolha acha que o problema
da adaptação é da escola. Então, eu posso ser uma pessoa extremamente afetuosa mas não
orientar a criança (terá que acordar cedo, se trocar, tomar café da manhã etc.). O autoritativo
sabe as demandas e mostra o seu afeto por orientação. Pais assim geram muita segurança
interior. Os pais mostram segurança e orientam em passos. Vamos imaginar agora que não
ajudamos a criança a formar seu repertório. Teríamos aqui o estilo permissivo, que está
associado a uma baixa exigência talvez porque eu não queira exigência para mim. A associação
entre o estilo permissivo por falha e a baixa demonstração de amor talvez seja o pior cenário.
Tarefas educativas parentais envolvem demonstração de algum grau de afeto e exigências sobre
como lidamos com certos desafios. A permissividade sempre está associada à baixa exigência,
e isso pode estar associado com baixa ou alta demonstração de afeto. Crenças de desamor, de
desamparo e de desvalor podem estar associadas a uma formação permissiva. É possível ter
crenças de amor e, ao mesmo tempo, sentir-me desamparado, o que gera o desvalor. É preciso
entender o papel desses elementos.
Habilidades socioemocionais:
Seguir orientações
Seguir regras
Ter uma boa regulação emocional (reconhecer e expressar emoções adequadamente). A
fronteira frustra.
Experimentar estabilidade nos relacionamentos interpessoais
Saber resolver conflitivos de forma assertiva. Uma característica do treino de assertividade é
não falar do outro nunca. Estamos falando de nós mesmos. Topografia de voz, do
comportamento.
Cooperar com os pares
Motivar-se para alcançar objetivos
Ter boa reciprocidade e empatia
Tolerar frustrações
O cuidador é toda pessoa que passa na vida de um indivíduo e que modela o seu senso crítico.
Quem está se sentindo sobrecarregado, tem dificuldade. Por isso os pais precisam ser ouvidos.
Treinamento de pais é importante. Ainda que se burle uma fronteira, estar ali não vai ser
escondido. Tudo será dito, contado.
Economia de fichas é uma técnica baseada no condicionamento operante utilizada para controle
de contingências. No caso de crianças pequenas, diversas são as formas de apresentação. Podem
ser elaborados cartazes com desenhos sobre os comportamentos que as crianças devem
conseguir apresentar (comportamentos-alvo), e a pontuação pode ser representada por uma
caixinha (estilo cofre), na qual são depositadas fichas (em forma de estrelas, por exemplo), ou
por adesivos colados ao lado de cada figura de comportamento-alvo. O objetivo é que a criança
se motive para adquirir a maior quantidade de pontos à medida que consegue apresentar bons
comportamentos. Os pontos podem ser trocados por premiações, preferencialmente por
reforços sociais e não materiais
Técnica de economia de fichas, ver Fava e Melo e Fava
59
Relaxamento, mindfulness e respiração: 3 técnicas de regulação para tirar alguém do nível pré-
operatório ou operatório concreto ou ainda sensoriomotor (despersonalização) em estado de
ansiedade/desconforto
Empirismo colaborativo
Sigilo com o paciente: o pai tem direito de saber o que diz respeito à queixa. O artigo 26 do
Código de Ética, sabe-se que o sigilo só pode ser quebrado por abuso, experiências sexuais,
doenças sexualmente transmissíveis, uso e abuso de drogas, automutilação e ideação suicida e
casos em que a informação seja útil e necessária para que sejam tomadas medidas para o
benefício do paciente.
60
Assim como todos nós, crianças e adolescentes não contam as histórias como elas são, mas
como a gente quer que os outros escutem. O que é contado pelo adolescente é o que ele quer
que você ouça. Cabe ao psicólogo entender a experiência e a vivência. Quais são as suas crenças
sobre essa experiência sexual? A partir daí, consigo entender os riscos da não-comunicação aos
adultos. O você acredita que eles fariam se soubessem? A partir desses dados, obtenho a melhor
forma para transmitir aos cuidadores, mas também após a psicoeducação.
Tarefa
Brincar
Atividade
Resumo
Depressão é um problema sindrômico: afeta apetite, humor, memória, desregula sono. O que
chama a atenção é um ânimo irritável e/ou disfórica, desmotivada e com comportamentos
adaptativos instrumentais diminuídos. Em adultos, tende a ser crônica (cronificada). Em
crianças, tende a ser episódica (depressão em adultos e em crianças assume formas
diferenciadas), mas continua a ser depressão.
Na adolescência, a temática é diferente. Gira em torno a relações afetivas desfeitas, problemas
sociais, bullying. Tende a gerar distúrbios alimentares e de sono. Em crianças, há o medo de
perder os pais, objetos, animais. A depressão tem como sintoma central a perda. O grande tema
da depressão é perda, mesmo na infância. Na ansiedade, o tema é vulnerável e perigoso. É
comum que as crianças tenham pesadelo e quadros de ansiedade.
Sintomas: humor deprimido na maior parte do dia, mas é episódico. Diminuição de interesse
nas atividades. Pode haver perda ou ganho de peso, e temos que considerar o peso esperado
para uma criança naquela faixa etária. Pode ter insônia ou hipersonia.
Do ponto de vista motor: agitação ou retardo psicomotor (ou muito agitado, e geralmente há
quadro de ansiedade comórbido). Aparece culpa e senso de inutilidade relatados.
61
TCC Expressa
“Ela não quer fazer nada, a não ser ficar sentada no quarto dela assistindo a vídeos no telefone.”
“Ele está de mau humor o tempo todo. Um perfeito rabugento. É como se achasse que o mundo
inteiro está contra ele.”
“Qualquer mínima coisa o abala.”
“Ela é muito mal-humorada. Qualquer coisa pode ativá-la e ela chora por quase nada.”
Dicas de ouro: crianças pequenas não possuem filtros. É a naturalidade, a ausência de sensor.
A sessão em grupo tende a ser bagunça. A ativação comportamental foi pedir algo para mãe.
Como você vai dosar? Você pedir que a criança faça o desenho, faça a atividade.
Você deve resumir sua experiência com a prática da semana indicando os seguintes aspectos:
4- Facilidade e dificuldade para executá-la na sala de aula: A brincadeira não exige muitos
recursos materiais. Bastou a presença dos discentes/atores, um papel e uma caneta.
5- Reflexão crítica da técnica (você faria adaptações, quais?) Justifique. A técnica já passou por
protocolos em conformidade com as exigências expressas pelas abordagens psicoterapêuticas
baseadas em evidências. Nossa simulação falhou em considerar as variáveis que caracterizam
uma terapia familiar, como, por exemplo, desordens, desconfortos e, dentre tantas outras
situações, as interrupções. No entanto, acredito que nosso grupo conseguiu mostrar um caminho
eficaz para ativação comportamental em nível de afeto, expresso pelo pedido (como se presume,
sincero) da criança de receber um abraço da mãe.
63
Nascimento aos 6 meses: natural esperar resposta de ansiedade quando há perda de contato
físico com a mãe e barulhos intensos
Sertralina: remédio de escolha para crianças e adolescentes
TOC: fusão do pensamento + ação
A mudança é biológica. Os neurotransmissores são modulados pela fala.
Terapia de pessoa ansiosa (em qualquer idade): ensinar que pode dimensionar de forma mais
acurada o perigo (pode estar distorcendo). A catastrofização (E se...) é a principal delas.
Pensamentos que antecedem ou acompanham as crises. É preciso criar um plano para enfrentar,
o que em geral tem a ver com exposição. Existem situações em que a resposta é fuga e esquiva.
Estratégia em terapia: modelar, exposição in vivo (quando é possível),
A ansiedade é uma das razões mais frequentes por que as crianças são encaminhadas para
serviços de saúde mental, e também pode aparecer como um problema em outros centros de
atenção à saúde.
Considerações como idade, gênero, raça, etnia e severidade da apresentação dos sintomas não
moderam os resultados (Kendall & Peterman, 2015; Walkup et al., 2008).
O uso da TCC para tratar sintomas de ansiedade promove reduções na severidade dos sintomas,
melhoras no funcionamento global, aprimoramento no funcionamento social e reduções nos
distúrbios do sono (Higa-McMillan, Francis, Rith-Najarian, & Chorpita, 2016; Pereira et al.,
2016; Peterman et al., 2016; Walkup et al., 2008).
66
Uma revisão abrangente recente de estudos da ansiedade notou que as crianças que participaram
em condições de TCC tinham três a sete vezes mais chances de apresentar melhoras
significativas nos sintomas de ansiedade (Bennett et al., 2016).
Para mostrar rapidamente os benefícios da TCC, os terapeutas devem avaliar de modo eficiente
o nível de ansiedade, a compreensão que a criança tem dos seus sintomas e sua disposição e
habilidade para inicialmente se engajar nas intervenções.
No entanto, a falta de habilidade da criança para se engajar nas intervenções durante a interação
não significa que a oportunidade está perdida. Ela pode aprender observando você demonstrar
as técnicas, e os pais podem desenvolver habilidades e adquirir conhecimento sobre
intervenções que poderão aplicar posteriormente em casa.
Se não houver a desfusão, não poderá haver a interlocução socrática. A desfusão é a condição
para a reestruturação começar. Um pensamento é sé um pensamento.
67
Estudo de caso
L.C., 9 anos, sexo masculino, foi trazido para atendimento por sua mãe, a qual relatou
dificuldade do filho em ficar na sala de aula e apresentação de sintomas de ansiedade, com
queixas físicas como náuseas e dores de cabeça, causando-lhe prejuízo significativo no
funcionamento social e acadêmico.
L.C. relata que tem medo de dormir sozinho no quarto, medo de escuro, medo de ladrão e medo
que aconteça alguma coisa de ruim com sua mãe e que ele nunca mais possa vê-la. Diz que,
quando chega a hora de ir para a escola, sente-se mal; tem dor de barriga, dor de cabeça e
vontade de vomitar e que não está conseguindo ficar na escola. Não gosta mais de brincar na
rua com seus amigos (só se a mãe estiver por perto vendo ele brincar). Relata que a sua “cabeça”
fica pensando:
“e se um bandido entrar na minha casa e me sequestrar?”;
“e se eu ficar no meu quarto sozinho e um ladrão entrar e ninguém ver?”;
“e se acontecer alguma coisa com a minha mãe e eu nunca mais vê-la?”;
“e se um bandido me sequestrar e eu nunca mais poder ver minha mãe?”.
Ele diz que sua “cabeça” não para de pensar essas coisas e que quando a mãe está por perto
parece que ela ajuda a mandar esses pensamentos embora. Relata que gostaria muito que a mãe
pudesse ficar com ele na escola; já pensou até em pedir isso para a diretora.
O menino contou que está muito preocupado por não conseguir mais estudar por causa desse
monte de coisas que fica passando na sua cabeça e demonstrou preocupações excessivas e medo
de que algum mal acontecesse com sua mãe, além do medo de se perder e de que alguém o
sequestrasse.
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Além dos problemas envolvendo a criança, podemos falar também da parentalidade. Em certas
formas de parentalidade, é preciso identificar/avaliar e regular as emoções, e isso é muito mais
difícil. Observamos que, essa mãe, em um primeiro momento, parece adequada, já que ele se
sente melhor na frente da minha mãe. Mas, não quer dizer que essa mãe seja adequada em
parentalidade, pois a segurança causada pela presença da mãe pode ser simplesmente por ver
que ela está bem, e não por ela trazer segurança.
Bebês são capazes de perceber estados emocionais diferentes nas mães. Os pais participam do
desenvolvimento emocional de uma criança a partir de 2 formas: a primeira, conta para a
criança, através de suas reações, como é uma emoção, qual o nome dela, se é possível regular
ou não. Suas vivências emocionais regulam a criança. Pais ansiosos ensinam uma forma de
reagir ansiogenicamente ao ambiente. É preciso ver se os pais conseguem ou não regular suas
próprias emoções. Segundo, os pais irem conversando, mostrando, dando segurança para a
criança de suas experiências emocionais. Como você constrói o seu léxico, seu dicionário
interno. Terceiro, os pais falando sobre/reagindo sobre experiências emocionais de outras
pessoas. O seu conhecimento sobre emoções provavelmente está ainda bastante restrito a essa
aprendizagem inicial. Muitos de nós têm uma capacidade muito restrita de avaliar emoções,
identificar emoções e dos recursos para lidar com ela.
Background: atmosfera emocional da casa, e esse é o pano de fundo
Autoritativo-participativo (tem limite e tem afeto). Regras e limites são bem estabelecidos, e
cumpridos de forma adequada, mas o afeto e a participação estão presentes: no baralho, pais
ficam felizes com suas conquistas? Pais estão juntos na doença? Pais estão juntos em vários
momentos? Na terapia do esquema, são necessidades emocionais básicas. Limite com afeto é
uma das necessidades básicas do ser humano. Saber o que pode e o que não pode, mas de uma
maneira cuidadosa, afetuosa e explicativa.
Indulgente-permissivo: tem muito afeto, mas não tem limite. É um estilo marcado por uma
posição permissiva e muito afetuosa. No primeiro estilo, a criança aprende a ser capaz de
identificar regras e se adequar ou transformar com consciência. A criança faz o que quer e o pai
arruma por ela, cata por ela etc.
69
Estilo autoritário: muito limite e pouco afeto. Esse estilo envolve a imposição de muitas regras,
com praticamente nenhuma flexibilização, bem como o desejo de que as crianças sejam
controladas e obedientes. A opinião e os desejos das crianças são pouco observados e
valorizados.
Estilo negligente: pouco afeto e pouco limite. Nesse estilo, os cuidadores permitem quase tudo
e não participam ou não se preocupam com a educação das crianças.
Estilos podem revezar, com diferenças de predomínios entre uns e outros. O nosso caso L.C
pode ter uma das mães aqui. Por que o L.C é tão ansioso? Será que não tem com quem contar?
Será que não tem alguém que o ajude a regular a ansiedade? Aqui temos as duas possibilidades:
transtornos externalizantes e os internalizantes (depressão e ansiedade). Pais negligentes pouco
ensinam como regular emoções. Talvez ela não seja autoritária. Se ela fosse, é provável que a
criança não quisesse ficar muito com ela.
A prática da educação envolve: limite e afeto. Tem limite e tem afeto? Tem limite e não tem
afeto? Tem afeto e não tem limite? Não tem afeto nem limite?
Desregulação emocional: tem a ver com nossas primeiras experiências com a emoção. O
principal agente cuidador
Medo, tristeza, alegria, amor, nojo e surpresa. Mas há uma discussão se a surpresa é ou não
uma emoção básica. A consciência nasce do contraste? Em caso afirmativo, parece ser um
argumento para a defesa da surpresa como emoção básica. As teorias que colocam a surpresa
como emoção básica funcionam bem.
Sem o contraste, você não percebe algo de diferente para o qual você quer se mover. O mito da
caverna (na sombra não tem contraste). Mito é diferente de conto de fada. No conto de fada, há
adereço. Mas todo o conto nasce de um mito. Como falar numa superfície tão pequena de forma
tão profunda a ponto de tocar em elementos tão importantes. A criança constrói, a partir do
contraste de experiências, seu universo emocional. Como a criança perceber que está amarrada?
No mito da caverna, você não percebe as amarras. Você não tem como querer se libertar delas?
Essa é uma escravidão inconsciente.
As emoções podem ser as nossas amarras. As amarras no fundo da caverna são as emoções? Se
pudermos percebe-las, conseguiremos romper os grilhões e subir no morro escarpado.
Quem é essa pessoa que pode fazer o processo de identificação da emoção, como regulá-las?
Os pais (cuidadores). Mas, e se os cuidadores possuírem poucos recursos.
72
Foco ou inibição?
74
TDAH e TOD são transtornos relacionados. Em 2010, chegam as primeiras teorias sobre um
continuum, que passa pelo TDAH, TOD, Transtorno de conduta e Transtorno de antissocial.
Alguns ficam apenas no TDAH. Outros chegam à primeira comorbidade (TOD). Outros
chegam à terceira (TC) e/ou quarta comorbidade (transtorno antissocial).
No DSM-V e CID-10, os especificadores de TOD vêm para separar os elementos que indicam
uma possível evolução para as terceiras e/ou quartas comorbidades.
✓Além disso, em geral é difícil observar sintomas de desatenção em bebês e crianças pré-
escolares, porque as crianças jovens tipicamente sofrem poucas exigências de atenção
prolongada. Até para calçar um sapato é requerido uma atenção mais prolongada. Resolução de
problemas, por mais simples que sejam, ficam prejudicadas nesse caso.
✓Mesmo a atenção de criança pequenas, entretanto, pode ser mantida em uma variedade de
situações (por exemplo, a criança padrão de dois ou três anos de idade em geral consegue ficar
sentada com um adulto olhando livros de figuras).
Em psicologia comparada, vemos que, nas espécies em que há formação de grupos, quando um
animal faz algo que prejudica o grupo, o grupo reage não na proporção da ofensa, mas reage à
ofensa de forma desproporcional.
Índole vingativa no TOD: temperamento difícil associado a uma prática de educação que
reforça os comportamentos de revanche, e sempre de forma desproporcional. Quando estamos
sendo punidos por alguém ou por um grupo, tem-se a impressão subjetiva de estar sofrendo
uma punição muito maior do que o comportamento gerador da revanche.
TDAH: situações de frustração. Quando uma pessoa emite esse comportamento, qual a
consequência que vai receber do ambiente?
Punição positiva: bater. Infringir uma dor. Sinal de +. Acrescento algo ao ambiente. Inadequado
nos caso de TOD
Punição negativa: retirar privilégios. Adequado nos casos de TOD
No caso do TOD, é recomendada a punição negativa: perder TV, celular, videogame (punição
negativa)
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O problema do TDAH é atencional. Não consigo prolongar o processo para resolver problemas.
Tenho um terreno fértil para frustração. Se eu tenho temperamento difícil, e cuidadores com
prática de educação inadequadas (autoritário), vou aprender que resolver problemas é
estabelecer relações coercitivas com as pessoas. E aí começo a evoluir de um TDAH para um
TOD. Se eu perco a noção do outro (falta de atenção para com o outro), e deixo de me engajar
em relações empáticas, posso me conduzir para um transtorno de conduta, estabelecendo
relações coercitivas e agressivas com outro.
Personalidade: conjunto de características que você usa para se adaptar às exigências do meio,
para se proteger de pessoas e situações que você considera perigosas. Estratégias agressivas que
coisificam pessoas (colegas, animais), começo a ter comportamentos coerentes, como
machucar, violar, e aí começo a desenvolver uma personalidade antissocial.
Crianças evoluindo do TDAH para o TOD não gostam de desenvolver ideias pois ainda está
formulando vínculos.
77
A maioria dos pais observa pela primeira vez o excesso de atividade motora quando as crianças
ainda estão engatinhando, frequentemente coincidindo com o desenvolvimento da locomoção
independente.
Entretanto, uma vez que muitos bebês hiperativos não desenvolvem o transtorno de déficit de
atenção/hiperatividade, deve-se ter cautela ao fazer esse diagnóstico em uma idade muito
precoce.
Geralmente, o transtorno é diagnosticado pela primeira vez durante as primeiras séries, quando
o ajustamento à escola está comprometido.
Na maioria dos casos observados nos contextos clínicos, o transtorno é relativamente estável
durante o início da adolescência.
Tratamento Farmacológico
O TOD parece ser influenciado por múltiplos fatores inter-relacionados que podem funcionar
como variáveis que atuam ora como causa e ora como efeito do transtorno
Sabe-se que o TOD é moldado e mantido pela natureza das interações recíprocas entre
crianças e adultos significativos. O TOD é construído e mantido pelas interações recíprocas
entre crianças e adultos significativos.
Assim, são crianças que, em seu humor raivoso ou irritável perdem com frequência a calma,
são muito sensíveis ou facilmente incomodados e se apresentam também frequentemente
raivosas ou ressentidas.
80
*****
Motivação (m)
Inibição (i)
*****
Você deve resumir sua experiência com a prática da semana indicando os seguintes aspectos:
1- Nome da técnica
2- Objetivo da técnica
3- Idade indicativa
Os garotos não se saem muito bem com esses baralhos após os 13 anos.
Terapia de regulação emocional
Para crianças com transtorno de neurodesenvolvimento, temos protocolos mais interessantes,
como o método ABA
Primeiro, a gente treina as emoções com as crianças. A coisa mais fácil que podemos identificar
e reconhecer são nossas emoções. Isso, no entanto, não é simples. Pode uma criança chamar de
raiva uma emoção que vai muito além. Até para que a criança consiga entender que suas
experiências emocionais têm, associados a elas, pensamentos e comportamentos, começo, pela
criança com as emoções.
Emoções, cognição e comportamento são os tópicos abordados pelo baralho, e indexical o
baralho a uma abordagem cognitiva.
Expressões faciais: elementos universais das emoções
Paul Ekman: raiva como emoção básica. A partir da experiência, da modelagem, as emoções
vão adquirindo novas feições, como a fúria e o ódio.
Há situações que geram emoções, que geram pensamentos, que geram ações.
Resumo: o que você entendeu do que conversamos sobre comportamentos até agora? Você
consegue dar um exemplo de um comportamento que não ajuda que seu filho (a) já teve ou
tem? E agora você consegue dar um exemplo de um comportamento que ajuda que ele (a) teve
ou tem, um comportamento considerado um vigor a ser intensificado e valorizado?
90
Anexo 2
TERAPIA METACOGNITIVA
HEITOR PONTES HIRATA
■ INTRODUÇÃO
A terapia metacognitiva (TMC) é uma abordagem relativamente recente que faz parte do rol
das consideradas terapias cognitivo-comportamentais (TCCs). Criada a partir dos anos 1990,
por Adrian Wells, essa abordagem parte do princípio de que a interpretação sobre processos
cognitivos está na base da gênese e na manutenção de transtornos psicológicos. Fenômenos
como a preocupação, a ruminação, as obsessões, o preenchimento de lacunas, entre outros, são
interpretados pelos indivíduos de modo a produzir mais sintomas de ansiedade e de depressão.
Wells e colaboradores produziram, até o momento, trabalhos voltados para alguns transtornos
específicos, como transtorno de ansiedade generalizada (TAG), transtorno obsessivo-
compulsivo (TOC), transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e transtorno depressivo maior
(TDM). Os dois primeiros serão abordados neste artigo.
Estudos datados desde o ano de 2004 vêm apontando resultados promissores para a TMC
aplicada aos referidos problemas. Porém, a abordagem carece de mais estudos controlados que
validem, de forma mais consistente, a sua efetividade. No entanto, o uso de estratégias de TMC
na clínica pode ser muito útil em uma série de casos nos quais os clientes têm dificuldades em
lidar com preocupações e com ruminações, sobretudo.
■ OBJETIVOS
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de
■ reconhecer os princípios gerais da TMC;
■ identificar as diferenças essenciais entre a TMC e a terapia cognitiva tradicional;
■ revisar o modelo metacognitivo do TAG e do TOC;
■ identificar como algumas estratégias de TMC podem ser aplicadas em clientes com TAG e
com TOC.
96
A TMC é uma abordagem cognitivo-comportamental criada por Adrian Wells no início dos
anos 1990. O modelo que embasa esse paradigma surgiu a partir de uma teoria da atenção e da
emoção, que afirma que, dependendo do nível de atenção do indivíduo a seus próprios processos
cognitivos, a perturbação emocional será mais ou menos intensa.
Flavell define a metacognição como a capacidade de pensar sobre os processos cognitivos.
Para que um indivíduo esteja consciente de que está aprendendo determinado conteúdo, é
fundamental que consiga monitorar seus processos cognitivos, “entendendo que está
entendendo”. Do mesmo modo, na TMC, é crucial que o paciente identifique seus processos
cognitivos e entenda o que pensa sobre eles. Que crença eu tenho sobre minha necessidade de
ruminar, de se preocupar? Se eu não me preocupar, tudo vai desandar. Se eu não me preocupar,
tudo vai se descontrolar, e só terei consequências ruins.
“Se eu não me preocupar, eu não sou uma boa mãe”, “se eu não me preocupar, não darei certo
na vida”. Há uma crença sobre o processo cognitivo. Uma coisa é a preocupação, e outra é a
crença de fracasso.
97
A distância entre os fatos e a nossa imaginação pode ser imensa, um abismo. Ficamos com o
pensamento, e não com os fatos.
Quando estamos em situação de perigo real, exige-se atenção vigilante. A atenção e a
preocupação geram ‘pensamento sirene’ para que a gente possa se pré-ocupar e cuidar. Fomos
programados para ficarmos hiper vigilantes em situação de perigo. Mas, e se o perigo não é
real? Referimo-nos à nossa capacidade de lidar. Somos mais resolutivos com perigos reais.
O modelo da função executiva autorregulatória
O modelo da função executiva autorregulatória (S-REF) consiste em entender o funcionamento
cognitivo do ser humano em três níveis:
1. Automático. refere-se aos pensamentos que, muitas vezes, sequer são percebidos pelo
indivíduo, semelhantes aos pensamentos automáticos antes do treinamento de consciência sobre
as cognições. É sempre avaliativo, o que carreia a emoção, o que captura a emoção em tempo
real. Acompanha-nos o dia todo. Aqui está repleto de condicionamentos clássicos, pavlovianos;
2. Processamento online. refere-se às cognições que recebem algum foco, ou seja, são alvos
dos recursos atencionais; são os pensamentos em que se consegue prestar a atenção;
3. Metacrenças. diz respeito às crenças que os indivíduos possuem sobre seus próprios
processos cognitivos, como, por exemplo, a preocupação e a ruminação. É o que nos permite
observar as disfunções cognitivas. A terapia tem que partir dos pensamentos automáticos e
dirigirem-se às Metacrenças.
98
99
Tanto a preocupação quanto a ruminação podem ser adaptativas ou desadaptativas. Tudo irá
depender do contexto e do grau de atenção direcionado às preocupações improdutivas.
Leahy aponta que uma das maneiras eficazes de lidar com as preocupações consiste em
diferenciá-las entre preocupações produtivas e improdutivas.
Geralmente, as primeiras estão relacionadas à solução de um problema — elas “geram um
produto”. Por exemplo, uma criança que se preocupa em estudar para uma prova pode, a partir
desse processo, emitir o comportamento de estudar, o que irá ser produtivo para ela.
No entanto, pode-se supor que essa mesma criança, após a realização da prova, fique
preocupada sobre o resultado. Nesse caso, nada mais se pode fazer. Caso ocorra o foco em tal
processo cognitivo, trata-se de direcionamento de recursos atencionais a uma preocupação
improdutiva.
Minha atenção fica na ruminação. Nunca é dirigida para a resolução de problemas. Rumina-se
ao invés de promover ativação comportamental.
Os conceitos de modelo S-REF, SCA e até mesmo metacognição, embora sejam importantes
para o entendimento teórico da TMC, são, na maior parte das vezes, pouco compreensíveis para
o paciente de consultório.
A TMC, assim como a terapia cognitiva tradicional, requer psicoeducação para que o paciente
entenda o modelo metacognitivo e as estratégias dessa forma de terapia, caso ela seja escolhida
para ser aplicada a um caso específico.
101
Como o Preocupanda pode nos ajudar? A Marrumina pode querer falar sobre uma coisa chata,
e isso pode nos ajudar a pensar sobre aquela situação na qual, por exemplo, eu gritei com a
mamãe porque ela pediu para eu arrumar o meu quarto. E pode ajudar a decidir fazer uma coisa
legal, isto é, uma ativação comportamental. A ruminação nos lembrar nos ajuda a fazer alguma
coisa.
Quando nosso Preocupanda e Marrumina estão nos ajudando, precisamos de alguém para nos
ajudar a lidar com eles, o psicólogo ou psicóloga. Eles(as) podem nos ajudar a viver melhor
com esses dois, já que conhecem muitos truques.
Escreva situações que fazem o Preocupanda ligar os pensamentos-sirene e as situações
que fazem a Marrumina mastigar os pensamentos-chiclete.
A professora nos desafia a ver que as situações são diferentes, mas a natureza da preocupação
é diferente.
Situação: alguém dizer que quer falar comigo (preocupação). Lembre-se qual foi a primeira
recordação que tenho de me sentir preocupado? Quando tirei nota baixa. Lembre-se qual
foi a primeira vez que ruminou? Quando alguém passou por mim e não cumprimentou. O
que eu deixei ali? Que peso carreguei a partir dali? Isso é formação de esquema. Está associado
à minha baixo autoestima, à convicção de que não tenho valor.
Temperamento: quanto se tem de forma disposicional, mas isso tem a ver com certas
experiências.
Preocupanda: sei, Preocupada, que às vezes você quer me ajudar, mas você às vezes é muito
barulhento.
Marrumina, hoje você está muito reclamona.
Que tal apresentarmos a Preocupanda e a Marrumina para o papai e mamãe?
Cartinha para Preocupanda aprendi que você está sempre na minha cabeça e que você é muito
exagerado
Marrumina, aprendi que você às vezes é muito reclamanona, e fica 'mastigando' muito os
pensamentos. Mesmo você sendo chata, de vez em quando podemos resolver problemas juntos
Atividade: como isso pode ser aplicado? A partir dos 5 anos, já conseguimos fazer tudo isso.
103
Contar para a criança de uma maneira lúdica, colocando os pensamentos-sirena, e que uma
preocupação faz a criança ficar alerta, liga a sirene, e ficamos com todo o SCA voltado para o
sistema sirene, o que liga nossa ansiedade. O sistema é retratado pelo grau de atenção que a
criança utiliza para suas próprias preocupações. Pergunta para criança diante de um
termômetro: o quanto de preocupação você dispensa para suas preocupações?
Memória de reconhecimento: é a última que a gente perde
Pensamentos-chiclete recebem atenção e vêm por exemplo os SCA. Marrumina costuma ser
ativada quando estamos preocupados
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Caso Clínico
P.S., 5 anos, sexo feminino, foi trazida para atendimento pela mãe, a qual relatou episódios de
choro frequente, desespero, manifestação de raiva e anseio pela presença do ente querido
(padrinho) que havia falecido, causando-lhe prejuízo significativo no funcionamento social e
acadêmico.
A mãe conta que levou P.S. a seu pediatra, o qual receitou medicação para a hora de dormir,
pois todas as noites, desde que o “dindo” morreu, a criança apresentava crises de choro intenso
e dificuldade para dormir. O pediatra orientou a mãe que procurasse ajuda psicológica para P.S.
A mãe relata que o “dindo” era uma pessoa muito presente e participativa na vida de P.S., e que
a sua morte inesperada, aos 33 anos, havia abalado toda a família. P.S. recusava-se a participar
de brincadeiras com os amigos e de atividades festivas, e também apresentava choros frequentes
na escola, sempre chamando pela presença do “dindo”. A mãe também relata que P.S., em
alguns momentos, tinha crises de raiva, gritando, desafiando e agredindo verbalmente quem
estivesse por perto, e diz: “corta o meu coração ver a minha filha com tanta tristeza”.
Ela conta, ainda, que P.S. parece só ter um pensamento na sua cabecinha, que é querer que o
“dindo” volte para casa; só fala nisso o tempo todo. P.S. diz que quer o seu “dindo”, que não
quer que ele morra, que vai pedir ao “papai do céu” para mandá-lo de volta para casa. Contou,
ainda, que eles brincavam muito, que o “dindo” fazia cosquinha no seu pé, que tomavam banho
de cachoeira e de piscina e que a menina gostava muito de dormir na casa dele.
A criança diz que, às vezes, sente um “nervoso na barriga”. Relata que só quer ficar pensando
no “dindo”, pois fica com muita saudade dele (“quero ficar chamando ele”), e não está com
vontade de brincar com mais ninguém. Contou que acha que o padrinho pode ter morrido
porque um dia ela brigou com ele e que devia ter sido “mais boazinha com ele”. P.S.
demonstrava tristeza persistente, explosões de raiva, perda de apetite e de peso.
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Hirata, H. P., & Gabriel, S. A. (2017). Utilizando a terapia metacognitiva com crianças. In
Federação Brasileira de Terapias Cognitivas, C. B. Neufeld, E. M. O. Falcone & B. P. Rangé.
(Orgs.). PROCOGNITIVA Programa de Atualização em Terapia Cognitivo-Comportamental:
Ciclo 4. (pp. 9–38). Porto Alegre: Artmed Panamericana. (Sistema de Educação Continuada a
Distância, v. 3).